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Rewrite, / Bebe. Os géneros do discurso b poise ida exper dessa atividade comporta um repertirio de géneros do discuro que vai Aiferenciando-se¢ ampliando-se & medida que a pripria exfera se desenvolve fica mais compleca Bakhtin (1997: 279) A riqueca ¢ a variedade dos génerot do discurso Como jé se disse, a leitura da obra bakhtiniana softew toda sorce de vicissitudes. Cada um Ié 0 Bakhtin que serve a seus propé- sitos. Com 0 conceito de géneros do discurso nao foi diferente. No Brasil, 0 discurso pedagdgico apropriou-se dele. Depois que os Pa- rimetros Curriculares Nacionais estabeleceram que o ensino de Por- tugués fosse feito com base nos géneros, apareceram muitos livros didécicos que véem o género como um conjunto de propriedades formais a que o texto deve obedecer. O género é, assim, um produ- nto, normarivo. Sob a aparéncia de uma to, € seu ensino tor revolucio no ensino de Portugués esté-se dentro da mesma pers- pectiva normativa com que se ensinava gramtica Desde a Grécia, o Ocidente opera com a nogio de genero. Ele stcas ¢ propriedades comuns. As- agrupa os textos que tém caract sim, os géneros sio tipos de textos que tém tragos comuns. Na me- INTRODUGAO AO PENSAMENTO OE BAKHIIN smo, por exemplo, diziam como devetia ser composta uma tragédia, uma epoptia, etc. A histérialiterdra oscila entre perfodos em que os géneros sio rigidamente codificados ¢ aqueles em que as fr smas so mais livres, em que se abandonam as formas fixas, Bakhtin nao vai reorizar sobre o género, levando em conta o produto, mas o processo de sua produgio. I }e menos as propriedades formais dos géneros do que a maneica como cles se consticuem, Seu ponto de partida é 0 vinculo intrinseco existente entre a utilizagio da linguagem e as atividades humanas. Os enunciados de- vem ser vistos na sua fungao no processo de interacio. Osseresh inadas esferas de atividades, asda escola, as da igreja, as do trabalho num jornal, as do trabalho numa Fabrica, as da politica, diante. Essas esferas de atividades implicam a utilizagao da lingua- gem na forma de enunciados. Nio se produzem enunciades fora das esferas de ago, o que si condigées especificas ¢ pelas finalidades de cida esfera. Essas esferas de agio ocasionam o aparecimento de certos tipos de enunciados, que se estabilizam precariamente ¢ que mudam em funcio de alte. rages nessas esferas de atividades. S6 se age na interacio, s6 se diz no agir e 0 agir motiva certos tipos de enunciados, o que quer dizer que cada csfera de utilizagio da Mngua elabora tipos relativamente estiveis de enunciados, Os génetos sio, pois, tipos de enunciados relativamente es- tveis, caracterizados por um contetido temitico, uma co relagdes de amizade e assim por crusio composicional e um estilo. Falamos sempre por meio de géneros no de atividade. © genero estabelece, pois, uma interconexéo inguagem a vide social. A linguagem penetca na vida por meio dos enun- ciados concretos ¢, a9 mesmo tempo, pelos enunciados a vida se in- troduz na gem. Os géneros estio sempre vinculados a um do: a i gem ene ages minio da atividade humana, refletindo suas condigbes especificas ¢ © organizagio composi- cional constroem 0 todo que constitui 0 enunciado, que é marcado pela especificidade de uma esfera de acio. O contetido temitico néo € 0 assunto especifico de um tex- to, mas é um dominio de sentido de que se ocupa o género. Assim, as cartas de amor apresentam o contetido temitico das relagdes amo- rosas. Cada uma das cartas trata de um assunto especfico (por exem= plo, o rompimento de X e Y, por causa de uma traicao) dentco do mesmo contetido temdtico. As aulas versam sobre um ensinamento de um programa de curso. As sentengas rém como contetido temé- tico uma decisio judicial A construcio composicional ¢ 0 modo de organizar o texto, de estruturé-lo. Por exemplo, sendo a carta uma comunicacio dife- rida, € preciso ancoré-la num tempo, num espago ¢€ numa relagio de interlocusio, para que os déiticos usados possam ser compreen- didos. E por isso que as cartas trazem a indicagao do local e da data suas finalidades. Contetido tematico, em que foram escritas © 0 nome de quem escreve e da pessoa para quem se escreve. O ato estilistico ¢ uma selegio de meios lingusticos. Estilo 6 pois, uma selegéo de certos meios lexicas,fraseolégicos e grama- ticais em fungio da imagem do interlocutor ¢ dle como se presume sua compreensio responsiva ativa do enunciado. H4, assim, um oficial, que usa formas respeitosas, como nos requerimentos, discur- neutto, em que hé uma sos parlamentares, ete.; um es identificagéo entre o locutore seu interlocutor, como nas exposigées cientificas, em que se usa um jargio marcado por uma “objetivida- em que se vé 0 inter- de" € uma “neutralidade”; locutor fora do ambito das hierarquias ¢ das convengdes sociais, como nas brincadciras com os amigos, marcadas por uma atitude pessoal © uma informalidade com relacio & linguagem; um estilo {ntimo, fem que hé uma espécie de fusio a INTROGUCAO AO PENSAMENTO DE BAKHTIW s4o, como nas cartas de amor, de onde emerge todo um modo de tratamento do dominio daquilo que é mais privado Bakhtin nao pretende fazer um catilogo dos géneros, com a desctigdo de cada estilo, de cx conte Deum lado, porque a riqueca ea variedade dos génetos sio infinitas, uma vez que as possibilidades da agéo humana rutura composicional, de cada sio inesgordves e cada esfera de agdo comporta um repertériosig- nificativo de géneros do discutso, Na esfera da agio juridica, por cxemplo, temos géneros como a petigéo, a sentenca, 0 acdrdao, o des- pacho, etc. Na esfera da acdo religiosa, hd a oracio, a formula sa- cramental, 0 sermio ¢ assim por diante. De outro, porque o que importa verdadeiramente € a compreensio do processo de emer- séncia e de estabilzacao dos géneros, ou seja, a intima vinculasio do género com uma esfera de atividade. Assim, no importa, ao estudar 0 romance naturalista, apenas dizer que sua composigio se caracteriza pela narragio em terceita Pessoa, pela abundiincia de descrigdes ou por uma estruturagio do enredo que figurativica uma “lei” cienifica; que seu estilo € 0 abjetivo- neutto, © que aproxima o discusso romanesco do discurso fico; que 0 contetido temitico séo as determinagSes que motivam os comportamentos sociais ¢ individuais. O que & preciso é entender Por que o enunciado do romance naturalista ¢ assim construido, uais os elementos (condigdes espectficas ¢ finalidades) da esfera da atividade literdria que levam a0 surgimento desse tipo de enuinciado. Nio se tem a pretensio de discutir aqui a questio das condigées do aparecimento do romance naturalista. No entanto, basta pensar numa airmasio de Zola, no preficio da 28 edigéo de Thérixe Raguin, para vetificar que as finalidades da esfera da do naturalista, sio tciramente diversas das de outros momentos: Comera-se,espero, a compreender que minkafinalidade foi an tes de tudo uma finalidade cientifica.(..) Ape dois 7) lade literatia, no perio- José corpos vivos (= Thérése ¢ Laurent] o trabalho analitico que os ci- rrurgides fazem sobre os cadavere Além disso, é preciso considerar que Bakhtin insiste no fato de que os géneros sao tipos relativamente estiveis de enunciados, O acento deve incidir sobre o termo relasivamente, pois ele implica ira historicidade dos géneros, isto é, sua mu- que nao hé nenhuma normatividade nesse que é preciso cons danga, 0 que quer di conceito, Ademais, 0 vocdbulo acentuado indica uma imprecisio das caracteristicas e das fronteiras dos géneros. Falava-se acima do romance, No modernismo, por exemplo, 9 estilo do romance € completamente outro do que aquele que marcava 0 romance naturalista. Abandona-se o estilo objetivo-neu- {to ¢ incorpora-se a linguagem da rua, isto é, um estilo familiar. Matio de Andrade, a0 ridicularizar ira pré-mo- demisca, na sua parddica “Carta pras Icamiabas", capitulo IX do romance Macunatma, critica exatamente esse estilo afastado da lin- guage das ruas: Mas caie-nos-iam as faces, si oculeéramos no siléncio uma cutio- sidade original deste povo, Ora sabcreis que a sua Pressio intelectual é tio prodigiosa que falam numa lingua e escre- yen noutra. Assim chegado a estas plagas hospitalares, nos demos a0 trabalho de bem nos inteirarmos da etnologia da terra, e den- ‘re muita surpresa e assombro que se nos deparou por certo nio foi das menor impuro na vernaculidade, mas que nfo deixa de tet o seu sabor € forca nas apéstrofes, ¢ também nas vozes do brincar. Destas ¢ da- 4quelas nos inteiramos, sinarmos af chegado. Mas SOA, Thabive Rapin, 2" Pais: Biblinhdgue Charpen of TNTRODUCAO AG PENSAMENTO OF BACHTIN conversaio os naturais desta cera, logo que romam da pena, se dsspojam de tanta asperidade, surge o Homem Latino, de Line, xprimindo-se numa outra linguagem, mui prdxima da vergliana, idioma, que, com imperecivel Basta comparar uma noticia de um jornal do inicio do sé- + aulo XX ¢ uma de um jornal de hoje para constatar que o genero noticia mudou radicalmente. Os géneros estio em continua mu. danga. Por outro lado, qual & fronteira que delimita a crdnica do conto? Temos, nos jornais, er6nicas que sio verdadeiros contos, sso nio ocorre porque o 6s limites entre esses dois gé nossa alma taxonémica Nilo s6 cada género esté em incessantealteragéos também esti cm continua mudinga seu repertéro, pos, & medida que a eseras de atividade se desenvolvem e ficam mais complexas, géneros desn arecem ou aparecem, géneros dife » generos gi novo sentido, Com o aparecimento da internet, novos géneros sur- gem: o chat, 0 blag, o mail et A epopeia desaparece e dé lugar ano. vos generos A medida que a aividae do histotiador vai profissionali zando-se, os textos de Historia perdem o tom laudatério que os im- Pregnava, Nenhuma exposigho de fatos histricos & esrita hoje da forma como Scbastiéo da Rocha Pita comps sua Histéria da Amd. rica portuguesa (1730): deixou de lado seu oficio, mas porque "08 so mais fluidos do que gostaria mum. © eft que o cobre ¢ 0 mais alegre os astros que o alumiam! os trai claros o clima que the asst, o mais benévlo; os ares que 6 ‘eftescam, o¢ mais puros; as fontes que o fecundam, as mais cists. JaneiolSSo Paulo: Livros Técnicos ¢ Cent Teli 97. poi 5 José Uuir Fiorin linas; os prados que o florescem, os mais amenos; as ves, as drvores frondosas, 0 Ft Deixe a meméria 0 Tempe de Tess os jardins das Hesptrides, porque este terreno em continuada pri mavera £0 verge do mundo, ese os antigos o alcancaram podiam or neo erreal Paratso, o Letes ¢ 0 Campos Eliseo, que das suas inclinag6es lisonjeados ou reverentes, is suas pdtria fantasiaram em ‘outros lugares Nesse texto, Rocha Pita descreve o Brasil. Observe que cle 0 descreve como uma paisagem ideal, onde a natureza ¢ bela, agradivel, opulenta. Nele, vives uma eterna primavera. Ele 0 pomar (= ver. sel) do mundo, Diante dessa paisagem, pode-se esquecer de outros lugares, conhecidos por serein belos e apraziveis: Tempe (vale da ‘Tesslia, Grécia, entre os montes Olimpo ¢ Ossa, famoso pela fres- Gua de seus bosques); pénscis da Babildnia (jardins suspensos da Babil6nia, uma das sete maravilhas do mundo antigo); jardins das Hespérides (na geografia antiga, ilhas que marcavam as fronteiras ocidentais do mundo, identficadas ora com as llhas Candria, ora com a Ilha de Cabo Verde). No Brasil, se 0s antigos o tivessein conheci- do (= se os antigos o alcangaram), poderiam pdr os lugares miticos, queiimaginaram em certos lugares: o tereal Parafso (paraiso terres. tre, jardim de inigualével beleza e abundancia, onde Deus colocou Adio ¢ Eva, logo depois da criagdo); Lees (na mitologia grega, um dos ros do Hades, cujas fas fziam esquecero passado aqueles que a bebessem); Campos Eliseos (na mitologia grega, lugar muito belo aprazivel, onde moravam 2s almas dos mortos que tinham sido vir- ttuosos ¢ onde elas experimentavam a felicidade eterna). Com v6, na descricéo de Rocha Pita, o Brasil éum lugar paradisiaco, que ® rus, Sebstit da Rocha, Hinirie de América porague. Rio de ani Jaclaon, 1950, pss. = . —i INTAODUCAO AD P MENTO DE BAKHTIN excede todos os lugares que a literatura antiga descreveu como os mais agradés lo mundo. Um texto cientitico de fisca no seria escrito, hoje, como Joa- quim Caetano da Silva expoe, na primeira metade do século XIX, a lei da gravidade. Arualmente, haveria uma exposicio de férmulas t sua demonstrasio ¢ néo se usariam recursos “retéicos” para per- suadir 0 destinatério, Quando as questdes cientifcas se costumavam encarar quase

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