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y] Estrategia CONCURSOS Aula 07 Direito Processual Penal p/ PC-MT (Delegado) Com videoaulas Professor: Renan Araujo AULA 07: PROVAS (PARTE II): PROVAS EM ESPECIE. SUMARIO 1 DAS PROVAS EM ESPECIE 1.1 Exame de corpo de delito e pericias em geral .. 1.2 Interrogatério do réu 1.3 Confissao 1.4 Oitiva do ofendido.. 1.5 Da prova testemunhal.. 1.6 _Reconhecimento de pessoas e coisas. 1.7 Daacareacio.... 1.8 Da prova documenta! 1.8.1 Valor probante dos documentos 1.8.2 Vicios dos documentos. 1.9 Indici 1.10 Da busca e apreensao... 1.10.1 Busca e apreensdo domiciliar 1.10.2 Busca pessoal 2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES 3 SUMULAS PERTINENTES.. 31 Simulas do STF... 3.2 Sdmulas do ST)... 4 JURISPRUDENCIA CORRELATA RESUMO..., LISTA DE EXERCICIOS. EXERCICIOS COMENTADOS. GABARITO .. ovouw Old, meus amigos concurseiros! Hoje veremos as espécies de provas. Nesta aula temos muitos posicionamentos jurisprudenciais importantes, portanto, atengao! Bons estudos! Prof. Renan Araujo Prof. Renan Araujo www .estrategiaconcursos.com.br ides AAS PROVAS EM ESPECIE 1.1 Exame de corpo de delito e pericias em geral exame de corpo de delito nada mais é que a pericia cuja finalidade é comprovar a materialidade (existéncia) das infracdes que deixam vestigios'. Nos termos do art. 158 do CPP: Art, 158. Quando a infracao deixar vestigios, sera indispensével 0 exame de corpo de delito, direto ou indireto, n3o podendo supri-lo a confisséo do acusado. O exame de corpo de delito pode ser direto, quando realizado pelo perito diretamente sobre o vestigio deixado, ou indireto, quando o perito realizar 0 exame com base em informagées verossimeis fornecidas a ele”, Imagine um crime de estupro, no qual tenha sido determinado o exame de corpo de delito CUIDADO! Nao confundam exame de corpo de delito indireto com prova testemunhal que supre o exame de corpo de delito. O art. 167 do CPP autoriza a comprovagao do crime mediante prova testemunhal quando os vestigios ndo mais existirem: Art. 167. Nao sendo possivel 0 exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestigios, a prova testemunhal poderd suprir-the a falta. No entanto, nesse caso, nao ha exame de corpo de delito indireto, mas mera prova testemunhal. No exame de corpo de delito indireto, hd um laudo, firmado por perito, atestando a ocorréncia do delito, embora esse laudo nao tenha sido feito com base no contato direto com os vestigios do crime.? Parte da Doutrina, na verdade, entende que o exame de corpo de delito indireto n’o é bem um exame, pois nao se esté a inspecionar ou vistoriar qualquer coisa. Este exame pode ocorrer tanto na fase investigatéria quanto na fase de instrug&o do processo criminal. Inclusive, o art. 184 do CPP determina que a autoridade nao pode indeferir a realizagdo de exame de corpo de delito: + NUCCT, Guilherme de Souza. Manual de proceso penal ¢ execuglo penal. 12.0 edig8o. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p.350 ? NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 350 ? PACELLI, Eugénio. Curso de processo penal. 16° edic8o. Ed. Atlas. Séo Paulo, 2012, p. 421. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2de 98 Art, 184. Salvo 0 caso de exame de corpo de delito, 0 juiz ou a autoridade policial negaré a pericia requerida pelas partes, quando nao for necesséria ao esclarecimento da verdade. O exame de corpo de delito é, em regra, obrigatério nos crimes que deixam vestigios. Entretanto, como vimos, 0 art. 167 do CPP autoriza o suprimento deste exame pela prova testemunhal quando os vestigios tiverem desaparecido. A Doutrina critica isto, ao argumento de que ndo sé a prova testemunhal poderia suprir, mas qualquer outra prova, como, por exemplo, a prova documental, sendo descabida a diferenciacéio. Em razéo disso, a JURISPRUDENCIA SE CONSOLIFICOU NO SENTIDO DE QUE QUALQUER PROVA, E NAO SO A TESTEMUNHAL, PODEM SUPRIR O EXAME NESSA HIPOTESE. © exame de corpo de delito também est4 dispensado no caso de infragées de menor potencial ofensivo (de competéncia dos Juizados Criminais), desde que a inicial acusatéria venha acompanhada de boletim médico, ou prova equivalente, atestando 0 fato (art. 77, § 1° da Lei 9.099/95). Existem algumas formalidades na realizado desta prova (previstas entre o art. 159 e 166 do CPP), dentre elas, a necessidade de que ser trate de UM PERITO OFICIAL, ou DOIS PERITOS NAO OFICIAIS. Assim, lembrem-se: Se for perito oficial, basta um. Caso n4o seja perito oficial, DEVEM SER DOIS (art. 159 e seu § 1° do CPP). No caso de peritos nao oficiais, estes dever&o prestar compromisso (art. 159, § 2° do CPP). Porém, se a pericia for complexa, que abranja mais de uma area de conhecimento, podera o Juiz designar MAIS de um perito oficial (nesse caso, a parte também poder indicar mais de um assistente técnico). EXEMPLO: Num determinado processo € necesséria pericia em engenharia. Contudo, sera necessdria pericia em engenharia ambiental e em engenharia civil, pois existem questées controvertidas a serem resolvidas em ambas as reas. Nesse caso, 0 Juiz pode designar um perito para cada area da pericia, bem como a parte poderé designar um assistente técnico para cada rea. As partes, o ofendido e 0 assistente de acusacdo podem formular quesitos, indicar assistentes técnicos e requerer esclarecimentos aos peritos (art. 159, §§ 3°, 4° e 5° do CPP). Embora o CPP no diga expressamente que o assistente técnico e o ofendido possam requerer esclarecimentos ao perito, isto decorre da légica do art. 271 do CPP: Art. 271. Ao assistente serd permitido propor meios de prova, requerer perguntas as testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Public, ou por ele préprio, nos casos dos arts. 584, § 10, € 598. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 98 A Jurisprudéncia e Doutrina majoritérias vém entendendo que estas possibilidades citadas sdo restritas & fase judicial, até pela redac&o do CPP, que fala em “acusado" e nao em “indiciado”. O assistente técnico s6 comecaré a atuar a partir de sua admissao pelo Juiz, que é obrigatéria, salvo se houver ébices processuais relevantes. A no admissao de assistente técnico sem motivo relevante pode ensejar a impetracao de Habeas Corpus. CUIDADO! Nao confundam o direito de formular quesitos (prévios ao laudo), com 0 direito de solicitar esclarecimentos ao perito (posterior ao laudo), em razao de duividas sobre o laudo apresentado. O art. 159, § 5°, II do CPP, possibilita, ainda, que os assistentes técnicos sejam inquiridos em audiéncia, do que decorre a interpretacéo de que possam, também, ser alvo de pedidos de esclarecimentos quanto aos laudos que apresentarem (os assistentes técnicos podem apresentar seus préprios laudos). E se houver divergéncia entre os peritos? Nesse caso (que sé é possivel na hipétese de dois peritos que estejam atuando na mesma area de conhecimento), cada um deles elaboraré seu laudo separadamente, e a autoridade devera nomear um terceiro perito. Caso o terceiro perito discorde de ambos, a autoridade poderé mandar proceder a realizacdo de um novo exame pericial. Do laudo pericial podem decorrer, portanto, as seguintes conclusdes: + Peritos convergem em seu entendimento - Juiz pode concordar com eles, fundamentando sua deciso no laudo. Juiz pode discordar do laudo, fundamentando sua deciséo em outros elementos de prova constantes dos autos; + Peritos divergem em suas conclusées: . Juiz nomeia terceiro perito, que concorda com um deles - Juiz pode concordar ou nao com a conclusiio do terceiro; + Juiz nomeia terceiro, que discorda de ambos ~ Juiz pode mandar realizar outro exame ou concordar com o laudo de qualquer dos trés peritos (os dois primeiros ou o desempatador); + Mas, professor, 0 Juiz pode discordar do laudo? Pode sim. Esta Pprevis&o esta contida no art. 182 do CPP: Art. 182. O juiz no ficard adstrito ao laudo, podendo aceité-lo ou rejeité-lo, no todo ‘ou em parte. * Art, 180. Se houver divergéncia entre os peritos, sero consignadas no auto do exame as declaragées e respostas de um e de outro, ou cada um redigiré separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeard um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poder mandar proceder a novo exame por outros peritos. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 98 A isso se dé o nome de sistema liberatério de apreciacao da prova pericial. Esse sistema guarda estreita relagdo com o jé estudado sistema do livre convencimento motivade de apreciagao da prova, previsto no art. 155 do CPP. Vou elencar, abaixo, algumas regrinhas para determinadas espécies de pericias: ESPECIE DE PERICIA REGRAMENTO DO CPP AUTOPSIA LESGES CORPORAIS Pelo menos seis horas apés 0 ébito (salvo se pelos sinais da morte os peritos entenderem que pode ser feita antes) No caso de morte violenta, basta o exame externo do cadaver Os cadaveres sero sempre fotografados na posigdo em que forem encontrados, bem como as lesées externas e vestigios deixados no local Para melhor esclarecer as leses encontradas, os peritos, quando possivel, juntaréo ao laudo do exame provas fotogrdficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados Serio arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados que possam ser Uteis a identificagdo do cadaver Caso o primeiro exame tenha sido incompleto, sera procedido a novo exame, por determinagéo da autoridade policial ou do Juiz © exame complementar pode ser determinado de oficio (sem requerimento de ninguém) ou a requerimento do MP, do ofendido, do acusado ou de seu defensor No exame complementar os peritos terdo em maos auto de corpo de delito, para poderem complementd-lo ou retificd-lo (caso contenha erros) Se a finalidade for comprovar que se trata de crime de leséo corporal GRAVE (por deixar a vitima afastada de suas atividades habituais por 5 NUCCI, Guilherme de Sot acatar a concluséo pericial com as demais provas nos Op. Cit., p. 368/368. Tsso nao significa, porém, que o Juiz poderd delxar de seu bel prazer’, de forma arbitréria. O Juiz deverd fundamentar, de acordo tos, por quais razées no aceita as conclusdes externadas pelos peritos. Prof. Renan Araujo www .estrategiaconcursos.com.br 5 de 88 mais de 30 dias), deverd o exame ser realizado logo apés o prazo de 30 dias + A auséncia do exame complementar pode ser suprida pela prova testemunhal ANALISE DE + Os peritos, além de descrever os vestigios, DESTRUICAO DE indicaréo com que instrumentos, por que COISAS OU meios e em que época presumem ter sido o ROMPIMENTO DE fato praticado, podendo proceder-se, quando OBSTACULO necessério, a avaliagéo de coisas destruidas, deterioradas ou que constituam produto do crime INCENDIO Deve ser verificada (0): + A causa e o lugar em que houver comecado + © perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patriménio alheio + Aextensdo do dano eo seu valor * Demais circunstancias que interessarem a elucidagao do fato RECONHECIMENTO | Devem ser observadas as seguintes regras (literalidade DE ESCRITOS do CPP): * A pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito sera intimada para o ato, se for encontrada * Para a comparacéo, poderao servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou ja tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade nao houver duvida * Aautoridade, quando necessério, requisitard, para © exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos ptiblicos, ou nestes realizaré a diligéncia, se dai néo puderem ser retirados * Quando no houver escritos para a comparagao ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandaré que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta tiltima diligéncia poderd ser feita por precatéria, em que se consignarao as palavras que @ pessoa seré intimada a escrever (CUIDADO! O acusado nao esta obrigado a fornecer os padrées graficos para a realizacgao do exame, ‘ou seja, no esté obrigado a escrever nada, pelo principio do nemo tenetur se detegere, ou seja, | Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 98 ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si préprio). Existem alguns pontos especificos sobre diversas modalidades de exame de corpo de delito que suscitam discussdo jurisprudencial. Como ja disse vocés que nao cabe transcrever todos os artigos do CPP, de forma que elaborei outro quadro esquematico contendo as principais regrinhas acerca destas modalidades de exame de corpo de delito e a analise jurisprudencial predominante sobre o tema. Natureza da (art. 129, s 1., I, do CP c/c art. 168, SS 2. e3.do CPP) mais de 30 dias. pericia Regra Legal Jurisprudéncia dominante Exame interno dolEntende que pode ser suprido por cadaver, _sendojoutras provas. m ‘ OBRIGATORIO NO ecrone’ CASO DE MORTE (art. 162 do)NAQ VIOLENTA. CPP) No caso de morte violenta, basta o simples exame externo do cadaver, em regra. Exumacéo Consiste no ato de/Entende que deve haver ordem (art. 163 do|desenterrar o|judicial, sendo considerada prova CPP) cadaver. ilegal se realizada sem as formalidades legais. Natureza da pericia Regra Legal Jurisprudéncia dominante Para comprovar que|Tem entendido que a pericia é Lesées a pessoa, de fato,|necesséria, e, no caso de sua auséncia, corporais ficou incapacitada|o crime deve ser desqualificado para graves para o trabalho por|lesdes /eves. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 74088 Furto qualificado pelo rompimento de obstaculo (art. 171 do CPP) Pericia para apurar se houve rompimento de obstéculo. Entende que a pericia é dispensdvel, se puder ser provada por outros meios. Porte ilegal de larma de fogo (Lei 10.826/2003) Para constatar o poder de fogo da arma. O ST] tem entendido que este exame pode ser suprido por outros meios de prova, quando necessdrio. Contudo, ha, ainda, decisGes entendendo que n§o se exige a comprovacao do potencial lesivo da arma. Natureza da pericia Regra Legal Jurisprudéncia dominante Roubo majorado pelo uso de arma de fogo (art. 157, S 2,. I, do CP) Pericia para apurar a potencialidade lesiva da arma. STJ entende que é dispensavel o exame, se puder ser provado por outros meios. Disparo de jarma de fogo (Lei 10.826/2003) Também se fundamenta no art. 175 do CPP. A Jurisprudéncia dominante entende que também ¢ dispensavel 0 exame, na presenca de outras provas. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 84088 1.2 Interrogatério do réu 0 interrogatério do réu (interrogatério na fase judicial) é 0 ato mediante o qual o Juiz procede a oitiva do acusado acerca do fato que Ihe é imputado. O interrogatérto, modernamente, é considerado como UMIDIREITOISUBJETIVO (previsto, inclusive, no art. 5°, LXIII), pois se entende que faz parte do seu direito a defesa pessoal (subdiviséo da ampla defesa, que conta, também com a defesa técnica, patrocinada por profissional habilitado). Assim, atualmente, se entende que o interrogatério € meio de prova e meio de defesa do réu.” Existe variagdo quanto ao momento em que ocorreré, a depender do procedimento que seja adotado: * Procedimento comum ordinario e sumario, rito da Lei 9.099/95 e procedimento relativo aos crimes de competéncia do Tribunal do Jiri - Serd realizado apés a produgSo da prova oral na audiéncia. + Procedimento previsto para os crimes da Lei de Drogas e abuso de autoridade - Sera realizado antes da instruc&o criminal. Mas essa regra do interrogatério do réu, nos crimes da lei de drogas, ocorrer antes da oitiva das testemunhas é considerada constitucional pela jurisprudéncia? Sim. O STJ entende que nao ha nenhuma ilegalidade, por haver previsdo especifica na lei de drogas, o que derroga a previsao geral contida no CPP® (interrogatério ao final). Também se entende nao haver inconstitucionalidade (suposta violacdo ao contraditério). O réu pode ser interrogado, ainda, nos Tribunais (nos termos do art. 616 do cpp). interrogatério do réu possui algumas caracteristicas. Sao elas: 1) Obrigatoriedade - Tratando-se de direito do réu, em razio do subprincipio da autodefesa, deverd ser aprazado seu interrogatério, na forma da lei processual, sob pena de nulidade, nos termos do art. 564, III, e do CPP: | 47t. 964. 4 nulidade ocorreré nos seguintes casos: © Negar este direito 20 acusado é causa de nulidade absoluta, PACELLI, Eugénio, Op. cit., p. 392 7 Existem quatro posigées doutrindrias a respelto: a) trata-se de melo de prova; b) trata-se de melo de defesa; c) trata-se de malo de prova @ melo de defesa; d) trata-se de melo de defesa e, em segundo plano, meio de prova. A primeiro corrente isolada. As demais possuem bons adaptos, Contudo, prevalece a tese de que se trata de meio de prova @ meio de defesa (embora a corrente que sustente tratar-se apenas de meio de defesa também possua bons defensores), NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 369/370 ® (..) E- A ordem dos atos processuais, para a apuracao de crimes relacionados ao trafico de drogas, observa o regramento especifico estabelecido no art. 57 da Lei n. 11.343/2006 e noo estatuto geral do Cédigo de Processo Penal. E legitimo o interrogatério do Réu antes da ouvida das testemunhas de acusagdo. Precedentes das Turmas que compe a 3° Seco desta Corte. IT- Agravo Regimental improvido. (org no RHC 4 ee Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 90088 Go) ITT - por falta das formulas ou dos termos seguintes: Gd ) a citacao do réu para ver-se processar, 0 seu interrogatério, quando presente, e os prazos concedidos & acusacao e defesa; Mas e se o réu, mesmo intimado, néo comparece ao interrogatério? E se ele estiver foragido? Ha nulidade? A questéo nao é pacifica, sendo divididos os entendimentos na Doutrina e na Jurisprudéncia. Entretanto, vem se formando o entendimento de que, nestes casos, tendo o réu sido intimado para seu interrogatério, caso nao compareca, estaria suprida a obrigatoriedade com a sua mera intimacdo’, pois o exercicio de sua autodefesa seria facultativo (o que seria obrigatorio seria a apresentac3o da defesa técnica, pelo profissional habilitado). Quando o réu esta foragido e vem a ser preso, a Doutrina e a Jurisprudéncia vém entendendo que ele deve ser imediatamente ouvido, sob pena de nulidade absoluta. 2) Ato personalissimo do réu - Somente o réu pode prestar seu depoimento, n&o podendo ser tomado seu interrogatério mediante procuracao. E se o réu no possuir condigées de se submeter ao interrogatério? Nesse caso, das duas uma: se ele se tornou inimputavel apés cometer o crime, © proceso deve ficar suspenso (nos termos do art. 152 do CPP). Se ele ja era inimputavel 4 época do fato, 0 processo segue com curador (art. 151 do CPP), no sendo exigivel o interrogatério (Posig&o adotada pelo STF). 3) Oralidade - Em regra, o interrogatério deve se dar mediante formulacao de perguntas e apresentagao de respostais orais. No entanto, isso sofre mitigagdo no caso de surdos, mudos, surdos-mudos e estrangeiros. © CPP regulamenta estas hipéteses nos arts. 192 e 193. Vejamos: Art, 192, O interrogatério do mudo, do surdo ou do surdo-mudo sera feito pela forma seguinte: (Redacao dada pela Lei n° 10.792, de 1°.12.2003) I - a0 surdo seréo apresentadas por escrito as perguntas, que ele responders oralmente; (Redacao dada pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) II - a0 mudo as perguntas serao feitas oralmente, respondendo-as por escrito; (Redacao dada pela Lei n° 10.792, de 12.12.2003) III - ao surdo-mudo as perguntas serao formuladas por escrito e do mesmo modo dara as respostas. (Redacdo dada pela Lei n° 10.792, de 1°.12.2003) ° He quem sustente, ainda, que a possibilidade de condugSo coercitiva do acusado (art. 260) s6 seré possivel quando 0 Juiz tiver divida sobre a perfeita qualificagSo do acusado. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p.371 Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 10 de 98 Paragrafo Unico, Caso 0 interrogando no saiba ler ou escrever, intervird no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendé-lo. (Redacdo dada pela Lei n® 10.792, de 19.12.2003) Art. 193. Quando 0 interrogando nao falar a lingua nacional, o interrogatério sera feito por meio de intérprete. (Redacao dada pela Lei n® 10.792, de 19.12.2003) 4) Publicidade - 0 interrogatério, como todo e qualquer ato processual, em regra é publico, até por forca do que dispSe o art. 93, IX da Constituicado da Republica. No entanto, em determinados casos, pode o Juiz determinar a limitaco da publicidade do ato. Essa deciséo pode ser a requerimento da parte, do MP ou, até mesmo, de oficio. © Juiz limitard a publicidade do ato sempre que isso puder implicar em prejuizo ao processo ou perturbagao da ordem piiblica. 5) Individualidade - Se existirem dois ou mais réus, o CPP determina que cada um seja ouvido individualmente (art. 191 do CPP), no podendo, inclusive, que um presencie 0 interrogatério do outro. 6) Faculdade de formulacéo de perguntas pela acusacéo e pela defesa - Antes do advento da Lei 10.792/03, que alterou o CPP, o interrogatério era ato privativo do Juiz, pois s6 a ele cabia fazer perguntas ao réu. Atualmente, com a nova redagdo do art. 188 do CPP, o Juiz deve permitir que, apés a realizacéo de suas perguntas, cada parte (primeiro a acusacao, depois a defesa), formulem perguntas ao interrogando, caso queiram: Art. 188, Apés proceder ao interrogatério, o juiz indagara das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. (Redacao dada pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) Além disso, a alteragéo promovida foi bastante salutar, eis que modernamente, como disse, o interrogatério é meio de defesa do réu e, assim, nada mais justo que permitir ao advogado da defesa interrogar o acusado de forma a fazer constar nos autos alguma declarag&o sua que repute pertinente! Apesar das alteragGes, o sistema presidencialista permanece. Mas o que € o sistema presidencialista? Esse sistema significa que as perguntas sao formuladas ao Juiz, que as direciona ao interrogando, podendo, inclusive, indeferir as perguntas que forem irrelevantes ou impertinentes, ou, ainda, aquelas que ja tenham eventualmente sido respondidas. CUIDADO! No julgamento dos processos do Juri, as perguntas serao realizadas diretamente pela acusagao e pela defesa ao interrogando (art. 474, § 1° do CPP). J4 as perguntas feitas eventualmente pelos jurados seguem o sistema presidencialista (art. 474, § 2° do CPP). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 38 7) Procedimento - O interrogatério do réu sera realizado obrigatoriamente na presenca de seu advogado, sendo-lhe assegurado o direito de entrevista prévia e reservada com este. Nos termos do CPP: Art, 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciéria, no curso do processo penal, seré qualificado e interrogado na presenca de seu defensor, constituide ou nomeado, (Redacao dada pela Lei n° 10.792, de 1°,12.2003) G) § 50 Em qualquer modalidade de interrogatério, 0 juiz garantiré ao réu o direito de ‘entrevista prévia e reservada com o seu defensor; Se realizado por videoconferéncia, fica também garantido 0 acesso a canais telefénicos reservados para comunicacdo entre o defensor que esteja no presidio e o advogado presente na sala de audiéncia do Forum, e entre este € 0 preso. (Incluido pela Lei n® 11.900, de 2009) \TENCAO! Esta advogado no interrogatério) no sendo aplicdvel ao interrogatério em sede policial. Por dois motivos: 1) O §5° do art. 185 fala em “Juiz” e “réu”. No interrogatério quem preside o interrogatorio é 0 Delegado, e nao ha réu, mas apenas indiciado. 2) A presenca do advogado é€ corolério do contraditério e da ampla defesa, principios que nao incidem, em regra, na investigacao policial. CUIDADO! O ST) entende que se o interrogatério foi realizado antes da entrada em vigor da Lei 12.792/03 (que passou a exigir a presenga do advogado no interrogatério judicial), a eventual auséncia do defensor nao caracteriza nenhuma nulidade.'” Mas e se ndo for assegurada ao réu a entrevista prévia com seu defensor? A Doutrina se divide. Uns entendem que a nulidade é relativa (s6 se declararé a nulidade caso seja comprovado o prejuizo), outros entendem que se trata de nulidade absoluta (deve ser realizado novamente). No interrogatério o réu tera direito, ainda, a ficar em siléncio. Este direito decorre do principio de indole constitucional do Nemo tenetur se detegere. Por este principio, ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Nos termos da Constituig&o Federal: I Art, 50...) %® (.,.)5. A jurisprudéncia deste Superior Tribunal firmou-se no sentido de que o interrogatério do réu, antes do advento da Lei n. 10.792/2003, era ato personalissimo do juiz, néo estando sujeito ao contraditério, razo pela qual a ausén defensor, a época, no caracteriza nulidad Precedentes. Go) (HC 186.918/DF, Rel, Ministro SEBASTIAO REIS JUNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 07/02/2013, DJe 22/02/2013) Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 12 de 98 LXIIL - 0 preso seré informado de seus direitos, entre os quais 0 de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assisténcia da familia e de advogado; Essa garantia deve ser informada ao acusado antes do seu interrogatério, nos termos do art. 186 do CPP: Art, 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusacao, © acusado serd informado pelo juiz, antes de iniciar 0 interrogatério, do seu direito de permanecer calado e de nao responder perguntas que Ihe forem formuladas, (Redacéo dada pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) E se, por acaso, 0 Juiz nao informar o acusado de seu direito de ficar calado? O ST] entende que se trata de nulidade relativa, ou seja, deve ser comprovado 0 efetivo prejuizo que decorreu desta irreqularidade processual. Se no houver prejuizo, no seré reconhecida a nulidade.! Essa garantia também se aplica no interrogatério em sede policial! © § tinico do art. 186 estabelece, ainda, que 0 exercicio do direito ao siléncio nao poderd ser interpretado em prejuizo a defesa: Art, 186 (...) Paragrafo Unico. O siléncio, que no importaré em confisséo, nao poderd ser interpretado em prejuizo da defesa. (Incluido pela Lei n 10.792, de 19.12.2003, Porém, o legislador esqueceu-se de revogar expressamente o art. 198 do CPP, que se encontra TACITAMENTE REVOGADO: Art. 198. O siléncio do acusado nao importars confiss30, mas poderd constituir elemento para a formacéo do convencimento do juiz. ATENCAO! Lembrem-se: 0 siléncio é direito do acusado e n&o pode ser utilizado pelo Juiz para fundamentar eventual condenac&o! interrogatorio possui duas fases. Na primeira o réu responde as Perguntas sobre sua pessoa” (art. 187, § 1° do CPP). Na segunda parte, responde as perguntas acerca do fato (art. 187, § 2° do CPP). Antes disso, porém, existe a etapa de QUALIFICACAO do acusado. “HC 66298 % atuaimente, inclusive, deve constar EXPRESSAMENTE a informaco a respeito da existéncia de filhos, suas idades, se possuem alguma deficiéncia e o nome e o contato de eventual responsavel pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa (art. 185, §10 do CPP, incluido pela LET 13.257/16). Isso nos leva & concluso de que sé se aplica tal exigéncia em se tratando de interrogatério de réu preso. Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 13de98 A Doutrina majoritdria entende que © direito ao siléncio NAO se aplica as perguntas sobre a qualificacéo do acusado, apenas ao interrogatério propriamente dito™! Assim: INTERROGATORIO JUDICIAL DO ACUSADO JUIZ QUALIFICA 0 ACUSADO EO INFORMA QUANTO AO DIREITO AO SILENCIO (ART. 186 DO CPP) JUIZ REALIZA AS PERGUNTAS AO REU PRIMEIRO, PERGUNTAS SOBRE A APOS, REALIZAM-SE AS PESSOA DO REU PERGUNTAS SOBRE O FATO (ART. (ART, 187, § 1° DO CPP) 187, § 2° DO CPP) JUIZ FACULTA AS PARTES A REALIZACAO DE PERGUNTAS AO INTERROGANDO, PODENDO INDEFERI-LAS, SE IRRELEVANTES OU IMPERTINENTES. Mas, professor, € possivel que haja um segundo interrogatério no curso do processo? Sim, é possivel, podendo o Juiz determinar novo interrogatério a qualquer tempo, de oficio ou a requerimento das partes, no importando se se trata do mesmo Juiz que anteriormente interrogou o réu. Nos termos do art. 196 do CPP: Art, 196, A todo tempo o juiz poderé proceder a novo interrogatério de oficio ou a pedido eeenanes de qualquer das partes. (Redacao dada pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003; 20 interrogatério propriamente dito englobaria as duas fases previstas no art. 187 do CPP, e em relagdo a ambas poderia haver exercicio do direito ao siléncio. Nao ha direito ao siléncio, porém, em relacdo & etapa do art. 186 (perguntas de qualificacéo do acusado). NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 381/382 Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.cot 14 de 98 Se 0 réu estiver preso, 0 interrogatério serd feito em sala prépria, onde estiver recolhido, nos termos do art, 185, § 1° do CPP. AQUI TAMBEM E NECESSARIA A PRESENCA DO DEFENSOR (ADVOGADO OU DEFENSOR PUBLICO). 8) O interrogatério por meio de Videoconferéncia - A Lei 11.900/09, alterando a redacéo do § 2° do art. 185 do CPP, abriu a possibilidade de realizacdo do interrogatério (e oitiva de testemunhas) do réu mediante o recurso tecnolégico da videoconferéncia. Essa possibilidade s6 existe no caso de se tratar de réu preso e somente poderd ser realizada EXCEPCIONALMENTE. A realizaco de interrogatério por videoconferéncia deve assegurar, no que for compativel, todas as garantias do interrogatério presencial, so podendo ser realizada quando o Juiz néo puder comparecer ao local onde o preso se encontra, e para atender as finalidades previstas no § 2° do art. 185 do CPP: § 20 Excepcionalmente, 0 julz, por decisao fundamentada, de oficio ou a requerimento das partes, poderd realizar o interrogatério do réu preso por sistema de videoconferéncia ou outro recurso tecnolégico de transmisso de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necesséria para atender a uma das seguintes finalidades: (Redacao dada pela Lei n° 11.900, de 2009) I - prevenir risco seguranca piiblica, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizacao criminosa ou de que, por outra razéo, possa fugir durante deslocamento; (Incluido pela Lei n° 11.900, de 2009) I - viabilizar a participacgo do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juizo, por enfermidade ou outra circunstancia pessoal; (Incluido pela Lei n® 11.900, de 2009) IL - impedir a influéncia do réu no animo de testemunha ou da vitima, desde que nao ‘seja possivel colher 0 depoimento destas por videoconferéncia, nos termos do art. 217 deste Cédigo; (Incluldo pela Lei n° 11.900, de 2009) IV - responder 8 gravissima questéo de ordem publica. (Inclufdo pela Lei n° 11.900, de 2009) A constitucionalidade do interrogatério por videoconferéncia foi questionada pela comunidade juridica, mas ainda ndo se teve um posicionamento firmado. Muitos Doutrinadores (ERRADAMENTE) afirmam que o STF entendeu inconstitucional o interrogatério por videoconferéncia. ISTO ESTA ERRADO. O STF entendeu, apenas, que o interrogatério por videoconferéncia é INCONSTITUCIONAL QUANDO PREVISTO EM LEGISLACAO ESTADUAL, por violar a prerrogativa da Unido de legislar sobre direito processual, nos termos do art. 22, I da Constituigéo. Entretanto, acerca da Lei 11.900/09, que alterou o CPP, nao houve pronunciamento do STF nesse sentido. '* ** NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 98 Apenas um dltimo r jistro: No interrogatério por videoconferéncia, para que seja assegurado 0 direito do acusado de ter 0 advogado presente, deve haver um advogado junto ao preso e outro junto ao Juiz. © 1.3 Confissao A confissio é um meio de prova através do qual o acusado reconhece a pratica do fato que Ihe é imputado. Para a validade da confisséo, é necessdrio que ela preencha requisitos intrinsecos (ligados ao contetido da confisséo) e extrinsecos (ou formais, ligados & forma de sua realizagao). Os requisitos intrinsecos sao, basicamente, a verossimilhanca das alegacées do réu aos fatos, a clareza do réu na exposicdo dos motivos, a coincidéncia com o que apontam os demais meios de prova, etc. Os requisitos extrinsecos, ou formais, so a pessoalidade (nado se pode ser feita por procurador), o carater expresso (nao se admite confisséo tacita no Processo Penal, devendo ser manifestada e reduzida a termo), o oferecimento perante o Juiz COMPETENTE, a espontaneidade (nao pode ser realizada sob coagao) e a capacidade do acusado para confessar (deve estar no pleno gozo das faculdades mentais). Por adotarmos o principio do livre convencimento motivado, e nao o da prova tarifada, a confisséo nfo possui valor absoluto"®, devendo ser valorada pelo Juiz da maneira que reputar pertinente.’” Como disse a voc8s, 0 siléncio do acusado nao importa em confisséo (dai o seu caréter expresso), e NAO IMPORTA EM PREJUIZO A DEFESA, estando revogado tacitamente o art. 198 do CPP. A confissdo pode ser classificada em: Quanto ao momento - Pode ser extrajudicial, se prestada fora de Juizo, ou Judicial, se prestada em Juizo. A primeira, por nao ter sido realizada sob o crivo do contraditorio, possui pouco valor probante. * Quanto a natureza - Pode ser real, que é aquela efetivamente realizada pelo réu, perante a autoridade, ou ficta, que 6 aquela que nao foi realizada pelo réu, sendo presumida pela Lei em razdo de alguma atitude sua (deixar de se defender, por exemplo). Esta ultima nao é possivel no processo penal, sendo admissivel, no entanto, no processo civil. %8 § 50 Em qualquer modalidade de interrogatorio, o Juiz garantiré ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com 0 seu defensor; se realizado por videoconferéncia, fica também garantido 0 acesso a canais telefnicos reservados para comunicac&o entre 0 defensor que esteja no presidio e o advogado presente na sala de audiéncia do Forum, e entre este e 0 preso. (Incluido pela Lei n° 11.900, de 2009) + NUCCI, Gullherme de Souza. Op. Cit., p. 393 ” Art. 197. 0 valor da confissio se aferiré pelos critérios adotados para os outros elementos de prove, e para a sua apreciagBo 0 juiz deverd confronta-la com as demais proves do processo, verificando se entre ela @ estas existe compatibilidade ou concordancia. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 98 * Quanto a forma - Pode ser escrita, quando o réu a realiza mediante escritos (cartas, bilhetes ou qualquer outro), ou oral, que é a mais tradicional, realizada verbalmente perante o Juiz da causa; * Quanto ao contetido - Pode ser simples, quando o réu se limita a reconhecer 0 fato que Ihe é imputado, ou qualificada, que é aquela na qual © réu reconhece 0 fato, mas alega té-lo praticado sob determinadas circunstancias que excluem 0 crime ou o isentam de pena. EXEMPLO: Imagine que o réu reconheca o crime de homicidio, mas alegue que o praticou em legitima defesa.'® Aconfissao é, ainda, retratavel e divis{vel, nos termos do art. 200 do CPP: Art. 200. A confissao serd divisivel e retratavel, sem prejuizo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto. Retratavel porque o réu pode, a qualquer momento, voltar atrds e retirar a confisséo. Entretanto, a confissdéo retratada nao perde o seu valor automaticamente, podendo o Juiz considerar sem valor algum a retratag3o ¢ considerar como digna de valor a confissdo. fvel porque 0 Juiz pode considerar valida a confissio em relagio a apenas algumas de suas partes, e falsa em relaciio a outras. ATENCAO decore! » O STF entende que se o réu se retrata em Juizo da confissao feita em sede policial, néo sera aplicada a atenuante prevista no art. 65, III, d do CP (confissao), salvo se, mesmo diante da retratacdo, a confisséo em sede policial foi levada em consideracdo para a sua condenacao. > A delac&o premiada é 0 beneficio concedido ao infrator que denunciar ‘outros envolvidos no crime. Esta prevista em diversas leis especiais, como a Lei dos crimes contra o sistema financeiro (Lei 7.429/92) e na lei dos crimes contra a ordem tributédria (Lei 8.137/90). A jurisprudéncia entendia que a confiss&o qualificada nao gerava a aplicacéo da atenuante genérica do art. 65, Ill, d do CP. Contudo, atualmente este *® NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 98 entendimento mudou. O STJ passou a entender que mesmo a confissao qualificada gera a atenuante de pena prevista no CP."° 1.4 Oitiva do ofendido A oitiva do ofendido permite ao magistrado ter contato efetivo com a pessoa que mais sofreu as consequéncias do delito, de forma a possibilitar o mais preciso alcance de sua extenséo. A primeira coisa que devemos saber é que o ofendido NAO E TESTEMUNHA”, pois testemunha é um terceiro que nao participa do fato. O ofendido participa do fato, na qualidade de sujeito passivo. ofendido, caso seja determinada sua oitiva, DEVE comparecer e responder as perguntas, podendo ser conduzido coercitivamente”! (mediante forca policial), Isso decorre do art. 201 do CPP, que diz que o ofendido SERA (cogéncia, obrigag&o) ouvido: Art. 201. Sempre que possivel, 0 ofendido ser qualificade é perguntado sobre as circunstancias da infracao, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declaracées. (Redacdo dada pela Lei n° 11.690, de 2008) 5 10 Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, 0 ofendido poderé ser conduzido & presenca da autoridade. (Incluido pela Lei n? 11.690, de 2008) ® CUIDADO! Se 0 ofendido mentir em seu depoimento, nao responder pelo crime de falso testemunho” (art. 342 do CP), pois ndo é testemunha, podendo, entretanto, responder pelo crime de denunciacao caluniosa, a depender do caso (STJ - AgRg no REsp 1125145/RJ) A vitima tem direito ao siléncio? Prevalece que sim™, mas é controvertido.”* A Lei 11.690/08 acrescentou diversos pardgrafos ao art. 201 (§§ 2° ao 6°), de forma que agora é dever do Juiz comunicar o ofendido de diversos atos *° 2. A invocacao de causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade no obsta reconhecimento da incidéncia da atenuante da confissdo espontanea de que cuida o art. 65, inciso III, alfnea d, do Cédigo Penal. Precedentes. pe) HC 28: 520) 1) 2 PACELLI, Eugénio. Op. cit., p. 425, No mesmo sentido: NUCCI, Guilherme de Souza, Op. Cit., p: 401 ® NUCCT sustente, porém, que o ofendido, apesar de poder ser conduzido coercitivamente, nao poder responder pelo delito de desobediéncia caso deixe de comparecer espontaneamente em Juizo. NUCCI, Gullherme de Souza. Op. Cit., p. 404/405 * NUCCT, Gullherme de Souza. Op. Cit., p. 404 ® NUCCT, Guilherme de Souza, Op. Cit., p. 404 % Sustentando que a vitima no tem direito ao siléncio, Eugénio Pacelli. PACELLI, Eugénio. Op. cit., p. 425 Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 18 de 98 Rel, Ministre MARCO AURELIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 20/02/2014, DIS processuais, notadamente aqueles que importem na decretacéio da prisio e da liberdade do acusado, de forma a manter o ofendido a par do que ocorre no Pprocesso. Esta regulamentacao independe de o ofendido estar ou nao na qualidade de assistente de acusacdo! 1.5 Da prova testemunhal A prova testemunhal, embora no possua muito valor no processo civil (onde geralmente reina a prova documental), possui GRANDE VALOR na esfera processual penal, pois geralmente os crimes néo esto documentados. Existem algumas classificagdes quantos as “espécies” de testemunhas. Vamos a elas: + Testemunha referida - E aquela que, embora nao tenha sido arrolada por nenhuma das partes, foi citada por outra testemunha em seu depoimento e, posteriormente, foi determinada a sua inquiricéo pelo Juiz. NAO SE CONSIDERA ESTA CATEGORIA PARA A CONTAGEM DO NUMERO MAXIMO DE TESTEMUNHAS QUE A PARTE PODE ARROLAR. + Testemunha judicial —- £ aquela que é inquirida pelo Juiz sem ter sido arrolada por qualquer das partes. Esta prevista no art. 209 do CPP. + Testemunha prépria - E aquela que presta depoimento sobre o fato objeto da ac&o penal, podendo ser direta (quando presenciou o fato) ou indireta (quando apenas ouviu dizer sobre os fatos). + Testemunha imprépria (ou instrumental) - E aquela que nao depée sobre o fato objeto da ag8o penal, mas sobre outros fatos que nela possuem influéncia. € 0 caso, por exemplo, da testemunha que, presenciou a apresentag&o do preso em flagrante (art. 304, § 2° do CPP). + Testemunha compromissada - é aquela que est sob compromisso, nos termos do art. 203 do CPP. + Testemunha n&o compromissada (ou informante) - Previstas no art. 208 do CPP, é aquela que esta dispensada do compromisso de dizer a verdade, em razéo da presuncéo de que suas declaracées sao suspeitas. Sao os menores de 14 anos, doentes mentais e parentes do acusado (art. 206 do CPP). ESTE TIPO DE TESTEMUNHA TAMBEM NAO ENTRA NO COMPUTO DO LIMITE MAXIMO DE TESTEMUNHA QUE A PARTE PODE ARROLAR. © niimero de testemunhas que cada parte pode arrolar varia de procedimento para procedimento, sendo regra geral (do procedimento comum ordinério) o limite méximo de oito testemunhas (art. 401, § 1° do CPP). No rito sumério ser&o apenas cinco (art. 532 do CPP). jbém chamada de FEDATARIA. NUCCI, Gullherme de Sou: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 98 O ntimero de testemunhas sera definido para cada fato. Assim, se 0 réu é acusado de trés fatos diferentes, e estd sendo julgado pelo procedimento comum ordinario, poderd arrolar até 24 testemunhas (3 x 8 = 24). Além disso, esse é 0 numero para cada réu.” EXEMPLO: Imagine que, no exemplo anterior, sejam cinco réus acusados dos mesmos trés fatos. Cada um deles poderé arrolar 24 testemunhas (08 para cada fato), de forma que poderiamos ter 120 testemunhas no total (5 x 24 = 120). Sem contar as testemunhas de acusagao! O art. 202 do CPP é claro, curto e preciso ao declarar que: I Art, 202. Toda pessoa poderé ser testemunha. Assim, 0 surdo, o inimputével, o doente mental, etc. Evidentemente, o valor de cada testemunho sera atribuido pelo Juiz, conforme cada circunstancia. + Mas, professor, os menores de 14 anos, por exemplo, néo sao apenas informantes? Como podem ser testemunhas? A Doutrina diferencia testemunhas e informantes, de acordo com o fato de estarem ou nao compromissadas. No entanto, 0 CPP trata ambos como testemunhas, chamando as primeiras de testemunhas compromissadas, e as segundas testemunhas nao compromissadas. = Professor, a testemunha ndo compromissada, ent&o, pode faltar com a verdade? Embora possa parecer que sim, 0 STJ possui decisdes entendendo que mesmo a testemunha nado compromissada nao pode faltar com a verdade, sob pena de falso testemunho. © que a diferencia da testemunha compromissada é o menor valor que seré dado ao seu depoimento (HC 192659/ES). O art. 208 traz o rol das pessoas dispensadas de prestar compromisso: Art. 208. Nao se deferirs 0 compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem as pessoas 2 que se refere o art. 206. ® CUIDADO! A testemunha nao esta obrigada a dizer a verdade em relagdo a fatos que possam incrimind-las (no respondendo pelo crime de falso testemunho), mesmo estando compromissada. EXEMPLO: Imagine que o Juiz pergunta a uma testemunha ocular o que ela fazia_no_local_do crime. Agora imagine que esta testemunha_estivesse 2 Importante frisar que o corréu no poderd depor como testemunha. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p.410 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 98 ‘cometendo um crime (furto, por exemplo). Nesse caso, nao estard obrigada a dizer a verdade, em razdo do Nemo tenetur se detegere. -> Professor, o que é a “contradita”? A contradita nada mais é que uma impugnacao a testemunha. A contradita esta prevista no art. 214 do CPP: Art, 214, Antes de iniciado o depoimento, as partes poderao contraditar a testemunha ‘ou arguir circunstdncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fard consignar a contradita ou arguigéo e a resposta da testemunha, mas 56 excluird a testemunha ou nao Ihe deferira campromisso nos casos previstos nos arts, 207 e 208. Acontradita, portanto, pode ocorrer em duas hipéteses?”: + Pessoas que néo devam prestar compromisso - Arrolada por qualquer das partes, qualquer uma delas pode contraditar a testemunha, sendo a consequéncia a tomada do seu depoimento sem compromisso legal (séo as pessoas do art. 208 do CPP): Art. 208, Nao se deferira 0 compromisso a que alude o art, 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem as pessoas a que se refere o art. 206. + Pessoas que NAO PODEM DEPOR - Sao aquelas que no podem depor em raz8o de terem tomado ciéncia do fato em razéo do oficio ou profisséo. Contraditadas, devem ser EXCLUEDAS, nao podendo ser tomado seu depoimento: Art. 207. Sao proibidas de depor as pessoas que, em razao de funcao, ministério, oficio ou profisséo, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Mas, e 0 que seria a arguicdo de defeito? A arguicdo de defeito é a licagaéo de suspeicao (parcialidade) de uma testemunha. a4 Isso n&o quer dizer que 0 Juiz a excluird ou a dispensaré do compromisso. NAO! Apenas 0 Juiz ficard atento para nao dar valor “demais” ao depoimento desta testemunha suspeita. ?7 NUCCT, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 426 ® NUCCI, Gullherme de Souza. Op. Cit., p. 427 Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.cot 21 de 98 IMPUGNACAO AS TESTEMUNHAS A prova testemunhal possui algumas caracteristicas, que devemos estudar. So elas: 1) Oralidade - A prova testemunhal é, em regra, oral. Entretanto, é possivel & testemunha a consulta a breves apontamentos escritos (art. 204 do CPP), Algumas pessoas, no entanto, podem optar por oferecer depoimento oral ‘ou escrito. S&o elas: § 10 0 Presidente o Vice-Presidente da Republica, os presidentes do Senado Federal, da Camara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderéo optar pela prestacao de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes sero transmitidas por oficio. (Redacdo dada pela Lei 1° 6.416, de 24.5.1977) Da mesma forma, os mudos, surdes e surdos-mudos podem depor de forma escrita. Nos termos do art. 223, § nico do CPP: Parégrafo unico. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo, proceder-se-d na conformidade do art. 192. 2) Objetividade - A testemunha deve depor objetivamente sobre o fato, no Ihe sendo permitido tecer consideracées pessoais sobre os fatos. Nos termos do art. 213 do CPP: Art, 213, O juiz ndo permitird que 2 testemunha manifeste suas apreciagées pessoais, salvo quando insepardveis da narrativa do fato. 3) Individualidade (incomunicabilidade) - As testemunhas seréo ouvidas individualmente, nao podendo uma ouvir o depoimento da outra. Nos termos do art. 210 do CPP: Art. 210. As testemunhas serdo inquiridas cada uma de per si, de modo que umas nao saibam nem oucam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. (Redagao dada pela Lei n° 11.690, de 2008) Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 22 de 98 4) Obrigatoriedade de comparecimento - A testemunha, devidamente intimada, deve comparecer, sob pena de poder ser conduzida a forca: Art. 218, Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo Justificado, 0 julz poderé requisitar 4 autoridade policial 2 sua apresentacdo ou determinar seja conduzida por oficial de justica, que poderd solicitar 0 auxilio da forca publica. Art. 219, O juiz poderé aplicar 4 testemunha faltosa a multa prevista no art. 453, sem prejuizo do processo penal por crime de desobediéncia, e condené-la ao pagamento das custas da diligéncia. (Redacao dada pela Lei n° 6.416, de 24.5.1977) Esta regra, entretanto, possui excegdes: + Pessoas que nado estejam em condicées fisicas de se dirigir até o Juizo. Art. 220 do CPP: Art. 220, As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, serao inquiridas onde estiverem, + Pessoas que, por prerrogativa de FUNGAG, podem optar por serem ouvidas em outros locais” - Estado previstas no art. 221 do CPP: Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da Republica, os senadores e deputados federais, 0s ministros de Estado, os governadores de Estados e Territérios, os secretérios de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municipios, os deputados 3s Assembléias Legislativas Estaduais, 05 membros do Poder Judiciério, os ministros e juizes dos Tribunais de Contas da Unido, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Maritimo sero inquirides em local, dia e hora previamente ajustados entre eles € 0 juiz. (Redacao dada pela Lei n° 3.653, de 4.11.1959) 5) Obrigatoriedade da PRESTACAO DO DEPOIMENTO - Além de comparecer, deve a testemunha “abrir 0 bico", depondo sobre os fatos que tenha conhecimento. Nao ha, portanto, direito ao siléncio. Nos termos do art. 206 do CPP: Art, 206. A testemunha nao poderé eximir-se da obrigacdo de depor. Poderao, entretanto, recusar-se a fazé-lo 0 ascendente ou descendente, o afim em linha reta, 0 cénjuge, ainda que desquitado, o irmao e 0 pai, a mae, ou 0 filho adotivo do acusado, salvo quando no for possivel, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstancias. Como se extrai da propria redacao do artigo, esta regra possui excecées, sendo facultado o depoimento das pessoas ali enumeradas. > Mas, professor, e se o Juiz verificar que uma das testemunhas praticou falso testemunho? Deverd o Juiz, nesse caso, encaminhar cépia ® 0 STF entende que se estas pessoas néo Indicarem dia e hora pare serem ouvidas ou, de forma injustificada, deixarem de comparecer no dia e hora agendados, deve ser considerada “perdida” a prerrogativa no caso concrato. Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 23 de 98 do depoimento ao MP ou & autoridade policial, nos termos do art. 211 do CPP. > Ese o depoimento foi prestado mediante carta precatéria? Residindo a testemunha em local fora da competéncia territorial do Juiz do processo, sera ouvida, mediante carta precatéria, pelo Juiz do local em que reside. Se prestar depoimento falso, sera julgada pelo Juiz do local em que prestou depoimento, e nao pelo Juiz do local onde tramita o processo (Entendimento majoritdrio da Jurisprudéncia). © Juiz pode determinar, ainda, que o réu seja retirado da sala onde a testemunha iré depor, se verificar que a sua presenca pode constranger a testemunha, sempre fundamentando sua decisdo. Nos termos do art. 217 do CPP: Art. 217. Se o julz verificar que a presenca do réu poderé causar humilhacao, temor, ‘ou sério constrangimento 4 testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, faré a inquiricéo por videoconferéncia e, somente na impossibilidade dessa forma, determinara a retirada do réu, prosseguindo na inquiricdo, com a presenca do seu defensor. (Redacso dada pela Lei n° 11.690. de 2008) Pardgrafo Unico. A adogéo de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverd constar do termo, assim como os motives que a determinaram, (Incluido pela Lei n° 11.690, de 2008 Percebam, portanto, que o réu pode até ser retirado da sala onde testemunha presta depoimento, mas O ATO NUNCA PODERA SER REALIZADO ‘SEM A PRESENCA DO SEU DEFENSOR. Aberta a audiéncia, o Juiz ouvird primeiro as testemunhas de acusacdo, facultando as partes (primeiro a acusacdo e depois a defesa) formular perguntas. Apés, ouvira as testemunhas de defesa, adotando igual procedimento, > E se nao for respeitada esta ordem? Doutrina e jurisprudéncia majoritérias entendem que se trata de NULIDADE RELATIVA, devendo ser demonstrado o prejuizo efetivo que adveio desta irregularidade. Embora esta ordem seja a regra, existem excecées: + Testemunhas ouvidas mediante carta precatéria ou rogatéria- Sao as testemunhas que residem em localidade diversa daquela em que o Juiz é competente, ou, no caso da carta rogatéria, em outro pais. Nos termos do art. 222 e 222-A do CPP: ® art. 211. Se 0 julz, a0 pronunciar sentenga final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmagao falsa, calou ou negou a verdade, remeterd cépia do depoimento autoridade policial para a instauragao de inguérito. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 98 ‘Art. 222, A testemunha que morar fora da jurisdica0 do juiz sera inquirida pelo juiz do lugar de sua residéncia, expedindo-se, para esse fim, carta precatéria, com prazo razoavel, intimadas as partes. § 10 A expedicao da precatéria néo suspenderd a instruco criminal. § 20 Findo o prazo marcado, poderd realizar-se 0 julgamento, mas, a todo tempo, @ precatéria, uma vez devolvida, seré junta aos autos. § 30 Na hipotese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderé ser realizada por meio de videoconferéncia ou outro recurso tecnolégico de transmissao de sons e imagens em tempo real, permitida a presenca do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realizacéo da audiéncia de instrucdo e julgamento. (Incluido pela Lei n° 11.900, de 2009) Art. 222-A, As cartas rogatérias sé sero expedidas se demonstrada previamente 2 sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio. (Incluido pela Lei n° 11.900, de 2009) Mas é necessaria a presenca do réu no local em que as testemunhas estado sendo ouvidas, quando isso se der por carta precat6ria? Na pois isso seria inviavel (essa é a posig¢aéo do STF). Imaginem um réu processado em Natal que, sd para “avacalhar” o processo, arrolasse testemunhas que residem no Acre, Porto Alegre, Brasilia, Florianépolis, etc. + Testemunhas que estejam “nas dltimas”, ou precisem se ausentar, e haja necessidade de serem ouvidas desde logo, sob pena de perecimento da prova. Nos termos do art. 225 do CPP: Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrugao criminal ja ndo exista, 0 Juiz poderd, de oficio ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-Ihe antecipadamente o depoimento. Com relac&io @ formulago de perguntas pelas partes, enquanto no interrogatério do réu se adotou o sistema presidencialista (As perguntas se dirigem ao Juiz, que as repassa para o réu), aqui o CPP determina que as artes formulem perguntas diretamente as testemunhas (Emeaerad ), podendo Juiz nao as admitir (dar aquela "cortada”) quando a pergunta for irrelevante, impertinente, repetida ou puder induzir resposta. Nos termos do art. 212 do CP: Art. 212. As perguntas sero formuladas pelas partes diretamente 4 testemunha, nao admitindo o julz aquelas que puderem induzir a resposta, no tiverem relacSo com a causa ou importarem na repeticao de outra ja respondida. (Redacdo dada pela Lei n° 11,690, de 2008) Por fim, existem algumas regrinhas especificas quanto depoimento do militar, do funcionario publico e do preso. + © militar deveré ser ouvido mediante requisicfo a sua autoridade superior, nos termos do art. 221, § 2° do CPP; Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.cot 25 de 98 + © funciondrio ptiblico sera intimado (notificado) pessoalmente, como as demais testemunhas, mas deve ser requisitado, também, ao chefe da reparticdo (para que o servico nao fique prejudicado); + OQ preso sera intimado (notificado) também pessoalmente, mas. serd expedida, também, requisic¢ao ao diretor do estabelecimento prisional. 1.6 Reconhecimento de pessoas e coisas Esta previsto nos arts. 226 a 228 do CPP: Art, 226. Quando houver necessidade de fazer-se 0 reconhecimento de pessoa, proceder-se-& pela seguinte forma: I~ a pessoa que tiver de fazer 0 reconhecimento ser convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida; It - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, seré colocada, se possivel, a0 lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhanca, convidando-se quem tiver de fazer 0 reconhecimento a aponté-la; II - se houver razio para recear que a pessoa chamada para 0 reconhecimento, por feito de intimidacgo ou outra influéncia, no diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciard para que esta nao veja aquela; IV ~ do ato de reconhecimento lavrar-se- auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais. Pardgrafo Unico. O disposto no no III deste artigo no terd aplicacso na fase da instrugao criminal ou em plenario de julgamento. Uma observacio é importante: 0 § Unico do art. 226 nao vem sendo aplicado pela Jurisprudéncia, que admite o reconhecimento de pessoa, pelo reconhecedor, de forma que seja preservada a identidade desta ultima, AINDA QUE NA FASE DE INSTRUCAO CRIMINAL OU EM PLENARIO DE JULGAMENTO. No reconhecimento de coisas, aplicam-se as mesmas regras, no que for cabivel. Assim, nao se aplica, portanto, o inciso III do art. 226, por questées de légica. Tanto no reconhecimento de pessoas como no de coisas, se houver mais de uma pessoa para fazer o reconhecimento, cada uma delas realizara o ato em separado, de forma a que uma nao influencie a outra. Trata-se do principio da individualidade aqui também presente (art. 228 do CPP). 1.7 Da acareacdo A acareagao € 0 chamado “colocar frente a frente” duas pessoas que prestaram informacées divergentes. Fundamenta-se no constrangimento, ou seja, busca-se que o “mentiroso” se retrate da informagao errada que forneceu. Pode ser realizada tanto na fase de investigag8o quanto na fase processu: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 98 = Mas quem pode ser acareado? Nos termos do art. 229 do CPP: Art. 229. A acareagao seré admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, ‘entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declaracées, sobre fatos ou circunstancias relevantes. Assim, podem ser acareados testemunhas, acusados e ofendidos, entre si (acusado x acusado) ou uns com os outros (ofendido x testemunha). Embora © CPP fale em “acusado” o termo estd errado, pois pode ocorrer a acareag3o também em sede policial. OS PERITOS NAO ESTAO SUJEITOS A ACAREAGAO! O ST], contudo, ja se manifestou pela possibilidade dessa acareac3o, quando houver suspeita de que um dos peritos (ou ambos) deliberadamente elaborou falsa pericia. A acareacéo também pode ser feita mediante carta precatéria, quando encontrarem-se em localidades distintas. Nos termos do art. 230 do CPP: Art, 230, Se ausente alguma testemunha, cujas declaracées divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se dardo a conhecer os pontos da divergéncia, consignando-se no auto 0 que explicar ou observar. Se subsistir a discordancia, expedir-se-8 precatéria 4 autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as declaracées desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como 0 texto do referido auto, a fim de que se complete a diligéncia, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para 2 testemunha presente, Esta diligéncia sé se realizaré quando néo importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente. Na verdade, essa hipétese descaracteriza a natureza da acareacio, que é a de colocar “frente a frente” duas pessoas, de forma a, mediante constrangimento, fazer emergir a verdade. 1.8 Da prova documental A definig&o de documento se encontra no art. 232 do CPP: Art, 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, piiblicos ou particulares, Pardégrafo Unico. A fotografia do documento, devidamente autenticada, se dard o mesmo valor do original. A prova documental pode ser produzida a qualquer tempo pelas partes, salvo nos casos em que a lei expressamente veda sua producao fora de um determinado momento*!. Nos termos do art. 231 do CPP: 3! Uma excecie a esta regra esté no art. 479 do CPP, que veda a exibico de documentos, aos jurados, aque nao tunham sido juntados eos autos com antecadénca minima Ge iESiiiagnrEES. Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 27 de 98 Art, 231, Salvo os casos expressos em lei, as partes poderdo apresentar documentos ‘em qualquer fase do processo. As cartas e demais documentos interceptados ilegalmente, por dbvio, n’o poderdo ser juntados aos autos: Art, 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtides por meios criminosos, nao sero admitidas em juizo. Paragrafo Unico. As cartas poderso ser exibidas em juizo pelo respectivo destinatério, para a defesa de seu direito, ainda que no haja consentimento do signatério. O Juiz também pode determinar a producao de prova documental, se tiver noticia de algum documento importante: Art, 234, Se o juiz tiver noticia da existéncia de documento relativo a ponto relevante da acusacdo ou da defesa, providenciard, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possivel, A Doutrina classifica os documentos como: + Instrumentos - Aqueles que foram produzidos com a espectifica finalidade de produzir prova. Dividem-se em publicos e privados; + Documento stricto sensu - Todo escrito que nao foi produzido com a finalidade de produzir prova, mas possa, eventualmente, ter essa funcdo. Também se dividem em publicos e privados. 1.8.1 Valor probante dos documentos Os documentos, como qualquer prova, possuem o valor que o Juiz lhes atribuir. Entretanto, alguns documentos, em razéo da pessoa que os confeccionou, possuem, inegavelmente, maior valor. © valor dos documentos néo se refere, apenas, ao poder para formar o convencimento do Jul, mas também a EXTENSAO DE'SUA FORCA PROBANTE, Como assim, professor? Explico! Os instrumentos puiblicos (produzidos pela autoridade publica competente) fazem prova: a) Dos fatos ocorridos na presenga da autoridade que o elaborou; b) Das declaragées de vontade emitidas na presenca da autoridade que lavrou o documento; c) Dos fatos e atos nele documentados; Art. 479, Durante 0 julgamento no seré permitida a leitura de documento ou a exibicéo de objeto que no tiver sido juntado aos autos com a antecedéncia minima de 3 (trés) dias dtels, dando-se ciéncia 8 outra parte. (Redacio dada pela Lei n® 11.689, de 2008) Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.cot 28 de 98 J os instrumentos particulares, assinados pelas partes e por duas testemunhas, provam as obrigacées firmadas entre elas. No entanto, essa eficdcia no alcanca terceiros. 1.8.2 Vicios dos documentos Pode ocorrer de o documento apresentado possuir algum vicio, que pode ser: + Extrinseco - relacionado a inobservancia de determinada formalidade para a elaboragdo do documento; + Intrinseco - relacionado a esséncia, ao contetido do préprio ato; © documento, embora nao viciado, pode ser falso. A falsidade pode ser: + Material - relativa @ criagéo de um documento falso, fruto da adulteraggo de um documento existente ou da criagdo de um completamente falso; + Ideolégica - refere-se substéncia, ao conteido do fato documentado. A diferenca entre o vicio e a falsidade consiste no dolo do agente. No vicio no hé propriamente dolo, mas apenas uma irregularidade. J4 na falsidade o documento foi deliberadamente adulterado ou produzido de maneira errada. Se alguma das partes alegar a falsidade do documento, deveré ser instaurado incidente de falsidade documental, nos termos do art. 145 do CPP. 1.9 Indicios Qs indicios séo elementos de conviccéo cujo valor é inferior, pois NAO PROVAM 0 fato que se discute, mas provam outro fato, a ele relacionado, que faz INDUZIR que 0 fato discutide ocorreu ou ndo. Nos termos do art. 239 do CPP: Art. 239. Considera-se indicio a circunstancia conhecida e provada, que, tendo relacdo ‘com o fato, autorize, por inducSo, concluir-se a existéncia de outra ou outras circunstancias. Parte da Doutrina, no entanto, admite que se o indicio for muito relevante, sera considerado prova indiciaria, podendo embasar uma sentenca condenatoria® (é bem discutivel). ara NUCCI 0s indicios so aptos a sustentar uma condenacao. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 5/456 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 98 Qs indicios, porém, sao diferentes das presuncées legais, pois os indicios apenas induzem uma concluséo mais ou menos légica (exemplo: Meu carro foi encontrado estacionado préximo ao local do crime, o que leva a conclusao de que provavelmente eu estaria ali). Jd as presuncées legais sdéo situacées nas quais a lei estabelece que sdo verdadeiros determinados fatos, se outros forem verdadeiros. EXEMPLO: Se A é menor de 14 anos (fato provado), é incapaz de consentir na relaco sexual (fato presumido). A presunc&o pode ser absoluta ou relativa, conforme possa admitir prova em contrario (desconstituicdo da presuncéo) ou no. Lembrando que a presungao isenta a parte de provar o fato presumido, mas néo de provar o fato que gera a presuncao. © As presungées, POR SI SOS, podem fundamentar uma condenacao! 1.10 Da busca e apreensao —m regra, a busca e apreensdo é um meio de prova. Entretanto, pode ser um meio de assegurar direitos (quando se determina o arresto de um bem para garantir a reparacdo civil, por exemplo). A Busca e apreenséo pode ocorrer na fase judicial ou na fase de investigacdo policial. Pode ser determinada de oficio ou a requerimento do MP, do defensor do réu, ou representacao da autoridade policial. Por fim, a busca e apreensdo pode ser domiciliar ou pessoal (art. 240 do CPP). E isso que nos interessa! 1.10.1 usca e apreensdo domiciliar Nos termos do art. 240, § 1° do CPP: Art, 240 (...) § 10 Proceder-se-é & busca domiciliar, quando fundadas razées a autorizarem, para: a) prender criminosos; b) aprender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; ) aprender instrumentos de falsificac3o ou de contrafacao e objetos falsificados ou contrafeitos; d) aprender armas e municées, instrumentos utilizados na pratica de crime ou destinados a fim delituoso; ) descobrir objetos necessdrios a prova de infracao ou & defesa do réu; f) aprender cartas, abertas ou nao, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que 0 conhecimento do seu contetido possa ser itil & elucidacao do fato; ® NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 98 9) aprender pessoas vitimas de crimes; +h) coher qualquer elemento de conviccao. Este rol é considerado pela Doutrina e Jurisprudéncia predominantes como um ROL TAXATIVO, ou seja, ndo admite ampliaggo. Parte da Doutrina entende, ainda, que previsdo do inciso f ("cartas abertas ou nao...") ndo foi recepcionada pela Constituigdo, que tutelou, sem qualquer ressalva, 0 sigilo da correspondéncia. Nos termos do art. 5°, XII da Constituig&o: Art. 5° (...) XI - & inviolével 0 sigilo da correspondéncia e das comunicasdes telegréficas, de dados e das comunicacées telefénicas, salvo, no ultimo caso, por ‘ordem judicial, nas hipdteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigacéo criminal ou instrucao processual penal; (Vide Lei n° 9.296, de 1996) ATENCAO! A Doutrina majoritéria sustenta que a carta aberta pode ser objeto de busca e apreensao (a carta, uma vez aberta, torna-se um documento como outro qualquer). A busca domiciliar s6 pode ser determinada pela autoridade judiciaria (Juiz)®, em razao do principio constitucional da inviolabilidade de domicilio, previsto no art. 5°, XI da Constituicaio: Art, 50...) XI- a casa é asilo inviolével do individuo, ninguém nela podendo penetrar ‘sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinacao judicial; Percebam, assim, que mesmo com autorizacao judicial, a diligéncia sé poderd ser realizada durante o dia. Esta norma, inclusive, é requlamentada pelo art. 245 do CPP: Art. 246. Aplicar-se-4 também 0 disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitacao ‘coletiva ou em compartimento no aberto ao ptiblico, onde alguém exercer profissio ou atividade. + Mas, qual o conceito de dia? Ha divergéncia doutrindria® e jurisprudencial. Na jurisprudéncia prevalece o conceito fisico- °* 0 STF entende que a AdministracSo Penitenciaria pode abrir correspondéncia remetida pelos condenados, de forma EXCEPCIONAL e fundamentada, quando envolver questéo de seguranca publica, ‘ou preservagio da ordem juridica, LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Proceso Penal. ig. Ed. Juspodivm, Salvador, 2045, p. 712 % jurisdicionalidade da medida. ° H& quem sustente ser 0 periodo entre as 6:00h @ as 18:00h (José Afonso da Silva) ¢ quem sustente que deve haver uma combinagéo de ambos os critérios (Alexandre de Moraes), LIMA, Renato Brasileiro de, Manual de Processo Penal. 3° edicéo. Ed, Juspodivm, Salvador, 2015, p. 713 Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 31 de 98 astronémico: dia é 0 lapso de tempo entre o nascer (aurora) e o pér- do-sol (crepisculo). = Qual é 0 conceito de casa? Casa, para estes fins, possui um conceito muito amplo, considerando-se, como norte interpretativo o conceito previsto no art. 246 do CPP: Art, 246, Aplicar-se-4 também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitacao coletiva ou em compartimento nao aberto ao piiblico, onde alguém exercer profissdo ou atividade. Assim, podemos entender “casa” como qualquer: * Compartimento habitado + Aposento ocupado de habitac&o coletiva * Compartimento nao aberto ao publico, onde alguém exerce profissao ou atividade. Assim, no é necessério que se trate de local destinado a moradia, podendo ser, por exemplo, um escritério ou consultério particular. A inexisténcia de obstaculos (auséncia de cerca ou muro, por exemplo), nao descaracteriza o conceito. *% CUIDADO! Os veiculos, em regra, n&o s&o considerados domicilio, salvo se representarem a habitacdo de alguém (Boleia do caminhéo, trailer, etc.). CUIDADO! Quartos de hotéis, pousadas, motéis, etc., sdo considerados CASA para estes efeitos, quando estiverem ocupados. A ordem judicial de busca e apreenséo deve ser devidamente fundamentada, esclarecendo as FUNDADAS RAZOES nas quais se baseia. Caso a propria autoridade que proferir a ordem realize a diligéncia, nado ha necessidade de mandado escrito, bastando que se qualifique e explicite o objeto da dilig€ncia (art. 241 e 245 § 1° do CPP). Art, 241. Quando a prépria autoridade policial”” ou judicidria no a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverd ser precedida da expedicao de mandado. § 10 Se a prépria autoridade der a busca, declarara previamente sua qualidade e 0 ‘objeto da diligéncia. = Mas ¢ se no houver ninguém em casa? O CPP determina que seja intimado algum vizinho para que presencie o ato. Nos termos do § 4° do art. 245 do CPP: ® © termo “policial” néo foi recepcionado pela nossa Constituigéo de 1988, pois a busca domiciliar depende de ORDEM JUDICIAL, de maneira que o fato de a autoridade policial realizar pessoalmente a buscando dispensa a obrigatoriedade do MANDADO JUDICIAL. NUCCT, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 472 Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 32 de 98 § 4o Observar-se-8 0 disposto nos §§ 20 € 30, quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir 4 diligéncia qualquer vizinho, se houver e estiver presente. De qualquer forma, a diligéncia, por si s6 vexatéria e constrangedora, deve violar o minimo possivel da intimidade da pessoa que sofre a busca domiciliar. Nos termos do art. 248 do CPP: Art. 248. Em casa habitada, a busca serd feita de modo que nao moleste os moradores mais do que o indispensavel para o éxito da diligéncia. Além disso, a autoridade que ira cumprir a diligéncia deve se ater ao objeto da busca e apreensdo. Assim, se a pessoa indica onde esté a coisa que se foi buscar, e sendo esta encontrada, ndo pode a autoridade simplesmente resolver continuar vasculhando o local, por achar que pode encontrar mais objetos. © mandado de busca e apreensdo deve ser 0 mais preciso possivel, de forma a limitar ao estritamente necessdrio a acdo da autoridade que realizaré a diligéncia, devendo especificar claramente 0 local, os motivos e fins da diligéncia. Deverd, ainda, ser assinado pelo escrivéo e pela autoridade que a determinar: Art, 243. O mandado de busca devera: I - indicar, 0 mais precisamente possivel, a casa em que seré realizada a diligéncia nome do respectivo proprietario ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que tera de sofré-la ou os sinais que a identifiquem; I- mencionar 0 motivo e os fins da diligéncia; III - ser subscrito pelo escrivlo e assinado pela autoridade que o fizer expedir. § 10 Se houver ordem de priséo, constaré do préprio texto do mandado de busca. § 20 Nao serd permitida a apreensio de documento em poder do defensor do acusado, salve quando constituir elemento do corpo de delito. = E no caso de a diligéncia ter de ser realizada no escritério de advogado? Nos termos do art. 7°, §6° do Estatuto da OAB, alguns requisitos devem ser observados: * Deve haver indicios de autoria e materialidade de crime praticado PELO PROPRIO ADVOGADO; * Decretac&o da quebra da inviolabilidade pela autoridade Judicidria competente; + Decisdo fundamentada; + Acompanhamento da diligéncia por um representante da OAB; Na verdade, as Unicas diferencas em relacdo a regra geral séo a necessidade de que o crime tenha sido praticado pelo PROPRIO ADVOGADO e que acompanhe a diligéncia um representante da OAB. Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 33. de 98 1.10.2 Busca pessoal A busca pessoal é aquela realizada em pessoas, com a finalidade de encontrar arma pro 240 do CPP: § 20 Proceder-se-& busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do paragrafo anterior. ida ou determinados objetos. Nos termos do § 2° do art. Ao contrério da busca domiciliar, podera ser feita de maneira menos formal, podendo ser decretada pela autoridade policial e seus agentes, ou pela autoridade judicial. Entretanto, mesmo nesse caso, a realizacéio da busca deve se basear em FUNDADAS SUSPEITAS de que o individuo se encontre em alguma das hipéteses previstas no CPP. A Doutrina entende que o termo “fundadas suspeitas” denota uma situacdo mais fragil que o termo “fundadas razées”, que devem ser bastante claras e robustas. © CPP, de forma a compatibilizar a medida com os principios da dignidade da pessoa humana, determina que a busca pessoal em mulher sera realizada por outra mulher, se ndo prejudicar a diligéncia: Art, 249. A busca em mulher serd feita por outra mulher, se nao importar retardamento ou prejuizo da diligéncia. Pode a busca pessoal ser realizada em localidade diversa daquela na qual a autoridade exerce seu poder? Em regra, nao. Contudo, 0 CPP admite essa possibilidade no caso de haver perseguicéo, tendo esta se iniciado no local onde a autoridade possui “Jurisdicao”. Art, 250, A autoridade ou seus agentes poderao penetrar no territério de jurisdicao alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreens3o, forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se 4 competente autoridade local, antes da diligéncia ou apés, conforme a urgéncia desta. § 1° do CPP explica o que se entende por situagao de perseguigao: § 10 Entender-se-d que a autoridade ou seus agentes vao em seguimento da pessoa ou coisa, quando: a) tendo conhecimento direto de sua remocSo ou transporte, a seguirem sem interrupgao, embora depois a percam de vista; ) ainda que ngo a tenham avistado, mas sabendo, por informacées fidedignas ou circunstancias indiciérias, que esta sendo removida ou transportada em determinada direcao, forem ao seu encalco. Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 34 de 98 ISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES CODIGO DE PROCESSSO PENAL Arts. 158 a 250 do CPP - Regulamentam as espécies de prova no CPP, bem como a busca e apreensa DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERICIAS EM GERAL Art, 158, Quando a infracéo deixar vestigios, serd indispensavel 0 exame de corpo de delito, direto ou indireto, no podendo supri-to a confisséo do acusado. Art. 159. O exame de corpo de delito e outras pericias sero realizados por perito oficial, portader de diploma de curso superior. (Redacso dada pela Lei n° 11.690, de 2008) § 10 Na falta de perito oficial, o exame seré realizado por 2 (duas) pessoas idéneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na area especifica, dentre as que tiverem habilitacao técnica relacionada com a natureza do exame. (Redacdo dada pela Lei n® 11.690, de 2008) § 20 Os peritos nao oficials prestaréo 0 compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. (Redacdo dada pela Lei n° 11.690, de 2008) § 30 Serio facultadas ao Ministério Publico, ao assistente de acusacdo, ao ofendido, 20 querelante e 20 acusado a formulacao de quesitos e indicacao de assistente técnico. (Incluido pela Lei n° 11.690, de 2008) § do O assistente técnico atuaré a partir de sua admissao pelo juiz e apés a concluséo dos exames ¢ elaboracdo do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisao. (Incluido pela Lei n® 11.690, de 2008) § 50 Durante 0 curso do processo judicial, é permitide as partes, quanto 4 pericia: (Incluido pela Lei n° 11.690, de 2008) I~ requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que 0 mandado de intimacdo e os quesitos ou questées a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedéncia minima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; (Incluido pela Lei n° 11.690, de 2008) I! ~ indicar assistentes técnicos que poderao apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiéncia. (Inclufdo pela Lei n° 11.690, de 2008) § 60 Havendo requerimento das partes, o material probatério que serviu de base 8 pericia seré disponibilizado no ambiente do érgéo oficial, que manterd sempre sua guarda, e na presenca de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossivel a sua conservacao. (Incluido pela Lei n° 11,690, de 2008) § 70 Tratando-se de pericia complexa que abranja mais de uma érea de conhecimento ‘especializado, poder-se-d designar a atuacao de mais de um perito oficial, e 2 parte indicar mais de um assistente técnico. (Incluido pela Lei n° 11.690, de 2008) Art. 160. Os peritos elaborarao o laudo pericial, onde descreverao minuciosamente o que examinarem, e respondergo aos quesitos formulados. (Redacdo dada pela Lei n° 8.862, de 28.3.1994) Parégrafo Unico. 0 laudo pericial seré elaborado no prazo maximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redacao dada pela Lei n® 8.862, de 28.3.1994) Art, 161. O exame de corpo de delito poderd ser feito em qualquer dia e a qualquer hora, Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 35 de 98 Art, 162. A autépsia seré feita pelo menos seis horas depois do ébito, salvo se os peritos, pela evidencia dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, 0 que declararao no auto. Paragrafo tinico. Nos casos de morte violenta, bastard o simples exame externo do cadaver, quando no houver infracdo penal que apurar, ou quando as lesdes externas permitirem precisar a causa da morte e nao houver necessidade de exame interno para a verificacao de alguma circunstancia relevante. Art. 163. Em caso de exumago para exame cadavérico, a autoridade providenciaré para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligéncie, da qual se lavraré auto circunstanciado. Paragrafo Unico, O administrador de cemitério puiblico ou particular indicaré 0 lugar da sepultura, sob pena de desobediéncia. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se 0 cadaver em lugar nao destinado a inumacées, a autoridade procederd 4s pesquisas necessérias, o que tudo constaré do auto. Art, 164. Os cadaveres sero sempre fotografados na posi¢go em que forem encontrados, bem como, na medida do possivel, todas as lesées externas e vestigios deixados no local do crime. (Redacao dada pela Lei n? 8.862, de 28,3,1994) Art, 165. Para representar as lesées encontradas no cadaver, os peritos, quando possivel, juntarao ao laudo do exame provas fotogrdficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. Art, 166, Havendo divida sobre a identidade do cadéver exumado, proceder-se-é a0 reconhecimento pelo Instituto de Identificacao e Estatistica ou reparti¢go congénere ‘ou pela inquiricgo de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverd o cadaver, com todos os sinais e indicacées, Paragrato nico. Em qualquer caso, serio arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser teis para a identificaggo do cadaver. Art, 167. Nao sendo possivel 0 exame de corpo de delito, por haverem desaparecido (0s vestigios, a prova testemunhal poder suprir-Ihe a falta. Art. 168. Em caso de lesées corporais, se 0 primeira exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-4 a exame complementar por determinacao da autoridade policial ou judiciéria, de oficio, ou a requerimento do Ministério Publico, do ofendido ‘ou do acusado, ou de seu defensor. § 10 No exame complementar, os peritos terao presente 0 auto de corpo de delito, a fim de suprir-ihe a deficiéncia ou retificd-lo. § 20. Se 0 exame tiver por fim precisar a classificacao do delito no art. 129, § 10, I, do Cédigo Penal, deverd ser feito logo que decorra 0 prazo de 30 dias, contado da data do crime. § 30 A falta de exame complementar poderd ser suprida pela prova testemunhal. Art, 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infracéo, 2 autoridade providenciaré imediatamente para que nao se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderdo instruir seus laudos com fotografias, desenhos ‘ou esquemas elucidativos. (Vide Lei n° 5.970, de 1973) Paragrafo nico. Os peritos registrarao, no laudo, as alteracdes do estado das coisas e discutirdo, no relatério, as conseqiiéncias dessas alteracées na dindmica dos fatos. (ncluido pela Lei n° 8.862, de 28.3.1994) Art. 170. Nas pericias de laboratério, os peritos guardargo material suficiente para a eventualidade de nova pericia. Sempre que conveniente, os laudos serdo ilustrados com provas fotogréficas, ou microfotogréficas, desenhos ou esquemas. Art. 171. Nos crimes cometidos com destrui¢éo ou rompimento de obstéculo a subtraggo da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com.br 36 de 98 vestigios, indicargo com que instrumentos, por que meios € em que época presumem ter sido 0 fato praticado. Art. 172. Proceder-se-3, quando necessdrio, 4 avaliagio de coisas destruidas, deterioradas ou que constituam produto do crime. Pardgrafo Unico. Se impossivel a avaliacdo direta, os peritos procedergo 4 avaliacéo por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligéncias. Art. 173. No caso de incéndio, os peritos verificardo a causa e 0 lugar em que houver comecado, 0 perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patriménio alheio, 2 extensdo do dano e o seu valor e as demais circunsténcias que interessarem & elucidacao do fato. Art. 174, No exame para o reconhecimento de escritos, por comparacao de letra, observar-se-4 0 seguinte: I~ a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito sera intimada para 0 ato, se for encontrada; II - para a comparacao, poderao servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou ja tiverem sido judicialmente reconhecides como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade ndo houver divida; Il - a autoridade, quando necessario, requisitar, para o exame, os documentos que ‘existirem em arquivos ou estabelecimentos publicos, ou nestes realizar a diligéncia, se dai no puderem ser retirados; IV quando no houver escritos para a comparacao ou forem insuficientes os exibidos, 2 autoridade mandaré que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente 2 pessoa, mas em lugar certo, esta Ultima diligéncia poderd ser feita por precatéria, em que se consignardo as palavras que a pessoa seré intimada a escrever. Art. 175. Seréo sujeltos a exame os instrumentos empregados para a pritica da infracdo, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiéncia. Art. 176, A autoridade e as partes podergo formular quesitos até 0 ato da diligéncia. Art. 177. No exame por precatéria, a nomeacdo dos peritos far-se-d no juizo deprecado. Havendo, porém, no caso de acao privada, acordo das partes, essa nomeacao poders ser feita pelo juiz deprecante. Pardgrafo nico. Os quesitos do juiz e das partes sero transcritos na precatéria. Art. 178, No caso do art, 159, o exame seré requisitado pela autoridade ao diretor da reparticSo, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos. Art. 179, No caso do § 10 do art. 159, 0 escrivao lavrard o auto respective, que serd assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade. Paragrafo Unico. No caso do art. 160, paragrafo Unico, 0 laudo, que poderd ser datilografado, seré subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos. Art. 180. Se houver divergéncia entre os peritos, serao consignadas no auto do exame as declaracées e respostas de um e de outro, ou cada um redigiré separadamente 0 seu laudo, e a autoridade nomeard um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderd mandar proceder a novo exame por outros peritos. Art, 181. No caso de inobservancia de formalidades, ou no caso de omissées, ‘obscuridades ou contradigées, a autoridade judicidria mandaré suprir a formalidade, complementar ou esclarecer 0 laudo. (Redacao dada pela Lei n° 8.862, de 28.3.1994) Parégrafo Unico. A autoridade poders também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente, Art. 182. 0 julz ndo ficard adstrito ao laudo, podendo aceité-lo ou refeitd-lo, no todo ou em parte. Art, 183. Nos crimes em que néo couber ac3o publica, observar-se-d 0 disposto no art. 19. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 98 Art, 184. Salvo 0 caso de exame de corpo de delito, o juiz oy a autoridade policial negard a pericia requerida pelas partes, quando nao for necesséria ao esclarecimento da verdade. CAPETULO TT DO INTERROGATORIO DO ACUSADO Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciéria, no curso do processo penal, seré qualificado e interrogado na presenca de seu defensor, constituide ou nomeado. — (Redaco dada pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) § 10 © interrogatério do réu preso seré realizado, em sala prépria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a seguranca do juiz, do membro do Ministério Pablico e dos auxiliares bem como a presenca do defensor e a publicidade do ato. (Redacéo dada pela Lei n° 11.900, de 2009) § 20 Excepcionalmente, o juiz, por deciséo fundamentada, de oficio ou a requerimento das partes, poderd realizar o interrogatério do réu preso por sistema de videoconferéncia ou outro recurso tecnolégico de transmisséo de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessaria para atender a uma das seguintes finalidades: (Redacao dada pela Lei n° 11.900, de 2009) 1 - prevenir risco & seguranca piiblica, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizacao criminosa ou de que, por outra razao, possa fugir durante o deslocamento; (Incluido pela Lei n® 11.900, de 2009) IL - viabilizar a participagao do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em julzo, por enfermidade ou outra circunsténcia pessoal; (Incluido pela Lei n° 11.900, de 2009) I - impedir a influéncia do réu no animo de testemunha ou da vitima, desde que no seja possivel colher 0 depoimento destas por videoconferéncia, nos termos do art. 217 deste Cédigo; (Inclufdo pela Lei n° 11.900, de 2009) IV - responder & gravissima questao de ordem publica » (Incluide pela Lei n? 11.900, de 2009) § 30 Da decisSo que determinar a realizacao de interrogatério por videoconferéncia, 8s partes sero intimadas com 10 (dez) dias de antecedéncia. (Inclufdo pela Let n° 11.900, de 2009) § 40 Antes do interrogatério por videoconferéncia, 0 preso poderé acompanhar, pelo mesmo sistema tecnolégico, a realizacdo de todos os atos da audiéncia Unica de instrugo © julgamento de que tratam os arts. 400, 411 € 531 deste Codigo, (Incluido pela Lei n® 11.900, de 2009) § So Em qualquer modalidade de interrogatério, o juiz garantiré ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; Se realizado por videoconferéncia, fica também garantido 0 acesso a canais telefénicos reservados para comunicacao entre o defensor que esteja no presidio © 0 advogado presente na sala de audiéncia do Férum, e entre este € 0 preso. (Inclufdo pela Lei n® 11.900, de 2009) § 60 A sala reservada no estabelecimento prisional para a realizacdo de atos processuais por sistema de videoconferéncia sera fiscalizada pelos corregedores e pelo Juiz de cada causa, como também pelo Ministério Pablico e pela Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluido pela Lei n° 11.900, de 2009) § 70 Seré requisitada a apresentacdo do réu preso em julzo nas hipéteses em que 0 interrogatorio nao se realizar na forma prevista nos §§ 1o e 20 deste artigo. (Incluido pela Lei n° 11.900, de 2009) § 80 Aplica-se 0 disposto nos §§ 20, 30, 40 e So deste artigo, no que couber, rrealizacao de outros atos processuais que dependam da participacao de pessoa que esteja presa, como acareacdo, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquiricso de Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com.br 38 de 98 testemunha ou tomada de declaracées do ofendido. (Incluido pela Lei n® 11.900, de 2009) § 90 Na hipdtese do § 8o deste artigo, fica garantido 0 acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor. (incluido pela Lei n° 11.900, de 2009) § 10. Do interrogatério deveré constar a informacéo sobre 2 existéncia de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiéncia e o nome e o contato de eventual responsdvel pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluido pela Lei n® 13.257, de 2016) Art, 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusaco, acusado ser informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatério, do seu direito de permanecer calado e de ndo responder perguntas que lhe forem formuladas. (Redacao dada pela Lei n° 10.792, de 19, 12.2003) Paragrafo unico. O siléncio, que nao importaré em confisséo, nao poderé ser interpretado em prejuizo da defesa. _(Incluido pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) Art. 187. 0 interrogatério seré constituido de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre osfatos. _ (Redacao dada pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) § 10 Na primeira parte o interrogando seré perguntado sobre a residéncia, meios de Vida ou profissdo, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual 0 julzo do processo, se houve suspensdo condicional ou condenacéo, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais. (incluido pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) § 20 Na segunda parte serd perguntado sobre: (incluido pela Lei n® 10.792, de 1°,12.2003) I - ser verdadeira a acusacao que Ihe é feita; (ncluido pela Lei n° 10.792, de 10,12.2003) It - no sendo verdadeira a acusacao, se tem algum motivo particular a que atribul- la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a pratica do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prética da infracdo ou depois dela; (incluido pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) IIT - onde estava a0 tempo em que foi cometida a infracdo e se teve noticia desta; (incluido pela Lei n° 10.792, de 1°,12,2003) IV - as provas jé apuradas; (Incluido pela Lei n® 10.792, de 19.12.2003) V- se conhece as vitimas e testemunhas jé inquiridas ou por inquirir, e desde quando, ese tem o que alegar contra elas; (Incluido pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infracéo, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido; —_—_(Incluido pela Lei n® 10.792, de 19.12.2003) VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam 4 elucidacéo dos antecedentes e circunstancias da infracio; (Incluido pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. _(Incluido pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) Art. 188. Apds proceder 20 interrogatério, o juiz indagara das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. (Redacao dada pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) Art. 189. Se o interrogande negar a acusa¢o, no todo ou em parte, poderd prestar esclarecimentos e indicar provas. (Redacao dada pela Lei n° 10.792, de 10.12.2003) Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com.br 39 de 98 Art_190, Se confessar a autoria, seré perguntado sobre os motivos e circunsténcias do fato e se outras pessoas concorreram para a infraco, e quais sejam. — (Redacéo dada pela Lei n® 10.792, de 19.12.2003) Art. 191. Consignar-se-30 as perguntas que 0 réu deixar de responder @ as razdes que invocar para nao fazé-o. Art, 191. Havendo mais de um acusado, serao interrogados separadamente. (Redacdo dada pela Lei n° 10.792, de 19, 12,2003) Art, 192, 0 interrogatério do mudo, do surdo ou do surdo-mudo seré feito pela forma seguinte: (Redagao dada pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) I - a0 surdo serio apresentadas por escrito as perguntas, que ele responders ‘oralmente; _(Redacdo dada pela Lei n® 10.792, de 19.12.2003) II - a0 mudo as perguntas serio feitas oralmente, respondendo-as por escrito; (Redacao dada pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) IIT - a0 surdo-mudo as perguntas sero formuladas por escrito e do mesmo modo dard as respostas. (Redacdo dada pela Lei n® 10.792, de 19.12.2003) Paragrafo tnico. Caso o interrogando ngo saiba ler ou escrever, intervird no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendé-lo, (Redacao dada pela Lei n® 10.792, de 19.12.2003) Art. 193. Quando 0 interrogando no falar a lingua nacional, o interrogatério sera feito por meio de intérprete. (RedagSo dada pela Lei n° 10.792, de 1°.12.2003) Art, 194. (Revogado pela Lei n? 10.792, de 19.12.2003) Art. 195, Se o interrogado no souber escrever, no puder ou no quiser assinar, tal fato seré consignadonotermo. (Redaco dada pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) Art, 196, A todo tempo o juiz poderé proceder a novo interrogatério de oficio ou a pedido fundamentado de qualquer das partes. (Redacéo dada pela Lei n° 10.792, de 19.12.2003) CAPITULO IV DA CONFISSAO Art, 197. 0 valor da confisséo se aferiré pelos critérios adotados para os outros ‘elementos de prova, e para a sua apreciacao 0 juiz deverd confronté-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordéncia. Art, 198. 0 siléncio do acusado néo importaré confisséo, mas poderé constituir elemento para a formacao do convencimento do juiz. Art, 199, A confiss30, quando feita fora do interrogatério, seré tomada por termo nos autos, observado o disposto no art. 195. Art. 200, A confissao sera divisivel e retratavel, sem prejuizo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto. CAPITULO V DO OFENDIDO (Redagao dada pela Lei n° 11.690, de 2008) Art. 201, Sempre que possivel, o ofendido serd qualificado e perguntado sobre as circunsténcias da infracao, quem seja ou presuma ser 0 seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declaracées. (Redacao dada pela Lei n° 11.690, de 2008) Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com.br 40 de 98 § 10 Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, 0 ofendido poder ser conduzido & presenca da autoridade. (Inclufdo pela Lei n° 11.690, de 2008) § 20 O ofendido seré comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e a saida do acusado da prisao, 4 designaco de data para audiéncia e & sentenca e respectivos acérdos que a mantenham ou modifiquem. (Incluido pela Lei n° 11.690, de 2008) § 30 As comunicacées ao ofendido deverao ser feitas no endereco por ele indicado, admitindo-se, por opcae do ofendido, 0 uso de meio eletrénico. (Incluido pela Lei n® 11.690, de 2008) § 40 Antes do inicio da audiéncia e durante a sua realizacao, serd reservado espaco separado para 0 ofendido, (Incluido pela Lei n° 11.690, de 2008) § 50 Se o juiz entender necessério, poder encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas dreas psicossocial, de assisténcia juridica e de salide, a expensas do ofensor ou do Estado, (Incluido pela Lei n® 11.690, de 2008) § 60 0 juiz tomard as providéncias necessdrias 4 preservacdo da Intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de Justica em relacao aos dados, depoimentos e outras informacées constantes dos autos 2 Seu respeito para evitar sua exposicao aos meios de comunicagéo. (Incluido pela Lei n® 11.690, de 2008) CAPITULO VI DAS TESTEMUNHAS Art, 202, Toda pessoa poderd ser testemunha, Art. 203. A testemunha fard, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residéncia, sua profissao, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, @ em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relacdes com qualquer delas, relatar o que souber, explicando sempre as raz6es de sua ciéncia ou as circunstancias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade. Art, 204, © depoimento seré prestado oralmente, nao sendo permitido 4 testemunha trazé-lo por escrito. Pardgrafo Unico. Nao seré vedada 4 testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos. Art. 205, Se ocorrer diivida sobre a identidade da testemunha, o juiz procederé 8 verificagao pelos meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo. Art. 206. A testemunha nio poderé eximir-se da obrigacdo de depor. Poderao, entretanto, recusar-se a fazé-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, 0 cénjuge, ainda que desquitado, o irmo e o pai, a mae, ou 0 filho adotivo do acusado, salvo quando nio for possivel, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunsténcias. Art. 207. Sao proibidas de depor as pessoas que, em razéo de fungéo, ministério, oficio ou profissée, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar 0 seu testemunho. Art. 208, No se deferiré 0 compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem as pessoas 2 que se refere 0 art. 206. Art, 209. 0 juiz, quando julgar necessério, poderd ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. § 10 Se ao juiz parecer conveniente, serso ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com.br 41 de 98 § 20 Nao seré computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse 3 decisao da causa. Art, 210. As testemunhas serao inquiridas cada uma de per si, de modo que umas no saibam nem oucam os depoimentos das outras, devendo o julz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. (Redacdo dada pela Lei n° 11.690, de 2008) Pardgrafo Unico. Antes do inicio da audiéncia e durante a sua realizacdo, seréo reservados espacos separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas. (Incluido pela Lei n® 11.690, de 2008) Art. 211, Se 0 juiz, a0 pronunciar sentenca final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmacao falsa, calou ou negou a verdade, remeterd cépia do depoimento 2 autoridade policial para a instauracao de inquérito. Pardgrafo Unico. Tendo o depoimento sido prestado em plenério de julgamento, 0 Juiz, no caso de proferir decisao na audiéncia (art. 538, § 20), 0 tribunal (art. 561), ‘ou 0 conselho de sentenca, apés a votacao dos quesitos, poderso fazer apresentar imediatamente a testemunha a autoridade policial. Art, 212. As perguntas serao formuladas pelas partes diretamente & testemunha, néo admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, ndo tiverem relac3o com a causa ou importarem na repeticdo de outra j4 respondida. (Redacdo dada pela Lei n? 11.690, de 2008) Paragrafo unico. Sobre os pontos no esclarecidos, o juiz poderé complementar a inquiri¢ao. (Incluido pela Lei n° 11.690, de 2008) Art. 213. O juiz no permitird que a testemunha manifeste suas apreciagées pessoais, salvo quando insepardveis da narrativa do fato. Art. 214. Antes de iniciado 0 depoimento, as partes poderso contraditar a testemunha ‘ou arguir circunstancias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fard consignar a contradita ou argiicao e a resposta da testemunha, mas 56 excluird a testemunha ou nao Ihe deferiré compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208. Art. 215. Na redacdo do depoimento, o juiz deverd cingir-se, tanto quanto possivel, as expressdes usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as suas frases, Art. 216. O depoimento da testemunha seré reduzido a termo, assinado por ela, pelo Juiz e pelas partes, Se a testemunha néo souber assinar, ou nao puder fazé-lo, pediré @ alguém que o faca por ela, depois de lido na presenca de ambos, Art. 217. Se o juiz verificar que a presenca do réu poderd causar humilhagao, temor, ‘ou sério constrangimento 3 testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, faré a inquirico por videoconferéncia e, somente na impossibilidade dessa forma, determinard a retirada do réu, prosseguindo na inquirieio, com a presenca do seu defensor. (RedacSo dada pela Lei n° 11.690, de 2008) Pardgrafo Unico. A adogo de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverd constar do termo, assim como os motives que a determinaram. (Incluido pela Lei n® 11.690, de 2008) Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo Justificade, o juiz poderé requisitar 4 autoridade policial 2 sua apresentacéo ou ‘determinar seja conduzida por oficial de justica, que poderd solicitar 0 auxilio da forca publica. Art, 219, O juiz poderé aplicar 4 testemunha faltosa a multa prevista no art, 453, sem prejuizo do processo penal por crime de desobediéncia, e condend-la ao pagamento das custas da diligéncia. (Redacao dada pela Lei n® 6.416, de 24.5.1977) Art, 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, sero inquiridas onde estiverem. Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com.br 42. de 98 Art, 221. O Presidente e 0 Vice-Presidente da Republica, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territérios, os secretérios de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municipios, os deputados as Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciario, os ministros juizes dos Tribunais de Contas da Unido, dos Estados, do Distrito Federal, bem como 5 do Tribunal Maritimo sero inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e 0 juiz. (Redacdo dada pela Lei n° 3.653, de 4,11.1959) § 10 O Presidente e 0 Vice-Presidente da Republica, os presidentes do Senado Federal, da Camara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderao optar pela prestac3o de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes sero transmitidas por oficio. (Redacao dada pela Lei 1° 6.416, de 24.5.1977) § 20 Os militares deveréo ser requisitados 4 autoridade superior. (Redacéo dada pela Lei n° 6.416, de 24.5.1977) § 30 Aos funcionérios publicos aplicar-se-é 0 disposto no art. 218, devendo, porém, expedicao do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da reparticao em que Servirem, com indicacao do dia e da hora marcados. (Incluido pela Lei n° 6.416, de 24.5.1977) Art, 222. A testemunha que morar fora da jurisdicio do juiz sera inquirida pelo juiz do lugar de sua residéncia, expedindo-se, para esse fim, carta precatéria, com prazo razoavel, intimadas as partes. § 10 A expedicao da precatéria no suspendera a instru¢so criminal. § 20 Findo o prazo marcado, poderd realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a precatéria, uma vez devolvida, serd junta aos autos. § 30 Na hipétese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderd ser realizada por meio de videoconferéncia ou outro recurso tecnolégico de transmissao de sons e imagens em tempo real, permitida a presenca do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realizacéo da audiéncia de instrucao e julgamento. (Incluido pela Lei n° 11.900, de 2009) Art, 222-A. As cartas rogatérias s6 serao expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio. (Incluido pela Lei n° 11,900, de 2009) Paragrafo Unico. Aplica-se as cartas rogatérias 0 disposto nos §§ 1o e 20 do art. 222 deste Cédigo. (Incluido pela Lei n® 11.900, de 2009) Art, 223. Quando a testemunha néo conhecer a lingua nacional, seré nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas. Parégrafo Unico, Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo, proceder-se-d na conformidade do art. 192. Art. 224. As testemunhas comunicaréo ao julz, dentro de um ano, qualquer mudanca de residéncia, sujeitando-se, pela simples omissao, as penas do no-comparecimento. Art, 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrucao criminal jé ndo exista, 0 juiz poder’, de oficio ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-ihe antecipadamente 0 depoimento. capiTuLo vit DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS £ COISAS Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se 0 reconhecimento de pessoa, proceder-se-8 pela seguinte forma: Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com.br 43.598 I~ a pessoa que tiver de fazer 0 reconhecimento sera convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida; Ii - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, serd colocada, se possivel, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhanca, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a aponts-la; III - se houver razéo para recear que 3 pessoa chamada para o reconhecimento, por feito de intimidacao ou outra influéncia, ndo diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciaré para que esta nao veje aquela; IV ~ do ato de reconhecimento lavrar-se-d auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais. Pardgrafo Unico. 0 disposto no no III deste artigo no ter aplicacao na fase da instrugao criminal ou em plenério de julgamento. Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-4 com as cautelas estabelecidas ‘no artigo anterior, no que for aplicvel. Art, 228. Se varias forem as pessoas chamadas a efetuar 0 reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma faré a prova em separado, evitando-se qualquer comunicacao entre elas. CAPITULO VIIE DA ACAREACAO Art, 229, A acareacdo serd admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declaracées, sobre fatos ou circunsténcias relevantes. Parégrafo \inico. Os acareados sero reperguntados, para que expliquem os pontos de divergéncias, reduzindo-se a termo 0 ato de acareacéo. Art, 230, Se ausente alguma testemunha, cujas declaracées divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se dargo a conhecer os pontos da divergéncia, consignando-se no auto 0 que explicar ou observar. Se subsistir a discorddncia, expedir-se-8 precatoria 4 autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as declaracées desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como 0 texto do referido auto, 2 fim de que se complete a diligéncia, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente, Esta diligéncia sé se realizara quando nao importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente. CAPITULO IX DOS DOCUMENTOS Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderao apresentar documentos em qualquer fase do proceso, Art, 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, piblicos ou particulares, Parégrafo unico. A fotografia do documento, devidamente autenticada, se dard o mesmo valor do original. Art_233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, ndo sero admitidas em juizo. Pardgrafo tnico. As cartas poderao ser exibidas em juizo pelo respectivo destinatario, para a defesa de seu direito, ainda que nao haja consentimento do signatario. Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com.br 44 de 98 Art, 234, Se 0 juiz tiver noticia da existéncia de documento relativo a ponto relevante da acusacao ou da defesa, providenciard, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possivel. Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serdo submetidas a exame pericial, quando contestada a sua autenticidade. Art. 236. Os documentos em lingua estrangeira, sem prejuizo de sua juntada imediata, sero, se necessério, traduzidos por tradutor publico, ou, na falta, por pessoa idénea nomeada pela autoridade. Art, 237. As publicas-formas sé terao valor quando conferidas com 0 original, em presenca da autoridade. Art. 238. Os documentos originais, juntos a proceso findo, quando ndo exista motivo relevante que justifique a sua conservacSo nos autos, poderéo, mediante requerimento, e ouvido 0 Ministério Publico, ser entregues 4 parte que os produziu, ficando traslado nos autos. CAPITULO X Dos INDicIos Art. 239. Considera-se indicio a circunstancia conhecida e provada, que, tendo relacéo com 0 fato, autorize, por induce, concluir-se a existéncia de outra ou outras cireunstancias. CAPITULO XI DA BUSCA E DA APREENSAO Art. 240, A busca serd domiciliar ou pessoal. § 10 Proceder-se-8 4 busca domiciliar, quando fundadas raz6es a autorizarem, para: 2) prender criminosos; b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; ¢) apreender instrumentos de falsifica¢ao ou de contrafacao e objetos falsificados ou contrafeitos; d) apreender armas e munigées, instrumentos utilizados na pratica de crime ou destinades a fim delituoso; ) descobrir objetos necessérios a prova de infracao ou 4 defesa do réu; £) aprender cartas, abertas ou no, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que 0 conhecimento do seu contetido possa ser itil 3 elucidacao do fato; 9g) apreender pessoas vitimas de crimes; ‘h) colher qualquer elemento de conviccao. § 20 Proceder-se-d a busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém ‘eculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do paragrafo anterior. Art. 241. Quando a prépria autoridade policial ou judiciéria néo a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverd ser precedida da expedic¢ao de mandado, Art. 242. A busca poderd ser determinada de oficio ou a requerimento de qualquer das partes, Art. 243, © mandado de busca deveré: I - indicar, 0 mais precisamente possivel, a casa em que seré realizada a diligéncia e ‘© nome do respectivo proprietario ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terd de sofré-la ou os sinais que a identifiquem; Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 98 IL mencionar 0 motivo e os fins da diligéncia; III ser subscrito pelo escrivao e assinado pela autoridade que o fizer expedir. § 10 Se houver ordem de priséo, constaré do préprio texto do mandado de busca, § 20 Nao serd permitida a apreenso de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito. Art. 244. A busca pessoal independeré de mandado, no caso de pris3o ou quando houver fundada suspeita de que 2 pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. Art. 245. As buscas domiciliares seréo executadas de dia, salvo se 0 morador consentir que se realizem 4 noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarao e lerao 0 mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. § 10 Sea prépria autoridade der a busca, declarard previamente sua qualidade eo objeto da diligéncia. § 20 Em caso de desobediéncia, seré arrombada a porta e forcada a entrada. § 30 Recalcitrando 0 morador, sera permitida 0 emprego de forca contra coisas existentes no interior da casa, para 0 descobrimenta do que se procura. § 40 Observar-se-4 0 disposto nos §§ 20 e 30, quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir 8 diligéncia qualquer vizinho, se houver e estiver presente. § 50 Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador ser intimado 2 mostré-la, § 60 Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, sera imediatamente apreendida e posta sob custédia da autoridade ou de seus agentes. § 70 Finda a diligéncia, os executores lavrarao auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem prejuizo do disposto no § 40. Art. 246. Aplicar-se-4 também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitacao coletiva ou em compartimento no aberto ao publico, onde alguém exercer profisséo ou atividade. Art. 247. Nao sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligéncia ‘sero comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer. Art. 248. Em casa habitada, a busca serd feita de modo que no moleste os moradores mais do que 0 indispensdvel para o éxito da diligéncia. Art, 249, A busca em mulher sera feita por outra mulher, se no importar retardamento ou prejuizo da diligéncia. Art. 250, A autoridade ou seus agentes poderso penetrar no territério de jurisdicéo alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensio, forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se 4 competente autoridade Jocal, antes da diligéncia ou apés, conforme a urgéncia desta. § 10 Entender-se-d que a autoridade ou seus agentes vo em seguimento da pessoa ‘0u coisa, quando: a) tendo conhecimento direto de sua remocéo ou transporte, a seguirem sem interrupséo, embora depois a percam de vista; ) ainda que n3o a tenham avistado, mas sabendo, por informacées fidedignas ou circunstancias indiciérias, que esta sendo removida ou transportada em determinada diregao, forem ao seu encalso. Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com.br 46 de 98 § 20 Se as autoridades locas tiverem fundadas razbes pare duvidar de legitmidade 1S que, nas referidas diligéncias, entrarem pelos seus distritos, ou da vegehtede dos mandados que apresentarem, poderso exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que néo se frustre a diligéncia. 3 SU 3.1 Sdmulas do STF % Sdmula 155 do STF - O STF sumulou entendimento no sentido de que, embora seja necesséria a intimacao acerca da expedicao de precatéria para oitiva de testemunha, sua auséncia é causa de nulidade relativa: Simula 155 do STF - “E relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimagao da expedicao de precatéria para inquiricao de testemunha.” LAS PERTINENTES 3.2 Sdmulas do STI ® Sdmula 74 do STJ: O STJ sumulou entendimento no sentido de que a prova da MENORIDADE penal somente pode se dar mediante a apresentacao de documento habil, nado sendo possivel a prova de tal fato por outros meios (testemunhal, etc.). Tal entendimento configura excec&o ao sistema do livre convencimento do Juiz, j4 que, neste caso, temos um exemplo de prova tarifada, em que a prova documental é a UNICA aceita: ‘Sdmula 74 do STJ - PARA EFEITOS PENAIS, © RECONHECIMENTO DA MENORIDADE DO REU REQUER PROVA POR DOCUMENTO HABIL. 4 JURISPRUDENCIA CORRELAT! ‘% STF - HC 101021: Quando um dos réus atua como advogado em causa propria, ele n&o podera acompanhar o interrogatério do corréu. Contudo, como também no pode ficar sem defesa técnica, (pois 0 advogado do réu sempre deve estar presente no interrogatério do corréu), deverd o Juiz franquear a este réu 0 direito de constituir patrono para a pratica do ato (acompanhar o interrogatério do corréu) ou, caso nao 0 faca, designar defensor dativo. Este foi o entendimento manifestado pelo STF: Ementa: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. INTERROGATORIO DE CORREUS REALIZADO SEPARADAMENTE. ART. 191 CPP. PACIENTE ADVOGANDO EM CAUSA PROPRIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. AUSENCIA DE PREJUIZO. ORDEM DENEGADA. 1. Possibilidade de os interrogatérios de corréus serem realizados separadamente, em cumprimento ao que dispde 0 art. 191 do Cédigo de Processo Penal. Precedente. 2. © fato de o paciente advc em causa propria nao é suficiente para afastar essa regra, pois, além d i iexistir razdo juridica para haver essa distingao entre acusados, a questao pode ser facilmente resolvida com a constituicdo de outro causidico para acompanhar especificamente 0 interrogatério do corréu. (...) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 98 20/05/2014, ACORDAO ELETRONICO DJe-110 DIVULG 06-06-2014 PUBLIC 09-06- (HC 101021, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 2014) % STJ - REsp 1453275/SC: O ST] decidiu que é indispensdvel o exame pericial no crime de “Exposigao de mercadoria em condicdes improprias ao consumo”: (...) "A venda de produtos impréprios ao uso e consumo constitui delito que deixa vestigios, send: ispensavel, nos termos do artigo 158 do Codigo de Processo Penal, a realizacao de exame pericial que ateste que a mercadoria efetivamente € imprépria para o consumo, nao bastando, para tanto, mero laudo de constatacdo que se limita a elencar a mercadoria apreendida. 2. Recurso provido. (REsp 1453275/SC, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 15/09/2015, DJe 01/10/2015)" % STJ - HC 301.708/SP: O ST) decidiu que é DESNECESSARIO 0 exame pericial para que possa ser aplicada a majorante do emprego de arma no crime de roubo: “(...) 2. A Terceira Seco do Superior Tribunal, no julgamento do dos Embargos de rgéncia n° 961.863/RS, firmou o entendimento no sentido de que a incidénci da majorante do inciso I do § 2° do art. 157 do Cédigo Penal prescinde da apreensio e pericia da arma empregada na pratica do crime de roubo, desde que demonstrado por outros meios de prova 0 uso na pratica do crime. 3. Na espécie, embora 0 artefato nao tenha sido apreendido e periciado, ficou devidamente comprovado por outros meios o emprego da arma de fogo no crime de roubo praticado pelos réus, entre eles o ora paciente. Gad (HC 301.708/SP, Rel. Ministro WALTER DE ALMEIDA GUILHERME (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO 1)/SP), QUINTA TURMA, julgado em 23/10/2014, DJe 05/11/2014) % STJ- HC 170,543/CE: 0 STJ decidiu que é DESNECESSARIO o exame pericial (para atestar a potencialidade lesiva da arma) para a configuracéo do crime de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido”, desde que tal fato possa ser provado por outros meios: “(...)2. A apreensao da arma de fogo de uso permitido é dispensavel para fins de configuracgao do crime previsto no artigo 14 da Lei n° 10.826/2003, sempre que a efetiva utilizacdo da arma ilegalmente portada restar demonstrada por outros meios de prova. Precedentes do STF. 3. No caso em epigrafe, ha depoimentos testemunhais coligidos aos autos que fazem referéncia nao somente ao porte de arma de fogo por todos os pacientes, como também mencionam disparos de arma de fogo efetuados por todos eles, de modo que no € possivel reconhecer a atipicidade defendida pelo impetrante sem proceder ao ‘exame aprofundado do contexto fatico-probatério, o que nao se mostra compativel com a via estreita do habeas corpus. 4. Ordem denegada. (HC 170.543/CE, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 21/10/2014, DJe 04/11/2014) Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com. 48 de 98 % STJ - AgRg no AREsp 558.432/DF: O ST] decidiu que se o exame de corpo de delito era indispensdvel e possivel de ser realizado mas, pela desidia do Estado, nao mais é possivel sua realizacao, nao pode ser suprido pela prova testemunhal “(s.) 1, Mostra-se necessdria 2 realizagdo do exame técnico-cientifico para qualificagéo do crime ou mesmo para sua tipificacdo, pois o exame de corpo de delito direto é imprescindivel nas infracées que deixam vestigios, podendo apenas ser suprido pela prova testemunhal quando nao puderem ser mais colhidos. Logo, se era possivel a realizado da pericia, e esta nao ocorreu de acordo com as normas pertinentes (art. 159 do CPP), a prova testemunhal eo exame indireto no suprem a sua auséncia. 2. Diante da desidia estatal, nao se mostra plausivel a substituigao do exame pericial por dados coletados nos depoimentos testemunhais, confissées ou fotos, nao sendo este argumento idéneo para substituir a prova técnica. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 558.432/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 07/10/2014, DJe 20/10/2014) % STJ - HC 208.663/SP: O ST) decidiu no sentido de que a auséncia acordo internacional bilateral para oitiva de testemunha que reside no exterior néo é fundamento para o indeferimento da prova, eis que ha possibilidade de utilizagao da carta rogatéria: “(...)1. Nas relagées jurisdicionais com autoridade estrangeira, 0 legislador ordinario estabeleceu, como regra, a via diplomatica para a pratica de atos processuais fora do territério nacional, instituindo a carta rogatoria como o seu instrumento, nos termos dos artigos 783 e sequintes do Cédigo de Processo Penal. 2. Os acordos de assisténcia juridica em matéria penal celebrados com diversos paises, por meio dos quais ¢ instituida uma via mais célere para @ pratica de atos processuais, n&o se confundem com o instituto da carta rogatéria. 3. A impossibilidade de se produzir a prova testemunhal pretendida pela defesa por intermédio do acordo bilateral celebrado com o Governo dos Estados Unidos da América nao é fundamento, por si s6, para o indeferimento do pleito, tendo em vista a existéncia da via diplomatica residual representada pela carta rogatéria, desde que preenchidos os requisitos previstos nos artigos 222-A e 783, ambos do Cédigo de Processo Penal, cujo ‘cumprimento ou nao é decisao soberana do Pais requerido. Ga) (HC 208.663/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 02/10/2014, Die 10/10/2014)" % STJ - RHC 51.232/DF: O ST) decidiu no sentido de que, n&o obstante o teor do verbete n° 455 de sua sumula de jurisprudéncia predominante, admite-se a antecipagao da oitiva de agentes policiais (prova testemunhal) em casos de suspensao do processo em razéo de citag3o por edital: ™(...) 1. © atuar constante no combate & criminalidade expde o agente da seguranca piiblica a inimeras situagées conflitucsas com 0 ordenamento juridico, sendo certo que as peculiaridades de cada uma acabam se perdendo em sua meméria, seja pela frequancia com que ocorrem, ou pela propria similitude dos fatos, sendo invigvel a exigéncia de qualquer esforso intelectivo que ultrapasse a normalidade para que estes Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com.br 49:42 96 Profissionais colaborem com a Justiga apenas quando o acusado se submeta ao contraditério deflagrado na acao penal. 2. Este € 0 tipo de situacao que justifica a producao antecipada da prova testemunhal, pois além da proximidade temporal com a ocorréncia dos fatos proporcionar uma maior fidelidade das declaracées, possibilita o registro oficial da versao dos fatos vivenciada pelo agente da seguranca piiblica, 0 qual tera grande relevancia para a garantia 4 ampla defesa do acusado, caso a defesa técnica repute necesséria a repetigao do seu depoimento por ocasido da retomada do curso da acao penal. 3. Recurso desprovido. (RHC 51.232/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 02/10/2014, DJe 10/10/2014)" & STF - HC 112586: O STF entendeu que um Procurador do Trabalho (membro do MPT) pode depor sobre fatos de que tenha conhecimento em razdo da participacdo em forca tarefa, pois sua participagao nao se deu na esfera criminal, como acusador, de forma que no haveria incompatibilidade com a fungao de testemunha: EMENTA Habeas corpus. Processual penal. Procurador do Trabalho arrolado como testemnunha de acusacao. Alegacao de incompatibilidade, Nao ocorréncia. Auséncia de participacdo na investigacao criminal. Atuacao circunscrita a fiscalizacdo trabalhista. Constrangimento ilegal inexistente. Ordem denegada. 1. Nao se cuida, na espécie, de pretensao de inquiric&o, como testemunha, de membro do Ministério Publico encarregado da persecucdo penal - circunstancia essa que a jurisprudéncia, inclusive desta Suprema Corte, ja esclareceu ser incompativel ‘com a de acusador -, mas de Procurador do Trabalho que, no ambito de suas atribuicdes administrativas e civis, participou da forca tarefa em que as irregularidades imputadas aos pacientes foram constatadas, sem qualquer ingeréncia ou atuacdo na formacao da opinio delicti, assim como sem qualquer atribuicao ou capacidade postulatéria (CPP, art. 257, I) ou de custos legis (CPP, art. 257, II) na aco penal instaurada, nao podendo ser aqui considerado parte na aco penal, o que obstaria o seu depoimento. 2. Equipara-se a hipdtese a inquiricio de agente policial presente as diligéncias e investigaces, a qual, em sede processual penal, é tranquilamente admitida. Precedentes. 3. Ordem denegada. (HC 112586, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 22/05/2012, PROCESSO ELETRONICO Dje-164 DIVULG 20-08-2012 PUBLIC 21-08- 2012) % STF - (QUEST. ORD. EM AP N. 421-SP) - INFORMATIVO 614 DO STF: 0 STF que deve ser considerada como “perdida” a prerrogativa de oitiva agendada (para as autoridades que dispdem de tal prerrogativa) quando a autoridade nao indicar dia, hora e local para sua inquirig3o, sob pena de se permitir que a testemunha se esquive de depor: “(..) Passados mais de trinta dias sem que a autoridade que goza da prerrogativa prevista no caput do art. 221 do Cédigo de Proceso Penal tenha indicado dia, hora e local para a sua inquirigéo ou, simplesmente, nao tenha comparecido na data, hora e local por ela mesma indicados, como se da na hipotese, impde-se a perda dessa ‘especial prerrogativa, sob pena de admitir-se que a autoridade arrolada como testemunha possa, na pratica, frustrar a sua oitiva, indefinidamente e sem justa Prof. Renan Araujo www. estrategiaconcursos.com.br 50 de 98 causa. Questo de ordem resolvida no sentido de declarar a perda da prerrogativa prevista no caput do art. 221 do Cédigo de Processo Penal, em relacgo ao parlamentar arrolado como testemunha que, sem justa causa, nio atendeu ao chamado da justica, por mais de trinta dias. (QUEST. ORD. EM AP N. 421-SP) — INFORMATIVO 614 DO STF.” % STJ - AgRg no AREsp 338.041/DF: O ST) entendeu que os policiais que efetuaram a prisdo em flagrante do acusado podem depor normalmente, pois seu depoimento é valido como o de qualquer testemunha: *(.) 3. Os depoimentos dos policiais que efetuaram a priséo em flagrante constituem prova idénea, como a de qualquer outra testemunha que nao esteja impedida ou suspeita, notadamente quando prestados em juizo sob o crivo do contraditério, aliado ao fato de estarem em consonancia com 0 corijunto probatério dos autos, 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 338.041/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 16/09/2013)" Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo dos principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa sugestéo é a de que esse resumo seja estudado sempre previamente ao inicio da aula seguinte, como forma de “refrescar” a meméria. Além disso, segundo a organizacdo de estudos de vocés, a cada ciclo de estudos é fundamental retomar esses resumos. Caso encontrem dificuldade em compreender alguma informagdo, ndo deixem de retornar & aula. PROVAS EM ESPECIE EXAME DE CORPO DE DELITO E PERICIAS EM GERAL Conceito - 0 exame de corpo de delito € a pericia cuja finalidade é comprovar a materialidade (existéncia) das infragdes que deixam vestigios. a Direto - Quando realizado pelo perito diretamente sobre 0 vestigio deixado. * Indireto - Quando o perito realizar 0 exame com base em informaces verossimeis fornecidas a ele. Momento - Pode ocorrer tanto na fase investigatoria quanto na fase de instrugéo do processo criminal. Obrigatoriedade - O exame de corpo de delito é, em regra, obrigatério nos crimes que deixam vestigios. Caso tenham desaparecido os vestigios, a prova testemunhal pode suprir a falta (para a jurisprudéncia, qualquer prova pode!). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Side 98 GBSE 0 exame de corpo de delito est dispensado no caso de infracées de menor potencial ofensivo, desde que a inicial acusatéria esteja acompanhada de boletim médico, ou prova equivalente, atestando o fato. Formalidades: * Deve ser realizado por 01 perito oficial - Nao sendo possivel, por 02 peritos nao oficiais. Se a pericia for complexa, que abranja mais de uma area de conhecimento, podera o Juiz designar MAIS de um perito oficial (nesse caso, a parte também poder indicar mais de um assistente técnico). « Indicacdo de assistente de técnico e formulacdo de quesitos - As partes, 0 ofendido e o assistente de acusac3o podem formular quesitos, indicar assistentes técnicos e requerer esclarecimentos aos peritos (restrito & fase judicial - jurisprudéncia). * Divergéncia entre os peritos - Cada um elaboraré seu laudo separadamente, e a autoridade deveré nomear um terceiro perito. Caso 0 terceiro perito discorde de ambos, a autoridade poderd mandar proceder a realizag&o de um novo exame pericial. © Juiz pode discordar do laudo? Sim. A isso se dé o nome de sistema liberatério de apreciagao da prova pericial. INTERROGATORIO DO REU Conceito - 0 ato mediante o qual o Juiz procede a oitiva do acusado acerca do fato que Ihe 6 imputado. Modernamente, é considerado como UM DIREITO SUBJETIVO DO ACUSADO, pois se entende que faz parte do seu direito 4 defesa pessoal. Natureza - Atualmente, se entende que o interrogatério 6 meio de prova e meio de defesa do réu. Momento - Existe variag&o quanto ao momento em que ocorreré, a depender do procedimento que seja adotado: * Procedimento comum ordinario e sumario, rito da Lei 9.099/95 e procedimento relativo aos crimes de competéncia do Tribunal do Juri - Serd realizado apés a producg&o da prova oral na audiéncia. « Procedimento previsto para os crimes da Lei de Drogas e abuso de autoridade - Sera realizado antes da instrucao criminal (Trata-se de previsio que n&o é inconstitucional, segundo STJ). Caracteristicas 1) Obrigatoriedade - Basta a intimasgo do réu. Se ele ndio quiser comparecer, ndo esta obrigado. Parte da Doutrina sustenta que ele estaria obrigado a comparecer para, pelo menos, responder as perguntas sobre sua qualificacao. 2) Ato personalissimo do réu - Somente o réu pode prestar seu depoimento, no podendo ser tomado seu interrogatério mediante procuragéo. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 52.de 98 3) Oralidade - Em regra, o interrogatério deve se dar mediante formulacao de perguntas e apresentacdo de respostais orais. No entanto, isso sofre mitigago no caso de surdos, mudos, surdos-mudos e estrangeiros. 4) Publicidade - Em determinados casos, pode o Juiz determinar a limitagdo da publicidade do ato. 5) Individualidade - Se existirem dois ou mais réus, o CPP determina que cada um seja ouvido individualmente (art. 191 do CPP), néo podendo, inclusive, que um presencie o interrogatério do outro. 6) Faculdade de formulacdo de perguntas pela acusacio e pela defesa - © Juiz deve permitir que, apos a realizagéio de suas perguntas, cada parte (primeiro a acusac3o, depois a defesa), formulem perguntas ao interrogando, caso queiram. Permanece o sistema presidencialista: as perguntas so formuladas ao Juiz, que as direciona ao interrogando, podendo, inclusive, indeferir as perguntas que forem irrelevantes ou impertinentes, ou, ainda, aquelas que ja tenham eventualmente sido respondidas. GBS! No julgamento dos processos do Juri, as perguntas sero realizadas diretamente pela acusacdo e pela defesa ao interrogando (art. 474, § 1° do CPP). Ja as perguntas feitas eventualmente pelos jurados seguem o sistema presidencialista (art. 474, § 2° do CPP), Procedimento Presenga do defensor - O interrogatério do réu sera realizado obrigatoriamente na presenca de seu advogado, sendo-lhe assegurado o direito de entrevista prévia e reservada com este. Direito ao siléncio - No interrogatério o réu tera direito, ainda, a ficar em silncio (néo se aplica a etapa de qualificagso do acusado). O siléncio nao importa confissdo e nado pode ser interpretado em prejuizo da defesa. Essa garantia deve ser informada ao acusado antes do seu interrogatério. A auséncia dessa adverténcia gera nulidade RELATIVA (STJ). Etapas - Possui duas fases. Na primeira o réu responde as perguntas sobre sua pessoa (art. 187, § 1° do CPP). Na segunda parte, responde as perguntas acerca do fato (art. 187, § 2° do CPP). Antes disso, porém, existe a etapa de QUALIFICACAO do acusado. Segundo interrogatério? E possivel, a qualquer tempo, de oficio ou a requerimento das partes, nao importando se se trata do mesmo Juiz que anteriormente interrogou 0 réu. Interrogatério por meio de Videoconferéncia Cabimento - Essa possibilidade so existe no caso de se tratar de réu preso e somente poderé ser realizada EXCEPCIONALMENTE. Procedimento - A realizagdo de interrogatério por videoconferéncia deve assegurar, no que for compativel, todas as garantias do interrogatério presencial, Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 53.de 98 $6 podendo ser realizada quando 0 Juiz nao puder comparecer ao local onde o preso se encontra, e para atender as seguintes finalidades: * Prevenir risco & seguranca publica, quando exista fundada suspeita de que © preso integre organizacdo criminosa ou de que, por outra razéio, possa fugir durante o deslocamento * Viabilizar a participaco do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juizo, por enfermidade ou outra circunsténcia pessoal + Impedir a influéncia do réu no énimo de testemunha ou da vitima, desde que néo seja possivel colher 0 depoimento destas por videoconferéncia + Responder a gravissima questdo de ordem publica Presenca do defensor - No interrogatorio por videoconferéncia, para que seja assegurado 0 direito do acusado de ter o advogado presente, deve haver um advogado junto ao preso e outro junto ao Juiz. CONFISSAO Conceito - Meio de prova através do qual o acusado reconhece a pratica do fato que Ihe é imputado. Requisitos: Requisitos intrinsecos: * Verossimilhanga das alegagdes do réu aos fatos, = Aclareza do réu na exposicao dos motivos, * Coincidéncia com o que apontam os demais meios de prova Requisitos extrinsecos (ou formais): = Pessoalidade - Nao se pode ser feita por procurador = Cardter expresso - Nao se admite confisso tacita no Processo Penal, devendo ser manifestada e reduzida a termo « Oferecimento perante o Juiz COMPETENTE « Espontaneidade - Nao pode ser realizada sob coacao * Capacidade do acusado para confessar - Deve estar no pleno gozo das. faculdades mentais BSE Nao possui valor absoluto, devendo ser valorada pelo Juiz da maneira que reputar pertinente. Retrataco e divisibilidade - A confissao é retratavel e divisivel: = Retratavel - Porque o réu pode, a qualquer momento, voltar atras e retirar a confissdo. = Divisivel - Porque o Juiz pode considerar valida a confisséio em relacéio a apenas algumas de suas partes, e falsa em relacéio a outras. (BSE 0 STF entende que se o réu se retrata em Juizo da confissao feita em sede policial, n&o sera aplicada a atenuante genérica da confissSo, salvo se, mesmo diante da retratacéo, a confissdo em sede policial foi levada em consideracao para a sua condenacao. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 54 de 98 OBSE A confissio qualificada também gera aplicacéo da atenuante genérica. OITIVA DO OFENDIDO Conceito - Permite ao magistrado ter contato efetivo com a pessoa que mais sofreu as consequéncias do delito, de forma a possibilitar o mais preciso alcance de sua extensdo. Natureza - 0 ofendido NAO £ TESTEMUNHA, pois testemunha é um terceiro que nao participa do fato. O ofendido participa do fato, na qualidade de sujeito passivo. (BSE Pode ser conduzido coercitivamente para prestar suas declaracées. BSE Caso preste depoimento falso, NAO responde por falso testemunho, pois n&o é testemunha (STJ - AgRg no REsp 1125145/RJ) A vitima tem direito ao siléncio? Prevalece que sim, mas é controvertido. PROVA TESTEMUNHAL Espécies + Testemunha referida - E aquela que, embora n&o tenha sido arrolada por nenhuma das partes, foi citada por outra testemunha em seu depoimento. + Testemunha judicial - E aquela que é inquirida pelo Juiz sem ter sido arrolada por qualquer das partes. + Testemunha prépria - E aquela que presta depoimento sobre 0 fato objeto da ac&o penal, podendo ser direta (quando presenciou o fato) ou indireta (quando apenas ouviu dizer sobre os fatos) + Testemunha imprépria (ou instrumental) - E aquela que nao depde sobre © fato objeto da ac&o penal, mas sobre outros fatos que nela possuem influéncia. * Testemunha compromissada - é aquela que estd sob compromisso, nos termos do art. 203 do CPP. « Testemunha nado compromissada (ou informante) - Prevista no art. 208 do CPP, é aquela que esta dispensada do compromisso de dizer a verdade, em razao da presungSo de que suas declaragdes sSo suspeitas. Ndmero maximo de testemunhas * Regra geral (do procedimento comum ordindrio) — 08 testemunhas * Rito sumério — 05 testemunhas O ndmero de testemunhas sera definido para cada fato. Além disso, esse € 0 nGmero para cada réu. Quem pode ser testemunha? Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 55 de 98 Regra — Qualquer pessoa Os menores de 14 anos, por exemplo, no s4o apenas informantes? Como podem ser testemunhas? A Doutrina diferencia testemunhas e informantes, de acordo com o fato de estarem ou nao compromissadas. No entanto, o CPP trata ambos como testemunhas, chamando as primeiras de testemunhas compromissadas, e as segundas testemunhas n&o compromissadas. A testemunha nao compromissada pode faltar com a verdade? Mesmo a testemunha nao compromissada nao pode faltar com a verdade, sob pena de falso testemunho (STJ - HC 192659/ES). Pessoas dispensadas de prestar compromisso + Doentes e deficientes mentais * Menores de 14 anos * Ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cénjuge, ainda que desquitado, o irmao e 0 pai, a mae, ou 0 filho adotivo do acusado Contradita - A contradita é uma impugnacdo a testemunha. A contradita, portanto, pode ocorrer em duas hipéteses: + Pessoas que néo devam prestar compromisso - Arrolada por qualquer das partes, qualquer uma delas pode contraditar a testemunha, sendo a consequéncia a tomada do seu depoimento sem compromisso legal (sio as pessoas do art. 208 do CPP). + Pessoas que NAO PODEM DEPOR - So aquelas que nao podem depor em azo de terem tomado ciéncia do fato em raze do oficio ou profissdo (salvo se desobrigadas pela parte interessada). Contraditadas, devem ser n&o podendo ser tomado seu depoimento. Arguigdo de defeito - A arguico de defeito é a indicacéo de suspeicao (parcialidade) de uma testemunha. Juiz é obrigado a excluir a testemunha? NAO! Apenas ficaré atento para nao dar valor “demais” ao depoimento desta testemunha suspeita. Caracteristicas da prova testemunhal 1) Oralidade - A prova testemunhal é, em regra, oral. Entretanto, é possivel 4 testemunha a consulta a breves apontamentos escritos (art. 204 do CPP). Algumas pessoas, no entanto, podem optar por oferecer depoimento oral ou escrito (Presidente, Vice-Presidente, etc.) Os mudos, surdos e surdos- mudos podem depor de forma escrita 2) Objetividade - A testemunha deve depor objetivamente sobre o fato, néo Ihe sendo permitido tecer consideragdes pessoais sobre os fatos. 3) Individualidade (incomunicabilidade) - As testemunhas seréo ouvidas individualmente, no podendo uma ouvir 0 depoimento da outra. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 56 de 98 4) Obrigatoriedade de comparecimento - A testemunha, devidamente intimada, deve comparecer, sob pena de poder ser conduzida A forca. EXCEGGES: + Pessoas que ndo estejam em condicées fisicas de se dirigir até 0 Juizo + Pessoas que, por prerrogativa de FUNCAO, podem optar por serem ouvidas em outros locais - Estao previstas no art. 221 do CPP. 5) Obrigatoriedade da PRESTACAO DO DEPOIMENTO - Além de comparecer, deve a testemunha efetivamente responder as perguntas, depondo sobre os fatos que tenha conhecimento. Nao hé, portanto, direito ao siléncio. Falso testemunho E se o Juiz verificar que uma das testemunhas praticou falso testemunho? Deverd encaminhar cépia do depoimento ao MP ou & autoridade policial. Réu x testemunha Juiz pode determinar que o réu seja retirado da sala onde a testemunha iré depor, se verificar que a sua presenca pode constranger a testemunha, sempre fundamentando sua deciséo. © réu pode até ser retirado da sala onde testemunha presta depoimento, mas © ATO NUNCA PODERA SER REALIZADO SEM A PRESENCA DO SEU DEFENSOR. Procedimento = Primeiro as testemunhas de acusacio, facultando as partes (primeiro a acusacao e depois a defesa) formular perguntas. * Ap6s, ouvira as testemunhas de defesa, adotando igual procedimento. E se n4o for respeitada esta ordem? NULIDADE RELATIVA. Embora esta ordem seja a regra, existem excecées: + Testemunhas ouvidas mediante carta precatéria ou rogatéria « Testemunhas que estejam doentes, ou precisem se ausentar, e haja necessidade de serem ouvidas desde logo, sob pena de perecimento da prova. Formulacao de perguntas Aqui o CPP determina que as partes formulem perguntas diretamente as testemunhas (EAMTTEEEE, podendo Juz nto as admitir quando a pergunta for irrelevante, impertinente, repetida ou puder induzir resposta. Regras especiais Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 57 .de 98 + © militar deveré ser ouvido mediante requisicéio @ sua autoridade superior * © funcionario pdblico sera intimado (notificado) pessoalmente, como as demais testemunhas, mas deve ser requisitado, também, ao chefe da reparticao + O preso sera intimado (notificado) também pessoalmente, mas sera expedida, também, requisic&o ao diretor do estabelecimento prisional. RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS Procedimento + A pessoa que tiver de fazer o reconhecimento devera descrever a pessoa que deva ser reconhecida * A pessoa sera colocada, se possivel, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhanca » A pessoa que tiver de fazer o reconhecimento serd chamada para reconhecer Preservacao da identidade do reconhecedor - Se houver motivos para crer que o reconhecedor (por efeito de intimidac&o ou outra influ€ncia) ndo va dizer a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade deve providenciar para que esta (o reconhecido) n&o veja aquela (o reconhecedor). BSE © CPP determina que essa preservacao da identidade do reconhecedor nao se aplica durante a instrucdo criminal ou em plendrio de julgamento. Jurisprudéncia entende que se aplica sempre. Reconhecimento de coisas - Aplicam-se as mesmas regras, no que for cabivel. Pluralidade de reconhecedores - Se houver mais de uma pessoa para fazer 0 reconhecimento, cada uma delas realizar4 o ato em separado, de forma a que uma no influencie a outra. ACAREACAO Conceito - £ 0 ato pelo qual duas pessoas, que prestaram informagdes divergentes, s&o colocadas “frente a frente”. Fundamenta-se no constrangimento. Pode ser realizada tanto na fase de investigacéo quanto na fase processual. Mas quem pode ser acareado? Podem ser acareados testemunhas, acusados e ofendidos, entre si (ex.: acusado x acusado) ou uns com os outros (ex.: ofendido x testemunha). A acareacaéo também pode ser feita mediante carta precatéria (acaba descaracterizando a natureza da acareaco). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 58 de 98 PROVA TESTEMUNHAL Conceito de documento - Quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, ptiblicos ou particulares. A fotografia do documento, devidamente autenticada, tem o mesmo valor do original. Momento - Pode ser produzida a qualquer tempo pelas partes, salvo nos casos em que a lei expressamente veda sua produc&o fora de um determinado momento. Producdo pelo Juiz - 0 Juiz também pode determinar a produgao de prova documental, se tiver noticia de algum documento importante. Valor probante - Os documentos, como qualquer prova, possuem o valor que o Juiz lhes atribuir. Entretanto, alguns documentos, em razo da pessoa que os confeccionou, possuem, inegavelmente, maior valor. Os instrumentos ptiblicos (produzidos pela autoridade publica competente) fazem prova: * Dos fatos ocorridos na presenga da autoridade que o elaborou * Das declaragées de vontade emitidas na presenca da autoridade que lavrou 0 documento = Dos fatos e atos nele documentados Os instrumentos particulares, assinados pelas partes e por duas testemunhas, Pprovam as obrigacées firmadas entre elas. Essa eficacia nado alcanca terceiros. Vicios dos documentos + Extrinseco - relacionado a inobservancia de determinada formalidade para a elaboracao do documento. + Intrinseco - relacionado esséncia, ao contetido do préprio ato. Falsidade dos documentos + Material ~ relativa a criagdo de um documento falso, fruto da adulteracdo de um documento existente ou da criacéo de um completamente falso. + Ideolégica - refere-se 4 substancia, ao contetido do fato documentado. INDicIos Conceito - Elementos de convicgao cujo valor é inferior, pois NAO PROVAM o fato que se discute, mas provam outro fato, a ele relacionado, que faz INDUZIR que 0 fato discutido ocorreu ou ngo. Indicios x presungées legais * Os indicios apenas induzem uma conclus&o mais ou menos légica + As presuncées legais sdo situacdes nas quais a lei estabelece que séo verdadeiros determinados fatos, se outros forem verdadeiros. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 59 de 98 BUSCA E APREENSAO Conceito - Em regra, a busca e apreensdo é um meio de prova. Entretanto, pode ser um meio de assegurar direitos (Ex.: arresto de um bem para garantir a reparacao civil). e apreenséo pode ocorrer na fase judicial ou na fase de |. Pode ser determinada de oficio ou a requerimento do MP, do defensor do réu, ou representag&o da autoridade policial. Busca e apreensdo domiciliar Finalidade (art. 240, §1° do CPP) * Prender criminosos + Apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos + Apreender instrumentos de falsificagio ou de contrafag3o e objetos falsificados ou contrafeitos * Apreender armas e municées, instrumentos utilizados na pratica de crime ou destinados a fim delituoso + Descobrir objetos necessérios & prova de infrag&o ou a defesa do réu + Apreender cartas, abertas ou no, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu contetido possa ser Util & elucidag&io do fato * Apreender pessoas vitimas de crimes * Colher qualquer elemento de convicgao BSI Trata-se de ROL TAXATIVO, ou seja, nao admite ampliacdo (doutrina e jurisprudéncia majoritérias). (BSE Parte da Doutrina entende, ainda, que a previsdo de busca e apreensao de "cartas abertas ou nao” nao foi recepcionada pela Constituicao, que tutelou, sem qualquer ressalva, o sigilo da correspondéncia. A Doutrina majoritéria sustenta que a carta aberta pode ser objeto de busca e apreensao (a carta, uma vez aberta, torna-se um documento como outro qualquer). Jurisdicionalidade - A busca domiciliar s6 pode ser determinada pela autoridade judiciaria (Juiz), em raz&o do principio constitucional da inviolabilidade de domicilio. Execucdo - Mesmo com autorizacao judicial, a diligéncia s6 poder ser realizada durante o dia. Conceito de dia - Ha divergéncia doutrindria e jurisprudencial. Na jurisprudéncia prevalece o conceito fisico-astronémico: dia é 0 lapso de tempo entre o nascer (aurora) e o pér-do-sol (crepusculo). Conceito de casa — Qualquer: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 60 de 98 + Compartimento habitado * Aposento ocupado de habitacdo coletiva + Compartimento nao aberto ao piblico, onde alguém exerce profissaio ou atividade. BSE Assim, ndo é necessdrio que se trate de local destinado a moradia, podendo ser, por exemplo, um escritério ou consultério particular. A inexisténcia de obstadculos (auséncia de cerca ou muro, por exemplo), no descaracteriza o conceito. BSH Os veiculos, em regra, nado séo considerados domicilio, salvo se representarem a habitacdo de alguém (Boleia do caminhao, trailer, etc.). BSH Quartos de hotéis, pousadas, motéis, etc., so considerados CASA para estes efeitos, quando estiverem ocupados. Requisitos - A ordem judicial de busca e apreensdo deve ser devidamente fundamentada, esclarecendo as FUNDADAS RAZOES nas quais se baseia Mas e se néo houver ninguém em casa? O CPP determina que seja intimado algum vizinho para que presencie 0 ato. Mandado - 0 mandado de busca e apreenslo deve ser o mais preciso possivel, de forma a limitar ao estritamente necessdrio a acdo da autoridade que realizara a diligéncia, devendo especificar claramente o local, os motivos e fins da diligéncia. Devera, ainda, ser assinado pelo escrivéo e pela autoridade que a determinar. E no caso de a diligéncia ter de ser realizada no escritério de advogado? Nos termos do art. 7°, §6° do Estatuto da OAB, alguns requisitos devem ser observados: * Deve haver indicios de autoria e materialidade de crime praticado PELO PROPRIO ADVOGADO * Decretag&o da quebra da inviolabilidade pela autoridade Judiciaria competente * Deciséo fundamentada + Acompanhamento da diligéncia por um representante da OAB Busca pessoal Conceito - A busca pessoal é aquela realizada em pessoas, com a finalidade de encontrar arma proibida ou determinados objetos BSE Podera ser determinada pela autoridade policial e seus agentes, ou pela autoridade judicial. Requisitos - Deve se basear em FUNDADAS SUSPEITAS de que o individuo se encontre em alguma das hipoteses previstas no CPP. Busca pessoal em mulher - 0 CPP determina que a busca pessoal em mulher sera realizada por outra mulher, se ndo prejudicar a diligéncia: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 61 de 98 Pode a busca pessoal ser realizada em localidade diversa daquela na qual a autoridade exerce seu poder? Em caso de perseguicao, tendo esta se iniciado no local onde a autoridade possui “Jurisdic&o". Bons estudos! Prof. Renan Araujo 6 LISTA DE EXERCICIOS Fors 01. (CESPE - 2016 - PC-GO - AGENTE - ADAPTADA) Para se apurar o crime de les&o corporal, exige-se prova pericial médica, que no pode ser suprida por testemunho. 02. (CESPE - 2016 - PC-GO - AGENTE - ADAPTADA) Se, no interrogatério em juizo, 0 réu confessar a autoria, ficaré provada a alegacéo contida na denuincia, tornando-se desnecessaria a producéo de outras provas. 03. (CESPE - 2016 - PC-GO - AGENTE - ADAPTADA) As declaragdes do réu durante o interrogatério deverdo ser avaliadas livremente pelo juiz, sendo valiosas para formar o livre convencimento do magistrado, quando amparadas em outros elementos de prova. 04, (CESPE - 2016 - PC-GO - AGENTE - ADAPTADA) S80 objetos de prova testemunhal no proceso penal fatos relativos ao estado das pessoas, como, por exemplo, casamento, menoridade, filiag&o e cidadania. 05. (CESPE - 2016 - PC-GO - AGENTE - ADAPTADA) 0 procedimento de acareaggo entre acusado e testemunha é tipico da fase pré- processual da acdo penal e deve ser presidido pelo delegado de policia. 06. (CESPE - 2014 - TJ/CE - AJAJ - ADAPTADA) E vedada a realizagdo de interrogatério por videoconferéncia, por ferir 0 direito de autodefesa do acusado. 07. (CESPE - 2014 - TJ/CE - AJAJ - ADAPTADA) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 62. de 98 A confissao feita perante a autoridade policial ndo sera passivel de retratacdo em juizo caso tenha sido assegurado ao acusado o direito ao contraditério e a ampla defesa mediante o acompanhamento de um advogado. 08. (CESPE - 2014 - TJ/CE - AJAJ - ADAPTADA) Admite-se a oitiva de corréu na qualidade de testemunha, de informante, ou mesmo de colaborador ou delator, atualmente conhecida como delaggo premiada. 09. (CESPE - 2014 - T3/CE - AJAJ - ADAPTADA) cénjuge separado nao se pode recusar a prestar depoimento na condicao de testemunha sobre o suposto cometimento de um delito pelo ex-marido, devendo assumir o compromisso de dizer a verdade. 10. (CESPE - 2014 - TJ3/CE - AJAJ - ADAPTADA) Haja vista que o interrogatério judicial é meio de defesa do réu, o desrespeito a essa franquia individual, resultante da arbitrdria recusa em Ihe permitir a formulacao de reperguntas aos demais corréus constituiré causa geradora de nulidade absoluta. 11. (CESPE - 2014 - CAMARA DOS DEPUTADOS - POLICIAL LEGISLATIVO) Durante uma passeata na Esplanada dos Ministérios, um manifestante, logo apés ter sido alertado por um agente da policia legislativa de que deveria se afastar do local, arremessou pedras em direcdo ao Congresso Nacional, o que resultou na quebra de vidracas da Camara dos Deputados. O manifestante foi preso em flagrante e, na delegacia, confessou a pratica do delito. Com base na situacdo hipotética acima, julgue os itens seguintes, relativos & prova, & priso preventiva e aos crimes previstos na parte especial do Cédigo Penal. Dada a confisso do manifestante perante a autoridade policial, a realizaco da prova pericial torna-se prescindivel. 12. (CESPE - 2014 - CAMARA DOS DEPUTADOS - POLICIAL LEGISLATIVO) No que se refere ao inquérito policial e & prova criminal, julgue os itens subsequentes. E posstvel que, na falta de perito oficial, a prova pericial seja realizada por duas pessoas idéneas, portadoras de diploma de curso superior, preferencialmente na rea objeto do exame, nomeadas pelo juiz da causa. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 63.de98 13. (CESPE - 2014 - CAMARA DOS DEPUTADOS - POLICIAL LEGISLATIVO) No que se refere ao inquérito policial e 4 prova criminal, julgue os itens subsequentes. Admitido, pelo juiz, o assistente técnico, que poderd ser indicado e pago pela parte, terd este acesso ao material probatério, no ambiente do érgao oficial ¢ na presenca do perito oficial. 14. (CESPE - 2014 - CAMARA DOS DEPUTADOS - POLICIAL LEGISLATIVO) No que se refere ao inquérito policial e @ prova criminal, julgue os itens subsequentes. 0 juiz nao ficaré vinculado as conclusdes dos peritos exaradas no laudo técnico, podendo rejeité-las completamente. 15. (CESPE - 2014 - CBM-CE - PRIMEIRO-TENENTE) Julgue os itens subsequentes, relativos a aco penal, competéncia e prova no direito processual penal. A confiss8o do acusado, tomada isoladamente, nao é apta a suprir 0 exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestigios 16. (CESPE - 2014 - PGE-BA - PROCURADOR) Acerca das provas, das sentencas e dos principios do direito processual penal, julgue os itens a seguir. No proceso penal, o momento adequado para a especificacao de provas pelo réu é a apresentacfo da resposta & acusacéo. Entretanto, isso no impede que, por ocasido de seu interrogatério, o réu indique outros meios de prova que deseje produzir. 17. (CESPE - 2014 - T3/SE - TECNICO) Julgue os itens subsequentes, a luz do disposto no Cédigo de Processo Penal (CPP) e do entendimento dominante dos tribunais superiores acerca da acéo penal, do processo comum, do Ministério Publico, das citagées e das intimacées. Considere que, deflagrada a ac&o penal, uma das testemunhas arroladas pela acusagéo tenha sido inquirida por carta precatéria, sem a prévia intimacdo da defesa acerca da data da audiéncia realizada no juizo deprecado. Nesse caso, segundo o ST), a oitiva da testemunha deve ser considerada nula. 18. (CESPE - 2014 - TJ/SE - TECNICO) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 64 de 98 Julgue os itens subsequentes, a luz do disposto no Cédigo de Processo Penal (CPP) e do entendimento dominante dos tribunais superiores acerca da aco penal, do processo comum, do Ministério Publico, das citacées e das intimacées. Com vistas & preservacdo da imparcialidade do magistrado, 0 CPP néo admite que 0 juiz ouga outras testemunhas além das indicadas pelas partes. 19. (CESPE - 2014 - POL{CIA FEDERAL - AGENTE) No que se refere ao exame de corpo de delito, julgue os itens seguintes. A autoridade providenciaré que, em dia e hora previamente marcados, seja realizada a diligéncia de exumac&o para exame cadavérico, devendo-se lavrar auto circunstanciado da sua realizacdo. 20. (CESPE - 2014 - POLICIA FEDERAL - AGENTE) No que se refere ao exame de corpo de delito, julgue os itens seguintes. A confisséio do acusado supriré o exame de corpo de delito, quando a infracdo deixar vestigios, mas no for possivel fazé-lo de modo direto. 21. (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Considerando que, em audiéncia de instrugao e julgamento a qual compareceu a mie do acusado como testemunha de acusago arrolada pelo Ministério Publico, a defesa tenha, imediatamente, suscitado questao de ordem requerendo ao juiz que no tomasse seu depoimento por notério impedimento, julgue o préximo item conforme as normas previstas no Cédigo de Processo Penal sobre provas. Nessa situac&o, 0 juiz deve indeferir a questo de ordem suscitada pela defesa, mas deve informar & mae do réu que ela pode abster-se de depor e que, mesmo que tenha interesse em prestar seu depoimento, ndo estaré compromissada a dizer a verdade. 22. (CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ - ADAPTADA) Em caso de divergéncia entre os peritos, a controvérsia seré resolvida internamente pelo diretor da repartigo de lotagdo dos peritos, que elaborara laudo a fim de apresentar uma versdo consensual. 23. (CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ - ADAPTADA) Por ser uma pega técnica, o laudo pericial deve ser aceito pelo juiz, sendo-Ihe vedado inclusive rejeité-lo em parte. 24, (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTICA) A respeito de prova criminal, de medidas cautelares e de prisdo processual, julgue os itens que se seguer Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 65 de 98 No caso de haver resisténcia do morador, permite-se 0 uso da forca na busca domiciliar iniciada de dia e continuada & noite, com a exibicfo de mandado judicial, devendo a diligéncia ser presenciada por duas testemunhas que poderao atestar a sua regularidade. 25. (CESPE - 2008 - PC-TO - DELEGADO DE POL{CIA) Considere que em determinada aco penal foi realizada pericia de natureza contébil, nos moldes determinados pela legislac&o pertinente, o que resultou na elaborago do competente laudo de exame pericial. Na fase decisoria, o juiz discordou das conclusdes dos peritos e, de forma fundamentada, descartou o laudo pericial ao exarar a sentenga. Nessa situacéo, a sentenca é nula, pois 0 exame pericial vincula 0 juiz da causa. 26, (CESPE - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - PRIMEIRA FASE - ADAPTADA) Se 0 juiz tiver noticia da existéncia de documento relativo a ponto relevante da acusagéo ou da defesa, ndo podera providenciar, independentemente de requerimento das partes, a juntada aos autos, uma vez que é mero espectador do proceso, sem atuaciio de oficio na gestdo da prova. 27. (CESPE - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - PRIMEIRA FASE - ADAPTADA) Em regra, a testemunha néo pode eximir-se da obrigac&o de depor. No entanto, © cénjuge do acusado a época do fato criminoso, ainda que dele se encontre separado judicialmente, pode recusar-se a testemunhar. 28. (CESPE - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - PRIMEIRA FASE - ADAPTADA) Em regra, as partes deverfo apresentar os documentos necessdrios & comprovacao de suas alegacdes na primeira oportunidade que falarem nos autos, sob pena de precluséo. 29. (CESPE - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - PRIMEIRA FASE - ADAPTADA) 0 procedimento de acareacdo sé seré admitido entre acusados, sendo vedada a acareagao entre acusado e testemunha. 30. (CESPE - 2009 - TRE-MA - ANALISTA JUDICIARIO - AREA ADMINISTRATIVA - ADAPTADA) Considerando que o direito processual brasileiro adota o sistema acusatério, juiz n&o pode ouvir testemunhas que néo tenham sido arroladas pelas partes dentro do prazo legal Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 66 de 98 31. (CESPE - 2009 - TRE-MA - ANALISTA JUDICIARIO - AREA ADMINISTRATIVA — ADAPTADA) As testemunhas est&o obrigadas a comunicar ao juiz qualquer mudancga de residéncia, dentro do prazo de um ano, sob pena de sujeitarem-se a conducéo coercitiva e multa. 32. (CESPE - 2009 - TRE-MA - ANALISTA JUDICIARIO - AREA ADMINISTRATIVA - ADAPTADA) Qs ascendentes e descendentes do réu tém a prerrogativa de se eximirem de depor. Caso resolvam fazé-lo, devem prestar compromisso. 33. (CESPE - 2009 - TRE-MA - ANALISTA JUDICIARIO - AREA ADMINISTRATIVA - ADAPTADA) Antes do depoimento das testemunhas ou durante esse procedimento, as partes podem contradité-las, arguindo circunstancias ou defeitos que as tornem suspeitas de parcialidade. 34. (CESPE - 2009 - TRE-MA - ANALISTA JUDICIARIO - AREA ADMINISTRATIVA — ADAPTADA) Visando assegurar o direito a ampla defesa, a testemunha deve, obrigatoriamente, prestar seu depoimento na presenga do réu. 35. (CESPE - 2009 - PC-RN - AGENTE DE POL{CIA) E prova licita A) a interceptagao telefénica determinada pela autoridade policial. B) a apreensdo de carta particular no domicilio do indiciado, sem consentimento do morador. C) a confiss&o do indiciado obtida mediante grave ameaca por parte dos policiais. D) a busca pessoal, realizada sem mandado judicial, quando houver fundada suspeita de flagrante. E) a declaracdo do advogado do indiciado acerca de fatos de que teve ciéncia profissionalmente. 36. (CESPE - 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIARIO - DIREITO - AREA JUDICIARIA - ESPECIFICOS) O exame de corpo de delito bem como outras pericias devem ser realizados por dois peritos oficiais, portadores de diplorna de curso superior; na falta desses peritos, o exame deverd ser realizado por duas pessoas idéneas, portadoras de diploma de curso superior, preferencialmente em area especifica. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 67 de 98 37. (CESPE - 2009 - PC-RN - ESCRIVAO DE POLICIA CIVIL - ADAPTADA) Um menor de 14 anos nfo pode ser testemunha, na medida em que nao pode ser responsabilizado por seus atos. 38. (CESPE - 2009 - PC-RN - ESCRIVAO DE POLICIA CIVIL - ADAPTADA) deficiente mental pode ser testemunha, no se deferindo o compromisso de dizer a verdade. 39. (CESPE - 2009 - PC-RN - ESCRIVAO DE POLICIA CIVIL - ADAPTADA) E permitide ao advogado testemunhar quanto a informacées declaradas por seu cliente e as quais teve acesso durante a pratica profissional. 40. (CESPE - 2009 - PC-RN - ESCRIVAO DE POL{CIA CIVIL - ADAPTADA) © perito criminal esta impedido de testemunhar acerca da pericia por ele realizada. 41. (CESPE - 2009 - PC-RN - ESCRIVAO DE POL{CIA CIVIL - ADAPTADA) Os ascendentes e os descendentes do indiciado s&o suspeitos quanto @ sua parcialidade, razdo pela qual devem prestar o compromisso de dizer a verdade. 42. (CESPE - 2012 - PC/CE - INSPETOR) Julgue o préximo item, relativo 4 prova no processo penal. O exame pericial devera ser realizado por dois peritos oficiais, conforme recente reforma do Cédigo de Processo Penal (CPP). 43. (CESPE - 2012 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) No que se refere a competéncia, prova, ac&o policial controlada e suspenséo condicional do proceso, julgue o item seguinte. De acordo com 0 entendimento do STJ, € desnecesséria a realizac&o de pericia para a caracterizacao do delito consistente na venda de mercadoria em condicées impréprias ao consumo. 44, (CESPE - 2009 - POLICIA FEDERAL - AGENTE) Julgue o item subsequente quanto a priséo em flagrante, prova e inquérito policial. Nao se admite a acareaciio entre o acusado e a pessoa ofendida, considerando- se que 0 acusado tem o direito constitucional ao siléncio, e 0 ofendido nao seré compromissado. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 68 de 98

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