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PESQUISAS SOBRE LICENCIATURAS E PRÁTICA DOCENTE NA

EDUCAÇÃO BÁSICA: OBJETOS LEGÍTIMOS DO FAZER UNIVERSITÁRIO?

Graziela Giusti Pachane


Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

RESUMO
O presente trabalho tem por finalidade discutir se pesquisas sobre a prática docente e
sobre a formação em cursos de licenciatura (em especial para docência das disciplinas
específicas da educação básica) podem ser consideradas como objetos legítimos das
investigações científicas realizadas por professores universitários. As considerações
aqui apresentadas baseiam-se em resultados preliminares de dois projetos distintos, um
versando sobre o estado-da-arte da formação de professores para atuação nas séries
finais do ensino fundamental e no ensino médio, e outro sobre as tensões vividas por
docentes universitários em seu cotidiano de trabalho. No decorrer do texto, buscamos,
de maneira sintética, situar as funções esperadas dos professores universitários e, a
seguir, discutir um pouco a legitimidade da pesquisa sobre a formação e a atuação de
professores da educação básica na produção científica brasileira. Nossas análises
pautam-se por dados levantados em dois eventos específicos na área de educação, o
ENDIPE (Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino) e as reuniões anuais da
ANPED (Associação Nacional de Pós-graduação em Educação), e em diversos
periódicos das diferentes áreas do saber disponíveis na base de dados do Scielo. Os
resultados até aqui analisados apontam para o caráter ainda incipiente da investigação
sobre a prática e sobre a formação dos professores das disciplinas específicas como
objetos legítimos das pesquisas. A ausência de número representativo de textos
publicados sobre essas temáticas foi observada tanto em publicações das áreas de
especificidade dos professores (como química, física, letras, etc.), quanto nos periódicos
e eventos da área da educação, com exceção do ENDIPE, que vem se constituindo como
fórum privilegiado para socialização de conhecimentos sobre licenciaturas e práticas
docentes.

Palavras-chave: pesquisa educacional; licenciaturas; cotidiano docente; formação de


professores; ensino superior.

Introdução

Historicamente, o compromisso central da instituição universitária tem variado,


segundo DREZE e DEBELLE (1983), entre: 1) a formação dos quadros profissionais
necessários ao sistema produtivo e ao interesse do Estado (modelo napoleônico) e 2) a
produção de conhecimentos (modelo humboldtiano). Atualmente, existe entre os
estudiosos das instituições de ensino superior (IES) e os que determinam suas políticas,
uma compreensão de que o objetivo da Universidade deveria ser o de apoiar-se no tripé
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ensino-pesquisa-extensão (DIAS SOBRINHO, 1994 e 2002; CHAUÍ, 2001;


KENNEDY, 1997, entre outros).
No entanto, temos vivenciado a dissociabilidade entre ensino e pesquisa pela
própria maneira como o sistema de educação superior está organizado, sendo que às
universidades cabe privilegiar a pesquisa enquanto os demais tipos de Instituições de
Ensino Superior (IES) podem se dedicar com exclusividade ao ensino. Por outro lado,
temos ainda vigente um sistema de aferição da qualidade do ensino superior
predominantemente centrado na avaliação da produtividade em pesquisa do corpo
docente das IES, criando uma situação paradoxal na qual o ensino acaba assumindo um
plano secundário em relação à pesquisa (PACHANE e PUENTES, 2005). A esse
respeito, basta que verifiquemos os critérios de produtividade com que a CAPES tem
pontuado os programas de pós-graduação, e que acabam, por diversas vias, se refletindo
na graduação.
Embora bastante interessante, não nos cabe, neste momento, aprofundar tal
discussão. Para nós, por ora, basta compreender que o fazer universitário social e
culturalmente legitimado encontra-se na pesquisa. E não é em qualquer tipo de
pesquisa...
Para ser válida, a pesquisa precisa ser avaliada, passando por critérios éticos,
epistemológicos, metodológicos e, por que não, políticos. A proposta precisa ser aceita,
legitimada pelos pares e pela comunidade científica mais ampla. Só assim poderá
receber financiamento e ter espaço aberto para sua divulgação.
Entramos, então, no ponto central de nossa discussão: a legitimidade da pesquisa
sobre as práticas docentes e sobre a formação de professores dos conteúdos específicos
na educação básica (licenciaturas) no fazer docente universitário.

A pesquisa sobre a prática docente como objeto da investigação científica

Como anteriormente citado, não é toda pesquisa que tem legitimidade,


visibilidade, que é valorizada pelos pares e, mais restritivas ainda, pelas agências de
fomento. Uma rápida análise sobre algumas produções científicas nos permite um olhar
mais acurado, embora ainda superficial, a esse respeito.
Os periódicos, que na avaliação da produtividade docente da CAPES constituem
o item mais bem pontuado (quando não o único), e, portanto, agraciados com maior
status na academia, oferecem interessante análise sobre o saber legitimado pela ciência.
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Tendo em vista a facilidade de acesso a periódicos das diferentes áreas do saber


e os critérios levados em conta para a inserção dos mesmos em seu banco de dados,
iniciamos nossa análise pelos periódicos disponíveis no Scielo (www.scielo.br). Foram
visitadas algumas edições aleatórias de 3 ou 4 periódicos de cada uma das 8 áreas do
saber ali apresentadas, geralmente escolhendo aqueles que tinham maior número de
edições disponíveis on line. Foram analisadas, também, algumas revistas com apenas 3
ou 4 números disponíveis, mas de interesse por sua abordagem e amplitude temática.
Foram pesquisadas as seguintes revistas: Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Scientia Agricola, Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, Anais
da Academia Brasileira de Ciências, Anais da Academia Brasileira de Ciências,
Brazilian Journal of Medical and Biological Research, Memórias do Instituto Oswaldo
Cruz, Brazilian Journal of Medical and Biological Research, Revista Latino Americana
de Enfermagem, Revista Brasileira de Psiquiatria, Interface: Comunicação, Saúde e
Educação, REM – Revista da Escola de Minas, Brazilian Journal of Chemical
Engineering, Eclética Química, Revista Brasileira de Ensino de Física, Estudos
Avançados, Dados, Educação e Pesquisa, Opinião Pública, São Paulo em Perspectiva,
Ciência da Informação. Engenharia Sanitária e Ambiental, Cerâmica, Engenharia
Química, Delta e Alea.
Como esperado, de maneira geral, todos os periódicos analisados enfatizam a
produção específica de cada área do saber. Alguns apresentam subdivisões entre
pesquisas teóricas e aplicadas, outros entre as sub-áreas abordadas (por exemplo
microbiologia, fisiologia, genética, etc.). Diversos periódicos das áreas de Biológicas e
Saúde, Ciências Exatas, da Terra, Agrárias e Engenharias são publicados integralmente
em inglês, apenas com resumo em português. Observa-se, portanto, o interesse em
dialogar única e exclusivamente com a comunidade científica (inclusive, ou
prioritariamente internacional), sobre temáticas pertinentes ao domínio especializado do
saber (super-especializado, poderíamos dizer), e com abordagens metodológicas já
epistemologicamente consolidadas. Dada a abrangência do corpus e o estágio inicial da
pesquisa, não verificamos se há nos periódicos uma abordagem teórica predominante ou
se há possibilidade de olhares múltiplos e diferenciados.
Chamam a atenção casos como o da Revista DELTA – destinada a estudos em
Lingüistica Teórica e Aplicada – na qual foi encontrado apenas um artigo, publicado em
2000, que se aproxima da idéia da pesquisa sobre a docência. Nos números verificados,
foram citados e resenhados livros sobre formação de professores, em especial de língua
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estrangeira, mas a revista concentra-se na apresentação de artigos de Lingüistica


Teórica. Em se tratando de uma área de Licenciatura, e estando ligada também à
Lingüistica Aplicada (que tem como um de seus principais focos o ensino),
consideramos que o espaço destinado à pesquisa sobre experiências docentes na revista
é extremamente restrito.
O mesmo pode ser dito da Revista de Ensino de Física. Embora seu título nos
leve a acreditar que se trate de uma publicação voltada especificamente à Educação, seu
conteúdo termina por ser dividido entre Artigos Gerais (que ocupam mais de 90% dos
números com artigos de Física Teórica ou Aplicada), Cartas, Notas & Comentários e
um sub-item de Artigos em Educação, que apresenta um ou dois textos por número (em
oposição a 10 ou mais nos Artigos Gerais). Em tais textos, observamos diversos estudos
sobre uso de material didático na sala de aula de física, com ênfase na educação básica.
Num caminho que podemos considerar oposto, encontra-se a Revista Eclética
Química que, embora tenha por objetivo apresentar estudos específicos na área,
apresenta um item relativo ao ensino de Química, abrindo espaço para um ou dois
artigos por número voltados à educação.
Alguns periódicos que se apresentaram com linha editorial mais “aberta”, e nos
quais talvez uma pesquisa sobre experiências docentes pudesse ser aceita, foram:
Ciência da Informação, Interface: Comunicação, Saúde e Educação, e, talvez, Estudos
Avançados, neste caso dependendo da maneira como o assunto seja abordado, uma vez
que a revista concentra-se em temáticas políticas.
É válido ressaltar que estamos analisando aqui os textos que foram efetivamente
publicados. Não sabemos se há procura por parte dos pesquisadores em publicar textos
relativos a experiências pedagógicas e estes não são aceitos ou se este tipo de trabalho é
efetivamente, pouco realizado. Talvez aconteçam ambas as coisas: nem os
pesquisadores realizam muito esse tipo de investigação, nem os periódicos aceitam
publicar tais textos quando apresentados.
Periódicos na área de educação, a exemplo do Educação e Pesquisa, Revista
Brasileira de Educação, Cadernos CEDES, também foram analisados. Observamos que
artigos que relatam experiências pedagógicas são publicados apenas esporadicamente,
havendo maior ênfase em reflexões teóricas mais amplas, como o papel de grandes
pensadores na educação brasileira. Observa-se que é bastante comum a existência de
dossiês, sendo que a Educação e Pesquisa apresentou, em um número de 2005, dossiê
dedicado a pesquisa-ação.
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A fim de aprofundar um pouco nossa discussão, optamos por realizar a análise


dos anais de um evento da área de Educação, o XIII ENDIPE - Encontro Nacional de
Didática e Prática de Ensino, realizado em Recife entre os dias 23 e 26 de abril de 2006.
No caso do ENDIPE, inclusive pela especificidade de sua temática, observamos
um número considerável de trabalhos que englobavam relatos de experiências e de
estudos sobre a prática pedagógica, realizados pelo próprio professor ou por pesquisador
externo. Há maior número de trabalhos deste tipo nas sessões de pôsteres, porém eles
aparecem também nos painéis (sessões fechadas com 3 comunicações com temas
conexos). No geral, em termos numéricos, abordagens deste tipo não ultrapassam 10%
do total de artigos apresentados.
Grande parte destes trabalhos estavam relacionados às disciplinas de Estágio
e/ou Prática Docente. Alguns faziam referência a projetos específicos desenvolvidos em
cursos ou IES, outros a projetos mais amplos, de âmbito municipal ou regional,
destacando uma prática/atividade específica dentro de tais projetos. Em sua maioria, os
painéis e pôsteres diziam respeito à Pedagogia e demais licenciaturas (Educação Física,
em especial), porém, merece destaque o fato de terem surgido pesquisas sobre a prática
docente em cursos de direito, ciências contábeis, turismo, odontologia e psicologia.
É necessário levar em conta que o encontro, nesse ano, tinha como subtema
Educação, questões pedagógicas e processos formativos: compromisso com a inclusão
social, o que motivou um grande número de trabalhos a respeito de inclusão de alunos
com necessidades especiais, educação indígena, de jovens em situação de risco,
multiculturalismo, estudos de gênero e raça, entre outros. Também sobressaíram-se no
evento trabalhos sobre educação à distância.
A partir desta breve análise, podemos sugerir que a pesquisa sobre a prática
docente se constitui como objeto em vias de legitimação na área de educação, uma vez
que estudos dessa natureza aparecem em grande número em pôsteres e painéis em um
evento específico, porém não encontram grande ressonância em alguns dos periódicos
mais importantes da área. Nas demais áreas do conhecimento, mesmo as relativas à
licenciatura, este processo encontra-se ainda bastante incipiente (sendo, em alguns
casos, nulo).

Estado-da-arte sobre licenciaturas no Brasil: apontamentos preliminares


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De acordo com Ferreira (2002), pesquisas conhecidas como “estado da arte” são
definidas como de caráter bibliográfico que têm o desafio de mapear e discutir certa
produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que
aspectos e dimensões vêm sendo destacados em diferentes épocas e lugares e de que
formas e condições têm sido produzidas dissertações de mestrado, teses de doutorado,
publicações em periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários.
Entendemos com Haddad (2006) e Puentes, Aquino e Faquin (2005) que a
pesquisa de estado-da-arte necessariamente vincula uma abordagem qualitativa e uma
quantitativa. Então, a parte inicial de nosso trabalho foi realizada a partir de uma análise
quantitativa, buscando destacar os periódicos e eventos que concentram a discussão
sobre formação de professores no país, privilegiando aquelas que discutem a formação
para docência nas séries finais do ensino fundamental e no ensino médio.
Neste primeiro momento da pesquisa, propusemo-nos a analisar dois dos
principais veículos de disseminação do conhecimento produzidos em nossas
universidades: os periódicos e os eventos. Numa próxima etapa do trabalho, esperamos
expandir esse estudo também para teses e dissertações, além de outras fontes possíveis.
Dada sua relevância e a qualidade dos trabalhos ali divulgados, também
selecionamos a base de dados do Scielo como ponto de partida de nosso estudo.
A consulta aos periódicos do Scielo reafirmou que o interesse das áreas –
mesmo naquelas em que existe formação de professores (a exemplo de biologia,
geografia, letras, etc.) – é dialogar exclusivamente com a comunidade científica
específica, inclusive internacional (relembramos que em alguns periódicos, grande parte
dos artigos estão em inglês).
Quanto a suas temáticas, enfatizam a produção específica da área, pouca atenção
dedicando à formação de seus profissionais. Nem a formação dos professores para a
educação básica, nem as práticas pedagógicas nesse nível, constituem-se em objeto de
investigação dos trabalhos disponíveis nessas bases.
Na área de educação, foram analisados os seguintes títulos, disponíveis no Scielo
por ocasião da coleta de dados: Educação & Sociedade, Educação e Pesquisa, Educar
em Revista, Cadernos de Pesquisa, Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação,
Revista Brasileira de Educação Especial, Revista Brasileira de Educação, Revista da
Faculdade de Educação, Revista Brasileira de Ensino de Física.
Mesmo nestes periódicos, específicos da área de educação, a temática das
licenciaturas não é profundamente abordada. Ao longo dos 10 anos analisados (1997-
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2007), foram encontrados 35 artigos relativos a formação de professores de maneira


geral e apenas 2 relativos a licenciaturas.
É válido ressaltar que cada uma das revistas verificadas apresentava em torno de
10 a 12 textos por edição, o que nos levou a um total de 1629 artigos, todos analisados
por uma equipe de bolsistas de iniciação científica para elaboração da presente pesquisa.
Assim, os 35 artigos que dizem respeito à temática de formação de professores em geral
correspondem a algo em torno de 2% do total de textos publicados. O percentual de
textos específicos sobre as licenciaturas (excluindo-se pedagogia), é, portanto,
inexpressivo.
É importante lembrar que todas estas revistas são do campo da Educação,
representando, pelo que significa estar incluído no portal Scielo, um dos mais altos
níveis de produção acadêmica da área no país.
A pouca expressividade dos trabalhos sobre formação de professores,
evidenciada nesta breve análise apresentada, pode ser sintomática de como a própria
área da Educação tem concebido a preparação de seus profissionais, especialmente no
caso da formação dos professores das disciplinas específicas da educação básica.
Tendo em vista a pouca disponibilidade de textos a respeito das licenciaturas nos
periódicos, optamos por analisar dois eventos da área de Educação, buscando verificar
se estes apresentam com mais freqüência trabalhos voltados a este tópico.
Os eventos foram escolhidos por serem classificados como nacionais, já
consolidados na área educacional e por terem como foco – em geral ou em sub-temas
específicos – a formação de professores.
As Reuniões Anuais da ANPED são fóruns de encontro e debates de professores
e pesquisadores de todo o país. Sua organização de dá a partir da divisão em grupos de
trabalho (GTs) ou grupos de estudo (GEs) voltados a sub-temas da Educação, como
currículo, educação infantil, políticas educacionais, didática, história da educação,
educação especial, etc. A ANPED conta com um GT totalmente dedicado à formação de
professores. Trata-se do GT 8.
Os trabalhos completos de comunicações e pôsteres apresentados nas reuniões
anuais encontram-se disponíveis na íntegra, para consulta, no site da associação a partir
do ano 2000 (23ª. RA). Concentramo-nos apenas na análise dos textos submetidos a
avaliação e efetivamente apresentados no GT de formação de professores, num total de
163 textos, apresentados em 7 reuniões anuais. Em todo o material analisado foram
encontrados apenas 5 artigos que tratavam da formação de licenciandos. Dois são
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comunicações orais, ambos da 28ª RA (2005) e os demais (3) foram apresentados na


forma de pôster.
Nas demais reuniões analisadas não foram encontrados textos que tratavam
especificamente das licenciaturas, demonstrando que mesmo num GT destinado à
formação de professores, o estudo das licenciaturas ainda não tem um espaço amplo de
discussão.
A análise inicial dos artigos apresentados no ENDIPE possibilitou um panorama
da quantidade de artigos apresentados sobre formação de professores, em geral e
especificamente nas licenciaturas.
Dos eventos e conjuntos de periódicos analisados, o ENDIPE, talvez por sua
especificidade, foi novamente o que mais apresentou textos relativos à formação de
professores nas licenciaturas (em torno de 10% do total de painéis e pôsteres, chegando
a superar estudos relativos à pedagogia), e ao qual, certamente, teremos de nos debruçar
com mais atenção para a realização da análise qualitativa do estado-da-arte.
A pouca expressividade (em termos quantitativos) dos trabalhos sobre
licenciatura evidenciada neste breve estudo pode ser sintomática de como a própria área
da Educação tem concebido a formação dos professores das disciplinas específicas da
educação básica, demonstrando o longo caminho ainda a ser percorrido para que se
torne objeto legítimo de pesquisas educacionais, e, mais difícil ainda, nas áreas de seus
conteúdos específicos.

Considerações Finais

Podemos concluir dos estudos realizados até o momento que há carência de


pesquisas publicadas tanto sobre a formação de professores para lecionar as disciplinas
específicas da educação básica, como sobre a prática pedagógica dos professores.
Tal situação nos leva a questionar o status atribuído a estas temáticas de
investigação pela própria área do conhecimento na qual se acham inseridas, ou seja, a
educação.
Observamos que o espaço aberto para discussão da formação e atuação de
professores das áreas específicas concentra-se no ENDIPE, estando praticamente
silenciado nos demais fóruns analisados, sejam da área educacional ou da área
específica a que cada licenciatura está vinculada.
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Assim, os resultados que aqui apresentamos, embora ainda preliminares,


demonstram a dificuldade em se assumir a investigação sobre a prática e sobre a
formação dos professores das disciplinas específicas como objetos legítimos das
pesquisas educacionais. Por outro lado, destacam a importância dos ENDIPEs, que vêm
se constituindo, em âmbito nacional, como fóruns democráticos para a socialização do
saber produzido na prática cotidiana dos professores, bem como de discussão da
formação de professores das áreas específicas da educação básica, merecendo um
aprofundamento na análise qualitativa a ser realizada nas etapas futuras de ambos os
projetos aqui sumariamente relatados.

Referências

CHAUÍ, Marilena. Escritos sobre a universidade. São Paulo: Editora da UNESP, 2001.

DIAS SOBRINHO, José (org.). Avaliação Institucional da Unicamp - processos,


discussão e resultados. Campinas: Ed. da Unicamp, 1994.

______. Universidade e Avaliação: entre a ética e o mercado. Florianópolis: Insular,


2002.

DREZE, Jackes, DEBELLE, Jean. Concepções da universidade. Fortaleza, CE:


Edições Universidade Federal do Ceará, 1983.

FERREIRA, N. S. A. Pesquisas denominadas estado da arte: possibilidades e limites.


Educação & Sociedade, 79(1), 2002, p. 257-274.

HADDAD, S. et al. O estado da arte das pesquisas em Educação de jovens e adultos no


Brasil. A produção discente da pós-graduação em educação no período 1986-1998. São
Paulo, 2000, 123p. Disponível em http://www.acaoeducativa.org/ejaea. Acesso em
10/06/2006.

KENNEDY, Donald. Academic Duty. Cambridge, EUA, Londres, Inglaterra: Harvard


University Press, 1997.

PACHANE, Graziela Giusti; PUENTES, Roberto Valdés. La postura política de la


universidad ante la distribución social del conocimiento: elementos para discusión In:
Anais da 28ª Reunião Anual da Anped, Caxambu. Rio de Janeiro: Anped, 2005b. v.1.
p.1 – 16.
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PUENTES, R. V.; AQUINO, O.; FAQUIM, J. P. Estado del Arte sobre formación de
profesores en América Latina: significado, orígenes y consideraciones teórico-
metodológicas. Revista Digital Umbral 2000, Chile, 2005. (Disponível em:
www.reduc.cl. Acesso em 10/06/2006).

Sites consultados:

www.anped.org.br
www.scielo.br
www.13endipe.com

Trabalho apresentado no X Encontro de Pesquisa da Região Centro-Oeste, realizado em


Uberlândia, MG, na Universidade Federal (UFU), em 2010.

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