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SEM RESPEITOS HUMANOS

– Valentia para seguir o Senhor em qualquer ambiente e em todas as circunstâncias.

– Vencer os respeitos humanos, parte da virtude da fortaleza.

– Muitas pessoas necessitam do testemunho claro do nosso sentir cristão. Dar exemplo.

I. QUANDO JESUS INICIOU a sua vida pública, muitos vizinhos e parentes


tomaram-no por louco1, e na sua primeira visita a Nazaré, que hoje lemos no
Evangelho da Missa2, os seus conterrâneos negaram-se a ver n’Ele o que quer
que fosse de extraordinário. O comentário que lhes provocou mal dissimula a
inveja de que estavam possuídos: Donde lhe vêm essa sabedoria e esses
poderes? Não é este o filho do artesão? E escandalizavam- se dele.

Desde o princípio, Jesus teve de enfrentar uma onda de maledicências e


desprezos, nascidos de egoísmos covardes, porque proclamava a Verdade
sem respeitos humanos. Essa onda iria aumentando com o decorrer dos anos,
até desembocar na torrente de calúnias e na perseguição aberta que lhe
causaram a morte. Os seus próprios inimigos reconheceriam em diversas
ocasiões: Mestre, sabemos que és veraz e que ensinas o caminho de Deus
segundo a verdade, sem te preocupares com ninguém, porque não fazes
acepção de pessoas3.

Esta mesma disposição – independência em relação aos juízos e louvores


dos homens – é a que o Mestre pede aos seus discípulos. Nós, cristãos,
devemos cultivar e defender o devido prestígio profissional, moral e social,
adquirido com toda a justiça, porque faz parte da dignidade humana e porque é
necessário para levarmos a cabo o trabalho apostólico que devemos realizar
no meio das nossas tarefas. Mas não devemos esquecer que em muitas
ocasiões a nossa conduta entrará em choque com o comportamento dos que
se opõem à moral cristã ou dos que se aburguesaram no seguimento de Cristo.

Nesses casos, devemos repelir o medo de parecer estranhos e, pelo


contrário, experimentar o sadio orgulho de viver como discípulos de Cristo.
Quem ocultasse a sua condição de cristão num ambiente de costumes pagãos,
submeter-se-ia, por covardia, ao respeito humano, e seria merecedor daquelas
palavras de Jesus: Quem me negar diante dos homens, eu também o negarei
diante de meu Pai que está nos céus4. O Senhor ensina-nos que a confissão
da fé – com todas as suas consequências, em qualquer ambiente – é condição
para sermos seus discípulos.

Assim se comportaram muitos fiéis seguidores de Jesus, como José de


Arimateia e Nicodemos, que – sendo discípulos ocultos do Senhor – não
tiveram inconveniente em expor-se num momento em que humanamente tudo
parecia perdido, pois Jesus tinha morrido crucificado. Ao contrário de muitos
outros, “são valentes, declarando perante a autoridade, o seu amor a Cristo –
«audacter» – com audácia, na hora da covardia” 5. E o mesmo fizeram mais
tarde os Apóstolos, que se mostraram firmes diante do abuso do Sinédrio e das
perseguições dos pagãos, bem convencidos de que a doutrina da Cruz de
Cristo é loucura para os que se perdem, mas, para os que se salvam, isto é,
para nós, é força de Deus6.

São Paulo, que nunca se envergonhou de pregar o Evangelho, escrevia ao


seu discípulo Timóteo: Deus não nos deu um espírito de temor, mas de
fortaleza, de amor e de temperança. Não te envergonhes nunca do testemunho
do nosso Senhor7. São palavras que devemos considerar dirigidas a cada um
de nós, a fim de que mantenhamos intacta a fidelidade ao Mestre quando as
circunstâncias ou o ambiente se mostrarem adversos.

II. A VIDA DO CRISTÃO deve desenvolver-se sem estridências, em clima de


normalidade, no lugar em que lhe toca viver, mas com frequência contrastará
violentamente com modos de agir tíbios, aburguesados ou indiferentes, e muito
mais com tantos comportamentos anticristãos que não raramente são indignos
de um ser humano. Nesses casos, não nos deve surpreender que os que
atuam à margem dos ensinamentos de Cristo nos julguem injustamente e que
exteriorizem esses juízos de uma forma ou de outra.

Normalmente, não se tratará de sofrer violências físicas por causa do


Evangelho, mas de suportar murmurações e calúnias, risos trocistas,
discriminações no lugar de trabalho, perda de vantagens económicas ou de
amizades superficiais... Às vezes, a situação pode apresentar-se na própria
família ou com os amigos, e será necessária então uma boa dose de
serenidade e de fortaleza sobrenatural para manter uma atitude coerente com
a fé.

É nessas incómodas circunstâncias que pode surgir a tentação de escolher


o caminho mais fácil, a fim de evitar nos outros um movimento de rejeição ou
de incompreensão; é então que pode infiltrar-se na alma a preocupação de não
perder amigos, de não fechar portas pelas quais talvez seja necessário passar
algum dia... É a tentação de nos deixarmos levar pelos respeitos humanos, de
ocultarmos a nossa identidade, a nossa condição de discípulos de Cristo que
querem viver muito perto d’Ele.

São situações difíceis; porém, o cristão não deve perguntar-se pelo que é
mais oportuno, pelo que será bem recebido ou aceito, mas pelo que é melhor,
pelo que o Senhor espera dele naquela circunstância concreta. Muitas vezes,
os respeitos humanos são consequência do comodismo de não querermos
passar um mau bocado, do desejo de agradar sempre ou de não ser excepção
dentro de um grupo. E talvez o Senhor espere justamente isso, que sejamos
uma excepção, que nos mostremos coerentes com a fé e o amor que trazemos
no coração, que manifestemos, nem que seja apenas com o silêncio, com
umas poucas palavras, com um gesto, com uma atitude..., as nossas
convicções mais profundas. Esta firmeza na fé, que transparece na conduta, é
frequentemente, sem o percebermos, a melhor maneira de darmos a conhecer
todo o atractivo da fé cristã, e o começo do retorno de muitos à Casa do Pai.

Para muitos que começam a seguir o Senhor, este é um dos principais


obstáculos que se apresentam no seu caminho. “Sabeis – pergunta o Cura
d’Ars – qual é a primeira tentação que o demónio apresenta a uma pessoa que
começou a servir melhor a Deus? É o respeito humano” 8, porque toda a pessoa
normal possui um sentido congénito de vergonha que a leva a fugir de
situações que a coloquem em evidência diante dos outros. Mas esta será
precisamente a nossa maior alegria: expormo-nos por Jesus Cristo, sempre
que a ocasião o requeira. Jamais nos arrependeremos de ter sido coerentes
com a nossa fé cristã.

III. MUITAS PESSOAS estão ao nosso lado esperando o testemunho claro


de um sentir cristão. Quanto bem podemos fazer com a nossa conduta! Como
o mundo necessita de cristãos trabalhadores, amáveis, cordiais e firmes na sua
fé! Às vezes, ouvimos falar de um “artigo corajoso” porque ataca o magistério
do Papa ou porque defende o aborto ou os anticoncepcionais... No entanto, o
que é corajoso, na época em que vivemos, é precisamente defender a
autoridade do Romano Pontífice no que se refere à fé e à moral, defender o
direito à vida de toda a pessoa concebida, ter – se essa é a vontade de Deus –
uma família numerosa e, de qualquer modo, nunca fechar as fontes da vida,
por mais que nos critiquem ou trocem de nós os médicos, os amigos, a mãe, a
sogra ou as cunhadas.

É necessário e urgente obter de Deus a audácia própria dos filhos de Deus


para superar os temores. Não podemos permitir que expulsem o Senhor ou
que o coloquem entre parênteses na vida social, que homens sectários
pretendam relegá-lo ao âmbito da consciência individual, explorando a
inoperância de gente boa acovardada.

A tentação de passarmos despercebidos em determinadas situações


conflituosas devidas ao Evangelho, não nos deve causar estranheza. O próprio
São Pedro, depois de ter sido confirmado como Chefe da Igreja, depois de ter
recebido o Espírito Santo, caiu por respeitos humanos em pequenas
concessões práticas a um ambiente adverso. Essas transigências foram-lhe
apontadas por São Paulo com firmeza e lealdade9, num episódio que, longe de
embaçar a santidade e a unidade da Igreja, demonstrou a perfeita união dos
Apóstolos, o apreço de São Paulo pela Cabeça visível da Igreja e a grande
humildade de São Pedro em rectificar.

O Senhor dá-nos exemplo da conduta que devemos seguir. Desde aquele


dia em Nazaré, Jesus sabia perfeitamente que muitos estariam em desacordo
com Ele, mas nunca se deixou levar pelo desejo de agradar aos homens. Uma
só coisa lhe importava: cumprir a vontade do Pai. Nunca deixou de curar, por
exemplo, num sábado, embora soubesse que o vigiavam para ver se curava
nesse dia10. Jesus sabia o que queria, e sabia-o desde o princípio. Em todo o
seu ministério, jamais o vemos vacilar, ficar indeciso, e muito menos
retroceder, tanto nas suas palavras como no modo de agir.

O Senhor pede aos seus essa mesma vontade firme. “Com isso, infunde nos
seus discípulos o seu modo de ser. Está muito longe d’Ele a precipitação e
mais ainda a indecisão, as claudicações e as soluções de compromisso. Todo
o seu ser e a sua vida são um «sim» ou um «não». Jesus é sempre o mesmo,
sempre disposto, porque, quando fala e quando actua, sempre o faz com plena
lucidez de consciência e com toda a sua vontade”11.

Peçamos a Jesus essa firmeza para nos deixarmos guiar em todas as


circunstâncias pelo querer de Deus, que permanece para sempre, e não pela
vontade dos homens, que é cambiante, caprichosa e pouco duradoura.

(1) Mc 3, 21; (2) Mt 13, 54-58; (3) Mt 22, 16; (4) Mt 10, 32; (5) cfr. São Josemaría
Escrivá, Caminho, n. 841; (6) 1 Cor 1, 18; (7) 2 Tim 1, 7-8; (8) Cura d’Ars, Sermão
sobre as tentações; (9) Gal 2, 11-14; (10) Mc 3, 2; (11) cfr. K. Adam, Jesus Cristo,
Quadrante, São Paulo, 1986, págs. 14-15.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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