PCN

Parâmetros Curriculares Nacionais

de 5ª a 8ª série

Fáceis de entender
■ Diversidade existe também na escola
■ Incentive a busca pela cidadania
■ A arte valoriza diferenças culturais

Pluralidade Cultural
Aprender a reconhecer as diferenças é “lição de casa” para alunos e professores

O Brasil que nós A democracia

desconhecemos
O que esperar do rendimento escolar de um
menino negro, filho de pais semi-analfabetos,
que vive na periferia e nunca ouviu falar de Mo-
zart ou internet? Nada de mais. A não ser que
ele tenha as mesmas condições de aprendizado
que qualquer outro estudante proveniente de um
“berço” mais privilegiado. O estigma do fracas-
so escolar não é resultado exclusivamente da ca-
rência cultural. Mas, na prática pedagógica, ain-
da serve como base para justificar a falta de
condições dos estudantes. Embora de modo in-
voluntário ou inconsciente, há manifestações de
racismo, discriminação social e étnica dentro da
escola. Devido à heterogeneidade de sua popu-
lação, o Brasil desconhece a si mesmo. Muitas
vezes, tendemos a assumir estereótipos. Contra
esse processo, é necessário reconhecer as dife-
renças. Esse é o caminho mais curto para supe-
rar o racismo e a discriminação.
racial é utopia
Se ler num livro didático que o Bra-
sil apresenta cultura uniforme, descon-
fie da qualidade da obra. Durante mui-
tos anos propagou-se no país a idéia de
democracia racial, destacando a har-
monia étnica, social, econômica, reli-
giosa, cultural e de outros elementos
que compõem a população brasileira.
Essas interpretações, difundidas tam-
bém pelos livros didáticos, apenas con-
tribuíram para esconder embaixo do ta-
pete um racismo difuso, ignorando ou
Mari Queiroz
descaracterizando minorias. A diversi-
dade marca a vida social brasileira, e a
escola é um dos lugares onde esse ce- Pluralidade: a
nário se desdobra. Saber discutir Pluraridade democracia só
será possível com
Cultural a partir da diferenças dos próprios a participação
alunos é um modo de conduzir o tema de for- efetiva de todos
ma mais próxima da realidade brasileira.

Todo dia é dia de índio Maquete de uma aldeia:

projeto de escola leva
alunos a conhecer a
cultura indígena
E mbora injusto,
na verdade
costumamos nos lembrar
etnias espalhadas pelo
Brasil representam uma
parcela de 0,1% da apresentações e
dos índios somente no população do país. São maquetes tudo o que
dia 19 de abril ou poucos, mas carregam a aprenderam. “A
Leonardo Carneiro

quando acontece sina do preconceito. De experiência permitiu

alguma fatalidade olho na valorização da descobrir que existem
(extermínio de aldeias cultura indígena, muitas maneiras de ser
por exploradores de professores da Escola índio”, constatou o
florestas, por exemplo). Estadual Carlos Rios, todos os alunos se mais avançadas professor de História
Apesar de terem sido em Arcoverde (PE), envolveram no projeto, formaram grupos para Jozelito Alves Arcanjo.
eles os primeiros escolheram o índio como pesquisando hábitos e visitar as aldeias e “Agora nossos alunos
habitantes desta terra, tema da Feira Popular de costumes de cada uma conversar com os índios. entendem que a questão
hoje os pouco mais de Ciências e Artes. das sete tribos da região. De volta à escola, eles indígena é atual”,
320 mil índios de 206 Durante quatro meses, Estudantes de séries mostraram em trabalhos, completou.

PCN 5ª a 8ª série - 15
 Portuguesa
Língua

Como falar de
pluralidade cultural Os caminhos um problema de todos e como uma realidade
que pode ser transformada.
Pluralidade

da cidadania
Cultural

usando ■ Analisar atitudes e situações que podem

o dia-a-dia? resultar em discriminação e injustiça social.
Os conteúdos de Pluralidade Cultural podem
ser resumidos na busca pela cidadania dentro de
Nessa faixa etária,
A aula imita a arte
Geografia

os adolescentes uma sociedade multiétnica e pluricultural, carac-

terísticas do Brasil. Veja quais são os principais Fazer uso das artes é uma boa forma de ca-
mostram particular
objetivos propostos pelos Parâmetros Curricula- racterizar identidades étnicas. Confira.
interesse por alguns res Nacionais (PCN) para desenvolver o tema. ■ Com música: explore a origem dos ritmos,
assuntos de usos e ■ Conhecer a diversidade do patrimônio et- características melódicas e instrumentos.
Ambiente

costumes. Um deles

?
nocultural brasileiro, cultivando atitudes de res-
Meio

é o vestuário, que peito reconhecendo a variedade cultural. Mostre a seus alunos as diferentes
traz diversos dados ■ Valorizar as diversas culturas presentes no formas de marcação do tempo
usadas por diversos grupos
sobre o usuário, tais país, reconhecendo sua contribuição no proces-
etnoculturais, tais como índios,
Naturais
Ciências

como marcas de

Dica
so de constituição da identidade brasileira.
judeus, muçulmanos, asiáticos e
diferenciação de ■ Reconhecer as qualidades da própria cul-
outros. Saber como é o calendário
gênero, idade, tura, valorizando-a criticamente e enriquecen- desses grupos, descobrindo fatos,
posição social, do, dessa forma, a vivência de cidadania. festas e tradições, faz com que se
■ Desenvolver atitude de solidariedade em perceba a noção de tempo social,
profissão. Para ele
Saúde

relação às pessoas vítimas de discriminação. que difere do calendário civil.

será fácil
■ Repudiar toda e qualquer forma de discri-
compreender tal minação baseada em diferenças de raça, etnia, ■ Com artes plásticas: tente encontrar ele-
diferenciação por classe social, crença religiosa, sexo e outras ca- mentos para o trabalho escolar na seleção de
Orientação

dados de sua vida

Sexual

racterísticas individuais ou sociais. material conforme a tradição – pedra, barro, fer-

cotidiana: modelos ■ Exigir respeito para si e para o outro, de- ro, cobre, metal – e a criação artística que mos-
e tecidos que os nunciando atitudes de discriminação ou qual- tra a relação do homem com a natureza.
jovens usam são quer violação dos direitos da criança e do cida- ■ Com teatro: desenvolva atividades que en-
exemplos dessas dão. volvem o espaço teatral, como arenas e olimpos.
Ética

marcas ■ Valorizar o convívio pacífico e criativo dos ■ Com literatura: aponte movimentos literá-
diferenciadoras. diferentes componentes da diversidade cultural. rios, a visão dos valores de diferentes épocas e
Outro assunto de ■ Compreender a desigualdade social como reivindicações de diversos grupos sociais.
interesse nesse
Arte

nível escolar são

as festas. Entender Quadrinhos tratam das de dominação cultural. cada um deles monta
que diferentes etnias A escravidão em Roma uma história em
diferenças com humor e as diferenças entre os quadrinhos com base na
Educação

desenvolvem
Física

romanos e os povos leitura de Asterix. “Tanto

diversas formas de subjulgados são os faz se os quadrinhos
organização de
festas e celebrações
E m vez de livros,
quadrinhos. É
assim que os alunos da
de Asterix, personagem
criado na França em
1958, e ganhou
temas extraídos da
obra. Isso possibilita
tiverem como cenário o
Império Romano, o
também permite essa 6ª série da Escola milhares de fãs pelo traçar paralelos com Egito ou o Brasil
História

compreensão pela Nossa Senhora das mundo. Asterix vive outras épocas, como a Colonial.
Graças, da cidade de numa aldeia da Gália da escravidão no Brasil. O importante é que
aproximação que o No final, vem a melhor mostrem o domínio de
São Paulo, tiram (atual França) por volta
adolescente pode parte: a classe é um povo sobre outro”,
proveito das aulas de do ano 50 a.C., quando
Matemática

fazer de sua própria História Geral e do a região fazia parte do dividida em grupos e explica Conceição.
vivência. Tudo isso Brasil. Para trabalhar o Império Romano. A As professoras
Leonardo Carneiro

implica reordenação encontro de culturas, história escolhida para o Andréia e

de valores, tema dessa série na trabalho é O Domínio Conceição:
Asterix dá uma
Consumo Estrangeira

intercâmbio, direito escola, as professoras dos Deuses, que trata

mãozinha na lição
Língua

Andréia Montellato e
de produzir a partir Conceição Aparecida
de códigos e valores Cabrini incluem no
de diferentes material didático
culturas.
Trabalho e

histórias em quadrinhos

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