Sei sulla pagina 1di 13
AEXEGESEE AINTERPRETACAO BIBLICA DECALVINO JOSE ADRIANO FILHO A disseminagao da imprensa na Europa ja era conhecida ha algum tempo no meio intelectual em que Calvino nasceu. Houve também o crescimento da pesquisa que produzia e consumia esses livros. A reivindicag&o humanista ad fontes (“de volta as fontes’) alimentou o apetite dos estudiosos para com as fontes na medida em que eram publicadas. As fontes, edigdes e ferramentas disponiveis lembravam aos estudiosos e pregadores que havia novas descobertas a serem feitas em suas Biblias. A edigao do Novo Testamento de Erasmo (1516) solapou 0 magistério da Vulgata, indicando que néo se poderia tomar seu texto como definitivo, muito menos seu contetdo teoldgico’. Além dos desenvolvimentos tecnoldgicos e das descobertas filologicas, havia também o clima de descontentamento com o catolicismo medieval’. Lutero foi apenas uma fagulha naquele contexto teligioso. O temperamento religioso na Europa oscilava entre o cinismo e a ansiedade, indo freqiientemente do ocultismo a apocaliptica. A maior parte dos cristaos europeus assumia as instrugdes da Igreja Catdlica, mas os ensinos catolicos tradicionais, juntamente com a heranga da exegese medieval € seus métodos, estavam sendo ameacados pelas perspectivas rivais dos Protestantes e dos Radicais, que apelavam as Escrituras como autoridade Unica, suficiente e final’. Nesse contexto, a interpretacao biblica tornou-se uma tarefa mais do que necessaria, pois 0 que estava em jogo era a defesa do Evangelho. Cada aspecto da vida cotidiana e da esfera politica tinha implicagdes teoldgicas e, portanto, implicagées exegéticas’. Calvino pertence a esse contexto; nao ao seu primeiro momento, mas ao segundo, ainda que de ee ee ‘THOMPSON, John L. “Calvin as a biblical interpreter’, p.58. 2 SKINNER, Quentin. As fundagdes do pensamento politico moderno, pp.309-346. 3 WILLIAMS, G. La Reforma Radical, pp.899-917. “THOMPSON, John L. “Calvin as a biblical interpreter’, p.59. lec) 2 p— : SB leet a J (i ia @ > & iss Cc O > ental, pois seu desejo nao era ser um reformador ou uma grande personalidade, mas viver a vida calma de estudioso humanist, Ele nao escreveu um tratado especifico sobre metodo, mas estaya preocupado com a adequada interpretagdo das Escrituras. Para a segunda geragao de reformadores a necessidade de lidar com est questo se tornou evidente por raz6es internas e externas: Por um lado, havia 0 confronto com os anabatistas e antinomistas (que afirmavam que o tempo da Lei passara e rejeitavam toda Igreja e disciplina) e a diversidade de interpretacées da Biblia no movimento da Reforma; por outro, era necessario apresentar didaticamente o contetido da fé a partir do principio Sola Scriptura’. forma acid 1- O uso do método filolégico e do método retorico g Calvino foi influenciado pelos ensinos e valores humanistas no periodo de sua preparagao académica, a qual se iniciou com os estudos no Collége de La Marche e continuou em Paris, Orléans e Bourges, onde estudou Teologia e Direito. Seus estudos incluiam a Biblia, as fontes classicas € patristicas e seus primeiros escritos indicam a marca de um estudioso humanista. O comentario sobre 0 De Clementia, de Séneca (1532), localiza Calvino na linha do movimento humanista francés. Ele re de Séneca Segundo as regras da filologia e da retorica na cats Sane pois parte da analise exegética que localiza o text0 all eneca, clarifica conceitos e alusdes e identifica as figuras & linguagem utilizadas na obra, A meta da i a i localizagdo do texto em s és nati ineTeastagaoi pati €U contexto lingliistico e histérico busca revelel 0 signi icado das declara 08! GOes de Sé eca e a ini i ; Cc " te Gao do seu discurse - Sua preferéncia sobre a interpretaca0 aupratict oe Prefacio de sey comentario a Romanos: S0eN> ou... 0 " publicado em 1540, escrito em Estrasburgo e dirigido a seu amigo Simon ; Gyrnaeus, constitui um intento programatico da sua interpretacao biblica: Lembro-me de que ha trés anos atras tivemos uma agradavel discuss4o § sobre a melhor maneira de interpretar a Escritura. E 0 método que d particularmente aprovaveis coincidiu ser também o mesmo que, naquele 1 tempo, eu preferia a qualquer outro. Ambos sentiamos que a lucida brevidade constituia a peculiar virtude de um bom intérprete. Visto que quase a Unica tarefa do intérprete é penetrar fundo a mente do escritor a quem deseja interpretar, o mesmo erra seu alvo, ou, no minimo, ultrapassa D seus limites, se leva seus leitores para além do significado original do autor. Nosso desejo, pois, é que se possa achar alguém, do numero daqueles que na presente época se propdem a promover a causa da teologia, nesta area, que nao sé se esforce por ser compreensivel, mas i que também ndo tente deter seus leitores com comentarios demasiadamente y prolixos. Este ponto de vista, estou bem consciente, nao é universalmente / aceito, e aqueles que nao o aceitam tém suas razGes para assumirem tal posi¢ao. Eu, particularmente, confesso que sou incapaz de me demover do amor a brevidade. Mas, visto que a variagao do pensamento, a qual : percebemos existir na mente humana, faz certas coisas mais apraziveis a ( uns que a outros, que cada um dos meus leitores formule aqui seu proprio juizo, contanto que ninguém forgar a todos os mais a obedecerem a suas j prdprias regras. Assim, aqueles que dentre nés preferirem a brevidade, | nao rejeitarao nem desprezarao os esforgos daqueles cujas exposicoes dos livros sacros sao mais prolixas e mais extensas; por outro lado, nos suportarao, ainda quando entendam que somos demasiadamente lacénicos®, Calvino utiliza a expressao “lucida brevidade”, que em si mesma no constitui uma teoria hermenéutica, indicando muito mais o desejo de escrever de forma compreensivel. A alusao “Idcida brevidade’, juntamente com o acento na “mente do escritor” ou intengao e suas _ declaragdes sobre a “meta” ou “escopo” do comentario biblico éum _ testemunho do papel que os valores e métodos da retérica do periodo do SS re pS je ES pa ae tm z A lewd eS = (@) Pe ex iS sr O > ico biblica. Este legado e g i a exposigao bi ¢ imento assumiram na su! ; eardanentti dil ieee ie precursores protestantes da epoca sao fu lu ee ‘ concepgao e interpretagao biblica de Calvino sat 2- “Licida brevidade” e “a mente ao ae a determinaco da A compreensao do texto biblico inicia-se dimenso reton “mente do escrtor” em cada contexto particular, mas a di Com iss do texto deve também ser considerada na sua interpretago. Com isso, a intengao de Calvino torna-se manifesta, pois estes textos precisam ser entendidos a partir do movimento da palavra de Deus a ser humano. A meta da interpretagao consiste, portanto, em extrair um “ensino uti para 0 ser humano. Ha, entao, em Calvino uma compreensao teolégica das artes liberais, pois ele as vé como dadivas divinas para serem usadas pelos homens (Institutas || 2.4 4-17). As artes liberais, em si mesmas, nao Conduzem a sabedoria e se limitam a vida terrena, mas devem ser utilizadas, pois a “vontade escravizada” para com Deus nao exclui a apreciagao e 0 uso da inteligéncia como dadiva da criagao’, / Calvino nomeia como “Iicida’ e “brevidade” og dois principios que guiam seu proprio intento exegético. Ha um consenso basico de que a rao nen a eon Ste a mene “brevidade” 820 0s orincinioe teen met quando afirma que “lucida! e — S20 08 principios basicos da Sua exegese gundo John L. Thom son", Fgh indica, pelo Menos, quatro cone de erent 2Simon Gymaeus gue podem ser correlacionadas em 20 biblica de Calvino eh : uM grau principais do humanismo renascentista: M20 OU outro com Os valores a) A meta da interpretagao € ente 4 tal, Calvino empregou ee rsa ae Mente do escritor”. Para estabelecer 0 contexto historicg ©0 pano de § entas de sua Spoca ad Significado preciso de termos nog textos indo do lexto, Procurando 0 a _ Stego ou hebraico. | ° OPITZ, Peter. “The eyan, I] 23) fay 1e) Z 4 ie) o a vA | i“) a le} py =| 6 Zz sj 4 (a) A DW = ie} [=4 =| =) BS Ee i} Q Substanciais, como orientagao no significado das Escrituras, exemplos e b) Calvino estava comprometido com a exposicao da Escritura que fosse Util a causa do Evangelho e da Igreja. “Lucida brevidade” nao significava somente a busca da eloqiiéncia, mas era a maneira de ensinar e persuadir efetivamente. “Lucida brevidade” e a “utilidade” localizam-se na orbita do principio da acomodacao, na comunicagao efetiva que deve ser adequada a capacidade e circunstancias dos ouvintes. c) E errado afirmar que por causa do principio Sola Scriptura os protestantes recusavam as tradig6es e escritos pds-apostilicos, pois Calvino valorizava, € muito, o trabalho desses antigos predecessores na fé. d) A interpretagao biblica de Calvino nao consistia numa reagao ao tratamento retérico da analise e interpretacdo dos textos, nem seus esforgos exegéticos estavam em contradicao com sua obra como escritor de teologia sistematica, isto é, as Institutas da Religiao Crista, Estas duas atividades estao interligadas e sao interdependentes na suas obras. Suas obras, quando publicadas, assemelham-se a dois géneros distintos, mas estéo mutuamente reforcadas no compromisso de Calvino de discernir e €xpor 0 “escopo” do texto biblico e a “mente do escritor’, que indicam e proclamam as boas novas sobre a obra redentora de Deus prometida e cumprida em Jesus Cristo’. Além da carta de Calvino a Simon Gyrnaeus, Thompson’? assinala também que Calvino expressa sua opiniao sobre a interpretacao biblica No prefacio as Homilias de Jodo Crisostomo, ampliando os aspectos anteriormente assinalados: / ei a) Os Pais da Igreja devem ser lidos. Eles oferecem beneficios exortacdo a retiddo moral e disciplina, além de orientacdes para a vida da Igreja antiga. Seus escritos so auxilios para leitura da Escritura, nao devem ser aceitos de forma acritica, mas rejeita-los seria grande i | i i i j a jeita. ingratidao. Calvino valoriza os Pais da Igreja e nao os rejetta. : b) O prefacio as Homilias de Crisostomo destaca a dedicagdo de Calvino a um tipo de interpretagao biblica adequado as pessoas de a instrugao, em outras palavras, aos leigos; Calvino tambem bea : Que alguns ministros de sua época tinham pouco conhecimento do Greg Vonalg VOLLAINIW WEY VWA VuVvd a oO iS el a0 O eZ i?) Pal ol V4 iS ) Es le ae =| GS v4 2 () < a = le) a4 =| = a Es is] ie) i e do Latim, Aviso de Calvino de leigos formados nao era um a mesmo, mas uma agenda maior de reforma geral € renovagao a Igreja, c) A recomendagao que Calvino faz de Crisostomo, mais que de outros autores da patristica, indica uma de suas marcas distintivas como exegeta, isto é, seu compromisso com o sentido literal e historico do texto. Calvino admite algumas falhas na teologia de Crisostomo, mas 0 elogia, pois sua interpretagao apresenta o significado evidente da Escritura € 0 “significado simples das palavras”. Esta posicéo nao é nova ou unica, pois Calvino foi precedido por outros reformadores que haviam criticado, em especial, a exegese espiritual ou alegorica de varios autores patristicos e medievais. A declaragao de Calvino sobre a qualidade da exegese dos Pais da Igreja corresponde a énfase e interpretagéo do conceito de “lucida brevidade”. Acima de tudo, considera Crisé do texto, isto é, a “mente do escritor’, R 4 explicagao da verdade do texto, Para eee are bose a Nao so legitimos, mas também exigidos; lee adequada, no como fins em si mesmos. ‘ 0s obstaculos Para a compreensao do texto. O inte see em cee te 0 textoe o desenvolvimento arg enero sla ‘aga que realiza, utilizando a gramatica e a retbrigats tv da 3- A relagao entre o Anti Igo € 0 Novo Testamento 0 Antigo e o Novo Te edigéo de 1539 das Stamento no periodo que Viveu em Eg; unidade em si mesm, Institutas afi fuse nd Ss afirma que os dois test Sburgo, Na 5 ; ak ‘ame, e a a diferenciada e dindmica. Ele integra S80 uma “4 NETZ basen 2 sino Ee STEINMETZ, David D. “John Calvin as an inte... da alianga na soteriologia e, além disso, o conceito de “alianga” tornou-se decisivo na conexao da cristologia com a exegese. O livro II das Institutas intitula-se “O conhecimento de Deus como redentor em Cristo, conhecimento que primeiro foi revelado aos patriarcas sob a Lei e agora, anos, no Evangelho”, enquanto o ensino sobre a Lei é chamado: “A lei foi dada néo para reter em si mesma o povo da antiga alianca, mas para alimentar a esperanca de Salvagao em Jesus Cristo até a sua volta” (Institutas I.VII)'*. Calvino fala sobre a unidade e as diferengas entre os dois testamentos nas /nstitutas |I.X e II.XI respectivamente. Ele nao entende por Lei somente “os Dez Mandamentos, os quais apresentam a regra para viver uma vida piedosa e santa, mas a forma da religiao tal como Deus a deu através de Moisés” (/nstitutas |I.VII.1). A Lei esta baseada na graca eletiva de Deus e Cristo ja se achava nela presente: a mediacao de Cristo “nao foi expressa de forma clara nos escritos de Moises’, mas “Deus jamais se mostrou propicio aos patriarcas do Antigo Testamento, nem jamais |hes deu esperanga alguma da graga e do favor sem propor- lhes um mediador” (Instifutas |I.VI.2)". Ha vida espiritual e esperanga de imortalidade por adog&o no Antigo Testamento, a alianga estabelecida por Deus com os Pais nao se baseia nos méritos deles, mas em sua misericordia, A alianga feita com os pais é semelhante & alianga feita conosco, podendo-se dizer uma mesma com ela, pois difere somente na ordem em que foi outorgada (/nstitutas IL.X.2)', Segundo Calvino, a unidade da alianga 6 constituida por trés fatores: primeiro, a eleigdo para “a esperanca de imortalidade”, a qual ja era a meta dos judeus no tempo do Antigo Testamento, nao menos que para os cristéos; as promessas do Antigo Testamento nao visavam somente felicidade terrestre, pois a alianga que Deus fez com 0 povo de Israel era, a despeito da inclusdo da promessa da terra e da lei cerimonial, uma S ve) B= S E< 5 ae levt ro) < Sel A S = @) > es] y ae Z ia) Si A S DN es) ©) ae =| fe VA s [4 (a) 5 B S le) (a4 =| = bso E le} ie I v=) ente uma alianga de raga tinuidade do principjy i tamento. Acon e ae ee terceiro, a comunhao com Deus ie se na mediagao de Cristo, tanty Os patriarcas tambem tinham ¢ ianga é puram' alianga “espiritual’; segundo, a alianga € P' sendo assim ja na epoca do Sola Gratia envolve os dois test “- e a participagao nas promessas ae no Antigo quanto no Novo Testamento. conheciam a Cristo como mediador’™. Com respeito as diferengas entre os afirma que elas surgem pela Seat salvacéo. Ele atime pedagdgicas, acomodou sua palavra ao Sa eae trios finden primeiro que as promessas que tem Cris verti a “oraca da vi as quais, segundo a palavra eletiva de Deus que ea futura”, eram mediadas no Antigo Testamento “sob bene ic erence como, por exemplo, na promessa da terra de Canaa, mas nat Testamento sdo apresentadas de forma mais clara; segundo, fa a sobre a Clareza progressiva da revelagéio, em especial o que diz respeito as Ceriménias do Antigo Testamento, que foram abolidas para a comunidade oristé e Substituidas pelos sacramentos. Calvino relembra a diferenca entre a “sombra das boas coisas por vir" e a “verdadeira forma destas realidades” (Hebreus 10.1) ea distingdo entre “a sombra do que ha de vir’ ea “substncia’, identificada com Cristo (Colossenses 2.17); terceiro, afirmaa diferenca entre letra e espirito; Quarto, mostra a diferenca entre escravidao e liberdade; quinto, indica o chamado das nagoes, através do Evangelho, que ultrapassa os limites de Israel (Institutas I,X1.11). A diferenga maior entre 0 Antigo € o Novo Testamento € que 0 Antigo Testamento faz conhecer a promessa que o Novo Testamento apresenta como realidade presente 2, Calvino ilustra a historia da meio da imagem do aumento prog tori i 3 a a da alianga da graca de Deus com a humanidade indica como Deus Manifestou a ig da Sua palavra até que a fonte anteriormente oculta de toda | Manifestasse em Cristo (Institutas II.X1.5). Deus se revelou ao serh man tornou-se humano, assim alcangando o Ponto mais alto rie a sua dois testamentos, Calving ual Deus, Por raZOes alianga como historia da 1 revelacao por ressivo da luz. A his| F * OPITZ, Peter. “The evenatinal ana kn... acomodagao. As antigas Promess ultrapassadas (/nstitutas X.X.20). A imagem do aumento agdo de Deus na alianca de g pedagogia de D em todas as fa as S40 cumpridas e, portanto, Progressivo da luz expressa a forma da raga com os homens, Correspondendo a us, que como pai instrui, governa e conduz seus filhos e ases das suas vidas. Deus nao muda de pensamento e ‘acomodou a si mesmo a capacidade dos Seres humanos, que é variada e mutavel’. A vontade imutavel de Deus exige que sua comunicagao ocorra de diferentes maneiras. A Lei, de acordo com Calvino, é determinada pelo seu contexto pedagdgico, é o tempo dos “rudimentos” e aponta para além de si mesma ao tempo do Evangelho, Ademais, 0 tempo anterior a Cristo, como tempo “sob a Lei’, é caracterizado pela esperanga e expectativa e nao pode, a despeito da unidade fundamental da alianga, ser igualado ao tempo do Novo Testamento, pois aboliria a dinamica historica da alianga’’. 4- Principios da exposic¢ao da Escritura Calvino iniciou a interpretagado da Biblia a partir do Novo Testamento, com a carta aos Romanos, cujo comentario foi publicado em 1540. Em Estrasburgo (1538-1541), fez prelegdes sobre 1 Corintios, cujo comentario foi publicado em 1546. Entre 1546 e 1550, comentou quase todas as cartas de Paulo. Em 1551 as cartas paulinas foram reeditadas. Em seguida, por volta de 1549, iniciou o estudo do Antigo Testamento, que apresenta trés modos de exposigdo: sermées, conferéncias e comentarios. Sermées, porque Calvino tinha que pregar em Genebra, nao somente aos domingos, mas, desde 1549, também durante a semana. No domingo, Calvino pregava sobre o Novo Testamento, a tarde, as vezes sobre os Salmos e, durante a semana, sobre o Antigo Testamento. Os sermées sao, em geral, exposigdes sobre 0s textos da Biblia. Ele fez também prelegdes sobre o Antigo Testamento, Ocasiaio em que lia um trecho da Biblia hebraica, traduzia-o para o latim @ 0 comentava versiculo por versiculo” tas da exposigao biblica de Calving conseqiiéncias concre F bib tea : dos seguintes principlos: podem ser exemplificadas a partir ido literal e “a mente do escritor” “2 Der ines da exegese é revelar 0 sentido do texto biblico ¢ a intengéo de seu autor. Ao buscar atingir essa meta, Calvino identifica o género do texto em estudo, a situagao historica e circunstancias de sua produgao, seu autor e destinatarios; explora também o significado de expressoes importantes, Ao determinar as circunstancias e 0 contexto historico e lingiiistico, busca 0 sentido do texto. Ele critica 0 método alegérico de interpretac&o por nao considerar o significado literal do texto, mas reconhece que 0 significado do texto pode ser expresso através da linguagem figurativa ou metaforica®. b) Relacao entre a comunidade da antiga alianca e o corpo pneumatico de Cristo Calvino apresenta a questo da “mente do escritor” a partir da estrutura da alianga. Refere-se a relacdo da comunidade da antiga alianga € 0 individuo com Deus e, assim, a forma do conhecimento de 5 ; autoconhecimento humano, formulados como og Constituint “heel de sua teologia no comego das institutas. Ele diz também tae ae Escrituras nos “aprendemos a colocar nossa Confia era caminhar no seu temor’, a “reconhecer a Cristo como o ‘i 7 eee Lei, e os profetas como a “substancia” do Evangelho mea meta’ da c) A educagao do povo de Deus O Antigo Testamento é testemunha a Antigo Te e , antes de ty as, isto 6, a historia da educagao do povo . eum process s textos historicos Servem como espelhos do ensino e Colhido de Deus. ativo na historia da alianga. Eles nos revelam a Drovidén ia 0 08 Deus, Cia gj Se ee @ Singular de Deus ao governar € preservar a Igreja. A unidade do povo de Deus em todas as épocas deriva da unidade da alianga, Isso em ultima instancia esta fundamentado na decisdo do Deus unico i que escolheu seu povo, permanece fiel e Ihes da uma esperanga escatoldgica”, d) Historia biblica da salvagao como historia da libertagdo A Escritura no 6 um espelho de verdades atemporais. Os cristéos devem entender a historia biblica da salvagéo como historia da libertacdo, na qual eles proprios est&o incluidos. Nesta historia, os primeiros eventos da salvagao assinalam os Ultimos, e os ultimos devem ser vistos como seu cumprimento, trazendo-os 4 sua completa verdade. A comunidade cristé compreende estes eventos a luz de Cristo. Ela é, assim, fortalecida na fé ao olhar para tras, para o Exodo, e ao mesmo tempo, adiante. Nesta tradigéo interpretativa, a comunidade crista \é a Escritura e reconhece seu proprio futuro a luz dos eventos de libertagéo do povo de Deus, os quais sao entendidos como parte de uma Unica historia da libertag&o de Deus que tem o seu climax na salvacao escatolégica®. e) Cristo, meta e substancia da Lei O conhecimento de Deus é a meta da exposicgao da Escritura. Cristo é a fonte de toda revelacao, “a Unica luz da verdade”. O ensino de Moisés aponta para Cristo: Cristo é 0 “fim” (Romanos 10.4) e 0 “espirito’ (2 Corintios 3) da Lei. As promessas do Antigo Testamento falam sobre Deus e a alianga da graca. Como “intérprete fiel’, Cristo explica a “naturezé da Lei, seu objeto e seu escopo”. No exercicio do seu Oficio de profete Ele confirma sua validade e revela seu significado e propésito, sumarizad na dupla lei do amor. Além disso, as “exortagées e promessas”, que eran condicionais na observancia do Decalogo, apontam de forma pedagogic para Cristo. A Lei tem sentido somente como Lei da Alianga; separada d Cristo e de seu Espirito, é letra morta’”. cristologica do Antigo Testamento Riad rtir da historia de uma istoria biblica é vista a par! : _ apenpS como uma historia da Cee 4 le col e i a Ele”. A presenle © enta em Cristo @ aponta pal? Tt iplica 6 interpretada ee incluida na historia da libertagao. Ahistorla _ eae Eee a partir da perspectiva da soberania de Cristo a rants ‘de Calvino 4 Nesse sentido, a interpretagao do Antigo Tes an porque crete cristolégica, sendo, ao mesmo tempo, uma interpre! ag f) Interpretagao Ainterpretagao Unica alianga e, ao mes i 6gi 6ricos Calvino, portanto, utilizou todos os meios filologicos, retricos e histéricos da sua época para alcancar uma exegese bib enn cujo objetivo Ultimo era provocar a fé, a qual surge quando O de u Santo prepara o caminho para tal. Ele entende que 0 comentario Heim texto biblico deve ser breve, transparente. Ademais, a in erpretagao do texto biblico deve esclarecer 0 contexto histdrico do texto, dar a devida atengdo as circunstancias histéricas em que se originou e investigar de forma meticulosa a gramatica do texto. O que importa é o sentido literal do texto, mas a énfase no contexto n&o exclui a possibilidade de aplica- 0 20 momento atual da igreja. A explicagao do uso da Escritura ultrapassa a aplicac&o dos métodos filolégicos e retéricos. Na exegese dos textos biblicos, o que importa é a compreensao da “mente do escritor” eo Movimento querigmarico-retorico do texto. Isso pressupde uma compreensao da Biblia derivada da convicgao reformada da clareza das Escrituras, entendida como Palavra de Deus “dirigida ¢ acomodada a nds na forma da transmissao de palavras humanas, como a chave que abre o Reino de Deus para nés, nos introduz la e Nos ensina que Podemos conhecer o Deus que adoramos e os meios da ali alianga cotioae ts G8 que Ele fez iN wa jac 1S) Zz S 23) Zz, fa) 7) — © Zz a (e) V4 Ee Referéncias bibliograficas CALVINO, Joao. As Institutas oy Tratado a da Religido Crista, ¢ CALVINO, Joao. Romanos. 2°. ed, tTra 91a Crista, Sao Paulo: CEP Parakletos, 2001. (Trad. Valter G , 1985, raciano Martins]. Sao Paulo: Edigbes, GREEF, Wulfert de. “Calvin, sa Concepcion de la Bib le Calvnisme, Cine siéctes dintuences surEgise sy oo o*°o25°" Cabinet Fides, 2008, pp.111-141, Ise et la Societe, Geneve: Labor et OPITZ, Peter. “The exegetical and hermeneuti utical Huldrych 2wingli and John Calvin". in: Hebrew Bieta rasan f its Interpretation. From the Renaissance to Enlightenment, Volt. i: mee (ed.). Gottingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 2007 pp 420-451, a PUCKETT, David L. John Calvin's Exegesis of the Old i L Louk Westminster John Knox Press, 1995, Peni Ee Resi SKINNER, Quentin. As fundagdes do pensamento olitico mode a Companhia das Letras, 2009, : oe STEINMETZ, David D. “John Calvin as an interpreter of the Bible”. In: Calvin and the Bible. Donald k. McKim (ed.). Cambridge: Cambridge University Press, 2006, pp.282- 291. THOMPSON, John L. “Calvin as a biblical interpreter’. In: The Cambridge Companion to John Calvin. Cambridge: Cambridge University Press, 2004, pp.58-73. WILCOX, Pete, “The Prophets”. In: Calvin and the Bible. Donald k. McKim (ed.). Cambridge: Cambridge University Press, 2006, pp.107-130. ; WILLIAMS, G. La Reforma Radical. Mexico: Fondo de Cultura Econémica, 1983. ecolampadius,

Potrebbero piacerti anche