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MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA GERAL ELEITORAL RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 4-82.2017.6.21.0055 PROCEDENCIA: PAROBE-RS (558 ZONA ELEITORAL - TAQUARA) RECORRENTE: MARIZETE GARCIA PINHEIRO RECORRENTE: IRTON BERTOLDO FELLER RECORRIDA: —COLIGACAO PAROBE PODE MAIS RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN PARECER ND N° 8.828/2017 N° 118.154/PGE EMENTA: ELEICOES 2016, RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. NULIDADE DA SENTENGA. 1. Hé nulidade da sentenca que, em ago cautelar, julga a agdo de impugnagao de registro de candidatura, sem constar dos autos 0 acérd&o condenatério do Tribunal de Contas. 2. A auséncia do inteiro teor do acérdéo do Tribunal de Contas Impede que o Juizo verifique se os vicios sdo insanaveis e configuradores de ato doloso de improbidade administrativa, 0 que obsta a andlise da incidéncia da hipétese de inelegibilidade prevista no art. 19, I, “g”, da LC n° 64/90. 3. Parecer pelo provimento dos recursos para anular o processo, a Partir da sentenga, inclusive, com o retorno dos autos a origem, para Novo julgamento do mérito da causa. Excelentissimo Ministro Relator, Trata-se de recursos especiais eleitorais interpostos contra acérdéio do Tribunal Regional Eleitoral que manteve o indeferimento do registro de candidatura de IRTON BERTOLDO FELLER @ MARIZETE GARCIA PINHEIRO aos cargos de Prefeito e vice-prefeita, respectivamente, em raz3o da incidéncia da causa de inelegibilidade prevista no art. 1°, I, "g", da Lei Complementar n° 64/90 pelo primeiro recorrente. Em suas raz6es, MARIZETE GARCIA PINHEIRO, candidata a vice- Prefeita, argui, preliminarmente, a nulidade da sentenca, ante a auséncia de fundamentacao. Alega violag&o ao art. 19, I, “g", da Lei Complementar n° 64/90, ao argumento de nao ter restado configurada a hipdtese de inelegibilidade em MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA GERAL ELEITORAL Questo, pois as irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas néo seriam insandveis, e n&o configurariam ato doloso de improbidade administrativa. Defende, ainda, usurpago de competéncia do Tribunal Regional, ao considerar a prética de atos que nao constavam do julgamento proferido pelo Tribunal de Contas. © recorrente IRTON BERTOLDO FELLER, por sua vez, aponta, inicialmente, violag&o aos arts. 1.022, caput e inc. Le II, do Cédigo de Processo Civil e art. 275, inc. 1 e II, do Cédigo Eleitoral, eis que a Corte teria se esquivado de analisar as matérias suscitadas nos embargos de declarac&o, quais sejam, obscuridade quanto tese de julgamento do registro de candidatura nos autos da ‘Acao Cautelar e omissdo no que se refere 4 responsabilidade subjetiva por culpa presumida de fato de terceiro. Sustenta a nulidade da sentenca proferida sem a presenca dos autos, Porquanto a Acéio Cautelar nao estava devidamente instruida a lastrear a decisio de mérito. da Lei Complementar n° 64/90, porquanto as irregularidades nao so insandveis, No mérito, aduz que houve violagéo ao art. 19, I, “g caracterizadoras de ato doloso improbidade administrativa. Contrarrazées a fis. 749/777. Dispensado 0 juizo de admissibilidade (art. 62, pardgrafo Unico, da Resolucéo/TSE n° 23.455/2015). E 0 relatério. Ir Interposicées tempestivas (fis. 598/600 e 598/712) e representacdes regulares (fls. 355/553 e 241/514/517). A insurgéncia merece prosperar. Cuida-se de pedido de registro de candidatura de IRTON BERTOLDO FELLER e MARIZETE GARCIA PINHEIRO aos cargos de prefeito e vice-prefeita do Municipio de Parobé-RS, impugnado pela COLIGAGAO PAROBE PODE MAIS, por suposta inelegibilidade prevista no art. 1°, inciso I, alinea “g”, da LC n° 64/90. Sf fs : wo.ro.ncsi Ager MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA GERAL ELEITORAL Processado 0 feito, sobreveio sentenca que indeferiu o registro de candidatura, ante 2 incidéncia da causa de inelegibilidade prevista no art. 1°, I, “g", da Lei Complementar n° 64/90. Irresignado, o candidato interpés recurso eleitoral. © TRE/RS, por sua vez, desproveu 0 recurso (fis. 338/342, Apenso 2). ‘Ato continuo, IRTON BERTOLDO FELLER interpés recurso especial. Em sintese, ele alega a existéncia de violaco: i) ao art. 5°, LIV, da Constituigo e ao art. 1.013, § 3, do CPC/2015, porque o Tribunal Regional Eleitoral, embora tenha Teconhecido que a sentenca no continha fundamentacdo suficiente acerca da Prdtica de atos tipificdveis como ato doloso de improbidade administrativa, acabou Por apreciar a controvérsia, em indevida supressao de instancia; e ao art. 19, I, “g", da Lei Complementar n° 64/90, porque 0 acérdao do Tribunal de Contas do Estado nao teria apurado irregularidade insandvel capaz de ser qualificada como ato doloso de improbidade administrativa. O e, Ministro Herman Benjamin deu provimento ao recurso especial, Para anular a sentenca, determinando o retorno dos autos, tendo em vista a auséncia de fundamentaco do decisum (fls. 430/435, Apenso 2). Opostos embargos de declarac&o pela COLIGACAO PAROBE PODE MAIS, estes foram rejeitados (fls. 459/461, Apenso 2), em 7 de fevereiro de 2017. Nesse interim, IRTON BERTOLDO FELLER ajuizou a Ago Cautelar n. 378-35.2016.6.21.0055. O Mi istro Gilmar Mendes, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em despacho proferido em 30.12.2016, declinou da competéncia, ao fundamento de que “a decisdo prolatada nao é, portanto, definitiva, n3o competindo a esta Corte analisar, per saltum, pedido cautelar relacionado ao mérito do registro de candidatura, quando ausente decisdo valida nas instancias inferiores”, Vide, por oportuno, 0 dispositive dessa decis& Ante 0 exposto, declino da competéncia para analisar este pedido cautelar ao Juizo da 55? Zona Eleitoral de Taquara/RS e determino o encaminhamento de cépias do REspe n° 378-35, desde a impugnacio ao registro de candidatura até as alegacées finais. ND_KM_REspe 4-82_nulidade sentenca MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA GERAL ELEITORAL ‘Ao juizo competente, que proceda com a maxima urgéncia a anélise do pedido de registro de candidatura, considerando que o autor obteve o maior numero de votos na eleico municipal de Parobé/RS. Em 31.12.2016, 0 Juizo da 558 Zona Eleitoral de Taquara/RS proferiu nova sentenga, indeferindo o registro de candidatura. Opostos embargos de declaracéo por MARIZETE GARCIA PINHEIRO e interposto recurso eleitoral por IRTON BERTOLDO FELLER. Dentre outras argumentagdes, ambos os recursos alegavam a nulidade da sentenga. Os embargos foram rejeitados pelo Juizo (fis. 464), nos seguintes termos, transcritos no acérdao regional: Primeiro, porque no hd erro material algum na sentenca, deciséo esta regularmente proferida pelo ento magistrado titular da 55 Zona Eleitoral, de posse de todos os documentos dos quais necessitava para tanto e atendendo expressa determinacéo superior, tendo em vista a especial circunst4ncia de que a posse dos candidatos eleitos estava marcada para o dia 01.01.2017. Anoto, aqui, que a decisdo proferida pelo Exmo. Ministro Gilmar Mendes nos autos da aco cautelar n., 0602927-22.2016.6.00.0000 foi expressa ao determinar que o magistrado, com a maxima urgéncia, viesse a examinar o pedido de registro de candidatura de Irton, 0 que foi diligentemente realizado, Posteriormente, o TRE/RS desproveu os recursos eleitorais e acolheu os aclaratorios, apenas para prestar esclarecimentos (acérdéos de fis. 555/564 e 593/596), posto inexistir nulidade a ser declarada. Vide, por oportuno, quanto ao tépico, a fundamentacao da Corte Regional: Quanto ao julgamento proferido em autos suplementares, a sentenca foi proferida pelo juizo de primeiro grau em obediéncia & ordem do Ministro Gilmar Mendes, que determinou ao julzo competente que procedesse “com a maxima urgéncia a andlise do pedido de registro de candidatura” nos autos da Acdo Cautelar 0602927-22.6.00.0000. Embora os autos suplementares pudessem nao conter todos os cumentos da acio principal, por certo que o magi: dispunha_de todos os elementos necessarios para julgar_a questo. Nesse sentido, transcrevo a seguinte passagem da decisio dos embargos de declaracao opostos contra a sentenga (fl. 464): () ND_KM_REspe 4-82_nulidade sentenca MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA GERAL ELEITORAL Ademais, a sentenga mostra-se devidamente fundamentada, com a caracterizacéo da materia fatica e fundamento juridico, nao se verificando a alegada insuficiéncia de fundamentacao. © recorrente aduz que a deciséo ndo cumpriu integralmente os requisitos do art. 489, § 1°, do CPC, notadamente a necessidade de explicar a elacao do ato normativo com a causa em questo (1), explicar 0 motivo concreto da incidéncia dos conceitos juridicos (II) e enfrentamento de todos os argumentos deduzidos no processo capazes de infirmar a conclusao do julgamento (IV) Entretanto, verifica-se 0 preenchimento dessas condicdes. Qs fatos considerados como improbos foram identificados na sentenga, esclarecendo 0 magistrado em quais hipdteses da Lei n. 8.429/92 eles se enquadravam, além de afastar as teses defensivas, como a de absolvicio nna seara penal. Assim, a auséncia da integralidade dos documentos da ago principal néo acarretou a alegada caréncia de fundamentaciio da sentenca. Importante destacar, ainda, que ndo foi demonstrado prejuizo a parte recorrente, requisito fundamental para o reconhecimento de nulidades, pelo principio da instrumentalidade das formas. Os fatos que deram ensejo a inelegibilidade do candidato foram identificados e puderam ser pontualmente rebatidos pelo recorrente. Neste ponto, relevante destacar que o recurso ndo aponta erro nos fatos considerados pelo magistrado, nem nega seu reconhecimento pelo Tribunal de Contas do Estado. Apenas apresenta circunstancias diversas com 0 intuito de modificar a percepcdo judicial a seu respeito, como auséncia de dolo, ma-fé ou responsabilidade do candidato. Tal circunstancia evidencia que a falta da integralidade dos documentos no trouxe prejuizo & apreciacéio do caso. © recurso aduz ainda que a sentenca “nem mesmo faz qualquer mengdo ao processo administrative n. 006839-0200/07-6" (fi. 330), mas os fatos descritos na decisdo foram claramente extraidos da decisio proferida no julgamento desse processo (fis. 19-32), ndo restando demonstrada a pretendida omissio. Dessa_ forma, verifica-se que a sentenca analisou de forma suficientemente fundamentada os fatos que caracterizaram a inelegibilidade do candidato, permitindo ao recorrente rebater, um a um, os fatos considerados pela deciséo recorrida, sem precisar a alegacao genérica de prejuizo, seja pela auséncia dos autos principais, seja pela car€ncia de fundamentacao. Assim, deve ser afastada a preliminar de nulidade suscitada. Marizete Pinheiro aduz haver obscuridade no acérddo embargado ao reconhecer que a sentenga foi proferida em observancia 8 ordem do Ministro Gilmar Mendes, a qual nao poderia determinar que o registro de candidatura fosse julgado nos autos da aco cautelar. Aduz ainda haver obscuridade ao reconhecer que a sentenca fol proferida sem a integralidade dos documentos do processo de registro de candidatura, fundamentais para a apreciacao da causa, mas, apesar disso, reafirmou a sua validade. Nao se verifica a pretendida obscuridade. ND_KM_REspe 4-82_nulidade sentenca MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA GERAL ELEITORAL © acérd3o embargado reconheceu expressamente que, nos autos da Agio Cautelar n, 0602927-22.6.00.0000, o Min. Gilmar Mendes “determinou a0 juizo competente que procedesse ‘com a maxima urgéncia & andlise do Pedido de registro de candidatura” (fl. 557). A ordem acima referida nao condicionou a nova decisio ao retorno los autos principais ao primeiro grau. Pelo co! admitiu que iso fosse proferida an! ando determinou a remessa de sépias dos autos principais ao juizo sentenciante. Todavia, 0 juizo de primeiro rau, ao receber a acdo cautelar, deu_dispor_dos documentos suficientes para_resolver_o reqistro_de_candidatura, embora nao tiv: ecebido c6pias da aco principal. A_enumeracdo dos documentos presentes ou ausentes na_acio gautelar_restou jirrelevante diante da auséncia de razdes para a invalidade da decisao, pois: (a) a sentenga cumpriu os requisitos do art. 489, § 19, do Cédigo de Processo Civil; (b) os fatos foram adequadamente identificados, sem que a defesa pontuasse equivocos na sua caracterizacéo; e (c) as partes puderam exercer plenamente a ampla defesa, como se verifica pela seguinte passagem (...). Da leitura dos trechos supracitados, verifica-se ser incontroverso nos autos que o Julzo da 55@ Zona Eleitoral de Taquara/RS decidiu a causa, proferindo nova sentenga, apenas com os documentos juntados na aco cautelar. Nao aguardou, desse modo, a formacao dos autos suplementares, tal como determinado pelo Ministro Presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Sendo assim, raz&o juridica assiste aos Recorrentes. Isso porque os autos da aco cautelar no possuiam a documentaggo habil para o julgamento definitivo do registro de candidatura. Ao contrario do afirmado pelo Tribunal Regional, inexiste determinacao do Ministro Presidente para julgamento imediato. Ha, téo somente, solicitaco de apreciagéo da matéria com “maxima urgéncia", 0 que, a toda evidéncia, néo significa julgamento sem documentos imprescindiveis para o deslinde da causa. Além disso, n&o hé se falar em “posse de todos os documentos dos quais necessitava para tanto”, como afirmado pelo Juizo, Como alegado expressamente no recurso especial, e pode ser facilmente aferivel no sitio do Processo Judicial Eletrénico, 0 acérddo do Tribunal de Contas ndo constava dos documentos acostados exordial da Ac&o Cautelar, Vale ressaltar, quanto ao tépico, 0 prequestionamento ficto da matéria, visto que o Tribunal declarou ser 4) 7¢ MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA GERAL ELETTORAL desnecesséria a “enumeracao dos documentos presentes ou ausentes na acdo cautelar”, Ora, invidvel a andlise da incidéncia da causa de inelegibilidade do art. 1°, I, "9", da Lei Complementar n° 64/90 sem o acérddo condenatério do Tribunal de Contas. Somente com essa decisdo pode-se realizar 0 juizo de insanabilidade das irregularidades detectadas, bem como a andlise do elemento subjetivo da conduta. Desse modo, patente a nulidade da sentenca, a qual indeferiu o registro de candidatura, com base apenas na documentacao juntada na aco cautelar. ql Ante o exposto, 0 parecer do Ministério Publico Eleitoral é pelo Provimento dos recursos para anular 0 proceso, a partir da sentenca, inclusive, com 0 retorno dos autos a origem, para novo julgamento do mérito da causa ND_KM_REspe 4-82_nulidade sentenca

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