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brincadeira permite a descarga das emogdes asumu- Jadas durante a recepgio televisiva, a’ tomada de distanciamento com relagio as situagdes © aos per sonagens, a invengio e a criagio em torna das imagens recebidas. 5 OS BRINQUEDOS E A SOCIALIZAGAO DA CRIANCA © efrculo humano © 0 ambiente formado pelos ‘objetos contribuem para a socializagdo da erianga e isso através de méltiplas interagdes, dentre as quais algumas tomam a forma de brincadeira ou;epelo ‘menos de um comportamento reconhecido como tal pelo adultos. Esse comportamento pode ser identi- ficado como brincadcira na medida em que nao se fongina de nenhuma obrigagio sendo daqueta que é livremente consentida, nio parecendo buscar nenhum. resultado além do prazer que a atividade proporciona, A brincadeira aparece como a atividade que permite a crianga a apropriagdo dos cédigos culturais e seu papel na socializagio foi, muitas vere destacado! Entretanto, parece importante interessar-se, também, pelos suportes mais difundidas dessa atividade, a0 ‘menos nas sociedades ocidentais contempordneas, ou seja, 08 brinquedos. Em que eles contribuem para @ socializaga0 das criangas, em que permitem 0 acesso a certos cédigos culturais ¢ sociais, necessérios para a formagio de um individuo social? Encaramos a socializagio como 0 conjunto dos pprocessos que permitem a erianga se inte “socius” que a cerca, assimilando seus cédigos, 0 |. Consuiar, por exemplo, CAZENEDVE, J “Le jeu dans i Paris, Encyclopdate Universal vl. 9, 1968, , , : , , + $ ¢ ¢ ¢ t t ° ° e 9 & e a e ’ 8 . 2 . a {que the permite instavrar uma comunicagzo com os ‘outros membros da sociedade, tanto no plano verbal {quanto no niio-verbal. Acontece que pensamos que ‘numa sociedade onde os objetos slo, no s6 cada vez. mais numerosos, mas também cada vez mais pregnantes, indispensdveis em numerosas situagdes ‘de comunicagiio, mediadores onipresentes, eles tam- bém so vetores importantes no processo de socia~ lizaga0, muito particularmente através dos brinquedos, ‘que so objetos especificos da inffncia Nés nos propomos, 20 retomar os resultados de teabalhos anteriores, a sugerir algumas diregies hipoteses diante de uma reflexao sobre a importincia ‘ins ringuedlos no. processo de socializacéo das crviangas de hoje em dia (Os brinquedos Os bringuedos podem ser definidos de duas ma- neiras: seja em relagio & brincadeira, seja em relagao 4 uma representagio social. No primeiro caso, 0 ‘bringuedo € aquile que é utilizado como suporte ‘numa brineadeira; pode ser um objeto manufaturado, sum objeto fabricado por aquele que brinca, uma weata, efémera, que s6 tenha valor para o tempo sls hyineadeira, um objeto adaptado?. Tudo, nesse vido, pode Se tomar um bringuedo eo sentido se objeto Iidieo s6 the € dado por aquele que brinca » Seen sings repose 20 nosso artigo: BROUGERE, ‘jet jour i um abet industel acm utes” im La Marge Pais io 1984, 2 enguanto a brincadeira perdura, No segundo caso, (© brinquedo € um objeto industrial ou artesanal, reconhecido como tal pelo consumidor em potencial. ‘em fungdo de tragos intrinsecos (aspecto, funcio) © do lugar que lhe € destinado no sistema social de istribuigao dos objetos. Quer seja ou- nao utilizado numa situagao de brincadeira, ele conserva seu caréter de brinquedo, e pela mesma razio € destinado 2 ‘erianga, Iremos nos deter, unicamente, nesse segundo caso, ma medida em que se trata da materializagao ide um projeto adulto destinado as criangas (portanto, vetor cultural © social) ¢ que tais objetos sio reco- nhecidos como propriedade da erianca, oferecendo-the ‘2 possibilidade de usé-los conforme a sua vontade, ho mbito um controle adulto limitado, Esse brinquedo pode ser considerado como uma “inidia” que transmite & crianga certos contedidos simbélicos, imagens e representagdes produzidas pela sociedade ‘que a cerca’. Antes de questionar as interagdes que se instauram ‘entre a crianga © 0 bringuedo, € preciso especificar 0 que € forecido para junto, bem préximo da crianga, com o brinquedo, “Trata-se, antes de mais nada, de um objeto que introduz junto & erianga a objetalidade prépria nossa sociedade, através de uma presenga maciga € de uma importante valorizagdo. Existem sociedades onde a presenga do objeto ¢ reduzidat. Para nés, 0 4. Ficemos uma anise do bringuedo como miia em: DROU: GERE, G. "Le jowet comme media eau”, Comunicato mo J Congres Intereaciona dat ladoecas, Bruxeas, 21-25 de raio de 1984 para publicagso nos anais do congress. 4, Sobre 0 papel dow cet no recesso de socialize aa uma sociedad dierent, conta RABAIN, J enfant de hgnase 63 contato com a sociedade se conftinde, em parte, com © contato com objetos, de diversos mediadores. Com o brinquedo, a crianga constréi suas relagdes com o objeto, relagdes de posse, de utilizagio, de abandono, de perda, de desestruturagio, que consti- twem, na_mesma proporedo, os esquemas que ela reproduziré com outros objetos na sua vida futura, Cercar as criangas de objetos, tanto no quadro familiar quanto no quadro das coletividades infantis (creches © pré-escolas), € inscrever o objeto, de um modo cessencial, no proceso de socializagio e é, também, irigit, em grande parte, a socializagao para uma telagdo com 0 objeto, Esso carter de objetu & veforyaio por outras ccaracteristicas que tornam o brinquedo algo especifico Junto & crianga. Trata-se realmente de um objeto com forte contetido simbiilico®. Seria redundante retomar todas as anilises feitas sobre esse contedido simbélico. E importante ressaltar algumas premissas eessenciais: afirma-se com mais fregiigneia que o bbrinquedo encerra uma representagao da crianga, na Peis, Payot, 1979, em particular 0 eaptlo IV, “Univers dobets 6 rlations médiisées par les objet" Ai responde'se # sepunte ergot, que ressois a distinia da configura. ecidemal que 'zalismios: "De que os objets pale ser © suport, ende nap tim molto fungo de preencher of saris do cotato enve me fhe onde as trdcu socinis eoificadse por meio do conto Tico © «8 palava constitvem © processo mor de socializagaa” (op cit PRD, 5. Exploramos, numa tie de 2% cycle, uma parte da dimeasio simbslica do bringuedo: BROUGERE. G. jae aw la putin de tenfonce 2 imagem cultural de enanga através do. brinqued® Iinfestal. Univeste Paris 7, 1981 6 an | medida em que se trata de um objeto escolhido por adultos e destinado a uma erianga pequena. As cores © as formas constroem, em tomo da crianga, um Universo no qual predominam o animismo, o antro- Pomorfismo, @ magia, a alegria, a imagem risonha € nostalgica da inffincia. Para as criangas mais velhas, © brinquedo prope uma imagem da sociedade, ou apéis sociais, as vezes parcialmente realistas, mas gue se apéiam numa imagem que exalta o futuro, Enfim, os contesdos imaginérios, quer sejam originais ou retomados do livro ou do cinema, estio cada vez mais freqientes no mundo do bringuedo. Esse contetido simbolico nio & um fator de socializacdo de modo direto, como & freqlientemente apontado quando propoe um modelo reduzido da sociedade, mas. sim quando propde, exatamente, referéncias simbélicas que resultam de um trabalho de elaboracio € de transformagio em relagio a realidade em si Através do brinquedo, a crianga entra em contate, com um discurso cultural sobre a sociedade, realizado para cla, como € feito, ou foi feito, nos contos, nos livros, nos desenhos animados. $0 produgdes qu propdem um olhar sobre 0 mundo, olhar que lev. em conta 0 destinatério especial, que € a erian. Nesse aspecto, a especificidade do brinquedo esti no fato de ter volume, de propor situagSes oriy de apropriagio € sobretudo em convidar & manips lagdo lidica, importante notar que numerosos contesidos sini bélicos, numerosos discursos passam atvalmente 1 objeto, em detrimento de relagées mais. dite cianga se encontra diante de contetidos comps 65 w w oo7rrrrreer er ewer er eee eeeeweeoce © estruturados que ela € convidada a decifrar, Ao Fazer isso, siio os c6digos sociais que ela assimila, dispondo de imagens sociais e de pontos de referéncia ‘gue ela poderé acionar em outros campos. A originalidade do bringuedo esti no fato de que rio podemos nos deter nos dois niveis que acabamos Ue evocar. Além do objeto, de seu contetido sim- bolico, descobrimos o estimulante para a ago, a dimensio funcional. Ao propor ages, sejam elas sensério-motoras, simb6licas ou sustentadas pela pre~ senga de um sistema de regras, o brinquedo estimula ‘condutas mais ou menos abertas, estrutura compor- tamentos ¢ aparece, portanta, como exercendo, nes: vel, uma fungio de socializagio que permite a inserigo de comportamentos socialmente significa tivos na propria aego da crianga, Bxiste, enti Possibilidade de transmissio de esquemas. sociais por intermédio do objeto A imitagao Iddica do real, Jonge de ser somente um decalque desse real, passa, também, pelo est mulante, que é 0 bringuedo, Por exemplo, as brin- cadeiras de maternagem diversificam-se conforme os acess6rios. propostos. O proprio aspecto do objeto pode orientar a estimulacao para uma determinada diregao. A diversidade das. dimens6es.sustentadas. pelo brinquedo torna-o um objeto rico em potencialidades enquanto fator de socializagdo. Porém, a especifici- dade esté no fato de que ele estimula uma reagéo. Parece necessério detalharmas a anilise de como 0 bringuedo € recebido. 66 Contatos miltiplos e diversificados com 0 bringuedo Embora o bringuedo evoque a brincadeita, a i teragio kidica nfo € 0 nico modo de relagio posstvel * com esse objeto. Ele é portador de uma multiplicidade de relagdes em potencial O primeiro nivel € aquete do objeto possuido, no sentido em que ele pertence & crianga de um'emodo mais claro, menos ambiguo, do que os outros objetos que a cercam. A crianga passa, assim, pela experiéncia da posse © das negociagdes necessérias com os outros, diante do desejo de utilizagao. Um individvo social ¢ aquele que se situa nas relagdes que mantém com os objetos € que é, igualmente, situado pelos outros segundo suas relagdes com os objetos Antes de ser possufdo, 0 brinquedo foi escolhido, comprado, oferecida. Através do bringuedo, a erianga se situa no universo do consumo, respondendo as Solicitagdes que The so destinadas, construindo uma estratégia diante da autonomia limitada que dispie em nivel financeiro, Indmeros estudos mostram que, desde muito cedo, 0 brinquedo € escolhido pela crianga e 08 pais dio continuidade, cada vez mais, & escolha de seus filhos’. Isso supse negociacdo ¢ construgo de relagdes em torno da objeto desejado. © bringuedo €, também, por exceléncia, 0 objeto 6G. REDE, num importante batho sobre 6 assure, coleeou fem evidéncia estes sesliades, ene tants outros Lena fer Jouer, tse, Universite de Bovdeaus I, 1984 oT que se recebe de presente, suporte da relagio de “doagio” que pode originar uma “contra-doagi0”, prazer ¢ grande alegria manifestados pela crianga. © bringuedo pode, também, ser objeto de inves- timento afetivo, de exploragao e de descoberta, sem se inserir num comportamento Iidico. Ea experiéncia das miiltiplas relagSes sociais que so possiveis de cconstruir com 0 objeto. Em todas as dimensdes evocadas, 0 contetido simbélico do objeto € essencial para dar sentido a relagio que se estabelece. Portanto, cla é, ao mesmo tempo, relagio com um objeto © relagio com as imagens dos discursos (produzidos pelos adultos ou ppelas criangas) que individualizam © redobram as . significagdes. Portanto, & legitimo estudar também as dimenstes de socializagio do bringuedo, inde- pendentemente das interagGes Iidicas. A interagio ladiea A interagdo hidica associa as sigoifieagdes pree- istentes © ans estimulos inseritos no bringuedo wma producio de sentido e de agio que emana da crianga E-o momento em que a crianga se apropria dos conteddos dispontveis, tornando-os seus, através de tma construglo especifica, quer ela seja ov mio original. © que fazem as eriangas das imagens © dds estimtos que Ihe s40 fornecidos? Vamos tentar responder a essa questio através de diversos exemplos de interagces Iidicas com os brinquedos, apoiando~ ries num exemplo privilegiado, na medida em que 68 © estudamos © enquanto ainda € objeto de uma cexperincia e andlise na pré-escola’. 0 Imaginério no Bringuedo: 0 exemplo-dos Bondcos Fantésticos Entre outras coisas, esse estudo foi feito sobre a utilizagio, por criangas de 4 a 8 anos, dos boaecos: fantasticos ("Os Senhores do Universo”, da falrica de brinquedos Mattel) identificados com um sériado da televisio que tem 9 mesmo nome. Esse eonjunto de bringuedos € composto de bo- nequinhos de 14 cm de altera, representando goer reiros, muitas vezes monstruosos, que safram da fantasia herGica, de acess6rios (veiculos © castelos) {que se harmonizam com esse universo. Esse brin- quedo caracteriza-se pela nogio de universo © a referéncia a um mundo e uma histiria sio evocados pelos folhetos explicativos que 0s acompanham € pelo seriado da televisao, A interagio lidica, tal como as criangas a cons- troem, varia segundo as idades e as situagdes. Pode-se considerar que numa situacao coletiva com criangas de mais de 5 anos, 2 histéria, como € eonhecida pela televisio, funciona como uma regra que dé os tragos caracteristicos € 0s nomes dos personagens, a estrutura das situagdes compativeis com 0 universo em questo. Sobre essa base, as situagies hidicas 7. rela dessa exptitcia foram comics 99 Con ‘greso da AGIEM — Association Gina ds Institutions de Eso Matemclie — Bordeaux, janho de 1986 ° criadas so independentes do detalhe dos episédios da série e podem, se houver um acordo entre aqueles ‘que brincam, tomar um distanciamento considerdvel em relagio As fontes. Numa situagio individual, a liberdade, que muitas vezes € enraizada na’ mistura de brinquedos que pertencem a universos diferentes, & ainda maior, transpondo 0s bonecos para universos diferentes, Parece que a estrutura narrativa preexis- tente a atividade lidica da crianga forece o estimulo para a brincadeira (0 desejo de brincar que, as vezes, passa pelo desejo de possuir), proporcionando uma estrutura inicial para organizar a brincadeira como 1» renjunto de regras (légica do universo: agiies « situaybes compativeis com a estrutura © os temas «la historia, caracteristicas iniciais dos personagens). Sobre essa base, a brincadeira infantil produz des- locamentos, transformagées por transposigées, ov in- vengies. Adaptando-se 0 conceito de J.Piaget, en- vontramo-nos diante de um proceso de apropriagao, tuluiral, de assimilagio, A crianga interioriza as formas imaginérias, o proprio proceso da produgzo tmuagindria, apoiando suas prOprias invengées em siguennts preexistentes que so 0s mesmas encon- ‘naslos ma. Titeratura tradicional dos contos e lendas. Por meio de tal brincadeira a crianga manipula © propria dos cGdigos sociais da transposi¢z0 :, manipula valores (0 bem e o mal), brinca iedo © 0 monstruoso, em suma, preenche 1. paises © 0S comportamentos individuals (com- rvtanientns: motores, fantasias) com contetidos so- izados © socializadores, através da co- civ que estes desenvolvem entre as erianeas. » Poder-se-ia dizer que o brinquedo recicla, numa forma social, as tendéncias motrizes e psiquicas individuais. Isso foi mostrado de modo particular- mente claro nas conversas que foram manfidas sobre ‘© medo: um medo informe, indeterminado, do qual € impossivel falar, adquire, através dos brinquedos, formas precisas que permitem discurso e aproptiagso, ‘Assim, a manipulagio de brinquedos permite, a0 mesmo tempo, manipular os c6digos cultrais sociais © projetar ou exprimir, por meio do com- portamento e dos discursos que 0 acompanham, uma relagio individual com esse cédigo, Esse segundo aspecto & bem ilustrado pelas diferengas de com- portamento das meninas e dos meninos. Ao contririo, do que poderiam supor diversos lugares-comuns, as ‘meninas conseguem participar perfeitamente das brin- cadeiras. com tais bonecos fantisticas, podem gostar de possut-los e de brincar com eles. Porém, a brincadeira delas € diferente em diversos aspectos. De um lado Ihes € mais dificil penetrar nesse universo ‘onde: um simples boneco representa uma mulher; clas parecem ter necessidade de uma transigdo antes de chegar &s figuras monstruosas das quais se apro- priam posteriormente: as meninas encontram essa transigo por meio de bonecos menos monstruos0s, menos “selvagens", mais parecidos com as formas reais ov infantis. Por outro lado, as. brincadeiras

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