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0 que se move numa regiao do
Ae - a
espaco onde existe um campo magnético constante B = Bez e um campo elétrico B= “ eg , onde
°
@ € uma constante. A forga resultante sobre a particula 6, entio,
1
FaqB+av x B=e, (102 +0096) ~ep0B0,
em unidades MKS. A segunda lei de Newton para esta forca resulta em trés equagées diferenciais do
movimento dessa particula dadas por:
mip — pp?
m(o} +269) =-aBA
e mz
1 :
=4a—+4qBp¢,
°
A integracio da terceira equagio ¢ imediata. A segunda equagdo pode ser multiplicada por p ¢
rearranjada, resultando em mp? + BERR Ute =0, ou seja,
a
“ 0
eet
© que mostra que a quantidade
= mp2o4 4242
Pe = mp? e+ p
€ uma constante do movimento que pode ser determinado a partir das condigées iniciais. Ao isolar
desta equacio, tem-se:3.1 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragao K. Watari 23
Pp 4B
mp? 2m
Substituindo-se este resultado na primeira equaco diferencial do movimento resulta em:
Pe q?B? t
+ p-qa—
mps 4m °~4%
Neste ponto, observe que a descoberta de uma constante do movimento tornou possivel o desacopla-
mento entre as equacées, levando a primeira equacdo diferencial do movimento a ter dependéncia
apenas de p e sua segunda derivada com relagio ao tempo. Esta equacio é integravel uma vez, pois,
multiplicando-a por p, pode ser reescrita como:
=qain ’) =
GB ff ik x é 2B?
( apr eee ee
p?-yalnp
e
mp-
at \2"" * Qmp? * 8m
ou seja,
ples a nePauae aaa
ein Cie Ronis kama
é uma outra constante do movimento que, também, pode ser determinada pelas condicées iniciais.
Esta equacao pode ser transformada em equacao separavel de primeira ordem e resolvida, pelo menos
em principio. Rearranjando os termos, tem-se:
== [k-6o)), (0.53)
onde foi definido Ms ee
2
OI repeater
Observe que (3.53) ¢ uma equacdo semelhante ao da conservagio da energia mecdnica discutido na
secgio 2.7 do volume 1. Com isso, pode se concluir que o movimento na diregio perpendicular ao do
eixo «3 86 € permitido onde K —4(p) > 0. O termo ¢(p) pode ser considerado como uma espécie
de “energia potencial efetiva” e a andlise qualitativa do movimento na direcéo perpendicular ao do
eixo x3 pode, também, ser efetuada de maneira andloga a da referida secco.
galnp.
3.1.4 Coordenadas Esféricas
A Fig. 3.8 apresenta as coordenadas esféricas (r,6, 9),
que sao relacionadas com as coordenadas cartesianas por
meio das equacées de transformacéo
& =r send cos p,
ty =r sen sen, (3.54)
3 =7 cos 8,
com 0<4r <0, 0<0< 7 ce 0< p< 2m, on recipro-
camente, pela transformagdo inversa:
2 24 2) V2
i r= (0? +234+02)"?,
Fig. 8.8: Coordenadas (ai +23 +23)
Fsféricas seus Vetores - 3
Unitarios. 4 = cos
(G +02 +03)'??
pete ute
aS24K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais
Os vetores unitérios e,, eg € ey apropriados para as coordenadas esféricas, mostra~
dos também na Fig. 3.8, sao definidos pelas relagées:
=e, send cos y |-ey sen@ seny + es cos 0, (3.56)
a
=p opae cos 0 cos p+ €2 cos @ seny — es send, (3.57)
2
= = =e seny +e, cosy, (3.58)
or
he Bel
or
g to = |S | resend, (3.59)
uma vez que o vetor de posicéo r é dado por
r=err sen@ cos y +egr sen@ seny+e3r cos 0. (3.60)
Observe que, embora nenhum desses vetores unitdrios dependam de r, e, e e9
dependem de @ e de y. O vetor unitério e, depende s6 de vy e é paralelo ao plano
2,22. A derivada parcial dos trés vetores unitarios em relacéio a @ resulta em
de, deo dey
OF =e aa e ae = 0 (3.61)
ea derivada parcial em relagio a y em
de, dee
Te Tee send, Bo = oe 7088
(3.62)
e e, send — e9 cos 6.
Além disso, esses vetores unitdrios so ortogonais dois a dois, isto é,
er €9 =e, ey = ep ey =0 (3.63)
e também
er=epXey, eg=eyxe, e ey=e,xey. (3.64)
A equacao (3.60), juntamente com (3.56), mostra que a representago do vetor de
posig&io em coordenadas esféricas 6 dada por:
err. (3.65)
r
Com isto, a representacdo do vetor velocidade em coordenadas esféricas é
v=enttegr+eyr sendy (3.66)3.1 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragao K. Watari 25
que 6 obtida derivando-se (3.65) com relag&o a t , levando-se em conta as propriedades
(3.61) ¢ (3.62). Derivando-se novamente com relagdo ao tempo, obtém-se a repre-
sentagdo do vetor aceleragao neste sistema de coordenadas que é dada por:
a=e,(#—r6? —r sen’Q”) + eo(r6 +276 —r send cos 947) +
+ e,(r send +2 sendi~ + 2r cos 06%). (3.67)
Assim, as componentes esféricas da velocidade sao:
Up uw =r e Up =r send p (3.68)
e da aceleracao sao:
a, = —1 6? —7 sen?0.g?,
ag =76 +276 —r send cos 0g? (3.69)
e a, =r send G +2 senO7¢+2r cos Oby.
Exemplo 3.4 Embora as aparéncias das expressdes das componentes esféricas das velocidade e
aceleragao sejam complexas, em muitos problemas, elas sio mais adequadas do que as componentes
cartesianas. Como um exemplo concreto disso, considere uma particula de massa m suspensa no
teto por um fio de comprimento fixo €. Se no se restringir 0 movimento desta partfcula num plano,
este sistema constitui um péndulo esférico. Adotando-se as coordenadas esféricas mostradas na
Fig. 3.9, as componentes da resultante das forcas aplicadas a este
sistema sio: F. = —mg cos 0@—T, Fy = mg send e Fy = 0, onde
T éa magnitude da tensao no fio. Em termos dessas componentes,
a segunda lei de Newton mi = F pode ser escrita como:
m(#— 16? —r sen?0p?) mg cos 0-T,
m(r6+2#6—r send cos 62)
e — m(r send +2 sendr p+ 2r cos 06%) =0.
mg send
Como o fio ¢ inextensivel, tem-se r = £ = constante. Assim,
é 0 e as trés equagdes acima podem ser reescritas como:
m£6? + mésen?6p? = mg cos 8+T,
mé6—mE send cos 062 = mg send
e m£sendg+2mé£ cos 06¢=0.
Fig. 3.9: Péndulo Esférico.
Multiplicando-se a terceira equagao por £ send , chega-se a
(me? sen94) =0,
isto é, a quantidade
Pe = me? sen?00, (3.70)
que tem dimensio de quantidade de movimento angular (momento angular), é uma constante do
movimento. Isolando-se ~ e substituindo-se na segunda equacdo diferencial, multiplicada por £0,
tem-se 5
a (2 mé262 4+ ——-6 4. mol cos an26K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais
Note que nao hd dependéncia de y nem de suas derivadas nesta equacdo. Portanto, as equagées dife-
renciais acima foram desacopladas. Esta identidade permite concluir que existe mais uma constante
do movimento que é
2
me?g?4 —_Pe
= bcos 0.
Fme? sen2y *™* C8
Tanto py quanto E sio determinadas a partir das condigées iniciais do problema. O primeiro
termo do segundo membro é interpretado como energia cinética do movimento angular em relagio
& vertical. O segundo termo é energia cinética de rotac&o ao redor do eixo vertical que passa pelo
ponto de suspensao. O tiltimo termo representa a onergia potencial da particula com a sua referéncia
™ ren i
tomada em 0 = —. Assim, F é a energia mecanica total do péndulo esférico. De forma semelhante
ao feito no exemplo 3.3, a expresso acima pode ser reescrita como
2
me
[E-¢)], (3.71)
onde
6) = 0
(6) sy +mgt cos
A partir da equagéo (3.71) pode ser efetuada uma andlise qualitativa do movimento do péndulo
esférico, de forma semelhante a todos os casos estudados anteriormente. A Fig. 3.10 mostra 0
comportamento de (0) para diferentes valores de py oe
A curva com rétulo 1 corresponde a pp = 0. A
expresso de py mostra que nesta situagdo tem-se
9(t) = 0. Isto significa que 0 movimento do péndulo
fica inteiramente contida num plano = constante.
Se E =~—mgé, ele permanesce em repouso na posi¢ao
mais baixa (@ = 1). Se —mgf < E < mgé,
ele executa oscilacao, cuja amplitude 6 dada pela raiz
de E- (8) = 0. Se E > mgé, o movimento &
circular de raio £, tendo velocidade m:
r quando a
particula estiver passando pela posicgéo mais baixa e
velocidade menor quando estiver passando pela posic0. ge |
mais alta. As curvas com rétulos 2, 3 ¢ 4 correspon-
dem a py #0. Note que a situagéo muda completa-
mente neste caso. Qualquer que seja EZ, maior que o
minimo de (6), 0 movimento permitido ¢ somente de
oscilagiio em intervalo 0 < 6 <0 < 02 < 7m junta-
mente com rotacao ao redor do eixo vertical que passa. —™9e
pelo ponto de suspensio. Os angulos limites 0, e 62 Fig. 3.10: Esboco de $(0).
séo as raizes de E — $(0)
0. A curva com rétulo
2
2 foi tragado para o caso ern que 72> = 0,2mgé. Para as curvas com rétulos 3 @ 4, essas
™
2 2
eh ak me p3 ;
Felagées sio, respectivamente, =PET = mate =P = amyl. Qualquer que seja re £0,
se E for oxatamonto igual ao minimo de 4(0), que ocorre om @ = J, esse péndulo executa um
movimento circular ao redor do eixo vertical que passa pelo ponto de suspensio mantendo @ igual a
@. & vistvel na Fig. 3.10 que o minimo de $(@) move-se para a esquerda & medida que py cresce.
A expressao de (9) mostra que isto deve ocorrer e que no limite de pp muito grande 0 > = 33.1 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragao K. Watari_ 27
5 interessante fazer uma andlise um pouco mais profunda a respeito do movimento para 0 caso
Po #0. A trajetdria da particula do péndulo esférico nao é necessariamente fechada e esté inteira-
mente contida na superficie de uma esfera imagindria de raio £ com centro no ponto de suspensio.
Além disso, essa trajetéria est4 delimitada por duas cir-
i cunferéucias cujos planos so perpendiculares ao eixo ver-
tical que passa pelo ponto de suspensao, tendo seus cen-
tros localizados sobre esse eixo. As duas circunferéncias
sio definidas por @ = 0; e 6 = 02. Para simplificar a
linguagem, essas duas circunferéncias serio denominadas
“latitude” em analogia com a latitude terrestre. O tempo
decorrido, T, para completar uma ida ¢ volta entre as la-
titudes 6, e 82 (uma oscilagéo completa em relagdo a 8)
pode ser obtido de (3.71) resultando em:
ame eo “=
Nesse mesmo intervalo de tempo, y varia de uma quanti-
dade
62
2p fi 1 dé
“VV me? /B— $0) sero’
a
que pode ser deduzida das expressées (3.70) e (3.71). Uma
das possfveis trajetérias, quando se compdem os movimen-
tos em @ e em 9, esté esbocada na Fig. 3.11. A mesma
figura mostra também a projecdo dessa trajetéria no plano
horizontal. Como comentado acima, essa trajetéria nao é
fechada em geral e, ento, o movimento nao é periédico.
Fig. 3.11: Trajetéria do Péndulo
Esférico e sua Projecdo.
Exercicios
3.1) Uma particula de massa m é langada da origem do sistema de referéncia com uma velocidade
inicial v = e1 vio + e3 v39 . Sabe-se que ela se move sob a ago de uma forga de gravidade
constante —mges sofrendo uma resisténcia proporcional a velocidade —bv
a) Determinar as equagées horérias do seu movimento.
b) Determinar a equagio da sua trajetéria.
c) Mostrar que, no limite 6 > 0, a equacdo da trajetéria determinada no item anterior
reduz-se & de uma parébola.
d) A medida que 6 cresce, a equacao da trajetéria desvia-se da de uma parébola. Mostrar
lapad
que o primeiro termo de corregéo em relagdo & pardbola é — — 2, 28.
muig
3.2) Uma particula de massa m move-se num plano 21 23 sujeita a uma forga F = — fr. No
instante t = 0, a particula esté na posicao r(0) = e1 210 + ea. tan e tem uma velocidade
v(0) = e1 v10 + €2 v20-
a) Prove que a trajetéria é, em geral, uma elipse quando 210 v0 # 220 v0. Qual a condigéo
para que seja uma circunferéncia?
b) Prove que a elipse reduz-se a uma reta quando 210 v29 = 20 Vi0-28K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais
3.3) Uma particula de massa m e carga g > 0 é abandonada em repouso na origem. Suponha
que na vizinhanga da origem, suficientemente grande, existe um campo magnético constante
B =e B cum campo elétrico E = e2 E, também constante. Determine as equacdes horarias
do movimento dessa particula e mostre que a sua trajetéria é um cicldide no plano 2172.
3.4) No problema anterior, considere que a particula fora lancada com uma velocidade v = e1 v9
a partir da origem. Determine as equagées hordrias do seu movimento ¢ mostre que a sua
trajetéria fica confinada no plano 21 22. Discuta e esboce as trajetérias em funcdo das razdes.
entre as magnitudes das forcas elétrica e magnética.
3.5) Repita todos os procedimentos e discussdes do exemplo 3.2, aplicando as coordenadas polares
para 0 estudo do movimento de um péndulo simples numa regiéo onde a forca da gravidade
€ constante. O comprimento do péndulo é £ e a sua massa m.
3.6) No instante t = 0, um péndulo simples de massa _m e comprimento £ é abandonado a
partir do repouso com amplitude angular © em relagdo & vertical. Suponha que © é tal que
necessite uma correcdo na aproximagao usual de pequenas oscilagées, seny ~ y, na equacdo
diferencial do movimento.
es
a) Mostre que a correcao do periodo em relacao ao de pequenas oscilagdes é dada por cee
b) Determine essa correcdo para as amplitudes angulares de 10°, 20°, 30°, 40° e 50?
Discuta.
3.7) Obtenha a expresso (3.49) do vetor velocidade e a (3.51) do vetor aceleragao em coordenadas
cilindricas,
3.8) Considere a partfcula do exemplo 3.3.
) Fogo uma ondlise qualitativa do seu ivvimento em fungao das constantes do movimento
pee K.
b) Mostre que p(t) & dada implicitamente por:
2
[me ii dp!
2 FA :
0
K ~ aySrr ~ F2* 0!? +0 Inp!
onde po é a coordenada p no instante t=
©) Mostre que y(t) € dada por:
onde yo é y no instante t=0
3.9) Obtenha as relacdes (3.61) e (3.62).
3.10) Obtenha as expressdes (3.66) e (3.67) das representagées dos vetores velocidade ¢ aceleragio
em coordenadas esféricas.
3.11) Seja uma funcdo vetorial A de uma varidvel real £. A representacao de A por meio do
componentes esféricas é A(t) =e, Ar(t) +e Ag(t)-+ey Ay(t). Determine as expressdes para
componentes esféricas da derivada de A em relacio a t.
3.12) Refaca todos os detalhes do exemplo 3.4.3.2 Componentes de Vetor Velocidade e Vetor Aceleragao K. Watari__29
3.2 Leis da Conservagao
Na secgio anterior foram discutidos diferentes sistema de coordenadas ¢ algumas
de suas aplicagdes. Dependendo da natureza da forga envolvida no problema, escolhe-
se aquele sistema que for mais conveniente. Nos exemplos dados observou-se que
certas grandezas fisicas sio conservadas. Nesta seccéio serao discutidas as condigdes
de conservacdo da quantidade de movimento ¢ da quantidade de movimento angular
(ou momento angular). Cabe enfatizar aqui que a conservacao de wma grandeza néo
necessariamente implica na conservacdo da outra.
3.2.1 Quantidade de Movimento
O movimento de uma particula é regida pela segunda lei de Newton que fornece
a equacio:
p=F. (3.72)
E ébvio que se F = 0 durante o movimento, tem-se p = 0 e, portanto,
Pp =constante , (3.73)
© que significa que se a resultante de forga aplicada 4 particula for nula durante o seu
movimento, a sua quantidade de movimento é conservada nesse movimento.
Mesmo que a resultante da forca nao seja nula, se existir uma diregiio fiva dada por
um vetor unitdrio s tal que F-s=0 durante todo o movimento de uma particula,
tem-se:
p:s=F-s=0,
o que leva a
d
p:s=— =0.
B-s= 7 (p-s)
Disto conclui-se que:
p+ s=constante. (3.74)
Em palavras, conserva-se a componente da quantidade de movimento p naquela
direcao (fiza) que a componente da forca é nula durante 0 movimento.
3.2.2 Quantidade de Movimento Angular
ou Momento Angular
Pré-multiplicando vetorialmente por r, ambos os membros de (3.72), obtém-se:
rxp=rxF,
‘ou seja,
- a
rxp=ixptrxp= 7 (rxp)=rxF.30K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais
Lembrando que a quantidade de movimento angular (ou momento angular) ¢ o torque
sio definidos, respectivamente, por:
L
Tiss) e nae
chega-se a
dL +
Tae
Ts (3.75)
que € 0 anélogo da segunda lei de Newton. Se r = 0 durante 0 movimento, esta
equacdo torna-se L=0 e
L = constante. (3.76)
Mesmo que 7 nfo seja nulo, se houver uma diregdo fixa dada por um vetor unitdrio
s tal que 7-s = 0 durante o movimento, como no caso da quantidade de movimento,
L-s=constante. (3.77)
Portanto, analogamente ao caso da quantidade de movimento, a componente da quan-
tidade de movimento angular é conservada na diregéo que a componente do torque é
nula durante 0 movimento.
Exercicios
3.13) Prove que a quantidade de movimento P € conservada em um movimento livre de uma
particula.
3.14) Mostre que, num langamento de uma particula de massa _m numa regiao onde g = constante ,
a componente horizontal da quantidade de movimento é conservada.
3.15) Mostre que para uma forca que pode ser expressa como F = F(r) =, onde F(r) é a magni-
r
tude de F , a quantidade de movimento angular L é conservada.
3.3 Trabalho Realizado por uma Forca
Para completar a discussao a respeito das leis da conservagio, iniciada na secgao
anterior, serdo introduzidas as condigées para que uma forca seja conservativa. Uma
afirmagao como uma forea é conservativa significa, aqui, que a energia mecanica total
de uma partfcula é uma constante do movimento. Entao, é necessario estabelecer-se
em que situagdo pode ser definida uma energia potencial. Diferentemente do caso
unidimensional, nos problemas bi e tridimensional nao basta que uma forga seja de-
pendente apenas da posigdo para que a energia potencial seja definivel. Com este3.3 Trabalho Realizado por uma Forga K. Watari_ 31
objetivo, esta seccéo seré iniciada introduzindo 0 calculo do trabalho realizado por
uma forga atuando em uma particula durante o seu movimento.
Suponha que C’ seja um caminho seccionalmente suave numa regio 1 do espaco,
unindo os pontos A e B pertencentes a 2. Considere uma particula de massa m
movendo-sc de A até B, sobre o caminho C, sob a acio de uma forcga F(r). O
trabalho realizado por essa forga, nesse movimento, é definido como a integral de
linha®
B
we [e-de= [P-ar. (3.78)
A c
Exemplo 3.5 Calcular o trabalho realizado pela forga F(x1,22,23) = e1 vf + e203 +e3 0)
quando se move uma particula ao longo de um segmento de curva 22 = 2? iniciando em (0,0,0) e
terminando em (1, 1,0).
Solugéo: As equacdes x1 = t, t2 = t? e 3 = 0 com 0 <¢ < 1 parametrizam esta curva.
Utilizando-se a propriedade (D.31) da pagina 108 tem-se:
we [rear
o
dado em unidades de trabalho.
1
arate forzears f 2.o.d=+,
Considere, agora, uma, particula de massa m movendo-se sob a ago de uma forga
genérica F(r,?,t). A segunda lei de Newton,
p=mv=F,
fornece a equacéo que governa este movimento. Multiplicando-se escalarmente por
v, ambos os membros desta igualdade, resulta em
mv-v=F-v,
que pode ser reescrita como:
d (1 di/la\ea
eee er
com v = |v|. Sendo ta e tg, respectivamente, os instantes que a particula se
encontra no ponto A eno B, a integracao em relacdo a t, de ambos os membros da
equacdo acima, leva a
B
ae mut) de= fovea [rtee- fra,
A
5Recomenda-se a leitura do Apéndice D aos leitores que ainda nao estéo familiarizado com a32__K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais
ou seja,
B
Lino moj = [ F- ae, 3.79)
Die See te
a
onde v4 = v(t4) e vg = v(tg). Este resultado mostra que a variagao da energia
cinética da particula entre as posigdes A e B é igual ao trabalho realizado pela forca
F(r,i,t) no movimento desta particula sobre 0 caminho C que conecta os pontos A
e B da regio 2.
O trabalho realizado pode depender do caminho C' que conecta os pontos A e B
da regiéo ©, quando uma forca genérica pode depender da posigéo r, da velocidade
v edo tempo t. Se a forca depender explicitamente de t, 0 trabalho realizado por
essa forca varia com 0 tempo. Quando essa particula movimenta-se sobre um outro
caminho C", diferente de C,, 0 trabalho realizado 6, em geral, diferente.
© resultado (3.79) continua valendo mesmo quando uma forga depende apenas
da posigdo, isto é, mesmo que F = F(r), a variaco da energia cinética é igual ao
trabalho realizado pela forca no movimento da particula sobre a trajetéria C que
une os pontos A e B da regiao 2. Cabe enfatizar também que, mesmo neste caso,
se a partfcula mover num outro caminho C’ o trabalho realizado pode ser diferente.
B
Se F(r) tiver a propriedade que f F-. dr independe Rn
al
do caminho, isto 6, se Hi F- dr tem o mesmo valor, qual-
&
quer que seja o caminho C’ escolhido para levar uma
particula da posicgéo A até a B, como ilustrado na 4 ‘3
Fig. 3.12, entdo o trabalho realizado por essa forca s6
depende dos pontos A e B. Neste caso, pode-se definir Fig. 3.12:
uma funcio energia potencial de um ponto P da regiio
2 como:
Pa
V(P)=- [rear, (3.80)
R
isto 6, como o negativo do trabalho realizado pela forga F(r) no movimento da
particula de um ponto de referéncia R até o ponto P em questdo por um caminho
qualquer que os une. Jé que o trabalho realizado por essa forca depende s6 dos pontos
extremos escolhidos, para uma escolha diferente de ponto de referéncia tem-se:
P R P
[rca [react [pe ar,
iv iv R3.3 Trabalho Realizado por uma Forcga K. Watari_ 33
pela propriedade de integral de linha. Portanto, a energia potencial € definida a menos
de uma constante aditiva. Uma forca cujo trabalho realizado independe do caminho
6 denominada forga conservativa.
Suponha, agora, que uma particula move-se do ponto A parao B pelo caminho
1 da Fig. 3.12, por exemplo, e retorne ao ponto A pelo caminho 2 da mesma figura.
Nesta situagao, essa partfcula executou um movimento por um caminho fechado.
Como a integral de linha de A a B independe do caminho, o trabalho realizado no
caminho 1 é igual ao realizado no caminho 2. Mas, o caminho 2 foi percorrido no
sentido contrério e, portanto, troca o sinal. Somando-se as duas parcelas tem-se 0
trabalho total realizado pela fora nesse movimento dado por:
we fed [P-d= $ Paro,
c
i 2
onde C é 0 caminho fechado composto de 1 ¢ de 2. Os pontos A e B foram esco-
Ihidos arbitrériamente. Como conseqiiéncia, o trabalho realizado por F(r) depende
somente da escolha dos pontos extremos e o resultado acima vale para qualquer cami-
nho fechado. Assim, pode-se definir uma forga conservativa como aquela que satisfaz
a condico
fF-ar=0 (381)
Cc
para qualquer caminho fechado C. Além disso, o teorema. de Stakes (ver Apendice
E) fornece a igualdade:
[yxrenda= f Pear,
f lc
onde S é uma superficie delimitada pelo caminho fechado C.. Entao, para garantir
a condig&o (3.81), a forca deve ser irrotacional, isto é,
VxF
(3.82)
Exemplo 3.6 Uma particula move a. partir da origem até 0 ponto (1)1,1) sob a agéo de uma
forca F(r) = —kr. Se essa particula executa o seu movimento pelo segmento de reta que une esses
dois pontos, r pode ser parametrizado como r = e£+e2£+e3£, com 0< € <1. Assim, o
trabalho realizado por esta forca nesse caminho é dado por:
wank (feracs [eraes ['¢-1-as)=—3e
Por outro lado, se o movimento ocorrer pelo caminho composto de segmentos (0,0,0) —+ (1,0,0),
(1,0,0) — (4,1, 0) e (1,1,0) + (1,1,1), 0 trabalho realizado sera:
w= il Pedr + fi Fedr + i Pedr=
(0,0.0)°911.0.) ——(2,0,0)50,1,0) G1.) 5.40,14
at (fiasnsf'nens f'stn)=—20.
0 0 0 234K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais
Observe que o trabalho realizado nos dois caminhos distintos foi o mesmo. De fato, o trabalho
realizado por esta forga deve ser 0 mesmo, qualquer que seja o caminho, unindo os dois pontos
extremos, pois,
ian (ie BPs) a, (28 8P) 49, (2% _ 8F.) _
Ga2 Oz Ors Oa oe, a2
uma vez que Fi =—k21, Fp=—ka2 0 y=
kag. Assim, esta é uma forga conservativa.
Exemplo 3.7 Se F = —e; kz2 + e2k21 +e3 kas fosse a forga aplicada sobre a particula do
exemplo anterior o trabalho realizado no segmento de reta que une (0,0,0) a (1,1,1) fica
( [sees [cues [eae) = 5
ao passo que no caminho composto de segmentos (0,0,0) —+ (1,0,0), (1,0,0) —+ (1,1,0) e
(1, 1,0) — (1,1,1) resulta em:
1 1
wee(o+ f act f eat) = k
0 1 2
Como se pode observar, o trabalho realizado por esta forga foi diferente nos dois caminhos. De fato,
esta forca nao satisfaz a condigao (3.82), pois,
OF; OF2 or, OF; OF, Oren e
(8 ba) +2 (3m a1 te (jn -n ORE Os
w
VxF
Deve ser enfatizado neste ponto que néo basta verificar que 0 trabalho realizado
seja coincidente apenas em dois caminhos distintos, como foi feito no exemplo 3.6,
para afirmar que a forca é conservativa. A coincidéncia deve ser verificada para todos
0s possiveis caminhos que une os dois pontos. Assim, provar que a furya é couservativa
por meio do célculo de trabalho realizado ¢ invidvel, pois, o miimero de caminhos a
ser verificado é infinito. Portanto, deve-se utilizar a condigao (3.82) para provar.
Num sistema conservativo, uma vez dada a energia potencial V(r) de uma parti-
cula, a forga F(r) agindo sobre ela pode ser obtida por:
F=-VV, (3.83)
por causa da defini¢do de V(r) [ ver equacio (3.80) e secgdo D.3.2 na pagina 112].
A propriedade
Vx VV =0
mostra que a forga dada por (3.83) satisfaz a condigao (3.82).
Suponha, agora, uma forca F(r) conservativa. © trabalho realizado por ela entre
os dois pontos A e B pode ser escrita como:
Substituindo-se na equagio (3.79) obtém-se
zm & smh =V(A)-V(B),3.3 Trabalho Realizado por uma Forca K, Watari_ 35
que pode ser reescrita como:
1 Ly se
mvp + V(B) = mv + V(A).
Istu mostra que a energia mecanica total:
es
E=>mv+V(r) (3.84)
2
permanece constante durante o movimento de uma particula sob a acao de uma forca
conservativa. As condigées iniciais r(0) = ro e #(0) = vo definem a constante E
Um tipo importantissimo em muitas aplicagdes é a forca central que pode ser
T ae
escrita como F(x) = F(r) =. Bla é conservativa, pois,
vxF=vx(Fe)*)= [y(-F0)| xrt len xr=
[t+ (F¥0)| Exrt SFO) Vxr=0.
Para se determinar a energia potencial de uma partfcula em movimento sob a agao de
uma forca central, considere um caminho que une 0 ponto de referéncia (ro, 40, 90) a0
(7.89)
Fig. 3.13: Caminho de Integragio para se Determinar a Energia Potencial.
ponto genérico (r,8,) composto de segmentos de curva® (ro, 0,0) — (ro;9, Yo) 5
(70,8, 20) —+ (70,99) © (ro,8,~) —> (7,8, %), como ilustrado na Fig. 3.13. Neste
Uma vez que o trabalho realizado independe do caminho, escolhe-se 0 mais conveniente para se
obter a energia, potencial.36K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais
caminho tem-se:
:
¥ (8,9) = = 2) rad" + | RelroyQyp!) ro send die!
ae
: J Feeseeyar' =- f Perryar'.
Portanto, a energia potencial de uma particula em movimento sob a agéo de uma
T
F(r) — 6 obtida mediante o calculo de uma integral em relac&o
forca central F(r)
ar eéindependete de 4 @ y, isto é,
vin=- [ Feryar'. (3.85)
No préximo capitulo seré estudado o movimento de uma particula sob a agéio de uma
forca central e este resultado ser4 aplicado juntamente com a conservagio da energia,
mecanica total.
Exercicios
3.16) Considere win Widagulo retangulo de hipotenusa AB e catetos AG e CB. A hipotenusa tem
comprimento 4a e os catetos tém comprimentos iguais. Sobre uma particula atua uma fora
PO
F =k onde k 6 uma constante, O € 0 centro de forca localizado sobre a hipotenusa
PO
auma distancia a do vértice A e P 6 um ponto sobre a aresta do tridngulo. Determine o
trabalho realizado por F quando a particula é movido do ponto A até B seguindo os catetos
AC e CB.
3.17) Sendo a e 6 constantes, verifique se a forca
F =e1 (6aba20$ — 20ba? 23) +e: (6abx1 23 — 10ba} x2) + es 18 aba 2222
6 conservativa. Em caso afirmativo, determine a energia potencial V(z1, 22,2).
Sugestéo: Tome um caminho composto de trés segmentos de reta: (0,0,0) —+ (¢1,0,0),
(21,0, 0) —> (21, 22,0) ¢ (21,22,0) — (a1, 02,28). B
3.18) Determine a energia potencial de um oscilador harménico anisotrépico.
3.19) Dada uma forga F = e, 240087 4. 9, A8ent
+ +
vativa. Se esse for o caso, determine a energia potencial V(r,0, 9).
; com d constante, verifique se ela é conser
eo caminho mostrado na Fig. 3.13 e tome o limite 9 > 00.
ique quais das forgas abaixo so conservativas e determine energia potencial para os casos
afirmativos.
a) F =e Fi(e1) + 2 Fo(a2) + es Fa(oa).
b) F=e12aci(2f +23) +e22az2(x} +22) +e33a2}(e? +22), sendo a constante.
©) F=cpap? cos y+e,ap? sen +e, 2az2?, onde a ¢ uma constante.
d) F =~e,2ar send cos y — eg ar cos @ cos y +e, ar send seny, com a = constant.3.4 Sistema de Duas Particulas K. Watari_ 37
3.4 Sistema de Duas Particulas
Para concluir este capitulo, serdo discutidas as equages diferenciais do movimento
oriundas da segunda lei de Newton para um sistema de duas particulas. Considere,
entdo, um sistema de duas particulas isoladas, de massas m e my , tendo apenas a
interacéio mttua entre elas. A segunda lei de Newton aplicada a cada uma delas, em
relacéio a um referencial fixo em O, fica
my % = Fie e mat = Fo, (3.86)
onde Fyz 6a forca sobre a particula 1 devida a 2 e Fx a forca sobre a particula
2 devida a 1. Somando-se estas duas equagdes, membro a membro, resulta em:
mi + mot = Fit Fa =
3F lai de Newton
Assim,
© (amy i + mat )=0
(mt + mata) =0.
ay (mts +o te
Portanto, m1 #1 + m2 %2 =constante, ou seja,
Pi + pz = constante, (3.87)
quando as duas particulas estio isoladas (nao hd forcas eaternas aplicadas). Em
palavras, a equacao (3.87) mostra que a soma das quantidades de movimento de
duas particulas é conservada durante 0 movimento de ambas quando existe apenas a
interacdo mtitua entre elas.
Considere, agora, a posigao do centro de massa Re a
i posicao relativa r definidas respectivamente por:
r mY, + Mor:
Renna aIE aE (3.38)
my + m2
oO
om e r=n-—m. (3.89)
Resolvendo-se este sistema para r1 € rp tém-se
mea
ma
rn =R+—"_y (3.90)
Fig. 3.1 my + ma
e TSR ap (3.91)
my, +mM2
Derivando-se a equacio (3.88) em relagéio ao tempo, obtém-se:
(my + mz) R = mt + m2 te = pr + po-
Se se definir a quantidade de movimento do centro de massa como P = (mi+m2)R,
esta equagao pode ser escrita como:
ane (2.99)38K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais
Isto permite reescrever (3.87) como
P =constante, (3.93)
ou seja, a quantidade de movimento do centro de massa (que nada mais 6 do que a
quantidade de movimento do sistema de duas particulas) 6 conservada. O significado
deste resultado é que o centro de massa de duas particulas est executando um movi-
mento retilineo e uniforme ou est em repouso com relac&o a um referencial externo
fixo em O. Entdo, o sistema de duas particulas isoladas como um todo tem este
comportamento.
Voltando-se novamente as equagées (3.86), se subtrair a segunda multiplicada por
m, da primeira multiplicada por me , obtém-se:
my mo(%1 — £2) = m2 Fig — m Foy. (3.94)
Lembrando que Fz; = — Fiz, a equacao (3.94) torna-se:
my ma (i — #2) = (rm +m2)Fia- (3.95)
Definindo-se F = Fiz ¢ a massa reduzida?
mma
= aa 3.96
Bm + ms eee)
levando-se em conta (3.89), a equagio (3.95) toma a forma:
F. (3.97)
ie
Esta equagdo descreve, ent&o, o movimento relativo das duas particulas sob interagao
miitua. Ela pode ser interpretada como se fosse 0 movimento de uma particula tinica
de massa 1 sufeita a uma forga F cujo centro estd em uma das particulas.
Observe, entdo, que as equagdes do movimento do sistema de duas
particulas isoladas foram decompostas em duas: 1) uma que descreve 0 movi-
mento do centro de massa como se fosse o de uma tinica particula concentrado
nele, de massa m; +m, excoutando um movimento uniforme (ou estando em
repouso) com relagdo a O; 2) uma outra equacdo que descreve 0 movimento
de uma das particulas em relacdo & outra como se fosse uma particula tnica
de massa j. sujeita a forca de interagéo mitua F.
A forca de interacéo muitua F é dirigida ao longo da reta que une as duas
partfculas. Em muitos casos, a intensidade dessa forga depende apenas da distan-
cia entre as duas particulas e sempre tem a direcio do raio vetor r. Por isso é
chamada forga central e pode ser expressa como:
r
F=F()=
(3.98)
7A massa reduzida é um conceito que aparece em problema de duas partéculas.3.4 Sistema de Duas Particulas K. Watari_ 39
Para forcas desse tipo, a equagao (3.97) torna-se:
r
FQ)=. (3.99)
pt
Em alguns casos a massa de uma das particulas é muito maior do que a da outra.
Quando isto acontecer, o centro de massa esté praticamente em cima da particula
de massa maior. Como exemplo disso, pode ser citado o sistema Sol e planeta, o
Atomo de Hidrogénio (que é constituido de um proton e um elétron) etc. Se supor
que m2 >> my, a massa reduzida é © m1. Esta hipdtese serd adotada no préximo
capitulo e 0 movimento sob a agdo de uma forca central estudado em detalhe.
Quando esse mesmo sistema de duas particulas nao estiver isolado, mas sujeito a
uma influéncia de forgas externas aplicadas a ambas as partfculas, as equacdes (3.86)
tornam-se:
ma #1 = Fi + Fi e mat = Fa + FS, (3.100)
onde F¢# éa forga externa aplicada a partfcula 1 e F§** & partfcula 2. Somando-se
ambas as equaces, membro a membro, obtém-se:
ma #) + me ¥ = pi t+ Be = Fro + Fay + EY + FS.
~ eo
Considerando (3.92), esta equacao torna-se:
P=Fs, (3.101)
onde Fe*! = F¢*t + Fs 6 a resultante das forcas externas aplicadas ao sistema de
duas partfculas. Este resultado mostra, uma vez mais, que 0 movimento do sistema de
duas partfculas como um todo em resposta as for¢as externas aplicadas ocorre como
se fosse 0 de “uma particula tinica de massa m, + mz concentrado no centro de
massa sujeita a uma forga externa resultante F¢*' aplicada nela”. Note que a forca
de interagao miitua nao exerce influéncia alguma sobre o novimento do sistema como
um todo.
Agora, multiplicando-se a primeira das equagées (3.100) por ma e a segunda por
m e subtraindo-se membro a membro, resulta em:
my ma(i% — #2) = mz Fre — my Fay + m2 FE — ma FS.
Lembrando-se de (3.89) e que F = Fiz = —Far, esta equagdo reduz-se a (3.97)
contanto que a igualdade
my FS* = mi FS* (3.102)
t
seja satisfeita. Assim, desde que a hipdtese (3.102) seja satisfeita, 0 movimento do
sistema de duas parttculas pode ser decomposto em movimento de uma particula tinica,40K. Watari Movimentos Bi e Tridimensionais
com toda a massa concentrada no centro de massa, em resposta ds forgas externas
aplicadas, mais 0 movimento de uma das particulas em relacéo 4 outra, sujeita &
interagdo mtitua como se fosse o de uma particula tinica de massa reduzida, j1.
O procedimento descrito nesta secgao pode ser interpretado como um problema
de duas particulas transformado em dois problemas de uma particula. Essa trans-
formagao 86 6 possivel quando o sistema de duas particulas esté isolado, ou quando as
forcas externas aplicadas sobre o sistema satisfazem a condigao (3.102). Entretanto,
essa condicao é muito restritiva e, aparentemente, poucos sao os casos que a satis.
faz. Por exemplo, nas proximidades da superficie da Terra a forca externa sobre a
Particula é 0 seu peso e a condigao (3.102) é satisfeita, B claro que a condigao (3.102)
pode ser satisfeita de forma aproximada como, por exemplo, no movimento de Terra
© Lua ao redor do Sol. Assim, a separagdo das equagdes do movimento do sistema de
duas particulas em dois sistemas de equagées du movimento de uma particula pode
ser completamente garantida, em geral, somente se esse sistema de duas particulas
estiver isolado.
Exercicios
3.20) Prove (3.90) e (3.91)
3.21) Prove que a massa reduzida é sempre menor que a menor das massas das duas particulas.
3.22) Sejam duas partfculas de massas m, ¢ mz. As suas posigdes so dadas pelos vetores 11
€ F2 em relacdo a uma origem fixa O. A quantidade de movimento angular do sistema em
relagéo a ponto O ¢ L=r1 x pi-+ra x pa, onde pi e po sio as respectivas quantidaden
de movimento. Prove que L pode ser decomposta em quantidade de movimento angular, em
relagdo a O, de uma particula nica de massa m1: + m2 concentrado no centro de massa ¢
em quantidade de movimento angular de uma partfcula de massa reduzida jx em relagao a
uma das particulas em questo.
3.23) Prove que mesmo tipo de decomposigéo de L acontece na energia cinética do sistema de duas
particulas do exercicio precedente.
3:24) Considere duas particulas de massas m1 ¢ mz movendo-se numa regiio onde 0 campo de
gravidade é constante e vale g. Mostre que a energia potencial do sistema decompée em
energia potencial de uma partfcula unica de massa m1 + mz localizada no centro de massa
mais a energia potencial de interacéo miitua entre elas,
3.25) Prove que se as forcas externas exercidas sobre as duas particulas de massas my ¢ my forem
gravitacionaia, a condigao (3.102) ¢ aproximadamente satisteita se a distancia relativa entre
as duas particulas for muito menor que a distdncia de ambas até o centro de forcas externas.
3:26) Considere o Sol em repouso na origem O de um referencial. Sendo Ms a massa do Sol, Mz
a massa da Terra Mz a massa da Lua, mostre que o movimento do sistema Terra-Lua ao
redor do Sol pode ser descrito pelas equacées:
9 F=-G(Mr+M,)
onde G 6 a constante universal da gravitagio, R 6 0 vetor de posigéo do centro de massa do
sistema Terra-Luae r € 0 vetor de posigéo da Lua em relacdo & Terra. Faca as aproximacées
cabiveis,Capitulo 4
Forcas Centrais
Este capitulo sera dedicado ao estudo do movimento de uma particula sob a agéo
de uma forca central. Serao discutidos aspectos gerais desse movimento e, também,
alguns detalhes de trajetérias confinadas numa certa regio do espago ao redor dos
centros dessas forgas. Particularmente, uma forga cuja magnitude ¢ inversamente
proporcional ao quadrado da distancia do seu centro & particula tem importancia
fundamental e, por isso, 0 seu estudo terd destaque. Para completar, algumas con-
seqiiéncias de perturbacdo de uma trajetéria circular estdvel sero consideradas. No
final do capitulo 3 foi discutido a separac&o da equagéo do movimento do sistema de
duas partfculas em duas partes. Na maioria dos estudos deste capitulo sera conside-
rada que uma das particulas tem sua massa muito maior que a da outra e, assim, @
massa reduzida coincidiré com a massa menor. O centro de forga estara na particula
de massa maior em repouso na origem do referencial. Por esta razdo os indices serao
omitidos.
4.1 Movimento sob a Acao de uma Forga Central
Seja dado um sistema de referéncia cuja origem fora fixada no centro de uma
forca. Se essa forga puder ser escritia como:
F(e) = Fr) = (4)
nesse sistema, ento, ela é denominada forga central. Aqui r = |r| ¢ |F(r)| = |F@)|-
Em palavras, é uma forca que aponta para o seu centro quando for atrativa e para
Jonge do seu centro quando for repulsiva. Além disso, a sua intensidade depende s6
da distancia do seu centro até a particula.
Exemplo 4.1 Um representante desse tipo de forca, que talvez tenha a forma mais simples, 6 a
de um oscilador harménico isotrépico. Ela pode ser escrita como F = —kr =—kr~,sendo k
+
uma constante positiva. Note que F(r) = —kr neste caso.42_K. Watari Forgas Centrais
Exemplo 4.2 Uma das forcas centrais mais importantes é aquela cuja intensidade € inversamente
Kor
Proporcional ao quadrado da distancia, isto ¢, F = — —, onde K 6 real. Quando se trata de forca
rT? or
gravitacional, tem-se K = -GMm, sendo G a constante universal de gravitacio, M e m so
as massas de duas particulas interagentes. Freqiientemente uma dessas massas ¢ muito maior que a
outra, como no caso do Sol interagindo gravitacionalmente com os planetas do seu sistema. Nesse
caso, a particula que tem a sua massa muito maior que a da outra pode ser considerada fixa na origem
do referenciale serd o centro dessa forga. Se se tratar de forgacletrosttica a constante é K = 242
em sistema MKS, sendo q1 ¢ 2 cargas das particulas interagentes e €o a permissividade do vacco.
Observe que a forca elétrica é atrativa se q1 e qo tiverem sinais opostos e repulsiva se tiverem sinais
iguais. Um dtomo de hidrogénio é constitufdo de um préton com um elétron movendo-se ao seu
redor. Como a massa do préton 6 cerca de 1836 vezes maior que a massa do elétron, 0 préton pode
ser considerado em repouso na origem do campo de forca central que age sobre o elétron.
Algnmas grandezas relacionadas a uma particula movendo-sc sob a acéo de uma
forga central so conservadas. A conservagio destas grandezas serd demonstrada e as
suas conseqiiéncias sobre 0 movimento dessa particula serao exploradas.
A quantidade de movimento angular (ou, simplesmente, momento angular) de
uma particula de massa m em relacdo & origem do sistema de referéncia é definida
como L=rxp=rxmv. A sua derivada em relagao ao tempo t 6
= (exmy)=$xmvytexmvarxParx Fe)
dt “NS ir
onde a segunda lei de Newton, mv
resultado, L =0, leva a concluir que
F, foi utilizada na expresso acima, Este
L = constante. (4.2)
Portanto, em movimentos de uma particula sob a ago
de uma forga central qualquer, a sua quantidade de movi-
mento angular é conservada. Essa constancia de L tem
uma conseqiiéncia imediata muito importante: a tra
jetoria da particula fica inteiramente contida num plano
perpendicular a L. De fato, por causa da definicio, 0
vetor de posigéo r é sempre perpendiculara L. Se L é /
constante, os pontos varridos por r estarao sempre conti-
dos num plano perpendicular a L que passa pela origem.
Sendo assim, a trajetéria fica inteiramente contida nesse Fig. 4.1:
plano, conforme ilustrada na Fig. 4.1.
Ja que a intensidade da forga central depende apenas da distancia do seu centro A
particula © a sua Waje(6ria esté inteiramente contida num plano, o movimento pode
ser descrito por meio de coordenadas polares nesse plano (que é um caso particular de
coordenadas cilindricas com z = 0 ou de coordenadas esféricas com py = 90°) coma
origem no centro de forga. Em coordenadas polares (por conveniéncia, seré adotado4.1 Movimento sob a Acgdo de uma Forga Central K, Watari_ 48
© caso particular de coordenadas esféricas com y = 90°) com a origem no centro de
forga, a quantidade de movimento angular é
L=rxmv=re, xm(re,+r6es) = mre, xe0,
ou seja,
L=mr?6n, (4.3)
sendo n =e, x ey paralelo a L e normal ao plano definido pelos vetores unitarios
e, © eg. Entao, a quantidade
L=mr76, (4.4)
que representa a magnitude de L, é uma constante do movimento. Esta equacdo
mostra que r ¢ 6 variam de uma maneira que mantenha o produto r 24 constante.
Isto quer dizer que as variagdes de r e 4 nao ocorrem de maneira independente.
Por outro lado, quando a posigéo angular da particula variar de um Angulo pequeno
6, o raio vetor varre uma area AS dada por:
ne lis
me ASR Sr? A+ sr AGAr,
oat a conforme ilustrada na Fig. 4.2. Dividindo-se esta equagao
, por At, obtém-se:
AS 1,401 00,
SP? wort? So tors Ar.
De NEB NG
Como Ar -+ 0 quando se faz At -+ 0, 0 tiltimo termo desta equagao tende a zero.
Assim, a taxa de variag&o da area varrida pelo raio vetor é
Fig. 4.2:
GS 3 thas
Sao 1?6
mA
Levando-se em conta (4.4), 0 resultado final é
dS_oL
waaay constante . (4.5)
Este resultado diz que “o raio vetor varre dreas iguais em tempos iguais” (lei das
GMm
reas). Quando F(r) = , essa lei é conhecida como segunda lei de Kepler.
Observagdo: As conclusées acima a respeito da conservagio da quantidade de movi-
mento angular e da lei das dreas so vélidas mesmo que a intensidade de F néo
dependa apenas da distancia. Basta que sempre tenha a diregao do raio vetor r.
Em termos de coordenadas polares, a energia cinética é escrita como:
1 1
T=+mv-v=—m(te,+r6es)? =
2 2
tl = py ie ea eee
Sie gee Shoe SU orange44K. Watari Forgas Centrais
ou seja,
2
Tee ee
2 2mr?~ (46)
Note que a energia cinética escrita desta forma eliminou a dependéncia em 6,
passando a depender apenas de r e de sua derivada com relagdo ao tempo. O médulo
do momento angular’ Z passou a fazer parte integrante da energia cinética como
parametro. Isto é uma conseqiiéncia da dependéncia entre 6 e r imposta pela con-
servagao do momento angular e representada pela equacao (4.4).
Conforme deduzida na seccdo 3.4, a energia potencial para uma particula em
movimento sob a ago de uma forca central 6 obtida por:
Von) =- f Peart. (4.7)
ret
Reciprocamente, se V(r) for dada, a forca pode ser obtida simplesmente como:
dv
Fe) =-<.
(4.8)
Assim, a energia mecanica total, E = T+ V, de uma particula movendo-se num
campo de fora central 6 escrita como:
E See) (4.9)
2 2mr? .
Observe-se que a expresso da energia potencial (4.7) depende apenas da varidvel r.
Ja que a energia cinética s6 depende de r e #, E também depende apenas delas.
Além disso, a constante L aparece como parametro. Derivando-se a energia mecanica
total (4.9) em relacéo a ¢ tem-se:
1
2mr
1 2L? - lag
= ymet- [mn =~ Ftr)] .
A componente r da equagéo mi = F escrita em termos de coordenadas polares
fornece
ip mig Li
=F(r), (4.10)
"As expresses momento angular € quantidade de movimento angular sio denominagées usuais de
uma mesma grandeza fisica. A partir de agora, seré dada preferéncia & expressiio momento angular.4.1 Movimento sob a Agéio de uma Forga Central K. Watari_ 45
dE
© que prova que — =0 e, portanto,
1
B= mp?
2? + omer?
‘A equagao (4.11) mostra que a energia mecanica total é conservada. Se se definir
2
2mr
+ V(r) = constante. (4.11)
Ver(r) = +V(r) (4.12)
como energia potencial efetiva, a equacao (4.9) para energia mecdnica total fica
1
E= gmt? + Valr). (4.13)
Esta equacao é semelhante a da conservacao de energia mecénica total do movimento
unidimensional discutido no capitulo 2 do volume 1. A anélise qualitativa do movi-
mento pode ser feita da mesma forma, isto é, se reescrever a equagiio (4.13) como
r= 2 (BV), (4.14)
pode-se ver claramente que a partfcula s6 pode executar o movimento na regiaio que
mantém E sempre maior ou igual a Ver(r). Em outras palavras, a regio que a
particula tem acesso é representada pelos valores de r tais que a desigualdade
E-Ve(r) 20 (4.15)
soja satisfeita. Os valores de r onde E = Ver(r) so denominados “pontos de retorno”
em analogia ao movimento unidimensional. Néo se deve esquecer que esta € apenas
a andlise do movimento na diregdo radial (do raio vetor). O movimento angular
representado pelo deve ser acrescentado ao resultado da andlise em r para compor
© movimento no plano.
Exemplo 4.3 Uma particula de massa m move-se sob a agéo de uma forca F =—kr —. Neste
caso, F(r) =—kr ea energia potencial dada por: ”
aed 1 2
Vor) =- f -kr'dr'= Dkr
3
A energia potencial efetiva é, entao,
2
2mr?*
la para 0 < r < oo. Tanto
1
Ves) = Shr? +
€ 6 uma fungao positivamente defi
para r — 0 quanto para r > co tém-se Ves(r) + 00, como
ae Tar mostra o grafico da Fig. 4.2. Além disso, 0 mesmo grafico evidencia
2 \1/4
L
uum mfnimo que essa fungao possui no ponto F ( =) , onde
™
kL?
. Nesse ponto, Ver vale Ves(F) = Ves = » Assim, a menor46_K. Watari Forgas Centrais
AL?
energia mecnica E admissivel é Vale a pena lembrar que o gréfico da Fig. 4.3 é apenas
™
um corte da fungao num plano @ = constante. Para se obter um gréfico espacial correto, deve-se
aplicar uma rotacio deste grafico a0 redor do cixo do Vey. Quunuu u parttcula em questéo possui
energia mecénica minima, ela executa um movimento circular uniforme de raio , pois, ela nao
tem acesso a outros valores de re de (4.4) conclui-se que 4 deve ser constante [Fig, 4.4(a)]. Para
© > Ves @ particula fica confinada & regio anelar dada por r1