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COMENTÁRIOS INICIAIS
No estudo da evolução do pensamento contábil, percebe-se que o
desenvolvimento da Contabilidade esteve sempre associada ao desenvolvimento das
relações comerciais de cada época. Pode-se observar em diversos relatos históricos a
influência direta da evolução cultural e econômica do homem, adaptando-se às novas
situações para atingir seus objetivos.
Na medida em que as transações comerciais tornaram-se mais complexas,
devido a fatores como a sofisticação dos processos produtivos, a integração e ampliação
dos mercados, tornaram-se igualmente complexas as técnicas administrativas, exigindo,
consequentemente, sistemas de informações mais avançados e eficazes.
Hoje, a contabilidade continua ganhando cada vez mais espaço, os usuários
desta ciência estão à procura de controles eficazes, relatórios condizentes com a
realidade da economia mundial, informações que demonstrem a responsabilidade social
da empresa e dados que venham a combater a concorrência. Assim, o maior diferencial
do contabilista é saber transformar os dados contábeis em informações e estas em ações
que ajudem maximizar os resultados da organização.
Neste contexto, a contabilidade é responsável pela geração de informações
necessárias ao gerenciamento do negócio, é difícil encontrar um único setor, empresa
ou organização de qualquer espécie, que não tenha passado a fazer uso intenso das
informações, se tornando dependente do conhecimento e da tecnologia da informação
aliada às informações contábeis como instrumento para melhor gestão dos
empreendimentos.
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1 – CONCEITOS DE CONTABILIDADE
A contabilidade é uma ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades,
mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos ocorridos,
com o fim de oferecer informações sobre a sua composição e suas variações, bem como
sobre o resultado econômico da gestão da riqueza patrimonial”.
Entidades
3 – USUÁRIOS DA CONTABILIDADE
Os usuários da contabilidade tanto podem ser internos como externos, ambos
possuem interesses diversificados, razão pela qual as informações contábeis devem ser
amplas e fidedignas e, pelo menos, suficientes para a avaliação da situação patrimonial
da entidade e das mutações sofridas por este patrimônio, permitindo a realização de
inferências sobre o seu futuro.
Nos usuários internos incluem-se os administradores, gerentes, encarregados,
diretores, chefes de departamento, enfim, os administradores de todos os níveis.
Os usuários externos podem ser considerados os bancos, fornecedores,
sindicatos, acionistas, governo, etc.
É evidente que cada tipo de usuário necessita de informações diferenciadas,
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neste sentido, entre os principais usuários das informações contábeis podemos citar:
INFORMAÇÕES DIFERENCIADAS
4 - CAMPO DE APLICAÇÃO
A Contabilidade pode ser estudada de modo geral (para todas as empresas) ou
em particular (aplicada em certo ramo de atividade ou setor da economia).
Esta ciência tem como campo de aplicação as entidades econômico-
administrativas, constituídas para um objetivo econômico ou social, que se utilizando
bens patrimoniais necessitam de um órgão administrativo que pratique atos de natureza
econômica. Exemplos:
Pessoa física;
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Pessoa jurídica de natureza privada;
Pessoa de direito público:
União;
Estados;
Municípios.
5 - TÉCNICAS CONTÁBEIS
Para atingir sua finalidade a contabilidade utiliza-se de meios próprios que são:
A) Escrituração;
B) Demonstrações Contábeis;
C) Auditoria;
D) Análise de Balanços.
A) Ativo:
São todos os bens e direitos de propriedade da empresa, expressos em moeda, e
que representam benefícios presentes e futuros a empresa, isto é, que tenham
potencialidade de geração de caixa.
Para ser considerado Ativo, é necessário preencher quatro características
simultaneamente:
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- Bens ou Direitos: Bens são todos os materiais móveis e imóveis, com os quais
a empresa executa suas atividades. Direitos são os valores que a empresa poderá
dispor em prazo imediato ou futuro. Ex.: Duplicatas à receber, marcas e
patentes.
- Propriedade: é o legitimo poder de decidir sobre o destino do objeto em
questão. Nem sempre para ser o proprietário é preciso ter a posse. Ex.
mercadorias adquiridas que ainda se encontram em poder da transportadora;
máquinas encaminhadas para outras empresas.
- Mensuráveis em dinheiro: os bens devem ter a possibilidade de serem
avaliados em dinheiro. Ex. um carro usado, que não tenha mais capacidade de
gerar fluxo de caixa e nem tenha mais valor comercial, não é mensurável.
- Benefícios Presentes e Futuros: Os bens ou direitos devem trazer benefícios no
presente ou no futuro. Ex. máquinas em perfeito estado de uso, duplicatas a
receber com perspectivas de recebimento.
B) Passivo:
É composto pelas obrigações (passivos, exigibilidades), as quais formam os
elementos negativos da empresa. São os recursos de terceiros, ou seja recursos
provenientes de outras fontes que contribuem para o desenvolvimento das atividades da
empresa, como por exemplo os financiamentos e empréstimos bancários, ou mesmo, os
originados de compras à prazo e contas à pagar.
A existência do passivo pode ser justificada por:
- Necessidade de Capital de Giro: Na insuficiência de recursos próprios, a
empresa recorre a terceiros, na forma de empréstimos, etc.
- Oportunidade de Negócio: Oportunidades oferecidas pelos fornecedores que
incorporam taxas de juros inferiores à receita obtidas na aplicação do capital em
outra oportunidade.
C) Patrimônio Liquido:
Esse grupo corresponde a diferença entre o Ativo (bens e direitos) e o Passivo
(obrigações), e será colocado no lado do passivo para assegurar a igualdade ente os dois
lados. De forma geral, todas as vezes que incorrer uma movimentação desigual de
valores entre o Ativo e o Passivo, o Patrimônio Líquido sofrerá uma variação. Assim, o
Patrimônio Líquido é o resultado final de todo esforço da entidade em alocar os seus
ativos e passivos da forma mais eficiente possível.
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As fontes de recursos ou origens de recursos do Patrimônio Líquido são os
investimentos realizados pelos sócios, os lucros, doações.
A representação gráfica que demonstra o Patrimônio (bens, direitos e
obrigações) é denominado de BALANÇO PATRIMONIAL, que é assim composto:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Bens e Direitos Capital de Terceiros
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Próprio
O Passivo agrupará contas de acordo com o seu vencimento, isto é, aquelas contas
que serão liquidadas mais rapidamente integrarão o primeiro grupo. Aquelas
que serão pagas num prazo mais longo formarão um outro grupo. Assim,
pode-se concluir que as contas do passivo são agrupadas por ordem de
exigibilidade.
PASSIVO CIRCULANTE: No Passivo Circulante estão todas as obrigações a curto
prazo da empresa, isto é, aquelas cujos vencimentos ocorrerão até o final do exercício
social seguinte ao do encerramento do balanço. Ex. Contas a pagar, Fornecedores,
Empréstimos Bancários, Impostos a Recolher, Salários a Pagar etc.
PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO No Passivo Exigível a Longo Prazo
classificam todas as obrigações da empresa cujo vencimento ocorre após o
término do exercício seguinte ao encerramento do Balanço. Ex. Empréstimos
a longo prazo.
RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS: Neste grupo relacionam-se as receitas
recebidas pela empresa e que devem ser reconhecidas nos resultados, pelo regime de
competência, em exercícios futuros. Ex. vendas de terrenos, imobilizado não recebidos,
aluguel recebido antecipadamente.
PATRIMÔNIO LIQUIDO: Representa a identidade contábil, medida pela diferença
entre o Ativo e o Passivo Exigível. Indica o volume de recursos próprios da empresa,
pertencentes a seus acionistas ou sócios. Ex. Capital Social, Reservas de Capital,
Reservas de Lucros, Lucros ou Prejuízos Acumulados .
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VISÃO SINTÉTICA DO BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
São as contas que estão constantemente em São obrigações exigíveis que serão liquidadas
giro – em movimento – sendo que a conversão no próximo exercício social: nos próximos 360
em dinheiro será no máximo, no próximo dias após o levantamento do Balanço.
exercício social.
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
São os bens e Direitos que se transformarão em São as obrigações exigíveis que serão
dinheiro um ano após o levantamento do liquidadas com prazo superior a um ano –
Balanço. dívidas a longo prazo.
Permanente Patrimônio Liquido
São Bens e Direitos que não se destinam a
São os recursos dos proprietários aplicados na
venda, e no caso do bens que têm vida útil.
empresa. Os recursos significam o Capital mais
- Investimentos
o seu rendimento - Lucros e Reservas.
São as inversões financeiras de caráter
permanente que geram rendimentos que
são necessários à manutenção da atividade
fundamental da empresa.
- Imobilizado
São os itens de natureza permanente que
serão utilizados para a manutenção da
atividade básica da empresa.
- Diferido
São aplicações que beneficiarão resultados
de exercícios futuros.
7 - ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
É o ato de registrar nos livros da empresa as movimentações ocorridas em seu
patrimônio. A escrituração pode ser definida como um conjunto de lançamentos das
operações da empresa em ordem cronológica.
Quando a Contabilidade é organizada, os procedimentos se tornam rotineiros e
podem até ser realizados por auxiliares, ficando o contador disponível para solucionar
os casos de maior complexidade.
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Todas as empresas estão obrigadas a manter uma série de livros de escrituração.
Os livros são classificados como obrigatórios e facultativos.
Obrigatórios pela legislação comercial: Livro Diário e Livro Razão.
Obrigatórios para as S/A: Livro de Registro das ações nominativas, Livro de
transferência de ações nominativas, Livro das atas das assembléias gerais e Livro de
presença dos acionistas.
Livros Facultativos: Caixa, Controle de Estoque, Controle de Duplicatas.
Livros Fiscais mais importantes: Livro de Apuração do Lucro Real, Livro de
Apuração do IPI, Livro de entrada de mercadorias, Livro de saída de mercadorias, Livro
de apuração do ICMS, Livro de inventário, Livro de Registro de empregados.
ATIVO = PASSIVO
SALDO DEVEDOR = SALDO CREDOR
7.2 - LANÇAMENTOS
É o registro de um fato contábil através do método das partidas dobradas. É feito
em ordem cronológica e deve possuir: data da ocorrência do fato, conta a ser debitada,
conta a ser creditada, histórico e valor.
8 – CONTAS
Para simplificar e agilizar o serviço de escrituração e elaboração das
demonstrações contábeis, todos os fatos da mesma natureza que representam a
movimentação de um mesmo elemento patrimonial são registrados em um controle
(livro, ficha, arquivo do computador) sob uma mesma denominação.
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A conta registra os débitos e créditos da mesma natureza, identificados por um
titulo que qualifica um componente do patrimônio ou uma variação patrimonial. Ex.
Caixa, bancos, Moveis e Utensílios, Fornecedores, Títulos a Pagar etc.
As contas apresentam características qualitativa e quantitativa . A característica
qualitativa deve-se a necessidade das operações da entidade serem identificadas,
intituladas, isto é, necessitam de uma denominação específica. Ex. Caixa, Bancos
(denominação). Já os valores atribuídos às contas garantem a característica de
quantitativa (valoração. Ex. 20000 - 5.000,00 etc).
As contas podem ser classificadas em Integrais ou Patrimoniais e Diferenciais ou
de Resultado.
As contas Integrais ou Patrimoniais são aquelas representativas de todos os
valores que formam o patrimônio (bens, direitos, obrigações e situação liquida) Ex.
Caixa, Bancos conta Movimento, Capital Social. As contas Diferenciais ou de
Resultado são as contas oriundas das operações da entidade em determinado tempo e
que serão utilizadas na confrontação para apuração do resultado do período, são,
portanto, representativas das variações aumentativas ou diminutivas da situação liquida
do patrimônio (receitas e despesas) Ex. Vendas a vista, Despesas Administrativas etc.
As contas de despesas são sempre debitadas e acarretam a diminuição na
situação liquida positiva do patrimônio. Já as receitas são sempre creditadas e acarretam
o aumento da situação liquida positiva do patrimônio.
9 - RAZÃO
Antigamente as contas eram registradas em um livro denominado Livro Razão.
Atualmente este livro foi substituído por fichas soltas, nos sistemas mecanizados ou
pela memória do computador, nos sistemas computadorizados de contabilidade. Cada
ficha destina-se aos registros dos fatos referentes a uma só conta. Nesta ficha é
registrado a data em que ocorreu o fato, histórico descritivo do fato e o valor
movimentado, bem como o saldo atualizado da conta.
Para simplificação de ilustrações, explicações e resoluções de exercícios,
utilizaremos uma representação gráfica de conta bastante simples, que denominaremos
de razonete T ou simplesmente razonete. Para todas os razonetes em T colocaremos o
nome da conta sobre o traço superior do T. No lado esquerdo serão lançados os valores
que estarão debitando a conta, e do lado direito os valores que estarão creditando a
conta. Vejamos um exemplo:
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Nome da Conta
Débito Crédito
Débito Crédito
(aumenta) (diminui)
Débito Crédito
(diminui) (aumenta)
As contas do Patrimônio Líquido tem funcionamento semelhante às contas do
Passivo. Como não existem obrigações positivas, todas as contas do Passivo e do
Patrimônio Líquido terão saldo credor (negativo).
10 - PLANO DE CONTAS
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A contabilização das transações de uma empresa é feita pelo departamento,
seção ou setor de contabilidade. As transações das empresas nem sempre são da mesma
natureza, variando o tipo de conta utilizada para o registro das operações. Por exemplo,
uma empresa que somente presta serviços nunca terá uma conta de “venda de
mercadorias”, mais sim uma conta de “venda (ou receita) de serviços”. Da mesma
maneira, a nomenclatura das contas varia de acordo com a preferência do responsável
pela contabilidade. Enquanto um contador prefere chamar “venda de serviços”, outro
pode preferir usar uma conta “receita de serviços”, que na realidade são a mesma conta
com nomenclaturas diferentes. Assim, para assegurar a uniformidade na utilização de
contas para o registro das transações, as empresas se utilizam de um plano de contas.
Um plano de contas representa a organização das contas usadas pela empresa
para o registro das transações, com o objetivo de assegurar a uniformidade na sua
utilização.
BALANÇO PATRIMONIAL
EM / /
ATIVO PASSIVO
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Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidades Obrigações Operacionais
Caixa Fornecedores
Bancos c/ Movimento Obrigações Financeiras
Créditos Empréstimos
Duplicatas a Receber Obrigações Trabalhistas
Outros Créditos Obrigações sociais e fiscais
Antecipações a Recuperar Outras Obrigações
Investimentos Temporários Obrigações Provisionadas
Aplicações Financeiras Passivo Exigível a Longo Prazo
Estoques Financiamentos
Mercadorias Resultado de Exercícios Futuros
Despesas do Exercício Seguinte Receitas Diferida
Prêmios de Seguro a Apropriar
Ativo Realizável a Longo Prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Empréstimos Concedidos Capital Social
Ativo Permanente Reservas de Capital
Investimentos Reserva de Reavaliação
Ações Reserva de Lucros
Imobilizado Lucros ou Prejuízos Acumulados
Terrenos
Diferido
Despesas Pré-operacionais
Disponibilidades
Representa o dinheiro em mãos da empresa, os depósitos bancários a vista e as
aplicações de imediata conversibilidade em dinheiro. Diversas contas integram as
disponibilidades. Às vezes aparecem englobadas sob o título “Disponível” ou
“Disponibilidades”, enquanto outras vezes aparecem subdivididas em várias contas.
Enquadram-se também como disponibilidades as chamadas Aplicações de
Liquidez Imediata que são investimentos feitos pela empresa a curtíssimo prazo - uma
quinzena, uma semana ou um dia-; em virtude de existência de um mercado altamente
dinâmico, podem ser consideradas com dinheiro em mãos.
Clientes (Créditos)
Compreende os valores a receber decorrentes das vendas efetuadas pela
empresa. Eventualmente, no caso de empresas prestadoras de serviços, podem ser
inclusos os serviços já prestados e ainda não faturados.
As duplicatas descontadas indicam desconto antecipado das duplicatas a receber
em estabelecimentos bancários. O banco compra à vista as duplicatas, “descontando” no
ato as despesas bancárias e os juros a que tem direito pelo período que transcorrerá
entre a data do desconto e a data do vencimento das duplicatas. Do ponto de vista de
direitos sobre o título, é indubitável que após a negociação, passa a pertencer ao banco
e, assim, não mais ao ativo da empresa. Por essa razão nos balanços publicados,
Duplicatas Descontadas aparecem como conta subtrativa de Duplicatas a Receber (só
não aparece o saldo líquido de Duplicatas a Receber porque, sendo a empresa
descontante do título e avalista do mesmo, poderá ter de arcar com a sua liquidação se o
cliente não pagar). Entretanto, do ponto de vista de investimentos e financiamentos, a
interpretação é outra. A empresa, através de suas vendas com prazo de pagamento
concedido ao cliente, gera um investimento para o qual não dispõe de recursos.
Recorre, então, ao banco que lhe fornece esses recursos sob a modalidade de
negociação de duplicatas, ou seja, o banco entrega certa quantia à empresa calculada
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sobre o valor bruto da duplicata menos juros, comissões etc. e torna-se dono da
duplicata. Acontece que o investimento da empresa decorrente das vendas a prazo é de
caráter contínuo, pois, quando recebe de uma empresa, já está financiando outro cliente.
Assim, requer financiamento constante para cobrir esse investimento. Não tendo capital
próprio, recorre a capital de terceiros; no caso, desconto de duplicatas. Portanto, para
efeito de Análise de Balanços, as duplicatas descontadas devem figurar no Passivo
Circulante, pois o Passivo representa financiamentos de terceiros obtidos pela empresa.
A empresa passa a depender dos bancos para poder efetuar o investimento em
duplicatas a receber. Se amanhã os bancos não quiserem mais descontar duplicatas da
empresa, seja qual for o motivo, ela será obrigada a deixar de investir em duplicatas a
receber (vendendo somente à vista se for possível) ou obter outra fonte de
financiamento.
Estoques
Os estoques compreendem produtos e materiais de propriedade da empresa.
Compõem os estoques as seguintes contas:
• Produtos Acabados: representa os produtos cujo processo de fabricação foi
concluído e já se encontram em condições de venda.
• Mercadorias para Revenda: compreende as mercadorias adquiridas para
comercialização.
• Produtos em Elaboração: representa o valor do inventário de produtos que se
acham em processo de fabricação na data de levantamento do balanço;
compreende todos os custos aplicados nesses produtos.
• Materiais: compreende todo tipo de material existente na empresa, tanto aquele
que se incorpora ao produto como aquele auxiliar da produção, administração e
entregas;
• Mercadorias em Trânsito: compreende os bens comprados pela empresa que
na data do balanço se acham em transporte, a caminho da empresa.
Aplicações Financeiras
Freqüentemente, por excesso de recursos monetários, por obter boas taxas
remuneratórias, por obrigações contratuais ou por falta de opções de negócios, as
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empresas efetuam aplicações financeiras por prazos que variam desde um dia até alguns
anos, embora raramente ultrapasse um ano. As aplicações de curtíssimo prazo devem
ser englobadas às disponibilidades; entretanto, as de maior prazo devem constituir um
item à parte do Ativo Circulante (ou Realizável a Longo Prazo, se for o caso).
Investimentos
A Lei das S. A . estabelece que devem ser classificadas em Investimentos as
participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza que
não se destinem à manutenção da atividade da empresa e não se classifiquem no Ativo
Circulante ou Realizável a Longo Prazo.
• Participações Permanentes em Outras Sociedades: este item engloba as
participações de capital em outras empresas na forma de ações ou de quotas com
características de investimentos permanentes. As aplicações de capital em outras
empresas, normalmente, são de natureza voluntária e representam uma extensão ou
diversificação da atividade econômica da própria empresa. Acima de 10% de
participação (sem deter o controle de capital), a outra empresa será uma coligada da
investidora. Se houver o controle - definido como preponderância nas deliberações
sociais e poder de eleger a maioria dos administradores -, a outra empresa será
controlada.
• Outros Investimentos Permanentes: são representados por diversos tipos de
investimentos, sempre desvinculados da atividade principal da empresa. Exemplos:
Obras de Arte.
Imóveis não destinados ao uso.
Bens locados a terceiros.
Imobilizado
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O imobilizado compreende os bens e direitos destinados à manutenção da
atividade da empresa.
As principais contas componentes do imobilizado são:
• Terrenos
• Construções.
• Instalações.
• Máquinas e Equipamentos.
• Móveis e Utensílios.
• Veículos.
• Marcas e Patentes.
• Benfeitorias em Imóveis de Terceiros.
• Obras em andamento.
• Adiantamento para Imobilização.
O custo dos bens levados para o Imobilizado compreende todos os gastos
necessários para ter os bens em funcionamento na empresa. Por exemplo, o custo de
uma prensa será, além daquele constante da nota fiscal, o custo de transporte e
instalação no local, até o seu funcionamento. Não se integram nesses custos, porém, os
custos financeiros.
Veja-se a seguir o que compreende cada um dos mencionados itens do
imobilizado.
• Terrenos - esta rubrica compreende os investimentos efetuados pela
empresa na aquisição de terrenos, incluindo os gastos legais com escritura,
registros e cisa. Apenas os terrenos utilizados nas operações da empresa devem
estar aqui compreendidos. Os terrenos relativos a construções em andamento
devem estar classificados em “Obras em Andamento, enquanto eventuais
terrenos adquiridos para especulação, para aluguel ou expansão remota devem
ser classificados em investimentos.
• Construções: Incluem-se aqui todos os custos incorridos pela empresa
na construção de edifícios utilizados nas operações da empresa, tanto industriais
como de administração e vendas. No caso de imóveis adquiridos, esta rubrica
poderá ser substituída pela intitulada “Imóveis” ou “Edificações”.
• Instalações: devem ser registrados como instalações todos os gastos
necessários ao funcionamento da empresa despendidos na instalação de
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divisórias, estantes, prateleiras, bem como as instalações especiais elétricas e
hidráulicas requeridas para melhor funcionamento ou por condições especiais
das operações da empresa. Quando os gastos de instalações se confundirem com
o próprio equipamento instalado, deverão fazer parte do custo de equipamento;
porém, quando for possível identificar a própria instalação em si, com vida útil
autônoma, os custos integrarão a rubrica instalações.
• Máquinas e Equipamentos: são aqui incluídos os custos havidos na
aquisição e instalação de máquinas e equipamentos, ou seja, todos os custos
além do preço pagos a fornecedores, como impostos, transportes, preparação
para instalação etc. No caso, por exemplo, da instalação de um equipamento de
pintura, poderá ser necessária uma instalação elétrica especial devido à
voltagem requerida pelo equipamento de pintura. O custo dessa instalação será
incorporado ao do equipamento. A empresa poderá ter ainda efetuado
instalações antipoluente e contra incêndio, as quais constituirão um item à parte
dentro da rubrica instalações.
• Móveis e Utensílios: esta conta registra todos os bens representados por
mesas e cadeiras, máquinas de escrever e calcular, arquivos, armários etc.
• Veículos: registra-se aqui o custo de aquisição de veículos de transporte
externos à empresa, tanto utilizados pela administração, como por vendas e pela
produção. Empilhadeiras, vagões, carrinhos etc. utilizados internamente fazem
parte de “Equipamentos”.
• Marcas e Patentes: são os custos da empresa na aquisição de marcas
e/ou de patente de terceiros, bem como aqueles decorrentes de desenvolvimento
interno através de pesquisas e que tenham sido efetivamente registrados nos
órgãos competentes, a fim de que fiquem devidamente incorporados ao ativo da
empresa.
• Benfeitorias em Imóveis de Terceiros: as melhorias, reformas, pinturas,
construções e adaptações efetuadas em imóveis de terceiros constituirão os
custos que farão parte deste item.
• Obras em Andamento: são compreendidos por este item os custos
incorridos pela empresa na construção de unidades fabris, comerciais e
administrativas, incluindo custo de construção, importação em andamento,
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adiantamentos a fornecedores e prestação de serviços, bem como almoxarifado
de materiais a serem utilizados.
Diferido
Este grupo compreende gastos que não foram apropriados a Resultados e que
irão beneficiar exercícios futuros. São gastos de uma atividade que se espera venha
gerar receitas nos próximos exercícios. Existe um princípio contábil segundo o qual as
receitas devem ser confrontadas com custos ou despesas necessários para produzi-las.
As despesas que não geraram receita ou são perdas irrecuperáveis e nesse caso devem
ser apropriadas a resultado não operacional - ou produzirão receita futuramente, quando
então deverão ser lançadas no Ativo Diferido. Normalmente, esse tipo de despesa (que a
rigor não é despesa, mas gasto, pois será despesa somente quando apropriada a
Resultado) ocorre na fase pré-operacional ou da empresa como um todo ou de
determinadas filiais ou ainda de projetos. Caracterizam-se ainda como Ativo Diferido os
gastos em pesquisas e desenvolvimento de produtos ou de processos.
A definição do que e quanto deve ser ativado como Diferido, bem como sua
amortização, é inteiramente arbitrária. Os principais componentes do Ativo Diferido
são:
• Gastos de Implantação e Pré-Operacionais: este item agrupa todos os gastos
incorridos pela empresa, antes do início de suas operações, que serão apropriados a
Resultados quando do início de suas operações.
• Gastos com Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos: referem-se aos gastos
incorridos na pesquisa e no desenvolvimento de novos produtos, que serão
amortizados durante o período em que tais produtos desenvolvidos produzirem
resultados para a empresa.
• Amortização Acumulada (conta redutora do Permanente Diferido): tem por
finalidade registrar quanto das Despesas Diferidas já foi apropriado a Resultados.
PERÍODO....
Receita bruta
(-) Deduções da receita bruta
Devoluções e abatimentos
Impostos s/ vendas
= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
(-) Custo das mercadorias vendidas
= LUCRO BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
• Despesas com vendas
• Despesas gerais e administrativas
• Despesas financeiras + receitas financeiras
(+/-) OUTRAS RECEITAS/DESPESAS OPERACIONAIS
= RESULTADO OPERACIONAL LÍQUIDO
(+/-) RECEITAS/DESPESAS NÃO OPERACIONAIS
(+) Receitas não operacionais
(-) Despesas não operacionais
= RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DA C.S. E I.R.
(-) Provisão para Contribuição Social
(-) Provisão para Imposto de Renda
= RESULTADO DO EX. ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
(-) Participações
• Custos dos Serviços Prestados: O Custo dos Serviços Prestados no caso das
empresas prestadoras de serviços, corresponde aos custos incorridos para a prestação
de serviços. Os itens componentes do Custo dos Serviços Prestados variam de
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empresa para empresa, em função do seu próprio ramo de atividade. Há, porém,
casos de empresas prestadoras de serviços que não evidenciam na demonstração do
resultado o custo dos serviços prestados, contabilizando-o com as despesas
operacionais, o que é um erro bastante prejudicial para a Análise de Balanços.
C) DESPESAS OPERACIONAIS
As Despesas Operacionais, segundo a Lei das S.A ., compreendem as despesas
necessárias para a empresa funcionar, isto é, vender, administrar e financiar suas
atividades. Não se confundem com as despesas de produção, ou seja, aquelas
necessárias para transformar a matéria-prima em produto acabado. Do ponto de vista da
Análise de Balanços, seria interessante que as despesas financeiras não estivessem entre
as despesas operacionais. Assim, poder-se-ia apurar o lucro das empresas
independentemente de sua estrutura de capital, porque as despesas financeiras
dependem do volume de empréstimos tomados. Caso a empresa não tome empréstimos,
não terá despesas financeiras. Assim, essas despesas não dependem da capacidade
operacional, mas de sua estrutura de capital.
• Despesas de Vendas: representam as despesas necessárias para as vendas, bem
como as de promoção e distribuição dos produtos da empresa no mercado, e ainda os
riscos assumidos pela venda, como garantias.
• Despesas Administrativas: compreendem as despesas incorridas para a direção e
execução das tarefas administrativas, bem como as despesas gerais que beneficiam os
negócios da empresa.
• Despesas Financeiras: representa a remuneração paga a terceiros que financiaram a
empresa. As despesas financeiras englobam:
Comissões e despesas bancárias: são despesas cobradas pelas instituições
financeiras nas operações de desconto, repasses, empréstimos etc.
Descontos concedidos: são descontos dados a clientes por pagamentos
antecipados de duplicatas.
Juros: são os juros pagos em empréstimos, financiamentos, desconto de títulos
etc.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 43
DISCIPLINA: PROGRAMAÇÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA EPS 5211
SEM 2004.2
Variação Cambial: registra os acréscimos de dívidas devidos à atualização
periódica dos empréstimos e financiamentos pagáveis em moeda estrangeira.
REFERÊNCIAS:
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1997.