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Fer epee (© Contigo etoile orgoninagso Anthony Giddens, Pranaraedigbo er 2001 por hal sobre atria vin/ Anthony Giddens (org); tau de Rogee 1 1 Paulo: Baiora UNESE, 2007 4 -lle—comas ! Para Michele Katy osu BASU Introdugéo Anthony Giddens O debate sobre a politica da terceira via progrediu bastante nos liltimos dois ou tr8s anos. Isso também aconteceu com 0 avanco do Pensamento de terceira via na esfera da politica pritica. Por todo 0 mundo, governos de centro-esquerda vém tentando i rogra- ‘mas de terceira vie ~ 2 despeito de usarem ou no a expressio em Muitos a utilizam ~ no memento em que este liv esté sendo esc: ‘que se autoceclaram de terceira viano poder no Reino Unido, i Taiwan, Brasil, Argentina e Chile, entre muitos outros pafses. Outros no. Assim, embora a idéia da terceira via tenha sido intensamente debetida na Europa continental, ali a expresso em Bera] ndo se firmou. Alguns a rejeitam ativamente; outros a substituem Por idéias diferentes, como a do “novo centro”, na democracia social lem, ou a da “coalizdo pirpura’, na Holanda, Entretanto, precisamos olhar além da terminologia. Hé vérias ra- 26es para que lideres politicos desejem evitar a expresso “terceira via ‘Trata-se de uma expresséo antiga q ia do pensamento politico e da pratica politica, apenas para voltar @ desaparecer. Foi usada por uma diversidade de grupos politicos no pas- sado, alguns mais de direita que de esquerda. Mais que isso, a “terceira v7 © dnote global sobre sou a politica em um contexto muito especifico. Foi ressus: | Clinton e pelo Conselho de Lideranca Democritica dos alguns socialdemocratas ~ nesses paises ¢ também fora deles ~ passa- ram a identificar a terceira via ou com as politicas adocadas pelos No- vyos Democratas ¢ pelo Novo Partido Trabalhista, ou com as estrucuras oees dos Estados Unidos ou do Reino Unido. Segundo esse periodas de gover a Gré-Bretanha. E eoliberal ~o veaganismo nos EUA eo thatcherismo de mo de mercado e autoritarismo moral que € 0 marco do ae lismo, De maneira mais geral, os proponentes do pensamenta politico de terceira via sd0 vistos como que advogando a sociedade anglo-ame- ricana como um modelo desejével a ser seguido por outras nagBes. Essa interpretagdo no proporciona uma perspectiva dil sobre via ~ e nfo é um ponto de vista aceito em nenhuma das selegGes que perfuzem este livro, “Tercera via", como entendida aqui, designa uma série muito mais genérica de esforcos, comuns & rmaiotia dos partidos e pensadores de esquerda na Europa e em outras partes do mundo, para reestruturar as doutrinas esquerdistes. Existe tam reconecimento geral quase que por toda parte de que as duas “vias” tém dominado 0 pensamento politico desde a Segunda Guerra faz concessbes excessivas aquela mist! nis, per serem radicais ¢ reformistas, baseavam-se nas id e planejamento econémicos ~ uma economia de mercado ¢ essencial- mente irracional e refratiria 4 justiga social. Até mesmo a majoria dos que advogavam uma “economia mista” sé aceitava os mercados a con- tragosto. No entanto, como teoria da economia gerida, 0 socialismoquase gue ja nao existe. © “compromisso keynesiano com o bern-estar social” dissolveu-se em grande medida no Ocidente, ao passo que paises que retém uma adesio nominal ao comunismo, e mais notavelmente a Chi- na, abandonaram as doutrinas econdmicas que outrora representavam. ‘A “segunda via” ~ o neoliberalismo, ou fundamentalismo de mer- cedo ~foi descartada até mesmo pela maioria de seus adeptos direitistas. 6 Invrodugbo. A crise do leste asiético de 1997-8 revelou quao instiveis e desestabi zadores podem ser mercados mundiais desregulamentados, ¢ especial- mente os financeiros. Bles fazem pouco para ajudar a mitigar as extre mas desigualdades existentes entre os paises mais pobres e os mais ricos. Dentro das sociedades desenvolvidas, 0 eleitorado se resguarclou de politcas neoliberais, que sugerem caber aos 108 arranjar-se sozinhos em um mundo marcado por altos niveis de incerteza ¢ mu- danga tecnolégica. O retomno de partidos de esquerda ou de centro a0 4 ‘governo de tantos pafses transmite a clara mensagem de que as pessoas nfo querer ficar desprotegidas ante 0 mercado global. Os partidos esquerdistas estéo sendo forcados a criar algo nove, uma vez que as doutrinas centrais do socialismo jé néo so aplicéveis. Nao importa se empregamos ou nio a expressio “terceira via" para designar essa tentativa de “algo novo”. “Democracia social moderni- zadora” ou “esquerda modernizaciora” podem ser usados em scu lugar. Eu continuo a usar “terceira via”, porém, por tratar-se de uma itil ex- presséo emblemética. Ela se refere & renovagao da democracia social em condigées sociais contemporaneas. Na interpretagio que lhe confi ro aqui, ela deve pouco ou nada a seu uso em geracées pregressas. A 1a via nfo deve ser identificada isoladamente com as perspectivas de nenhum outro partido especifico, sendo antes uma ampla corrente ideologica em que desdguam varios afluentes. As mudancas dot aa efomndes por paridos ou coulnGes de eaquerda mat sociedades escandinavas ou na Holanda, Franca ¢ Itélia desde o final da década de 1980 sao tanto parte de politica de terceira via como as desenvolvidas em paises anglo-saxses, Alguns se referem a esses desenvolvimentos como diferentes "ter- ceiras vias”." A meu ver, contudo, hé uma orientacio politica ¢ um programa politico gerais emergindo, nfo apenas na Europa, mas tam ‘bém em outros paises e continentes, que podem ser designados como 2 terceira via (ou a democracia social atualizada). Isso se encontra ain 1 Ver Wolfgang Meskel, neste volume. © debate global sobre @ teresira vie fem processo de construgio, nfo sendo um sistema plenamente arre- dondado, Diferentes grupos politicos e diferentes paises 0 estéo abor- dando com experiéncias histéricas variadas e necessidades diversas. Em fancio disso, eles no convergirdo necessariamente em seus padres, de desenvolvimento especificos, ainda que suas solugdes politicas se assemelhem umas as outras. © pane de fundo: @ mudanga social A politica da terceira via consiste no modo como os partidos de centro-esquerda devem responder 4mudanca ~nfosé ao mutant mapa ideol6gico em si, mas também s transformagées que ocotrem por trés dessa transico. Ti8s transformagBes desse tipo vem alterando 0 pano- rama da politica ~ a globalizagao, a emergéncia da economia do conhe- cimento e as profundas mudangas na vida cotidiana das pessoas. 4 poucos anos, havia certa dvida, particularmente na esqueda, sobre se a globalizago era ou nfo uma realidade. Os nao-persuadides grafavam “plobalizacio” entre aspas, para demonstrar seu essencial com relacdo A idéia. A contravérsia progrediu. Persiste a dis- cussio sobre como melhor conceituar a globalizagZo, mas pouces insis- tiriam em negar sua influéncia ~ como indicam o papel dos mercados financeiros globais, os novos desenvolvimentos na comunicasao ele- twonica e as transig6es geopoliticas, 2 mais abrangente das quais foi o fim da Guerra Fria. As discussbes sobre a globalizario jé ndo se con- centram em determinar se ela existe, mas em quais so suas conse- giiéncias. Desde as reunites da Organizacio Mundial do Comércio ‘no fim de 1998, tis preocupacbes j& nZo se imitam ica ortedoxa, e trazem a campo varios grupos de opasi- A esfera da pol <0 € da contracultura. De maneira um tanto similar, muites na esquerda inclinavam-se a duvidar da exiscéncia da economia do conhecimento, ou pelo menos a desmerecer seu impacto. A producio fabri, eles argiiam, continua cen- tral para toda economia moderna, J que os produtos fisicos so neces- sidades essenciais da vida, Além disso, prosseguiam eles, 0s que falam 20 Intradugéo do declinio da classe operéria cometem um eq 4s pessoas trabatham com servicos ou em “indisitias do conhecimen- to”, muitos empregos se assemelham aos da manufacura no que se re- fere as condicbes de trabalho. Assim, o trabalho de uma pessoa no cai- xa de um supermercado ¢ to rotineiro ¢ monézono quanto o de um operério na linha de montagem de uma fabrica Hé ainda muita discérdia a respeito de como a economia do conhe- cimento pode ser mais bem entendida ¢ quais so suas dinamicas. Mas jd ndo restam duividas de que a nova economia € real e de que seu im- acto € onipresente. Suas origens remontam a cerca de trinta anos atris, & época em que a tecnologia da informacéo comecou a influenciar os processos de producio ¢ distribuicéo. A inovagéo tecnolégica é o prin cipal fator envalvido no répido € progressivo encolhimento do setor ‘manufatureiro nas economias avangadas. Nos paises da UE, em média 18% da forca de trabalho atuam na manufatura, em comparacio com 40% hé uma geracio, Alguns sugerem que dentro dos préximos quinze 2 vinte anos a manufature pode seguir 0 caminho da agricultura. Na agriculture, 2% da forga de trabalho produzem mais do que 30% do operariado do mesmo setor produziam outrora. Talver em algum mo- mento futuro menos de 10% da forca de trabalho venham 2 atuar na manufatura, produzindo mais bens do que um miimero sete ov oito vvezes maior de operdrios costumava produzit, iria “de colarinho azul”, principal foco da tradicional desaparecendo, Nao é verdade que os empre- sendlo simplesmente substituidos por oca- no setor de servicos, ou “McEmpregos”. Sao os traba- Inadores especializacos, especialmente os “trabalhadores simbélices”, que esto em demanda na economia do conhecimento, e no o traba- Ihador sem especializacio, que na verdade vers sendo ameagado pela ‘marginalidade, De resto, mesmo ocupagées de baixo nivel nos servigos podem oferecer uma via de mobilidade para cargos mais bem pagos, de tum modo como o trabalho de “colarinho azul” em geral nao oferecia. Oadvento da internet levard tais mudangas ainda mais longe. Nin sguém sabe qual serd seu pleno efeito, Por volta de 80% das transacées da internet sio atualmente business-to-business, e pode ser ai que suz co. Mesmo quando CO cette globol sobre © teresira via influéncia econbmica rd se concentrar principalmente, As finances ¢ as acSes bancérias estdo entre as dreas em que a internet e as temno ygias de intranet ja promoveram uma reescruturagdo em grande escala A terceira grande fonte de mudancas no mundo contemporaneo é ascensioc do individualismo, Talvez nfo discutida com tanta freqiiéncia como os outros dois conjuntos de mudaneas, ela & no minimo igual- na esquerda tenderam a nio se dar conta smo como um egoismo econémico ou um consumismo promovidos pela expansio de uma economia de mercado. stem, mas equiparé-los ao individuelismo co. O individualismo é um fendmeno es- trutural em sociedades que vo escapando ao controle da tradigio e do costume, uma transiggo que ver ocorrendo uma vez mais de maneira abrangente. Vivemios nossa vida de maneira mais aberta ¢ reflexiva do que se fazia no passado, Entre as éreas em que 0 individualismo se fez . por exemplo, a familia ¢ as relagdes entre 05 sexos. AS mente “fadadas” & vida de domesticidade hos. Elas ingeessaram na forca de trabalho em grande niimero, ¢ ad as das liberdades que, por muito tempo, foram sobretudo liberdades dos homens ~ inclusive o direito ao divér- cio, Essas conquistas nao foram de raodo algum descomplicadas, mas rio hi como reverté-tas ~€ esto taibémn se tornando globais. mulheres é nao estéo A criagéo dos A-estrutura de politica de terceira vio Na esteira do colapso do comunismo soviético e dos fracassos mais amplos do socialismo, alguns afirmaram que a diviséo entre esquerda ¢ ior parte de sua significincia ou toda ela. Os que a ica de terceira via, por exemplo, caracterizam-na por vvezes como essencialmente pragmatica —“o que conta € 0 que funcion: E bem verdade que o atual pensamento de centro-esquerda questio- ra dogmas do passado. Assim, algumas idéias e polfticas outrora asso- ciadas sobretudo & direita politica (como a privatizacdo ou a disciplina fiscal) tornaram-se corsiqueiras nos programas de partidos de esquer- 2 Invrodugee da. Num mundo que vem experimensando mudangas to profundas, uum certo pragmatismo e a disposicio de experimentar so necessirios. Porém, a divisio entre esquerda e direita nao desapareceu. Ela reflete essencialmente diferengas em valores pk Estar na esquerda & desejar uma sociedade solidéria e inclusiva, em que nenhum cidadio seja deixado de fora. £ comprometer-se com a igualdade e acreditar que temos a obrigacio de prozeger ¢ zelar pelos membros mais vulneriveis da sociedade. Como adendo crucial, isso envolve a crenga de que a in- tervengio de governo é necessiria para alcangar tais objetivos. Os dircitistas tendem a negar cada uma dessas proposiges. Come se mencionou anteriormente, no haverd uma versdo inica da politica de terceira via. Todavia, podemos identificar as principais ira via sugere, ‘Todas podem ser descritas comid envolvernto'@ modernizagao ~ sendo ue esse termo significa « adaptagao aos trés grandes conjuntos de mudangas discutidos anteriormente: 1. A reforma do governo ¢ do Estado & uma alta prioridade, Os socialdemocratas modernizadores devem evitar a tradicional estratégia ta de confiar mais ¢ mais tarefas 48 mos do Estado. Néo se ‘pode enfatizer em excesso, contudo, que isso no equivale a degradar as instituig6es piblicas. Um Estado sobrecarregado ¢ burocritico no ‘apenas pouco propenso a prestar bons servicos piblicos; & também incional para 2 prosperidade econémica, Um tema fundamental da de terceira via ¢ redescobrir um papel ativista para o governo, restaurando e renovando as instituigSes piblicas. Na prética, reformar oBstado esta longe de ser as agéncias estatais transp: ram novas condigGes que devem ser confrontadas, como também inje- cas e nos padroes de itoral. Na maioria dos paises industrializados, os niveis de porgiio de eleitores com lealdade estabelecida a partidos espectficos di- Fy © debate global sobre a tercira via rminulu consideravelmente. O partido de maior crescimento € 0 que tem sido chamado de “nfo-partido dos nao-cleitores” - os desinteres- sados ou desiludidos com os mecanismos politicos ortodoxos. crescimento da apatia politica exige resposta. Quando Ihe per guntam por que nfo tem muito interesse em politica, a maioria das pessoas, particularmente a geracio mais jover, tende a mencionar as atitudes interesseitas dos politicos ou a corrupsao p deficiéncias reais dos atuais sistemas politicos. Mesmo os pafses mais democréticos nfo so democréticos o bastante. Redes de compadtio, apadrinhamento, acordos encobertos e hipoctisia politica desabrida continuam a existir.& claro que nenhum desses facores pode ser elimi- ‘nado totalmente, mas poderiamos certamente fazer progressos em minimizé-los. Uma reforma constitucional concebida para promover ‘ransparéncia e abertura é um meio primordial de promover tais metas. Erradicar a corrupgao é igualmente importante. Alguns dizem que la aumentou nos pafses industriais conforme aesfere do Estado foi ser- do cerceada, O crescimento de parcerias piiblico-privadas, por exemplo, pode ser visto como geracor de noves oportunidades para acordos escusos entre os envolvidos. Entretanto, se a corrupcio parece ter-se tornado mais comum do que nunca, provavelmente a razio principal é que, em tum mundo de crescente act lade & informagio, maneiras de fazer as coisas que antes eram aceitas passaram a ser vistas como ilegitimas. 2, O Estado nao deve dominar nem 0 mercado, nem a sociedade civil, embora precise regular ¢ intervir em ambos. O governo e 0 Estado devem ser fortes o bastante para proporcionar um direcionamento efeti- ‘vo para.a promogdo do desenvotvimento ¢ da justica sociais. Um Estado forte, contudo, néo & o mesmo que um Estado grande? Onde o Estado é superdesenvolvido, 0 governo efetivo torna-se dificil, € 0 poder estatal pode comegar a se sobrepor aos desejos ¢ libercades dos cidadgos. 2 Claus Offe: "The prevent histercl transformation and some basic design options for societal institutions". Ensaio apresentado no seminirio sobre A sociedade © & Sho Panlo, 26.29 ear. 1998 24 Introdugso Pode-se observar algo similar quanto aos mercados. Uma econo- mia de mercado efetiva é melhor maneira de promover a prosperida- dee a eficiencia econémica, trazendo ainda outros beneficios. Os mer~ cados permiem a escolha por parte do consumidor ¢ o livre € nfo violento intercimbio de bens a curta e longa distincia. Desde que os monopélios sejam efetivamente controlados, 08 mercados permitem ‘uma livre concarréncia em que todos, em principio, podem participa. Entretanto, 0 papel dos mercados deve ser confinado. Quando se uam demasiadamente em outras esferas da ima variedade de conseqiléncias inacitaveis. Mer- cados geram insegurangas e desigualdades que requerem a intervencc ‘ou regulacdo do governo para serem controladas ou minimizadas. © ‘comercialismo pode invadir areas que deviam ser da algada do governe ou da sociedade civil '3.A compreensio do papel central da sociedade civil é um crucial do novo pensamento de esquerda. Sem uma sociedade civ senvolvida, nfo pode haver nem um governo em bom funcionamento ‘nem um sistema de mercado efetivo. Porém, assim como no caso do Estado e dos mercades, pode haver sociedade civ) “demais”, como tam- bém “de menos". Por mais importantes que sejam os grupos civicos, os grupos de interesse especial, as organizages voluntévins e outros, cles nfo constituem um substicato do governo democratico. Grupos de in- teresse e organizacSes nio governamentais podem desempenhar um papel significativo zo levar questoes & agenda politica e assegurar sua discussio publica Ume sociedade, ne entanto, no pode ser regi uma reunide de tais grupos, ndo apenas por eles ndo serem el 0s, mas Porque os governos e a lei precisam julgar as reivindicagées riv eles fazem. jente-se desven democracia ¢ 0 jugo da lei si0 com (0 Estado precisa tanto extrait penhar um papel ative em regulé- A sociedade civil nao esté isenta dos processos mais amplos de modernizacao, que ela reflete © para os quais contribui. Por exemplo, a da sociedade civil € incorrera. A les necessarios sobre a esfera ito da seciedade civil como desem- 25 0 debole global sabre 6 tere internet oferece novas oportunidades de comunicagéo ¢ mobilizasio a tumna diversidade de associagSes ¢ grupos, reestruturando-os no pro- rente para a modernizagio da saciedade civil, e ao mesmo tempo manter suas fronteiras com ela. O empreendedorismo civil € qualidade de uma sociedade civil modes zada. Ele é necessério para que os grupos civicos produzam estratégias criativas e enérgicas para ajudar na lida com problemas sociais. O g0- ‘verno pode oferecer apoio financeiro ou proporcionar outros recursos @ tai tre o governo e grupos da sociedade civil exigitfo que tis grupos sejam engajados, determinados e competentes. cesso. O governe deve contribuir dit 4, Precisamos elaborar um novo contrato social vinculando di s. Os limites dessa visio sie hoje evidentes. Quando quase todas as desejam ser livres para seguir seus projetos individuais de vida, é légico que devam assumir a responsabilidade pelas conseqiién- fas do que fazem, para si mesmas e os outros, Alocar aos cidadios tos de proviso ¢ especialmente de bem-estar social sem definir responsabilidaces gera grandes problemas de risco moral nos sistemas de bem-estar social. Se tais sistemas néo estiverem integrados com obrigacées, podem produzir uma cultura do logro ~ expressa, por exern- plo, em altos niveis de fraude da seguridade social. O teorema de que responsabilidades acompanham direitos jé se tomnou amplamente aceito em algumas esferas ~ é por exemplo, um dos principios que orientam a assisténcia aos esquemas de trabalho. Mas ele deve ser visto como um pri algum confinado a rea do bem-estar social. Deve aplicar-se a todos os individuos e grupos, ricos e pobres, poderosos e menos paderosos. Para as elites, “nada de direitos sem responsabilidades” significa a aceitagio de obrigagdes sociais e morais, inclusive as fiscais. No que toca as corporacées, o principio se converte em uma estrutura mais geral de responsabilidades corporativas. 2% Introdugto 5. Nac devemos renunciar ao objetivo de criar uma sociedace igua- litdria. E aqui que muitos da velha esquerda expressam suas maiores reservas. Ao endossarem a importancia essencial dos mecanismos de ‘mercado, os socialdemocratas medemizadores nfo estfo aceitando uma sociedade marcada por crescentes desigualdades? Em uma palavea no, A busca da igualdade deve estar no cere da politica de terceira via, A receita “tite dos tices e dé aos pobres” deve permanecer como pecita angular da politica de centro-esquerda. Impostos progressives sabre 0 patrimdnio ¢ a renda constituem uma contribuigéo direta para a just social, presumindo-se que sejam aplicados efetivamente, Mas paises indus , por exemplo ~ embora em graus varidveis -, descartaram os altos indices de imposto de renda marginal que costu- ‘mavam ter. Fizeram-no em reconhecimento de que tais indices tém um, impacto sobre os incentivos e acarretam altos nfveis de soncgacéo fiscal A redistribuigio econdmmica pass 1ndo possui sendo lum apoio limitade des eleitores em sociedades pluralistas e baseadas na livre-oportunidade, tendo também certas consegiiéncias negativas. (© mais sensato é enfatizar o igualitarismo fundado em ativos pessoais, baseado no investimento em habilidades e capacidades. Em outras éreas, lidar com a desigualdade pode ser um mero caso de reagir &s insuliciéncias do mercado. Os problemas e limitarées do Estado de b social também estio envolvidos. Por exemplo, a pobreza infantil esté aumentando em grande nimero de paises da UE, apesar do fato de que os gastos em bem-estar social cresceram ou pet~ maneceram estéve's. Algumas formas de exclusfo social, como as asso- as sociais de habitagao, resultam diretamen- te de provisdes assiscenciais mal aplicadas. ‘nova fontes de desigualdade que requerem respos- tas politicas inovadoras. Assim, como se notou anteriormente, a de- ‘manda por méo-de-obra néo especializada vem diminuindo em resul- tado do crescimento da economia do conhecimento. Jovens do sexo ‘masculine so 05 mais diretamente afetados, um fendmeno associado a a © debate globel scbre 0 teresira vie , Thudangas meis amplas que afetam de maneira mais geral as perspecti- vvas de homens de origens carentes. A globalizacio, a tecnologia da informacao e as mudangas nas nor- mas sociais afetam as elites, e nio apenas os menos privilegiados. Ao considerar como melhor “regular 0s ricos ¢ poderosos”, devemos reco- nnhecer que novos packdes e estraturas de desigualdade estio envolvi- dos. Como quer que se defina a categoria, “os ricos” sio variegados, indo desde familias h4 muito abastadas até jovens ‘e-miliondrios’, joza- dores de Futebol ¢ pop stars. Poucas iniciativas politicas se aplicardo a todos esses agrupamentos, Mais que isso, algumas das principais ques- tes envolvidas nfo sé ynmicas ~ elas dizem resy Juuso social no topo ~ a rentincia das importante para a sociedade como a elites a0 envolvimento civil ~ cexclusdo ligada & pobreza {G:)A.ctiagdo de uma economia dindmica mas de pleno emprego ‘volt a ser uma meta factivel nas sociedades desenvolvidas ~ e com fe também em alguns paises da UE, Claro que o “pleno emprego” signi fica hoje algodiferente do que na geracdo passada, pois passou a incluir © emprego em grande escala das mulheres, uma proporeio crescente de ocuparées em meio-periodo ¢ outras mudangas Para ajudar a gerar e sustentar altos nfveis de emprego, 0 papel do governo é central, Ele deve proporcionar um direcionamento macroeco- ndmico adequado e observar a disciplina fiscal. Deve estimular a inova- fo tecnolégica € imento econémico. So necesséri ‘mentos muito substanciais na educagio e no treinamento de h ‘mas no somente pelos mecanismos convencionais. Novas tecnologias esto invadindo todos os niveis dz educacao e oferecendo grandes opor- ‘tunidades de reforma educacional, eo aprendizado durante toda a vide rovavelmente se tornaré a norma no futuro. [Nao é papel do governo apoiar indiistrias em dificuldades. Namaioria dos casos, as conseqiiéncias socials e econdmicas acabario sendo piores do que sea tentativa nio fosse fica. Essa licdo Foi confirmada por exem- pos de todas as partes do mundo onde a interven¢o bem-intencionade 28 Invreduges do governo satu pela culatra, tanto em termos de eficéncia econémica social das forcas de trabalho envolvides. © gaverno, contudo, também pode fazer muito para facilitar os processos de adap- taco econdmica ou tecnolégica. A colaboragio entre agéncias governa- mentais © agéncias da sociedade civil, por exemplo, mostrow-se bem sucedida na regeneracao de bairros e regises depauperadas. A adaptago a mudanga tecnolégica e a criagio de empregos exigem © cultivo de mercados de trabalho flexiveis, e também aqui o governo ‘em um papel-chave 2 desempenbar. Mercados de trabalho rigidos de ‘mais, com umn piso de beneficios muito alt ibem o surgimento de empregos, particularmente no protegido setor de servigos, que proporciona ingresso ao trabalho scbretudo para os ‘mais jovens. Também criam mercados de trabalho divididos entre’ dos e excluidos, em que as pessoas empregadas podem ter boa: social, mas as demais enfrentam barreiras punitivas 20 A flexibilidade nos mercados de trabalho nao ésindnimo de desregu- Jamentacao, como mostram exemplos de paises da UE. Pafses com ple- ‘no emprego, ou algo préximo disso, como a Dinamarca ou a Holanda, introduaziram a flexibilidade, mas a apoiaram com garantias ao capital hhumano ~ processos efetivos de requalificagio ou retreinamento. 7. As politicas social e econémica precisam estar conectadas. Tam bbém aqui 05 socialdemocratas precisam afastar-se das Enfases da ¢s- querda mais tradicional (como também da direita neoliteral). A es- querda costumava considerar a politica econémica e fiscal sobretudo do ponto de vista da redistribuigéo, e pensava em termos de f tributagao, ¢ nao do porte da arrecadacSo geral de impostos. A via tais questées sobretudo em termos de eficigncia econémica, et cava reduair a tributacio ao menor patamar possivel. A m: formas de politica fiscal ou econdmica, contudo, tem implicagée ces de tamente sociais. © mesmo vale, as avessas, para 2 pol > esquerda precisa reconhecer que a justica social nem sempre é mais bem servida pelo aumento dos impostos. RedugSes nos impostos po- dem, em certas circunstincias, gerar uma arrecadago maior, especial- ‘mente quando estimulam a criagio de empregos, © ao mesmo tempo 2» i 0 debote global sobre @ torcere vio zar a carga twibutatia dos grupos mais carentes. 8A reforma do Estado de bem-estar social ja foi mencionada. As razbes por que sistemas estabélecidos de bem-estar sccial necessitam de reforma quase por toza parte si bem conhecidas. O Estado de bem- estar social se desenvolven numa era em que nem os riscos a serem cobertos nem os grupes em maior necessidade eram os mesmos de agora. Para dar apenas um exemplo, com as mudangas na natureza da Familia, as mées e pais soltelros, ¢ particularmente as mies, se torna- par - igualmente necesséria nos casos em que o Estado gero. ou efeitos perversos. Ha alguns exemplos bastante Sbvios, como os beneficios de desemprego que prendem as pessoas fora do trabalho quando podiam estar em bons empregos, ou provisbes de pensio que tos com o projeto de reescruturar os sistemas de bem-estar social amide se intimidam tao loge chegam ao poder. E todavia a reforma na maioria das sociedades é uma absoluta necessidade para que se crie um Estado de bem-estar social sustentivel. Para os socialkdemocratas, evidentemente, 0 objetivo da reforma no ¢ enfraquecer, mas reforear 0 Estado de bem-estar social. ‘Um sistema de bem-estar que sirva como rede de seguranca, tal como 0 concebem os neoliberais, no é uma opcio. icas ativas so necesséti para combater 0, crime aqui € -0s da terceira via dever aositar que as preocupacdes das pessoas com o crime so muitas vezes bem fandadas, e que estratégias positivas precisam ser insticuidas para ree gir aelas. No passado, membros da esquerdi ciado primariamente com a pobreza ¢ a desigualdade, Reduzir a desi- gualdade deveria, portanto, ser a forga motriz de programas contra a agora, bem como a longo prazo. crime como asso- 30 Introduce at ios adviriam de sua e! Um novo modelo social evropeu? A maioria desses pontos & diretamente relevante para o desenvol- vimento fomentado por governos de centro-esquecdla na UE, Uma sé re de palses na frontetra ocidental e meridional da UE ver dando gran- des passos em termos de desenvolvimento econdmico. Esses paises incluem as “economias-problema” de outrora ~ Dinamarca, Irlanda, 34 OCDE vem pressionarsdo atnamente pels intoducio de tais medidas, ¢ com algum sucesso ini 39 © debate global sabre a tarecire vio Unido, Portugal, Espanha e Grécia. Os principais pafses o Alemanha, Franga e yentaram os indices de cresci mento, mas permanecer estr ralmente um tanto congelados, com altos niveis de desemprego e subemprego. "As sociedades que vem fazendo os maiores progressos introduzi- jade em seus mercados de trabalho, fomentaram 0 empzcendedorismo e investiram em tecnologia. Desenvolveram garan- humano e outras medidas de protegdo social compativeis épida mutagio. Como resultado, fizeram algum avango pata criar urn “circulo virtuoso” entre iveis de emprego © gastos sociais. Todas tém niveis de emprego 1es a 70%, O do Reino Unido, por exemplo, & de 76%, ¢ 0 da Dinamarca, de 78%, Em contraste, 0 nfvel de emprego de Italia, da Franca ¢ da Alemanha & respectivamente de 51%, 62% € 64%. ‘Uma questo basica para faturo proximo é: poderde as economias centrais da Europa descongelar-se o suficiente para criar o mesmo “circa lo virtuoso"? Programas politicos nfo so a tnica influéacia de que se precisa para que isso ocorra, mas sZo necessérios para tanto. O que se pode ver ocorrenide nas economias berm-sucedides da Europa € a emer- gincia de um “modelo social europeu” (MSE) transformado, Ele tern diferentes variedades nacions sense combina a flexi dade ¢ a abervura com a manutenyo de uma seguridade social Caso também fosse disseminado nos demais paises da UE, 0 novo MSE poderia trazer uma série de vantagens. Poderia ser mais efetivo em adaptar-se & globalizaséo e & economia do conhecimento do que os atuais lideres mundiais, os Estados Unidos. Os sistemas educacionais europeus so em média superiores aos dos Estados Unies. A infra- municagées também 6 melhor, Além disso, ‘a""proteso social flexive!” (a “flexiguridade”) poderia ser mais funcio- nal para lidar com a mudanga tecnolégica acelerada do que o mercado de trabalho americano, que é mais desregulamentado. Assim, as pesso- as poderiam estar mais ativamente dispostas a mudar de emprego ou a aceitar empregos em setores novos ¢ arriscados se soubessem que ha mecanismos prozetores adequados para facilitar a transicio ou protegé- las caso as coisas d8em errado. ., mas basi estrutura de transporte © 34 Inirodogso ‘Muitos cxfticos neoliberais afirmam que os paises da UE devem se aproximar muito mais do modelo americano para se adaptarem a mu- dangas a fas pode-se usar 0 argumento oposto. A menos que ‘uma protecdo social mais efetiva seja introduzida e os niveis de desi- agualdate econdmica sejam reduzidos nos Estados Unidos, essa socie- dade se verd em desvantagem competitiva As institaig6es da Unido Européia podem contribuir para a promo- «edo do novo MSE. Em certo momento, muitos da esquerda acreditavarn que a democracia social & moda antiga, baseada na gestio da demanda © no corporitivismo keynesianos, poderia ser reinventada no émbito europen para compensar sua influéncia minguante na cena politica na- ional. Esse projeto estava fadado ao fracasso. Algumas das reforras | nacional so também criticas para o faturo da UE por exemplo, a maior democratizacao, desburocratizagio ¢ dele- gasfo, Todavia, a UE permanece um esforgo pioneiro, que prov ‘mente ser4 emulado em algum momento por paises de outras regites ddo mundo. Sua importéncia esté no fato de que ela vem desenvoivenndo uma forma de governanga acima do nivel da nagio, em que as na;bes no obstante preservam suas identidades e muito de sua autoromia, Tratase de um arranjo que sera possivelmente mais adaptivel a ora global do que quer ono que mesme o maior xno mabr dos Estado pode oferecer. ao em andamento no A terceira via e o sul Até onde os pontos enumerados acima di i a dizem respeito sos paises ‘menos desenvolvidos do mundo? Muitos lideres politicos nesses paf- ses se autodenominam mas seri mesmc que a 7 e inados? Ele decerto nio € relevante apenas para esses paises. A politica de ‘ercira via tem um poder muito grande, j que partidos ou governos lc todas as partes do mundo precisam responder 20 fato de que as outras duas “vias” ja nfo se aplicam. Cada um dos onze pontos é to relevante para 0 mundo em desenvolvimento como para o munto de- 35 0 debote glebel sobre a terceira vie senvolvido. Obviamente os contextos em que se aplicam so por veses muito diferentes, mas isso ndo os destitui de sua importancia. Azeforma do governo e do Estado é ainda mais necesséria - embo- ra também mais dificil -nos pases do sul do que nas nagSes subdesen- volvdas. Algumas socedades meridionas padecer de insituigBes es \dequadamente desenvolvidas. A maioria dos paises mais , contudo, tem Estados demasiado abrangentes, bur ineicientes. A corrupio a falta de procedimentos democrticos senvolvidos so antes a norma do que a exce¢io. Os Euncionétios publi- os podem ser um des Gricos grupos totalmente sindicalizados, mas om freqiiéncia os sindicatos bloqueiam reformes ao invés de promové- Jas, No entanto, uma reforma efetiva & possivel caso os governos deci- dam-se a levécla adiante, como mostram exemplos de uma vasta gama de paises (como o Brasil ou Mocambique).. 1Ndo apenas a importincia da sociedade civil para a tists do sal é bem reconhecda, como algumas das principaisiniciat vas civicas adotadas zo redor do mundo foram lancadas em paises mais, pobres. © microcrédito (0 empréstimo a pessoas sem dinheiro para ajudé-las a desenvolver iniciativas comerciais) o: i gn Bagi volvidas. A emancipacio da comunidade passou 2 ser aceita como crucial para progiamas de desenvolvimento, inclusive os que buscam proteger contra 0 crime. ‘Associar direitos a responsabilidades acompanha de perto essas énfases, ou deveria acompanhar. Nos paises mais pobres, muitos dos direitos sociais, politicos ¢ econdmicos tides como certos nas socieda- ‘tufdos, mas durante seu fomento & importante identificar os pro- blemas que jésurgiram no mundo desenvalvido, alguns dos quais po- dem ser contomados conforme surgirem em outros locais. A aceitagio de deveres e obrigacdes pode ser crucial para criar os compromissos civicos dos quais dependem tanto uma economia florescente como uma im, um pais que venha desenvolvendo um sis- tema de bem-estar social pode evitar estraturas de beneficio que ten- dam a desestimular a busca ativa de empregos. 36 Intradugio Muitos paises do sul eém at pleno emprego é quase que impossivelmente remote. Os criagdo de empregos, contudo, nfo fecharem para 2 economia global e re: ‘fo prosperarSo, Mas tampouco prosperario os que deixarem de refor. algumas de suas instituigtes bisicas, inclusive os mercados de trabs. A intervencao do governo para aumentat a alfabetizacio e melho rar a educagio de forma mais geral 6 crucial, como também o sio bots politics macroecondmicas. O imperative de conectar as politica: eco. rnémica e social se aplica tanto aos paises do sul como aos mais ricos As sociedades em desenvolvimento tém, quando muito, sistemas de bem estar fragmentérios: elas precisam desenvolver mecenismos de Proterdo social. Ao criarem seus sistemas, entretanto, os paises menos Gesenvelvidos poem aprender com os problemas dos Estados de bem: estar Social jé estabelecidos. Também podem ter a expectativa de intro.

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