Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
000 Cursos
Grátis Pelo Sistema de Ensino a Distancia – SED
CNPJ º 21.221.528/0001-60
Registro Civil das Pessoas Jurídicas nº 333 do Livro A-l das Fls.
173/173 vº, Fundada em 01 de Janeiro de 1980, Registrada em
27 de Outubro de 1984
Presidente Nacional Reverendo Pr. Gilson Aristeu de Oliveira
Coordenador Geral Pr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Apostila 32
A Nova Era é, sem dúvida, um fenômeno cultural, mas não é propriamente uma
religião, uma nova organização religiosa; não possui líderes explícitos, membros,
estrutura hierárquica, estatutos, confissão de fé, etc. Diferentemente do que
muitos livros evangélicos populares querem nos fazer crer, a Nova Era não é
tampouco uma conspiração secreta. (11) Este tipo de sensacionalismo evangélico
patrocinado pela liderança de nossas igrejas, estimulado por outra falácia
teológica chamada "batalha espiritual", possui um grave efeito nocivo. (12) Nós,
cristãos, passamos a lutar contra um inimigo inexistente, um fantasma, uma ficção
da nossa imaginação, em vez de enfrentarmos a verdadeira horda que nos cerca.
A miscelânia chamada Nova Era é composta de manifestações neo-pagãs
diferentes umas das outras, que vão desde popularizações de religiões orientais
como o hinduísmo, o budismo e o taoísmo, até as mais crassas superstições
pagãs como astrologia, o poder curativo dos cristais, adivinhações e necromancia.
Nós, brasileiros, muito antes de importarmos dos Estados Unidos o conceito de
Nova Era, já estávamos há muito tempo acostumados com as formas mais
decadentes da religiosidade moderna, pois o espiritismo é um excelente exemplo
de neo-paganismo. Do ponto de vista apologético, cada uma dessas
manifestações neo-pagãs deve ser combatida e derrotada individualmente, e não
como uma amálgama informe e uma abstração, como freqüentemente tem
acontecido.
Isso não significa, por outro lado, que o fenômeno não possa ser analisado do
ponto de vista antropológico, filosófico ou teológico. Sem dúvida, cabe-nos buscar
É um erro pensar que o paganismo é uma grande tolice, que nada tem de
aproveitável (ainda que o decadente neo-paganismo às vezes nos deixe essa
impressão). Chesterton resume brilhantemente a história espiritual da humanidade
em uma de suas frases mais famosas: "O paganismo era a melhor coisa que havia
no mundo; e a fé cristã surgiu, e era melhor ainda. E tudo o mais depois disso tem
sido comparativamente pior e pequeno." (17) Como sugere Rist, (18) Agostinho,
assim como muitos outros intelectuais convertidos ao cristianismo nos primeiros
séculos da era cristã, "viu sua conversão não tanto como uma substituição mas
como uma expansão e um enriquecimento de suas posições anteriores." (19) Há
pelo menos três elementos no paganismo pré-cristão que o fazem respeitável: (i)
um senso de piedade, (ii) uma moralidade objetiva e absoluta, e (iii) um senso de
transcendência, de percepção do divino e de respeito em face do misterioso. (20)
O cristianismo resgatou o que o paganismo possuía de melhor à luz da revelação
divina, num lento processo que teve início no primeiro século e seguiu-se até o fim
da Idade Média. (21) No neo-paganismo do nosso tempo esses elementos
desapareceram, e o que sobra é o invólucro, a superfície, a superstição vazia e
irracional. O neo-paganismo é, portanto, não somente um anti-cristianismo mas
também um anti-paganismo, por incrível que pareça. Analisemos cada um destes
elementos isoladamente.
A. Piedade
B. Moralidade
Mas isso não significa que um retorno à moralidade pré-cristã é a resposta. Essa
aliás, tem sido a proposta da filosofia moderna racionalista no últimos trezentos
anos. (29) A ética cristã compartilha da objetividade e da absolutividade
características da ética pagã (que o neo-paganismo não possui), mas as
semelhanças terminam aí. É bem verdade que a ética cristã tem sofrido a má
influência da filosofia racionalista, e tem adquirido dessa forma uma similaridade à
ética pagã maior do que é recomendável. Mas sob o prisma correto percebe-se
que os pontos de vista pagãos e cristãos são radicalmente diferentes. Enquanto a
ética racionalista encontra seu fundamento na supremacia e na autonomia da
razão humana, a ética cristã fundamenta-se na revelação especial de Deus, nas
Escrituras Sagradas. A ética racionalista, quando teísta, sugere que Deus aprova
C. Religiosidade
Post-Scriptum
Como afirmei no início, a chamada Nova Era não é uma conspiração. Mas na
unificação dos inimigos da fé cristã, a saber, panteísmo, politeísmo e humanismo,
unificação esta levada a cabo pelo neo-paganismo, pode-se perceber a estratégia
do inferno, que todavia não pode prevalecer contra a igreja. Pelo contrário, é a
igreja que está por lhe arrombar as portas (Mt 16.18). No Calvário, quando as
forças anti-cristãs dos mundos grego, romano e hebreu se uniram na crucificação
de Cristo (fato este simbolicamente representado na acusação contra Cristo
afixada na cruz, escrita em três línguas: Lc 23.38; Jo 19.19-20), o triunfo do mal foi
também a derrota do mal, e a morte do Filho de Deus significou a redenção do ser
humano (ver Cl 1.13-14). Nós estávamos condenados pelas nossas
transgressões, e Deus nos deu vida em Cristo, perdoando-nos nossos delitos,
"tendo cancelado o escrito de dívida que era contra nós e que constava de
ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na
cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando sobre eles na cruz" (Cl 2.13-15). Certamente, o neo-
paganismo de nossos dias estará em breve tão morto e enterrado quanto o velho
paganismo dos antigos está hoje. E o Deus revelado em Jesus Cristo, aquele que
pronunciou a primeira palavra, terá novamente a última palavra. "Eu sou o Alfa e o
Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era, e que há de vir, o Todo-
poderoso" (Ap 1.8).
7 Ver Peter Gay, The Enlightenment: The Rise of Modern Paganism (Nova York:
W. W. Norton & Company, 1966), 256-321. A teoria básica de Peter Gay serviu
também de base para este artigo, isto é, que "o iluminismo foi uma mistura volátil
de classicismo, impiedade, e ciência; les philosophes, resumindo, eram pagãos
modernos." Ibid., 8.
10 Ver Immanuel Kant, Religion within the Limits of Reason Alone (Nova York:
Harper Torchbooks, 1960).
11 Ver, por exemplo, as populares obras de ficção de Frank Peretti (e.g., Este
Mundo Tenebroso), e livros como: John Bevere, The Bait of Satan (Orlando:
Creation House, 1994) e Bob Larson, Straight Answers on the New Age (Nashville:
Nelson Publishers, 1989). Não que estes livros sejam imprestáveis, ou que seus
autores sejam charlatães. Mas há uma atitude que me parece errada entre os
chamados "profetas da desgraça" do evangelicalismo americano, uma vontade de
formular teorias místicas e maniqueístas de conspiração e de uma espécie de
"ocultismo cristão" que considero heterodoxo e prejudicial para a saúde espiritual
da igreja.
13 Ainda que eu esteja aqui fazendo uso da expressão cunhada pelo pensador
pós-moderno Michel Foucault em Arqueologia do Conhecimento, isso não significa
que estou adotando ipsis litteris o método do filósofo francês, que por sinal possui
boas qualidades.
16 Ibid.
17 Citado por Kreeft, Fundamentals of the Faith, 102. Minha tradução. Ver o
capítulo "The Escape from Paganism," em Chesterton, The Everlasting Man, 232-
49, e o capítulo "Authority and the Adventurer," em Orthodoxy, 141-60.
28 Ver, por exemplo, o volume de ensaios sobre cristianismo e cultura editado por
Os Guinness e John Seel, No God but God: Breaking with the Idols of our Age
(Chicago: Moody Press, 1992).
30 Ver a crítica que o celebrado pensador cristão inglês C. S. Lewis já fazia nos
anos 40 a essa mentalidade em seu livro Miracles (Nova York: Macmillan, 1947).