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por ser meu primo. Mas o que importa, aqui, é o fato de esse homem
sincero, sem papas na língua, declarou o 14 de novembro como um
dia de traição a Cascavel.
Nas eleições de 3 de outubro de 1950, Neves, então apenas um
anônimo agropecuarista do interior do Município de Foz do Iguaçu,
votou em Bento Munhoz para governador. Bento disse a Neves:
“Disponha de mim se eu for eleito”. Foi eleito.
Em 14 de novembro de 1951, o governador Bento assinou a lei
790/51, criando uma penca de municípios. Até “bibocas” sem
estrutura nenhuma se tornaram municípios e por isso a lei previa
uma ajuda de cem mil cruzeiros para a instalação.
Neves foi ao governador para receber os recursos e ouviu um não:
“Este ano e o ano que vem, vocês não vão receber esta verba”.
Bento alegou que estava construindo o Centro Cívico: “Eu tenho que
segurar o dinheiro e vocês vão cooperar comigo”.
“Voltei meio desanimado”, disse Neves, “mas pensei: não posso
abandonar essa gente. Então resolvi meter a mão no bolso”.
Trocando em miúdos: no dia 14 de novembro de 1951, Bento
assinou uma lei que prometia ajuda aos novos municípios e essa
ajuda jamais veio, virou pó. A lei 790/51, portanto, no entender do
primeiro prefeito de Cascavel, embutia uma falsa promessa, mentira,
traição.
Cascavel nunca viu a cor dos tais cem mil cruzeiros. Se não por
mais nada, é por isso que não há sentido em impor o 14 de
novembro como data histórica a comemorar.
O prefeito Neves teve que pôr a mão no próprio bolso para iniciar
o Município, que começa em 14 de dezembro de 1952. Em outra
ocasião podemos contar como foram os duríssimos primeiros meses
da administração municipal.
O 14 de novembro foi, desde o início, a “data da traição”,
enquanto o 14 de dezembro se tornou uma data consagrada já no
primeiro aniversário: em 14 de dezembro de 1953, em homenagem à
data, a Lei estadual 1.542 criava a Comarca de Cascavel. A partir de
então, o aniversário seria sempre festejado nessa data.
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