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Neusa

Neusa é o nome de uma adolescente que viveu uma história muito bonita, na
qual me vou inspirar, agora, para escrever meia dúzia de linhas.

Como estou no intervalo grande, só tenho tempo para escrever uma pequena
parte. Quem sabe, talvez um dia eu escreva a História Completa de Neusa. Eu
adorava!

Mas por agora contento-me com um pequeno resumo que começa assim:

Era uma vez uma rapariga chamada Neusa que tinha 12 anos. Era alta, os
cabelos eram pretos e os olhos eram muito castanhos e brilhantes.

Neusa era uma criança feliz, simpática, inteligente, cheia de alegria e de vida.
Vivia com os pais e com os irmãos: quatro raparigas e quatro rapazes, numa
casa, muito acolhedora, feita pelo seu próprio pai.

A casa ficava numa pequena vila, com poucos habitantes, chamada Bandi, não
muito longe da cidade. As suas casas eram pequenas e à volta havia árvores,
hortas e animais.

Em casa de Neusa criavam-se vários animais, desde cães, galinhas, patos,


papagaios, porcos e outros animais domésticos. Nos dias de festas, para
comemorar algum acontecimento importante, matavam-se alguns animais para
preparar o banquete. Os povos daquela terra eram todos muito comunicativos
e estavam quase sempre em festa. Mas um dia, na véspera de se festejar já
não me recordo o quê, aconteceu uma coisa muito grave de que ninguém
estava à espera. Nesse dia Neusa adoeceu.

Na verdade, ela já estava doente havia muito tempo, só que não se queixava e
ninguém se tinha apercebido do seu estado interior porque ela tinha sempre
um sorriso no rosto e nos olhos. Porém, apesar de sorrir, Neusa era uma
menina muito fechada, falava pouco e não contava a ninguém que tinha
tonturas e outros sintomas esquisitos. Nesse dia, na escola, enquanto brincava
com as amigas, desmaiou e foi levada para o Hospital. Quando, horas depois
acordou, a mãe estava à cabeceira da cama e muito confusa perguntou-lhe:

- O que se passa, mãe? Estou aqui porquê?

- Desmaiaste na Escola, filha, enquanto brincavas com as tuas amigas, se


calhar foi o calor… vou agora falar com o médico… descansa que eu venho já.

Neusa abanou a cabeça como sinal de compreensão, enquanto a mãe saía da


sala para ir falar com o médico.

O médico, que estava no gabinete, deve ter achado parecenças entre aquela
senhora e a menina porque imediatamente lhe perguntou:

- A senhora é a mãe da Neusa, não é?


- Sou sim, sou a mãe da Neusa… Sr. Doutor.

- Sabe, a sua filha não está muito bem!...

- O que se passa Sr. Doutor? Diga-me tudo! Implorou.

- Ainda não temos os resultados de todos os exames, mas parece haver um


problema com alguma gravidade.

- A senhora reparou se, nos últimos tempos, a menina teve comportamentos


estranhos?

- Confesso que não reparei em nada, S. Doutor. Neusa é uma menina muito
calada, não gosta de se abrir com as pessoas, apesar de ser muito sorridente.
Mas, por favor, diga-me, o que se passa com a minha filha?

Após momentos de alguns rodeios, o médico começou a falar sobre a doença


de Neusa, tentando tranquilizá-la. Explicou que Neusa tinha uma infecção
respiratória, já instalada, que lhe afectava o coração. Por isso a menina teria
que ficar hospitalizada para fazer mais exames. Todavia, o mais delicado era
que aquela doença não tinha tratamento em África e Neusa teria que viajar
para Portugal.

Naquele momento havia já muitas crianças em lista de espera para irem em


busca de cura no estrangeiro e o médico não podia ser muito optimista. Às
vezes a espera era tanta que muitas das crianças morriam antes de serem
chamadas.

O médico explicou à mãe de Neusa que ali no Hospital iriam fazendo algum
tratamento mas que, como era conhecido, não havia muitas condições por falta
de equipamentos e só se poderia contar com a boa vontade.

Neusa foi informada da sua doença, mas não lhe contaram toda a verdade
para ela não se assustar. Foi-lhe dito que durante algum tempo não iria à
Escola, que tinha que ficar internada, que tinha que ter alguns cuidados e que
talvez fosse preciso viajar de avião para um país estrangeiro onde ela se
pudesse curar. E foi assim que para Neusa começou um novo desafio na sua
vida. Para ela foi muito difícil ter de interromper a Escola e, sobretudo, não
poder sair à rua para brincar com as outras crianças, ir à praia…

Neusa ficou tão triste que só de olhar para ela se partia o coração. Toda a
família sentia a mesma tristeza.

Neusa falava pouco com os outros, mas dentro dela uma vozinha lhe dizia que
ela tinha que ser forte para enfrentar a doença. E lá ia dizendo àquela vozinha
que iria ser uma menina muito forte e que iria ultrapassar tudo. A família sofreu
muitas alterações no seu ritmo de vida mas também não perdeu a esperança
de um dia o milagre acontecer.
A sua mãe teve que deixar o trabalho para ficar no Hospital, ia a casa mudar de
roupa e voltava logo. E foi assim durante um tempo que, para todos, pareceu
infinito. Os tratamentos seguiam-se uns aos outros e Neusa mostrou-se
sempre muito compreensiva e corajosa. O que a deixava ainda mais triste era
ver as outras crianças que estavam na mesma enfermaria, com a mesma
doença, a ficarem cada vez piores. Neusa sofria também por elas.

Neusa fez amizade com uma menina da sua idade. As camas estavam mesmo
ao lado uma da outra e elas conversavam muito. Ora, um dia aconteceu uma
coisa horrível: a sua amiga faleceu enquanto esperava a viagem.

Neusa ficou tão desanimada que durante muitos dias não falou e, com a
cabeça escondida debaixo do lençol, chorava, em silêncio. Entretanto a avó da
sua amiguinha continuou a ir ao Hospital, mas desta vez ia só ver Neusa e dar-
lhe força. Neusa olhava, com tristeza, para aquela avó que amava tanto a neta
e, a chorar, perguntava-lhe por que é que a menina tinha morrido se ela era
ainda uma criança e tinha tanta esperança na vida. Não era justo!
Uns dias depois, veio outra menina, com a mesma doença, ocupar a cama
vazia e Neusa conseguiu esquecer um pouco a sua tristeza.

Ficou contente por encontrar uma nova amiga mas, por outro lado, continuou
pensativa porque esta segunda menina também estava em risco de vida.

À medida que o tempo passava e se esperava lugar no avião, as meninas iam


falando uma com a outra. Foram-se conhecendo e assim nasceu nova
amizade. Infelizmente também esta amizade durou pouco… também esta
menina acabou por falecer por não aguentar a gravidade da doença e a espera
do avião. Neusa, é claro, mergulhou numa enorme interrogação e pensava: “as
meninas morrem e eu não morro porquê?”. Este pensamento era mesmo o de
uma criança que já tinha entendimento de gente muito mais crescida.

A vida de Neusa aguentou-se um ano e alguns meses no Hospital, o que já era


considerado um milagre.

Depois o médico disse à sua mãe que ali já não havia nada a fazer e que ela
teria que viajar para Portugal, o mais rápido possível porque iria piorar.

A mãe de Neusa não sabia como fazer para arranjar tudo rápido porque ainda
tinha que tratar dos documentos necessários e, sobretudo, não tinha o dinheiro
suficiente. Havia os outros filhos para sustentar. Como é que ela iria fazer para
ajudar Neusa a ir curar-se?

Então, como não podia contar com o marido porque ele também estava
doente, nos dias em que esperou pelos documentos, trabalhou ainda mais,
vendeu coisas que tinha e, com a ajuda de alguns amigos, conseguiu mais
algum dinheiro, mas ainda não tinha o suficiente.

A saúde de Neusa piorava cada vez mais e os médicos já não sabiam como
conformar a família. Até que um dia uma amiga da mãe lhe indicou um padre
que costumava ajudar as pessoas e que já tinha feito o milagre de curar
algumas crianças. Correndo, a mãe de Neusa foi buscá-la ao Hospital e levou-
a ao padre. Quando chegaram a casa do padre Victor nem foi preciso explicar
a situação da menina porque ele conseguiu logo ver o que se passava e disse
que não era com ele. Só um médico a poderia ajudar. A situação de Neusa era
tão urgente que o padre imediatamente tratou dos documentos e de tudo o que
era preciso e logo no dia seguinte conseguiu arranjar uma passagem para
Lisboa. Toda a família ficou contente e muito agradecida. Neusa, por
momentos, também ficou feliz, mas depois começou a pensar
que o padre também deveria ajudar as suas amigas antes de elas morrerem,
além disso ela não queria deixar Zuleida no Hospital, a terceira menina que
tinha acabado de ser internada. Como nenhum elemento da família podia
acompanhar Neusa, por haver problemas de dinheiro e de documentos, foi
mesmo o padre Vítor e uma freira que fizeram as vezes da família,
acompanhando-a a Lisboa.

Finalmente chegaram a Lisboa.

Quando Neusa desceu do avião ficou muito admirada com o brilho de tantas
luzes num só sítio. Achou tudo lindo e brilhante. Por uns minutos até esqueceu
a doença. De imediato foi transportada numa ambulância para o Hospital onde
chegou mesmo na hora. Segundo os médicos, Neusa já estava no fim e não se
podia garantir que a operação ao coração corresse bem. Graças a Deus a
operação foi um êxito.

Ao acordar, Neusa foi muito acarinhada pelos médicos e nem queria acreditar
que a sua doença já estivesse resolvida. Então o médico telefonou à família
que esperava, ansiosa por uma resposta, no seu país e foi um momento muito
mágico para todos, sobretudo quando Neusa ouviu a voz da mãe.

A recuperação correu muito bem, mas era preciso sair do Hospital e começou
outra aventura para Neusa: onde ficar?

Havia familiares em Portugal, mas eles não tinham condições para cuidarem
dela.

Foi depois uma família adoptiva que tomou conta dela durante o tempo
necessário até se conseguir outra solução.

No seio dessa família, Neusa conheceu uma senhora que se chamava Ilda.

Fizeram amizade e juntas iam passear, iam à missa e era muito agradável.
Mas, de novo, a vida de Neusa sofreu alterações, a família adoptiva teve que
mudar e ela foi para Torres Vedras, para um local de refugiados.

Lá, voltou a fazer amizades. Diga-se que, onde quer que Neusa chegasse
havia sempre alguém que a ajudava a superar as dificuldades.

Neusa nunca esqueceu, nem esquecerá, todas as pessoas que estiveram com
ela desde o início da sua doença.
Entretanto, Neusa cresceu e continuou a ter cuidados especiais com o seu
coração, mas fazendo sempre a sua vida normal, conforme o médico a
aconselhava. Depois começou a estudar porque o seu grande sonho era ser
médica para voltar ao seu país e poder ajudar todas as crianças doentes.

Neste momento penso que Neusa já estará na Faculdade de Medicina.


Também soube que a sua irmã mais velha tinha vindo para Portugal e que
viviam juntas, que já tinham uma casa e que....

Pronto! Já não posso falar mais de Neusa! Já passou o intervalo grande e a


campainha já está a tocar!

Trimmmmmm!

Tenho que correr até ao Pavilhão P3! Vou ter Português e não quero chegar
atrasada!

Quero ganhar um Diploma de Pontualidade porque o de Assiduidade já está


assegurado. Nunca falto!

Este texto é da autoria de Mónica Pereira*,


falecida a 17 de Junho de 2008
*Aluna do 9º ano, turma A do Curso de Educação e Formação de Assistente
Administrativo – Tipo 2

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