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Acórdão Inteiro Teor

PROCESSO: E-RR NÚMERO: 517210 ANO: 1998


PUBLICAÇÃO: DJ - 08/06/2001

A C Ó R D Ã O
(SESBDI-1)
CARP/ly/su
EXECUÇÃO - EMBARGOS DE TERCEIRO - POSSIBILIDADE DE PENHORA DE BEM
VINCULADO À CÉDULA DE CRÉDITO RURAL - OFENSA AO ATO JURÍDICO PERFEITO - O
art. 186 do Código Tributário Nacional assegura a preferência do crédito
decorrente da legislação do trabalho sobre qualquer outro, inclusive sobre
o crédito tributário. Nesse sentido, é válida a penhora efetivada em sede
de execução trabalhista sobre bem vinculado a cédula de crédito rural,
pois o crédito trabalhista, por sua natureza salarial, não poderia ser
preterido em relação ao interesse da entidade bancária financiadora da
atividade rural. Diferentemente da cédula de crédito industrial garantida
por alienação fiduciária, na cédula rural pignoratícia ou hipotecaria o
bem permanece no domínio do devedor, ora executado, não constituindo óbice
à penhora na esfera trabalhista. (Arts. 69 do Decreto-Lei nº167/67, 889 da
CLT, 10 e 30 da Lei nº 6.830/80). Recurso de Embargos não conhecido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos em Recurso de
Revista nº TST-E-RR-517.210/98.0, em que é Embargante BANCO DO BRASIL S/A
e Embargados RUTE MARIA DE OLIVEIRA DA SILVA E OUTROS.
A 1ª Turma, por intermédio do acórdão de fls. 161/166, não conheceu do
Recurso de Revista do Reclamado, registrando que a penhora de bem
vinculado à cédula de crédito rural não viola diretamente o artigo 5º,
inciso XXXVI da Constituição da República.
Irresignado, o Reclamado interpõe Recurso de Embargos com fundamento no
artigo 894 da CLT, sustentando que o acórdão embargado, ao não conhecer do
Recurso de Revista, violou o art. 896 da CLT.
Alega o ora Embargante que a decisão da Turma, ao não conhecer da revista,
desrespeitou o direito adquirido do Banco de não incidir penhora sobre o
bem que lhe fora oferecido em garantia hipotecária cedular, impenhorável
por força do art. 57 do Decreto-Lei nº 413/69, bem como desrespeitou o ato
jurídico perfeito, tendo em vista que a cédula de crédito rural já se
havia aperfeiçoado, surtindo todos os efeitos, inclusive o da
impenhorabilidade do bem a ela vinculado.
Aponta como violados os arts. 5º, incisos II, XXII, XXXV, XXXVI, LIV e LV,
da Constituição Federal de 1988, trouxe jurisprudência do Excelso STF
contrária à afirmativa do v. acórdão embargado, no sentido de que a
matéria em debate - penhora de bem gravado com cédula rural pignoratícia -
não possui índole constitucional. Colaciona arestos de Turma desta Colenda
Corte
Impugnação, às fls. 198/208.
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, tendo em
vista o disposto no artigo 113 do RI/TST.
É o relatório.
V O T O
1 - CONHECIMENTO
Satisfeitos os pressupostos comuns de admissibilidade, examino os
específicos do Recurso de Embargos.
1.1 - VIOLAÇÃO DO ARTIGO 896 DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO -
EXECUÇÃO - EMBARGOS DE TERCEIRO - POSSIBILIDADE DE PENHORA DE BEM
VINCULADO À CÉDULA DE CRÉDITO RURAL
Primeiramente é de se salientar que a hipótese dos autos refere-se a
embargos de terceiro ajuizados pelo Banco do Brasil S/A, que não foi parte

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no processo de conhecimento ora em execução. Requer o desfazimento da


penhora, alegando a impenhorabilidade legal do bem que sofreu a constrição
judicial.
A Turma não conheceu do Recurso de Revista por entender que:
"1. Encontrando-se o processo em execução de sentença, o recurso de
revista somente se viabiliza na hipótese de demonstração inequívoca de
violação direta de dispositivo da Constituição Federal, nos termos do § 4º
do artigo 896 da CLT e da Súmula nº 266/TST.
2. Precedente do Excelso Supremo Tribunal Federal no sentido de a
discussão relativa à penhora de cédula de crédito industrial residir em
esfera infraconstitucional.
3. Ainda que assim não fosse, embora o artigo 57 do Decreto-Lei nº 413/69
refira-se sobre a impenhorabilidade da cédula de crédito industrial,
jurisprudência pacífica do Col. Superior Tribunal de Justiça orienta-se no
sentido de que a impenhorabilidade da cédula de crédito industrial não é
absoluta, comportando exceções quanto aos créditos de natureza trabalhista
e fiscal (precedentes).
4. A violação do artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal não se
verifica. Inteligência do § 4º do artigo 896 da CLT." (fl. 161)
Feitas essas considerações, não conheceu do Recurso de Revista, pois não
reputou como violado o artigo 5º, inciso XXXVI da Constituição da
República.
Em suas razões recursais, o ora Embargante aponta como violados os arts.
5º, incisos II, XXII, XXXV, XXXVI, LIV e LV da Constituição Federal de
1988, trouxe jurisprudência do Excelso STF contrária à afirmativa do
acórdão embargado, no sentido de que a matéria em debate - penhora de bem
gravado com cédula rural pignoratícia - não possui índole constitucional.
Colaciona arestos de Turma desta Corte
A despeito do Decreto-Lei 167/67 estabelecer, em seu art. 69, ser
impenhorável o bem gravado por cédula de crédito rural, o entendimento
espelhado pela Corte regional não induz à violação do ato jurídico
perfeito e do direito adquirido, como pretende o ora Embargante. Senão,
vejamos, o mencionado dispositivo legal dispõe que, verbis:
"Os bens objeto de penhor ou de hipoteca constituídos pela cédula de
crédito rural não serão penhorados, arrestados ou seqüestrados por outras
dívidas do emitente ou do terceiro empenhador ou hipotecante, cumprindo ao
emitente ou ao terceiro empenhador ou hipotecante denunciar a existência
da cédula às autoridades incumbidas da diligência OU a quem a determinou,
sob pena de responderem pelos prejuízos resultantes de sua omissão".
O Magistrado, interpretando a lei, não leva em conta apenas a literalidade
do preceito, pelo contrário, o julgador deve lançar mão de todos os meios
de interpretação postos ao seu alcance, buscando sempre a finalidade da
norma e o bem comum.
Nesse sentido, impende pesquisar sobre a validade ou não da penhora de bem
gravado por cédula de crédito rural pignoratícia e hipotecária,
considerando, não apenas os estritos termos do mencionado dispositivo
legal, mas, a condição privilegiada do crédito trabalhista e o contexto
legal em que este se inclui.
Primeiramente, é de se notar que a execução no processo do trabalho atende
às disposições constantes do Capítulo V, do Título X, da CLT e, em seu
art. 889 dispõe que "aos trâmites e incidentes do processo da execução são
aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os
preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança
judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal".
Analisando a Lei 6.830/80, que dispõe sobre Cobrança Judicial da Dívida
Ativa da Fazenda Pública, e, portanto, aplicável à questão por força do
mencionado art. 889 consolidado, encontramos o seu art. 10, que
preleciona:
"Não ocorrendo o pagamento, nem a garantia da execução de que trata o
artigo 9º, a penhora poderá recair em qualquer bem do executado, exceto os
que a lei declare absolutamente impenhoráveis”.
Nesse mesmo sentido temos seu art.30, dispondo, verbis:
"Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam
previstos em lei, responde pelo pagamento da Dívida Ativa da Fazenda
Pública a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou

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natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa, inclusive os


gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou
impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da
cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declara
absolutamente impenhoráveis.”
Verifica-se, desta forma, que na execução dos créditos trabalhistas são
aplicáveis, subsidiariamente, as normas pertinentes à Lei de Executivo
Fiscal, entre as quais as acima transcritas e que asseguram a penhora
sobre quaisquer bens do executado, exceto aqueles que a lei declare a
absoluta impenhorabilidade.
Cumpre estabelecer, portanto, se a hipótese em apreciação envolve bens
absolutamente impenhoráveis.
O CPC, em seu art. 649, classifica quais os bens absolutamente
impenhoráveis e, sobre estes, nem mesmo o crédito trabalhista pode se
sobrepor.
Da leitura dos dispositivos já mencionados não se depreende que o bem
gravado por cédula de crédito rural seja absolutamente impenhorável, quer
pela análise do art. 69 do Decreto-Lei nº 167/67, que assim não
estabelece, quer por não estar previsto entre as hipóteses de absoluta
impenhorabilidade de que trata o art. 649 do CPC.
O crédito trabalhista é privilegiado, tendo em vista sua própria natureza
alimentar. Portanto, como tal, não poderia ser preterido em ação à
impenhorabilidade do bem dado em garantia por cédula de crédito rural, que
se destina ao resguardo do interesse particular das instituições
financeiras que financiam a atividade agrícola.
Referido privilégio do crédito trabalhista acha—se assegurado,
expressamente, pelo art. 186 do Código Tributário Nacional, quando dispõe:
"O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza
ou o tempo da constituição deste, ressalvados os créditos decorrentes da
legislação do trabalho".
Assim, não se tratando de bem absolutamente impenhorável, nos termos da
legislação acima citada, o bem vinculado a cédula de crédito rural é
perfeitamente penhorável no processo de execução trabalhista, em face da
preferência do crédito trabalhista, por sua natureza alimentar e das
disposições legais acima citadas.
Cabe ressaltar ainda que a Suprema Corte, nos autos dos Recursos
RE-144.984-5 e RE-144.940—0, ambos publicados no DJ de 01/07/96, adotou
posicionamento no sentido de que os bens gravados por cédula de crédito
industrial através de alienação fiduciária não podem ser alcançados por
execução trabalhista.
No entanto, o caso destes autos difere totalmente daquele analisado pelo
STF, ou seja, ali, o entendimento é no sentido de que a alienação
fiduciária em garantia transfere ao credor fiduciário o domínio da coisa
alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, razão pela qual
não pode ser alcançado por execução na qual não se revele como devedor.
De fato, o Decreto-Lei nº 413/69, em seu o art. 19, incisos I, II e III,
preleciona que a garantia instituída em cédula de crédito industrial pode
se dar de três formas: penhor, hipoteca ou alienação fiduciária.
Conforme firmado, neste caso específico, de alienação fiduciária, o
domínio do bem dado em garantia real fica com o adquirente fiduciário,
isto é, integra o patrimônio do banco financiador. Entretanto, o mesmo não
ocorre no que diz respeito à hipoteca e ao penhor, pois nestes o domínio
do bem permanece na pessoa do emitente da garantia real.
Vale, a propósito, transcrever trecho do estudo do ilustre professor Caio
Mário da Silva Pereira, que, em se tratando da alienação fiduciária, não
deixa dúvidas quanto ao acima afirmado, ao dispor que:
“Ao contrário do que ocorre na situação pignoratícia ou hipotecária, com a
alienação fiduciária a coisa já está na propriedade e na posse (indireta
embora) do credor. (...) No penhor, como na hipoteca, a coisa é do devedor
e do devedor continua sendo, gravada embora do ônus real; na alienação
fiduciária a coisa já passa à titularidade do credor, descabendo a
proibição de vir ele a ser seu dono.” (in Instituições de Direito Civil,
12ª ed., vol. IV, pág.309)
Assim, permanecendo o bem no domínio do tomador do empréstimo garantido
por cédula de crédito rural pignoratícia e hipotecária, não se há falar em

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sua impenhorabilidade na execução trabalhista, em face do privilégio do


crédito trabalhista.
De boa técnica, igualmente, transcrever o pensamento do professor
Cristóvão Piragibe Tostes Malta, que em sua obra "A Execução No Processo
Trabalhista", pág.126, posicionou-se, com propriedade, a respeito da
prevalência do crédito trabalhista sobre o bem hipotecado, nos seguintes
termos:
“A idéia de que a hipoteca acompanha o bem penhorado, assim assegurando ao
credor hipotecário garantia maior que a do exeqüente trabalhista é
incompatível com o processo do trabalho, pelo menos partindo-se da
premissa de que o crédito trabalhista é de maior hierarquia que a de
qualquer outro. Os bens hipotecados podem, como já se viu, ser penhorados
para satisfação de créditos trabalhistas e, sendo alienados em praça,
liberam-se da hipoteca.”
Mostra-se, assim, totalmente diverso do presente caso o entendimento
adotado pela Suprema Corte, que somente encampa a hipótese de que cédula
de crédito industrial se encontra garantida por alienação fiduciária, e
não quando a cédula, quer rural ou industrial, estiver garantida por
penhor ou hipoteca.
Em face de todas estas considerações, a Revista patronal não merecia
conhecimento por ofensa aos princípios da intangibilidade do ato jurídico
perfeito e do direito adquirido, ínsitos no art.5º, inciso XXXVI, da Carta
da República, em virtude do privilégio do crédito trabalhista assegurado
pelo Código Tributário Nacional e pelas normas supracitadas, não se
vislumbrando, pois, a alegada violação do art. 896 da CLT.
Os demais dispositivos constitucionais invocados pelo ora Embargante,
quais sejam, os incisos II, XXXV, LIV e LV do art. 5º da Constituição
Federal, sequer foram enfrentados pela Corte Regional, tendo sido
invocados, tão-somente, em sede de Recurso de Embargos, o que faz incidir,
in casu, o Enunciado 297/TST, ou seja, a matéria, no particular, carece do
indispensável prequestionamento.
Não configurada, pois, a hipótese do art. 894 da CLT.
Não conheço.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais
do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, não conhecer dos
Embargos.
Brasília, 28 de maio de 2001.
ALMIR PAZZIANOTTO PINTO
Presidente
CARLOS ALBERTO REIS DE PAULA
R ELATOR

NIA: 310338

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