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eas te SACO VOLUME #2 feet Sumario Prefacio 3.1 3.2 3.3 3.4 41 42 43 44 45 Movimentos Bi e Tridimensionais Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceeracio 3.1.1 Coordenadas Cartesianas Seer 3.1.2 Coordenadas Polares . . . 3.1.4 Coordenadas Esféricas . . Leis da Conservacdo . . 3.2.1 Quantidade de Movimento . 3.2.2 Quantidade de Movimento Angular ou Momento Angular . . . ‘Trabalho Realizado por uma Forga .. 2.0... 00. ee eee Sistema de Duas Particulas ..........200.0000005 Forgas Centrais Movimento sob a Agdo de uma Forca Central .............. Lei do Inverso do Quadrado da Distancia Propriedades de um Movimento Confinado . . Estabilidade de uma Trajetéria Circular . . . Se Lei do Inverso do Cubo da Distancia... 6.2... 0... eee 5 Espalhamento de Particulas 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 Espalhamento de Duas Particulas . Espalhamento Eléstico .... . . Espalhamento Inclastico 7 Referencial do Laboratério e do Centro de Massa aoe Espalhamento de Rutherford ................-.-004- viii__K. Watari SUMARIO D Integral de Linha 97 D.1 Rotagao de um Sistema de Coordenadas 97 D.2 Campo Escalar e Campo Vetorial . . . . 99 D.2.1 Gradiente de um Campo Escalar 102 D.3. Integral de Linha D.3.1 Propriedades da Integral de Linha .. . . D.3.2 Integral de Linha de um Gradiente E Integral de Superficie E.1 Representagdes de uma Superficie . E.2 Area de uma Superficie Parametrizada . E.3 Integral de Superficie de um Campo Vetorial E.3.1 Propriedades da Integral de Superficie E.4 Rotacional de um Vetor . . . E.4.1 Rotacional em Diversos Sistemas de (Goorienades z4 F Equagées das Cénicas F.1 Blipse F.2 Pardbola F.3 Hipérbole ....... F.4 Identificagio da Equagio das Conicas Bibliografia dos Volumes I e II 135 Prefacio O segundo volume de Mecénica Classica continua no mesmo espirito do primeiro: mastrar mais detalhes nas manipulacées das ferramentas matematicas do que aquelas encontradas nos textos cléssicos; tentar interpretar e discutir os resultados em maior profundidade. Como no caso do volume 1, apenas adaptagées e detalhamentos dos assuntos foram feitos na ordem que é melhor, segundo a opiniao do autor. ‘Aqui, 0 estudo do movimento de uma particula foi generalizado para os casos bi e tridimensionais. O capitulo 3 trata o movimento em mais de uma dimensio de uma forma genérica e introduz-se a sua descricéo em coordenadas cartesianas, polares, cilindricas ¢ esféricas. Propriedades gerais do movimento, assim como as leis de conservacao de algumas grandezas fisicas e a separabilidade das equacdes do movimento de duas partfculas em uma do movimento do centro de massa e em outra do movimento relativo entre elas sio discutidas. Jé 0 capitulo 4 estuda o movimento de uma particula sob a acdo de uma forca central onde aquela que obedece a lei do inverso do quadrado da distancia tem um destaque. Foi incluido também um estudo de movimento sob a agdo de uma forca central que obedece a lei do inverso do cubo de distancia. O capitulo 5, 0 ultimo deste volume, é dedicado & colisao entre duas particulas. Seguindo a mesma estruturagdo do volume 1, as ferramentas mateméticas principais esto resumidas nos apéndices D, E e F, apés 0 capitulo 5. © autor solicita aos leitores a fineza de enviarem a lista dos erros, de qual- quer natureza, que porventura encontrarem neste livro para o endereco eletrénico: kwQif.usp.br. Aproveitando a oportunidade, o autor agradece as imimeras criticas construtivas recebidas apés 0 lancamento do primeiro volume. Agradece, em especial, ao professor José Rezende Pereira Neto pela leitura critica do manuscrito e pelas sugestées para este segundo volume. K. Watari Universidade de Sao Paulo Instituto de Fisica Sao Paulo, julho de 2003. Capitulo 3 Movimentos Bi e Tridimensionais Os conceitos de vetor de posigéio, de vetor velocidade e de vetor aceleracao foram introduzidos no capftulo 1. O desenvolvimento das componentes desses vetores em sistemas de coordenadas cartesianas, polares, cilindricas e esféricas, bem como alguns problemas visando exemplificar as aplicagdes dessas coordenadas é o assunto inicial deste capitulo. As condigées de conservacéo da quantidade de movimento e da quan- tidade de movimento angular, bem como a da conservagao da energia mecanica total sub a agao de forgas bi e tridimensionais serao discutidas. O capitulo terminaré com a discussao da separabilidade das equagées do movimento de duas particulas em uma. de movimento relativo e outra de centro de massa. 3.1 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragao 3.1.1 Coordenadas Cartesianas Bm sistema de coordenadas cartesianas ortogonais de cixos Ox; , Oxz c Ons, 0 vetor de posicéo de um ponto P é escrito como: rem + e222 + e323 (3.1) i onde, para i= 1,23, e 60 vetor unitario fixo do eixo Oz; e 2; 6 a componente cartesiana de r no mesmo eixo, conforme ilustrado na Fig. 3.1 da pagina 12 Utilizando-se o resultado (A.8), 0 vetor velocidade neste sistema fica e1 &, + en ty + eg 3 i Bi, (3.2) 12 _K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais onde 4; (i = 1,2,3) sdo as componentes cartesianas do vetor velocidade, j4 apresen- tadas no capitulo 1 [ ver equagées (1.2)]. Portanto, wm=h2 € v3 = ts (3.3) Para o vetor aceleracéo tem-se: F = e1 4) + en #2 +e5 a5 3 Seki, (3.4) a ou seja, as suas componentes cartesianas so dadas por Gy 21, 1a3 e@ as=H3 (3.5) O movimento tridimensional de uma partfcula de massa m sujeita a uma forca resultante F 6 governado pela se- gunda lei de Newton: mi =F(, i,t). (3.6) Fig. 3.1: Coordenadas cartesianas de um ponto. Em termos das componentes cartesianas, esta equacéio vetorial 6 equivalente a um conjunto de trés equagées diferenciais ordindrias ma; = Fi(1,%2,23,41,%2,43,t), 1=1,2,3, (3.7) que sao, em geral, acopladas. As fungoes F; (i = 1,2,3) representam, nestas equacoes, as componentes cartesianas da forga F . A integragdo do sistema (3.7) permite obter a descrigao do movimento tridimensional da particula em questio. Exemplo 3.1 Uma particula de massa m e carga q movimentando-se numa regiao do espaco onde existem campo elétrico E e campo magnético B sofre uma forca conhecida como a de Lorentz dada em sistema MKS por F = qE+qixB. Para simplificar, considere ambos os campos uniformes com E =e Hi +e2 22 +e3 Fs e B= e3B. Além disso, para fixar idéias, suponha que q > 0. Em termos das componentes de e1, 2 € e3 , essa forca pode ser escrita como: P= 1 [a1 +4 (#2 Bs ~ 3 Ba)] +62 [9 Ba +9 (#2 Bi ~ #1 By)] + +es[aza +9 (é Bo ~ 2 B,)] = =e1 (9 £1 +q Baz) +e2(q 2 —qBi1) +e3q Bs, uma vez que a componente nao nula do campo magnético € By = B. Portanto, as equacées (3.7) aplicadas a este caso conduzem a: mi = 9h +qBén, =qE2-qBiy (3.8) mia © mis =qBs. ante ¢ = 0 a partfcula encontrava-se na posicéo (©10,220,230) com uma Ey Suponha que no i velocidade (#10, 20, #30). A terceira equacdo fornece 3 cuja solucao é o(t) = 230 + tao t+ 3.1 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragaéo K. Watari 13 Agora considere as duas equagdes acopladas. Multiplicando-se a segunda equacao de (3.8) por i e adicionando-se membro a membro & primeira obtém-se m(& +182) =q (21 +i E>) -igB(é1 +ide) m ting of Dividindo-se por m e introduzindo-se as notacdes u Fy +i Bs, esta equagio torna-se: di He ate, (3.9) qB 2 a cay mee com w = “—. Esta é uma equacao linear de primeira ordem cuja solugdo é ’ ‘ aeeita eer) é —iwe ) jut) [a swe! aes pp] =-i 54 DeWivt, 3.10 u(t) [f me se | B +De (3.10) onde D é uma constante, Impondo-se a condigao inicial #i(0) = tio = 410 + ioo, resulta em: ¥ Vé D=toti 3 Substituindo-se de volta na equagao (3.10), obtém-se: é é a(t) tk sa jevivt-js, 3.11 (9 = (io+i5) if @uy Introduzindo-se novas constantes: (3.12) c (aa) a expresso (8.11) pode ser reescrita como: (t) = Vem Hw ta) <. (3.14) Lembrando-se que e~'€ = cos € — i sen€, a parte real e a parte imagindria de (3.14) fornecem os seguintes resultados: #1 =V cos(wt—a) + =? 3.15) 1 wt—a) += (3.15) By e 2 =—V sen(wt—a)—- —. (3.16) B Integrando-se ambas as equagdes em relago a t, obtém-se: Er x senwt—a)+ Beng, v By e a(t) = 1 cos(wt— a) — Sh t+ Ca. As constantes Cy e C2 sao obtidas pelas condigGes iniciais e resulta em: v in | Bi C=s9+Y sansa + (22+ A) w w Bu - v = tio Er) © Gam L cos = ayy - (22 - Be Portanto, a solugéo do problema proposto é o par de equacées hordrias, a(t) + sen(wt—a) + (x0 (3.17) 14_K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais eer) + cos(wt— a) + (c= Fe He ’) : (3.18) que descreve a projegdo do movimento no plano 2322. Qual a trajetéria descrita pela part{cula? ‘Transferindo-se os iltimos termos entre paréntesis das equacées (3.17) e (3.18) para o primeiro membro, elevando-se ao quadrado e adicionando-se membro a membro resulta em: Sin Fh a, Be SGD [n- (or 2+ 2+.) + [za— (coo - 22 4 @ o @ Esta é a equagao de uma “circunferéncia” com o centro em Ey E; @ E: E; 1 Be 10, 2 Bt ) eee Bo tpt 2 (10+ By w camcalis Note que o centro desta “circunferéncia” desloca-se com velocidade de médulo constante, e raio que pode ser representada como produto vetorial: ve= Ze (BxB). Ela € chamada velocidade de arrasto de Hall. Note também que vg 6 perpendicular a B ea B eé paralela ao plano 2122. Na diregdo do eixo xg 0 movimento é uniformemente acelerado eomateeeler ss cops akon enn eoet are einai ano trajetoria completa da partfcula. are A seguir, serdo analisadas as diversas possibilidades de curvas descritas pela projegio da tra- jetéria no plano x; 22. a) Em primeiro lugar, observe que se E = 0, tem-se vg = 0. A projecio da trajetéria no plano 2122 6 uma circunferéncia de raio + \/%, 44% @ a trajetéria & uma hélice de passo cons- tante cujo eixo é paralelo ao do zg, como mostra o esboco da Fig. 3.2(a). Note também que se 410 = #20 = 0, além disso, a trajetéria é retilinea e paralela ao eixo dos x3 (a) () Fig. 8.2: (a) Trajetéria para B (0) Projecao no plano a1e2 para B40. 3.1 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragao K. Watari_ 15 b) Se apenas a componente £3 fosse ndo nula, a trajetéria ainda é uma hélice com seu eixo paralelo ao do 23, mas 0 passo nao é mais constante. Ele varia linearmente com 0 tempo. Como no caso do item a), se ¢10 = ¢20 = 0, a trajetéria é retilinea e paralela ao eixo dos x3. c) Definindo-se um novo vetor V = Vo — va, onde Vo é a projecdo da velocidade inicial no plano 2122, a coustaule V dada em (9.12) 6 [V| ¢ pode ser expreaan. como: V =| — val e as equacées horérias (3.17) e (3.18) como: Vv 20 — a(t) =~ senwt-a) + (x0 4 SS yy ‘) © y e 29(t) = — cos(wt — a) + (~ = SUS TaL vga ‘) w o Com estas equacdes, 0 movimento da particula pode ser interpretado como sendo a superposi¢ao de um movimento circular com um movimento retilfneo, ambos uniforme, conforme mencionado anteriormente. A particula completa um periodo do “movimento circular” num intervalo de tempo Qn Ae v : =* ¢ desloca-se sobre a “circunferéncia” de 21 — . Nesse mesmo intervalo de tempo, o centro w w ‘ Qn 5 da “circunferéncia” desloca-se de — vg , sobre uma reta, na direcao e sentido de vg w © Se V = vg, caso em que #10 = #20 = 0, a particula eo centro da “circunferéncia” percorrem exatamente @ mesma distancia num perfodo. O coeficiente angular da tangente & projecdo da trajetéria no instante inicial (t = 0) dz em 2000) dzi|pop (99 41() ro mostrando que ela é perpendicular A direcdo de vg. Apés um periodo do “movimento circular” da particula, a projecao da trajetéria volta a encontrar a reta, paralela 4 direcao de Ya, que pasea pelo ponto inicial. A tangente a projocao da trajetdria neste ponta & também. perpendicular & referida reta, formando ciispides durante 0 movimento. No mesmo intervalo de tempo, o centro da “circunferéncia” percorreu uma distancia igual ao seu comprimento. i - F : 2a Entio, estes ciispides sao repetidos a cada intervalo de tempo dado por =~. Esta é uma situagao onde a “circunferéncia” rola sem deslizar sobre uma reta e a curva descrita por um de seus pontos é um arco de cicléide, conforme ilustrado na Fig. 3.2(b). Assim, as duas equacdes hordrias que representam a projecdo da trajetéria no plano 7122 sao equacdes paramétricas de uma cicléide quando to = é20 # Se V > vg, adistancia percorrida pelo centro da “circunferéncia” é menor que o da particula num mesmo intervalo de tempo. Isto significa que, quando esse centro percorrer a distancia Vv 2m — , 2 particula jé esté além do seu primeiro perfodo do “movimento circular*. Assim, v no momento que 0 centro da “circunferéncia” atingir a distancia percorrida de 2x ——-, a trajetéria descrita pela particula € tal que a sua projegdo no plano xy é uma curva com pelo menos um lao. A medida que 0 movimento prossegue, essa curva é repetida “ocupando” Vv 3.2(b). uma faiza retilinea na diregéo de vq com largura 2— , como mosira a Fig. o © Se V < vg 60 contrario do caso anterior, isto é, durante um perfodo do “movimento circular” da particula, a distancia percorrida pelo centro da “circunferéncia” é maior que Vv 2m —. Entdo, a projecdo da trajetéria é uma curva ondulada que se repete periodicamente wo na direcdo de va. Oc oxercicios 3.3 ¢ 3.4 referem-se 20 presente problema com os campos Be F. arranjados de uma forma particular. As solucdes desses problemas podem ser obtidas a partir das equacées hordrias deste exemplo, aplicando-se uma rotagdo no sistema de eixos. Entretanto, recomenda-se ao leitor resolver as equagées diferenciais apropriadas a esses problemas e interpretar cuidadosamente os detalhes. 16K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais 3.1.2 Coordenadas Polares Em muitos problemas de movimento num plano, é mais conveniente especificar a posicdo de uma particula por meio de coordenadas polares p © y mostradas na Fig. 3.3. Blas estdo relacionadas As coordenadas cartesianas 2; ¢ zt, pelas transformacées z =pcosy 1 e % =pseny (8-19) Fig. 3.3: Coordenadas Polares e seus Vetores A coordenada p tem o dominio definido por 0 < p < co Unitérios. enquanto ode y é 0 mga, a particula executa um movi- mento circular ao redor do centro do toro. Se E = —mga, ele fica em repouso na sua posicao mais baixa que é a de equ =mga < E < mga, ele execnta um movimento oscilatério entre duas posigdes do toro descritas pela amplitude angular Fig. 3-5: Energia Potencial. © caso mais interessante para se estudar em detalhe ¢ quando 0 movimento da particula é oscilatério. Neste caso, a sua amplitude angular possui um maximo dado por ® e a energia mecnica total tem valores limitados ao intervalo —mga < E < mga, como discutido acima. Nestas condigées, tem-se: E=~mgacos ® Combinando com (3.34), a velocidade angular ¢ para uma posigdo angular genérica p ¢ dada por: 29 =4 (cos y— cos #). 3.1 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragio K. Watari 19 Esta € uma equacdo diferencial de primeira ordem que pode ser transformada em equago separdvel. Assim, a solucéo ¢(t) é obtida implicitamente pela integral? ° dy! ae sy geese 29 Joo Veo — cos © com o sinal (+) valendo para y crescente eo (—) para ip decrescente. Utilizando-ee a identidade trigonométrica cos @ = 1 — 2 sen? —, esta integral pode ser reescrita como: 2) 1 fe pe 2 t= (oak ay ! 2V9 Joo / sen? 2 — sen? £ Introduzindo-se uma nova variével € pela relagéo (3.35) ® g > sen€ = sen 2 sen seng = sen > € considerando-se t= 0 como o instante que a particula esté na sua posicéo mais baixa (y = 0), a fase do movimento que y est crescendo é descrita por: . : = [= f eres | (3.36) 9 Jo fi — sen?® sen? €! A integral (3.36) acima € conhecida como integral elttica de primeira espécie. Fla é uma funcio que se encontra em forma de tabela em muitos manuais?. Nos dias de hoje é possfvel efetuar um cAlculo numérico por meio de um computador eletrdnico com certa facilidade. Uma. vez calculada esta integral, a fungao y(t) est determinada. Com isso, a reagéo R(t) (que é uma incdgnita do problema) pode ser obtida utilizando-se a equacdo (3.32), ou seja, R=mg cos p+mag? = mg (3 cos yp — 2 cos ®). Note que a reagao R do toro depende de t somente por meio da posigéo angular y da particula, O seu valor seré maximo para y = 0, que acontece quando a particula est4 passando pela sua posigio mais baixa. Quaudu estiver na posicdo de amplitude angular maxima, o valor de R ser minimo. A fase do movimento que abrange 0 até y= corresponde a a do seu perfodo de oscilacao. Entdo, um periodo completo do movimento de oscilagao desta particula em fungdo da sua amplitude é dado por ay pt! dé @ 2 @) = 4/5 =4,f2x(=), 3.37) a g L /1 = sen? ® sen? € 9 (=) se ® onde K (¢ € conhecida como integral elttica de primeira espécie completa. Tabela do Perfodo Relativo de Oscilacéo em Fungéo da Amplitude Angular ®(°) | r/2nvalg | ®(°) | r/2Vale | ®(°) | r/22Valo oO 1,0000 70 1,1021 140 1,5944 10 1,0019 80 1,1375 150 1,7622 20 1,0077 90 1,1803 160 2,0075 30 1,0174 100 1,2322 170 2,4394 40 1,0313, 110 1,2953 174 2,7621 50 11,0498 120 1,8729 178 3,4600 60 1,0732 130 11,4693 180 oO rl + Observe que m nao esté presente na expressio. *Ver por exemplo, M. Abramowitz and I. Stegun, Handbook of Mathematical Functions, Dover. 20K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais ® Se ® for muito pequeno, a integral em (3.37) e, portanto, i 3) 6 muito préxima de = Dai 0 periodo de pequenas oscilagées em torno da posicéo de equilibri Qn independe de & e é dado por Isto pode ser concluido também pela equacéo (3.33) quando se aproxima seny por y ° 60 120 180 4°) eee (a) (b) Fig. 3.6: (a) Comportamento do Periodo Relative. _(b) Péndulo Simples. Na pagina 19 foi tabulado a razao do perfodo de oscilagéo da particula 7 com 27. em fungao da amplitude angular #. A visualizagdo gréfica do comportamento deste periodo relativo é mostrado na Fig. 3.6(a). Note que 7 & uma func&o que cresce lentamente com ® até a proximidade de 180°. Pode-se observar pela tabela da pagina 19 que o crescimento de 7 com relagdo a ane no intervalo 178° — 180° é de ~ 3,5 a infinito, tendo, portanto, um crescimento rapidissimo num intervalo de 2°. Quando @ — 180° tem-se E + mga. Este é 0 caso onde B— V tem zeros dy! diverge?. Isto . 5 amg fig de multiplicidade maior do que 1 e a integral t = ,/—— f 29 lo Vee significa que se a particula iniciar o seu movimento a partir da origem com a energia mecdnica exa- tamente igual a mga, ela chegaria ao topo do toro em tempo infinito e nao executa movimento de oscilagéo. Este caso 6 0 limite de transigdo entre 0 movimento oscilatério e o circular. O desvio de r em relacio a 277,/ 6 se torna visivel a partir de ~ 40° como mostra a Fig. 3.6(a). g Tanto as equagdes (3.32) e (3.33) quanto as discussées do resultado podem ser transpostas di- retamente para se estudar o movimento de um péndulo simples mostrado na Fig. 3.6(b). Para isso, basta trocar a por £e R. por T. A interpretagio fisica de £ ¢ 0 comprimento do péndulo ¢ de T a tensdo na corda neste caso*. Da mesma forma, 27. 6 0 periodo de oscilagao do péndulo simples para pequenas amplitudes. Assim, o gréfico da Fig. 3.6(a) representa também 0 comportamento do perfode de oscilayiu relative « 2n4/4 do péndulo simples em fungo da sua 9 amplitude de oscilagao [ver exercicio 3.5]. Este gréfico, juntamente com a tabela da pégina 19, esclarece a razio de se considerar comumente amplitude de oscilago pequena até cerca de 30°, pois, 6 periodo de oscilacio correto difere menos de 2% em relagdo a 24/4. Poder-se-ia estender essa 9 considerac&o até ~ 50° se a preciso requerida para a medida do periodo estiver dentro de 5% [ver exercicio 3.6]. Ver discussio a respeito da convergéncia da integral i ESTEE , na secgao 2.7 do Volume 1, , (E—V@) quando 6 é um zero de E-V(e). 4Para uma oscilagdo de amplitude maior do que 90%, pode-se imaginar um péndulo simples montado em uma barra rigida fina de massa desprezivel. 3.1 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragéo K. Watari_ 21 3.1.3 Coordenadas Cilindricas As coordenadas cilindricas (p,y,z) de um ponto P estdio mostradas na Fig. 3.7. A relagdo delas com as coor- denadas cartesianas séio dadas por meio da.transformagiio m1 =pcosy, seny, (3.38) 3 =2, a2 com 0 0 que se move numa regiao do Ae - a espaco onde existe um campo magnético constante B = Bez e um campo elétrico B= “ eg , onde ° @ € uma constante. A forga resultante sobre a particula 6, entio, 1 FaqB+av x B=e, (102 +0096) ~ep0B0, em unidades MKS. A segunda lei de Newton para esta forca resulta em trés equagées diferenciais do movimento dessa particula dadas por: mip — pp? m(o} +269) =-aBA e mz 1 : =4a—+4qBp¢, ° A integracio da terceira equagio ¢ imediata. A segunda equagdo pode ser multiplicada por p ¢ rearranjada, resultando em mp? + BERR Ute =0, ou seja, a “ 0 eet © que mostra que a quantidade = mp2o4 4242 Pe = mp? e+ p € uma constante do movimento que pode ser determinado a partir das condigées iniciais. Ao isolar desta equacio, tem-se: 3.1 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragao K. Watari 23 Pp 4B mp? 2m Substituindo-se este resultado na primeira equaco diferencial do movimento resulta em: Pe q?B? t + p-qa— mps 4m °~4% Neste ponto, observe que a descoberta de uma constante do movimento tornou possivel o desacopla- mento entre as equacées, levando a primeira equacdo diferencial do movimento a ter dependéncia apenas de p e sua segunda derivada com relagio ao tempo. Esta equacio é integravel uma vez, pois, multiplicando-a por p, pode ser reescrita como: =qain ’) = GB ff ik x é 2B? ( apr eee ee p?-yalnp e mp- at \2"" * Qmp? * 8m ou seja, ples a nePauae aaa ein Cie Ronis kama é uma outra constante do movimento que, também, pode ser determinada pelas condicées iniciais. Esta equacao pode ser transformada em equacao separavel de primeira ordem e resolvida, pelo menos em principio. Rearranjando os termos, tem-se: == [k-6o)), (0.53) onde foi definido Ms ee 2 OI repeater Observe que (3.53) ¢ uma equacdo semelhante ao da conservagio da energia mecdnica discutido na secgio 2.7 do volume 1. Com isso, pode se concluir que o movimento na diregio perpendicular ao do eixo «3 86 € permitido onde K —4(p) > 0. O termo ¢(p) pode ser considerado como uma espécie de “energia potencial efetiva” e a andlise qualitativa do movimento na direcéo perpendicular ao do eixo x3 pode, também, ser efetuada de maneira andloga a da referida secco. galnp. 3.1.4 Coordenadas Esféricas A Fig. 3.8 apresenta as coordenadas esféricas (r,6, 9), que sao relacionadas com as coordenadas cartesianas por meio das equacées de transformacéo & =r send cos p, ty =r sen sen, (3.54) 3 =7 cos 8, com 0<4r <0, 0<0< 7 ce 0< p< 2m, on recipro- camente, pela transformagdo inversa: 2 24 2) V2 i r= (0? +234+02)"?, Fig. 8.8: Coordenadas (ai +23 +23) Fsféricas seus Vetores - 3 Unitarios. 4 = cos (G +02 +03)'?? pete ute aS 24K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais Os vetores unitérios e,, eg € ey apropriados para as coordenadas esféricas, mostra~ dos também na Fig. 3.8, sao definidos pelas relagées: =e, send cos y |-ey sen@ seny + es cos 0, (3.56) a =p opae cos 0 cos p+ €2 cos @ seny — es send, (3.57) 2 = = =e seny +e, cosy, (3.58) or he Bel or g to = |S | resend, (3.59) uma vez que o vetor de posicéo r é dado por r=err sen@ cos y +egr sen@ seny+e3r cos 0. (3.60) Observe que, embora nenhum desses vetores unitdrios dependam de r, e, e e9 dependem de @ e de y. O vetor unitério e, depende s6 de vy e é paralelo ao plano 2,22. A derivada parcial dos trés vetores unitarios em relacéio a @ resulta em de, deo dey OF =e aa e ae = 0 (3.61) ea derivada parcial em relagio a y em de, dee Te Tee send, Bo = oe 7088 (3.62) e e, send — e9 cos 6. Além disso, esses vetores unitdrios so ortogonais dois a dois, isto é, er €9 =e, ey = ep ey =0 (3.63) e também er=epXey, eg=eyxe, e ey=e,xey. (3.64) A equacao (3.60), juntamente com (3.56), mostra que a representago do vetor de posig&io em coordenadas esféricas 6 dada por: err. (3.65) r Com isto, a representacdo do vetor velocidade em coordenadas esféricas é v=enttegr+eyr sendy (3.66) 3.1 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragao K. Watari 25 que 6 obtida derivando-se (3.65) com relag&o a t , levando-se em conta as propriedades (3.61) ¢ (3.62). Derivando-se novamente com relagdo ao tempo, obtém-se a repre- sentagdo do vetor aceleragao neste sistema de coordenadas que é dada por: a=e,(#—r6? —r sen’Q”) + eo(r6 +276 —r send cos 947) + + e,(r send +2 sendi~ + 2r cos 06%). (3.67) Assim, as componentes esféricas da velocidade sao: Up uw =r e Up =r send p (3.68) e da aceleracao sao: a, = —1 6? —7 sen?0.g?, ag =76 +276 —r send cos 0g? (3.69) e a, =r send G +2 senO7¢+2r cos Oby. Exemplo 3.4 Embora as aparéncias das expressdes das componentes esféricas das velocidade e aceleragao sejam complexas, em muitos problemas, elas sio mais adequadas do que as componentes cartesianas. Como um exemplo concreto disso, considere uma particula de massa m suspensa no teto por um fio de comprimento fixo €. Se no se restringir 0 movimento desta partfcula num plano, este sistema constitui um péndulo esférico. Adotando-se as coordenadas esféricas mostradas na Fig. 3.9, as componentes da resultante das forcas aplicadas a este sistema sio: F. = —mg cos 0@—T, Fy = mg send e Fy = 0, onde T éa magnitude da tensao no fio. Em termos dessas componentes, a segunda lei de Newton mi = F pode ser escrita como: m(#— 16? —r sen?0p?) mg cos 0-T, m(r6+2#6—r send cos 62) e — m(r send +2 sendr p+ 2r cos 06%) =0. mg send Como o fio ¢ inextensivel, tem-se r = £ = constante. Assim, é 0 e as trés equagdes acima podem ser reescritas como: m£6? + mésen?6p? = mg cos 8+T, mé6—mE send cos 062 = mg send e m£sendg+2mé£ cos 06¢=0. Fig. 3.9: Péndulo Esférico. Multiplicando-se a terceira equagao por £ send , chega-se a (me? sen94) =0, isto é, a quantidade Pe = me? sen?00, (3.70) que tem dimensio de quantidade de movimento angular (momento angular), é uma constante do movimento. Isolando-se ~ e substituindo-se na segunda equacdo diferencial, multiplicada por £0, tem-se 5 a (2 mé262 4+ ——-6 4. mol cos an 26K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais Note que nao hd dependéncia de y nem de suas derivadas nesta equacdo. Portanto, as equagées dife- renciais acima foram desacopladas. Esta identidade permite concluir que existe mais uma constante do movimento que é 2 me?g?4 —_Pe = bcos 0. Fme? sen2y *™* C8 Tanto py quanto E sio determinadas a partir das condigées iniciais do problema. O primeiro termo do segundo membro é interpretado como energia cinética do movimento angular em relagio & vertical. O segundo termo é energia cinética de rotac&o ao redor do eixo vertical que passa pelo ponto de suspensao. O tiltimo termo representa a onergia potencial da particula com a sua referéncia ™ ren i tomada em 0 = —. Assim, F é a energia mecanica total do péndulo esférico. De forma semelhante ao feito no exemplo 3.3, a expresso acima pode ser reescrita como 2 me [E-¢)], (3.71) onde 6) = 0 (6) sy +mgt cos A partir da equagéo (3.71) pode ser efetuada uma andlise qualitativa do movimento do péndulo esférico, de forma semelhante a todos os casos estudados anteriormente. A Fig. 3.10 mostra 0 comportamento de (0) para diferentes valores de py oe A curva com rétulo 1 corresponde a pp = 0. A expresso de py mostra que nesta situagdo tem-se 9(t) = 0. Isto significa que 0 movimento do péndulo fica inteiramente contida num plano = constante. Se E =~—mgé, ele permanesce em repouso na posi¢ao mais baixa (@ = 1). Se —mgf < E < mgé, ele executa oscilacao, cuja amplitude 6 dada pela raiz de E- (8) = 0. Se E > mgé, o movimento & circular de raio £, tendo velocidade m: r quando a particula estiver passando pela posicgéo mais baixa e velocidade menor quando estiver passando pela posic0. ge | mais alta. As curvas com rétulos 2, 3 ¢ 4 correspon- dem a py #0. Note que a situagéo muda completa- mente neste caso. Qualquer que seja EZ, maior que o minimo de (6), 0 movimento permitido ¢ somente de oscilagiio em intervalo 0 < 6 <0 < 02 < 7m junta- mente com rotacao ao redor do eixo vertical que passa. —™9e pelo ponto de suspensio. Os angulos limites 0, e 62 Fig. 3.10: Esboco de $(0). séo as raizes de E — $(0) 0. A curva com rétulo 2 2 foi tragado para o caso ern que 72> = 0,2mgé. Para as curvas com rétulos 3 @ 4, essas ™ 2 2 eh ak me p3 ; Felagées sio, respectivamente, =PET = mate =P = amyl. Qualquer que seja re £0, se E for oxatamonto igual ao minimo de 4(0), que ocorre om @ = J, esse péndulo executa um movimento circular ao redor do eixo vertical que passa pelo ponto de suspensio mantendo @ igual a @. & vistvel na Fig. 3.10 que o minimo de $(@) move-se para a esquerda & medida que py cresce. A expressao de (9) mostra que isto deve ocorrer e que no limite de pp muito grande 0 > = 3 3.1 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragao K. Watari_ 27 5 interessante fazer uma andlise um pouco mais profunda a respeito do movimento para 0 caso Po #0. A trajetdria da particula do péndulo esférico nao é necessariamente fechada e esté inteira- mente contida na superficie de uma esfera imagindria de raio £ com centro no ponto de suspensio. Além disso, essa trajetéria est4 delimitada por duas cir- i cunferéucias cujos planos so perpendiculares ao eixo ver- tical que passa pelo ponto de suspensao, tendo seus cen- tros localizados sobre esse eixo. As duas circunferéncias sio definidas por @ = 0; e 6 = 02. Para simplificar a linguagem, essas duas circunferéncias serio denominadas “latitude” em analogia com a latitude terrestre. O tempo decorrido, T, para completar uma ida ¢ volta entre as la- titudes 6, e 82 (uma oscilagéo completa em relagdo a 8) pode ser obtido de (3.71) resultando em: ame eo “= Nesse mesmo intervalo de tempo, y varia de uma quanti- dade 62 2p fi 1 dé “VV me? /B— $0) sero’ a que pode ser deduzida das expressées (3.70) e (3.71). Uma das possfveis trajetérias, quando se compdem os movimen- tos em @ e em 9, esté esbocada na Fig. 3.11. A mesma figura mostra também a projecdo dessa trajetéria no plano horizontal. Como comentado acima, essa trajetéria nao é fechada em geral e, ento, o movimento nao é periédico. Fig. 3.11: Trajetéria do Péndulo Esférico e sua Projecdo. Exercicios 3.1) Uma particula de massa m é langada da origem do sistema de referéncia com uma velocidade inicial v = e1 vio + e3 v39 . Sabe-se que ela se move sob a ago de uma forga de gravidade constante —mges sofrendo uma resisténcia proporcional a velocidade —bv a) Determinar as equagées horérias do seu movimento. b) Determinar a equagio da sua trajetéria. c) Mostrar que, no limite 6 > 0, a equacdo da trajetéria determinada no item anterior reduz-se & de uma parébola. d) A medida que 6 cresce, a equacao da trajetéria desvia-se da de uma parébola. Mostrar lapad que o primeiro termo de corregéo em relagdo & pardbola é — — 2, 28. muig 3.2) Uma particula de massa m move-se num plano 21 23 sujeita a uma forga F = — fr. No instante t = 0, a particula esté na posicao r(0) = e1 210 + ea. tan e tem uma velocidade v(0) = e1 v10 + €2 v20- a) Prove que a trajetéria é, em geral, uma elipse quando 210 v0 # 220 v0. Qual a condigéo para que seja uma circunferéncia? b) Prove que a elipse reduz-se a uma reta quando 210 v29 = 20 Vi0- 28K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais 3.3) Uma particula de massa m e carga g > 0 é abandonada em repouso na origem. Suponha que na vizinhanga da origem, suficientemente grande, existe um campo magnético constante B =e B cum campo elétrico E = e2 E, também constante. Determine as equacdes horarias do movimento dessa particula e mostre que a sua trajetéria é um cicldide no plano 2172. 3.4) No problema anterior, considere que a particula fora lancada com uma velocidade v = e1 v9 a partir da origem. Determine as equagées hordrias do seu movimento ¢ mostre que a sua trajetéria fica confinada no plano 21 22. Discuta e esboce as trajetérias em funcdo das razdes. entre as magnitudes das forcas elétrica e magnética. 3.5) Repita todos os procedimentos e discussdes do exemplo 3.2, aplicando as coordenadas polares para 0 estudo do movimento de um péndulo simples numa regiéo onde a forca da gravidade € constante. O comprimento do péndulo é £ e a sua massa m. 3.6) No instante t = 0, um péndulo simples de massa _m e comprimento £ é abandonado a partir do repouso com amplitude angular © em relagdo & vertical. Suponha que © é tal que necessite uma correcdo na aproximagao usual de pequenas oscilagées, seny ~ y, na equacdo diferencial do movimento. es a) Mostre que a correcao do periodo em relacao ao de pequenas oscilagdes é dada por cee b) Determine essa correcdo para as amplitudes angulares de 10°, 20°, 30°, 40° e 50? Discuta. 3.7) Obtenha a expresso (3.49) do vetor velocidade e a (3.51) do vetor aceleragao em coordenadas cilindricas, 3.8) Considere a partfcula do exemplo 3.3. ) Fogo uma ondlise qualitativa do seu ivvimento em fungao das constantes do movimento pee K. b) Mostre que p(t) & dada implicitamente por: 2 [me ii dp! 2 FA : 0 K ~ aySrr ~ F2* 0!? +0 Inp! onde po é a coordenada p no instante t= ©) Mostre que y(t) € dada por: onde yo é y no instante t=0 3.9) Obtenha as relacdes (3.61) e (3.62). 3.10) Obtenha as expressdes (3.66) e (3.67) das representagées dos vetores velocidade ¢ aceleragio em coordenadas esféricas. 3.11) Seja uma funcdo vetorial A de uma varidvel real £. A representacao de A por meio do componentes esféricas é A(t) =e, Ar(t) +e Ag(t)-+ey Ay(t). Determine as expressdes para componentes esféricas da derivada de A em relacio a t. 3.12) Refaca todos os detalhes do exemplo 3.4. 3.2 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragao K. Watari__29 3.2 Leis da Conservagao Na secgio anterior foram discutidos diferentes sistema de coordenadas ¢ algumas de suas aplicagdes. Dependendo da natureza da forga envolvida no problema, escolhe- se aquele sistema que for mais conveniente. Nos exemplos dados observou-se que certas grandezas fisicas sio conservadas. Nesta seccéio serao discutidas as condigdes de conservacdo da quantidade de movimento ¢ da quantidade de movimento angular (ou momento angular). Cabe enfatizar aqui que a conservacao de wma grandeza néo necessariamente implica na conservacdo da outra. 3.2.1 Quantidade de Movimento O movimento de uma particula é regida pela segunda lei de Newton que fornece a equacio: p=F. (3.72) E ébvio que se F = 0 durante o movimento, tem-se p = 0 e, portanto, Pp =constante , (3.73) © que significa que se a resultante de forga aplicada 4 particula for nula durante o seu movimento, a sua quantidade de movimento é conservada nesse movimento. Mesmo que a resultante da forca nao seja nula, se existir uma diregiio fiva dada por um vetor unitdrio s tal que F-s=0 durante todo o movimento de uma particula, tem-se: p:s=F-s=0, o que leva a d p:s=— =0. B-s= 7 (p-s) Disto conclui-se que: p+ s=constante. (3.74) Em palavras, conserva-se a componente da quantidade de movimento p naquela direcao (fiza) que a componente da forca é nula durante 0 movimento. 3.2.2 Quantidade de Movimento Angular ou Momento Angular Pré-multiplicando vetorialmente por r, ambos os membros de (3.72), obtém-se: rxp=rxF, ‘ou seja, - a rxp=ixptrxp= 7 (rxp)=rxF. 30K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais Lembrando que a quantidade de movimento angular (ou momento angular) ¢ o torque sio definidos, respectivamente, por: L Tiss) e nae chega-se a dL + Tae Ts (3.75) que € 0 anélogo da segunda lei de Newton. Se r = 0 durante 0 movimento, esta equacdo torna-se L=0 e L = constante. (3.76) Mesmo que 7 nfo seja nulo, se houver uma diregdo fixa dada por um vetor unitdrio s tal que 7-s = 0 durante o movimento, como no caso da quantidade de movimento, L-s=constante. (3.77) Portanto, analogamente ao caso da quantidade de movimento, a componente da quan- tidade de movimento angular é conservada na diregéo que a componente do torque é nula durante 0 movimento. Exercicios 3.13) Prove que a quantidade de movimento P € conservada em um movimento livre de uma particula. 3.14) Mostre que, num langamento de uma particula de massa _m numa regiao onde g = constante , a componente horizontal da quantidade de movimento é conservada. 3.15) Mostre que para uma forca que pode ser expressa como F = F(r) =, onde F(r) é a magni- r tude de F , a quantidade de movimento angular L é conservada. 3.3 Trabalho Realizado por uma Forca Para completar a discussao a respeito das leis da conservagio, iniciada na secgao anterior, serdo introduzidas as condigées para que uma forca seja conservativa. Uma afirmagao como uma forea é conservativa significa, aqui, que a energia mecanica total de uma partfcula é uma constante do movimento. Entao, é necessario estabelecer-se em que situagdo pode ser definida uma energia potencial. Diferentemente do caso unidimensional, nos problemas bi e tridimensional nao basta que uma forga seja de- pendente apenas da posigdo para que a energia potencial seja definivel. Com este 3.3 Trabalho Realizado por uma Forga K. Watari_ 31 objetivo, esta seccéo seré iniciada introduzindo 0 calculo do trabalho realizado por uma forga atuando em uma particula durante o seu movimento. Suponha que C’ seja um caminho seccionalmente suave numa regio 1 do espaco, unindo os pontos A e B pertencentes a 2. Considere uma particula de massa m movendo-sc de A até B, sobre o caminho C, sob a acio de uma forcga F(r). O trabalho realizado por essa forga, nesse movimento, é definido como a integral de linha® B we [e-de= [P-ar. (3.78) A c Exemplo 3.5 Calcular o trabalho realizado pela forga F(x1,22,23) = e1 vf + e203 +e3 0) quando se move uma particula ao longo de um segmento de curva 22 = 2? iniciando em (0,0,0) e terminando em (1, 1,0). Solugéo: As equacdes x1 = t, t2 = t? e 3 = 0 com 0 <¢ < 1 parametrizam esta curva. Utilizando-se a propriedade (D.31) da pagina 108 tem-se: we [rear o dado em unidades de trabalho. 1 arate forzears f 2.o.d=+, Considere, agora, uma, particula de massa m movendo-se sob a ago de uma forga genérica F(r,?,t). A segunda lei de Newton, p=mv=F, fornece a equacéo que governa este movimento. Multiplicando-se escalarmente por v, ambos os membros desta igualdade, resulta em mv-v=F-v, que pode ser reescrita como: d (1 di/la\ea eee er com v = |v|. Sendo ta e tg, respectivamente, os instantes que a particula se encontra no ponto A eno B, a integracao em relacdo a t, de ambos os membros da equacdo acima, leva a B ae mut) de= fovea [rtee- fra, A 5Recomenda-se a leitura do Apéndice D aos leitores que ainda nao estéo familiarizado com a 32__K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais ou seja, B Lino moj = [ F- ae, 3.79) Die See te a onde v4 = v(t4) e vg = v(tg). Este resultado mostra que a variagao da energia cinética da particula entre as posigdes A e B é igual ao trabalho realizado pela forca F(r,i,t) no movimento desta particula sobre 0 caminho C que conecta os pontos A e B da regio 2. O trabalho realizado pode depender do caminho C' que conecta os pontos A e B da regiéo ©, quando uma forca genérica pode depender da posigéo r, da velocidade v edo tempo t. Se a forca depender explicitamente de t, 0 trabalho realizado por essa forca varia com 0 tempo. Quando essa particula movimenta-se sobre um outro caminho C", diferente de C,, 0 trabalho realizado 6, em geral, diferente. © resultado (3.79) continua valendo mesmo quando uma forga depende apenas da posigdo, isto é, mesmo que F = F(r), a variaco da energia cinética é igual ao trabalho realizado pela forca no movimento da particula sobre a trajetéria C que une os pontos A e B da regiao 2. Cabe enfatizar também que, mesmo neste caso, se a partfcula mover num outro caminho C’ o trabalho realizado pode ser diferente. B Se F(r) tiver a propriedade que f F-. dr independe Rn al do caminho, isto 6, se Hi F- dr tem o mesmo valor, qual- & quer que seja o caminho C’ escolhido para levar uma particula da posicgéo A até a B, como ilustrado na 4 ‘3 Fig. 3.12, entdo o trabalho realizado por essa forca s6 depende dos pontos A e B. Neste caso, pode-se definir Fig. 3.12: uma funcio energia potencial de um ponto P da regiio 2 como: Pa V(P)=- [rear, (3.80) R isto 6, como o negativo do trabalho realizado pela forga F(r) no movimento da particula de um ponto de referéncia R até o ponto P em questdo por um caminho qualquer que os une. Jé que o trabalho realizado por essa forca depende s6 dos pontos extremos escolhidos, para uma escolha diferente de ponto de referéncia tem-se: P R P [rca [react [pe ar, iv iv R 3.3 Trabalho Realizado por uma Forcga K. Watari_ 33 pela propriedade de integral de linha. Portanto, a energia potencial € definida a menos de uma constante aditiva. Uma forca cujo trabalho realizado independe do caminho 6 denominada forga conservativa. Suponha, agora, que uma particula move-se do ponto A parao B pelo caminho 1 da Fig. 3.12, por exemplo, e retorne ao ponto A pelo caminho 2 da mesma figura. Nesta situagao, essa partfcula executou um movimento por um caminho fechado. Como a integral de linha de A a B independe do caminho, o trabalho realizado no caminho 1 é igual ao realizado no caminho 2. Mas, o caminho 2 foi percorrido no sentido contrério e, portanto, troca o sinal. Somando-se as duas parcelas tem-se 0 trabalho total realizado pela fora nesse movimento dado por: we fed [P-d= $ Paro, c i 2 onde C é 0 caminho fechado composto de 1 ¢ de 2. Os pontos A e B foram esco- Ihidos arbitrériamente. Como conseqiiéncia, o trabalho realizado por F(r) depende somente da escolha dos pontos extremos e o resultado acima vale para qualquer cami- nho fechado. Assim, pode-se definir uma forga conservativa como aquela que satisfaz a condico fF-ar=0 (381) Cc para qualquer caminho fechado C. Além disso, o teorema. de Stakes (ver Apendice E) fornece a igualdade: [yxrenda= f Pear, f lc onde S é uma superficie delimitada pelo caminho fechado C.. Entao, para garantir a condig&o (3.81), a forca deve ser irrotacional, isto é, VxF (3.82) Exemplo 3.6 Uma particula move a. partir da origem até 0 ponto (1)1,1) sob a agéo de uma forca F(r) = —kr. Se essa particula executa o seu movimento pelo segmento de reta que une esses dois pontos, r pode ser parametrizado como r = e£+e2£+e3£, com 0< € <1. Assim, o trabalho realizado por esta forca nesse caminho é dado por: wank (feracs [eraes ['¢-1-as)=—3e Por outro lado, se o movimento ocorrer pelo caminho composto de segmentos (0,0,0) —+ (1,0,0), (1,0,0) — (4,1, 0) e (1,1,0) + (1,1,1), 0 trabalho realizado sera: w= il Pedr + fi Fedr + i Pedr= (0,0.0)°911.0.) ——(2,0,0)50,1,0) G1.) 5.40,14 at (fiasnsf'nens f'stn)=—20. 0 0 0 2 34K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais Observe que o trabalho realizado nos dois caminhos distintos foi o mesmo. De fato, o trabalho realizado por esta forga deve ser 0 mesmo, qualquer que seja o caminho, unindo os dois pontos extremos, pois, ian (ie BPs) a, (28 8P) 49, (2% _ 8F.) _ Ga2 Oz Ors Oa oe, a2 uma vez que Fi =—k21, Fp=—ka2 0 y= kag. Assim, esta é uma forga conservativa. Exemplo 3.7 Se F = —e; kz2 + e2k21 +e3 kas fosse a forga aplicada sobre a particula do exemplo anterior o trabalho realizado no segmento de reta que une (0,0,0) a (1,1,1) fica ( [sees [cues [eae) = 5 ao passo que no caminho composto de segmentos (0,0,0) —+ (1,0,0), (1,0,0) —+ (1,1,0) e (1, 1,0) — (1,1,1) resulta em: 1 1 wee(o+ f act f eat) = k 0 1 2 Como se pode observar, o trabalho realizado por esta forga foi diferente nos dois caminhos. De fato, esta forca nao satisfaz a condigao (3.82), pois, OF; OF2 or, OF; OF, Oren e (8 ba) +2 (3m a1 te (jn -n ORE Os w VxF Deve ser enfatizado neste ponto que néo basta verificar que 0 trabalho realizado seja coincidente apenas em dois caminhos distintos, como foi feito no exemplo 3.6, para afirmar que a forca é conservativa. A coincidéncia deve ser verificada para todos 0s possiveis caminhos que une os dois pontos. Assim, provar que a furya é couservativa por meio do célculo de trabalho realizado ¢ invidvel, pois, o miimero de caminhos a ser verificado é infinito. Portanto, deve-se utilizar a condigao (3.82) para provar. Num sistema conservativo, uma vez dada a energia potencial V(r) de uma parti- cula, a forga F(r) agindo sobre ela pode ser obtida por: F=-VV, (3.83) por causa da defini¢do de V(r) [ ver equacio (3.80) e secgdo D.3.2 na pagina 112]. A propriedade Vx VV =0 mostra que a forga dada por (3.83) satisfaz a condigao (3.82). Suponha, agora, uma forca F(r) conservativa. © trabalho realizado por ela entre os dois pontos A e B pode ser escrita como: Substituindo-se na equagio (3.79) obtém-se zm & smh =V(A)-V(B), 3.3 Trabalho Realizado por uma Forca K, Watari_ 35 que pode ser reescrita como: 1 Ly se mvp + V(B) = mv + V(A). Istu mostra que a energia mecanica total: es E=>mv+V(r) (3.84) 2 permanece constante durante o movimento de uma particula sob a acao de uma forca conservativa. As condigées iniciais r(0) = ro e #(0) = vo definem a constante E Um tipo importantissimo em muitas aplicagdes é a forca central que pode ser T ae escrita como F(x) = F(r) =. Bla é conservativa, pois, vxF=vx(Fe)*)= [y(-F0)| xrt len xr= [t+ (F¥0)| Exrt SFO) Vxr=0. Para se determinar a energia potencial de uma partfcula em movimento sob a agao de uma forca central, considere um caminho que une 0 ponto de referéncia (ro, 40, 90) a0 (7.89) Fig. 3.13: Caminho de Integragio para se Determinar a Energia Potencial. ponto genérico (r,8,) composto de segmentos de curva® (ro, 0,0) — (ro;9, Yo) 5 (70,8, 20) —+ (70,99) © (ro,8,~) —> (7,8, %), como ilustrado na Fig. 3.13. Neste Uma vez que o trabalho realizado independe do caminho, escolhe-se 0 mais conveniente para se obter a energia, potencial. 36K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais caminho tem-se: : ¥ (8,9) = = 2) rad" + | RelroyQyp!) ro send die! ae : J Feeseeyar' =- f Perryar'. Portanto, a energia potencial de uma particula em movimento sob a agéo de uma T F(r) — 6 obtida mediante o calculo de uma integral em relac&o forca central F(r) ar eéindependete de 4 @ y, isto é, vin=- [ Feryar'. (3.85) No préximo capitulo seré estudado o movimento de uma particula sob a agéio de uma forca central e este resultado ser4 aplicado juntamente com a conservagio da energia, mecanica total. Exercicios 3.16) Considere win Widagulo retangulo de hipotenusa AB e catetos AG e CB. A hipotenusa tem comprimento 4a e os catetos tém comprimentos iguais. Sobre uma particula atua uma fora PO F =k onde k 6 uma constante, O € 0 centro de forca localizado sobre a hipotenusa PO auma distancia a do vértice A e P 6 um ponto sobre a aresta do tridngulo. Determine o trabalho realizado por F quando a particula é movido do ponto A até B seguindo os catetos AC e CB. 3.17) Sendo a e 6 constantes, verifique se a forca F =e1 (6aba20$ — 20ba? 23) +e: (6abx1 23 — 10ba} x2) + es 18 aba 2222 6 conservativa. Em caso afirmativo, determine a energia potencial V(z1, 22,2). Sugestéo: Tome um caminho composto de trés segmentos de reta: (0,0,0) —+ (¢1,0,0), (21,0, 0) —> (21, 22,0) ¢ (21,22,0) — (a1, 02,28). B 3.18) Determine a energia potencial de um oscilador harménico anisotrépico. 3.19) Dada uma forga F = e, 240087 4. 9, A8ent + + vativa. Se esse for o caso, determine a energia potencial V(r,0, 9). ; com d constante, verifique se ela é conser eo caminho mostrado na Fig. 3.13 e tome o limite 9 > 00. ique quais das forgas abaixo so conservativas e determine energia potencial para os casos afirmativos. a) F =e Fi(e1) + 2 Fo(a2) + es Fa(oa). b) F=e12aci(2f +23) +e22az2(x} +22) +e33a2}(e? +22), sendo a constante. ©) F=cpap? cos y+e,ap? sen +e, 2az2?, onde a ¢ uma constante. d) F =~e,2ar send cos y — eg ar cos @ cos y +e, ar send seny, com a = constant. 3.4 Sistema de Duas Particulas K. Watari_ 37 3.4 Sistema de Duas Particulas Para concluir este capitulo, serdo discutidas as equages diferenciais do movimento oriundas da segunda lei de Newton para um sistema de duas particulas. Considere, entdo, um sistema de duas particulas isoladas, de massas m e my , tendo apenas a interacéio mttua entre elas. A segunda lei de Newton aplicada a cada uma delas, em relacéio a um referencial fixo em O, fica my % = Fie e mat = Fo, (3.86) onde Fyz 6a forca sobre a particula 1 devida a 2 e Fx a forca sobre a particula 2 devida a 1. Somando-se estas duas equagdes, membro a membro, resulta em: mi + mot = Fit Fa = 3F lai de Newton Assim, © (amy i + mat )=0 (mt + mata) =0. ay (mts +o te Portanto, m1 #1 + m2 %2 =constante, ou seja, Pi + pz = constante, (3.87) quando as duas particulas estio isoladas (nao hd forcas eaternas aplicadas). Em palavras, a equacao (3.87) mostra que a soma das quantidades de movimento de duas particulas é conservada durante 0 movimento de ambas quando existe apenas a interacdo mtitua entre elas. Considere, agora, a posigao do centro de massa Re a i posicao relativa r definidas respectivamente por: r mY, + Mor: Renna aIE aE (3.38) my + m2 oO om e r=n-—m. (3.89) Resolvendo-se este sistema para r1 € rp tém-se mea ma rn =R+—"_y (3.90) Fig. 3.1 my + ma e TSR ap (3.91) my, +mM2 Derivando-se a equacio (3.88) em relagéio ao tempo, obtém-se: (my + mz) R = mt + m2 te = pr + po- Se se definir a quantidade de movimento do centro de massa como P = (mi+m2)R, esta equagao pode ser escrita como: ane (2.99) 38K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais Isto permite reescrever (3.87) como P =constante, (3.93) ou seja, a quantidade de movimento do centro de massa (que nada mais 6 do que a quantidade de movimento do sistema de duas particulas) 6 conservada. O significado deste resultado é que o centro de massa de duas particulas est executando um movi- mento retilineo e uniforme ou est em repouso com relac&o a um referencial externo fixo em O. Entdo, o sistema de duas particulas isoladas como um todo tem este comportamento. Voltando-se novamente as equagées (3.86), se subtrair a segunda multiplicada por m, da primeira multiplicada por me , obtém-se: my mo(%1 — £2) = m2 Fig — m Foy. (3.94) Lembrando que Fz; = — Fiz, a equacao (3.94) torna-se: my ma (i — #2) = (rm +m2)Fia- (3.95) Definindo-se F = Fiz ¢ a massa reduzida? mma = aa 3.96 Bm + ms eee) levando-se em conta (3.89), a equagio (3.95) toma a forma: F. (3.97) ie Esta equagdo descreve, ent&o, o movimento relativo das duas particulas sob interagao miitua. Ela pode ser interpretada como se fosse 0 movimento de uma particula tinica de massa 1 sufeita a uma forga F cujo centro estd em uma das particulas. Observe, entdo, que as equagdes do movimento do sistema de duas particulas isoladas foram decompostas em duas: 1) uma que descreve 0 movi- mento do centro de massa como se fosse o de uma tinica particula concentrado nele, de massa m; +m, excoutando um movimento uniforme (ou estando em repouso) com relagdo a O; 2) uma outra equacdo que descreve 0 movimento de uma das particulas em relacdo & outra como se fosse uma particula tnica de massa j. sujeita a forca de interagéo mitua F. A forca de interacéo muitua F é dirigida ao longo da reta que une as duas partfculas. Em muitos casos, a intensidade dessa forga depende apenas da distan- cia entre as duas particulas e sempre tem a direcio do raio vetor r. Por isso é chamada forga central e pode ser expressa como: r F=F()= (3.98) 7A massa reduzida é um conceito que aparece em problema de duas partéculas. 3.4 Sistema de Duas Particulas K. Watari_ 39 Para forcas desse tipo, a equagao (3.97) torna-se: r FQ)=. (3.99) pt Em alguns casos a massa de uma das particulas é muito maior do que a da outra. Quando isto acontecer, o centro de massa esté praticamente em cima da particula de massa maior. Como exemplo disso, pode ser citado o sistema Sol e planeta, o Atomo de Hidrogénio (que é constituido de um proton e um elétron) etc. Se supor que m2 >> my, a massa reduzida é © m1. Esta hipdtese serd adotada no préximo capitulo e 0 movimento sob a agdo de uma forca central estudado em detalhe. Quando esse mesmo sistema de duas particulas nao estiver isolado, mas sujeito a uma influéncia de forgas externas aplicadas a ambas as partfculas, as equacdes (3.86) tornam-se: ma #1 = Fi + Fi e mat = Fa + FS, (3.100) onde F¢# éa forga externa aplicada a partfcula 1 e F§** & partfcula 2. Somando-se ambas as equaces, membro a membro, obtém-se: ma #) + me ¥ = pi t+ Be = Fro + Fay + EY + FS. ~ eo Considerando (3.92), esta equacao torna-se: P=Fs, (3.101) onde Fe*! = F¢*t + Fs 6 a resultante das forcas externas aplicadas ao sistema de duas partfculas. Este resultado mostra, uma vez mais, que 0 movimento do sistema de duas partfculas como um todo em resposta as for¢as externas aplicadas ocorre como se fosse 0 de “uma particula tinica de massa m, + mz concentrado no centro de massa sujeita a uma forga externa resultante F¢*' aplicada nela”. Note que a forca de interagao miitua nao exerce influéncia alguma sobre o novimento do sistema como um todo. Agora, multiplicando-se a primeira das equagées (3.100) por ma e a segunda por m e subtraindo-se membro a membro, resulta em: my ma(i% — #2) = mz Fre — my Fay + m2 FE — ma FS. Lembrando-se de (3.89) e que F = Fiz = —Far, esta equagdo reduz-se a (3.97) contanto que a igualdade my FS* = mi FS* (3.102) t seja satisfeita. Assim, desde que a hipdtese (3.102) seja satisfeita, 0 movimento do sistema de duas parttculas pode ser decomposto em movimento de uma particula tinica, 40K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais com toda a massa concentrada no centro de massa, em resposta ds forgas externas aplicadas, mais 0 movimento de uma das particulas em relacéo 4 outra, sujeita & interagdo mtitua como se fosse o de uma particula tinica de massa reduzida, j1. O procedimento descrito nesta secgao pode ser interpretado como um problema de duas particulas transformado em dois problemas de uma particula. Essa trans- formagao 86 6 possivel quando o sistema de duas particulas esté isolado, ou quando as forcas externas aplicadas sobre o sistema satisfazem a condigao (3.102). Entretanto, essa condicao é muito restritiva e, aparentemente, poucos sao os casos que a satis. faz. Por exemplo, nas proximidades da superficie da Terra a forca externa sobre a Particula é 0 seu peso e a condigao (3.102) é satisfeita, B claro que a condigao (3.102) pode ser satisfeita de forma aproximada como, por exemplo, no movimento de Terra © Lua ao redor do Sol. Assim, a separagdo das equagdes do movimento do sistema de duas particulas em dois sistemas de equagées du movimento de uma particula pode ser completamente garantida, em geral, somente se esse sistema de duas particulas estiver isolado. Exercicios 3.20) Prove (3.90) e (3.91) 3.21) Prove que a massa reduzida é sempre menor que a menor das massas das duas particulas. 3.22) Sejam duas partfculas de massas m, ¢ mz. As suas posigdes so dadas pelos vetores 11 € F2 em relacdo a uma origem fixa O. A quantidade de movimento angular do sistema em relagéo a ponto O ¢ L=r1 x pi-+ra x pa, onde pi e po sio as respectivas quantidaden de movimento. Prove que L pode ser decomposta em quantidade de movimento angular, em relagdo a O, de uma particula nica de massa m1: + m2 concentrado no centro de massa ¢ em quantidade de movimento angular de uma partfcula de massa reduzida jx em relagao a uma das particulas em questo. 3.23) Prove que mesmo tipo de decomposigéo de L acontece na energia cinética do sistema de duas particulas do exercicio precedente. 3:24) Considere duas particulas de massas m1 ¢ mz movendo-se numa regiio onde 0 campo de gravidade é constante e vale g. Mostre que a energia potencial do sistema decompée em energia potencial de uma partfcula unica de massa m1 + mz localizada no centro de massa mais a energia potencial de interacéo miitua entre elas, 3.25) Prove que se as forcas externas exercidas sobre as duas particulas de massas my ¢ my forem gravitacionaia, a condigao (3.102) ¢ aproximadamente satisteita se a distancia relativa entre as duas particulas for muito menor que a distdncia de ambas até o centro de forcas externas. 3:26) Considere o Sol em repouso na origem O de um referencial. Sendo Ms a massa do Sol, Mz a massa da Terra Mz a massa da Lua, mostre que o movimento do sistema Terra-Lua ao redor do Sol pode ser descrito pelas equacées: 9 F=-G(Mr+M,) onde G 6 a constante universal da gravitagio, R 6 0 vetor de posigéo do centro de massa do sistema Terra-Luae r € 0 vetor de posigéo da Lua em relacdo & Terra. Faca as aproximacées cabiveis, Capitulo 4 Forcas Centrais Este capitulo sera dedicado ao estudo do movimento de uma particula sob a agéo de uma forca central. Serao discutidos aspectos gerais desse movimento e, também, alguns detalhes de trajetérias confinadas numa certa regio do espago ao redor dos centros dessas forgas. Particularmente, uma forga cuja magnitude ¢ inversamente proporcional ao quadrado da distancia do seu centro & particula tem importancia fundamental e, por isso, 0 seu estudo terd destaque. Para completar, algumas con- seqiiéncias de perturbacdo de uma trajetéria circular estdvel sero consideradas. No final do capitulo 3 foi discutido a separac&o da equagéo do movimento do sistema de duas partfculas em duas partes. Na maioria dos estudos deste capitulo sera conside- rada que uma das particulas tem sua massa muito maior que a da outra e, assim, @ massa reduzida coincidiré com a massa menor. O centro de forga estara na particula de massa maior em repouso na origem do referencial. Por esta razdo os indices serao omitidos. 4.1 Movimento sob a Acao de uma Forga Central Seja dado um sistema de referéncia cuja origem fora fixada no centro de uma forca. Se essa forga puder ser escritia como: F(e) = Fr) = (4) nesse sistema, ento, ela é denominada forga central. Aqui r = |r| ¢ |F(r)| = |F@)|- Em palavras, é uma forca que aponta para o seu centro quando for atrativa e para Jonge do seu centro quando for repulsiva. Além disso, a sua intensidade depende s6 da distancia do seu centro até a particula. Exemplo 4.1 Um representante desse tipo de forca, que talvez tenha a forma mais simples, 6 a de um oscilador harménico isotrépico. Ela pode ser escrita como F = —kr =—kr~,sendo k + uma constante positiva. Note que F(r) = —kr neste caso. 42_K. Watari Forgas Centrais Exemplo 4.2 Uma das forcas centrais mais importantes é aquela cuja intensidade € inversamente Kor Proporcional ao quadrado da distancia, isto ¢, F = — —, onde K 6 real. Quando se trata de forca rT? or gravitacional, tem-se K = -GMm, sendo G a constante universal de gravitacio, M e m so as massas de duas particulas interagentes. Freqiientemente uma dessas massas ¢ muito maior que a outra, como no caso do Sol interagindo gravitacionalmente com os planetas do seu sistema. Nesse caso, a particula que tem a sua massa muito maior que a da outra pode ser considerada fixa na origem do referenciale serd o centro dessa forga. Se se tratar de forgacletrosttica a constante é K = 242 em sistema MKS, sendo q1 ¢ 2 cargas das particulas interagentes e €o a permissividade do vacco. Observe que a forca elétrica é atrativa se q1 e qo tiverem sinais opostos e repulsiva se tiverem sinais iguais. Um dtomo de hidrogénio é constitufdo de um préton com um elétron movendo-se ao seu redor. Como a massa do préton 6 cerca de 1836 vezes maior que a massa do elétron, 0 préton pode ser considerado em repouso na origem do campo de forca central que age sobre o elétron. Algnmas grandezas relacionadas a uma particula movendo-sc sob a acéo de uma forga central so conservadas. A conservagio destas grandezas serd demonstrada e as suas conseqiiéncias sobre 0 movimento dessa particula serao exploradas. A quantidade de movimento angular (ou, simplesmente, momento angular) de uma particula de massa m em relacdo & origem do sistema de referéncia é definida como L=rxp=rxmv. A sua derivada em relagao ao tempo t 6 = (exmy)=$xmvytexmvarxParx Fe) dt “NS ir onde a segunda lei de Newton, mv resultado, L =0, leva a concluir que F, foi utilizada na expresso acima, Este L = constante. (4.2) Portanto, em movimentos de uma particula sob a ago de uma forga central qualquer, a sua quantidade de movi- mento angular é conservada. Essa constancia de L tem uma conseqiiéncia imediata muito importante: a tra jetoria da particula fica inteiramente contida num plano perpendicular a L. De fato, por causa da definicio, 0 vetor de posigéo r é sempre perpendiculara L. Se L é / constante, os pontos varridos por r estarao sempre conti- dos num plano perpendicular a L que passa pela origem. Sendo assim, a trajetéria fica inteiramente contida nesse Fig. 4.1: plano, conforme ilustrada na Fig. 4.1. Ja que a intensidade da forga central depende apenas da distancia do seu centro A particula © a sua Waje(6ria esté inteiramente contida num plano, o movimento pode ser descrito por meio de coordenadas polares nesse plano (que é um caso particular de coordenadas cilindricas com z = 0 ou de coordenadas esféricas com py = 90°) coma origem no centro de forga. Em coordenadas polares (por conveniéncia, seré adotado 4.1 Movimento sob a Acgdo de uma Forga Central K, Watari_ 48 © caso particular de coordenadas esféricas com y = 90°) com a origem no centro de forga, a quantidade de movimento angular é L=rxmv=re, xm(re,+r6es) = mre, xe0, ou seja, L=mr?6n, (4.3) sendo n =e, x ey paralelo a L e normal ao plano definido pelos vetores unitarios e, © eg. Entao, a quantidade L=mr76, (4.4) que representa a magnitude de L, é uma constante do movimento. Esta equacdo mostra que r ¢ 6 variam de uma maneira que mantenha o produto r 24 constante. Isto quer dizer que as variagdes de r e 4 nao ocorrem de maneira independente. Por outro lado, quando a posigéo angular da particula variar de um Angulo pequeno 6, o raio vetor varre uma area AS dada por: ne lis me ASR Sr? A+ sr AGAr, oat a conforme ilustrada na Fig. 4.2. Dividindo-se esta equagao , por At, obtém-se: AS 1,401 00, SP? wort? So tors Ar. De NEB NG Como Ar -+ 0 quando se faz At -+ 0, 0 tiltimo termo desta equagao tende a zero. Assim, a taxa de variag&o da area varrida pelo raio vetor é Fig. 4.2: GS 3 thas Sao 1?6 mA Levando-se em conta (4.4), 0 resultado final é dS_oL waaay constante . (4.5) Este resultado diz que “o raio vetor varre dreas iguais em tempos iguais” (lei das GMm reas). Quando F(r) = , essa lei é conhecida como segunda lei de Kepler. Observagdo: As conclusées acima a respeito da conservagio da quantidade de movi- mento angular e da lei das dreas so vélidas mesmo que a intensidade de F néo dependa apenas da distancia. Basta que sempre tenha a diregao do raio vetor r. Em termos de coordenadas polares, a energia cinética é escrita como: 1 1 T=+mv-v=—m(te,+r6es)? = 2 2 tl = py ie ea eee Sie gee Shoe SU orange 44K. Watari Forgas Centrais ou seja, 2 Tee ee 2 2mr?~ (46) Note que a energia cinética escrita desta forma eliminou a dependéncia em 6, passando a depender apenas de r e de sua derivada com relagdo ao tempo. O médulo do momento angular’ Z passou a fazer parte integrante da energia cinética como parametro. Isto é uma conseqiiéncia da dependéncia entre 6 e r imposta pela con- servagao do momento angular e representada pela equacao (4.4). Conforme deduzida na seccdo 3.4, a energia potencial para uma particula em movimento sob a ago de uma forca central 6 obtida por: Von) =- f Peart. (4.7) ret Reciprocamente, se V(r) for dada, a forca pode ser obtida simplesmente como: dv Fe) =-<. (4.8) Assim, a energia mecanica total, E = T+ V, de uma particula movendo-se num campo de fora central 6 escrita como: E See) (4.9) 2 2mr? . Observe-se que a expresso da energia potencial (4.7) depende apenas da varidvel r. Ja que a energia cinética s6 depende de r e #, E também depende apenas delas. Além disso, a constante L aparece como parametro. Derivando-se a energia mecanica total (4.9) em relacéo a ¢ tem-se: 1 2mr 1 2L? - lag = ymet- [mn =~ Ftr)] . A componente r da equagéo mi = F escrita em termos de coordenadas polares fornece ip mig Li =F(r), (4.10) "As expresses momento angular € quantidade de movimento angular sio denominagées usuais de uma mesma grandeza fisica. A partir de agora, seré dada preferéncia & expressiio momento angular. 4.1 Movimento sob a Agéio de uma Forga Central K. Watari_ 45 dE © que prova que — =0 e, portanto, 1 B= mp? 2? + omer? ‘A equagao (4.11) mostra que a energia mecanica total é conservada. Se se definir 2 2mr + V(r) = constante. (4.11) Ver(r) = +V(r) (4.12) como energia potencial efetiva, a equacao (4.9) para energia mecdnica total fica 1 E= gmt? + Valr). (4.13) Esta equacao é semelhante a da conservacao de energia mecénica total do movimento unidimensional discutido no capitulo 2 do volume 1. A anélise qualitativa do movi- mento pode ser feita da mesma forma, isto é, se reescrever a equagiio (4.13) como r= 2 (BV), (4.14) pode-se ver claramente que a partfcula s6 pode executar o movimento na regiaio que mantém E sempre maior ou igual a Ver(r). Em outras palavras, a regio que a particula tem acesso é representada pelos valores de r tais que a desigualdade E-Ve(r) 20 (4.15) soja satisfeita. Os valores de r onde E = Ver(r) so denominados “pontos de retorno” em analogia ao movimento unidimensional. Néo se deve esquecer que esta € apenas a andlise do movimento na diregdo radial (do raio vetor). O movimento angular representado pelo deve ser acrescentado ao resultado da andlise em r para compor © movimento no plano. Exemplo 4.3 Uma particula de massa m move-se sob a agéo de uma forca F =—kr —. Neste caso, F(r) =—kr ea energia potencial dada por: ” aed 1 2 Vor) =- f -kr'dr'= Dkr 3 A energia potencial efetiva é, entao, 2 2mr?* la para 0 < r < oo. Tanto 1 Ves) = Shr? + € 6 uma fungao positivamente defi para r — 0 quanto para r > co tém-se Ves(r) + 00, como ae Tar mostra o grafico da Fig. 4.2. Além disso, 0 mesmo grafico evidencia 2 \1/4 L uum mfnimo que essa fungao possui no ponto F ( =) , onde ™ kL? . Nesse ponto, Ver vale Ves(F) = Ves = » Assim, a menor 46_K. Watari Forgas Centrais AL? energia mecnica E admissivel é Vale a pena lembrar que o gréfico da Fig. 4.3 é apenas ™ um corte da fungao num plano @ = constante. Para se obter um gréfico espacial correto, deve-se aplicar uma rotacio deste grafico a0 redor do cixo do Vey. Quunuu u parttcula em questéo possui energia mecénica minima, ela executa um movimento circular uniforme de raio , pois, ela nao tem acesso a outros valores de re de (4.4) conclui-se que 4 deve ser constante [Fig, 4.4(a)]. Para © > Ves @ particula fica confinada & regio anelar dada por r1 Ves. A constancia de E permite determinar r(t). De (4.9), (4.12) e (4.14) obtém-se: EE ee [F V(r) le (4.16) 2mr? onde se adota o sinal (+) para r crescente como t eo sinal (-) para r decrescente. Entao, iy Be =1/3) + [> Jer (2-ve0)- 52) . (4.17) sendo r(0)=ro. Esta expresso fornece r como uma funcdo implicita de t. Uma 4.1 Movimento sob a Acéo de uma Forga Central K, Watari_ 47 vez determinado r(t), integra-se a equago a = = = para se obter 6(t), che- gando-se em: 0=6 +f tat! (4.18) eee acne) eme c 3 com 6(0) = 4%. Exemplo 4.4 Considere uma partfcula em movimento sob a agéo da forca do exemplo 4.3. A equagio (4.17) para este caso ¢ dada por: Pan ee | taa/F fer (e- $4 -37) : (4.19) onde ser considerado sinal (+) se r estiver crescendo a partir de ro eo sinal (—) se estiver decrescendo. O denominador pode ser manipulado, para fazer uma mudanga de varidvel, como segue: Aleta L? gE [ L? ee ee _( ee 28a ean ahaa |eeaam mee am nema) law 2 2 2 eee 2) 0-44)-(?-%) ar? k mE? k - (ety, k 1- (2258 i 2 2r? we i Na dltima expressio utilizou-se m1 € r2 obtidos no exemplo 4.3. Quando r varia de ri a 2,0 iiltimo termo entre paréntesis varia de —1 a 1. Entao, a mudanga de varidvel pode ser 7 © -t. A primitiva da iltima integral pode ser obtida mediante algumas mudangas de variaveis sucessivas a seguir. 48 _K. Watari Forcas Centrais / ag =f ade Hh alse 2 atbseng J a2 +2ab sen § cos$ a? sec? $+ 2abtgS 2asec? . Substituindo-se estes valores na ot 5 (E- 6), ou seja; onde & = arcsen O sinal (+) € considerado quando r estiver crescendo expresso de sen€ acima tem-se: (eB + rp)r? — 22 r? (3 = 1P)r? para r crescente ou decrescente. Com um rearranjo algébrico chega-se a: r?[r? (1+ cos 26) +r? (1 — cos 26)] =r?[2r? cos? 04217 sen? 6] =2r7 3. sen 0, essa equacio pode ser reescrita na forma, ap 2 uy = sen (5 £20) = cos 20 Como 2; =r cos @ e x2 que representa uma elipse com centro na origem do sistema de coordenadas. Portanto, a trajetéria dessa particula é uma elipse de semi-eixo maior rz com seu centro coincidindo com o de forga. Dependendo da natureza da forga central, 6 mais conveniente uma equacdo dife- rencial da trajetria em vez da equagao integral (4.20). Para obeté-la, considere uma mudanga de variével r — — . Derivando-a em relac&o a t, tem-se: wu obtém-se 50_K. Watari Forgas Centrais ou seja, @ eguagdo diferencial da trajetéria é @u m 1 age +8" ~qmeF (4). (4.21) A aplicagao desta equacao seré mostrada, na prdxima seccio, para uma forga cen- tral atrativa cuja magnitude varia inversamente proporcional ao quadrado da distancia do centro de forga. 4.2 Lei do Inverso do Quadrado da Distancia PB K Considere uma partfcula de massa m sujeita a uma forca central F(r) = — = com K > 0. Este tipo de forca aparece na natureza com muita freqiiéncia, como no caso da atragdo gravitacional (K = GM m) ow no caso da interagao eletrostdtica atrativa. A energia potencial de uma particula devida a esta forca é: Pee Klee armen: ~prdrs-—. (4.22) Vor) = - cS Dado um L (determinado pelas condigées iniciais), a energia potencial efetiva fica (4.28) Kier? 7 {Ome Ver(r) O comportamento nos dois extremos do intervalo de r sao dim Ves (r) =+o00e jim Ves(r) = (3 rae funco possui um tinico zero no ponto 7; = re ™ Dessa forma, o V.;(r) deve tender a zero pelos valores negativos quando r se torna arbitrariamente grande, © que indica a existéncia de um mfnimo entre r, ¢ aVe 2p co. No ponto onde 2¥ — 9 ocorre o minimo, : isto 6, em T= =. 0 seu valor nesse ponto é Fig. 4.5: mK? s | Vis(F) = Ve = — F5-. Assim, 0 gréfico de Ver(r) 6 0 esbocado na Fig. 4.5. A particula se move numa regio onde a restricio =" B_Vva(]>0, . K a ou seja, E > Ver(r) 6 satisfeita. Os pontos onde E = Vo;(r) = — =i xa sdo os pontos de “retorno”. Esta equacao reescrita como 1 2mK 1 2mE aL (4.24) tem como solugdes: 4.2 Lei do Inverso do Quadrado da Distancia K. Watari_ 51 1 _ mK mK\* | 2mE nD? (35) Aiea aa (328) Flr KG mK\? | 2mE e aes (45) +73. (4.26) Note que a raf r: vale para E > Vz? e é a distancia de maior aprozimagéo da particula ao centro de forca. Jéarafz rz 86 existe quando V7 < E <0 e corresponde & distancia de maior afastamento. E evidente que a menor energia mecanica possivel . mK? éb=-75 qualitativa do movimento de uma particula sob a ago desta forca central: kK 1. Se B= VR = =a © radicando de (4.25) e (4.26) so nulos e tem-se 2B? rT, =1r2 =F. Portanto, a trajetéria da particula é circular de raio 7 = aK’ ™m como mostra a Fig. 4.6a. Como nesta energia outros valores de r nao é possivel, conclui-se que 6 = constante devido a (4.4). Assim, 0 movimento é circular e Portanto, deve ser considerado trés casos para uma discussdo uniforme. mK? Cees + ee 2. Se — oE2 < E <0, a trajetéria da particula fica confinada numa regido anelar definida por r) : quando B > 0 [ Fig. 4.6c ]. Nesta condigao s6 existe a solugéo de E = Ver(r) correspondente a r; e esta é a distancia de maior aproximacio da particula ao centro de fora. ) © (a) () (e) Fig. 4.6: (a) B=VR 0 (b) VP 0, atrajetéria é0ramo (+) de uma hipérbole sendo os seus pardmetros: K 2EL?)? Bey? ee 3. Se E=0, a trajetéria é uma pardbola com a = mK? 4.2 Lei do Inverso do Quadrado da Distancia K. Watari_53 O movimento confinado numa regio ocorre para V,7 < E <0 ea trajetéria é uma elipse, conforme a conclusao acima. Aplicando-se a equacdo (4.5) para o caso da eclipse, tem-se: rea da clipse = 5-7, onde 7 60 tempo necessério para completar uma revolugéo ao redor do centro de forca numa trajetéria eliptica. Por outro lado, drea da elipse = rab =a? V/1 po (SE) aa 2(-E) L? LD 2,/ aa ' "VK mk ~"° Vinke Comparando-se o quadrado dessas duas expressdes para a area da elipse, obtém-se: LB Defi ie 4m?” ~~" * Ka’ Apés simplificagdes algébricas, chega-se ao resultado: 4a? (4.29) via wi Ba i mostrando que a razo 7; € uma constante para a particula de massa m. No caso @ gravitacional, K =G Mm. Dessa forma, 4n? a GM’ (4.30) 2 © que quer dizer que a 6a mesma constante para todos os planetas. O resultado (4.30) é conhecido como a terceira lei de Kepler. Observagées: 1. A segunda lei de Kepler, que se refere & conservacdo da velocidade areal [ver (4.5)], 6 um resultado valido para qualquer forca central genérica. Entretanto, a primeira lei, que expressa 0 fato que os planetas movem-se em érbitas elipticas com 0 Sol num dos focos (ver conclusio 2 da pdgina 52), e a terceira lei sio especificas de uma forca que obedece a lei do inverso do quadrado da distancia. 2. Nesta seco, as leis de Kepler foram obtidas partindo-se das leis de Newton aplicadas a uma forga central proporcional ao inverso do quadrado da distancia Mas, se se conhecer a equacdo da trajetéria, pode-se determinar a natureza da forca central por meio da equacdo (4.21). Por exemplo, substituindo-se a equagio da trajetéria (4.28) em (4.21) tem-se: =f ee 4k ne 4 2k + nk? cos 0 = 54K. Watari Forgas Centrais aarti i K Procedendo-se as simplificagées obtém-se F(r) = — >. Parece que Newton obteve uma forca que obedece a lei do inverso do quadrado da distncia dessa maneira, 3. Espera-se que tanto a primeira como a terceira lei s6 tenham validade apro- ximada, uma vez que os planetas do sistema solar esto sujeitos as atracdes miituas, além da atrac&o do Sol. Por causa disso, as forgas que agem sobre os planetas nfo obedecem exatamente a lei do inverso do quadrado da distancia. Entretanto, observagdes mostram que os desvios dessa lei nesses movimentos so pequenos, embora mensurdveis, Com as corregdes minuciosas introduzidas para prever esses desvios, descobriram-se os planetas Netuno ¢ Plutao. 4, Naturalmente, se L = 0, a particula executa um movimento retilineo ao longo de uma reta que passa pelo centro da forca. Exercicios 4.1) De acordo com a teoria das forgas nucleares de Yukawa, a atracdo nuclear entre um néutron ear e um proton obedece a forga cuja energia potencial é V(r) = — ;onde ae K sio constantes positivas. a) Determine a forga devida a esta energia potencial e compare-a com b) Se uma particula de massa m move-se sob a agao desta forca, quais os tipos de movimentos possiveis? c) Determine L e E para que o movimento seja circular de raio a. 4.2) Um corptisculo de massa especffica p move-se no atrago gravitacional do Sol e da forga repulsiva devida a radiacao solar. Se P, for a poténcia de radiagao emitida pelo Sol com uma velocidade ¢, a fora devida a pressio da radiacéo PA lit <>) sendo A a drea ee = ee gu 4ne r2 or da projecdo do corpiisculo no plano normal a diregdo que une ele ao Sol e r o seu vetor de posicéo em relagéo ao Sol. Como 0 corptisculo ¢ muito pequeno, supor que ele seja esférico de raio R ¢ uma aproximagao razoavel. Desconsidere as interagoes com os planetas. Bs onde M é 1emcGpM on™ °* massa do Sol e G é a constante de gravitacdo, sero sopradas para fora do sistema solar. sobre 0 corptisculo que dista r do Sol ¢ expressa por Fr a) Mostre que todos os corptisculos com raio menor do que Ro = b) A poténcia irradiada pelo Sol é = 3,8 x 102 watts. Estime a ordem de grandeza do raio critico, Ro. ©) Para as particulas de raio maior que Ro, descreva os tipos de movimento possiveis em termos de momento angular L e de energia mecanica total B 4.3) A forga de Morse dada por F(r) = 2aVo(e~?8"—e-") é muito utilizada nos estudos de propriedades das moléculas diatmicas. a) Determine a energia potencial V(r) devida a esta forga. b) Descreva os tipos possiveis de movimento em termos de L ede E para uma particula de massa m sob a aco desta forca. 4.2 Lei do Inverso do Quadrado da Distancia K. Watari 55 4.4) Prove que uma outra forma da equagio diferencial da trajetéria pode ser escrita como Gee YG) onde B e V(r) s&o, respectivamente, a energia mecdnica total e potencial da particula, L é seu momento angular e, finalmente, u= —. 4.5) Uma partfcula de massa _m move-se sob a acdo de uma forga central numa érbita espiral r = 62, onde c é uma constante positiva. Determine a forga em fungao de r, isto é, determine F(r). Bscreva também a expressio da energia mecénica total. 4.6) Determine a dependéncia de 8 com t, sabendo que 0(0) = 0 e 0 momento angular é L #0, para a particula do problema anterior. 4.7) Determine o tempo necessério para a Lua cair na Terra se ela fosse abandonada em repouso em algum ponto da sua érbita em relagdo & Terra, Sugestdo: A trajetéria da queda 6 um segmento de reta que pode ser considerado como o caso limite de uma elipse cuja excentricidade tende a 1. Use a terceira lei de Kepler para determinar o tempo de queda. 4.8) Uma particula de massa ™m move-se sob a aco de uma forca central repulsiva inversamente ‘i cee Kr proporcional ao quadrado da distancia & origem, F = > —, com K > 0. Sabendo que 7 © momento angular da particula € L(# 0) e a sua energia mecénica total é E, determine ‘a equacdo da trajetdria, escolhendo o eixo polar Ox de tal forma que o ponto de maior aproximagio esteja na direcao @ = 0. Qual a curva representada por esta equacao? 4.9) Uma particula de massa m aproxima-se do sistema solar com uma velocidade vo . Determinar a distancia de maior aproximac&o ao Sol, sabendo-se que ela seria d se ndo houvesse a atracdo do Sol. Supor o Sol em repouso na origem e desprezar as atragées dos planetas. 4.10) Um cometa desloca-eo numa trajetéria parabélica situada no mesmo plano da érbita da Terra suposta circular de raio a. Sabendo-se que a distancia de maior aproximagao entre o cometa 0 Sol é Ba com B <1 e desprezando a atragao da Terra, mostre que a relaco entre a distancia r do cometa a0 Sol eo tempo # é dada pela expressio si [ZF vrBa(r+200). Quando 0 cometa se aproxima do Sol considera-se 0 sinal (=) e quando se afasta o sinal ( t 4,11) Calcule 0 tempo que o cometa do problema 4.10 permanece dentro da érbita da Terra. 4.12) A razao entre 0 semi-eixo maior da érbita do Merctirio (excentricidade 0,2056) e o da Terra 60,3871. Se a distancia de maior aproximaco do cometa do problema 4.10 fosse igual & distucia do perihélio (ver préxima secgéio) de Merciirio, quantos dias ele permaneceré dentro da érbita da Terra? 4.13) Se as massas de duas particulas forem compardveis, ndo é possivel considerar uma delas em 2 2 tr 4a repouso na origem. Mostre que a terceira lei de Kepler deve ser 2 = ——" y . 2 yi a? G(M+m) nesse caso, onde M e m sao as massas das duas particulas. 4.14) Um missil intercontinental de massa m 6 langado da superficie da Terra formando um angulo @ em relagdo & vertical local, com uma velocidade up < V9, sendo g @ aceleragéo da gravidade e R o raio da Terra suposta esférica. a) Determine o momento angular do missil em termos de m, R, v9 € a. b) Calcule a sua energia mecanica ulal. R ©) Mostre que a condigéo sena < 2~ v0 deve ser satisfeita para que exista a 2g R-v2 altura maxima. Nessa condigéo, qual a altura maxima atingida pelo missil? 56K. Watari Forgas Centrais 4) Considerando a direcdo da altura maxima como sendo a polar, determine a equagio da trajetéria descrita por esse missil antes de atingir a superficie da Terra. Que curva é representada por essa equagio? €) Calcule o Angulo @ no momento do impacto do mfssil com a superficie da ‘Terra. Calcule também 0 sou alcance. f) Para que o alcance seja maximo, mostre que o angulo de lancamento deve ser dado por a tga= area . Determine também 9 do alcance maximo. g) Calcule o tempo gasto desde o lancamento até chegar novamente A superficie da Terra. 4.15) Suponha que a Terra e Vénus movem-se ao redor do Sol, no mesmo sentido, em érbitas circulares e coplanares de raios rr e ry = 0,72ry, respectivamente. Uma astronave serd lancada da Terra rumo a Vénus de maneira que viaje ao longo de uma trajetoria elfptica que tangencia as duas érbitas planetdrias. Calcule a velocidade da astronave em relagdo & Terra logo apés 0 langamento e em relacéo a Vénus logo antes da aterrizagem. Desconsiderar a atragiio gravitacional que os dois planetas excroem subre a astronave. Dados: G 6,7 x 10~! Nm? xg~2, Mggi 2,0 x 1090 kg, 1ano# 3,2 x 107s, velocidade orbital da Terra + 30km/s e rp © 1,5 x 108 km. 4.16) Calcule o tempo de viagem da astronave do problema anterior. No instante do langamento, qual deve ser a posicéo do Vénus em relagéo & Terra para assegurar que a astronave possa aterrizar nele? 4.17) Uma das téenicas econdmicas de colocar um satélite de massa m em érbita circular de raio rz, em relagao ao centro da Terra, é colocé-lo primeiro em uma érbita elfptica intermedidria cujo perigeu (distancia de maior aproximag&o em relacdo ao centro da Terra) é igual a re apogeu (distancia de maior afastamento em relagdo ao centro da Terra) é igual a r2. Uma vex nessa érbita eliptica, liga-se o motor por um intervalo de tempo muito curto no apogeu de forma que o satélite adquira uma velocidade adicional Av paralela & velocidade orbital nesse ponto. a) Determine os parémetros da elipse em termos de re rp. b) Determine o momento angular e a energia mecdnica total do Satélite em termos de 71, r2, ‘m, constante de gravitagio G e massa da Terra M. c) Determine Av para que o satélite passe a ter uma drbita circular de raio ra. 4.18) Se der um impulso adequado, paralelo & velocidade orbital, no satélite em érbita eliptica do problema anterior, é possivel fazé-lo escapar da atragdo da Terra com uma velocidade limite final igual a vo. Determine o incremento necessério da velocidade (Av) e mostre que ele é minimo se 0 impulso for dado no perigeu. 4.3 Propriedades de um Movimento Confinado Quando o movimento de uma particula é restrito a uma regido finita na vizinhanga de um centro de forca, ele é dito confinado. Existe distdncia de maior afastamento, denotada por Tmax , em todos os movimentos confinados. Dependendo da natureza da forga agindo sobre a particula, pode ou nao existir distancia de maior aprozimacao no nula denotada por Tmin. Na secc&o 4.1 foi mostrado que a trajetéria de um movimento sob a ago de uma forca central esta inteiramente contida num plano que passa pelo centro dessa fora. Nesse caso, Tmax define o raio de uma circunferéncia que delimita a regiio do movimento. Se existir rmin % 0, ela define o raio de uma outra circunferéncia delimitadora, de maneira que a regiéo do movimento confinado 4.3 Propriedades de um Movimento Confinado K. Watari_57 torna-se um anel descrito por Tmin ST < Tmaz (Fig. 4.6(b) e Fig. 4.8(b)]. As posigdes de maior aproximacio ou de maior afastamento sio denominadas “pontos de retorno” (Fig. 4.8(a)] em analogia com os do movimento unidimensional. Apside 6 também a denominagio dada aos “pontos de retorno” (ou seja, pasigaes de maior aproximago ou de maior afastamento) de um movimento confinado sob a ago de um campo central [Fig. 4.8(b)]. As distancias de maior aproximagdo e de maior afastamento so chamadas distdncias apsidais. Existem s6 duas distancias apsidais (Tmin © Tmax ) em um movimento confinado nao circular que uma particula executa numa regiao anelar, conforme ilustrado na Fig. 4.8. Ves (b) Fig. 4.8: (a) “Pontos de Retorno”. _(b) Trajetéria e suas Apsides. A posigao de maior aproximacao é também conhecida como pericentro e a de maior afastamento como apocentro. Perihélio ¢ perigeu sio as denominacées do pericentro quando os centros de forga forem, respectivamente, o Sol ¢ a ‘Terra. Por outro lado, © apocentro é chamado aphélio ¢ apogeu para o Sol ¢ a Terra, respectivamente. Freqiientemente, a diregao de uma apside é escolhida como sendo a direcao polar. Nesse caso, as condigées iniciais para a solucdo da equagiio diferencial da trajetéria d (4.21) séo u(0) = uo e GO = 0, onde = pode ser Tmin Ot Tmaz dependendo 0 de qual apside for considerada. Essas condigGes iniciais e a equagio diferencial (4.21) nao s&o afetadas se trocar 9 por —@. Isto significa que a trajetdria é simétrica sob reflexéo em relagéo d reta que passa pelo centro de forga ¢ apside. © Angulo entre duas apsides consecutivas 6 denominado dngulo apsidal [yp na Fig. 4.8(b)]. Essa separagdo angular depende da natureza da forca central que rege 0 movimento em questo e tem um papel fundamental na discussao de uma trajetéria ser fechada ou nao. Executando-se uma revolugao completa ao redor do centro de forga, a particula pode nao voltar a sua posi¢ao original. Uma vez que uma trajetéria deve ser simétrica com relacdo a direcdo de qualquer apside, os angulos apsidais de um movimento com trajetéria fechada devem ser iguais, ou seja, uma fracdo racional de 2m (por exemplo, para movimento elfptico 6 ). Assim, conhecendo-se o trecho de uma trajetéria fechada entre duas apsides consecutivas, o restante pode ser construido por reflexdes sucessivas até ela fechar. 58_K. Watari Forgas Centrais Exemplo 4.6 A Fig. 4.9(a) mostra um esbogo de uma trajetéria quando o Angulo apsidal ¢ igual a 2. Observe que essa trajetéria s6 fecha apés duas revolugBes completas ao redor do centro de forga. (a) Trajetéria Fechada. _(b) Precesso das Apsides. Se o angulo apsidal nao for uma fracdo racional de 27, a trajetéria nao é fechada, pois a particula nunca retorna A sua posigdo de origem. Existem, entretanto, tra- Jetérias que sdio quase fechadas. Nesses casos, os apsides precessionam lentamente no plano do movimento, como esquematizado na Fig. 4.9(b). Para uma forca central cuja intensidade é inversamente proporcional ao quadrado da distancia em relagdo ao seu centro, uma trajetéria limitada é necessariamente fechada. Se os apsides precessionarem lentamente indica que a intensidade da forca ndo varia exatamente dessa maneira, isto é, difere ligeiramente do comportamento de a (ver exereicio 4.19 abaixo). Newton argumentou que a dependéncia temporal dos perihélios dos planetas seria um teste da validade da lei do inverso do quadrado da distancia. De fato, esse desvio é esperado nos planetas do sistema solar devido A interagdo mritua entre eles. Contudo, o efeito é muito pequeno e somente precessdes lentissimas nos seus perihélios foram observadas. A maior delas, que é a do perihélio do Merctirio, avanga somente cerca de 574 segundos de arco (~ 9,6’) por século. Um calculo detalhado dé uma previsio de 531 segundos de arco por século (um erro percentual da ordem de 7,5 % em relaco ao valor observado). Essa diferenca de 43 segundos de arco é uma dificuldade nao resolvida na mecanica newtoniana. Excrcicio K 4.19) Uma particula de massa m move-se sob a ago de uma forca central (r) = — + , onde + K @ uma constante positiva e a ¢ uma constante pequena. Considere 0 caso do movimento confinado com L? > ma, sendo L o momento angular da particula. 4.4 Estabilidade de uma Trajetéria Circular K. Watari 59 1 _ 1+ cos BO a) Mostre que a trajetéria é dada por uma equagio do tipo — = a “5 que representa yaa uma elipse que precessiona. Dé as expresses de a, de ¢ ede 6 em termos de m, K, L, ae b) Determine o sentido da precessio paraa>0e a<0. 4.4 Estabilidade de uma Trajetéria Circular Num campo central atrativo sempre é possfvel contrabalangar a atracao por meio de uma forca centrifuga escolhendo-se L apropriadamente. De fato, lembrando-se da expresso (4.12) que define V.;(r), a equagéo (4.10) pode ser reescrita como m# =~ 2 (7), Entio, uma trajetéria circular em r =F com #= 0 para todo t é posetvel so A¥eF () <0. Como Vey Boia dr mrt tar deve-se ter ie | Saher, aS ai ( dr ie mF a © que significa que, para r =7,, a condigéo 22 mr F() (4.31) deve ser satisfeita para que exista uma trajetéria circular de raio 7. Portanto, sempre so possiveis ter-se trajetérias circulares se se escolher L que satisfaga a condigéo (4.31). Mas, nem sempre sio estdveis. Somente quando Vey possuir um minimo em F resultar-se-4 numa trajetoria circular estvel de mesmo raio. Em outras palavras, as condicées Ver dr devem ser satisfeitas simultaneamente. a? Ver dr? (7) >0 (4.32) Exemplo 4.7 Suponha que uma partfcula de massa m esteja em movimento sob a agdo de uma forga central F(r) =~, com K > 0 e n inteiro, A energia potencial correspondente é dada a 8 1 por V(r) ns <. Com isso, Ves(t) = — . Ent&o, @ condigao ni de existéncia de trajetéria circular (4.31) fornece eva apa 2 ee ( K B) <9 dr F ra ae 60K. Watari Forgas Centrais K 2 que 80 seré positive (condicao de estabilidade) se - 2, 3£ 7 5? ‘ ‘ é anteriormente, leva a (3—n) —— > 0 ou n <3. Portanto, existe uma trajetéria circular estével ™ K > 0. Substituindo-se F obtido de raio F para a forca central P(r) = (K > 0) somente se n <2 7 A condic&o de estabilidade representada pela desigualdade em (4.32) pode ser resumida em termos de F(r) e de sua derivada com relacio a r calculadas em TF. Com essa finalidade, considere a segunda derivada de Ves(r) cujo resultado é a2 Ven aL2 Wate ign ear dr? mrt dr? mrt ar Substituindo-se r =7 nesta expressiio e utilizando-se a equacio (4.31), obtém-se d? Vey See dF ee eee Ge. ew Portanto, a existéncia uma trajetéria circular estavel de raio F resume-se em ter a desigualdade ro+t ($2) mK, Vey(r) € sempre positiva e monotonicamente decrescente. A energia mecanica total (E) da particula para este caso s6 pode ser positiva e 0 movimento é ilimitado. Porém, existe uma regio interna de uma circunferéncia L de raio tin e centro na origem que nao é “acessivel” para a 2m particula. Note que 6 raio desta circunferéncia é também a distancia de maior aproximagdo nfo nula dela em relagdo ao centro de forga. 2. Se L? 0 o movimento 6 ilimitado, isto 6, a particula pode “acessar” qualquer ponto do plano do movimento, inclusive o centro de forga. Quando EF < 0 o movimento mK - L? 2m(-E) Este raio representa também a distancia de maior afastamento da particula em relag&o ao contro de forga. Note que o centro de forga também é “acessivel” para ela. 6 confinado num circulo de raio Tmaz = © centro na origem. 23, Denschlag, G. Umshaus, and J, Schmiedmayer, Physical Review Letters 81, 737-41(1998). 3«The 1997 Nobel Prizes in Science”, Scientific American, January 1998. 64K. Watari Forgas Centrais 3. Se L? =mK, Ves(r) 6 identicamente nula. Agora a energia mecanica total tem apenas a restricao de ser maior ou igual a zero. Todos os pontos do plano do movimento, incluindo o centro de forga, é “acessivel” & particula. O fato de se ter Ve(r) = 0 para qualquer r, significa que a forca centrifuga esté equilibrando a fora atrativa em qualquer posicéio do plano do movimento. A equago diferencial da trajetéria (4.21) para a forca (4.42) fica &()+C-2)0) que deve ser resolvida para os trés casos do momento angular discutida anteriormente. Note que esta equacao foi escrita diretamente em termos de r e 0. (4.43) mK LD Sr) As duas solugées independentes so: r(9) = 1. [£25 mK]: Definindo-se 6? =1— a equaco (4.43) torna-se: e 72(8) = eis cos 66 (a) Fig. 4.12: Trajetérias para o caso L? >mK. (©) (a) A primeira solugao, r1(@), tem o intervalo de sua validade definida por — ap <9 < gy Ambos os limites deste intervalo representam as direg6es das assintotas dessa trajetéria. Uma vez que 8 < 1, tem-se © ae + como ilustrados na Fig. 4.12. O esboco da Fig. 4.12(a) é para 1 © caso 6 < >. Note que a trajetéria forma um lago ao rodor do centro de forca e a posigdo de maior aproximagio esté na diregdo 6 = 0. A Fig. 4.12 (b) mostra o esbogo para o caso 8 > —. Desta vez a particula apenas contorna 0 centro de forga sem formar 1aco na trajetoria e, como antes, a posig¢&o de maior aproximagio esta na direcio 6 = 0. Finalmente, 0 esboco da Fig. 4.12(c) é para B = $ que representa a situagao de 4.5 Lei do Inverso do Cubo da Distancia K. Watari_ 65 (b) transicao entre os dois casos anteriores. Note que tanto a assintota da diregdo de incidéncia como a de retorno esto na diregdo oposta em relacio & de maior aproximacio. O intervalo de validade da segunda solugo, ra(@),60<0< ai Uma das PU Catal assintotas coincide com a ditesdo polar e a outra esta na direcio 7 . Pela mesma razéo (6 <1), = >. O esboco das trajetérias repesentadas por esta solugdo ser deixado como exercicio para o leitor. Cabe enfatizar que sero os mesmos tipos de curvas discutidas no item anterior, dependendo do intervalo de valores do pardmetro 3. Observagéo: As duas discussdes acima seriam mais simples se se escrevesse a equagdo da trajetoria como: r(@) = ou r(9) = cos (0 — >) sen 6(8 — 6) * onde A e 6, so constantes de integrago. A interpretagdo de A e de 6, sera deixada para o leitor. 223002, »_ mK 0] De acordo com a discussio no item 2 da pagina 63, 0 movi- mento da particula é ilimitada para esta energia. A solucéio da equagdo diferencial acima, compativel com esta condigdo, pode ser esctita como "O = ah @= 8] r(@) = Ae*”@-%) A primeira forma esté esbocada na Fig. 4.13 (a) e mostra que 6 uma trajetéria espiralada. A Fig. 4.13(b) é 0 esboco de r = Ae”? e representa uma espiral equiangular.4 Ambas as curvas ou na forma de uma das duas exponenciais 4A solugéo r = Ae~¥® & também uma espiral equiangular, mas o sentido é 0 contrério do representado na Fig. 4.13(b) 66K. Watari Forgas Centrais estendem-se da origem (centro de forca) até o infinito, em concordancia com 0 fato do movimento ser ilimitado. (b) [<0] Para esta energia, 0 movimento da particula ¢ restrito ao cfrculo mK -L? 2m (—B) solugdo da equacao diferencial da trajetéria compativel com este fato é dada por r(9) = ——+—_ ed PORE 2 Beaders H(GETO3) Fig. 4.13(c). Na circunferéncia limite (curva tracejada), tem-se # = 0, mostrando que a trajetéria deve ser tangente a ela nesses pontos. de raio Tmax = de acordo com o item 2 da padgina 63. A , cujo esboco da curva esté mostrada na @ L? = mK |: A equaco (4.43) é simplesmente 75> (2) = 0 neste caso. si cow re B As solugdes independentes so 71(@) = A = constante e r2(@) = z (a) A primeira solugdo, r;(8), 6 uma circunferéncia de raio A [Fig. 4.14 (a) ]. Pela conservacdo do momento angular a velocidade angular do movimento circular é constante. Portanto, trata-se de um movimento circular uni- forme. Entretanto, esta trajetéria circular nao é estavel. (b) A segunda soluc&o, r2(8) , descreve uma espiral hiperbélica que se estende desde a origem até o infinito conforme ilustrado na Fig. 4.14(b). Note que esta trajetéria possui assintota na diregio @ = 0. Se uma particula move-se na direc&o do centro de forca a partir do infinito seguindo esta trajetéria, ela aproxima do centro de forca a cada revolugao ao redor dele. (a) (b) Fig. 4.14: Trajetérias para 0 caso L?=mK. Exercicio 4.23) Determine a trajetéria de uma particula de massa m em movimento sob a agéo de uma forca central repulsiva F(r) = Ke LE. Espoce o seu grafico. rer Capitulo 5 Espalhamento de Particulas Os movimentos confinados de uma part{cula sob a agdo de uma forca central atrativa foram discutidos minuciosamente no capitulo 4. Devido a restrigao que a particula deve permanecer na vizinhanga do centro de forga, aqueles movimentos po- dem ser clasificados como “ligados”. Entretanto, os movimentos nao “ligados” sob a aco de forcas centrais, tanto atrativas quanto repulsivas, so também importantes. Eles tiveram um papel de destaque na descoberta de nticleos atémicos, por exem- plo. Sugerido por Rutherford, Geiger e Mardsen realizaram uma experiéncia fazendo particulas a incidirem sobre uma folha de ouro. A anélise dos Angulos onde essas particulas espalhadas foram detectadas levou Rutherford a sugerir que dtomos eram constituidos de nticleo com carga positiva distribuida em uma dimensdo muito pe- quena com quase toda a massa concentrada nele e de elétrons orbitando ao seu redor como uma nuvem. Esta foi a tinica maneira de explicar satisfatériamente o fato de existirem particulas a espalhadas na diregio que formam um Angulo grande com relaco A de sua incidéncia (denominado Angulo traseiro), pois, 0 modelo atémico de Thomson (elétrons incrustados numa esfera homogénea de carga positiva com diametro de um tomo) aplicado para se analisar esse resultado ndo conseguia dar nenhuma previsdo de se encontrar particulas a com desvios tao grandes quanto aos observados. Depois desse evento, a colisdo entre parliculas tornou-se uma das téenicas fundamentais para se estudar a estrutura da matéria. As décadas de sessenta e se- tenta do século XX tiveram uma predominancia muito forte do emprego da técnica de coliséio de particulas nos estudos tedricos ou experimentais de diversos sistemas. Neste capitulo sera discutido, basicamente, a colisdo entre duas partfculas e, particu- larmente, o assim chamado espalhamento de Rutherford. 5.1 Espalhamento de Duas Particulas A teoria de espalhamento entre duas particulas é desenvolvida supondo que antes e depois da colisdo as duas particulas esto separadas por uma distancia muito grande. Em outras palavras, a interacdo mitua entre elas é desprezivel tanto na situagao inicial 68 K. Watari Espalhamento de Particulas quanto na final. Gonsidere, entdo, uma particula de massa mm; e outra de massa mg separadas, inicialmente, por uma distancia muito grande. Ambas as particulas movem-se em direcdo a uma certa regio do espaco que seré denominada regiéo de interacdo, como ilustrado na Fig. 5.1. A partir do momento que elas adentram essa regido comecam a interagir. Com a hipétese de que as forgas de interago mtitua so muito maiores que as forgas externas na regido de interacao, as tltimas sao despre- zadas. Por esse motivo, considera-se esse sistema de duas particulas isolado. Além disso, suponha-se que as forcas consideradas obedecem a terceira lei de Newton. Apés passarem por essa regio, cessa a interacao e as particulas esto novamente separadas por uma distancia muito grande (Fig. 5.1). Durante a passagem das particulas na regido de interacdo é dito que elas estéo colidindo. Apdés sairem dessa regido é dito que elas foram espalhadas. Todas as condigdes descritas até aqui séio as hipdteses bdsicas para o estudo de espalhamento entre duas particulas. antes da, : Fogiao de depois da colisao interacao colisao ve eae a! Fig. 5.1: Pspathamento de Duas Particulas. Na situago inicial e final as partfculas ndo interagem. As forcas envolvidas na regido de interacio obedecem a terceira lei de Newton. Assim, de acordo com a discusséo da seccio 3.4 e a equacio (3.87), a quantidade de movimento deste sistema 6 conservada, isto 6, po+ p=pi + Pb. (5.1) Bie h FouC sae) antes da colisio depois da coli Os momentos angulares das duas particulas em relacdo A origem O do sistema de referéncia so definidos como Loi =" x Pi e Loz =r2 x p2, onde os vetores de posic&io r, e rz, assim como as velocidades v, ¢ v2 estado ilustra- dos na Fig. 5.2. Derivaudo-se cada um deles em relacao a t, resulta em: Loi rm x Fig i X Pitti X Pi ey 0 5.1 Espalhamento de Duas Particulas K. Watari_ 69 e Los =f x pp tre x By = 12 x Far. Rape =o Agora, somando-se as duas equacdes membro a membro, obtém-se Lor+ bo=m xFetm x Fa = (r. ) xF =0. eS paralelo a Fi Definindo-se 0 momento angular do sistema de duas particulas relativos & origem O como a Lo = Loi + Loz, (5.2) tem-se sth WE . z, to = bo + bor =0, © que mostra que Lo = constante, isto é, Fig. 5.2: Lor + Loz,=Lo, + Loe, (5.3) antes da colisio depois da colisio ou seja, o momento angular, em relacio & origem O, do sistema de duas particulas isoladas é conservado no processo de espalhamento. Suponha que as forgas sobre as particulas 1 e 2 sejam Fy(r1,r2) e Fa(ri,r2), respectivamente, e que sejam devidas apenas & interacéo miitua entre elas (forcas internas). Observe que essas forcas sobre qualquer uma das particulas podem depen- der de coordenadas de ambas, r; e r2. Suponha também que exista uma fungdo energia potencial V(r1,r2), tal que, as forcas sobre cada uma das particulas possam ser obtidas por Fi(ti,r2) = ViV(t1,r2) e Fo(ti,r2) =—V2V(ri,1r2), (5.4) onde VV significa calcular o gradiente de V em relacio As coordenadas da particula k. Entdo, as equagoes diferenciais oriundas da segunda lei de Newton para este sistema sao dadas por dvi dv2 qaTviV @ m= my WV. (5.5) Multiplicando-se escalarmente ambos os membros da primeira equacdo por vi e da segunda por v2 chega-se, apés manipulagées algébricas, a dr, dt d/l a (Gmv) +U1V- =0 d (2 2) dry ee ea ey EO,

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