Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Civil
Publicação E.DM-004A/94
Brasília - DF
Dezembro de 1994
Universidade de Brasília
Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Civil
Aprovada por:
_______________________________________
Prof. João Carlos Teatini de S. Clímaco
(Orientador - PhD - UnB)
_______________________________________
Prof. Antonio Alberto Nepomuceno
(Co-Orientador - DSc - UnB)
_______________________________________
Prof. Marcello da Cunha Moraes
(Examinador Interno - Livre Docente - UnB)
_______________________________________
Profª Regina Helena Ferreira de Souza
(Examinador Externo - DSc - UFF)
ii
Ficha Catalográfica
Referência Bibliográfica
Cessão de Direitos
__________________________
Eliane Kraus de Castro
SQN 309 BL. A apto. 511
70.755-010 Asa Norte
Brasília - DF
iii
AGRADECIMENTOS
Minha profunda gratidão ao Professor João Carlos Teatini S. de Clímaco, meu orientador, com
quem tenho aprendido muito durante esse período de convivência, por suas sugestões valiosas e
leitura atenta que permitiram tornar o trabalho mais consistente.
Ao Professor Antonio Alberto Nepomuceno, meu agradecimento, pela enorme dedicação na co-
orientação, fundamental no desenvolvimento deste trabalho.
Aos Professores do Mestrado em Estruturas do ENC, em especial ao Eldon Londe Mello, Tânia
G. B. Figueiredo, Athail R. Pulino Filho, Guilherme Sales S. A. Melo, Paul W. Partridge, Carmen
L. Sahlit, Moema Ribas Silva e Elton Bauer, pela amizade e colaboração.
A UnB, pelo suporte financeiro, e aos colegas da Prefeitura do Campus, em especial ao Prof.
Antônio Moreira Campolina, que propiciou e incentivou a realização deste trabalho.
Aos colegas do mestrado, em especial ao José Humberto, Jorge Luis e Marco Aurelio, pela
amizade e a enorme colaboração dispensadas.
Aos meus filhos, Leonardo e Alex, que se privaram em alguns momentos do convívio com a
mamãe.
iv
RESUMO
Entretanto, apesar da importância hoje atribuída à manutenção, são ainda insuficientes, mesmo
em países desenvolvidos, as disposições normativas estabelecendo critérios objetivos e
programas de manutenção para estruturas usuais de concreto armado.
Esta pesquisa propõe uma metodologia para manutenção estrutural, com o objetivo de preencher
a lacuna existente, estabelecendo critérios de quantificação para o grau de deterioração dos
elementos isolados e da estrutura como um todo, baseando-se em parâmetros que consideram as
manifestações mais freqüentes de danos, sua evolução e a influência do meio ambiente em que a
estrutura esta inserida. Um programa eficiente de manutenção periódica garante a durabilidade
das edificações e permite o estabelecimento de prioridades para as ações necessárias ao
cumprimento da vida útil prevista, minimizando o custo de eventuais intervenções.
v
ABSTRACT
The increasing of cases of deterioration in concrete structures, that, erroneously, were supposed
to be endless, has lead to a recent progress in the approach of various technical codes concerning
durability and service life, since the initial steps of design and construction phases, and to an
acknowledge of the importance of preventive maintenance to guarantee an acceptable level for
buildings during their service life.
The present research proposes a method for maintenance of concrete structures, aiming to meet
needs above mentioned, setting up objective criteria for a numeric evaluation of the level of
deterioration of isolated members and the whole structure, based on parameters that consider the
more usual damage symptoms, their evolution and the influence of the aggressive agents in the
environment . An efficient programme of preventive and methodical maintenance insures
building durability and can help to establish priorities for the actions required to reach intended
service life, minimizing the cost of interventions.
vi
ÍNDICE
1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
vii
5.3.1 - Introdução ............................................................................................................. 70
5.3.2 - Primeiro estudo de caso - Edificação escolar pública........................................... 71
5.3.3 - Segundo estudo de caso - Edificação residencial pública .................................... 76
5.3.4 - Conclusão.............................................................................................................. 82
6 - CONCLUSÕES ................................................................................................................. 84
6.1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 84
6.2 - SOBRE A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO ESTRUTURAL ......................... 84
6.3 - SOBRE A EVOLUÇÃO DE DEFEITOS NAS CONSTRUÇÕES............................. 85
6.4 - SOBRE AS METODOLOGIAS DE MANUTENÇÃO DISPONÍVEIS..................... 86
6.5 - SOBRE A METODOLOGIA PROPOSTA ................................................................. 87
6.6 - SUGESTÃO PARA TRABALHOS POSTERIORES................................................. 89
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...................................................................................... 90
ANEXO A................................................................................................................................ 94
viii
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
ix
Tabela 5.11 - Pilar .................................................................................................................... 81
Tabela 5.12 - Grau de deterioração da estrutura - SQN 107 /H............................................... 82
Tabela A.1 - Classificação dos danos e fatores de intensidade ( Fi )....................................... 98
Tabela A.1 - Classificação dos danos e fatores de intensidade ( Fi ) (cont.) .......................... 99
Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais..................................................................... 100
Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.) ......................................................... 101
Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.) ......................................................... 102
Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.) ......................................................... 103
Tabela B.1 – Cálculo do grau de deterioração da família: Pilares ......................................... 111
Tabela B.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais.......................... 112
Tabela B.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais (continuação)... 113
Tabela B.3 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas secundárias....................... 114
Tabela B.4 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes principais .......................... 115
Tabela B.5 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes secundárias........................ 116
Tabela B.6 – Cálculo do grau de deterioração da estrutura ................................................... 116
Tabela C.1 – Cálculo do grau de deterioração da família: Pilares ......................................... 122
Tabela C.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais.......................... 123
Tabela C.3 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas secundárias....................... 124
Tabela C.4 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes principais .......................... 125
Tabela C.5 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes secundárias........................ 126
Tabela C.6 – Cálculo do grau de deterioração da família: Reservatório superior ................. 126
Tabela C.7 – Cálculo do grau de deterioração da estrutura ................................................... 126
LISTA DE SÍMBOLOS
x
1 – INTRODUÇÃO
Em obras de grande porte, como barragens, metrô e obras de arte, constata-se um avanço, por
parte das entidades públicas responsáveis, no que se refere à preocupação com o desenvolvimento
de metodologias de manutenção, buscando atender demandas específicas. No entanto, para
edificações usuais de concreto armado, a lacuna referente a metodologias para manutenção de
estruturas persiste, apesar do esforço de alguns centros de pesquisa em desenvolver trabalhos
sobre a durabilidade das edificações, especialmente relativas a materiais e componentes da
edificação.
A partir desse fato, a pesquisa teve como objetivo desenvolver uma metodologia para
manutenção de estruturas de concreto armado para edificações usuais, estabelecendo critérios de
quantificação para o grau de deterioração dos elementos estruturais isolados e da estrutura como
1
um todo, baseando-se em parâmetros que consideram as manifestações mais freqüentes de danos,
sua evolução e a influência do meio ambiente em que a estrutura esta inserida. A implantação de
uma metodologia eficiente em programas de manutenção periódica poderia contribuir para o
aumento da de durabilidade das edificações, permitindo o estabelecimento de prioridades para as
ações necessárias ao cumprimento da vida útil prevista.
O Capítulo 2 apresenta uma conceituação de desempenho estrutural e uma análise das causas
principais que levam as intervenções nas estruturas de concreto armado, além de uma
apresentação das abordagens de normas sobre durabilidade e vida útil das edificações.
2
quantitativa de danos que permitam minimizar a natureza subjetiva dos dados obtidos de inspeção
e os custos de eventuais intervenções, aumentando também a eficiência destas.
3
2 - DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DE ESTRUTURAS DE CONCRETO
O Código Modelo MC-90 (CEB-FIP-1991) estabelece que "As estruturas de concreto devem ser
projetadas, construídas e operadas de forma tal que, sob as condições ambientais esperadas, elas
mantenham sua segurança, funcionalidade e aparência aceitável durante um período de tempo,
implícito ou explícito, sem requerer altos custos imprevistos para manutenção e reparo." Ainda
segundo o MC-90, o processo global de criar estruturas e mantê-las em condições satisfatórias de
uso requer a cooperação entre as quatro partes envolvidas:
Proprietário: definindo demandas presentes e futuras em relação à edificação;
Projetistas: preparando especificações de projeto, propostas de métodos de controle de qualidade
e condições de utilização;
Construtor: obedecendo na execução às diretrizes de projeto;
Usuários: responsáveis, em geral, pela manutenção da estrutura durante o período de uso.
A partir desta concepção, para analisar o desempenho estrutural e as causas dos problemas
patológicos de uma estrutura de concreto armado deve-se observar a estrutura em sua totalidade,
o que significa compreendê-la em três momentos distintos, a saber: i) planejamento; ii) execução;
e iii) utilização.
4
Mecânicas Físicas Química/Biológica
Estrutura
Qualidade do
Projeto Execução
concreto
Desempenho
Manutenção
Vida útil
De acordo com a Fig. 2.1, o conjunto de ações compreende três tipos principais que podem atuar
sobre a estrutura: i) ações mecânicas (sobrecarga, peso próprio, etc.); ii) ações físicas (calor,
água, umidade, gelo, etc.); e iii) ações química/biológica (ácidos, gases, plantas,
5
microorganismos, etc.). A capacidade de serviço compreende três tipos de "reações" que deverão
ser planejadas a partir dos tipos de ações: i) projeto (hipótese, normas, cálculo e
dimensionamento); ii) qualidade do concreto (proporção da mistura, fator água cimento,
agregado, aditivos); e iii) execução (forma, lançamento, adensamento e cura).
6
possibilidade de que venham ocorrer problemas patológicos na estrutura.
A execução deve ter como principio básico a procura da máxima integração entre os três
componentes da "capacidade de serviço", ou seja, integrar o que foi estabelecido no projeto
(especificações e detalhamento) com as tecnologias dos materiais e os processos construtivos,
sendo indispensável o controle de qualidade dos materiais e das várias etapas de cada processo.
Em síntese, o desempenho de cada estrutura será sempre o resultado da integração entre execução
e planejamento.
Os problemas de deterioração de uma estrutura não devem ser compreendidos somente pelos
aspectos relativos aos desgastes provenientes do conjunto de ações (Fig. 2.1), mas também deverá
ser considerada a utilização da edificação pelo usuário. Quando há um desvio de utilização para
qual a estrutura foi projetada e construída, podem ocorrer duas situações: i) a estrutura, devido à
atuação de sobrecarga inesperada e incompatível com o projeto, precisa de intervenção para
garantir a segurança (estados limites últimos); ii) a estrutura não atende às mudanças de
utilização e precisa ser adequada à nova demanda por razões de funcionalidade (estados limites
de utilização).
7
período de tempo inferior à vida útil prevista. Entre as diversas causas de intervenção
identificam-se, abaixo, as mais freqüentes (Fig. 2.2):
incertezas e erros: no projeto estrutural, incluindo concepção e detalhes; de execução em suas
mais diversas formas; baixa qualidade dos materiais; degradação dos materiais devido à agressão
do meio ambiente; uso e/ou manutenção incorreta da construção;
acidentes: incêndio, explosões, terremotos, etc;
mudanças de uso: alterações na utilização do edifício, com aumento ou alteração na natureza e
valor da sobrecarga.
A primeira etapa para se definir a(s) causa(s) de intervenção deverá ser a elaboração de um
diagnóstico, que visa determinar o estado atual de uma estrutura, através de inspeções,
levantamentos de dados, testes e estudos da mesma.
As Figuras 2.2 e 2.3 mostram os diversos tipos de causas e intervenções em uma estrutura num
diagrama Desempenho x Tempo. R representa uma grandeza genérica de interesse para o
desempenho da estrutura (esforço solicitantes, flechas, abertura de fissuras, velocidade de
corrosão, etc), nos vários aspectos de segurança e funcionalidade. Quando a estrutura entra em
utilização, este valor pode já estar depreciado em função de erros iniciais, de projeto ou
construção. Ro é o limite tolerável da grandeza, em função do tempo, que só deve ser atingido ao
término de sua vida útil.
8
R
incertezas – erros
projeto
Desempenho
execução
materiais
uso
mínimo
Ro
0
tempo
vida útil
acidentes
Desempenho
mínimo
Ro
0
tempo
vida útil
R mudança de uso
Desempenho
mínimo
Ro
0
tempo
9
R
diagnóstico + manutenção
Desempenho
mínimo
Ro
0
tempo
vida útil
diagnóstico + reparo
Desempenho
mínimo
Ro
0
tempo
vida útil
R mudança de uso
Desempenho
mínimo
Ro
0
tempo
As várias causas e necessidades de intervenção em estruturas estão muitas vezes associadas à não
inclusão de manutenção preventiva nas fases de planejamento e execução, o que pode levar, na
fase posterior de utilização, a custos elevados, indesejáveis, de manutenção de caráter corretivo.
Os custos de reparo e manutenção dependem da idade e condições de utilização da estrutura,
sendo difícil estimar, genericamente, valores precisos. Sitter (1986), baseando-se no modelo de
10
vida útil de Tuutti (1982), (Fig. 2.4), propôs uma formulação, conhecida como a Lei dos Cinco,
indicativa dos custos das obras de reparo durante a vida útil de uma estrutura. O autor propõe que
a cada dólar por unidade de área construída, gasto com procedimentos corretos de cálculo e
execução (Fase A), devem equivaler a 5 dólares com ações de manutenção, durante toda a vida
útil (Fase B). Se forem necessários reparos localizados devido à aceleração do processo de
deterioração prevê-se um custo de 25 dólares por unidade de área (Fase C) e um custo de 125
dólares para reparos ou reforços de grande monta ou mesmo substituição (Fase D).
Apesar dos custos descritos terem caráter genérico e aproximados, esta lei é aceita como
indicativa do potencial de gastos que podem ser evitados quando se previnem os danos, desde o
princípio, e quando se intervém a tempo através da manutenção preventiva (Rostam, 1991).
deterioração crítica
deterioração
deterioração
custos
t2 = t0 + t1 = vida útil
t0 t1
tempo
A B C D
Sage (1988) observa que os custos com a manutenção de edificações na Inglaterra são cada vez
mais significantes, principalmente nas edificações modernas, com o custo de manutenção em
edificações construídas em Londres entre 1980 e 1986 sendo aproximadamente 3 (três) vezes
maior do que o custo de manutenção de edificações anteriores a 1970. Este aumento é justificado
por alguns aspectos: proporção significativa da elevação dos custos dá-se com o consumo de
energia e ar condicionado utilizados nos prédios novos, com sofisticados projetos, o que encarece
11
a manutenção; utilização de materiais de acabamento, mais sofisticados e que acarretam custos
mais elevados para reparar, manter e eventualmente substituir. Além disso, segundo Sage, no
passado, os clientes privados faziam questão de bons projetos com a utilização de materiais de
qualidade, e as edificações eram bem mantidas e motivo de orgulho dos proprietários. Mais
recentemente, o custo é um fator preponderante, nas obras públicas e privadas, pois o retorno
financeiro tem que ser rápido com mínimo custo de construção. Tal fato é preocupante e exige
uma análise de pesquisadores, profissionais da indústria da construção e entidades, públicas e
privadas, envolvidas.
O Código Modelo MC-90 do CEB-FIP (1991) não apresenta critérios objetivos que permitam
estabelecer o período de vida útil de uma estrutura, fazendo apenas recomendações gerais,
conforme as citadas no item 2.1. A definição de vida útil do MC-90 é semelhante à proposta por
Somerville (1987) : "vida útil de uma edificação é o período mínimo no qual se espera que ela
desempenhe as funções previstas, segundo suas finalidades específicas e condições ambientes,
sem perdas significativas na sua capacidade de utilização e não requerendo custos elevados de
manutenção".
O MC-90, dispõe ainda que uma estrutura projetada, executada e mantida conforme os requisitos
do Código, deve, com elevada probabilidade, manter as condições esperadas de uso por um
período de tempo mínimo de 50 anos. Para algumas estruturas, conforme sua finalidade, pode-se
requerer uma vida útil mais longa, por exemplo, de 100 anos, ou consideravelmente mais curta,
12
de 25 anos ou menos.
A citada comissão definiu durabilidade como "A capacidade que um produto, componente ou
construção possui de manter o seu desempenho acima dos níveis mínimos especificados, de
maneira a atender as exigências dos usuários, em cada situação específica" e vida útil como "o
período de tempo depois da construção durante o qual todas as propriedades de um material,
componente ou sistema encontra ou excede o nível mínimo aceitável".
13
do concreto e penetração de cloretos por difusão simples.
O Eurocode No.2 (1989), define que "Para assegurar uma adequada durabilidade das estruturas,
os seguintes fatores inter-relacionados deverão ser considerados:
- o uso da estrutura;
- os critérios requeridos para desempenho;
- as condições de exposição no meio ambiente;
- as propriedades, composições e desempenho dos materiais;
- tipos dos elementos e o detalhamento estrutural;
- a qualidade da mão de obra e nível de controle;
- as medidas particulares de proteção;
- a provável manutenção durante a pretendida vida útil.
“As condições do meio ambiente deverão ser estimadas no estágio de projeto, para assegurar
significativa durabilidade e habilitar adequadamente provisões para a proteção dos materiais".
A BS 8110 - British Standard (1985) define que "Um elemento de concreto durável é aquele
projetado e construído para proteger a armadura da corrosão e desempenhar satisfatório
funcionamento no meio ambiente, durante o tempo de vida da estrutura. Para conseguir isto, é
necessário considerar muitos fatores inter-relacionados nos vários estágios, projeto e processos
construtivos. Deste modo, a forma estrutural e cobrimento da armadura são considerados no
estágio do projeto e suas considerações envolvem as condições de meio ambiente."
O texto base para a revisão da NB-1/78 (ABNT, 1992), proposto para discussão, dedica um
capítulo específico à durabilidade, onde define que "As medidas necessárias a assegurar a vida
14
útil são determinadas a partir das condições ambientais e da importância da estrutura, fazendo
parte integrante do projeto e indicação das medidas mínimas de inspeção e manutenção
preventiva que garantam a durabilidade". E enfatiza, com muita propriedade: "Deverão ser
evitados os arranjos estruturais e os detalhes que facilitem a ação dos agentes agressivos e que
impeçam ou dificultem a inspeção e manutenção das estruturas."
Podemos então concluir, pelo exposto acima, que os códigos e normas apesar de incluírem
capítulos dedicados exclusivamente às condições de durabilidade do concreto, não apresentam
critérios explícitos para uma definição mais precisa da vida útil de uma estrutura. Estes conceitos
são muito recentes, do ponto de vista científico, devendo ser ainda motivo de extensos estudos e
pesquisas.
15
3 – DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE AS CAUSAS DE DEFEITOS EM
ESTRUTURAS
A importância social da construção civil, o volume de recursos que sua indústria manipula e a
grande quantidade de empregos que gera justificam o interesse de qualquer país por conhecer a
qualidade de suas edificações bem como a sua evolução com o tempo.
Para efeito desta análise serão apresentados a seguir estudos realizados por diferentes
pesquisadores em épocas e locais distintos. Cabe ressaltar que resultados desta natureza devem
ser analisados com cuidado e não entendidos como absolutos, pois pode haver diferenças
marcantes na natureza dos questionários aplicados e mesmo na interpretação de seus resultados.
16
Tabela 3.1 - Estatísticas relativas a causas de defeitos em edificações
Vale notar, que os dados apresentam contradições, talvez explicáveis por diferenças nos
questionários. Para Inglaterra e Bélgica, por exemplo, a principal origem dos problemas são os
projetos (49%) e, em seguida, a execução (29% e 24%). Já para a França, vale o contrário, isto é,
a execução manifesta-se como a causa predominante dos problemas patológicos em edificações,
51 %, com 31 % para projeto.
17
Europa, tendo em vista que são poucos os países que possuem tais dados. Dessa forma, observa-
se que, dos quatro países cujos dados estão disponíveis, pode-se formar dois grupos: França e
Espanha onde as manifestações predominantes são fissuras, com 59% e corrosão com 11 %; e
Inglaterra e Bélgica, onde a umidade passa a ser a manifestação mais importante. Os problemas
de fissuras nestes dois países chegam a cerca de 1/3 do que representam para França e Espanha.
Os problemas de corrosão são manifestações de importância sendo que, no caso da Bélgica,
chegam a ser até mais importantes que as fissuras. É oportuno lembrar, novamente, que essas
divergências podem estar relacionadas com as diferenças na natureza e interpretação dos
questionários dos levantamentos.
O trabalho de Chamosa & Ortiz (1985) na Espanha, apresenta resultados estatísticos, de uma
pesquisa de doutorado, que indicam as principais causas de lesões de obras danificadas. A
primeira constatação da pesquisa é que o projeto tem responsabilidade por 51,5% dos casos de
lesões, sendo o único responsável por 31,0% das lesões em uma obra. Os defeitos de execução
são responsáveis por 38,5 % dos casos, sendo causa única de 18,7% das lesões. Os defeitos
próprios de qualidade dos materiais aparecem com 16,2 % dos casos. Erros devidos ao mau uso
e/ou provenientes da falta de manutenção, ou devido a manutenções inadequadas, representam
13,4% do total. As causas naturais excepcionais representam 4,0%. Estes resultados são
semelhantes aos encontrados na média européia. Os autores ressalvam também que divergências
existentes entre os vários estudos podem ser devidas a diferentes critérios de classificação.
Uma manifestação patológica cuja ocorrência chama a atenção é a fissuração, com 59,2% dos
casos. Os problemas de falta de estanqueidade e corrosão de armaduras têm também uma
incidência alta, apresentando valores acima da média.
Com relação ao aspecto temporal, observa-se que o aparecimento das lesões, em apro-
ximadamente 76% dos casos, surge dentro dos 10 primeiros anos da edificação. Chamosa & Ortiz
revelam ainda que 20,4% dos casos de lesões ocorrem durante e/ou logo após a finalização da
construção.
18
Em relação ao alcance dos danos, a pesquisa mostra que em 25,2% dos casos houve a
necessidade de se efetuar um reforço da estrutura, e que em 8,3% das situações ocorreu ruína da
estrutura.
A pesquisa registra uma tendência crescente, para a ocorrência de falhas de projeto, no controle
da qualidade dos materiais e na utilização da edificação, e uma tendência nitidamente decrescente
para os defeitos provenientes de falhas na execução. Os problemas originados por ações químicas
tendem a crescer de forma relevante, justificando o aumento de cuidados na fase de execução, no
controle de qualidade dos materiais e durante a utilização e manutenção das edificações.
A pesquisa realizada por M. Albige para empresas seguradoras na França, relatada por Paterson
(1984), levantou 10.000 casos de defeitos em construções, ocorridos no período entre 1968 e
1978. Embora não seja muito recente, esse trabalho é a compilação mais extensa encontrada na
literatura e fornece valiosas informações sobre as causas mais freqüentes da deterioração em
edificações. A Fig. 3.1 expõe de forma resumida os resultados mais importantes desta pesquisa:
19
Figura 3.1 – Causas e defeitos em edificações (Pateson, 1984)
A Fig. 3.1(b) mostra as causas de defeitos provenientes de erros de projeto, com os conseqüentes
custos e a freqüência de ocorrência. A freqüência de ocorrências devido às falhas de
detalhamento é bem elevada, chegando a representar 78 % dos erros de projetos, enquanto os
erros de cálculo são menos freqüentes. Isto significa que os sofisticados métodos utilizados na
fase de cálculo não têm sido devidamente acompanhados de detalhamento adequado. Quanto aos
custos de reparo, observa-se que, em termos relativos, os erros de cálculo têm grande repercussão
20
nos custos de reparo. Erros de cálculo da ordem de 3% correspondem a 13% dos custos de
reparo. No total, 59% dos custos de reparo são devidos a erros de detalhamento quando da
elaboração do projeto.
A Fig. 3.1(c) mostra a evolução dos defeitos nos 10 primeiros anos. De acordo com a mesma
figura, 11 % de defeitos em edificações surgem durante a construção, antes mesmo da edificação
ter entrado em utilização. Observa-se que a freqüência de ocorrências de defeitos é decrescente a
partir do primeiro ano (24 %) e que 65 % dos defeitos tornam-se aparentes dentro de até 3 anos
após a conclusão da construção e 82 % até 5 anos. Tal fato reforça o papel fundamental da
manutenção preventiva, principalmente nas primeiras idades, como garantia da vida útil e
durabilidade das edificações.
A pesquisa patrocinada pelo ACI (1979), reportada por Jorabi (1986), contém dados interessantes
sobre a realidade dos Estados Unidos e permite uma análise mais detalhada dos dados relativos a
erros de projeto e execução em concreto armado e protendido. As Figuras 3.2(a) e (b) mostram os
resultados da pesquisa no que diz respeito aos tipos de erros na fase de projeto e na fase de
construção.
A Fig. 3.2(a) mostra percentuais de erros devidos aos itens da fase de projeto, diferenciando dois
tipos de estrutura: concreto armado (com 4 7 casos) e concreto protendido (com 109 casos).
Observa-se que, para o concreto armado, o tipo de erro mais freqüente é o de concepção, com
55%dos casos. Em seguida aparecem os erros devidos às cargas (21 %), ao detalhamento (18%) e
aos cálculos (10%). No caso do concreto protendido, o tipo de erro mais freqüente é o de
detalhamento, com 39% de casos. Erros de concepção representam 35 % das ocorrências.
Finalmente, cargas e detalhamentos de fabricação representam 13%cada.
21
Figura 3.2 – Avaliação dos erros em estruturas de concreto (ACI, 1979)
Estes resultados indicam que na média dos dois tipos de estruturas de concreto, os erros mais
freqüentes dão-se na fase da concepção com 45 % de ocorrência. Em seguida vem o
detalhamento, com 29%, e a avaliação das cargas, com 17% dos casos.
A Fig. 3.2 (b) indica os percentuais de ocorrência devidos aos itens componentes da fase de
construção (execução), diferenciando concreto protendido de concreto armado. Observa-se que,
22
neste caso, os dois tipos de estrutura têm comportamento semelhante. A armação é o item que
propicia a maior freqüência de erros, 50% para o concreto protendido e 34 % para o concreto
armado. Em seguida, para o concreto armado, podese dizer que a concretagem, cura e
interpretação de detalhes tem semelhantes percentuais de erros, em torno de 20% cada. O mesmo
não ocorre para o concreto protendido, onde a "concretagem" representa quase o triplo do item
"interpretação de detalhes", não se registrando erros na cura.
Quando se comparam os resultados acima, com os da pesquisa francesa, verifica-se que, enquanto
nos EUA os erros de projeto e execução têm semelhantes responsabilidades pelos erros, na
França os erros de execução são bem superiores aos de projetos. Observa-se também que a
França apresenta um número elevado de erros de projeto devido ao detalhamento, chegando a
78%dos casos. Nos EUA, problemas relacionados ao item "detalhamento" representam menos da
metade do número francês. No que diz respeito ao item "concepção" estes resultados se invertem,
com a França mostrando números em torno de 1/3 do que foi observado no estudo americano.
No Brasil, não existe ainda pesquisa sistematizada no tema, que possa fornecer dados confiáveis
de âmbito nacional. O primeiro levantamento conhecido é de Carmona & Marega (1988),
coletado no Estado de São Paulo, cujos resultados foram agregados à Tabela 3.1. Os dados
mostram que 52 % dos defeitos nas construções são devidos à execução, 18% relativos a projetos
e 13% devidos ao uso/manutenção. A manifestação de dano predominante é a fissuração com 52
% de casos. Os principais tipos de defeitos relatados referentes à execução foram: erro de
alinhamento das formas, desaprumo de pilares, falhas de concretagem e uso inadequado de
aditivos.
Comparando-se com os resultados da Europa, observa-se que, no caso do Brasil (S.P), a causa
principal dos problemas patológicos estaria nos defeitos provenientes da execução, onde o
percentual atinge 52 % das ocorrências (quase o dobro da média européia). A análise poderia nos
levar à constatação de que existem alguns fatores que estão na raiz dos nossos problemas, tais
como baixa especialização da mão de obra, deficiência de gerenciamento, falta de equipamentos
adequados e utilização de tecnologias ultrapassadas, se comparadas às existentes na Europa.
Entretanto, em que pesem as deficiências apontadas, parece muito elevado o percentual relativo à
execução pois pesquisas posteriores apontam maior equilíbrio nos números relativos a projeto e
execução (Aranha & DaI Molin, 1994; Campos & Valério, 1994).
23
A pesquisa realizada por Aranha & Dal Molin (1994), apresenta os tipos de manifestações
patológicas mais predominantes em estruturas de concreto na Região Amazônica (Tabela 3.2). As
maiores incidências de danos, 68,75 %, tiveram origem nas etapas de projeto/planejamento e
execução, sendo 29,96% devido a projeto e 38,79% a execução. Segundo os autores, observou-se
também uma baixa concentração de falhas com origem relacionada aos materiais, 5,39% , índice
reduzido se comparado aos valores correspondentes da Tabela 3.1, possivelmente, pela
dificuldade de identificação, ou talvez por terem sido relacionados nos defeitos oriundos da etapa
de execução. Destaca-se ainda que o percentual de danos registrados na etapa de utilização,
25,86%, apresentou-se muito elevado. Este dado é importante pois permite concluir que é
deficiente a atenção à manutenção preventiva nas obras pesquisadas.
Planejamento e Uso
Materiais Execução
Projeto Previsível Imprevisível
casos % casos % casos % casos % casos %
139 29,96 25 5,39 180 38,79 85 18,32 35 7,54
Deve-se alertar que essas pesquisas são ilustrativas para orientação de trabalhos mas não devem
ser consideradas em termos absolutos, pois, conforme mencionado, os levantamentos obedecem a
metodologias que muita vezes diferem umas das outras. Entretanto, os dados são importantes para
chamar a atenção para os problemas patológicos e suas causas e enfatizar a importância da
manutenção para permitir à estrutura resistir às ações de natureza diversas no decorrer de sua vida
útil.
O inicio da construção de Brasília ocorreu por volta de 1958. O objetivo desta construção era a
transferência da capital do país do Rio de Janeiro para a região Centro-Oeste. Brasília fazia parte
do plano de metas de Juscelino Kubistschek, então presidente do Brasil, que prometia fazer no
24
Brasil 50 anos em 5. Com isto Brasília foi planejada, projetada e em parte construída em 3 anos,
tendo sido inaugurada em 21 de abril de 1960, composta de muitos prédios destinados a órgãos
públicos, residenciais e monumentos. A maior parte de suas edificações são executadas
basicamente em concreto armado, com reduzido número de edificações em estrutura metálica e
concreto protendido.
O Departamento de Engenharia Civil da UnB vem desenvolvendo uma pesquisa para levantar e
quantificar os principais problemas patológicos encontrados nas edificações do Distrito Federal,
bem como suas causas, cujos resultados preliminares são descritos a seguir.
25
índice elevado, enquanto 23 % referem-se a mudanças de uso das edificações, fato corriqueiro,
principalmente por órgãos públicos, predominantes na cidade, constatando-se a cada mudança de
governo alterações significativas na utilização das edificações. Os erros de projeto participam
com 21 % dos 309 casos analisados. É importante observar que no levantamento dos dados,
ocorreu uma superposição de causas de problemas patológicos, acarretando com isso, um
percentual total maior que 100%.
A execução, apontada como maior responsável pelos defeitos nas edificações, aparece algumas
vezes associada às deficiências no nível de detalhamento dos projetos. No entanto, são a falta de
controle de qualidade de materiais e execução, as deficiências de mão de obra, a má
administração e a ausência de manutenção das estruturas os itens preponderantes no aparecimento
das principais patologias.
No que se refere ao controle de qualidade dos materiais utilizados nas edificações, outra pesquisa
do Departamento de Engenharia Civil da UnB (Clímaco,1994), mostra que em 1992 apenas 10%
do concreto estrutural utilizado na região do D.F. passou por controle tecnológico de recepção.
Isto indica, adicionalmente, falta de fiscalização da execução das obras pelos órgãos competentes,
reforçando ainda a necessidade de se introduzir agentes independentes no processo de controle de
qualidade, como por exemplo, as empresas seguradoras.
Os resultados obtidos pela pesquisa feita em Brasília não causam surpresa se comparados a dados
disponíveis no Brasil. Entretanto devemos observar alguns fatores específicos. Primeiro a
velocidade de execução das obras, desde o inicio da construção e a partir da década de 70, que foi
o "boom" da Construção Civil do Distrito Federal. Além disso, na maioria das construções com
mais de 30 anos o cálculo foi feito pela NBl/60, que introduziu o cálculo à ruptura, originando
peças mais esbeltas, sem exigir uma correspondente verificação rigorosa de flecha e fissuração
em serviço.
Outro aspecto que devemos observar é que os órgãos públicos, via de regra, não realizam
atividades de manutenção preventiva. São conhecidos os problemas com a falta de manutenção
em escolas e os graves problemas das obras rodoviárias. O patrimônio público vem se
deteriorando precocemente, com grande desperdício de recursos, e os usuários são submetidos a
desconfortos, quando não, a riscos de vida.
26
3.4 - IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO E RESPONSABILIDADE TÉCNICA
As pesquisas relatadas neste capítulo mostram uma preocupação em analisar as estruturas sob o
ponto de vista da qualidade das obras e das causas dos danos encontrados nas mesmas. No
entanto, observou-se que, a manutenção tem pouco destaque e algumas das vezes, sequer foi
considerada como causa de problemas patológicos, ficando mascarada no item uso/manutenção.
Atualmente, a manutenção vem merecendo uma maior preocupação na análise das manifestações
patológicas. Vale notar também que muitos dos problemas registrados, como erros de execução e
projeto, estão associados à não previsão de manutenção. Tal fato foi relatado nos levantamentos
mais recentes citados, da pesquisa da Região Amazônica e do Distrito Federal, onde os autores
ressaltam a importância da manutenção preventiva e corretiva das edificações.
É cada vez mais urgente criar uma consciência de que a manutenção é fundamental para que as
estruturas desempenhem as funções para as quais foram projetadas. Embora seja crescente o
reconhecimento da importância da manutenção estrutural, a precariedade da normalização e da
literatura técnica sobre o assunto atesta a necessidade de avanço no estado do conhecimento
sobre o tema. É essencial fazer prevalecer, na prática, o conceito que a vida útil das estruturas de
concreto, mesmo daquelas bem projetadas e construídas, depende muito de níveis adequados de
manutenção.
No que se refere aos defeitos em construções, assunto amplamente analisado nas pesquisas
abordadas neste capítulo, é também necessário enfatizar a questão das responsabilidades técnicas
dos envolvidos. Nesse sentido, vale ressaltar as citações do Professor Hely Lopes Meirelles, do
livro "Direito de Construir”, transcrita por Moraes (1992).
a) Erros de concepção
27
"Os erros de concepção ou de cálculo do projeto que afetem a segurança da obra tornam seus
autores responsáveis pelos danos deles resultantes. Perante o proprietário, responderá sempre o
construtor, no caso responsável técnico pela obra, mas com direito regressivo contra quem
elaborou o projeto e efetuou os cálculos, se os defeitos tiverem origem nas falhas desses
trabalhos. Além do construtor, se houver um profissional fiscal da obra, ele responderá também,
solidariamente com o construtor, porque ficam ambos vinculados profissionalmente à execução
da obra e tecnicamente empenhados na sua perfeição."
b) Erros de execução
"Os defeitos de execução do projeto são de responsabilidade exclusiva do construtor, que por eles
responde por cinco anos, se afetam a segurança da obra. Na execução do projeto o construtor fica
adstrito às indicações das plantas e às especificações do memorial descritivo, cumprindo-lhe
realizar os serviços com as cautelas e a técnica adequada ao trabalho. Desatendendo às normas
técnicas da construção ou executando infielmente o projeto com prejuízo para a solidez e
segurança da obra, incide o construtor em responsabilidade legal, por violação de dever
profissional imposto pela legislação reguladora dos trabalhos de Engenharia e Arquitetura, e se
sujeita, conseqüentemente, à reparação civil do dano".
28
4 - PARÂMETROS PARA METODOLOGIAS DE MANUTENÇÃO DE
ESTRUTURAS DE CONCRETO
o Código MC-90 (CEB, 1991) estabelece, em seu capítulo 13 - Manutenção, que "Estruturas
projetadas e construídas em conformidade com as provisões deste código devem ser
inspecionadas e mantidas tão freqüente e cuidadosamente quanto possível, tal que elas
continuamente preencham todos os requisitos relativos à funcionalidade e segurança
pretendidas". Prescreve ainda que "Particularmente, estruturas de maior importância ou sob
condições adversas devem, necessariamente, ser inspecionadas periodicamente, adotando-se os
testes de campo apropriados e estratégias de monitoramento".
Para estruturas convencionais, sob condições normais de serviço, os seguintes períodos de tempo
entre inspeções sucessivas competentes são recomendados pelo MC-90:
Para casas, escritórios, etc.: 10 anos
Para edifícios industriais : 5 a 10 anos
Para pontes de auto-estradas: 4 anos
Para pontes de ferrovias : 2 anos
Para pontes de rodovias: 6 anos
29
a) Nos casos em que a conformidade com as exigências fundamentais do projeto não esteja
devidamente assegurada a longo prazo, será conveniente estabelecer um plano de controle que
especifique as medidas de controle (inspeções) a adotar durante a vida da estrutura.
O disposto na letra b), acima, enfatiza a importância da elaboração, pelas empresas construtoras,
de projeto e de manutenção, de documentos do tipo "Manual do Proprietário", que permitam,
mesmo aos usuários leigos, um planejamento das ações básicas de manutenção da edificação,
cuja observância tomaria mais simples e eficaz a manutenção especializada.
O texto base para a revisão da NBl/78 (ABNT,1992), proposto para discussão, dedica um
capítulo específico à "Durabilidade", anteriormente descrito no item 2.3, e indica que será
também desenvolvido um capítulo sobre "Manutenção e inspeção periódica" das estruturas de
concreto ainda não divulgado.
No caso de manutenção de Obras de Arte, a ABNT estabeleceu uma norma específica, a NBR
9452 (ABNT 1986), com procedimentos para inspeção em pontes e viadutos, classificando os
tipos de vistorias em i) cadastral; ii) rotineira e iii) especial, e incluindo, em anexo, roteiros para
vistorias e um fluxograma detalhado para a vistoria especial. As disposições desta norma,
dirigidas especificamente a pontes e viadutos, apesar de conterem informações de interesse, não
são, de forma direta, aplicáveis a edificações usuais.
Como podemos verificar, a manutenção tem, recentemente, merecido destaque dos orgãos
normalizadores, embora ainda sejam incipientes as disposições referentes ao assunto. Vários
orgãos públicos, para atender às suas demandas, vêm desenvolvendo metodologias específicas
para inspeção e manutenção, tais como: a Eletronorte, na área de barragens (Almeida & Amaro,
1989); o Metrô de São Paulo, para vias permanentes (Macedo, 1989); a Sabesp, para
reservatórios e travessias (Birindelli et alli, 1994); e o DNER (1989) na área de obras de arte.
A metodologia recomendada pela Federação Internacional de Protensão (FIP, 1988) é,
presentemente, a mais abrangente e de maior interesse para aplicação em edificações usuais,
apesar do caráter de "guia" e não ter força de norma. Ela é direcionada a inspeção em estruturas
30
de concreto armado e protendido, estabelecendo intervalos de tempo para inspeção estrutural,
apresentados na Tabela 4.1.
Nessa metodologia, os intervalos de tempo para inspeção estrutural são definidos segundo
categorias de inspeção, a partir da classificação das estruturas em classes, combinadas aos tipos
de condições ambientais e de carregamento, na seguinte forma:
a) Categorias de inspeção:
investigações mais minuciosas dos elementos e das características dos materiais componentes da
estrutura;
Especial - realizada em situações não usuais, indicadas por inspeções rotineiras ou extensivas, ou
por causas acidentais envolvendo comprometimento de segurança ou funcionalidade.
b) Classes de estrutura:
Classe 1 - onde a ocorrência de uma ruptura possa ter conseqüências catastróficas e/ou onde a
funcionalidade da estrutura é de vital importância para a comunidade;
Classe 2 - onde a ocorrência de uma ruptura possa custar vidas e/ou onde a funcionalidade da
Classe 3 - onde é improvável que a ocorrência de uma ruptura possa levar a conseqüências fatais
e/ou onde um período com a estrutura fora de serviço possa ser tolerado.
31
Tabela 4.1 - Indicação de intervalos de inspeção (em anos)
Em 1987, foi instituído pelo RILEM o Technical Committee 104 - Damage classification of
concrete structures (104 - DCC), com a finalidade principal de buscar a unificação, a nível de
Europa, de métodos de teste e diagnóstico relacionados com a classificação de danos em
estruturas de concreto, considerando-se a importância de tornar as inspeções "in situ" de
estruturas e os eventuais reparos mais baratos e efetivos. Vários artigos relacionados com as
atividades do 104 - DCC enfatizam a necessidade e discutem as formas possíveis para sistemas de
classificação e avaliação quantitativa de danos em estruturas de concreto, com "o objetivo
primordial de minimizar a natureza subjetiva dos dados obtidos" (RILEM, 1991). Entretanto,
apesar dos esforços e avanços relatados, principalmente no que se refere à análise de estruturas de
obras de arte, estudo do processo de evolução da corrosão do concreto e avaliação de estruturas
afetadas por terremoto, são ainda incipientes as recomendações relativas à avaliação quantitativa
do desempenho de estruturas de concreto armado de edificações usuais.
32
No Brasil, foi desenvolvida uma metodologia por Klein et alli (1991), em convênio da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul com a Prefeitura de Porto Alegre, com o objetivo de
implementar um processo de vistorias sistematizadas em pontes e viadutos para manutenção
periódica e priorização das intervenções necessárias. Esta metodologia enquadra-se no acima
exposto, apesar de direcionada especificamente para a quantificação do nível de danos de
estruturas de concreto de pontes e viadutos, determinando um grau de risco, segundo critérios
para inspeção das obras de arte recomendados pelo DNER (1987) e a NBR 9452 (1986). Tendo
em vista seu interesse para o presente trabalho, serão resumidos a seguir os principais aspectos de
sua formulação.
1 - Instalações diversas.
2 - Encontros.
33
3 - Instalações pluviais e Pavimento.
4 - Juntas de dilatação e Aparelhos de apoio.
5 - Pilares, Vigas e Tabuleiros.
Grau de risco do elemento ( GRE ) : o grau de risco de um elemento isolado de uma estrutura é
definido pela expressão:
∑ ( FG x FI )
GRE = x 100 (4.1)
∑ ( FG )
GRF = ∑
n
δ i x GRE i
(4.2)
i=1 n
( n - m )+ 2
δ = para GRE > LIM (4.3)
2
34
δ =1 para GRE ≤ LIM (4.4)
k
∑ ( FR i x GRF i )
i=1
GR = k
(4.5)
∑ FR i
i=1
onde:
k - número de famílias de elementos presentes em cada obra.
FR - fator de relevância estrutural do elemento.
GRF - grau de risco da família de elementos.
Grau de Risco GR
Baixo 0 - 100
Médio 100 - 200
Alto 200 - 300
Crítico > 300
35
É ressaltado pelos autores que, nesta classificação, o termo "risco" não quer significar
necessariamente colapso da estrutura, mas sim um conjunto de disfunções acumuladas pela obra,
que a fazem merecer maior ou menor cuidado ou a brevidade de sua recuperação.
A metodologia apresentada foi aplicada em algumas obras de arte na cidade de Porto Alegre,
tendo sido relatada como eficiente em onze obras de grande porte, classificando-as, segundo os
autores, adequadamente de acordo com a gravidade de suas lesões.
Durante a inspeção, para a elaboração de diagnóstico com a determinação das possíveis causas de
dano e dos fatores que influenciam os danos, podem ser necessários, além da inspeção visual,
alguns ensaios que possam direcionar melhor os diagnósticos. Partindo desse pressuposto, Alonso
& Andrade (1992b) indicam alguns procedimentos que podem ser adotados nas vistorias de
estruturas:
− exame visual da estrutura, elemento por elemento, com o objetivo de identificar os sintomas e
36
a natureza do dano, verificando sua repetição na estrutura.
− observação de parâmetros específicos - alguns tipos de sintomas podem ser detectados
visualmente, tais como abrasão e erosão, presença e tamanho de fissuras, esfoliação,
desintegração da superfície do concreto (devido à ação de gelo-degelo, ataque por sulfatos,
reação álcali-agregado, ataque ácidos, etc) e manchas de corrosão.
− identificação da agressividade ambiental - deve ser avaliada com base nas condições de
exposição da estrutura, considerando o macro e micro-climas atuantes sobre a obra e suas
partes críticas (veja se item 4.2.3).
− retirada do recobrimento, em determinados pontos, para a observação das armaduras. Se
existir dano é importante definir a morfologia do ataque (localizado ou generalizado), cor dos
óxidos, medir a diminuição do diâmetro da armadura (o que permitiria um estimativa
aproximada da velocidade de corrosão média, caso se conheça o tempo transcorrido desde o
começo da deterioração). Sempre que possível, medir no local o potencial e a velocidade de
corrosão das armaduras no momento da inspeção.
− realização de ensaios a respeito do estado e composição do material, tais como:
− profundidade de carbonatação - verificar a carbonatação do concreto através do uso da
fenolftaleína para verificar e acompanhar a sua evolução;
− presença de cloretos e sulfatos - definindo se o agressivo está no concreto ou se está havendo
penetração do exterior; qualidade dos agregados, etc;
− qualidade do concreto: dosagem, porosidade, resistência, módulo de deformação, etc.
Para se tomar uma decisão adequada sobre a intervenção requerida é necessário avaliar a
capacidade resistente residual da estrutura. Para isso, são fundamentais as informações sobre as
características estruturais relativas à, rigidez e resistência na avaliação do nível de danos
estruturais ocorridos, como, por exemplo, o decréscimo da rigidez à flexão, ou da rigidez ao
esforço transverso, ou da rigidez axial das seções transversais (Souza, 1990).
4.2.2.1 - Preliminares
O concreto, embora tenha as características de uma pedra artificial e uma aparência de ser
37
perfeitamente compacto, sofre deterioração ao longo do tempo, devido às ações de agentes
externos (físicos, químico/biológico) que podem reagir com os produtos de hidratação do
cimento.
Estudos sobre as causas dos problemas patológicos em estruturas e técnicas de reparo são
diversos e extensos, embora importantes lacunas possam ser constatadas na literatura. Não é
objetivo do presente trabalho uma análise completa das causas de deterioração, mas sim uma
visão geral, indispensável ao estabelecimento de programas de manutenção de estruturas de
concreto.
4.2.2.2 - Fissuração
38
armaduras. A identificação dos mecanismos de fissuração é indispensável no correto diagnóstico
das causas de danos nas estruturas (Clímaco, 1990; Cánovas, 1988).
O Bulletin d'Information No. 182 do CEB (1989) apresenta uma classificação relevante de
fissuração não estrutural, mostrando, através de um esquema hipotético de estrutura, um resumo
da localização, causas, tempo de aparecimento e tipos mais comuns de fissuras, indicando ainda
em uma tabela as formas de intervenção.
Os principais tipos de fissura descritos sucintamente segundo os objetivos deste trabalho são:
Quando o concreto está fase de início de pega podem aparecer fissuras, mais ou menos
importantes, com características próprias, diferentes das fissuras que aparecem no concreto
endurecido. As retrações hidráulica e térmica, produzem encurtamento dos elementos estruturais,
que se converterão em tensões de tração e, talvez, em fissuras se o elemento estiver impedido de
deformar-se. Os tipos mais comuns de danos são ( Clímaco, 1990; Cánovas, 1988):
− fissuração de retração: usualmente causada pela perda rápida da água da mistura provocando
retração do concreto. A superfície do concreto retrai-se por uma rápida perda da água da
mistura. O diferencial de deformação desenvolve tensões na superfície do concreto que não
são absorvidas, excedendo os limites de ductilidade. As fissuras são geralmente pouco
profundas e longas, e aparecem em dois padrões: uma série de linhas paralelas, diagonais aos
boros das lajes, ou fissuras ao acaso, com um ângulo de 90o no cruzamento de duas fissuras.
Essas fissuras não são particularmente prejudiciais, mas tem abertura suficiente para
promover corrosão e são indício de concreto pouco resistente e permeável.
− fissuras de assentamento: associados com inadequada compactação e cobrimento do concreto.
Quando o concreto é adensado, a água tende a migrar para cima com os materiais sólidos
descendo. Quando este movimento é obstruído, em geral em regiões com grande
concentração de armaduras, fica obstruída a passagem da pasta, podendo o concreto fresco e
pouco resistente sofrer tensões suficientes para provocar fissuras. Essas fissuras são mais
comuns de ocorrer ao longo das barras grossas com cobrimento insuficiente e, nestes casos,
problemas de corrosão podem ocorrer.
− fissuras de movimentação de formas: formas com rigidez insuficiente e/ou inadequado
escoramento.
39
b) Fissuração em estado endurecido:
− fissuração por retração hidráulica: o efeito de secagem é tanto mais rápido quanto mais
elevada é a temperatura ambiente, o vento mais seco, e quanto maior é a relação superfície
livre/volume dos elementos, sendo portanto, mais freqüentes em lajes de concreto de pouca
espessura e de grande superfície livre. Aparecem nas primeiras horas de concretagem,
formam grupos com uma distribuição irregular cortando-se entre si em uma forma que lembra
um "mapeamento hidrográfico".
− fissuras térmicas da massa do concreto: a hidratação do cimento e, principalmente, a baixa
condutividade do concreto, ocasiona um gradiente térmico entre o interior da massa e as
superfícies, dando lugar a um esfriamento das camadas externas e, conseqüentemente,
retração das mesmas, enquanto o núcleo está ainda quente e dilatado, ocasionando fissuras.
− fissuras devido à variação de temperatura no ambiente: a diminuição de temperatura sobre
elementos de concreto endurecido provoca contrações que, se restritas, criarão tensões que
poderão levar à fissuração. Em geral, as fissuras são perpendiculares ao eixo principal do
elemento, podendo seccioná-lo. A falta, ou o mal funcionamento, de juntas de dilatação
poderá dar lugar a fissuras, se o concreto não puder resistir às tensões geradas. O controle da
fissuração térmica pode ser conseguido com um projeto estrutural que considere
adequadamente os movimentos da estrutura com previsão de juntas.
As tensões provocadas por cargas permanentes e sobrecargas podem causar fissuração e, deve-se
providenciar no projeto estrutural armação adequada, observando os limites de fissuração
estabelecidos por norma. Cabe lembrar, entretanto, que tais limites variam de norma para norma e
os modelos de cálculo usados para estimar fissuras não são precisos, principalmente para as
fissuras causadas por cargas variáveis e sua combinação ou pela influência de fatores como a
retração, temperatura, etc.
40
Figura 4.1 – Fissuras devido a carga imposta (modificada – CEB, 1989)
O controle de fissuras em projeto é bastante complexo e implicações estruturais sérias não devem
ser esperadas de fissuras excedendo marginalmente os limites de norma, se a armadura é
suficiente, e adequadamente colocada, e o cobrimento é compatível com o ambiente onde a
41
estrutura está situada. Os diferentes tipos principais de fissuras sob efeito de cargas são mostrados
na Fig. 4.1, transcrita do CEB - Bulletin d´Information No. 182 (1989).
Quando há corrosão das armaduras no interior do concreto, os óxidos que se formam são
expansivos, gerando grandes tensões. Isto provoca o rompimento do concreto, com o
aparecimento de fissuras e lascamento do concreto ao longo da armadura. As causas de corrosão
das armaduras serão abordadas com mais detalhe no item 4.2.2.5.
42
de desagregação localizada do concreto.
− ataque por ácidos: o ataque se produz sobre os componentes cálcicos procedentes da
hidratação do cimento tais como: o hidróxido de cálcio, os silicatos e aluminatos cálcicos
hidratados, dando lugar aos correspondentes sais cálcicos. O resultado dos ataques é a
redução da capacidade aglomerante da pasta de cimento provocando a desagregação dos
agregados do concreto.
− ataque por água do mar: contém sulfatos e íons de magnésio, além de cloreto de sódio, e
outros componentes de menor importância em relação ao ataque do concreto. Em princípio,
poderia se esperar que a composição de água de mar, fosse muito agressiva para o concreto;
no entanto, os cloretos diminuem a agressividade dos sulfatos, e o magnésio precipita-se com
o hidróxido, podendo colmatar os poros e impermeabilizar o material. Se a quantidade de
aluminatos no cimento é alta e o concreto de baixa qualidade será agravado o ataque por
sulfatos. O cimento Portland com quantidade moderada de aluminato e elevada
impermeabilidade assegurará suficiente durabilidade no concreto massa em obras marítimas.
Deve-se considerar também, neste caso, a possibilidade de ataques físicos (erosão e
recristalização dos sais) e de ataques biológicos.
As principais ações físicas que podem produzir danos importantes no concreto são (Clímaco,
1990; Cánovas, 1992):
a) Ações de gelo-degelo
A água ao congelar-se sofre um aumento no seu volume da ordem de 9%. Se ela penetra nos
poros abertos do concreto e os satura, existirá o perigo de que o incremento de volume de água
congelada crie pressões internas no concreto que podem provocar fissuras e escamações.
A abrasão, em geral, ocorre por forte contato e atrito de corpos ou partículas rígidas com a
superfície do concreto. A abrasão pode ser motivada pela passagem de veículos, deslocamento de
43
material soltos sobre canalizações, etc.. Também pode ser motivada por ações de partículas
pesadas suspensas na água e circulando com grande velocidade, como ocorre em canalizações e
estruturas marinhas, etc.
A abrasão por cavitação ocorre com águas sem partículas suspensas que circulam com grandes
velocidades em contato com a superfície do concreto, escavando ou arrancando, pouco a pouco, o
concreto, criando buracos de grandes dimensões. O fenômeno de erosão e cavitação é muito
influenciado pela resistência do concreto e pelas características dos agregados. Os danos
provocados por cavitação são mais freqüentes em obras hidráulicas.
Quando o cimento se combina com a água, seus diversos componentes se hidratam formando um
conglomerado sólido, constituído pelas fases hidratadas do cimento e uma fase aquosa que resulta
do excesso de água de amassamento, necessária para dar trabalhabilidade ao concreto. O concreto
resulta, portanto, em um sólido compacto e denso, porém poroso. A rede de poros permite que o
concreto apresente certa permeabilidade aos líquidos e gases. Assim, ainda que o cobrimento das
armaduras seja uma barreira física, esta é permeável, em certa medida, e permite o acesso de
elementos agressivos.
44
recoberto por uma capa de óxidos transparentes, compacta e contínua, que o mantêm protegido
por períodos indefinidos, mesmo em presença de umidades elevadas no concreto.
Carbonatação: é um processo de redução da alcalinidade do concreto que reage com o CO2, que
ao longo do tempo atinge a armadura, despassivando a camada protetora do aço e iniciando um
processo de corrosão generalizada. Uma característica deste processo é a existência de uma
"frente" que separa duas zonas com pH muito diferentes, uma com pH >13 e outra com pH <8.
Esta frente pode ser visualizada mediante um indicador, como a fenolftaleína, que se torna
incolor na zona carbonatada e toma uma cor vermelho-carmim na região que permanece alcalina.
A carbonatação depende de um número de fatores, que se adequadamente tratados podem evitar
ou minimizar o avanço da corrosão, que são (Andrade, 1992a):
-cobrimento do concreto adequado ao ambiente, principalmente quando agressivo e com
umidade;
-concreto com baixa permeabilidade;
-fissuras controladas com abertura não excedendo os limites de norma.
45
É importante que os mecanismos de deterioração e os parâmetros intervenientes, como, por
exemplo, a penetração de agressivos no concreto, seja estudada considerando as especificidades
de cada ambiente (macro e micro climas) e os materiais utilizados. A determinação dos
coeficientes de difusão nas edificações, principalmente o CO2, íons de cloretos, sulfatos, e o
conhecimento da qualidade da camada de recobrimento do concreto, torna-se imprescindível para
estabelecer parâmetros de analise, tanto para manutenção como para o cálculo da vida útil
residual de uma estrutura.
A maioria dos problemas envolvendo erros grosseiros, seja no projeto estrutural ou durante a
construção, envolve alguns dos seguintes problemas citados por Clímaco (1990):
- arranjo estrutural inapropriado;
- insuficiência ou inadequação das armaduras e detalhamento;
- qualidade do concreto inadequada;
- geometria inapropriada.
Entretanto, à parte dos erros grosseiros, uma estrutura pode se afastar de um padrão aceitável,
pela sua concepção e/ou detalhamento, por motivos muitas vezes não intencionais, como, por
exemplo, mudanças ao longo do tempo de disposições normativas. Alguns desses problemas são
listados a seguir (Clímaco, 1990):
A não observação dos diâmetros mínimos recomendados em norma para o dobramento das barras
de aço é um dos defeitos mais comuns em concreto armado. As recomendações de normas são
dirigidas para cobrir 3 possíveis problemas:
-evitar que as barras fissurem quando dobradas e venham a romper prematuramente
46
quando tracionadas;
-que o concreto rompa no interior do dobramento;
-que as barras rompam por fadiga em serviço.
É uma falha muito freqüente nas construções, mais comum em lajes do que em vigas. Pode ser
causada por detalhamento inadequado das barras superiores no cruzamento de membros com
armação muito congestionada. Uma influência considerável do problema pode ser o aparecimento
de largas fissuras no dobramento. O cobrimento excessivo das barras superiores da armadura
pode ser também uma redução da resistência ao cisalhamento com a diminuição da altura útil da
viga.
A interrupção prematura das barras da armadura principal pode causar fissuras de cisalhamento,
vizinhas às seções de interrupção, que podem desenvolver grandes aberturas e levar a ruptura,
mesmo com a armadura de cisalhamento projetada de forma conservativa. Os casos mais sérios
aparecem em vigas contínuas, onde ambas as armaduras, superior e inferior, podem ser
necessárias nas regiões de mudança de sinal do momento.
47
ser enfatizado, que algumas vezes, defeitos podem se originar de movimentos mesmo se os
requisitos das normas são observados, devido a restrições não consideradas de temperatura e
efeitos de retração em estruturas hiperestáticas ou simplesmente, não providenciando juntas
adequadas.
A exposição de uma estrutura ao meio ambiente é um dos fatores mais importantes a considerar
nas inspeções e avaliações das estruturas, principalmente porque certos tipos de ações químicas e
físicas, muita vezes não foram consideradas no projeto estrutural. Na literatura técnica, é usual
classificar as estruturas em classes, em função do nível de exposição ao meio ambiente.
A Tabela 4.2, mostra de forma resumida as diversas classes de exposição com as condições
ambientais. O Código Modelo MC-90 (1991) classifica as condições ambientais e respectivas
classes de exposição, conforme a Tabela 4.2, restringindo, entretanto, sua validade "à ausência de
um estudo mais específico".
48
Tabela 4.2 - Classe de exposição relativa às condições ambientais (modificada - CEB, 1991)
49
Na fase de iniciação, os agentes agressivos penetram lentamente através da microestrutura do
concreto e, quando atingem um limite, função das características do agressivo e do concreto, tem-
se o início dos danos. Nesta etapa, os danos são imperceptíveis e dificilmente detectados em
inspeções visuais. A velocidade de degradação é lenta e não representa comprometimento para a
vida útil da estrutura (Rostam, 1991).
D
Colapso ou perda
inaceitável
de funcionalidade
Deterioração
Vida útil
mudança de fase
Idade
iniciação propagação
50
planejamento de inspeção tem reflexos importantes nos custos de manutenção, pois intervenções
nesta etapa, que visam particularmente interromper processos de penetração dos agentes
agressivos, apresentam custos substancialmente mais baixos (Sitter, 1986).
A avaliação final e definitiva deverá, portanto, ser feita após vistoria especial e detalhada,
efetuada visualmente e complementada por ensaios e investigações de todos os parâmetros
característicos da obra: profundidade de carbonatação, perfil de penetração de íons cloretos,
mapeamento do potencial de corrosão, retirada de amostras para determinar a qualidade do
concreto (compactação, cura, microfissuras, relação água/cimento, reatividade dos agregados,
etc.) e análise dos documentos de projeto, execução, os estudos geotécnicos e outras informações
relevantes (Clímaco & Nepomuceno, 1994).
No caso de estruturas deterioradas, o CEB Bulletin d'Information No. 162 (1983) propõe que a
avaliação estrutural e decisão sobre níveis de aceitação e urgência de intervenção, sejam
definidas a partir de limites estabelecidos para uma relação de capacidade da estrutura ( v )
dada por :
R′
v= (4.1)
S′
onde:
R' = capacidade resistente residual da estrutura ou elemento estrutural;
S' = solicitação atuante na estrutura ou elemento, de acordo com as normas em vigor.
O CEB No. 162 estabelece que, para valores da relação de capacidade menores que 0,5 a
reparação deve ser imediata, o que em geral ocorre para construções antigas ou para danos mais
graves. Para valores maiores que 0,5 a intervenção poderia ainda esperar de 1 a 2 anos. De
qualquer modo, aspectos sociais, históricos e econômicos devem ter considerável influência na
decisão da urgência da intervenção.
Se a estrutura não estiver em níveis aceitável, necessitando ser reforçada ou reparada, algumas
medidas específicas podem restabelecer o coeficiente de capacidade a um valor próximo da
unidade (Souza, 1990):
-restringir a utilização, alterando o uso, ou diminuindo a sobrecarga;
51
-reduzir a vida útil requerida e aceitar controle periódico de um perito;
-modificar o sistema estrutural e/ou redistribuir os esforços (transformar um pórtico em vigas
simplesmente apoiadas);
-demolir pisos mais altos ou partes da construção;
-restaurar apoios ou a capacidade resistente de elementos danificados;
-substituir elementos fortemente danificados;
-reforçar a estrutura por adição de elementos ou pelo reforço de elementos existentes.
Através do estudo sobre a vida útil residual em estruturas, Somerville (1992) analisa a
necessidade de se criar procedimentos para avaliar e quantificar, através de vistorias rotineiras,
os mecanismos de deterioração de uma estrutura, considerando os efeitos isolados e em
combinação, e analisando outros fatores como:
a) definição da agressividade do meio ambiente (macro e micro-clima);
b) avaliação das propriedades dos materiais;
c) definição do mínimo aceitável para o desempenho estrutural.
Baseado no acima exposto, o objetivo da presente pesquisa é desenvolver uma metodologia para
quantificar o desempenho de estruturas de concreto armado de edificações usuais, determinando
seu grau de deterioração, visando subsidiar o diagnóstico e as eventuais intervenções, na direção
indicada pelo RILEM Technical Committee 104 (1991) de buscar estabelecer sistemas de
classificação e avaliação quantitativa de danos em estruturas de concreto que permitam minimizar
a natureza subjetiva dos dados obtidos de inspeção.
52
5 - METODOLOGIA PROPOSTA PARA MANUTENÇÃO DE
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO DE EDIFICAÇÕES USUAIS
5.1 - INTRODUÇÃO
53
anteriormente no Capítulo 4, item 4.3.
Com os dados obtidos nos levantamento, são montadas "matrizes de desempenho", segundo o
tipo de elemento estrutural e, através da utilização de uma formulação matemática simples,
facilmente programável em sistema computacional de pequeno porte, determina-se o grau de
deterioração dos elementos isolados e da estrutura como um todo.
54
Para cada elemento de uma família é elaborada uma matriz onde são listadas as possíveis
manifestações de danos, específicas daquela família, com o respectivo "fator de ponderação do
dano". Este fator, previamente estabelecido na matriz, visa quantificar a importância relativa de
um determinado dano no que se refere às condições gerais de estética, funcionalidade e segurança
do elemento.
Dessa forma, os fatores de ponderação dos danos são comuns para uma família de elementos
enquanto os fatores de intensidade vão depender da situação física específica e da gravidade dos
danos em cada um dos elementos da família.
Após o levantamento dos dados em campo, determina-se, para cada elemento de uma família, um
"grau de deterioração" individual e o conseqüente "grau de deterioração da família de
elementos". Obtidos os graus de deterioração das diversas famílias de elementos que compõem a
estrutura e entrando com um "fator de relevância estrutural da família", previamente
estabelecido segundo a importância relativa na funcionalidade e segurança estrutural, determina-
se finalmente, através de uma formulação matemática descrita a seguir, o "grau de deterioração
da estrutura".
55
ESTRUTURA
Introduzir - Fator de
relevância estrutural
da Família (Fr)
56
global, os aspectos de segurança, funcionalidade e estética da edificação. Nos itens a seguir são
definidos os parâmetros intervenientes e detalhados os diversos passos da metodologia proposta,
bem como apresentados exemplos de sua aplicação.
57
5.2.3 – Fator de ponderação do dano
Este parâmetro foi denominado "fator de gravidade do dano" na metodologia de Klein et alli
(1991). Adotou-se no presente trabalho a mesma escala de ponderação de Klein, variando de 1 a
10. Entretanto, os graus atribuídos às diversas manifestações de dano em cada família foram
alterados, buscando melhor refletir a realidade das estruturas convencionais de concreto armado,
com base na literatura pertinente, consultas a pesquisadores e profissionais da área de reparo
estrutural, e em ajustes resultantes de aplicações da metodologia a situações práticas.
A Tabela 5.1 mostra alguns tipos de matrizes, para as famílias de elementos mais comuns de
edificações usuais, com os danos possíveis e respectivos fatores de ponderação atribuídos no
presente trabalho. O Caderno de Inspeção do Anexo A apresenta todas as tabelas de elementos de
edificações usuais.
58
Tabela 5.1 – Famílias de elementos estruturais, danos e fatores de ponderação (Fp)
Pilar Vigas
DANOS Fp DANOS Fp
desvio de geometria 8 segregação 4
recalque 10 lixiviação 5
infiltração na base 6 esfoliação 8
segregação 6 desagregação 7
lixiviação 5 cobrimento deficiente 6
esfoliação 8 manchas de corrosão 7
desagregação 7 flechas 10
sinais de esmagamento 10 fissuras 10
cobrimento deficiente 6 carbonatação 7
manchas de corrosão 7 infiltração 6
fissuras 10 presença de cloretos 10
carbonatação 7 manchas 5
presença de cloretos 10
manchas 5 Cortinas
DANOS Fp
Laje sinais de esmagamento 10
DANOS Fp desvio de geometria 6
segregação 5 infiltração 6
lixiviação 3 segregação 5
esfoliação 8 lixiviação 5
desagregação 7 esfoliação 8
cobrimento deficiente 6 desagregação 7
manchas de corrosão 7 deslocam. por empuxo 10
flechas 10 cobrimento deficiente 6
fissuras 10 manchas de corrosão 7
carbonatação 7 fissuras 10
infiltração 6 carbonatação 7
presença de cloretos 10 presença de cloretos 10
manchas 5 manchas 5
59
5.2.4 – Fator de intensidade do dano
Entretanto, uma pontuação desse tipo pode resultar muito subjetiva caso não seja acompanhada
por uma classificação mais detalhada, onde se identifique o nível de gravidade das lesões e sua
evolução, segundo as características específicas, conforme recomendado pelo RILEM Committee
104 - Damage classification of concrete structures (RILEM, 1991). O presente trabalho propõe
uma classificação nesse sentido, mostrada na Tabela 5.2.
Como se pode observar na Tabela 5.2, quando um dano for classificado com um fator de
intensidade 4,0, a situação do elemento é crítica, com relação àquele dano e, neste caso, deve
haver intervenção imediata no elemento para reparar aquele problema específico. Por exemplo, se
a infiltração de água em uma laje é crítica ela agravará os demais danos e, portanto, sua reparação
é condição "sine qua non" para evitar o agravamento da deterioração.
60
Tabela 5.2 - Classificações dos danos e fatores de intensidade (Fi )
61
Tabela 5.2 - Classificações dos danos e fatores de intensidade (Fi ) (cont.)
Outro aspecto que deverá ser considerado nas inspeções dos elementos da estrutura é a
possibilidade de superposição das manifestações do dano. Quando, por exemplo, o dano com
intensidade alta for a carbonatação e o elemento possuir o dano manchas de corrosão com
intensidade baixa, deverão ser considerados os dois danos, pois a manifestação de manchas de
corrosão pode estar em seu início e ser agravada à medida que a frente de carbonatação for
62
avançando no elemento, contribuindo para o agravamento do processo de corrosão das
armaduras. Por outro lado, se o dano manchas de corrosão tem intensidade alta, sem presença de
cloretos, e for constatada a carbonatação em fase adiantada, não deve haver superposição pois o
primeiro dano, provavelmente, é conseqüência do segundo.
A Fig. 5.2. mostra a formulação proposta para o cálculo do grau de um dano com a ponderação
mais desfavorável possível, fator Fp = 10. As fases de iniciação e propagação do dano são
representadas nas abcissas em uma escala de 0 a 4, segundo o fator de intensidade ( Fi ),
adotando-se como abcissa de "mudança de fase" o valor 2,5, intermediário entre o fator 2,0,
indicativo de lesões toleráveis, e 3,0 de lesões graves. O gráfico estabelece um limite máximo
D = 100 para o grau de dano correspondente a Fi=4, estado crítico de uma manifestação de dano.
63
D
Colapso ou perda
inaceitável
de funcionalidade
100
D = 60 Fi - 140
D = 4 Fi
10 mudança de fase
Fi
0 1 2 2,5 3 4
iniciação propagação
Por outro lado, para D > 10, a propagação do dano é mais rápida e aguda, devendo-se neste
trecho prever limites a partir dos quais a intervenção passa a ser necessária, urgente e
imprescindível à funcionalidade ou segurança, ou mesmo indicando o estado crítico do elemento.
Dessa forma, o grau do dano, para Fp = 10, será dado pelas expressões:
64
Para danos com fator de ponderação inferiores ao máximo, isto é, Fp < 10 , o grau do dano será
obtido através da multiplicação das expressões correspondentes a cada fase, (5.1) e (5.2), pela
razão Fp / 10 :
D = 0,4 F i . F p (5.3)
D = ( 6 F i 14 ) F p (5.4)
Portanto, da formulação proposta, o grau do dano será uma função de duas variáveis, o fator de
ponderação ( 0 ≤ Fp ≤ 10 ) , inerente a cada manifestação de dano e pré-estabelecido para a
família, e o fator de intensidade do dano atribuído pelo profissional responsável pela inspeção
estrutural, conforme a Tabela 5.2 ( 0 ≤ Fi ≤ 4 ) . Assim, a representação gráfica do grau do dano,
D , seria dada por um volume, cuja interseção com o plano Fp = 10 resultaria na Fig.5.2.
G de = D mx para m ≤ 2 (5.5)
m 1
∑ D(i)
i=1
G de = D mx+ para m > 2 (5.6)
m 1
onde:
Di = grau do dano de ordem (i)
65
A justificativa para a formulação acima é que, num elemento com dois danos, deve prevalecer, do
ponto de vista de avaliação de sua deterioração, aquele dano cujo grau do dano é maior. Não faria
sentido adotar qualquer tipo de média que resultasse inferior ao maior grau do dano no elemento
ou somar os graus dos danos. Em qualquer dos dois casos poder-se-ia ter uma idéia errônea do
estado físico da peça. Optou-se, então, neste caso, pela adoção do grau de deterioração do
elemento como igual ao maior grau do dano.
Entretanto, sendo maior que dois o número de danos do elemento, cabe uma avaliação mais
precisa da influência da superposição dos demais danos detectados. Decidiu-se assim pela
formulação da expressão (5.6), obter-se o grau de deterioração do elemento, Gde, através da soma
do grau máximo dos danos na peça com a média aritmética dos graus dos demais (m - 1) danos.
Em outras palavras, o dano maior seria "agravado" pela soma da média dos graus dos demais
danos.
66
Tabela 5.3 - Classificação dos níveis de deterioração do elemento
O "grau de deterioração de uma família" ( Gdf ) é definido como a média aritmética dos graus de
deterioração daqueles elementos que apresentem danos expressivos. Ou seja, o cálculo do grau de
deterioração da família deve evidenciar os elementos mais danificados e não ser mascarado por
aqueles elementos com deterioração de menor grau.
Para caracterizar os assim denominados "danos expressivos", buscou-se uma definição para um
valor limite do grau de deterioração do elemento. Assumindo a hipótese, nas matrizes das
diferentes famílias de elementos, da ocorrência simultânea de todos os danos possíveis com um
fator de intensidade Fi = 2,5, valor hipotético correspondente à mudança da fase de iniciação para
a de propagação do dano, resultou de todos os cálculos um valor aproximadamente constante,
ligeiramente superior a Gde = 15 . Este valor, considerado então como um limite, mostrou-se
consistente, isto é, levou as conclusões adequadas sobre os elementos mais danificados e
indicando a necessidade de intervenção nas obras onde foram aplicadas esta metodologia.
Assim, tomando-se a média aritmética dos graus de deterioração apenas daqueles elementos com
Gde ≥ 15 , tem-se a expressão do grau de deterioração da família dada por:
n
∑ G d e (i)
i= 1
Gd f = (5.7)
n
onde:
n: número de elementos componentes da família com Gde ≥ 15 .
A presente formulação é diferente da proposta por Klein et alli (1991), que adota um coeficiente δ
67
para evidenciar os elementos de uma família com danos mais expressivos. Por outro lado, estes
autores trabalharam com a média de todos os graus de deterioração dos elementos o que pode
resultar, segundo simulações efetuadas no presente trabalho, inadequado. Optou-se aqui por
trabalhar apenas com aqueles elementos com danos acima de um determinado limite pré-fixado,
por acreditar que estes serão os de maior influência sobre o grau de deterioração da família e nas
decisões sobre a necessidade e momento mais adequado para intervenção.
Quando em uma família de elementos verificar-se graus de deterioração Gde < 15 para todos os
elementos, o grau de deterioração da família será Gdf = 0, não contribuindo para o cálculo do grau
de deterioração da estrutura.
Alterações em alguns desses fatores, ou mesmo inclusões de outras famílias de elementos, podem
ser necessárias conforme o sistema estrutural em análise.
68
5.2.9 - Grau de deterioração da estrutura
O grau de deterioração da estrutura como um todo ( Gd ) é definido como uma função dos
diferentes graus de deterioração das diversas famílias de elementos da edificação, afetados pelos
respectivos fatores de relevância estrutural, na forma proposta por Klein et alli (1991).
Considerando o conjunto de todas as "k" famílias de elementos que compõem um estrutura tem-
se:
k
∑ F r (i) . G df (i)
i=1
Gd = k
(5.8)
∑ F r (i)
i=1
onde:
k : número de famílias de elementos presentes na edificação;
Fr : fator de relevância estrutural de cada família;
Gdf : grau de deterioração da família
Obtido o valor de Gd , da equação 5.8, uma estrutura pode ser classificada, segundo uma escala,
como a mostrada pela Tabela 5.4, em quatro níveis de deterioração, que indicam a situação atual
da estrutura e as medidas de intervenção que deverão ser tomadas, a médio e curto prazo,
objetivando uma manutenção adequada para a estrutura.
Cabe ressaltar que a Tabela 5.4 apresenta as medidas recomendadas segundo o nível de
deterioração da estrutura como um todo. Entretanto, conforme mencionado nos itens 5.2.4 e
5.2.6 (Tabela 5.3), cabe frisar a importância da análise individual dos Gde, pois pode ser
recomendada a intervenção imediata ou a curto e médio prazo em elementos isolados da
69
estrutura, dependendo do fator de intensidade de um dano ou do grau de deterioração do
elemento. Ou seja, o nível de deterioração de uma estrutura pode ser aceitável do ponto de vista
global mas haver necessidade de intervenção em elementos isolados.
5.3.1 - Introdução
1º) Análise do projeto arquitetônico e estrutural, como preparação para efetuar a inspeção visual,
através de:
identificação do sistema estrutural;
divisão da estrutura em módulos, de preferência delimitados pelas juntas de dilatação da
estrutura;
identificação de todos os elementos estruturais através de legendas que facilitem a inspeção.
2º) Inspeção dos elementos estruturais, utilizando o caderno de inspeção que contém as matrizes
com as possíveis manifestações patológicas de cada elemento (ver Anexo A), visando:
identificar visualmente os danos das peças estruturais;
classificar os danos, atribuindo a cada um deles um fator de intensidade ( Fi ), conforme Tabela
5.2 .
70
3º) Realizar, quando necessário, ensaios simples de caracterização de propriedades dos materiais,
como, por exemplo, para determinação da profundidade de carbonatação, utilizando fenolftaleína,
realizado em uma das obras analisadas;
4º) Tratamento dos dados coletados, podendo ser usados programas elaborados para este fim, ou
mesmo planilhas eletrônicas, para o cálculo dos grau de deterioração do elemento, família e da
estrutura. Na presente pesquisa foi usado o programa Excel, planilha eletrônica da Microsoft.
Caso não se disponha de computadores as matrizes do caderno de inspeção podem ser analisadas
com facilidade por cálculos manuais.
6º) Elaboração das conclusões a partir da determinação dos graus de deterioração dos elementos,
das famílias e da estrutura.
A construção do prédio foi iniciada em maio de 1974 e concluída em setembro de 1976, tendo
sido paralisada de julho de 1975 a julho de 1976, por motivo de falta de recursos. A empresa
construtora foi a Construtora Loyo S.A. com a fiscalização a cargo da UnB.
Os documentos relativos a Projeto de arquitetura, estruturas, fundações e instalações, bem como
os diários da obra, laudos de sondagens e especificações dos materiais encontram-se arquivados
na Prefeitura do Campus da UnB.
Durante a utilização do prédio não houve alteração da destinação para o qual foi projetado, nem
71
indícios de intervenção na estrutura. Foram detectados, em alguns trechos da laje de cobertura,
remendos na impermeabilização que, no entanto, não foram feitos adequadamente, tendo em vista
os consideráveis problemas de infiltração detectados.
A segunda etapa da aplicação da metodologia iniciou-se pela análise dos projetos de arquitetura e
estrutural, para a identificação do sistema estrutural. A estrutura foi dividida em 6 (seis) módulos
com os seus elementos identificados e numerados para efeito da inspeção.
a) Elemento laje-calha:
Os resultados da inspeção visual e a pontuação para cada dano encontrado em uma laje do tipo
"calha" (cobertura ao redor de um shed de iluminação) constam da Tabela 5.5. Devido à
impermeabilização deficiente da laje, foram constatadas várias manchas de infiltração,
classificadas com o fator de intensidade Fi = 2 (manchas pequenas). Em conseqüência da
constante penetração de água e alto teor de umidade, o ambiente pode ser classificado como
agressivo, principalmente considerando a possibilidade de haver carbonatação, tendo sido
atribuído aos danos eflorescência e manchas de corrosão Fi = 3 . Às fissuras presentes foi
atribuído o fator Fi = 2, bem como ao cobrimento deficiente, certamente responsável pelo
agravamento dos danos.
Quanto ao dano "carbonatação", apesar de existente, não foi atribuída intensidade para evitar
superposição com a corrosão, já considerada com Fi = 3. Esta observação vale para várias das
tabelas subseqüentes.
A tabela apresenta os valores do grau do dano, D , calculados para cada dano. A maior pontuação
ocorreu para manchas de corrosão com D = 28 , devido ao alto fator de ponderação do dano no
elemento (Fp = 7), conjugado à também alta intensidade verificada. Apenas este dano responde
72
no cálculo por aproximadamente 80% do valor do grau de deterioração do elemento. O dano
eflorescência também classificado com intensidade três tem menor fator de ponderação, o que
resulta em menor influência no grau de deterioração do elemento.
O exemplo mostra que elementos com danos de grande intensidade Fi , combinados com alto
fator de ponderação Fp , são preocupantes e preponderantes no cálculo, certamente levando a
altos valores do Gde.
b) Elemento laje:
Uma laje do teto do pavimento térreo (L2a - módulo 4 - Anexo B) apresentou na inspeção
algumas situações interessantes para classificação dos danos, valendo ser apresentada como
exemplo:
− grande infiltração, chegando na época das chuvas, a motivar a interdição da sala de aula.
Atribuiu-se a intensidade máxima Fi = 4 para o item infiltração o que caracteriza
necessidade de intervenção urgente no elemento.
73
− manifestações leves de manchas de corrosão e fissuras estabilizadas., recebendo o fator
intensidade dois, sendo as lesões classificadas como toleráveis.
A matriz dos resultados da inspeção desta laje consta da Tabela 5.6. A presença de um dano no
estado crítico, como é o caso da infiltração, levou a um alto grau de deterioração, Gde = 66,8.
Este valor classifica o elemento no nível de deterioração alto, na faixa 50 < Gde < 80 , segundo a
Tabela 5.3, confirmando a necessidade de intervenção em curto prazo.
É importante observar deste exemplo que a metodologia não está preocupada somente com os
aspectos de segurança, mas também com os aspectos de estética e funcionalidade, mesmo não
havendo problemas estruturais imediatos que comprometam a segurança. Ou seja, uma
intervenção adequada e simples nesta laje, corrigindo os problemas de infiltração, já indicada
pelo fator de intensidade quatro, com certeza diminuirá o seu grau de deterioração.
c) Elemento viga:
Para exemplo da aplicação da metodologia tomou-se a Viga 1 (Shed 3 - Pav. Térreo - Mod.1 -
Secretaria). Na inspeção foram observados os danos seguintes:
− fissura estabilizada com abertura excessiva. Origem provável no projeto estrutural, na
74
concepção e por deficiência de armadura transversal de cisalhamento. Trata-se de uma viga
secundária, sem grandes responsabilidades estruturais. Porém, no que se refere à
durabilidade, é bastante grave, apresentando sinais de degradação do concreto e corrosão da
armadura, agravado pelo ambiente com umidade constante em períodos de chuva. Atribuiu-se
a pontuação três para a intensidade do dano (fissura com abertura excessiva estabilizada;
− eflorescência de intensidade alta com manchas de corrosão e grande intensidade de manchas
brancas e alto índice de carbonatação localizada no concreto vizinho à armadura. Causa
provável nas grandes infiltrações da laje sobre a viga associado à camada de concreto de
cobrimento deficiente. Adotou-se para o item eflorescência o fator de intensidade de grau
3(três). Para a carbonatação, localizada, atingindo a armadura e ambiente úmido, foi adotada
a intensidade três. Observou-se, para o cobrimento Fi = 1 e para as manifestações leves de
manchas de corrosão Fi=2. Diferentemente do enunciado no (item a), a carbonatação foi aqui
considerada, em virtude de ser agravante das manifestações ainda leves de manchas de
corrosão. Os resultados da inspeção e dos ensaios estão refletidos na Tabela 5.7.
Em razão de três danos com fator de ponderação médio (5) e alto (7 e 10) apresentarem a
classificação de "lesões graves" (fator de intensidade 3) obteve-se para o elemento um grau alto
de deterioração, Gde = 54, sendo recomendada intervenção de curto prazo no elemento,
principalmente por questões de durabilidade, visto ser o elemento de importância secundária na
estrutura.
75
Para os demais elementos da estrutura seguiram-se os mesmos procedimentos dos exemplos
apresentados. Dessa forma, foram calculados os graus de deterioração de cada elemento
inspecionado e das respectivas famílias. O resumo dos resultados do cálculo dos graus de
deterioração, Gdf , das diversas famílias de elementos da estrutura em questão, com seus
respectivos fatores de relevância, Fr , são apresentados na Tabela 5.8 abaixo, onde também se
apresenta o resultado final do cálculo do grau de deterioração de toda a estrutura , Gd .
76
com aproximadamente 14.000 m2. Foi objeto de inspeção apenas a prumada central da edificação,
situada entre duas juntas de dilatação, com aproximadamente 4670 m2, constituída pelo térreo
(recepção e recreação) e garagem comuns e por 2 apartamentos/andar, com sala, 4 quartos, 2
banheiros, lavabo, cozinha, copa, área de serviço e dependências.
As informações da Prefeitura do Campus da UnB indicaram ter sido a obra licitada e contratada
pela Novacap (Orgão do Governo do D.F.), com a fiscalização da UnB pela Prefeitura
Universitária. O recebimento da obra deu-se em 1970 com a construção a cargo da atual
Construtora Serveng-Civilsan S.A.
Devido à falta de recursos a obra ficou um período paralisada, não se obtendo ao certo o tempo
de paralisação. Não foi possível encontrar os arquivos da obra, tendo os dados sido obtidos
através de entrevistas. No que diz respeito aos projetos, alguns foram extraviados, encontrando-se
na Prefeitura do Campus apenas as cópias de alguns projetos, mesmo estes incompletos.
Também, não se tem registros dos problemas que possam ter ocorrido à época da construção.
Com relação às características da edificação, um dos aspectos que chamou a atenção foi a
utilização de uma laje dupla, a inferior em concreto moldado no local e a superior pré-fabricada,
como solução para a passagem de tubulações hidráulico-sanitárias provenientes das áreas
molhadas, tendo sido usado forro de gesso nos ambientes comuns, como por exemplo quarto e
sala. Em função disto, os problemas de infiltração causados por rompimentos de tubulação são
uma constante na edificação, principalmente no pilotis (térreo).
A segunda etapa da aplicação foi a análise dos projetos de arquitetura e estrutura disponíveis,
para identificação do sistema estrutural. Os elementos da parte da estrutura escolhida para análise
foram identificados e numerados para inspeção. Após esses procedimentos, efetuou-se a inspeção
visual de todos os elementos.
77
a) Elemento laje:
Este exemplo relata a aplicação da metodologia à laje do pilotis (teto do térreo) que recebeu a
identificação L9 (Anexo C). Na inspeção visual foram observados os aspectos seguintes,
importantes para classificação dos danos existentes:
− a concepção do projeto arquitetônico e estrutural desta edificação é um exemplo de como não
se pensava em manutenção estrutural àquela época. A solução adotada para a passagem de
tubulações das áreas molhadas, anteriormente mencionada, ocasiona vazamentos constantes
nas tubulações, cujos reparos são feitos através do piso, por ser mais fácil quebrar a laje pré-
fabricada do que a de concreto estrutural. Em conseqüência das dificuldades na correção dos
vazamentos e pelo fato de sua ocorrência no teto do térreo não interferir em nenhum
apartamento, a recuperação não é executada provocando grandes infiltrações, com danos
preocupantes;
− a estrutura apresenta infiltração generalizada provocando problemas de corrosão de
armaduras em várias peças, algumas com destacamento do concreto, e presença de fissuras
estabilizadas porém com aberturas excessivas.
Conforme pode ser visto na Tabela 5.9, o fator de intensidade máxima (quatro) foi atribuído ao
dano infiltração - necessidade de intervenção urgente, no que diz respeito à durabilidade do
concreto e funcionalidade da estrutura, embora não havendo comprometimento aparente de
ordem estrutural a curto prazo.
O fato de ter ocorrido o dano mencionado, com fator de intensidade crítico, recomendando
intervenção imediata, combinado com outros danos, alguns em estado grave, levou a se obter um
grau de deterioração do elemento, Gde = 80,2 , que o classifica no nível crítico. Este valor de Gde
vem confirmar a necessidade de intervenção imediata no elemento.
78
Tabela 5.9 - Laje
Nome do Elemento L9
Local SQN 107 / H / pilotis
Danos FP Fi D
segregação 5 0
eflorescência 3 2 2,4
esfoliação 8 2 6,4
desagregação 7 0
cobrimento deficiente 6 3 24
manchas de corrosão 7 3 28
flechas 10 0
fissuras 10 3 40
carbonatação 7 0
infiltrações 6 4 60
presença de cloretos 10 0
manchas 5 0
Gde 80,2
É importante observar deste exemplo que qualquer dano que ocorra com fator de intensidade ( Fi)
crítico, caso seja associado a outros danos de intensidade média ou alta, levará a um alto valor
para o grau de deterioração do elemento, principalmente em se tratando de danos com fatores de
ponderação ( Fp ) elevados.
b) Elemento viga:
Conforme mostra a Tabela 5.10, construída para uma das duas vigas citadas, atribuiu-se o valor
máximo para o fator de intensidade Fi = 4, para o dano manchas de corrosão, na realidade
ocorrendo corrosão acentuada da armadura principal. Atribui-se ao dano esfoliação o fator Fi = 3,
em virtude de lascamento do concreto em grande proporções, com exposição das armaduras. Ao
79
dano infiltração atribui-se Fi=2, pela presença de pequenas manchas na superfície inferior da
viga.
Nome do Elemento V 1s
Local SQN 107 / H / subsolo
Dano Fp Fi D
segregação 4 - 0
eflorescência 5 - 0
esfoliação 8 3 32
desagregação 7 - 0
cobrimento deficiente 6 3 24
manchas de corrosão 7 4 70
flechas 10 - 0
fissuras 10 - 0
carbonatação 7 - 0
infiltração 6 2 4,8
presença de cloretos 10 - 0
manchas 5 - 0
Gde 93,3
c) Elemento pilar:
80
dimensões suficientes, numa análise superficial, estando ligado à cortina e suportando apenas as
cargas do piso do térreo, não sendo, provavelmente, o esmagamento devido ao carregamento, mas
sim à abrasão.
O pilar tem, portanto, um nível de deterioração crítico, conforme a Tabela 5.3, com o grau de
deterioração Gde >80, recomendando intervenção imediata. O caso deste pilar é extremamente
grave, inclusive com risco de colapso localizado, caso medidas urgentes não sejam tomadas.
81
Tabela 5.12 - Grau de deterioração da estrutura - SQN 107 /H
Os resultados apresentados na Tabela 5.12, indicam para o prédio da SQN 107 Bloco H um grau
de deterioração da estrutura alto, segundo a Tabela 5.4, o que recomenda para a estrutura
observação periódica e necessidade de intervenção em curto prazo. Para determinados elementos,
caso da laje do item a),viga do item b) e pilar do item c), mencionados anteriormente, cujo nível
de deterioração é crítico com Gde ≥ 80 , é recomendável a intervenção imediata para restabelecer
a sua integridade e garantir a segurança e durabilidade. No caso particular do pilar P1s, do item
c), a situação é bastante grave e mais urgente a intervenção.
5.3.4 - Conclusão
Observa-se que das duas edificações inspecionadas, a primeira apresenta grau de deterioração
médio, recomendando intervenção a médio prazo, e a outra alto, intervenção a curto prazo,
Entretanto, alguns elementos isolados, apresentam danos de intensidade máxima e um grau de
deterioração crítico indicando necessidade de intervenção imediata.
82
As manifestações patológicas no primeiro estudo de caso, estão em grande parte relacionadas à
concepção adotada no projeto arquitetônico da cobertura da edificação, que é altamente suscetível
ao aparecimento de problemas de infiltração. No segundo estudo, o dano apresentado nos pilares
do subsolo, descritos na letra c) do item 5.3.3, caracterizam erro de concepção do projeto
estrutural, devido à ausência de juntas de dilatação nos pilares.
A metodologia aplicada nos dois estudos de casos, após várias etapas de aferição e ajustes na
formulação proposta, apresentou bons resultados e mostrou-se consistente, pois as conclusões
obtidas refletiram o estado de deterioração em que se encontram as estruturas, com
recomendações técnicas que podem ser facilmente constatadas por profissionais da área de reparo
estrutural.
83
6 - CONCLUSÕES
6.1 - INTRODUÇÃO
Este trabalho teve como objetivo principal o desenvolvimento de uma metodologia para a
manutenção de estruturas de concreto armado de edificações usuais, procurando preencher uma
lacuna existente, não só nas práticas correntes dos usuários das edificações e do meio técnico
envolvido com a tecnologia e indústria da construção, como nas próprias normas brasileiras.
A pesquisa parte da identificação das manifestações de defeitos mais encontradas nas estruturas
de concreto armado de edificações usuais e busca estabelecer procedimentos de inspeção e
avaliação das estruturas, através da determinação de graus de deterioração da estrutura e de seus
elementos isolados, com o intuito de subsidiar planos de manutenção das estruturas ao longo do
tempo.
As estruturas de concreto armado sofrem, além das ações mecânicas impostas, as ações de
agentes físicos, químicos e biológicos, que vão contribuir para a deterioração do concreto e das
armaduras ao longo do tempo. É essencial considerar corretamente, ainda na fase de projeto,
84
todos os conjuntos de ações que possam atuar durante a vida útil prevista bem como planejar as
estratégias para a manutenção preventiva da estrutura.
Nesse sentido, as normas e códigos recentes sobre projeto e execução de estruturas de concreto
vêm dedicando capítulos específicos ao assunto. Este é o caso do Código Modelo MC-90, do
CEB-FIP (1991). O texto base para revisão da NB-1/78 (ABNT,1992), proposto para discussão,
acrescenta um capítulo dedicado a durabilidade. No entanto, no que se refere às disposições sobre
programas de manutenção, a norma não apresenta proposta, indicando apenas uma possibilidade
de inclusão em um dos capítulos futuros.
Apesar de cada vez mais clara, para pesquisadores de estruturas de concreto e de tecnologia das
construções, a necessidade da manutenção estrutural como requisito essencial para que as
edificações tenham a durabilidade assegurada, estes conceitos são ainda recentes do ponto de
vista científico, mesmo a nível internacional, devendo ser ainda motivo de extensos estudos e
pesquisas.
O conhecimento sobre a evolução de defeitos nas construções, analisando a causa e/ou causas
coadjuvantes dos mesmos, é importante fonte de ensinamento para a Engenharia, no sentido de
possibilitar sua correção e evitar sua reprodução futura.
Uma análise da metodologia adotada na maioria das pesquisas sobre defeitos em estruturas
85
mostra uma preocupação acentuada com a qualidade das obras e causas de danos, observando-se,
no entanto, que a manutenção recebe pouco destaque como responsável pela durabilidade
estrutural. Algumas vezes, sequer foi considerada como causa de problemas patológicos, ficando
mascarada no item utilização, ocupação ou uso/manutenção. Mais recentemente, entretanto, a
manutenção vem merecendo maior atenção, inclusive pela constatação que muitos dos problemas
estruturais registrados como erros de projeto ou de execução estão, na realidade, associados à não
previsão de manutenção. Tal fato foi relatado em pesquisas desta natureza na Região Amazônica
(Aranha & Dal Molin, 1994) e no Distrito Federal (Campos & Valério, 1994), onde se ressalta a
ausência de manutenção preventiva como causa importante na deterioração precoce das
edificações.
86
estabelecimento de estratégias de manutenção. No entanto, devido às especificidades da tipologia
das estruturas de obras de arte, a metodologia não se mostrou adequada para aplicação direta em
estruturas de edificações usuais.
A metodologia baseia-se na formulação proposta de Klein et alli (1991), descrita no ítem 4.1.2,
modificada e ampliada através de uma analogia com o modelo desenvolvido por Tuutti (1982)
para corrosão de armaduras, generalizado pelo Código Modelo MC-90 do CEB-FIP (1991) aos
demais tipos de degradação das estruturas. Segundo este modelo, a deterioração se desenvolve
em duas etapas distintas, iniciação e propagação dos danos. Na fase de iniciação, os danos são
imperceptíveis, a velocidade de degradação é lenta e não representa comprometimento para a
vida útil. Na propagação, a existência de fatores acelerantes do processo de deterioração leva ao
aumento da velocidade de degradação podendo, mesmo, comprometer a capacidade portante da
estrutura.
A estrutura é dividida em "famílias" de elementos, montando-se para cada elemento uma matriz
de desempenho, onde constam os "fatores de ponderação" relativos a cada dano típico do
elemento. São atribuídos pelos profissionais responsáveis, segundo critérios pré-estabelecidos em
um Caderno de Inspeção, os "fatores de intensidade" dos danos. Calculado o grau do dano,
determina-se, para cada elemento, um grau de deterioração individual, os resultantes graus de
deterioração das famílias de elementos e, finalmente, o grau de deterioração da estrutura.
87
mais significativos, considerando-se os aspectos de segurança, funcionalidade e estética da
edificação.
A metodologia, após várias etapas de aferição, foi aplicada às estruturas de duas edificações de
propriedade da UnB, uma escolar e a outra residencial, apresentando bons resultados, pois as
conclusões obtidas refletiram o estado de deterioração das estruturas, com conclusões que podem
ser facilmente referendadas por profissionais da área de reparo. As principais considerações são
abaixo apresentadas:
88
E ressaltando o número limitado de aplicações e a necessidade de mais testes para ajustar a
formulação e os parâmetros empregados, pode-se concluir dos resultados das aplicações que a
metodologia demonstrou utilidade prática na avaliação do desempenho de estruturas de concreto
armado de edificações usuais, fornecendo dados relevantes sobre o nível de deterioração e
indicando diretrizes sobre as medidas a se adotar.
São apresentadas, a seguir, algumas sugestões para pesquisas que poderão dar seqüência a este
trabalho.
89
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ABNT (1992), "Texto base para a revisão da NB-1/78: Projeto e execução de obras de concreto
armado (NBR 6118)", Novembro.
ALMEIDA, P.E.D. & AMARO P.R. (1989), "Aplicação de um plano de inspeção e manutenção
na Usina Hidrelétrica de Tucuruí", X Simpósio Nacional de Tecnologia da Construção
Civil - A Manutenção na Construção Civil, pp 2-23, EPUSP, S. Paulo, Novembro.
ANDRADE, C. (1992a), " Manual para diagnóstico de obras deterioradas por corrosão de
armaduras ", Editora Pini, S. Paulo, 104 p.
BIRINDELLI, L.O., KNAPP, L.M., BORELLI, N.L.M., BORGES, L.A., GONÇALVES, A.C.
(1994),"Desenvolvimento e implantação de plano de manutenção de reservatórios e
travessias", 36a Reunião Anual do IBRACON, Instituto Brasileiro do Concreto, Vol 1, pp
53-65, Porto Alegre, RS, Setembro.
90
CAMPOS, F.C. & VALÉRIO, L.C.B. (1994),"Levantamento estatístico das obras de
recuperação de estruturas no Distrito Federal", Relatório de projeto final, 39p, Julho.
CEB (1989)," CEB Design guide: Durable concrete structures", Bulletin d'Information No. 182,
Junho.
CEB (1991)," CEB - FIP Model Code 90 (MC - 90) - Final Draft", Bulletin d'Information No.
203, Julho.
CHAMOSA, J.A.V. & ORTIZ, J.L.R. (1985),"Datos orientativos sobre la evolución de defectos
en la construcción, en España", Hormigon y Acero No. 157, pp101-110.
91
pontes e viadutos de concreto armado e protendido ", Procedimento No 123/87, Feverreiro.
EUROCODE No 2 (1989)," Design of concrete structures. Part 1 : General rules and rules for
buildings", EC2, Revised Final Draft, Dezembro.
HELENE, P.R.L. (1993), " Vida útil de estruturas de concreto armado sob o ponto de vista da
corrosão de armadura", Departamento de Engenharia de Construção Civil - EPUSP, 25p.
ISHIZUKA, Y. (1983), "The degradation and prediction of service life of building components",
Durability of Building Materials, Amsterdam, 1(4): pp 345-352, July.
JOHN, V.M. (1989), "Manutenção dos edifícios: Uma vizão sistemática", X Simpósio Nacional
de Tecnologia da Construção Civil - A Manutenção na Construção Civil, pp 117-128,
EPUSP, S. Paulo, Novembro.
KLEIN, D., GASTAL, F., CAMPANOLO, J.L. & SILVA FILHO, L. C. (1991), " Critérios
adotados na vistoria de obras de arte", XXV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia
Estrutural, Porto Alegre, pp. 185-196, Novembro.
MACEDO, C. (1989), " Manutenção das vias permanentes do Metrô São Paulo", X Simpósio
Nacional de Tecnologia da Construção Civil - A Manutenção na Construção Civil, pp 39-
46, EPUSP, S. Paulo, Novembro.
92
PAGE, C.L. & LAMBERT, P. (1986), "Analytical and electrochemical investigation of
reinforcement corrosion", Contractor Report 30, Transport and Road Research Laboratory,
Departament of Transport.
PATERSON, A.C. (1984)," The structural engineer in context - Presidential address to the
Institution of Structural Engineers", The Structural Engineer, Vol. 62 A, No. 11, pp.335-
342, Novembro.
ROSTAM, S. (1991)." Durability of concrete structures - The CEB - FIP approach", Colloquium
on the CEB-FIP MC-90, Rio de Janeiro, RJ, pp 369-429, Agosto.
SAGE, G. (1988)," Maintenance of buildings", The Structural Engineer, Viewpoint, Vol. 66, No.
5/1, 2p, Março.
SOMERVILLE, G. (1987), "The design life or concrete structures", Cement & Concrete
Association, Reprint 4/87, Londres, 12p.
SOMERVILLE, G. (1992)," The residual service life of concrete structures", BRITE EURAN
interal paper, 8p.
93
ANEXO A
Universidade de Brasília
Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Civil
Mestrado em Estruturas
Caderno de Inspeção
Nome da edificação:
Localização:
Idade:
No. de pavimentos:
94
1 - INTRODUÇÃO
2 - PARÂMETROS DE INSPEÇÃO
2.3.1 - CONCEITUAÇÃO:
d) Esfoliação: ocorrência de lascas que se destacam do concreto por vários motivos, como por
exemplo: proveniente de choques, por corrosão da armadura, por pressão ou expansão no
interior do concreto, etc.
f) Fissuração inaceitável:
NB-1/78 - considera-se que a fissuração é nociva quando a abertura das fissuras na superfície
95
do concreto ultrapassa os seguintes valores:
1) 0,1 mm para peças não protegidas, em meio agressivo;
2) 0,2 mm para peças não protegidas, em meio não agressivo;
3) 0,3 mm para peças protegidas.
g) Flechas excessivas:
NB-1/78, considera que:
1) as flechas medidas a partir do plano que contém os apoios, quando atuarem todas as ações,
não ultrapassarão 1/300 do vão teórico, exceto no caso de balanços para os quais não
ultrapassarão 1/500 do seu comprimento teórico;
2) o deslocamento causado pelas cargas acidentais não será superior a 1/500 do vão teórico e
1/250 do comprimento teórico dos balanços.
h) Deficiências de cobrimento
NB-1/78, considera que: qualquer barra da armadura, inclusive de distribuição, de montagem e
estribos, deve ter cobrimento de concreto pelo menos igual ao seu diâmetro, mas não menor
que:
1) para concreto revestido com argamassa de espessura mínima de....................................1 cm;
- em lajes no interior de edifícios...................................................................................0,5 cm
- em paredes no interior de edifícios..............................................................................1,0 cm
- em lajes e paredes ao ar livre.......................................................................................1,5 cm
- em vigas, pilares e arcos no interior de edifícios.........................................................1,5 cm
- em vigas, pilares e arcos ao ar livre.............................................................................2,0 cm
2) para concreto aparente:
- no interior de edifícios.................................................................................................2,0 cm
- ao ar livre.....................................................................................................................2,5 cm
3) para concreto em contato com o solo.............................................................................3,0 cm
4) para concreto em meio fortemente agressivo.................................................................4,0 cm
k) Manchas: devido ao aparecimento de fungos, mofos e etc., por exemplo manchas negras nas
fachadas.
96
2.4 - FATOR DE PONDERAÇÃO DO DANO (Fp )
É o fator que visa quantificar a importância relativa de um determinado dano no que se refere às
condições gerais de estética, funcionalidade e segurança dos elementos de uma família, tendo em
vista as manifestações patológicas passíveis de serem neles detectadas. Para sua definição são
estabelecidos os problemas mais relevantes quanto aos aspectos de durabilidade e segurança
estrutural. Assim, para cada manifestação patológica, e em função da família de elementos que
apresentam o problema, foi estabelecido um grau numa escala de 1 a 10. Uma determinada
manifestação patológica pode ter fatores de ponderação diferentes de acordo com as
características da família onde o elemento se insere, dependendo das conseqüências que o dano
possa acarretar.
- sem lesões Fi = 0
- lesões leves Fi = 1
- lesões toleráveis Fi = 2
- lesões graves Fi = 3
- estado crítico Fi = 4
A Tabela A.1 mostra os vários tipos de danos passíveis de serem encontrados em edificações
usuais com uma classificação, onde se identifique o nível de gravidade das lesões e sua
intensidade, segundo suas características específicas.
O grau do dano será calculado em função do fator de ponderação do dano (Fp ) e o do fator de
intensidade do dano (Fi ). Esta função está definida na metodologia da pesquisa e não deverá ser
preenchido na inspeção.
A Tabela A.2 mostra os vários tipos de matrizes para as famílias de elementos estruturais mais
comuns de edificações usuais, com os danos possíveis e respectivos fatores de ponderação do
dano utilizados na pesquisa.
97
Tabela A.1 - Classificação dos danos e fatores de intensidade ( Fi )
98
Tabela A.1 - Classificação dos danos e fatores de intensidade ( Fi ) (cont.)
carbonatação 1- localizada, com algumas regiões com pH<9, sem atingir a armadura;
2- localizada, atingindo a armadura, em ambiente seco;
3- localizada, atingindo a armadura, em ambiente úmido;
4- generalizada, atingindo a armadura, em ambiente úmido.
infiltração 1- indícios de umidade;
2- pequenas manchas;
3- grandes manchas;
4- generalizada.
presença de 2- em elementos no interior sem umidade;
cloretos 3- em elementos no exterior sem umidade;
4- em ambientes úmidos.
manchas 2- manchas escuras de pouca extensão, porém significativas;
3- manchas escuras em todo o elemento estrutural
sinais de 3- desintegração do concreto na extremidade superior do pilar, causada
esmagamento por sobrecarga ou movimentação da superestrutura; fissuras diagonais
isoladas;
4- fissuras de cisalhamento bidiagonais, com intenso lascamento
(esmagamento) do concreto devido ao cisalhamento e a compressão
com perda substancial de seção; deformação residual aparente;
exposição e inicio de flambagem de barras da armadura;
desvio de 2- pilares e cortinas com excentricidade ≤ h/100 ( h = altura)
geometria 3- pilares e cortinas com excentricidade ≥ h/100
junta de dilatação 2 - perda de elasticidade do material da junta;
obstruída 3- presença de material não compressível na junta.
fissuras vizinhas 2- lajes com início de fissuras adjacentes às juntas;
as juntas de 3- grande incidência de lajes com fissuras adjacentes às juntas;
dilatação 4- idem, com prolongamento das fissuras em vigas e/ou pilares de
suporte.
infiltração na base 3 - indícios de vazamento em tubulações enterradas que podem
comprometer as fundações;
4- vazamentos em tubulações enterradas causando erosão aparente junto
as fundações.
deslocamento por 3 - deslocamento lateral no sentido horizontal, com excentricidade,
empuxo porém estável;
4- deslocamento lateral no sentido horizontal, instável.
99
Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais
Pilares
Nome do Elemento
Local
DANOS Fp Fi D Croqui/Observação
desvio de geometria 8
recalque 10
infiltração na base 6
segregação 6
eflorescência 5
esfoliação 8
desagregação 7
sinais de esmagamento 10
cobrimento deficiente 6
manchas de corrosão 7
fissuras 10
carbonatação 7
presença de cloretos 10
manchas 5
Vigas
Nome do Elemento
Local
DANOS Fp Fi D Croqui/Observação
segregação 4
eflorescência 5
esfoliação 8
desagregação 7
cobrimento deficiente 6
manchas de corrosão 7
flechas 10
fissuras 10
carbonatação 7
infiltração 6
presença de cloretos 10
manchas 5
100
Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.)
Laje
Nome do Elemento
Local
DANOS Fp Fi D Croqui/Observação
segregação 5
eflorescência 3
esfoliação 8
desagregação 7
cobrimemto deficiente 6
manchas de corrosão 7
flechas 10
fissuras 10
carbonatação 7
infiltração 6
presença de cloretos 10
manchas 5
Escadas / Rampas
Nome do Elemento
Local
DANOS Fp Fi D Croqui/Observação
segregação 4
eflorescência 5
esfoliação 8
desagregação 7
cobrimento definitivo 6
manchas de corrosão 7
flechas 10
fissuras 10
carbonatação 7
infiltração 6
presença de cloretos 10
manchas 5
101
Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.)
Cortinas
Nome do Elemento
Local
DANOS Fp Fi D Croqui/Observação
sinais de esmagamento 10
desvio de geometria 6
infiltração 6
segregação 5
eflorescência 5
esfoliação 8
desagregação 7
deslocam. por empuxo 10
cobrimento deficiente 6
manchas de corrosão 7
fissuras 10
carbonatação 7
presença de cloretos 10
manchas 5
Nome do Elemento
Local
DANOS Fp Fi D Croqui/Observação
imperm. danificada 8
vazamento 10
segregação 5
eflorescência 7
esfoliação 10
desagregação 7
cobrimento deficiente 7
manchas de corrosão 9
fissuras 10
carbonatação 7
presença de cloretos 10
102
Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.)
Blocos
Nome do Elemento
Local
DANOS Fp Fi D Croqui/Observação
recalque 10
infiltração na base 6
segregação 6
eflorescência 5
esfoliação 8
desagregação 7
cobrimento deficiente 6
manchas de corrosão 7
fissuras 10
carbonatação 7
presença de cloretos 10
Juntas de
dilatação
Nome do Elemento
Local
DANOS Fp Fi D Croqui/Observação
infiltração 10
fissura vizinha à junta 10
junta obstruída 8
Nome do Elemento
Local
DANOS Fp Fi D Croqui/Observação
segregação 4
eflorescência 4
esfoliação 8
desagregação 7
cobrimento deficiente 6
manchas de corrosão 7
fissuras 8
ligação à estrutura 10
carbonatação 7
presença de cloretos 10
103
ANEXO B - PRIMEIRO ESTUDO DE CASO - EDIFICAÇÃO ESCOLAR
PÚBLICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL / FACULDADE DE
TECNOLOGIA ( ENC/FT)
104
105
106
107
108
109
110
ANEXO B.2 - CÁLCULO DOS GRAUS DE DETERIORAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE
ELEMENTOS E DA ESTRUTURA - EDIFÍCIO: ENC/FT
111
Tabela B.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais
112
Tabela B.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais (continuação)
113
Tabela B.3 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas secundárias
114
Tabela B.4 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes principais
115
Tabela B.5 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes secundárias
116
ANEXO B3 - FOTOS
117
Foto B3 – ENC/FT – Vista da “laje calha” e “viga 1 do shed 3”
118
ANEXO C – SEGUNDO ESTUDO DE CASO - EDIFICAÇÃO
RESIDENCIAL PÚBLICA – EDIFÍCIO: SQN 107/H
119
120
121
ANEXO C.2 - CÁLCULO DOS GRAUS DE DETERIORAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE
ELEMENTOS E DA ESTRUTURA - EDIFÍCIO: SQN 107 / H
122
Tabela C.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais
123
Tabela C.3 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas secundárias
124
Tabela C.4 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes principais
125
Tabela C.5 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes secundárias
126
ANEXO C3 - FOTOS
127
Foto C4 – SQN 107 / H – Vista do detalhe Pilar “P1s
Foto C3 – SQN 107 / H – Vista da junta de dilatação
128
Foto C5 – SQN 107 / H – Vista do detalhe da viga “V1s”
129