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Assinado por CHALANNA SILVA DE OLIVEIRA em 26/07/2010 17:06:59.171 GMT-03:00

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

NEIDSONEI PEREIRA DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, bacharel em Direito, RG n.º


0802418082, CPF n.º 979403725-72, residente e domiciliado à Rua Rio Solimões, Ed.
Madeira, ap.605, cond. Amazônia, bairro Saboeiro, Salvador-BA, CEP 41180-385;
CHALANNA SILVA DE OLIVEIRA, brasileira, casada, advogada (OAB-BA 25261), RG
nº 1203608535, CPF nº 012.780.755-18, residente e domiciliada à Rua Rio Solimões, Ed.
Madeira, ap.605, cond. Amazônia, bairro Saboeiro, Salvador-BA, CEP 41180-385;
LUCIANA OLIVEIRA SENA, brasileira, casada, advogada, RG 0652766200, CPF
987.785.555-34, residente e domiciliado à Rua Manoel Galiza, nº 38, bairro Piatã, CEP
41.650-105, Salvador, Bahia; LUCAS RIOS FREIRE, brasileiro, solteiro, advogado, RG
1197605258, CPF 021.629.555-63, residente e domiciliado à Rua João Bião de Cerqueiro, nº
306, Edf. The Palm Spring House, AP. 1104-A, CEP 41.830-580; JOSÉ CÍCERO DA
SILVA, brasileiro, casado, licenciado em História, RG 3142939, SDS-PE, CPF 457.778.454-
87, residente e domiciliado à Rua do Hospício, 923, Ed. São Salvador, AP. 203, Bairro Boa
Vista, Recife-PE, CEP 50050-050, sendo todos membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia,
por sua advogada, infra firmada, vem à presença de Vossa Excelência interpor

MANDADO DE SEGURANÇA com pedido de


LIMINAR contra

ato do PROCURADOR GERAL DA REPÚLICA, responsável pela normatização via Edital


nº1 – PGR/MPU, de 30 de junho de 2010, do Concurso Público para provimento de cargos
de Analista e de Técnico do Ministério Público da União, bem como o CENTRO DE
SELEÇÃO E DE PROMOÇÃO DE EVENTOS DA UNIVERSIDADE DE BRASILIA
(CESPE/UnB), responsável pela execução do referido Concurso Público, conforme consta do
mencionado edital, em anexo, situada na Rodovia BR 251 – KM 04, CEP 71686-900,
Brasília-DF, na pessoa do seu representante legal, na qualidade de promotora do concurso
supracitado, pelos fatos e fundamentos jurídicos que serão expostos.

1 - DO FUNDAMENTO E DA TEMPESTIVIDADE E COMPETÊNCIA

O presente writ tem como fundamento o artigo 5.º, incisos, VI, VIII, LXIX,
LXXVII, artigo 37, I e II, artigo 102, I, “d”, da Constituição Federal de 1988, combinados
com a Lei n.º 12.016/09.

Nos termos do disposto no art. 23, da Lei n.º 12.016/09, o prazo para a
interposição do Mandado de Segurança é de cento e vinte dias, contados da ciência, pelo
interessado, do ato impugnado.

Os impetrantes tomaram conhecimento do ato ora impugnado, através do Edital


nº1 – PGR/MPU, de 30 de junho de 2010, em anexo, de que as provas serão aplicadas no
sábado à tarde do dia 11 de setembro de 2010

Constata-se, portanto, a tempestividade do presente mandamus.

Por conseguinte, o artigo 102, I, “d”, determina ser competência do Supremo


Tribunal Federal julgar Mandado de Segurança contra ato do Procurador Geral da República,
que no caso é a autoridade responsável pela regulamentação e edição do Edital nº1 –
PGR/MPU, de 30 de junho de 2010.

2 – DA INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO PARA A


GRATUIDADE DA AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA

Excelência, os impetrantes efetuaram o recolhimento das custas (comprovantes


em anexo), conforme preceitua a Resolução nº 431, de 02 de junho de 2010, do STF, visando
manter o regular andamento do feito.
Entretanto, requerem a devolução de respectivo valor recolhido por entender
inconstitucional a onerosidade deste remédio constitucional.
O artigo 5º, inciso LXXVII, dispõe que “são gratuitas as ações de “habeas-
corpus” e “habeas-data”, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania”.
Prima facie, o presente writ é um ato que objetiva justamente o pleno exercício da
cidadania, uma vez que o possível impedimento de ter acesso a cargos públicos por meio de
2
processo seletivo, em face de motivo religioso, se configura um cerceamento da cidadania dos
requerentes, conforme será exposto em seguida.
E, mais importante, é entender que o mandado de segurança possui natureza de
remédio constitucional, assim como o habeas corpus e o habeas data, razão pela qual não faz
sentido se interpretar o dispositivo constitucional de forma a restringir a gratuidade a estas
duas últimas ações, uma vez que onde há o mesmo fundamento deve haver o mesmo direito.
Ademais, o inciso LXIX que prevê o mandado de segurança é claro ao afirmar
que só caberá tal medida, quando a proteção do direito violado não for amparada por habeas
corpus ou habeas data, que são ações gratuitas. Dessa forma, quando estes dois últimos
remédios constitucionais não forem suficientes para proteger o direito violado, entraria em
cena outro para socorrer o cidadão, de forma onerosa?
Tal tratamento desigual não parece coerente ou justo. E vale lembrar, que em
certo período que antecedeu o instituto do mandado de segurança, o habeas corpus era
utilizado com o mesmo fim de proteger direito líquido e certo. Como então o instituto pode
evoluir para prejudicar o indivíduo no que diz respeito à onerosidade? Assim, é injusto que o
Estado pratique uma ilegalidade e, em seguida, cobre caro do cidadão que precise se proteger
dessa afronta a seus direitos.
Cabe aqui se utilizar das palavras do Ministro Gilmar Ferreira Mendes, na obra
Jurisdição Constitucional, ao afirmar que “oportunidade para interpretação conforme à
Constituição existe sempre que determinada disposição legal oferece diferentes possibilidades
de interpretação, sendo algumas delas incompatíveis com a própria Constituição” (Jurisdição
Constitucional, São Paulo, Saraiva, 1996, p. 222).

Neste sentido é que se pede seja realizada a interpretação conforme à Constituição


pelas razões já referidas, de modo a considerar também gratuito o presente writ, e por
conseguinte, a devolução dos valores recolhidos como custas, diante da sua cobrança em
razão do “esquecimento” do legislador em incluir expressamente a gratuidade do mandado de
segurança, como fez com o habeas corpus e habeas data.

3 - DOS FATOS
3.1 – Da crença do repouso semanal enquanto dia sagrado
Excelência, antes de tudo, se pede que no exame da questão se tenha o máximo de
neutralidade possível, uma vez, que do judiciário se requer a imparcialidade, esta sempre

3
aplicada neste colendo Tribunal, mas a neutralidade plena seria impossível se esperar do ser
humano, considerando que todos têm sua bagagem cultural e crenças pré-concebidas.

A despeito da questão principal se dirigir à aplicabilidade de norma constitucional


de direito fundamental, no pano de fundo se encontra uma crença religiosa, e religião, como é
sabido, sempre se demonstra ser tema polêmico, capaz de incitar os ânimos, preconceitos e
discórdias, especialmente quando crenças solidificadas no inconsciente social, a ponto de se
transformarem até mesmo em traço cultural, são confrontadas com a crença contrária de
alguma minoria.

E, por se tratar o pano de fundo de uma determinada crença religiosa, logo se


cogitaria o não atendimento da demanda, por considerar que se todas as outras religiões
demandarem com suas crenças, das mais diversas, seria impossível ao Estado executar suas
atividades, especialmente concernente ao dia de guarda.

Contudo, é prematuro negar o direito de crença de um grupo, concomitante ao


pleno exercício da cidadania, sob o fundamento de que se outros assim demandarem, a
administração pública se tornaria um caos.

Entre as crenças sobre a santificação de um dia basicamente se destacam: a que


afirma ser o primeiro dia da semana (católicos e maior parte dos evangélicos); a crença que
têm a sexta-feira como dia santo (islamismo); e aquela que determina se observar o 4º
mandamento de Deus, como ainda válido, conforme exposto na bíblia, em êxodo 20:8,
englobando a santificação do sétimo dia, de um pôr-do-sol a outro. Portanto, há de se observar
a realidade, e nesta se apresenta dissenso quanto à santificação dia apenas em relação aos
mencionados, bem como não se encontram demandas judiciais ou administrativas
semelhantes à que existe em relação ao sábado. E mesmo que houvesse, há de se observar os
seus reais contornos, ao invés de se utilizar de mera especulação.

Desse modo, a santificação e a guarda de um dia da semana representa um aspecto


teológico fundamental para diversas religiões. Vejamos:

Para o islamismo, a sexta-feira é o dia considerado sagrado. O sagrado Alcorão,


no capítulo de Sexta-feira, versículos nove e dez diz: "Ó crentes quando fordes convocados
para a oração de Sexta-feira, recorrei à recordação de Deus e abandonai vossos afazeres; isto
será preferível se quereis saber. Porém, uma vez observada a oração, dispersai-vos pela terra e
procurai as dádivas de Deus e mencionai frequentemente a Ele para que prospereis”. Segundo
a enciclopédia virtual Wikipédia, a “a sexta-feira é o dia em que a comunidade islâmica se

4
reúne, na mesquita, ao meio-dia, para a oração. Em seguida, realiza-se o khutbah, isto é, o
discurso que não é um simples sermão religioso. Nele aprofundam-se as questões sociais,
políticas, morais e tudo o que interessa à comunidade islâmica”. Também afirma que “a sexta-
feira, portanto, é mais que um dia de descanso, como o sábado dos judeus ou o domingo dos
cristãos. É o dia da semana em que a comunidade islâmica que se reúne. Dependendo do país
onde se encontre, a sexta-feira pode até ser um dia de trabalho, mas todos fecham os seus
negócios pelo menos na hora do khutbah”. A despeito de não se ter conhecimento profundo
sobre o islamismo, se percebe pelo acima citado que mesmo considerado como sagrado o
sexto dia da semana, não impediria pela concepção mencionada a prática de atos como
concursos públicos, desde que na hora do “khutbah”, cesse a atividade.

Para o catolicismo, bem como a maior parte dos protestantes (ou evangélicos), o
domingo é considerado como o dia sagrado, sendo o principal dia de adoração. Apenas como
exemplo se menciona as seguintes palavras do então líder católico Papa João Paulo II a
respeito da santificação do domingo, ao entender que as honras do sábado foram transferidas
para o domingo, como um memorial de uma “nova criação” por meio da ressurreição de Jesus
Cristo:

Nós celebramos o domingo, devido à venerável ressurreição de nosso Senhor Jesus


Cristo, não só na Páscoa, mas inclusive em cada ciclo semanal”: assim escrevia o
Papa Inocêncio I, nos começos do século V, testemunhando um costume já
consolidado, que se tinha vindo a desenvolver logo desde os primeiros anos após a
ressurreição do Senhor. (...) A comparação do domingo cristão com a concepção do
sábado, própria do Antigo Testamento, suscitou também aprofundamentos
teológicos de grande interesse. De modo particular, evidenciou-se a ligação especial
que existe entre a ressurreição e a criação. Era, de facto, natural para a reflexão
cristã relacionar a ressurreição, acontecida “no primeiro dia da semana”, com o
primeiro dia daquela semana cósmica (cf. Gn 1,1-2,4) em que o livro do Génesis
divide o evento da criação: o dia da criação da luz (cf. 1,3-5). O relacionamento feito
convidava a ver a ressurreição como o início de uma nova criação, da qual Cristo
glorioso constitui as primícias, sendo Ele “o Primogénito de toda a criação” (Col
1,15), e também “o Primogénito dos que ressuscitam dos mortos” (Col 1,18).1

Por fim, para uma minoria2, que abrange adeptos do judaísmo, da Igreja Batista
do 7º Dia, Igreja de Deus do 7º Dia, e, Igreja Adventista do 7º Dia, a qual pertencem os
requerentes, o sétimo dia da semana, o sábado, é o dia sagrado de adoração.

1
PAULO II, Papa João.Carta Apostólica Dies Domini ao Episcopado, ao Clero e aos Fiéis da Igreja
Católica sobre a Santificação do Domingo. Disponível em: <http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/a
post_letters/documents/hf_jp-ii_apl_05071998_dies-domini_po.html> Acesso em: 20 fev. 2007, p. 8 e 10.
2
Estima-se que no mundo haja cerca de 13 milhões de judeus, número já superado pelos Adventistas que,
segundo dados da Associação Geral dos Adventistas do 7º Dia, atingiram em dezembro de 2005 cerca de 14
milhões e 400 mil membros. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
censo demográfico do ano de 2000, constata-se o número de 1.209.842 adeptos da religião adventista do 7º dia e

5
Como acima mencionado, para os Adventistas, o dia de repouso escolhido,
abençoado e santificado por Deus é o sétimo, com o objetivo de ser um memorial da Criação,
um dia em que se adora e se reconhece a Deus como Criador de todas as coisas e o ser
humano como simples criatura. Assim é que, conforme a Crença Fundamental nº 19, os
Adventistas do 7º Dia afirmam crer que

O bondoso Criador, após os seis dias da Criação, descansou no sétimo dia e instituiu
o sábado para todas as pessoas, como memorial da Criação. O quarto mandamento
da imutável lei de Deus requer a observância deste sábado do sétimo dia como dia
de descanso, adoração e ministério, em harmonia com o ensino e prática de Jesus, o
Senhor do sábado. O sábado é um dia de deleitosa comunhão com Deus e uns com
os outros. É um símbolo de nossa redenção em Cristo, um sinal de nossa
santificação, uma prova de nossa lealdade e um antegozo de nosso futuro eterno no
reino de Deus. O sábado é o sinal perpétuo do eterno concerto de Deus com Seu
povo. A prazerosa observância deste tempo sagrado duma tarde a outra tarde, do
pôr-do-sol ao pôr-do-sol, é uma celebração dos atos criadores e redentores de Deus.3

Assim o sentido teológico e histórico do dia da guarda ou adoração varia entre as


diferentes religiões. Por outro lado, a crença no dia de guarda e santificação é uma das crenças
que tem sido relativizada, mas isso não muda o fundamento da mesma. Samuele Bacchiocchi
compreendendo a atual realidade afirma:

A noção bíblica do “santo sábado”, entendida como uma ocasião de cessar as


atividades seculares a fim de experimentar as bênçãos da Criação-Redenção por
meio da adoração a Deus e do trabalho desinteressado pelos necessitados está cada
vez mais desaparecendo dos planos do cristão. O problema é constituído por uma
geral concepção errônea do significado do “santo dia” de Deus. Muitos cristãos bem
intencionados consideram a observância do domingo como uma HORA de adoração
em vez de O SANTO DIA do Senhor. Uma vez cumpridas suas obrigações de culto,
muitos, em boa consciência, gastam o restante do domingo ganhando dinheiro ou se
divertindo. Consequentemente, se alguém observa a pressão que nossas instituições
econômicas e industriais estão exercendo para obter a utilização máxima das
instalações industriais – programando turnos de trabalho que ignoram qualquer
feriado – é fácil compreender que o plano a nós transmitido de uma semana de sete
dias, com o seu dia de repouso e adoração, pode sofrer alterações radicais.4

Neste aspecto, a questão da tolerância fará grande diferença à efetivação do direito


fundamental à liberdade religiosa em uma sociedade pluralista e democrática, sem que se
restrinjam os direitos daqueles que desejarem seguir suas convicções. Eliane Moura da Silva

de 86.825 adeptos do judaísmo. Assim, considerando apenas essas duas religiões de maior representatividade
quanto à guarda do sábado se estima, com base em um censo de 10 anos atrás, um total de mais de 1 milhão e
300 mil cidadãos brasileiros que professam tal crença.
3
DAMSTEEGT, P. G., Nisto Cremos: 27 Ensinos Bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia. Trad. Hélio L.
Grellmann. 7. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2003, p. 331.
4
BACCHIOCCHI, Samuele. Do Sábado para o Domingo: Uma Investigação do Surgimento da Observância
do Domingo no Cristianismo Primitivo. 1974. 221 f. Tese (Doutorado) - Pontificia Universitas Gregoriana,
Roma, 1974. Disponível em: <http://allen7.diinoweb.com/files/Bacchiocchi.rar>. Acesso em: 21 jun. 2007, p.
10.

6
assevera sobre a tolerância no âmbito religioso da seguinte forma:

Todos os argumentos sobre a tolerância religiosa podem ser distribuídos ao longo de


um grande espectro que vai do puro pragmatismo aos princípios morais e éticos.
Podem variar da necessidade de proteção de interesses muito específicos de cada
pequeno grupo até a análise mais elaborada das verdades religiosas, das questões de
obrigação moral. Mas é a questão da diversidade, da pluralidade que fará a grande
diferença.5

Essas duas questões levantadas pela autora – diversidade e pluralidade – devem ser
entendidas de forma inclusiva, isto é, reconhecer as diferenças não apenas no campo teórico,
mas de forma prática, para, se necessário aplicar e efetivar o princípio da igualdade no sentido
de desigualar os desiguais para que desfrutem de verdadeira igualdade. A mesma autora ainda
esclarece:

Tolerância religiosa não significa indiferença. A tolerância envolve ação e


participação. Em primeiro lugar, aceitar que os seguidores de diferentes religiões
consideram suas crenças como verdadeiras e, talvez, a única verdade que admitem.
Em segundo lugar, permitindo que os outros tenham crenças diferentes e que,
livremente, sem coerção de qualquer espécie (familiar, social, educacional, etc.)
possam mudar de religião, denominação ou crença. Em terceiro, trabalhar em prol da
garantia de livre prática religiosa, dentro dos limites da razão, cultura e sociedade.
Um outro conjunto de ações afirmativas significa recusar-se a discriminar emprego,
alojamento, função social, procurando respeitar e acomodar as necessidades
religiosas que envolvam dias festivos, datas sagradas, rituais significativos.6

Ademais, o pluralismo político mencionado no art. 1º, inc. V, CF/88, não se


restringe à multiplicidade de partidos políticos, pois o termo pluripartidarismo seria mais
adequado, como de fato é utilizado no art. 17 que trata do assunto. É nesse sentido que leciona
Manuel Jorge e Silva Neto ao afirmar que:

o fundamento do Estado brasileiro atinente ao pluralismo político também conduz à


concretização da liberdade religiosa. E como? Precisamente porque pluralismo
político não deve, em primeiro lugar, ser confundido com pluripartidarismo –
princípio vinculado à organização político-partidária no Brasil, conforme acentua o
art. 17, caput. Pluripartidarismo significa sistema político dentro do qual se permite
a criação de inúmeros partidos. Mais abrangente, e, por isso, de conceituação um
pouco mais difícil, é o pluralismo político. A despeito de sua maior amplitude, pode-
se arriscar um conceito: pluralismo político é o fundamento do Estado brasileiro
tendente a viabilizar a coexistência pacífica de centros coletivos irradiadores de
opiniões, atitudes e posições diversas. 7 [grifo nosso]

De forma didática o mesmo autor faz uma análise do pluralismo político,


5
SILVA, Eliane Moura da. Religião, Diversidade e Valores Culturais: Conceitos Teóricos e a Educação para a
Cidadania. Revista de Estudos da Religião. n. 2, ano 2004. Disponível em: <www.pucsp.br/rever/rv2_2004/p_s
ilva.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2007, p. 10.
6
Ibidem, loc. cit.
7
SILVA NETO, Manoel Jorge e. A Proteção Constitucional à Liberdade Religiosa. Revista de Informação
Legislativa, a. 40. n 160. out./dez.2003, Brasília, p. 116.

7
decompondo-o de modo a deixar clara a relação entre este fundamento e a liberdade religiosa.
Nestes termos afirma que tal expressão representa:

i) “fundamento do Estado brasileiro”, em face da “residência” constitucional do


postulado; ii) “tendente a viabilizar a coexistência pacífica”, porquanto o ideal
pluralista reflete a regra de ouro do livre arbítrio: a liberdade de um indivíduo
termina quando começa a liberdade do outro (Spencer); iii) “de centros coletivos”,
porque não se presta o pluralismo político a assegurar a liberdade de manifestação
de pensamento da pessoa individualmente considerada, direito assegurado pelo
fundamento concernente à cidadania e consubstanciado, por exemplo, no art. 5º, IV;
iv) “irradiadores de opiniões, atitudes e posições diversas”, sendo certo que, ali
onde se verificar diversidade quanto à opção política, ideológica, sexual e
religiosa, deve ser conduzido esforço à respectiva e imprescindível
harmonização. 8 [grifo nosso]

Além do pluralismo, também é princípio constitucional a dignidade da pessoa


humana, intimamente relacionada com a liberdade religiosa. Manoel Jorge e Silva Neto tece o
seguinte comentário a respeito dessa relação:

Algumas perguntas são mais esclarecedoras sobre a ligação entre a dignidade da


pessoa humana e a liberdade de religião do que eventuais considerações a fazer-se
em torno ao tema: Preserva-se a dignidade da pessoa quando o Estado a proíbe de
exercer a sua fé religiosa? Conserva-se-lhe no momento em que o empregador, nos
domínios da empresa, “convida” o empregado para culto de determinado segmento
religioso? Reveste-se de alguma dignidade o procedimento por meio do qual alguns
segmentos religiosos investem contra outros, não descartado até o recurso à
violência? Sem dúvida, a opção religiosa está tão incorporada ao substrato de ser
humano – até, como se verá mais adiante, para não se optar por religião alguma –
que o seu desrespeito provoca idêntico desacato à dignidade da pessoa.9

Assim, a prática da tolerância, revestida por meio de uma ação afirmativa,


resguarda tanto à dignidade do indivíduo quanto pluralismo social, objetivos para os quais o
Estado Democrático de Direito foi instituído pela Assembléia Constituinte Brasileira,
conforme o preâmbulo da CF/88, especialmente nos propósitos de se assegurar o exercício
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a
justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos.

3.2 – Da situação dos impetrantes

Pelo que acima foi exposto, é inegável que a observância de práticas religiosas,
em particular ou em público, no “Dia do Senhor”, possibilite conflitos entre obrigações legais
e princípios religiosos. É direito fundamental de toda pessoa não ser obrigada a agir contra a
própria consciência e contra princípios religiosos. O direito de liberdade de consciência e de
8
Ibidem, loc. cit.
9
Ibidem, loc. Cit.

8
crença deve ser exercido concomitantemente com o pleno exercício da cidadania,
consubstanciado em todos os seus direitos inerentes, outrora outorgados por nossa
Constituição.

Cumpre ressaltar que a gama de direitos conferidos pela Constituição brasileira de


1988 deve ultrapassar o seu aspecto formal da mera declaração e se concretizar na vida de
cada cidadão brasileiro. É especificamente nessa dicotomia (declaração e efetivação) que,
segundo José Roberto Fernandes Castilho, reside a atual e polêmica noção de cidadania,
fazendo o mesmo as seguintes indagações: “Como se garantir a fruição dos direitos públicos
subjetivos? Como proporcionar a igualdade de oportunidades? Como dar eficácia às normas
constitucionais que tratam dos direitos sociais? Este é o ponto fulcral”10.
Prossegue o mesmo autor dizendo que:

o processo de construção da cidadania é antigo e não tem fim. Não se completa


nunca. "Onde quer que seja, existirão sempre homens e mulheres, grupos e
indivíduos singulares, minorias e estratos particulares, submetidos a algum tipo de
humilhação, degradação, injustiça ou opressão" (Marco Aurélio Nogueira) e, por
isso, reivindicando direitos em concreto, exigindo a fruição efetiva das liberdades
públicas.11
Salutar, então, é a colocação de Tércio Sampaio Ferraz Junior ao expor a
importância do reconhecimento da cidadania:

Pode-se entender que sem o reconhecimento da cidadania, qualquer Constituição e,


em particular, a Constituição brasileira, torna-se letra no papel. Em conseqüência,
sem ela, o Direito perde, seguramente, sua substância. Afinal, no uso da expressão
“Estado Democrático de Direito”, estão presentes componentes que tendem a
fazer da liberdade ao mesmo tempo liberdade-autonomia e liberdade-
participação.12 [grifo nosso]
Nesse sentido, como cidadãos brasileiros, os impetrantes se inscreveram no
concurso público destinado a selecionar candidatos para o provimento de cargos de Analista
do Ministério Público da União, conforme demonstram por meio de boletos bancários
devidamente identificados e pagos.

Acontece, Excelência, que, como mencionado, os impetrantes são de profissão


religiosa protestante, cristãos por convicção, e membros regulares da Igreja Adventista do
Sétimo Dia, instituição religiosa de alcance mundial, que tem como ponto de fé e doutrina, a
guarda dos mandamentos de Deus, tal qual expressos na Bíblia Sagrada, em Êxodo 20:3-17.
Acreditam que, os grandes princípios da Lei de Deus, são incorporados nos Dez mandamentos

10
CASTILHO, José Roberto Fernandes. Cidadania: Esboço de Evolução e Sentido da Expressão. Disponível
em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/textos/cid_expressao.html>. Acesso em 15 ago. 2007, p. 4.
11
Ibidem, p. 6.
12
FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Direito e Cidadania na Constituição Federal. Disponível em:
<http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista3/rev1.htm>. Acesso em: 10 jun. 2007, p. 9.

9
e exemplificados na vida de Cristo, acreditam ainda que a salvação é inteiramente pela
graça, e não pelas obras, mas seu fruto é a obediência aos dez mandamentos, dentre os quais
se tem a guarda do sábado (Êxodo 20:8-11). Segundo o relato bíblico, o bondoso Criador,
após seis dias da Criação, descansou no sétimo dia e instituiu o sábado para todas as pessoas,
como memorial da Criação (Gênesis 2:1-3). Sendo assim, o quarto mandamento da Lei de
Deus requer a observância deste sábado do sétimo dia como dia de descanso, adoração e
ministério, em harmonia com o ensino e prática de Jesus, o Senhor do Sábado, sendo ainda
sua forma autêntica de adoração suavemente delineada pelo Profeta Isaias (Isa 58:13 e 14) ao
afirmar que a santificação desse dia deve ser um deleite no Senhor, não fazendo a nossa
própria vontade ou buscando o próprio interesse. A prazerosa observância deste tempo
sagrado, o "Sábado Natural", período que se estende duma tarde a outra tarde, a saber, do pôr-
do-sol da sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado, é uma celebração dos atos criadores e
redentores de Deus.

Voltando à questão, entendem os impetrantes que, como cidadãos sob a proteção


da Constituição Federal de 1988, têm o direito de participar do processo seletivo para ingresso
no quadro de servidores do Ministério Público da União, sempre precisar abandonar a fé que
possuem, assim como qualquer concidadão seu que seja adepto de religião ou filosofia
distinta.

No entanto, “impedidos” de participar do processo seletivo mencionado, por


prezarem manter sua integridade religiosa, sua crença, pois ao estabelecer o Edital nº1 –
PGR/MPU, de 30 de junho de 2010, do Concurso Público para provimento de cargos de
Analista e de Técnico do Ministério Público da União, a realização das provas objetivas e
subjetivas do cargo de Analista para a data de 11.09.10 (sábado, à tarde), o impetrado, ainda
que por mera omissão, não respeitou o direito constitucional de livre profissão religiosa em
concomitância com o direito democrático de acesso a cargos públicos, em especial daqueles
que crêem na necessidade de observância dos mandamentos divinos, tal qual expressos na
Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, o manual do cristão.

Em outras palavras, não poderão ter acesso a cargos públicos, em especial o de


Analista do MPU, pela maneira mais democrática que é o Concurso Público sem que firam as
suas consciências.

Diante disso, os impetrantes, como pessoas livres e visando manter sua


integridade religiosa, sua crença, mesmo sem abdicar dos direitos que lhe são conferidos,
como v.g., o de ter acesso a cargos públicos por meio de processo seletivo para ingresso no
10
quadro de Analista do Ministério Público da União, socorre-se do Poder Judiciário, para
proteção de direitos conferidos pela Magna Carta e demais a legislação pátria.

4 – DO DIREITO

A importância dos dias considerados como sagrados para determinadas religiões é


reconhecida pelo Direito Internacional. Como exemplo vale mencionar a DECLARAÇÃO
UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, de origem da Organização das Nações Unidas –
ONU, que assim dispôs em seu artigo 18:

Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este


direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar
essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância
isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
Para tornar esse dispositivo ainda mais claro, a mesma Organização das Nações
Unidas – ONU, fez editar a DECLARAÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS
FORMAS DE INTOLERÂNCIA E DISCRIMINAÇÃO BASEADAS EM RELIGIÃO OU
CRENÇA (Resolução n.º 36/55). Deste documento extraímos os seguintes excertos:

Art. 1º. Ninguém será sujeito à coerção por parte de qualquer Estado, instituição,
grupo de pessoas ou pessoas que debilitem sua liberdade de religião ou crença de
sua livre escolha.
Art. 6º. O direito à liberdade de pensamento, consciência, religião ou crença
incluirá as seguintes liberdades:
h) Observar dia de repouso e celebrar feriados e cerimônias de acordo com os
preceitos da sua religião ou crença. [grifo nosso]

Neste mesmo sentido também é a Convenção Americana sobre Direitos Humanos


(Pacto de São José da Costa Rica), que ingressa em nosso direito pátrio nos termos do Decreto
n.º 678, de 06 de novembro de 1992, com caráter de norma supra-legal, nos termos do
entendimento desse colendo Tribunal. Dispõe o artigo 12, item 2, que:

Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de
conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças. [grifo
nosso]
A pergunta é: a realização de concursos públicos no dia de sábado não seria
medida restritiva de direito que limitaria a liberdade de conservar ou mesmo aderir à religião
que tivesse a crença da santificação do 7º dia, uma vez que restaria apenas uma opção entre o
exercício da fé e a realização da prova? As dificuldades gerais para se conseguir emprego
aliadas à impossibilidade de participação em processos seletivos para as carreiras do serviço

11
público, implicam uma sobrecarga que somente a fé no Deus que pede a obediência a tal
mandamento faria suportar a conseqüência pela manutenção de uma consciência livre.
Estaria assim, visto sobre outro aspecto, preservada a livre competição no
“mercado de idéias religiosas”, conforme muito bem exposto pelo Ministro Gilmar Mendes
em seu voto no processo STA 389-Agr (Caso envolvendo o Centro de Educação Religiosa
Judaica e o ENEM)?
Outra norma internacional a ser observada na questão é o Pacto dos Direitos Civis
e Políticos, de 1966, aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo n°
226, de 12 de dezembro de 1991, e promulgado pelo Decreto No 59213, de 6 de julho de 1992.
Referido Pacto, em consonância com as demais normas internacionais de proteção dos
Direitos Humanos, prevê expressamente a liberdade de religião. Traz este texto legal, em seu
artigo 18, a seguinte disposição:

1. Toda pessoa terá direito a liberdade de pensamento, de consciência e de religião.


Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou uma crença de sua
escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença, individual ou
coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do culto, da celebração
de ritos, de práticas e do ensino.
2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam restringir sua
liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha.
3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita apenas à
limitações previstas em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança,
a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais
pessoas. [grifo nosso]

Este mesmo Tratado Internacional, em seu artigo 25 garante o acesso de todo


cidadão aos cargos públicos, sem discriminação de qualquer natureza:

Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de


discriminação mencionadas no artigo 2 e sem restrições infundadas:
a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de
representantes livremente escolhidos;
b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio
universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a manifestação da vontade
dos eleitores;
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu
país. [grifo nosso]

Garante, ainda, o artigo 26 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos:

Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem discriminação alguma, a
igual proteção da lei. A este respeito, deverá proibir qualquer forma de
discriminação e garantir a todas as pessoas proteção igual e eficaz contra qualquer

13
O artigo 1º, do referido decreto, expressamente dispõe: “O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos,
apenso por cópia ao presente decreto, será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém”.

12
discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de
outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou
qualquer opinião.

Não podem ser olvidadas as palavras do Brigadeiro José Elislande Bayer de


Barros, anteriormente citadas, ao se referir que as duas hipóteses que se afiguravam ao tempo
da Constituinte eram a dos “sabatistas” e, com maior intensidade, a da recusa de prestação do
serviço militar obrigatório por parte de algumas religiões e outros grupos pacifistas.
É fato que nas sociedades nas quais a maioria da população pratique determinada
religião, alguns dogmas da mesma terão influência no processo de elaboração das leis desta
sociedade, quer pela crença prévia do legislador, quer pela pressão exercida pela organização
religiosa dominante. Exemplo disso é o caso brasileiro no que se refere a temas como aborto,
uniões homossexuais, feriados por dia sagrado, dia de repouso semanal etc. Portanto, em
alguns casos ocorrerão conflitos entre as convicções do indivíduo e as leis que deve obedecer.
Será mais fácil, portanto, ser membro da Instituição Religiosa dominante do que
pertencer à outra que tenha convicções divergentes, já que as crenças da primeira estarão em
harmonia com o ordenamento jurídico, ou melhor, o ordenamento jurídico estará em
harmonia com as crenças predominantes. Como então tal indivíduo será livre para escolher
seu credo? Jónatas Eduardo Mendes Machado faz a seguinte reflexão:

Só se pode pensar e desenvolver livremente convicções em matéria religiosa, se se


puder comunicar com outros e ter acesso a diferentes pontos de vista
mundividenciais. Por outro lado, uma pessoa só tem liberdade religiosa se puder
optar num ou noutro sentido sem ser por isso afectada na sua validade cívica,
isto é, na sua igual dignidade como membro de pleno direito da comunidade política.
A liberdade a que se refere a Constituição só tem sentido num contexto de um “dar e
receber” em condições de reciprocidade. Por sua vez, a liberdade religiosa só tem
sentido num contexto de igual liberdade religiosa. Daí a importância da igualdade de
direitos entre todos os cidadãos e as diferentes confissões religiosas.14
Mesmo que o Estado não proíba diretamente a existência de alguma religião ou a
vinculação do indivíduo a esta, poderá indiretamente criar obstáculos na medida em que exija
determinados comportamentos dos seus cidadãos, v.g., impondo condição contrária à fé do
indivíduo para que este usufrua determinados direitos, sem lhe proporcionar outra alternativa.
Assim é que consoante Jónatas Eduardo Mendes Machado15 todas as confissões
religiosas devem ser tratadas como iguais, de modo que a todas seja concedida igual medida
de liberdade da forma mais ampla possível. Para isso, necessário será o procedimento de
ponderação de bens em relação aos outros interesses e direitos constitucionalmente
protegidos.
14
MACHADO, Jónatas Eduardo Mendes, op. cit., p. 285-286.
15
Ibidem, p. 292.

13
Esse objectivo pode implicar a previsão, sempre que isso se justifique, de regimes
especiais para membros de determinadas confissões religiosas. Pense-se por
exemplo, no já referido caso dos adventistas do sétimo dia e da necessidade de
respeitar e tutelar, tanto quanto possível, a sua recusa, religiosamente fundada, de
trabalhar ao sábado. Embora estejamos aqui perante diferenciações jurídicas, nem
por isso se viola o princípio da igualdade. Pelo contrário, estas servem o propósito
constitucional substantivo de garantir a todos os cidadãos uma igual medida de
dignidade e liberdade.16
Daí que diante da existência de leis que estejam em desacordo com a consciência
de alguns indivíduos, e numa tentativa de contornar tal situação visando garantir igual
liberdade de religião a todos, se criou o instituto da objeção ou escusa de consciência, que em
nossa Constituição foi garantido no artigo 5º, inciso VIII, in verbis:
ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. [grifo
nosso]

Em relação a este inciso supracitado, é oportuno registrar que, segundo José Carlos
Buzanello, durante a Assembléia Nacional Constituinte, “a defesa da objeção de consciência
foi encampada por democratas, grupos religiosos e pacifistas, tendo como pano de fundo a
liberdade de crenças religiosas”. Referido autor cita as seguintes palavras do Brigadeiro José
Elislande Bayer de Barros, proferidas em Audiência Pública no dia 24/07/1987 e registradas
na página 80 do Diário da Assembléia Nacional Constituinte:

Sobre o serviço militar, farei uma pergunta, que talvez seja até de legislação
ordinária. Tenho sido procurado por esses grupos interessados (...), os menoritas do
Rio Grande do Sul, brasileiros de origem alemã, que tem como base de sua religião a
proibição de matar, sob qualquer circunstância, e se recusam a prestar o serviço
militar. Temos visto de vez em quando na História do País, e recentemente, “n”
decretos do Presidente da República cassando a cidadania desses brasileiros, que
perdem os direitos políticos por uma questão de convicções religiosas, que não
querem ou não podem prestar o serviço militar. Como temos os sabatistas, que me
parece que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica já têm uma forma de aliviar
os trabalhos nos sábados. É excessivamente drástico cassar-se a cidadania de
uma pessoa pelo fato de suas convicções religiosas. Nós todos, como homens
inteligentes, e nesta hora tentando melhorar o ordenamento jurídico, temos que
ter essa abertura democrática para esse contingente de brasileiros – e devemos
respeitar todas as tendências, a democracia é exatamente de senso, não de
consenso.17 [grifo nosso]
Como resultado das discussões a respeito da necessidade de previsão
constitucional do direito à objeção ou escusa de consciência, foi que se estabeleceu no inciso
VIII do artigo 5º o texto supracitado.
A forma como foi redigido o dispositivo permite que a interpretação seja a mais
abrangente possível. Observe que o constituinte utilizou a expressão “ninguém será privado
16
Ibidem, p. 292-293.
17
BUZANELLO, José Carlos. Direito de Resistência Constitucional. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Lúmen
Iuris, 2006, p. 232.

14
de direitos”. Questionar-se-ia de quais direitos poderia o indivíduo ser privado e a resposta é
lógica: qualquer um. Em nenhum momento o dispositivo se refere apenas aos direitos
políticos ou a algum outro específico. O que o disposto no artigo 15 da Constituição afirma ao
vedar “a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: IV –
recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
VIII”, é que a cassação de direitos políticos se dará no caso da recusa à prestação da atividade
alternativa como forma de punição posterior.
Assim é que o indivíduo não pode ter parte dos seus direitos de cidadão restrita por
causa de suas crenças, quaisquer que sejam elas, tornando-se um cidadão de “segunda
categoria”. Registre-se também a ressalva de que se o indivíduo alegar motivo de consciência
para se eximir das obrigações impostas a todas as pessoas não poderá recusar cumprir
prestação alternativa.
O problema é que nem ao menos alternativa para o caso foi ofertada, como
aconteceu no caso do ENEM, a despeito de parte dos guardadores do sábado entenderem que
o isolamento também violaria sua liberdade de crença.
Destarte, como forma de reafirmar o que dispõe o art. 5º, inc. VIII, sobre o direito
à escusa de consciência, no que tange ao serviço militar, ainda na CF/88, o artigo 143
estabelece que as Forças Armadas, na forma da lei, atribuirão serviço alternativo a quem
invocar imperativo de consciência para as atividades militares. A questão dos sabatistas, no
entanto, foi deixada de lado.
Contudo, a objeção de consciência de modo algum se restringe apenas à prestação
do serviço militar. Com este entendimento é que Hédio da Silva Junior declara:

A leitura do art. 5º, inciso VIII, da Carta da República, permite constatar que o
sistema jurídico brasileiro adota a objeção de consciência do tipo total, visto que
admite a invocação de motivações de natureza religiosa, filosófica ou política. Por
evidente, o preceptivo constitucional em comento utiliza a locução “eximir-se de
obrigação legal a todos imposta”, sem adjetivar tal obrigação, pelo que contempla
não apenas a recusa ao serviço militar obrigatório (exemplo freqüentemente
lembrado pela doutrina), mas protege, ainda, ao menos teoricamente, a recusa ao
cumprimento de toda e qualquer obrigação legal a todos imposta.18
A associação da objeção de consciência com a liberdade de crença é umbilical,
razão pela qual para Cláudio Maraschin

a objeção de consciência deve configurar, na legislação pátria, como um Direito


Fundamental que se projete como a concretização da liberdade de consciência e que
possa gozar o mesmo nível de proteção que a Constituição outorga a outros Direitos

18
SILVA JUNIOR, Hédio. A Liberdade de Crença como Limite à Regulamentação do Ensino Religioso.
2003. 245 f. Tese (Doutorado) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2003, p. 76.

15
Fundamentais. 19
Calha rápida referência ao artigo 19, CF/88, no qual é reafirmado o que já vinha
sendo consagrado nas Constituições anteriores, a saber, o princípio da separação entre a Igreja
e o Estado, refletindo, portanto, o caráter laicista do Estado brasileiro. Assim dispõe nossa
atual Constituição, no artigo já referido:

É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:


I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência
ou aliança, ressalvada, na formada lei, a colaboração de interesse público;
Sobre esse conteúdo normativo, esclarece Pontes de Miranda:

estabelecer cultos religiosos está em sentido amplo: criar religiões ou seitas, ou


fazer igrejas ou quaisquer postos de prática religiosa, ou propaganda. Subvencionar
está no sentido de concorrer, com dinheiro ou outros bens de entidade estatal, para
que se exerça a atividade religiosa. Embaraçar o exercício significa vedar, ou
dificultar, limitar ou restringir a prática, psíquica ou material dos atos religiosos ou
manifestações de pensamento religioso.20
Nesse sentido, caso o Poder Público determinasse dia diferente do sábado para
realização do processo seletivo não estaria transgredindo tal norma, uma vez que são comuns
concursos públicos realizados apenas no domingo, ou mesmo vestibulares, sendo realizados
em dois dias (domingo e segunda) e até três dias consecutivos (domingo, segunda e terça),
sem que venha ofender os demais credos. Relativamente é fácil tal constatação, uma vez que
sendo o Brasil um país de 73,8% de católicos, sem considerar o número de evangélicos que
em sua maioria não são “sabatistas”, não se tem conhecimento de demandas judiciais de igual
conteúdo, visto que os mesmos adotam atitudes diferentes em relação ao seu dia considerado
sagrado.
E acrescente-se a seguinte indagação: Alguém se tornaria adepto ao judaísmo,
adventismo ou qualquer outra organização religiosa, pelo simples fato de não encontrar
dificuldades com a observância da crença da santificação do 7º dia? Estariam tais
organizações religiosas sendo favorecidas a angariar mais adeptos em virtude de tal ato do
poder público?
Merece ser feita também a indagação em sentido oposto: aceitaria alguém se tornar
adepto dos referidos credos, sabendo que, além das vicissitudes da vida, comuns a todos, se
acrescentariam dificuldades na obtenção de educação (acesso a universidades quer por
vestibulares, ENEM, conclusão de cursos, em razão de aulas exclusivamente aos sábados,

19
MARASCHIN, Claudio. Em busca de uma Fundamentação Jurídica da Objeção de Consciência. Revista de
Direito Militar, nº 17, mai/jun 1999, p. 23.
20
MIRANDA, Pontes de apud SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19. ed. rev.
e atual. até emenda constitucional n. 31. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 254-255.

16
sem que se ofereça atividade alternativa como exercício domiciliar etc.) e emprego,
especialmente os cargos públicos? Ou, pelo contrário, sendo uma sobrecarga para tais
confissões religiosas, influenciariam negativamente nesta opção de fé?

4.1 – Possíveis questionamentos

a) Alteração da data, ou horário alternativo mediante isolamento, violaria o


princípio da legalidade, vinculação ao edital e da isonomia?

Não é pertinente o argumento de violação ao princípio da vinculação ao edital,


uma vez que é o próprio edital que é questionado. Quanto à legalidade é de se observar que
acima do princípio da legalidade estrita, estaria o da conformação da lei ou edital com a
Constituição que garante o direito fundamental à liberdade de crença, além das diversas
normas de direito internacional citadas, às quais o Brasil é signatário.
Igualmente não se violaria a isonomia, uma vez que nenhuma vantagem em termos
técnicos se obteria com a concessão da medida em caso de alteração de data da prova para
todos, e no caso do “confinamento”, a despeito de resguardar a liberdade de crença (ao menos
para a maioria dos adeptos), criaria a sobrecarga do cansaço a mais em relação aos outros
candidatos.

b) Caso concedida a medida pleiteada, estaria a Administração criando critérios


de avaliação discriminada entre os candidatos?

Não se vislumbra tal configuração, uma vez que o critério será o mesmo para
qualquer candidato caso a data seja igualmente alterada para todos, e, apenas o momento da
aplicação da prova seria diferente no caso do “confinamento”, sendo que os confinados não
teriam tempo a mais para estudo (apenas o cansaço adicional decorrente do isolamento) pois
tal comportamento seria vedado, além de não condizer com o próprio motivo do pedido
(santificação do dia).

c) Quando o Estado condiciona o exercício de um direito, no caso, acesso a


cargos públicos mediante prova realizada no sábado, estaria privando algum grupo desse
direito por motivo de ordem religiosa?

17
Prima facie, poder-se-ia até responder negativamente, uma vez que há a
possibilidade de ninguém de tal grupo ter interesse naquele direito. No entanto, no caso
concreto, pela dimensão do processo seletivo, e mesmo pelo simples fato do requerimento que
ora é apresentado, se demonstra patente a violação. Registre-se que vem se tornando constante
a busca pelo judiciário para solucionar tal impasse, a tal ponto que o Ministério da Educação
paliativamente fez previsão de atendimento especial para esses casos, como de igual forma
outros concursos públicos.
Até mesmo unidades da federação cientes da situação e na ausência de lei federal
vêm legislando a respeito, a exemplo do Estado de São Paulo, cuja aprovação da lei se deu
por meio da derrubada do veto do governador pela assembléia legislativa, que possui maior
representatividade da população, do que um único dirigente.
Pensemos no caso de que todo concurso público, todo vestibular, todo calendário
letivo do ensino fundamental ao superior, preveja atividades para o dia de sábado; essa classe
de mais de um milhão de brasileiros não estaria sendo privada indiretamente de parte de sua
cidadania, por não poder ter acesso a cargos públicos e à educação? Não seria isso uma
violação à liberdade de crença, uma vez que teria que abrir mão da convicção religiosa de
obedecer ao mandamento que crêem ser de Deus para participar de tais atividades?

d) A questão de fato diz respeito à liberdade de consciência e crença ou diz


respeito meramente à preservação do “dia de guarda”, que, a depender da religião, poderia
ser em qualquer dia da semana?

Acaso o dia considerado como sagrado não se configura uma crença religiosa? No
caso dos sabatistas é a crença de que o próprio Deus escreveu diretamente os mandamentos
em duas tábuas de pedra para que se lembrasse do dia de sábado como um memorial da
criação, consubstanciado em Seu próprio exemplo de criar o mundo em seis dias e descansar
no sétimo, conforme Êxodo 20:8 e 34:1? De fato, a depender da religião poderia ser em
qualquer dia da semana, mas como já foi explanado nessa petição, prima facie, apenas os
sabatistas têm essa peculiar forma de santificação do dia, além do que, a polêmica da
santificação do dia se refere à sexta-feira (islamismo), sábado (adventistas, judeus etc.) e
domingo (católicos e maioria dos evangélicos), e não a qualquer dia. Deve ficar bem claro que
liberdade religiosa não pode ser confundida com libertinagem religiosa. De fato deve haver
limites. Religião não é para ser brincadeira, especialmente quando possa vir a gerar algum
ônus para terceiros. E a guarda do sábado não é invencionice moderna. Conforme tabela em

18
anexo, é uma crença milenar que sempre esteve presente na história do homem, ainda que
seguida pela minoria perseguida durante os séculos.

e) No presente caso, os interessados estariam sendo privados de direitos por


motivo religioso, e assim restaria violado o inciso VIII do artigo 5º da CF/88, ou
simplesmente os interessados é que “estariam deixando” de exercer um direito garantido
pelo Estado por motivo religioso?

São duas formas de afirmar a mesma coisa. Sendo que afirmar que estão
“deixando de exercer um direito” é uma forma eufemística de dizer que, em verdade, “estão
sendo privados”. Se for seguida essa linha, dizer que “estão deixando de exercer um direito”
por motivo religioso podemos reescrever a história de alguns mártires nos seguintes termos:
Jonh Hus, reformador religioso, cuja estátua pode ser encontrada na praça central de Praga,
deixou de exercer o direito à vida, garantido pelo Estado, porque, por motivo religioso,
crença, convicção, pregou, dentre outras coisas, que qualquer pessoa pode comunicar-se com
Deus sem a mediação sacramental e eclesial.

Galileu Galilei poderia ter optado pelo direito à vida abjurando publicamente de
suas idéias, mas optou pelo direito de uma consciência livre, tranqüila, ainda que deixasse de
exercer aquele direito. Igualmente muitos outros, como judeus e mouros, quando da ação do
Tribunal do Santo Ofício na Espanha, tinham de optar em “deixar de exercer o direito” de
permanecerem naquele país, caso não renegassem as suas religiões, ou mantê-las, mas em
outro lugar. Nunca se deve esquecer o preço pago para hoje termos o direito à liberdade de
pensamento e de crença.

f) Uma decisão que proporcionasse a alteração de data de realização do certame


ou o isolamento teria efeito multiplicador?

Excelência, a pergunta inicial é: existe qualquer tipo de demanda para outros dias
da semana? A maior parte das atividades (concursos e provas) ocorre no domingo e em outros
dias da semana. A maioria esmagadora da população é de instituição religiosa que tem dia
considerado como sagrado diferente do sábado e nunca nem ao menos buscou tal direito. Por
quê? A norma constitucional do direito à liberdade de crença e escusa de consciência não já

19
existe para todos? Simplesmente porque a forma de observância de tal norma para eles não é
da mesma forma; para tais, tal crença é relativizada. Mas é claro, que com isso não se afirma
que só os sabatistas tenham esse direito. Mas negar o direito aos mesmos, com base em mera
especulação infundada (inexistência de pleitos semelhantes) seria razoável? E caso se conceda
o direito pleiteado aos requerentes não significa que se torne tal posição em cláusula pétrea,
podendo, diante de circunstância concreta, ser revista no futuro tal posição.

g) Seria viável (tecnicamente possível) a aplicação de provas diferentes, mas com


mesmo nível de dificuldade, em dias distintos?

Entendemos que não é possível duas provas diferentes serem aplicadas porque se
trata de um certame. O nível de dificuldade é subjetivamente variável, dependendo muito da
preparação e aptidão do indivíduo. Por esses motivos é que não foi solicitada tal medida, mas
aqui se fala por mera reflexão. Assim, nesse ponto acertada a posição dos Ministros Gilmar
Mendes e Carlos Britto, na Suspensão de Tutela Antecipada nº 389.
Contudo, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) parece pensar dessa forma
apenas quando o problema envolve crença religiosa, uma vez que sustentou esse argumento
no processo citado, mas posteriormente aplicou provas nos dias 05 e 06/01/2010 (terça-feira e
quarta-feira) para adolescentes internos e presidiários de todo país, além de 334 estudantes de
duas cidades do Espírito Santo, que não puderam fazer em dezembro por causa de enchentes
na região. Noticia o portal G1 que “o nível de dificuldade deste Enem deverá ser idêntico ao
da prova aplicada nos dias 5 e 6 de dezembro, quando cerca de 2 milhões de estudantes do
país fizeram a prova. O motivo é que as questões são calibradas por nível de
dificuldade”21.

Excelência, o que mais estarrece é o fato de o Ministério da Educação Cultura ter


sustentado que “um exame aplicado para mais de quatro milhões de candidatos e outro para
vinte e dois alunos”, “comprometeria a credibilidade do ENEM”, e, um dia após o julgamento
da questão pelo Supremo Tribunal Federal, publicar, no Diário Oficial da União de
04/12/2009 (anexo), a portaria nº 317 regulamentando que a aplicação do ENEM nas
Unidades Prisionais se daria em data posterior, com o seguinte esclarecimento trazido em

21
Acesso em 21/07/2009, às 10:00. Site: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1434643-5604,00-
FERNANDINHO+BEIRAMAR+E+MAIS+DEZ+MIL+PRESOS+DO+PAIS+FAZEM+O+ENEM+NESTA+T
ERCA.html

20
reportagem da Agência Brasil, publicado no Correio Brasiliense (anexo): “As questões serão
diferentes das que fazem parte do Enem regular, mas o nível de dificuldade da prova será
idêntico. De acordo com o Inep, isso vai ser assegurado por meio do uso de uma metodologia
utilizada em avaliações de habilidades e conhecimentos”.
Diante disso, imagine como se sentiu o grupo de 22 judeus interessados naquela
decisão da Corte Suprema, além de outros que não figuraram na referida ação, ao ver negado
o seu pleito de uma data alternativa, e, no dia seguinte, descobrir a portaria supracitada
garantir o mesmo que para eles fora negado.
Poder-se-ia indagar porque não pode ser aplicado o mesmo critério para os
sabatistas? Será que é mais respeitável nesse país ser criminoso do que ser religioso? Para
quem fez mal a sociedade é possível a aplicação de prova em data alternativa, mas para quem
busca fazer o bem, como em regra os religiosos fazem material e moralmente, não é possível?
Esse ano novamente a prova do ENEM será realizado em um sábado e em um domingo,
mesma situação do ano passado.
Portanto, é oportuna a reflexão sobre as seguinte palavras de Aldir Guedes
Soriano: “o Estado laico também não é confessional. Estado ateu possui um caráter
confessional às avessas. Assim, o Estado laico não é ateu nem muito menos confessional:
ele é neutro – ou, pelo menos, deveria, em tese, ser neutro22”.

5 - DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR


(FUMUS BONI IURIS e PERICULUM IN MORA)

A designação de data da prova do processo seletivo no Sábado, sendo referida


seleção condição para acesso a cargos públicos, diante da crença religiosa já exposta, fere, por
si só, o direito do impetrante em exercer plenamente sua cidadania concomitante ao direito
fundamental e inalienável de liberdade de crença e consciência. Isso restou cabalmente
demonstrado pela análise do artigo 5°, VIII, da Constituição Federal, e demais normas de
Direito, estando assim claro o FUMUS BONI IURIS.

Calha ressaltar, que o que será discutido no mérito é se na República


Federativa do Brasil é possível o indivíduo manter sua crença na obediência aos 10
mandamentos de Deus, entre os quais está incluso o 4º mandamento, isto é, a

22
SORIANO, Aldir Guedes. Estado Laico é Neutro. Folha de S. Paulo, São Paulo, 20 jul. 2007, Opinião, p. 3.

21
santificação do sétimo dia, sábado, e, ao mesmo tempo exercer plenamente a sua
cidadania, mediante o acesso a cargos públicos.

Observa-se que a despeito de não ser objeto da demanda, o resultado também terá
implicações no âmbito do acesso à educação superior por meio de vestibulares ou ENEM,
bem como implicação na própria conclusão dos níveis de ensino fundamental, básico e
superior (é comum ocorrerem reprovações em virtude de freqüência inferior a 75%, pois
determinadas aulas são designadas para ocorrerem entre o pôr-do-sol da sexta-feira e pôr-do-
sol do sábado - sábado bíblico -, sem que se ofereça uma atividade alternativa como
exercícios domiciliares, que são ofertadas no caso de ausência por doença, por exemplo).

Igualmente, diante da força e influência das decisões do Supremo Tribunal


Federal, poder-se-á, reduzir o número de demandas judiciais ao proporcionar maior segurança
jurídica a respeito da adequada interpretação constitucional quanto ao tema discutido no
mérito, conforme acima destacado.

É de tamanha importância, que não por outro motivo, a questão da guarda do


sábado, de uma forma ou outra, é regulamentada por diversas leis municipais e/ou estaduais, a
exemplo de Leis Municipais nos. 10.010/2006 (Porto Alegre), 1.014/2006 (Manaus),
2.657/2006 (Feira de Santana-BA), 4.194/ 1999 (Lins-SP) e 7.146/1998 (São José do Rio
Preto-SP), Leis Estaduais nos. 6.334/2002 (Alagoas), 3.072/2006 (Amazonas), 6.667/2001
(Espírito Santo)23, 268/2002 (Maranhão), 6.140/1998 e 6.468/2002 (Pará)24, 11.662/1997
(Paraná), 11.830/2002 (Rio Grande do Sul)25, 1.631/2006 e 1.012/2001 (Rondônia),
11.225/1999 (Santa Catarina) e 12.142/2005 (São Paulo)26. Constituições dos Estados de
Sergipe (art. 281 – incluído pela Emenda Constitucional nº 21/2000) e do Acre (art. 27, inc
XXII e XXIII – alterada pela Emenda Constitucional nº 6/1992); Lei Distrital nº 1.784/1997
(Distrito Federal).

Além das citadas leis acima, também tramitam projetos de lei em outras Unidades
da Federação ou municípios, sendo que no âmbito federal, tramitou o projeto de lei nº 5/1999,
ao qual foram apensados os projetos de lei nos. 5666/2001, 7001/2002, 7030/2002, 7125/2002,
2664/2003, 5446/2005, 6304/2005, 6663/2006, 6809/2006 e 8/2007, mas que, após aprovação
por unanimidade nas comissões pertinentes da Câmara dos Deputados, aguardando apenas

23
Era foco da ADI nº 3118, mas que foi extinta por perda objeto, por ter sido revogada antes do julgamento.
24
Objeto da ADI nº 3901, aguardando julgamento.
25
Declarada inconstitucional em 2003 pelo STF, em razão de vicio formal na iniciativa - ADI 2806.
26
Objeto da ADI nº 3714, aguardando julgamento.

22
votação em plenário, foi arquivado em face da não votação ao término daquela legislatura,
conforme preceitua o regimento interno daquela Casa.

Atualmente tramita no senado o Projeto de lei 261/2004 buscando regulamentar a


questão, bem como o Projeto de lei 2171/2003, de origem da Câmara dos Deputados, que
regulamenta de forma parcial, pois dispõe apenas sobre a aplicação de provas e a atribuição
de freqüência a alunos impossibilitados de comparecer à escola, por motivos de liberdade de
consciência e de crença religiosa.

Também cumpre mencionar a existência na justiça federal do Distrito Federal da


Ação Civil Pública nº 41602-44.2007.4.01.3400 (número antigo 2007.34.00.041870-4), cujo
mérito foi julgado procedente em 1º grau. Referida ação tem como objeto possibilitar em
todos os concursos públicos vindouros a realização de prova em horário diferenciado para os
candidatos que assim o requerem por motivo religioso. Como houve apelação, os efeitos de
referida sentença restaram suspensos.

De forma bem resumida, referidas leis, projetos, ou ações judiciais, não proíbem
em absoluto a realização da prova aos sábados, mas tão-somente “recomendam” que não
aconteçam nesse dia, pois caso não seja possível tal medida, determinam que ao menos se
garanta o direito ao “confinamento” até o pôr-do-sol, quando então se realizaria a prova.

Nesses termos é que se requer à Suprema Corte que se determine que a data
da prova de Analista do Ministério público da União seja alterada para outro dia que
não o sábado, conforme designado pelo edital. É de se registrar que todos os últimos
concursos do Ministério Público da União se realizaram aos domingos, sendo o turno
matutino para os cargos de analista e o vespertino para o de técnico. Que também a empresa
realizadora do concurso, CESPE tem aplicado semelhante procedimento em outros concursos,
como o realizado no Estado da Bahia pra o Tribunal Regional Eleitoral, com provas pela
manhã para o cargo de Analista (inclusive também com parte objetiva e subjetiva), e de
técnico à tarde.

Caso Vossa Excelência assim não entenda em sede de antecipação de tutela,


que subsidiariamente, se conceda aos requerentes o direito de chegando ao local de
prova permaneçam isolados e incomunicáveis até o pôr-do-sol, momento em que
termina o dia bíblico, quando então poderá ser aplicada a prova aos mesmos com o
mesmo tempo de duração concedido aos demais candidatos.

23
Visando resguardar a integridade espiritual dos candidatos, caso entenda por
essa medida, que também se determine a permissão para que durante as horas sabáticas
(até o pôr-do-sol) tais candidatos possam portar e ler exemplar das Sagradas Escrituras
(bíblia), que deverá ser previamente vistoriada por fiscal, assim como acontece em provas em
que se permite consulta à determinado material, como legislação, a exemplo de exame da
OAB, sendo as mesmas recolhidas quando do início da prova.

A despeito de inexistir manifestação direta do STF a esse respeito, pode se extrair


do voto do Ministro Gilmar Mendes (quando do julgamento da Suspensão de Tutela
Antecipada nº 389, agravo regimental, em que se analisava às vésperas do ENEM se seria
possível aplicar a prova em outro dia com conteúdo diferente) que a possibilidade de fazer a
prova após o pôr-do-sol “revela-se, em face dos problemas advindos da designação de dia
alternativo, mais consentânea com o dever do Estado de neutralidade diante do
fenômeno religioso (que não se confunde com indiferença, consoante salientado
anteriormente e com a necessidade de se tratar todas as denominações religiosas de
forma isonômica”.

Igualmente, chega a significativa conclusão o Procurador do Ministério Público


do Trabalho, Mestre e Doutor em Direito Constitucional pela PUC/SP, Manoel Jorge e Silva
Neto ao afirmar que:

Embora represente um custo maior para o órgão que disponibiliza as vagas a serem
preenchidas por via de concurso público, o direito individual à liberdade religiosa do
adventista – no caso, não se submetendo à prova em dia de sábado – não deve ceder
espaço à comodidade da Administração Pública27;

No entanto, se a medida do “isolamento” atende ao pleito dos impetrantes


neste writ, então porque se determinaria a alteração da data?

Excelência, parece ser razoável que caso se conceda a medida pleiteada, por
questão de isonomia, a mesma deva ser estendida a outros que professam a mesma fé e
pretendam participar do certame. O que também poderia acarretar em possível prorrogação do
prazo de inscrição, no caso desse julgamento ocorrer após o fim das inscrições em
30/07/2010.

Por essa razão, considerando que assim como em questão de fé não há consenso
sobre qual dia deva ser considerado sagrado, ou mesmo se algum dia deva ser assim
considerado, também não há consenso em relação à forma de cumprir o mandamento da

27
SILVA NETO, Manoel Jorge e, op. cit., p. 129.

24
santificação do sétimo dia. Assim, entendem alguns, como aqueles judeus que pleitearam dia
alternativo para o ENEM, e mesmo alguns adventistas do sétimo dia, que se dirigir ao local da
prova no período sabático e lá permanecer confinado, se estaria transgredindo o quarto
mandamento da lei de Deus.

Dessa forma, caso a alteração do dia seja efetivada se atenderia de forma mais
ampla a todos esses religiosos, mesmo porque, considerando ter a prova duração de 5 horas e
se especulando que se inicie às 13h, a conclusão é que o isolamento acarretará extremo
cansaço físico de mais de 10 horas seguidas em uma sala quase nunca confortável, fazendo
com que o candidato em tese comece seu deslocamento por volta do meio dia, para chegar
antes do fechamento dos portões, às 13h, ficar isolado até por volta das 18h, e, depois de mais
5 horas pra fazer a prova, poderá deixar o local, por volta das 23h, ou seja, quase meia noite.
Será isso algum “privilégio” para tais candidatos que querem manter a fé íntegra? Ou a
vantagem/privilégio estaria do lado daqueles que simplesmente chegarão ao local da prova
para em seguida iniciá-la, tudo num espaço de cerca de 5 horas?

Daí que se pede prioritariamente a alteração do dia da prova para outro


diferente do sábado, de forma que o candidato mais apto, em idênticas condições de avaliação
possa vir a integrar os quadros de Analista do MPU. Mas caso Vossa Excelência entenda
prematuro conceder tal medida em sede liminar, que se garanta de imediato, de forma
subsidiária, a medida do “isolamento”, para em seguida, ser feita melhor análise do pedido
principal mediante prestação de informação por parte do Procurador Geral da República, que
justifique o porquê da não realização do certame em outro dia, como no domingo pela manhã,
como vinham sendo realizados os concursos anteriores do MPU.

Por outro lado, caso não realizem os impetrantes a prova, perde o objeto o
presente writ, nada mais havendo a discutir, a não ser lamentar a perda de possibilidade de
ingressar no quadro de servidores do MPU, instituição desejada por muitos que anseiam
ingressar no serviço público.

Salientamos Excelência, que concedendo a liminar ora solicitada e caso


posteriormente a decisão final seja pela improcedência do pedido, não restará maiores
prejuízos para a Administração, pois simplesmente as provas realizadas pelos candidatos, ora
impetrantes, serão consideradas nulas. Entretanto, se a liminar não for concedida e os
impetrantes vencerem no mérito maior dificuldade será para execução de tal decisão, pois
uma possível anulação de todo um certame envolvendo milhares de pessoas restará por
demais gravosa a toda uma coletividade.
25
Convém novamente frisar que a prova se realizará no dia inicialmente fixado,
qual seja, o dia 11 de setembro de 2010, sábado à tarde, havendo evidente perigo na
demora da prestação da tutela, daí mais um motivo para se justificar a liminar pretendida, para
que se consiga prestar o exame a tempo, bem como, caso atendido o pedido liminar, a
empresa executora do certame, CESPE, possa se aparelhar para cumprimento a ordem judicial
e evitar possíveis contratempos como se soube ter acontecido em situações semelhantes.
Assim, não atendida a tempo essa possibilidade, morta estará a esperança dos impetrantes.
Aqui se vê claramente o PERICULUM IN MORA.

Em suma, afiguram-se presentes os pressupostos da liminar pleiteada: Primeiro


porque a opção religiosa não pode ser motivo de privação de direito (inciso VIII, art. 5ª, da
CF/88); Segundo, porque a alteração da data ou a alternativa de manter os candidatos
incomunicáveis desde o início da realização da prova (provável 13:00h – horário local) tanto
preserva seus direitos quanto a igualdade de oportunidades com os demais candidatos e o
sigilo das provas; Terceiro, porque o não deferimento da liminar alijará, sem possibilidade de
reversão, os candidatos do certame público.

6 - DO PEDIDO

Diante disso, os impetrantes, como pessoas livres e visando manter sua


integridade religiosa, crença e fé, mesmo sem abdicar de parte de sua cidadania e direitos que
lhe são conferidos, como o de participar de referido processo seletivo, requerem:

1) que seja concedido a medida liminar, determinando que o Ministério Público


da União, por meio do Procurador Geral da República, autoridade responsável
pelo Edital nº 1 – PGR/MPU, de 30 de junho de 2010, altere o dia da prova
para outro que não o sábado, ou, subsidiariamente, pelas razões acima
expostas, que ofereça oportunidade aos requerentes para que seja realizada
a prova objetiva/subjetiva, atualmente marcada para o turno vespertino do
sábado dia 11 de setembro de 2010, no período após o pôr-do-sol do referido
dia, ficando os mesmos, incomunicáveis e devidamente vigiados por fiscais,
garantindo-se assim, o necessário sigilo e a incomunicabilidade, resguardando
no período de isolamento o direito à leitura da bíblia, previamente conferida
por fiscais, e recolhidas quando do início da prova;

26
2) que, caso concedido o pedido acima, especialmente se for o pedido subsidiário
do “isolamento, se determine à entidade executora do certamente convocação
de interessados na medida;

3) que se dê ciência à autoridade coatora, Procurador Geral da República;

4) que seja efetuada a citação da empresa executora do certame, Centro de


Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (CESPE/UnB);

5) que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica


interessada, no caso, União, para que, querendo, ingresse no feito

6) seja concedida a devolução do valores recolhidos como custas, como


conseqüência da interpretação conforme à Constituição a ser dado ao instituto
do mandado de segurança, considerando-o gratuito à semelhança do habeas
corpus e habeas data, nos termos do item 2.

7) a manutenção da liminar, e ao final seja julgado procedente o mérito da


presente ação;

Dão à causa o valor de R$ 50,00 (dez reais), para efeitos meramente fiscais,
juntando a prova documental que obtiveram.

Nestes termos,
Pedem deferimento.

Salvador, 23 de julho de 2010

Neidsonei Pereira de Oliveira Chalanna Silva de Oliveira


CPF 979.403.725.72 OAB-BA 25.261

27
34 ISSN 1677-7042 1 Nº 232, sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Ministério da Educação INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS Art. 2º O ENEM/2009, a ser realizado na forma do art. 1º,
. E PESQUISAS EDUCACIONAIS será aplicado nos dias 05 e 06 de janeiro de 2010, nos horários
ANÍSIO TEIXEIRA estabelecidos abaixo, considerando, para todo território nacional, o
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL
DO PIAUÍ PORTARIA N o- 317, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2009 horário de Brasília, de acordo com o seguinte calendário:
DIRETORIA DE RECURSOS HUMANOS I - no dia 05/01/2010 (terça-feira): das 13h às 17h30 - Ca-
O PRESIDENTE DO INSTITUTO NACIONAL DE ES- derno I (Prova IV: Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Prova
PORTARIA N o- 683, DE 3 DE DEZEMBRO DE 2009 TUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA -
INEP, no exercício de suas atribuições, conforme estabelece o inciso III: Ciências Humanas e suas Tecnologias).
O DIRETOR DE RECURSOS HUMANOS DA UNIVER- VI, do art. 16, do Decreto nº 6.317, de 20 de dezembro de 2007, e II - no dia 06/01/2010 (quarta-feira): das 13h às 18h30 -
SIDADE FEDERAL DO PIAUÍ, no uso de suas atribuições legais, tendo em vista o disposto na Portaria MEC nº 438, de 28 de maio de
tendo em vista o disposto no Ato da Reitoria Nº. 425/08, de Caderno II (Prova I: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; e
18/03/2008, resolve: 1998, que instituiu o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
complementada pela Portaria MEC nº 318, de 22 de fevereiro de Redação, e Prova II: Matemática e suas Tecnologias).
Homologar o resultado do Processo Seletivo para Professor
Substituto, em Regime de Tempo Parcial - TP-20 (vinte) horas se- 2001, e Portaria MEC nº 391, de 07 de fevereiro de 2002, e alterada Art. 3º As normas e os procedimentos que regem o ENEM
manais, na Área de Pediatria, do Departamento de Materno-Infantil, pela Portaria nº 462, de 27 de maio de 2009, resolve: se aplicam, no que couber, ao disposto nesta Portaria.
Centro de Ciências da Saúde, habilitando SIMONE SOARES LIMA Art. 1º O INEP aplicará o Exame Nacional do Ensino Médio
e ANA MARIA CARVALHO FONTENELE, primeira e segunda - ENEM/2009 nas Unidades Prisionais que atendam aos seguintes Parágrafo único. Os casos omissos serão decididos pelo
colocada, respectivamente, classificando ambas para contratação. requisitos: INEP.
(considerando o Edital nº. 09/2009/CCS, de 20.10.2009, publicado
DOU 23.10.2009; o Processo Nº 23111.012766/09-60; as Leis nº.s I - mantenham matriculas em programas especiais de ensino Art 4º Esta Portaria entrará em vigor na data de sua apli-
8.745/93; 9.849/99, e 10.667/2003, publicadas em 10/12/93; 27/10/99 médio;
e 15/05/2003, respectivamente). II - tenham cumprido o disposto no artigo 8º da Portaria Inep cação.
nº 109, de 27 de março de 2009; e
ANTÔNIO PÁDUA CARVALHO III - tenham efetuado a inscrição dos seus detentos. REYNALDO FERNANDES

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


PORTARIA N o- 297, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2009

O SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA, substituto, no uso de suas atribuições, considerando o Decreto nº 5.773, de 09/05/2006, com alterações do Decreto nº 6.303, de
12/12/2007, e a Portaria Normativa nº 40, de 12/12/2007, tendo em vista o Despacho nº 79/2009, da Diretoria de Regulação e Supervisão de Educação Profissional e Tecnológica, conforme instrução dos Processos
nº 23000.011533/2009-69 e 23000.023480/2008-48 (20080000312), do Ministério da Educação, resolve:
Art. 1º - Aditar, nos termos do art. art. 10, § 4º, do referido Decreto nº 5.773/2006, combinado com os artigos 57 e 61 da Portaria Normativa citada, exclusivamente no que tange ao local de funcionamento
da instituição de ensino superior e ao número de vagas do curso superior de tecnologia em questão, dos atos autorizativos abaixo especificados, respectivos ao credenciamento da Faculdade de Tecnologia SENAI Belo
Horizonte, mantida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Departamento Regional de Minas Gerais, e ao reconhecimento do Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerencias, ofertado pela mesma
Faculdade de Tecnologia.
Ato autorizativo em aditamento Endereço de funcionamento anterior da instituição / Endereço de funcionamento da instituição pós-aditamento / Nº de va-
Nº de vagas totais anuais anterior gas totais anuais pós-aditamento / Turno
Portaria MEC nº.788, de 27/05/2005, D.O.U. de 30/05/2005, e Por- Avenida Afonso Pena, nº 2.918, Funcionários, Município de Belo Avenida Afonso Pena, nº 1.500, Centro, Município de Belo Horizonte,
taria MEC/SETEC nº 42, de 12/02/2008, D.O.U. de 15/02/2008 Horizonte, Estado de Minas Gerais / 80 vagas (Período noturno) Estado de Minas Gerais / 240 vagas (160 vagas noturnas e 80 vagas
diurnas)

Art. 2º - Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

GETÚLIO MARQUES FERREIRA

PORTARIA N o- 298, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2009 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR


O SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA, substituto, no uso
de suas atribuições, considerando o Decreto nº 5.773, de 09/05/2006, com alterações do Decreto nº PORTARIA N o- 1.709, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2009
6.303, de 12/12/2007, e o Despacho nº 78/2009, da Diretoria de Regulação e Supervisão da Educação
Profissional e Tecnológica, conforme instrução do Processo nº .013682/2005-39 (20050008125), do
Ministério da Educação, resolve: A SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, no-
Art. 1° - Reconhecer, nos termos do art. 10, § 3º, do referido Decreto nº 5.773/2006, o Curso
Superior de Tecnologia em Marketing de Varejo, com duzentas vagas totais anuais, no período noturno, meada pela Portaria nº 712, de 21 de outubro de 2008, no uso de suas atribuições legais e observado o
autorizado pela Portaria MEC nº 3.337, de 13/11/2003, D.O.U. de 14/11/2003, ofertado pelo Instituto de disposto na Portaria nº 731, de 22 de julho de 2009, que dispõe sobre a gerência de Programas e Ações
Ensino Superior de Bauru, estabelecido à Rua Alfredo Ruiz, nº 353, Centro, no Município de Bauru,
Estado de São Paulo, mantido a pelo Instituto de Ensino Superior de Bauru S/C Ltda. do Plano Plurianual 2008-2011, resolve:
Art. 2º - Nos termos do art. 10, § 7º, do mesmo Decreto nº 5.773/2006, o reconhecimento é
válido até o ciclo avaliativo seguinte. Art. 1º Indicar os Coordenadores de Ação e Coordenadores-Executivos de Ação dos Programas
Art. 3º - Nos termos da Portaria Normativa nº 10, de 28/07/2006, e da Portaria Normativa nº 12, da Secretária de Educação Superior constantes do Plano Plurianual 2008-2011 na forma do anexo desta
de 14/08/2006, fica autorizada a alteração da denominação do curso para Curso Superior de Tecnologia
em Marketing, constante do Eixo Tecnológico de Gestão e Negócios, conforme Catálogo Nacional dos Portaria.
Cursos Superiores de Tecnologia. Art° 2° Esta portaria entra em vigor na data da sua publicação.
Art. 4º - Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

GETÚLIO MARQUES FERREIRA MARIA PAULA DALLARI BUCCI

ANEXO

PROGRAMA AÇÃO UNIDADE ADMINISTRATIVA RESPONSÁVEL


1067 - Gestão da Política de Educação 4083 - Gerenciamento das Políticas de Ensino Superior Coordenação-Geral de Planejamento e Gestão
1377 - Educação para Diversidade e Cidadania 2C68 - Fomento à inclusão Social e Étnico-racial na Educação Su- Coordenação-Geral de Relações Estudantis
perior
1073 - Brasil Universitário 2272 - Gestão e Administração do Programa Coordenação-Geral de Planejamento e Gestão
1073 - Brasil Universitário 4005 - Apoio à Residência Multifuncional Coordenação_Geral de Residências Saúde
1073 - Brasil Universitário 4413 - Treinamento Especial para Alunos de Graduação de Entidade de Coordenação-Geral de Relações Estudantis
Ensino Superior (PET)
1073 - Brasil Universitário 6344 - Credenciamento dos Cursos de Graduação e de Instituições Diretoria de Regulação e Supervisão da Educação Su-
Públicas e Privadas de Ensino Superior perior
1073 - Brasil Universitário 6379 - Complementação para o Funcionamento dos Hospitais de Ensino Coordenação-Geral de Hospitais Universitários
Federais
1073 - Brasil Universitário 8551 - Complementação para o Funcionamento das Instituições Fe- Coordenação-Geral de Planejamento e Orçamento
derais de Ensino Superior
1073 - Brasil Universitário 0048 - Apoio a Entidade de Ensino Superior não Federais Coordenação-Geral de Planejamento e Orçamento

Este documento pode ser verificado no endereço eletrônico http://www.in.gov.br/autenticidade.html, Documento assinado digitalmente conforme MP n o- 2.200-2 de 24/08/2001, que institui a
pelo código 00012009120400034 Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.
23/07/2010 G1 > Vestibular e Educação - NOTÍCIAS…
vestibular e educação / enem celular rss

05/01/10 - 10h00 - Atualizado em 05/01/10 - 10h00

Fernandinho Beira-Mar e mais dez mil presos do


país fazem o Enem nesta terça
Prova também será aplicada na quarta-feira.
Candidatos de cidade atingida por enchente no ES farão exame.

Do G1, em São Paulo

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e mais outros


dez mil presidiários e adolescentes internos de todo o país fazem nesta terça
(5) e quarta (6) as provas do Exame Nacional do Ens ino Médio (Enem).

O Minis tério da Educação e o Instituto Nacional de Es tudos e Pesquisas


Educacionais (Inep) decidiram fazer uma aplicação especial por causa da
logística de segurança do exame.

O traficante está na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo


Grande (MS). Segundo o Ministério da Justiça, fis cais do Ministério da
Educação e agentes penitenciários vão acompanhar a aplicação do exame.
Beira-Mar vai fazer prova do Enem em
Penitenciária Federal de Segurança Máxima
em MS (Foto: Reprodução/TV Globo) O nível de dificuldade deste Enem deverá ser idêntico ao da prova aplicada
nos dias 5 e 6 de dezembro, quando cerca de 2 milhões de estudantes do
país fizeram a prova. O motivo é que as questões são calibradas por nível de
dificuldade.

Nesta terça, serão aplicadas, das 13h às 17h30, as provas de ciências da natureza e ciências humanas , com 90
ques tões. Na quarta, os inscritos respondem a 90 questões de linguagens e matemática e fazem a redação, das 13h às
18h30.

Tam bém estão es calados para fazer as provas nes ta terça e quarta os candidatos das cidades de Brejetuba e Itatiba, no
Espírito Santo, prejudicados pelas enchentes nos final de s emana de dezembro em que o exame foi aplicado.

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…globo.com/…/0,,MUL1434643-5604,00… 1/1
23/07/2010 Eu Estudante - Correio Braziliense

Enem
Pesquisa: Buscar

04/12/2009 -

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Ensino Médio Enem será aplicado em presídios nos dias 5 e 6 de
Teste Vocacional janeiro
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Agência Brasil
Notícias Brasília - Os presos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) farão as
Agenda provas nos dias 5 e 6 de janeiro de 2010, às 13h. A portaria do Instituto Nacional de Estudos
Dicas e Pesquisas Educacionais (Inep) foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (4).
Gabaritos
Concorrência O exame será realizada nos presídios que inscreveram os detentos e que mantêm
Enquete impresso
Prepare-se programas especiais de ensino médio. A aplicação especial foi decidida dentro do sistema
logístico de segurança do Enem. V oc ê c oncorda c om o fim
Habilidades
Específicas do Exame da OAB?
No dia 5 de janeiro, terça-feira, das 13h às 17h30, serão aplicadas as provas de ciências da
Lista de sim
natureza e suas tecnologias e ciências humanas e suas tecnologias. No dia 6, quarta-feira,
Aprovados
os presos farão as provas de linguagens, códigos e suas tecnologias, matemática e suas não
Provas tecnologias e também a redação. O horário do exame será das 13h às 18h30.
Anteriores
Provas As questões serão diferentes das que fazem parte do Enem regular, mas o nível de
Twitter
Blog da Dad
PAS dificuldade da prova será idêntico. De acordo com o Inep, isso vai ser assegurado por meio
do uso de uma metodologia utilizada em avaliações de habilidades e conhecim entos.
Material de Estudo
Estágio O sistema de consulta aos novos locais de prova do Enem regular deste ano está à
disposição dos estudantes, no site do exame. Para saber qual é o local do exame, que será
Redação aplinado neste fim de semana, os candidatos também contam com as informações Curso: Passo
Educação contidas no cartão de confirmação de inscrição, enviado pelos Correios. A busca pode ser a passo da
Profissional feita também pelo telefone 0800 616161.
redação
Carreira
Hora do Enem
Mais pesquisadas
Ensino Fundamental
Universitários
Intercâmbio
Televisão
Simulado Acompanhe as novidades do Eu, estudante no Twitter
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ANEXO D – POPULAÇÃO DE ADVENTISTAS E JUDEUS NO BRASIL411

Tabela 2094 – População residente por cor ou raça e religião


Variável = População residente (Pessoas)
Ano = 2000
Brasil e Unidade da Federação Religião
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 1.209.842
Brasil
Judaísmo 86.825
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 34.122
Rondônia
Judaísmo 126
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 5.859
Acre
Judaísmo 12
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 63.440
Amazonas
Judaísmo 663
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 6.473
Roraima
Judaísmo -
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 87.662
Pará
Judaísmo 967
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 5.499
Amapá
Judaísmo 45
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 8.737
Tocantins
Judaísmo 246
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 64.916
Maranhão
Judaísmo 101
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 8.543
Piauí
Judaísmo 49
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 22.868
Ceará
Judaísmo 223
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 8.725
Rio Grande do Norte
Judaísmo 106
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 9.151
Paraíba
Judaísmo 76
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 41.032
Pernambuco
Judaísmo 1.398
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 13.343
Alagoas
Judaísmo 9
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 15.997
Sergipe
Judaísmo 171
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 115.151
Bahia
Judaísmo 927

411
IBGE. Banco de Dados Agregados. Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA. Disponível em:
<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?z=cd&o=7&i=P>. Acesso em: 10 jun. 2007.
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 71.794
Minas Gerais
Judaísmo 2.213
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 41.153
Espírito Santo
Judaísmo 247
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 61.178
Rio de Janeiro
Judaísmo 25.752
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 240.656
São Paulo
Judaísmo 42.174
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 87.954
Paraná
Judaísmo 2.280
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 28.657
Santa Catarina
Judaísmo 462
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 59.443
Rio Grande do Sul
Judaísmo 7.269
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 25.086
Mato Grosso do Sul
Judaísmo 203
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 32.845
Mato Grosso
Judaísmo 135
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 32.311
Goiás
Judaísmo 350
Evangélicas de missão - Igreja Evangélica Adventista 17.248
Distrito Federal
Judaísmo 624

Nota:

1 - Os dados são da Amostra

Fonte: IBGE - Censo Demográfico


ANEXO B – O SÁBADO ATRAVÉS DOS SÉCULOS408

“Quase todas as igrejas no mundo celebram os sagrados mistérios [da Ceia do Senhor] no sábado de
cada semana.” Socrates Scholasticus, Eccl. History.
Século I

“Então a semente espiritual de Abraão [os cristãos] fugiram para Pela, do outro lado do rio Jordão,
onde encontraram um lugar de refúgio seguro, e assim puderam servir a seu Mestre e guardar o Seu
sábado.” Eusebius’s Ecclesiastical History
Filo, filósofo e historiador, afirma que o sábado correspondia ao sétimo dia da semana.
Século II

“Os cristãos primitivos tinham grande veneração pelo sábado, e dedicavam o dia para devoção e
sermões(...) Eles receberam essa prática dos apóstolos, conforme vários escritos para esse fim.” D.
T. H. Morer (Church of England), Dialogues on the Lord’s Day, Londres, 1701.
Século II,
III e IV

“Desde o tempo dos apóstolos até o Concílio de Laodicéia [364 d.C.), a sagrada observância do
sábado dos judeus persistiu, como pode ser comprovado por muitos autores, não obstante o voto
contrário do concílio.” John Ley, Sunday A Sabbath, Londres, 1640
Século III

“Pelo ano 225 d.C., havia várias dioceses ou associações da Igreja Oriental, que guardavam o
sábado, desde a Palestina até a Índia.” Mingana Early Spread of Christianity

“Na igreja de Milão (Itália), o sábado era tido em alta consideração. Não que as igrejas do Oriente
ou qualquer outra das restantes que observavam esse dia, fossem inclinadas ao judaísmo, mas elas
se reuniam no sábado para adorar a Jesus, o Senhor do sábado.” Dr. Peter Heylyn, History of the
Sabbath, Londres, 1636
“Por mais de 17 séculos a Igreja da Abissínia continuou a santificar o sábado como o dia sagrado do
quarto mandamento.” Ambrósio de Morbius
Século IV

“Ambrósio, famoso bispo de Milão, disse que quando ele estava em Milão, guardou o sábado, mas
quando passou a morar em Roma, observou o domingo. Isso deu origem ao provérbio: ‘Quando
você está em Roma, faça como Roma faz.’” Heylyn, History of the Sabbath
Pérsia 335-375 d.C. Eles [os cristãos] desprezam nosso deus do Sol.
“Eles [os cristãos] desprezam nosso deus do Sol. Zoroastro, o venerado fundador de nossas crenças
divinas, não instituiu o domingo mil anos antes em honra ao Sol cancelando o sábado do Antigo
Testamento? Os cristãos, contudo, realizam suas cerimônias religiosas no sábado.” O’Leary, The
Syriac Church and Fathers
“Agostinho [cujo testemunho é mais incisivo pelo fato de ter sido um devotado observador do
Século V

domingo] mostra... que o sábado era observado em seus dias ‘na maior parte do mundo cristão’.”
Nicene and Post-Nicene Fathers, série 1, vol. 1, págs. 353 e 354
“No quinto século a observância do sábado judaico persistia na igreja cristã.” Lyman Coleman,
Ancient Christianity Exemplified, pág. 526
“Neste último exemplo, eles [a Igreja da Escócia] parecem ter seguido o costume do qual
encontramos vestígios na primitiva igreja monástica da Irlanda, ou seja, afirmavam que o sábado
era o sétimo dia no qual descansavam de todas as atividades.” W. T. Skene, Adamnan’s Life of St.
Século VI

Columba, 1874, pág. 96


Sobre Columba de Iona: “Tendo trabalhado na Escócia por trinta e quatro anos, ele predisse clara e
abertamente sua morte, e no dia 9 de junho, um sábado, disse a seu discípulo Diermit: ‘Este é o dia
chamado sábado, isto é, o dia de descanso, e como tal será para mim, pois ele colocará um fim aos
meus labores’.” Butler’s Lives of the Saints, artigo sobre “St. Columba”
“Parece que, nas igrejas célticas primitivas, era costume, tanto na Irlanda quanto na Escócia,
Século VII

guardar o sábado... como um dia de descanso. Eles obedeciam literalmente ao quarto mandamento
no sétimo dia da semana.” Jas. C. Moffatt, The Church in Scotland
Disse Gregório I, Papa de Roma (590-604): “Cidadãos romanos: Chegou a meu conhecimento que
certos homens de espírito perverso têm disseminado entre vós coisas depravadas e contrárias à fé

408
O SÁBADO ATRAVÉS DOS SÉCULOS. Disponível em: <http://www.igrejaadventista.org.br/Osabado/te
mas10.asp#>. Acesso em: 27 jun. 2007.
cristã, proibindo que nada seja feito no dia de sábado. Como eu deveria chamá-los senão de
pregadores do anticristo?”

Índia, China, Pérsia, etc. “Abrangente e persistente foi a observância do sábado entre os crentes da
Igreja Oriental e dos Cristãos de São Tomás da Índia, que jamais estiveram ligados a Roma. O
Século
VIII

mesmo costume foi mantido entre as congregações que se separaram de Roma após o Concílio de
Calcedônia, como por exemplo, os abissínios, jacobitas, marionitas e armênios.” New Achaff-
Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, artigo intitulado “Nestorians”
“O papa Nicolau I, no nono século, enviou ao príncipe governante da Bulgária um extenso
Século IX

documento dizendo que se devia cessar o trabalho no domingo, mas não no sábado. O líder da
Igreja Grega, ofendido pela interferência do papado, declarou o papa excomungado.” B. G.
Wilkinson, Ph.D., The Truth Triumphant, pág. 232
Século X

“Os seguidores de Nestor não comem porco e guardam o sábado. Não crêem em confissão auricular
nem no purgatório.” New Schaff-Herzog Encyclopedia, artigo “Nestorians”
Século XI

“Margaret da Escócia, em 1060, tentou arruinar os descendentes espirituais de Columba, opondo-se


aos que observavam o sábado do sétimo dia em vez de o domingo.” Relatado por T. R. Barnett,
Margaret of Scotland, Queen and Saint, pág. 97

“Há vestígios de observadores do sábado no século doze, na Lombárdia.” Strong’s Encyclopedia


Século XII

Sobre os valdenses, em 1120: “A observância do sábado... é uma fonte de alegria.” Blair, History of
the Waldenses, vol.1, pág. 220
França: “Por vinte anos Pedro de Bruys agitou o sul da França. Ele enfatizava especialmente um dia
de adoração reconhecido na época entre as igrejas celtas das ilhas britânicas, entre os seguidores de
Paulo, e na Igreja Oriental, isto é, o sábado do quarto mandamento.” Coltheart, pág. 18
“Contra os observadores do sábado, Concílio de Toulouse, 1229: Canon 3: Os senhores dos
Século

diversos distritos devem procurar diligentemente as vilas, casas e matas, para destruir os lugares que
XIII

servem de refúgio. Canon 4: Aos leigos não é permitido adquirir os livros tanto do Antigo quanto
do Novo Testamentos.” Hefele
“Em 1310, duzentos anos antes das teses de Lutero, os irmãos boêmios constituíam um quarto da
população da Boêmia, e estavam em contato com os valdenses, que havia em grande número na
Século
XIV

Áustria, Lombárdia, Boêmia, norte da Alemanha, Turíngia, Brandenburgo e Morávia. Erasmo


enfatizava que os valdenses da Boêmia guardavam o sétimo dia (sábado) de uma maneira estrita.”
Robert Cox, The Literature of the Sabbath Question, vol. 2, págs. 201 e 202
“Erasmo dá testemunho de que por volta do ano 1500 os boêmios não apenas guardavam
estritamente o sábado, mas eram também chamados de sabatistas.” R. Cox, op. cit.
Concílio Católico realizado em Bergen, Noruega, em 1435: “Estamos cientes de que algumas
Século XV

pessoas em diferentes partes de nosso reino adotam e observam o sábado. A todos é


terminantemente proibido – no cânon da santa igreja – observar dias santos, exceto os que o papa,
arcebispos e bispos ordenam. A observância do sábado não deve ser permitida, sob nenhuma
circunstância, de agora em diante, além do que o cânon da igreja ordena. Assim, aconselhamos a
todos os amigos de Deus na Noruega que desejam ser obedientes à santa igreja, a deixar de lado a
observância do sábado; e os demais proibimos sob pena de severo castigo da igreja por guardarem o
sábado como dia santo.” Dip. Norveg., 7, 397
Noruega, 1544: “Alguns de vocês, em oposição à advertência, guardam o sábado. Vocês devem ser
severamente punidos. Quem for visto guardando o sábado, pagará uma multa de dez marcos.” Krag
e Stephanius, History of King Christian III
Século XVI

Liechtenstein: “Os sabatistas ensinam que o dia de repouso, o sábado, ainda deve ser guardado.
Dizem que o domingo [como dia semanal de descanso] é uma invenção do papa.” Wolfgang Capito,
Refutation of the Sabbath, c. de 1590
Índia: “Francisco Xavier, famoso jesuíta, chamado para a inquisição que foi preparada em Goa,
Índia, em 1560, para verificar ‘a maldade judaica, a observância do sábado’.” Adeney, The Greek
and Eastern Churches, págs. 527 e 528
Abissínia: “Não é pela imitação dos judeus, mas em obediência a Cristo e Seus apóstolos, que
observamos este dia [o sábado].” De um legado abissínio na corte de Lisboa, 1534, citado na
História da Igreja da Etiópia, de Geddes, págs. 87 e 88.

“Cerca de 100 igrejas guardadoras do sábado, a maioria independentes, prosperaram na Inglaterra


Século
XVII

nos séculos dezessete e dezoito.” Dr. Brian W. Ball, The Seventh-Day Men, Sabbatarians and
Sabbatarianism in England and Wales, 1600-1800, Clarendon Press, Oxford University, 1994

Alemanha: “Tennhardt de Nuremberg adere estritamente à doutrina do sábado, por ser um dos dez
mandamentos.” J. A. Bengel, Leben und Wirken, pág. 579
Século XVIII

“Antes que Zinzendorf e os morávios de Belém [Pensilvânia] iniciassem a observância do sábado e


prosperassem, havia um pequeno grupo de alemães observadores do sábado na Pensilvânia.” Rupp,
History of the Religious Denominations in the United States
“Os abissínios e muitos do continente europeu, especialmente na Romênia, Boêmia, Morávia,
Holanda e Alemanha, continuaram a guardar o sábado. Onde quer que a igreja de Roma
predominasse, esses sabatistas eram penalizados com o confisco de suas propriedades, multas,
encarceramento e execução.” Coltheart, pág. 26
China: “Os taiping, quando interrogados sobre a observância do sábado, responderam que, em
Século XIX

primeiro lugar, porque a Bíblia o ensina, e, em segundo, porque seus ancestrais o guardavam como
dia de culto.” A Critical History of Sabbath and Sunday.

Em 1844 surgiu nos Estados Unidos o movimento que, anos depois, teria a denominação de
Adventistas do Sétimo Dia, de âmbito mundial.

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