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Pensar a corporalidade do torcer ou, de outro modo, pensar o jogo pela leitura
gestual e teatral que cada torcedor faz numa ou sobre uma partida se colocar
no mago daquilo que define a beleza plstica do futebol, o conjunto quase ilimitado
de suas tcnicas corporais que produzem o enredo do jogo. As imagens
conhecidas de Nelson Rodrigues se contorcendo nas cadeiras do estdio e bradando
em gestos a leitura que fazia dos jogos so emblemticas dessa riqueza da
gestualidade posta prova na experincia torcedora. fato que ele tenha escrito
menos sobre a gestualidade e mais sobre a fala torcedora e so conhecidas as
crnicas em que evidencia a importncia do palavro e do recurso s piadas como
linguagem presente nos estdios. Mas preciso enfatizar que a corporalidade
tambm consiste num acesso importante, na leitura e na compreenso do jogo
do ponto de vista torcedor. (p.180)
Mais do que a suposta certeza do que sempre somos (meu nome e meu RG
assegurariam isso no plano existencial e jurdico-formal), caberia a dvida classificatria
sobre quando e em que circunstncias, afinal, somos algo. A vivncia
urbana multiplica a experincia das identidades em estmulos potencializados
pela forma tecno-social que o contexto metropolitano, como bem mostraram,
h tempos, autores como Simmel.
Portanto, no estaramos to-somente sob a gide do verbo ser, mas tambm
do verbo ter que igualmente, ou mais, produziria as mediaes entre nossas
vontades e experincias como indivduo e as demandas coletivas, e entre nossas
experincias coletivas em relao s outras tantas com as quais travamos
conhecimento e troca, as ditas outras culturas. Introduzimos nesse mar de
essencialismos a-histricos do tipo somos brasileiros, somos torcedores deste
ou daquele time, somos isso ou aquilo, uma pitada de dvida produtiva. Afinal,
somos at quando e com que intensidade, desapossados o tempo todo de certos
valores que julgvamos to caros? (P.182)