Especialização em Educação Especial para Dotados e Talentosos.
Universidade Camilo Castelo Branco- Unicastelo -São José dos Campos Aluna: Maria Inês Fossa de Almeida.
Tarefa7 – Criatividade e pensamento criador.
Alunos com Altas Habilidades/ Superdotação, são aqueles que
apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados:
capacidade intelectual geral,
aptidão acadêmica específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para artes e capacidade psicomotora.
Assim,”... a inteligência não é um conceito unitário mas há vários tipos de
inteligência e, desta forma definições únicas não podem ser usadas para explicar este complicado conceito.” (Renzulli, 1998)
CARACTERÍSTICAS DO ALUNO COM ALTAS HABILIDADES/
SUPERDOTAÇÃO
O professor em sala de aula pode identificar algumas características,
que são peculiares aos alunos com Altas Habilidades/Superdotação, sendo evidenciadas ou não ao mesmo tempo, tais como: Intensidade, profundidade e freqüência na execução de atividades. Seletividade quanto as atividades de seu interesse. Habilidades específicas com alto desempenho em uma ou várias áreas, como artes plásticas, musicais, cênicas e psicomotoras Forma original em resolver e lidar com problemas ou na formulação de respostas. Desenvolvimento qualitativamente elevado nas atividades escolares. Curiosidade intelectual e atitude inquisitiva, com investigação de como e o por que das coisas. Facilidade na aprendizagem, caracterizada por apropriação rápida de conceitos e conteúdos.
Resistência em aceitar perdas e em seguir regras.
Maturidade e rigidez na auto-avaliação. Expressão clara e coerente do pensamento. Uso erudito ao verbalizar. Senso de humor perspicaz. Impaciência com atividades rotineiras e repetitivas. Negligência ao que considera superficial. Uso de persuasão ao expor suas idéias e pontos de vista. Perfeccionista nas atividades por ele selecionadas..
Vemos que a Criatividade permeia todas as características apresentadas
acima, porque “o domínio da criatividade é uma expressão da função intuitiva do cérebro, como uma via generalizada, provavelmente localizada no córtex pré-frontal, diferenciada não por ser oposta à esfera racional, mas por ser alguma coisa ‘fora da razão’ que não é propriamente emoção!” (Guenther, 2006).
Tem sido apresentadas 5 abordagens com a relação inteligência e
criatividade (Sternberg & O’Hara, 1999):
A) criatividade como um subconjunto de inteligência;
B) inteligência como subconjunto de criatividade; C) inteligência e criatividade como construtos que se superpõem; D) inteligência e criatividade como um único construto; E) inteligência e criatividade como construtos totalmente diferentes
Guilford, considera a criatividade como uma dimensão da inteligência.
Portanto a noção de criatividade inclui inventividade na colocação e solução de problemas; imaginação, pensamento intuitivo; originalidade em ações e idéias; evocação fluente, em redes inter-relacionadas; invenção, criação, novidade. Quando uma produção original, científica ou artística é associada à criatividade, existe a presença do pensamento holístico, intuição e pensamento intuitivo; e esta produção é marcada por originalidade e fluência, com elevado senso crítico e autocrítica. Percebe-se que existe maior sensibilidade, apresenta-se fora dos padrões do grupo, ela passa a ser diferente. Também Gardner, em sua teoria das inteligências múltiplas, afirma que as inteligências podem ser usadas de diferentes maneiras, incluindo, mas não limitando, as alternativas criativas. Neste sentido, como Guilford e Gardner, criatividade seria um aspecto da inteligência. Sternberg, defende a ideia de que a inteligência é um subconjunto de criatividade. Para ele, criatividade englobaria processos intelectuais e outros elementos, tais como estilos intelectuais, motivação intrínseca, conhecimento, traços de personalidade e características do ambiente. Portanto, em alguns aspectos inteligência e criatividade se superpõem, ou seja são similares, mas em outros são diferentes. Esta teoria proposta por Barron(1969), defende que pessoas com QI máximo de 120 e são altamente criativas são também inteligentes, mas acima disto os dois fenômenos apresentam uma correlação próxima de zero ou baixa. Ou seja, que indivíduos altamente criativos possuem um alto QI e que o inverso não ocorre. Isto indica que no mínimo, para ser criativo a pessoa tem que ter um alto QI, porém não é suficiente ter um alto QI para ser criativo. Apesar que existe corrente contrária que não vê relação entre estes dois construtos. Runco(1991), comparando resultado entre teste de inteligência e criatividade, não encontrou provas que apoiasse a teoria de efeito limiar, acima. Já, Haesnsly e Reynolds(1989), defendem uma perspectiva de que inteligência e criatividade são o mesmo fenômeno, propõem “criatividade não é outro ramo do processamento mental, mas é a expressão final de um sistema refinado de pensamento que nós conhecemos como inteligência” (p.130). Existem aqueles pesquisadores que vêm a perspectiva de que inteligência e criatividade são fenômenos distintos.Getzels e Jackson, por exemplo, afirmam:”... não aceitamos a noção de que criatividade e inteligência, como medida pelos testes de QI, são necessariamente sinônimos – assim, o número de palavras que o indivíduo é capaz de definir ou sua habilidade para memorizar dígitos e reproduzi-los diz muito ou pouco a respeito de sua habilidade para produzir formas e reestruturar situações estereotipadas” (1962, p. VIII), e Cropley (1966), após uma pesquisa de 320 amostras de teste de QI, observou que “altos resultados em testes de pensamento divergente tendem a ser acompanhados por resultados superiores em testes de pensamento convergente e vice-versa, embora os dois tipos de pensamento não sejam idênticos” (p. 264). E outros, como Wallach e Kogan (1965) e Torrance (1963, 1975). Observaram que parece evidenciar uma relação apenas moderada entre inteligência e criatividade. Temos como evidência, casos como os savant, que são crianças prodígios em alguma área específica, ao mesmo tempo, que apresenta um retardo pronunciado. E as crianças superdotadas com Síndrome de Asperger, assim como, os indivíduos talentosos portadores da Síndrome de Williams.
Conclusão – Apesar de inúmeras pesquisas sobre o tema estarem sendo feita
nas últimas décadas não se chegaram a uma concordância universal acerca da relação entre inteligência e criatividade. Creio que deve-se levar o meio e os valores de cada sociedade, para se considerar a questão da relação inteligência e criatividade. Independentemente, se exista ou não relação, a Criatividade é a capacidade que o ser humano tem de transcender ao Real, e trazer o Imaginário ou podemos dizer as outras Realidades Virtuais para o nosso conhecimento, como Bérgson disse: “a realidade é apenas um caso particular do possível”. E ilya Prigogine, Nobel de Química 1977, complementa “essa frase talvez tenha muito sentido na nossa época, pois falamos muito de realidades virtuais. E no fundo as realidades virtuais são pré-realidades das quais realizamos uma fração.” A Criatividade também pode ser a facilidade que se tem de achar novos caminhos, novas fronteiras, são insigts que certas pessoas têm de proporem soluções inusitadas, ‘visionárias’, de uma nova ordem, para antigos problemas. Para a avaliação da criatividade, tem-se os Testes Torrance de Pensamento Criativo (Torrance, 1974, 1999) e Teste de Pensamento Criativo – Produção Divergente (Urban & Jeller, 1996) são dois instrumentos disponíveis. Além do uso de testes, outras alternativas para avaliação da criatividade incluem análise de produtos, inventário de interesses e atitudes e lista para checagem de adjetivos. Bibliografia
Guenther, Zenita C. Desenvolver capacidades e talentos – Um conceito de
inclusão. Editora Vozes, 2006.
Alencar, Eunice M. L. S. & Fleith, Denise de S. Superdotados: Determinantes,
Educação e Ajustamento. E.P.U., 2001. . Cupertino, C. M. B. Criação e Formação – fenomenologia de uma oficina. São Paulo: Arte e Ciência, 2001. Capítulos 3 e 4. Disponível em WWW.christinacupertino.com.br
Gardner, H. Inteligências Múltiplas. A teoria na prática. Artes Médicas. 1995.
Sternberg, R. J & Grigorenko, E. L. Inteligência plena: ensinando e
incentivando a aprendizagem e a realização dos alunos. Artmed, 2003
Wechsler, S & Richmond, B. O. Influência da dotação intelectual e criativa no
ajustamento em sala de aula. Arquivos Brasileiros de Psicologia. 36, 138 – 146. 1984.
Unidade Inteligência e Cognição - Estabelecendo Um Conceito de Inteligência Defensável, Que Pode Embasar Um Trabalho em Educação para Dotados e Talentosos.