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AGOES CONSTITUCIONAIS O legitimado passivo, por outro lado, sera a autoridade coatora. A autoridade coatora € aquela que pratica ou ordena a execug4o ou a inexecugao do ato a ser impugnado via mandado de seguranga Destaca-se que 0s "meros executores” do ato, que cumprem ordens advindas da auto- ridade coatora, nao séo considerados legitimados passivos na aco de mandado de segu- ranga. Em regra, 0 writ nao deve ser impetrado contra a pessoa juridica de direito publico (ou de direito privado que exerga atribuigées do Poder Publico””), todavia, a doutrina e ju- risprudéncia atual?* tém entendido que a pessoa juridica em nome da qual o ato (comissivo ou omissivo) foi praticado também se enquandra como legitimada passiva. Segundo Bernardo Goncalves Fernandes”, os seguintes motivos corroboram para essa afirmagao: @) cla que suporta o énus da deciséo (por exemplo, os efeitos pecunirios decorrentes da concessao da seguranca); Gi) cla é quem recorre da decisio prolatada no mandado de seguranga; (iii) a redagao da Lei n° 12.016/2009, deixa assente a possibilidade de participacao da pessoa juridica qual esta vinculado a autoridade coatora na relagio processual. Nesses termos, esté positivado no art. 7°, I, que no despacho da inicial o juiz ordenard “que se dé ciéncia do feito 20 drgio de representacio judicial da pessoa juridica interessada, enviando- -lhe c6pia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito”. 3.6. Procedimento O procedimento do mandado de seguranca sera especial, de rito sumarissimo, no qual 0 objeto principal do instrumento é a anulacio de ato ilegal ou abusivo de direito liquido € certo, ou a determinacéo da pritica do ato omitido pela respectiva autoridade coatora competente ou mesmo uma ordem de nao fazer. A causa de pedir envolve necessariamente a ilegalidade ou o abuso de poder que vena a causar lesio ou ameaca de lesio ao diteito liquido e cerco*®, 37. Nese sentido, poderdo ser sujeitos passives dessa aco constitucional os particulares, quando delegatérios do Poder Pabiico, Exemplo: diretor de instituicdo de ensino particular, quando este comete alguma ilegalidade ou abuso de poder. Alguns requisites devem ser preenchidos para que um particular esteja no pélo passive de um mandado de seguranca: deve existir uma transferéncia de atribuicdes do Poder Publico para o particular, por meio de concessio, permissio etc. Além disso, o ato arrostado deve ter sido praticado no efetiva exercicio des- sas fungSes publicas, 38. Ver: STI ~ 10 T. = Resp. nf 83.633/ CE ~ vis rei. José Delgado, DIU, 15.04.1996, p. 11; STF, RExt. NF 417.430, julgado em 13.12.2005 de Rel. Min. Eilen Gracie. 39, FERNANDES, Bernardo Goncalves. Curso de Direito Constitucional. 18 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris 365. 40, FERNANDES, Bernardo Goncalves. Curso de Direito Consttucionol, ¥ ed. Rio de Janeiro: Lumen Juts, 2010, p.373. 427 2010, p. NATHALIA MASSON writ devera ser impetrado pelo legitimado ativo no érgéo comperente para julgé-lo. A peticio sera apresentada em duas vias, com os documentos que instruirem a primeira e indi- card, além da autoridade coatora, a pessoa juridica que esta integra, a qual se acha vinculada ou na qual exerce atribuigses. Na peticao de impetracao, o legitimado ativo poder formular pedido de medida liminar, com fundamento no art. 7°, III, da Lei n° 12.016/2009. Caso 0 mandado de seguranga nao seja indeferido de plano, a autoridade coatora sera notificada para prestar informagées, tendo 0 prazo de dez dias para fazé-lo. Apés o trans- curso do prazo, 0 érgio do Poder Judiciario ouvird o representante do Ministério Publico, que opinard, na condigéo de custus legis, dentro do prazo improrrogivel de dez dias. Em seguida, independentemente da existéncia do parecer do Parquet, 0s autos serio conclusos ao magistrado para decisao, que deverd ser proferida no prazo de trinta dias 3.7. Apontamentos acerca do procedimento no mandado de seguranga Alguns apontamentos que dizem respeito ao tramite procedimental sio relevantes € devem ser analisados. Vejamos: @ a concessio da liminar ¢ direito subjetivo do autor, sendo 0 juiz obrigado a conce- dé-la, desde que preenchidos os requisitos processuais". Assim, 0 magistrado, ao despa- char a inicial, ordenard que se suspenda 0 ato que deu motivo 20 pedido, quando houver fundamento relevante ¢ do ato impugnado puder resultar a ineficacia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caugao, franga ou depésito, com © objetivo de assegurar o ressarcimento a pessoa juridica. Contudo, insta salientar que a Lei n® 12.016/2009 traz em seu bojo excesées legais, que deverio ser observadas pelo juiz. Nos seguintes casos, serd vedada a concessio de medida liminar: (A) pata a compensagio de créditos tributérios"%; (B) pata a entrega de mercadorias ¢ bens proveninentes do exterior; (C) para a reclassificagéo ou equiparagao de servidores publicos e a concessio de au- mento ou extensao de vantagens ou pagamento de qualquer natureza (art. 7°, § 5° da Lei n® 12.016/2009). (i) concedida ou denegada a liminar pelo Juiz, existira a possibilidade de recurso. Nos moldes do art. 7°, § 19, da Lei n° 12.016/2009, “da decisao do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar cabera agravo de instrumento”. Serd cabivel 0 agravo de instrumento por se tratar de decisao interlocutéria. Embora nao possua natureza pro- cessual de recurso, alm da possibilidade do agravo de instrumento, a pessoa juridica de direito piblico interessada também poderd requerer ao Presidente do Tribunal competente a concesséo de suspensio dos efeitos da liminar (art. 15, Lei n° 12.016/2009). 41, Nao hd, na Constituicdo Federal, mencdo expressa 4 possiblidade de concessio de liminar em mandado de seguranga. Contudo, a Lein® 12.016/2009 permite, claramente, a concessio. 42, Vide stimula n® 212, do ST 428 ACOES CONSTITUCIONAIS (iii) da decisio do Presidente do Tribunal que denegar ou conceder a suspensio da liminar, caberd recurso de agravo interno, conforme entendimento jurisprudencial®; (iv) 0s efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirao até a prola- ao da sentenga (art. 79, § 3°, Lei n° 12.016/2009)*; (v) a suspensio da liminar em mandado de seguransa, salvo determinaséo em con- ttirio da decisio que a deferir, vigorard até 0 trinsito em julgado da decisio definitiva de concessio da seguranga ou, havendo recurso, até a sua manutencio pelo Supreme Tribunal Federal, desde que 0 objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com 0 da impetracio (stimula n° 626, do STF®). 3.8. Efeitos da decisao ¢ recursos No mandado de seguranca, a sentenga concessiva do writ ¢ mandamental, contendo ordem direcionada 4 autoridade coatora. Em regra, estipula execucéo imediata. Para que a medida seja efetivada, concedido 0 mandado, o juiz deverd transmitir em oficio, por do juizo, ou pelo corrcio, mediante correspondéncia com aviso de intermédio do of recebimento, o inteiro teor da sentenga 3 autoridade coatora € & pessoa juridica interessada (art. 13 da Lei n° 12.016/2009), Hé a possibilidade de execucao proviséria, antes mesmo de transitada em julgado a sentenca, salvo nos casos em que for vedada a concessio da medida liminar‘. Da decisio que conceder ou denegar o mandado de seguranga, sera cabivel o recurso de apelagao. Sio legitimados para recorrer o impetrante, a pessoa juridica 4 qual est vin- culada a autoridade coatora, a prépria autoridade coatora ¢ 0 Ministério Piblico”. A depender da situacao € adequagio, outros recursos relacionados a0 mandado de seguranga também serio cabiveis, Sao eles: recurso extraordindrio para o STF (art. 102, 11); recurso especial para o ST) (art. 105, III); recurso ordinario para o STF (art. 102, 11, "a"; e recurso ordindrio para o STJ (art. 105, II, "b"). 43, Nesse sentido, foram canceladas as simmulas n® 506 doSTF e n® 217 do ST), que diziam s6 caber recurso de agra- vo da decisdo que deferisse a suspensio da liminar e no da que denegasse. 44. Nesse mesmo sentido, simula n® 405 do STF: "Denegado © mandado de seguranca pela sentenca, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisso contriria" 4S, STF, simula 626: "A suspensio da liminar em mandado de seguranga, salve determinago em contrério da decisio que a defer, vigorard até 0 transito em julgado da deciséo definitiva de concessio da seguranga ou, hhavendo recurso, até a sua manutengio pelo Supremo Tribunal Federal, desde que 0 objeto da liminar deterida coincida, total ou parcialmente, como da impetragio” 46. Conforme art. 14, § 3° da Lei n® 12.016/2008: "A sentenga que conceder @ mandado de seguranca pode ser executada provisoriamente, salvo nos casosem que for vedada a concessia da medida liminar’. 47. Nesse sentido é a simula n® 99, do ST: "O Ministério Publico tem legitimidade para recorrer no processo em ue oficiou come fiscal da lei, ainda que nie haja recurso da parte” 429 NATHALIA MASSON Importante esclarecer que, no caso de indeferimento, sera cabivel apelacéo somente se © writ houver sido indeferido por juiz de primeira instancia. Contudo, se a impetragio se deu originamriamente em Tribunal ¢ o indeferimento foi realizado pelo relator, de plano, © recurso cabivel serd o agravo regimental. Via de regra, a apelacéo nao terd efeito suspensivo. Nesse caso (ndo havendo efeito suspensivo), a pessoa juridica de direito piiblico pode pleitear a suspensio dos efeitos da sentenga ao Presidente do Tribunal no qual o recurso esta tramitando (art. 15 da Lei n° 12.016/2009)”, No que diz respeito & coisa julgada, o art. 19 da Lei n° 12.016/2009 estabelece que "a sentenga ou 0 acérdao que denegar mandado de seguranga, sem decidir o mérito, néo impediré que 0 requerente, por ago propria, pleiteie os seus direitos ¢ os respectivos efeitos patrimoniais". Nesse sentido, entende-se que a falta de coisa julgada material, ou seja, a de- cisao negatéria sem julgamento do mérito, faz surgir a possibilidade de renovasao do pleito (impetragao de novo mandado de seguranca), desde que respeitado 0 prazo decadencial de cento e vinte dias, ou, caso vencido esse prazo, 0 uso de uma acéo propria”. 3.9. Prazo para impetrasao do mandado de seguranga O prazo para impetracéo do mandado de seguranca é de cento ¢ vinte dias, conta- dos do conhecimento oficial pelo interessado do ato a ser impugnado (art. 23 da Lei n° 12.016/2009). Trata-se de prazo decadencial. Destarte, apés iniciado, nao se interrompe, tampouco se suspende, A luz do are. 5°, LXIX, CF/88, 0 Supremo Tribunal Federal jé se manifestou dizendo ser este prazo constitucional*! Algumas reflexées acerca do prazo devem ser ventiladas: @ caso 0 writ seja impetrado dentro do prazo adequado (de cento e vinte dias), toda- via em juizo ndo competence, sendo o mesmo remetido ao juizo competente, a Suprema rte jd se posicionou no sentido de que nao hd caducidade ver que a impetragio se deu no curso do lapso temporal possivel; 48. Da apelagio improcedente caberd Recurso Especial ou Extraordinério ao ST) e STF, respectivamente, caso haja lenquadramenta nas hipéteses dos dispositivas constitucionais do art. 102, Ille do art. 105, Il, ambos da Cons tituigo Federal. Se, por outro lado, o indeferimento for do agravo regimental em um Tribunal de Justca, cabers recurso ordinério para o STJ, com base no art. 105, 1, CF/B8, 43. Da decisio do Presidente do Tribunal que concede ou que denega a suspensio dos efeitos da sentenca, cabe 2grave interno, 50. No mesmo sentido, simula n? 304 do STF: "DecisSo denegatéria de mandado de seguranca, no farendo coisa julgada contra o impetrante, nio impede o uso da ago prépria’ Si. Conforme simula n® 632, do STF: "€ constitucional lei que fixa 0 prazo de decadéncia para a impetragao de mandado de seguranga" 430 AGOES CONSTITUCIONAIS (ii) se 0 mandamus for impettado preventivamente, tendo em vista ameaga de lesio a direito liquido e certo, néo hé que se falar em prazo decadencial de cento e vinte dias, eis idade de que, enquanto perdurar a ameaga, haverd a possibil xerposigao do mandado de seguranga; (ii) na hipétese de o mandado de seguranga ser interposto contra omissio de certa autoridade, néo haverd prazo decadencial a ser observado caso a administragio nao esteja sujeita a prazo para praticar 0 ato. Assim, enquanto durar a omisséo caberé o mandado de seguranga. Por outro lado, se a administragao estiver sujeita a prazo para a pratica de determinado ato, findo o mesmo sem a sua realizagao, passa a existir 0 prazo decadencial de cento € vinte dias para 0 manejo do writ. 4. MANDADO DE SEGURANCA COLETIVO (ART. 5° LXX, CF/88) 4.1. Introdugao Aluz de nossa atual Constituigéo Federal, € possivel afirmar que o mandado de segu- ranga é um género, que se fraciona em duas espécies: 0 mandado de seguranga ind dual ¢ 0 coletivo. A conceituagéo do mandado de seguranga coletivo, a rigor, €a mesma do mandado de seguranca individual. Também se apresenta como uma aio constitucio- nal de natureza civil e de procedimento especial, que visa tutelar direito liquido e certo. No mandado de seguranga coletivo, entretanto, 0 foco seré a coletividade €a protecio de seus direitos (coletivos e individuais homogéneos), nao 0 sujeito considerado em sua individualidade. A grande diferenca entre o mandado de seguranga na modalidade indivi- dual e na modalidade coletiva reside, pois, em seu objeto e na legitimacéo ativa’? Nao surpreende, pois, a tradicional afirmagao da doutrina majoritaria de que o man- dado de seguranga coletivo nada mais é do que a possibilidade de impetrar 0 mandado de seguranga individual por intermédio da tutela jurisdicional coletiva. A Lei n® 12.016/2009 deixou assente, de maneira expressa, quais os direitos protegi- dos pelo mandado de seguranga coletivo. De acordo com o art. 21, pardgrafo unico, so eles: @ coletivos, assim entendidos, para efeito da Lei, os transindividuais, de nacureza indivistvel, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contraria por uma relagao juridica basic (ii) individuais homogéneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situagao especifica da totalidade ou de parte dos asso- ciados ou membros do impetrante. 52. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 134 ed. Sio Paulo: Método, 2009, p. 736. 431 NATHALIA MASSON A limitagao deverminada pela lei a0 nao abarcar os dircitos difusos foi duramente ctiticada pela doutrina, a0 argumento de que a lei estaria vedando, inadequadamente, a tutela dos direitos difusos por meio do mandado de seguranga coletivo. Deve-se ressaltar, todavia, que 0 entendimento posto na k Tribunais superiores, que descartam 0 uso do mandado de seguranga coletivo como subs- ticuto da agao popular. Nesse sentido é a stimula 101 do STF: "O mandado de seguranca nao substitui a a¢4o populai € traducio do que ja vinha sendo defendido nos Por iiltimo, em que pese a inexisténcia de uma definigao constitucional acerca da finalidade e objeco da acio coletiva em comento, tradicionalmente tem-se fixado possuir 0 mandado de seguranga coletivo triplice finalidade, a saber: (1) forvalecer as organizagées classistas, eis que o instrumento permite a defesa de di- reitos dos membros ou associados, por exemplo, das associagdes e das entidades de classe; (2) Facilitar 0 acesso & justigas (3) evitar 0 aciimulo de demandas idénticas, pois a agio permite a substituicao de diversos mandados de seguranca individuais por um tinico de cariter coletivo. 4.2. Hipéteses de cabimento Como jd visto, 0 mandado de seguranca coletivo poder ser utilizado nas mesmas hipéteses de cabimento do mandado de seguranga individual. Assim, possui por finalida- de a protegio de direito liquido € certo, nao amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o paciente sofrer lesio ou ameaga a diteito, por ago ou omissio da autoridade. Distingue-se do mandado de seguranca individual, porém, no que diz respeito aos legitimados para a propositura da agio, conforme sera demonstrado a seguir. Nesse sentido, 0 mandado de seguranga coletivo nao se destina 4 tutela de direitos de um individuo em particular, devendo ser utilizado apenas paraa tutela de dircitos coletivos em sentido amplo. Nao ¢ indispensével, contudo, que o mandamus coletivo busque tutelar direito coletivo da totalidade dos associados do impetrante, bastando que se destine a tu- tela de algum direito coletivo de uma parcela deles®. 4,3. Legitimidade ativa e passiva Na diccéo do art. 5°, LXX, da Constituigéo Federal o mandado de seguranga coletivo pode ser impetrado por: (i) partido politico com representagao no Congresso Nacional; 53, _Nesse sentido, simula n® 630, do STF: "A entidade de classe tem legitimac3o para © mandado de seguranga ainda quando a pretensio veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria’ 432 AGOES CONSTITUCIONAIS Gi) organizagao sindical, entidade de classe ou associagao legalmente constitu da e em funcionamento hé pelo menos um ano*, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Mister s: dual, em que a regra é a legitimacao ordinaria ~ ou seja, a substituicéo processual s6 se da por excecio ~ no mandado de seguranga coletivo a legitimagao serd sempre extraordinaria, atuando os legitimados em nome préprio, mas em defesa de direitos coletivos de terceiros". ntar que, a0 contririo do que se dé com o mandado de seguranga indi No que diz respeito aos partidos politicos, 0 requisito da representagéo no Congreso Nacional, conforme fixado na Constituicéo Federal, jé estard plenamente atendido caso 0 Samara dos Deputados, seja no partido impetrante tenha um tinico parlamentar, seja na Senado Federal, Assim, 0 Partido Politico, para ter representacéo no Congresso Nacional — configurando, assim, a legitimidade ativa ~ necesita apenas de um unico Deputado Federal ou de um iinico Senador da Repiblica, nao havendo a exigéncia de membros do Poder Legislativo nas duas Casas para se consolidar a legitimidade Nio poder impetrar mandado de seguranga coletivo, portanto, o partido politico que nao tiver representantes no Congreso Nacional, ¢ que 0s tenha apenas em Assembleia Legislativa de Estado, Camara Legislativa do Distrito Federal ou Camara Municipal. Os partidos politicos podem utilizar 0 mandado de seguranca coletivo para protegio de quaisquer direitos coletivos da sociedade. O remédio nessa categoria nio se restringe, portanto, a atuar na defesa exclusiva de seus membros ou associados. Seguindo a jurisprudéncia da Suprema Corte, nao € necesséria a autorizacao expres- sa dos membros da entidade para a impetragio do mandado de seguranca coletivo. O mandamento constitucional contido no inciso XXI, do art. 5%, CF/88, que assim esta- belece: “as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, tém legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente’, nao se aplica a0 mandado de seguranga coletivo™, 54. De acordo com entendimento do STF, 0 requisito de funcionamento hi pelo menos 3 (um) ano aplica-se co mente as associacdes e ndo para as entidades de classe ou sindicatos. Assim, 0 sindicato e a entidade de Classe somente precisam estar legalmente constituidos e terem por objetive a defesa deinteresses de seus membros ‘ou associados. Vide STF ~ 18 T. ~ RE n# 198 919-DF- Rel. Min. imar Galvio, decisio: 15-06-1999 ~ Informative STF ne 154. 55. "Atencio, porém, a0 posicionamento do STF contido no R.Ext. n® 181.438/SP. O Pretério Excelso entende que se o objeto do mandado de seguranca coletiva é um direito dos associados, no hi necessidade do direito de {guardar vincule com os fins préprios da entidade e nem mesmo hi exigéncia de ser um direito peculiar ou pré- prio da classe. Porém, o direito deve estar compreendido na titularidade dos associados e existir em aro das atividades exercidas pelos mesmos.” FERNANDES, Bernardo Goncalves. Curso de Direito Constitucional. 18 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 392. 56. Conforme simula n® 629, do STF: "A impetrac3o de mandado de seguranca coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorizacao destes”. 433 NATHALIA MASSON Ainda acerca da legitimidade, cumpre destacar que os Estados membros nio sio do- tados de legitimidade ativa para a propositura de mandado de seguranga coletivo contra a Unio, alegando defesa de interesses das populagdes residentes nas respectivas unidades federadas. Além de nao escarem arrolados na legitimidade ativa constitucionalmente pre- vista (no art. 5°, LXX), os Estados nao sao propriamente érgios de representagdo ou de gestio de interesses da populacio”. No que dia respeito as organizacées sindicais, entidades de classe e associagées, estas necessitam demonstrar a existéncia de interesse de agir, consolidado na pertinéncia temé- tica entre os direitos coletivos que pretendem defender em juizo € os seus objetivos sociais, expressamente fixados em seus atos constitutivos. Quanto 4 necessidade de constituigio legal e funcionamento ha pelo menos um ano, esta exigéncia refere-se tio somente as ass0- ciagées, nao se extendendo aos demais legitimados do mandado de seguranga coletivo, ou seja, aos partidos politicos, sindicatos ¢ entidades de classe" A legitimidade passiva do mandado de seguranca coletivo é mesma do mandado de seguranga individual (vide item 3.5). 4.4. Competéncia No mandado de seguranga coletivo a disciplina constitucional referente a compe- téncia serd a mesma do mandado de seguranca individual (vide item 3.4). Como se pode verificar da simples leitura dos artigos da Constituicéo da Republica, os mesmos nao fa- zem qualquer restrigio, no tocante a sua aplicagio, a uma das modalidades especificas de mandado de seguranga. 4.5. Procedimento O procedimento também serd semelhante ao do mandado de seguranga individual. Porém, aqui hé uma marcante distingdo: a concessio de medida liminar no mandado de seguranga coletivo somente sera possivel apés a audiéncia do representante judicial da pes- soa juridica de direito piiblico, que deverd se manifestar no prazo de setenta ¢ duas horas (art. 22, § 2°, da Lei n° 12.016/2009). Nada impede, contudo, que esse dispositivo seja relativizado, ensejando a andlise de plano do pedido liminar, nas hipéteses em que o procedimento ocasione a possibilidade de lano grave ¢ dificil reparagao ao impetrante do writ dano grave e dificil reparag Pp d 57, Vide MS nt 21.059/R, SB. RE 198919-0E, Rel. Mini, lImar GalvSo, noticiado no INF 154, STF: “Tratando-se de mandado de seguranga co- letivo impetrado por sindicato, ¢ indevida a exigéncia de uma ano de constituicao e funcionamento, porquanto esta restricdo destina-se apenas as associagBes, nos termos do art. $8, UXK, "b", in fine, da CF". 434 AGOES CONSTITUCIONA’S 4.6. Efeitos da decisao Os efeitos da decisio em mandado de seguranga coletivo abrangem todos 0s asso- ciados que se encontram descritos na petigéo inicial do writ, independentemente se 0 ingresso na associagéo tenha ocorrido antes ou aps a impetracéo. Ademais, 0 mandado de seguranga coletivo faré coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituidos pelo impetrante (art. 22, caput, da Lei n® 12.016/2009). Parte consideravel da doutrina afirma que a concessio do writ acarretaré coisa julgada material beneficiando todos os que se encontram como membros da entidade no momento da execugio da sentenca. Por outro lado, sendo a sentenca denegatéria, esta gerard coisa ita a qualquer membro ou associado da entidade a pleitear, julgada formal, 0 que po individualmente, mandado de seguranca. Nesse sentido, a impetragao do mandado de ispendéncia entre a esfera individual e coletiva, 0 que pos- seguranca coletivo nao gera sibilita a posterior utilizagao do mandado de seguranga individual. Ressalta-se, porém, que embora 0 mandado de seguranga coletivo nio induza litispendéncia para as acées individuais, os efeitos da coisa julgada nao beneficiam o impetrante a titulo individual se ‘© mesmo nao requerer a desisténcia de seu mandado de seguranga no prazo de trinta dias a contar da ciéncia comprovada da impetragao da seguranga coletiva (art. 22, § 19, Lei ne 12.016/2009). 4.7. Principais simulas relacionadas ao mandado de seguransa” Sumulas do STF = stimula n° 101: O mandado de seguranga nao substitui a a¢ao popular. stimula n° 248: E competente, originariamente, 0 Supremo Tribunal Federal, para mandado de seguranga contra ato do Tribunal de Contas da Unido — stimula n° 266: Nao cabe mandado de seguranga contra lei em tese. = stimula n° 267: Nao cabe mandado de seguranga contra ato judicial passivel de recurso ou correigao. — stimula n® 268: Nao cabe mandado de seguranga contra decisio judicial com trnsito em julgado. ~ stimula n° 269: O mandado de seguranca nio € substitutivo de acéo de cobran- a — stimula n° 270: Nao cabe mandado de seguranga para impugnar enquadramen- to da Lei n° 3.780, de 12 de julho de 1960, que envolva exame de prova ou de situagéo funcional complexa. 59. FIGUEIREDO DANTAS, Paulo Roberto de. Direito Processual Consttucional. Sgo Paulo: Atlas, 2008, p. 305, 435 436 NATHALIA MASSON simula n° 271: Concessio de mandado de seguranca nao produz efeitos patri- moniais, em relagio a periodo pretérito, os quais devem ser reclamados admit trativamente ou pela via judicial prépria. stimula n° 272: Nao se admite como ordinario recurso extraordinario de decisao denegatoria de mandado de seguranga. stimula n° 294: Sao inadmissiveis embargos infringentes contra decisao do Su- premo Tribunal Federal em mandado de seguranca. stimula n° 299: © recurso ordindrio e 0 extraordinério interpostos no mesmo processo de mandado de seguranga, ou de habeas corpus, serio julgados conjunta- mente pelo Tribunal Pleno. stimula n° 304: Decisao denegatéria de mandado de seguranca, nao fazendo coisa julgada contra o impetrante, nao impede o uso da agao prépria. simula n° 310: Quando a intimacio tiver lugar na sexta Feira, ou a publicagio com efeito de intimagio for feita nesse dia, 0 prazo judicial terd inicio na segunda feira imediata, salvo se nao houver expediente, caso em que comegara no primeiro dia iil que seguir. simula n® 319: O prazo do recurso ordindrio para o Supremo Tribunal Federal, em "habeas corpus" ou mandado de seguranga, é de cinco dias. stimula n? 330: O Supremo Tribunal Federal nao é competente para conhecer de mandado de seguranca contra atos dos Tribunais de justiga dos estados. stimula n° 392: O prazo para recorrer de acérdio concessivo de seguranga conta -se da publicagao oficial de suas conclusées, e nao da anterior ciéncia & autoridade para cumprimento da decisio. stimula n° 405: Denegado 0 mandado de seguranca pela sentenga, ou no julga- mento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagin- do 0s efeitos da decisio contriria. stimula n° 429: A existéncia de recurso administrativo com efeito suspensivo nao impede o uso do mandado de seguranca contra omissio da autoridade. stimula n° 430: Pedido de reconsideragao na via administrativa nao incerrompe © prazo para o mandado de seguranga. simula n° 433: E comperente o Tribunal Regional do Trabalho para julgar man- dado de seguranca contra ato de seu presidente em execusio de sentenga traba- thista. stimula n° 474: Nio hé direito liquido e certo, amparado pelo mandado de segu- ranga, quando se escuda em lei cujos efeitos foram anulados por outra, declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal. stimula n° 506: O agravo a que se refere 0 art. 42 da Lei n® 4.348, de 26 de junho de 1964, cabe, somente, do despacho do Presidente do Supremo Tribunal Federal que defere a suspensio da liminar, em mandado de seguranca, nao do que a denega. AGOES CONSTITUCIONAIS stimula n® 510: Praticado o ato por autoridade, no exercicio de comperéncia delegada, contra ela cabe 0 mandado de seguranca ou a medida judicial stimula n° 511: Compete a justiga federal, em ambas as instancias, processar ¢ julgar as causas entre autarquias federais ¢ entidades piiblicas locais, inclusive mandados de seguranga, ressalvada a agio fiscal, nos termos da Constituigio Fe- deral de 1967, art. 119, § 32. stimula n° 512: Nao cabe condenagao em honoririos de advogado na ago de mandado de seguranca stimula n° 597: Nao cabem embargos infringentes de acérdao que, em mani de seguranga decidiu, por maioria de votos, a apelacio. stimula n° 622: Nao cabe agravo regimental contra decisio do relator que conce- de ou indefere liminar em mandado de seguranga. sdmula n° 623: Nao gera por si s6 a competéncia originaria do Supremo Tribu- nal Federal para conhecer do mandado de seguranca com base no art. 102,1, n, da Constituigio, dirigir-se 0 pedido contra deliberacio administrativa do Tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou a toralidade de seus membros. stimula n° 624: Nao compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originaria- mente de mandado de seguranca contra atos de outros Tribunais. stimula n° 625: Controvérsia sobre matéria de direito nao impede concessio de mandado de seguranca. stimula n° 626: A suspensio da liminar em mandado de seguranga, salvo deter- minagio em contrério da decisio que a deferir, vigorard até o transito em julgado da decisio definitiva de concessio da seguranca ou, havendo recurso, até a sua manutengio pelo Supremo Tribunal Federal, desde que 0 objeto da liminar defe- rida coincida, total ou parcialmente, com o da impetracio. stimula n° 627: No mandado de seguranga contra a nomeagio de magistrado da competéncia do Presidente da Republica, este ¢ considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da impetracio seja nulidade ocorrida em fase anterior do procedimento. stimula n° 628: Integrante de lista de candidatos a determinada vaga da com- posicao de Tribunal é parte legitima para impugnar a validade da nomeagio de concorrente. stimula n° 629: A impetracio de mandado de seguranga coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorizacio destes. stimula n° 630: A encidade de classe cem legitimacio para o mandado de segu- ranga ainda quando a pretensio veiculada interesse apenas a uma parte da respec~ tiva categoria, stimula n° 631: Extingue-se o processo de mandado de seguranga se o impetran- te nao promove, no prazo assinado, a citagio do litisconsorte passivo necessatio. 437 NATHALIA MASSON = sdémula n° 632: E constitucional lei que fixa o prazo de decadéncia para a impe- tragio de mandado de seguranga (120 dias). = simula n® 701: No mandado de seguranga impetrado pelo Ministério Publico contra decisao proferida em processo penal, ¢ obrigatéria a citagao do réu como litisconsorte passivo. Simulas do STJ* — stimula n° 41: O Superior Tribunal de Justica nao tem competéncia para proces- sar ¢ julgar, originariamente, mandado de seguranga contra ato de outros Tribu- nais ou dos respectivos orgios. — simula n° 99: O Ministério Pablico tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda que nao haja recurso da parte. — stimula n° 105: Na acio de mandado de seguranca nao se admire condenagio em honorérios advocaticios. = stimula n° 106: Proposta a ago no prazo fixado para o seu exercicio, a demora 1a citagdo, por motivos inerentes a0 mecanismo da Justiga, nao justifica o acolhi mento da arguigao de prescrigao ou decadéncia. — sémula n° 169: Sio inadmissiveis embargos infringentes no processo de manda- do de seguranga. = stimula n° 177: O Superior Tribunal de Justia € incompetente para processar ¢ julgar, originariamente, mandado de seguranga contra ato de érgio colegiado presidido por ministro de Estado. = stimula ne 202: A impetragio de seguranga por terceiro contra ato judicial no se condiciona a interposigao de recurso. = stimula n® 213: O mandado de seguranga constitui acéo adequada para a decla- rasao do direito 4 compensagao tributaria. — sdmuta n® 333: Cabe mandado de seguranga contra ato praticado em licitacio promovida por sociedade de economia mista ou empresa piiblica. 5. MANDADO DE INJUNCAO (ART. 5°, LXXI, CF/88) 5.1. Noticias histéricas e conceito ‘érios em buscar no direito it Em que pese os esforsos doutri ernacional um paradig- ma comparativo para o mandado de injuncao instituido no documento constitucional de 1988, em verdade nao temos nenhum instrumento que possa ser apontado como tinico inspirador do remédio que o poder originario criou para controlar e solver as omissoes do Poder Piblico em editar as normas regulamentadoras dos direitos e liberdades constitu- cionais e das precrogativas inerentes nacionalidade, 4 soberania ¢ & cidadania (are. 5°, LXXI, CF/88). 60. FERNANDES, Bernardo Gongalves. Curso de Direito Consttucional. 1¥ ed. Rio de Janeiro: LumenJutis, 2010, p. 398. 438 AGOES CONSTITUCIONAIS Alguns antecedentes, todavia, podem ser apontados. Primeiramente temos o writ of injunction do direito norce-americano; este, todavia, em nossa percepgio $6 possui com o mandado de injungao patrio uma equivaléncia de termos nao de contetido, afinal a acéo uma ordem juridica da Corte de Justiga que veda uma pessoa, ou um determinado grupo de pessoas, de praticar determinada aio. No mesmo sentido é a ingiunzione constante do Direito italiano, com grande proximidade terminolégica, mas nio semantica (afinal este € um instituto processual que permite alcancar uma condenacio de forma mais sim- ples que a do processo ordinério). Considera-se, pois, que o instituto inspirador do Direito internacional que mais se assemelha ao remédio constitucional hoje consagrado na Lei Maior é a Equity inglesa, do séc. XIV. Esse juizo de equidade era utilizado naquelas hipéteses em que 0 Common Law nao oferecia protegao suficiente. © mandado de injuncio patrio € uma acéo constitucional, de natureza civil e de procedimento especial, que pretende viabilizar 0 exercicio de direitos, liberdades cons tucionais ou prerrogativas inerentes & nossa nacionalidade, soberania ou cidadania, invia- bilizados pela falta de norma regulamentadora. Possui o intuito, portanto, de combater a sindrome de inefetividade das normas constitucionais, protegendo os direitos subjetivos que nao se concretizam ¢ nio estéo sendo exercidos em razio da falta de norma regulamen- tadora. Duas finalidades podem ser, pois, identificadas: @ primeitamente, viabilizar (concretizar) 0 exercicio de direitos previstos na Consti- tuigdo; Gi) de forma secundaria, visa combater a inércia dos Poderes Publicos. Em corriqueira metéfora, a doutrina patria costuma apontar que o mandado de injun- 40 € 0 "remédio” empregado para “curar” uma “doenga” denominada "sindrome de ine- ferividade das normas constitucionais’, normas estas que, logo de imediato, no momento em que a Constituigéo € promulgada, nao tém o condio de produzir todos os seus efeitos essenciais, dependendo, para tanto, de uma lei integrativa infraconstitucional. 5.2. Requisitos para o cabimento inciso LXXI, CF/88, 0 mandado de in- vel o De acordo com o supramencionado art. 5°, junio sera cabivel sempre que a auséncia de norma regulamentadora tornar in exercicio de direitos e liberdades constitucionais, bem como das prerrogativas inerentes & nacionalidade, soberania e cidadania, Podemos apontar teés requisitos para que referido remédio seja validamente acionad () norma constitucional desprovida de regulamentacao capaz de lhe conferir apli- cabilidade imediata, que consagre direitos, liberdades e prerrogativas inerentes @ nacio- nalidade, a soberania ¢ a cidadania. Alguns comentarios acerca de referido requisito sio pertinentes: 439 NATHALIA MASSON (A) nao se esta perante uma norma constitucional desprovida de regulamentagao quando hi legislacao infraconstitucional anterior que regulamentava direito de mesmo 10 consagrado na Constituicao pretérita, afinal é possivel recepcionar a legislagao ante- F, caso esta seja materialmente compativel com a nova Constituicao; (B) 0 tinico parimetro cabivel para a propositura do mandado de injuncio sao as normas constitucionais de eficdcia limitada, desde que impositivas ¢ nao meramente faculrativas. Isso quer dizer que normas constitucionais de aplicabilidade imediata e dire- ta (como as de eficacia plenas e as de eficécia contidas) nao séo parimetro vilido, jé que © dircito, liberdade ou prerrogativa por clas assegurado ¢ efetivo independentemente de qualquer regulamentacio infraconstitucional. Do mesmo modo, se estivermos frente a uma norma constitucional de eficicia limitada facultativa, vale dizer, dotada de aplicabi- dade indireta e mediata, mas esta preconizar uma Faculdade (e ndo uma obrigagio) para o legislador produrir a regulamentasio, também nio poderd ser manejado 0 mandado de injungao. Segundo o STF: "Tratando-se de mera faculdade conferida ao legislador, que ainda nao a exercitou, néo ha Direito Constitucional ja criado, e cujo exercicio esteja de- pendendo de norma regulamentadora.” (MI 444-QO, Rel. Min. Sydney Sanches, STF), (C) nossa Corte Suprema também jé pacificou o entendimento* de que nao € cabivel © mandado de injungao em relagio & falta de complemento de norma infraconstitucional (por exemplo, no caso de faltar um decreto regulamentar que permita a fel execusio da lei). Assim, eventual falta de regulamentacio a determinada lei ordindria nao sera passivel de impetracio do writ; (D)ademais disso, a jurisprudéncia afirma mio caber mandado de injungio para al- cangar uma melhor interpretacao (ou a interpretacao mais justa) da norma regulamenta- dora que jé tenha complementado a norma constitucional (ii) existéncia de um dever para os Poderes Publicos em editar as normas infra- constitucionais capazes de regulamentar 4 norma constitucional ¢, com isso, efetivar os direitos, liberdades e prerrogativas que nela estejam contidos; (iii) efetiva omissio do Poder Publico em editar as normas infraconstitucionais regulamentadoras. Sobre este requisito, convém comentar que: (A) a omissio nao ha de ser imputada unicamente ao Poder Legislativo, mas a todos os Poderes Publicos responsiveis pela regulamentacao da Constituigao que, nao necessariamente, ha de ser feita por "lei", podendo ser efetivada por outros atos normativos; (B) se a Constituigao fixar prazo para que a regulamentacao de um de seus dispositivos seja efetivada e este nio for observado, ja estard configurada a omissio inconstitucional que autoriza o manejo do remédio em comento. Por outro lado, nio havendo previsio de prazo constitucional exigindo o periodo maximo em que a regulamentagao deva ser feita, deve-se aguardar o transcurso de um prazo razoivel, pois sé apés este € que se pode falar cem letargia dos Poderes Pablicos em regulamentar o texto constitucional. Nesse sentido, 61, MI766-AgR-OF, STF, Rel. Min. Joaquim Barbosa. 440 ACOES CONSTITUCIONAIS ‘A mora ~ que € pressuposto da declaracio de inconstitucionalidade da omissio legislativa —é de ser reconhecida, em cada caso, quando, dado o tempo corrido da promulgagio da norma constitucional invocada ¢ 0 relevo da macéria se deva considerar superado 0 prazo tazoivel para a edigio do ato legislaivo necessirio 3 efetividade da Lei Fundamental; ven- cido 0 tempo razoivel, nem a inexisténcia de prazo consttucional para o adimplemento do dever de legislar, nem a pendéncia de projecos de lei tendentes a cumpri-lo podem descaracterizar aevidéncia da inconstitucionalidade da persistence omissio de legisla? Norma constitucional de eficécia | Existéncia de um dever para 0s Po- limitada impositiva desprovida de | deres Publicos em editar as normas | Efetiva omissio do Poder Publico Fegulamentasso infraconstitucionais Outros pontos merecedores de apreso acerca do cabimento sao os seguintes: (Ao STE ja decidiu que a nao regulamentacao nao se descaracteriza com a simples apresentasio do projeto de lei ao Poder Legislative. Nesse sentido, a inércia que autoriza a propositura do MI se mantém mesmo quando o projeto ja esta tramitando mas nio foi, ainda, objeto da deliberagio ¢ conversio em lei. Assim, a inertia deliberandi (demora em deliberar ¢ transformar em lei o projeto de lei que visa regulamentar a norma constitucio- nal) autoriza a propositura de MI para discutir a mora; (B) O MI nio € cabivel para exigir-se do Congresso Nacional que regulamente as relagées juridicas decorrentes de medida proviséria nio convertida em lei, em virtude de sua omissio ou recusa, de acordo com o STF®. (C) O mandado de injungao ¢ ago transitéria, que s6 se justifica enquanto houver a omissio, Assim, a orientagio do STF era "pela prejudicialidade do mandado de injungio com a edicéo da norma regulamentadora entao ausente’. Excederia, segundo a Corte, os limites do MI pretensio de sanar a alegada lacuna normativa do periodo pretérito 4 edigao da lei regulamentadora“, Atualmente, todavia, tivemos uma significativa alteragio no entendimento da Corte Em fevereiro de 2013 0 STF firmou o entendimento de que a superveniéncia dak no curso da agéo ou mesmo apés iniciado o julgamento, nao torna prejudicado 0 mandado de injungao, 20 contririo: 0 MI teré continuidade ¢ sera decidido a partir da aplicacéo ao caso concreto dos parametros extraidos da nova lei. Vé-se que nio se trata de aplicagio retroativa da lei nova, mas sim da utilizagao de suas regeas para a formulacio da deciséo que vai solucionar a lide presente naquele caso concreto. Isso permite que haja a satisfacéo do pleito daqueles que, individual ou coletivamente, ajuizaram 0 mandado de injungao ances do advento da nova lei e, portanto, fazem jus a uma solugao que torne factivel o exercicio do direito pleiteado, desde a data da impetracao do remédio. 62, MI361-RJ, STF, Rel. p/ o.ac. Min. Sepulveda Pertence. 63, Conforme decidido no Mi 415-SP Rel. Min. Octavio Galotti 64, Conforme decidido no MI 1.O11-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski 41 NATHALIA MASSON Os mandados de injungao que estavam em discussio quando a Corte promoveu essa virada paradigmatica tratavam da auséncia de normas regulamentadoras do direito ao aviso prévio proporcional, inserido no art. 7°, XX1, CF/88. O julgamento estava suspenso desde junho de 2011, pois apesar de os ministros ja terem concordado quanto 4 procedéncia da acao (aquiescéncia de que havia omissio inconstitucional em relacéo ao dever constitucional de regulamentar o inciso XX1 do art. 79), ainda nao haviam conseguido estabelecer os parimetros normativos que regulariam provisoriamente direito enquanto nao editada a lei pelo Congresso Nacional. Enquanto 0 julgamento estava suspenso, todavia, eis que 0 Congreso Nacional finalmente edita, em outubro de 2011, a Lei 12.506, que determinou, em seu art. 1°, qu “o aviso prévio, de que trata o Capitulo VI do Titulo IV da Consolidacio das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de lo de maio de 1943, sera concedido na proporcio de 30 dias aos empregados que contem até um ano de servico na mesma empresa” e que ao aviso prévio “serdo acrescidos trés dias por ano de servigo prestado na mesma empresa, até o maximo de 60 dias, perfazendo um toral de até 90 dias”. Assim, 0 STF, 20 voltar ao tema em 2013, considerou que a superveniéncia da l nao prejudicava o julgamento dos mandados de injunsao impetrados antes do seu advento. Entendeu a Corte que a nova lei somente produziria efeitos a partir da data do inicio de sua vigéncia, nao alcangando a situacio concreta anterior do impetrante e que, por isso, nao poderia o tribunal julgar extinta a a¢do, mas sim construir uma solugao juridica a partir da nova lei lei, mas tio somente de utilizé-la como parimetro para a formulagio da decisio para o Nota-se que nao se tratou de dar efeitos retroativos & nova caso concreto., 5.3. Legitimidade ativa e passiva Qualquer pessoa, fisica ou juridica, que esteja impedida de exercer os direitos ¢ as liberdades consticucionais, assim como de suas prerrogativas inerentes 4 nacionalidade, soberania e cidadania, em razéo de omissio do Poder Publico em editar normas regula- mentadoras que confiram efeti ativo do mandado de injungao. Nao basta, pois, a auséncia de norma regulamentadora; preciso, ainda, que o legitimado ativo comprove que 0 nao exercicio do direito/liberdade/ prerrogativa é consequéncia direta da inexisténcia da regulamentagio (nexo causal). Nesse sentido decidiu 0 STF: jidade As normas constitucionais, poder configurar o pélo Pata ser cabivel © mandado de injungio, nao basta que haja eventual obsticulo a0 exercicio de diteito ou liberdade constirucional em razdo de omissio legislativa, mas concreta inviabilidade de sua plena frui¢éo pelo seu titular. Dai por que hi de set comprovads, de plano, a titularidade do direito (..) €2 sua inviabilidade decorcente da auséncia de norma regulamentadora do direito constitucional. 65. _MI2.195-AgR, voto da Rel. Min. Carmen Lucia, julgamento em 23-2-2011, Plenério, OJE de 18-3-2011, 442 AGOES CONSTITUCIONAIS A legitimidade ativa engloba, igualmente, as coletividades (sindicatos ¢ associagses) € 0 Ministério Publico®. Sobre as primeiras, lembremos que o STF, em sua jurisprudéncia®, reputa valida a impetracio do mandado de injungao coletivo, por analogia a0 mandado de seguranga coletivo. Assim, os legitimados para a propositura do mandado de injungao coletivo, apli cando~ se o regramento pertinente a0 mandado de seguranca coletivo (artigo 5°, LXX, CF/88), sio ) 0s partidos politicos com representagio no Congreso Nacional, Gi) as organizagses sindicais, as entidades de classe e associagées legalmente constitui- das ¢ em Funcionamento hi pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ‘ou associados. Partidos politicos com representaco no Congreso Nacional INJUNGAO COLETIVO (art. $8, 0% F/88)_ Entidades de classe ‘Associagdes legalmente constituidas e em funcionamentohd pelomenos um ano No que se refere ao MP, a legitimidade para a impetragio do mandado de injungao tem por base o art. 129, II, CF/88 €0 art. 6°, da Lei Complementar n® 75/1993, nos casos que envolvem direitos difusos e coletivos estabelecidos no documento constitucional ¢ inviabilizados pela falta de norma regulamentadora. A legitimidade passiva, em contrapartida, sera sempre do érgio, autoridade ou enti- dade piiblica (pessoa estatal) responsével por viabilizar os direitos previstos na Constitui- 40 Federal, tendo em vista que 0 mandado de injungao tem por objetivo suprir omissio do Poder Piiblico em relagao 4s normas constitucionais. 66. Nostermos do art.68, Vil da Lei Complementar n? 75/1993: "Compete a0 Ministério Publico da UniSo: promo- ver outras ages, nelas incluido 0 mandado de injunc3o sempre que a falta de norma regulamentadora torne invidvel 0 exercicio dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes a nacionalidade, 3 soberania e & cidadania, quando difusos osinteresses a serem protegido: 67. Conforme Mandado de injun¢do n® 361-R), relatado pelo Min. Nérida Silveira. 443 NATHALIA MASSON Ainda que beneficiados pela falta de regulamentagao, eventuais particulates néo po- derao figurar no polo passivo do mandado de injungao, eis que os mesmos nao possuem 0 dever de editar quaisquer normas, vale dizer, nao emitem comandos normativos. Nao ha, pois, litisconsércio passivo entre as autoridades/orgaos/entidades puiblicas ¢ particulares®, Outro ponto de relevo refere-se & iniciativa reservada para apresentagio do projeto de lei, Nesta hipétese, a Corte ji decidiu que a legitimidade passiva do mandado de injun- go € do responsivel pelo encaminhamento do projeto de lei, ou seja, daquele que detém © poder de iniciativa®, pelo menos até que seja apresentada a proposta normativa a0 érgio legislativo adequado. 5.4, Competén A competéncia para julgamento do mandado de injungio esta delimitada na Cons- tituigéo Federal ¢ foi fixada levando em consideragao 0 drgio, autoridade ou entidade omissa, que deveria ter elaborado a norma regulamentadora. Assim, vejamos: (@) caso a edicao da norma regulamentadora seja de atribuicao do Presidente da Repu- blica, do Congresso Nacional, da Camara dos Deputados, do Senado Federal, de quais- quer das Mesas dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da Unio, dos Tribunais Superiores ou do Supremo Tribunal Federal, a comp. Tribunal Federal, conforme previsio do art. 102, 1 rncia originaria seri do Supremo CF/88; igualmente a competéncia é do Supremo Tribunal Federal para julgar, em grau de recurso ordinatio, o mandado de injungao decidido em unica instancia pelos Tribu- nais Superiores, quando denegatéria a decisdo (art. 102, I, "a", CF/88); (iii) segundo a doutrina, ¢ implicita a competéncia tanto do STF quando do STJ para julgarem, respectivamente, recursos extraordinarios e especiais contra decisées proferidas em mandado de injungao (art. 102, III, "a" e are. 105, 111, .. ambos da CF/88); € (iv) quando a norma regulamentadora for atribuigio de érgio, entidade ou autorida- de federal da administragio direita ou indirera, excetuados os casos de competéncia do Supremo Tribunal Federal e dos érgios da Justiga Militar, da Justiga Eleitoral, da Justiga do Trabalho ¢ da Justiga Federal, a comperéncia origindria seré do Superior Tribunal de Justiga, segundo o art. 105, I, "h", CF/88; () competéncia da Justiga Militar, Eleitoral ou do Trabalho, nos casos de a im- petraao discurir matérias sujeitas 4 jurisdicao desses ramos especificos; 0 fundamento constitucional é 0 art. 105, 1, "h", CF/88, a contratio sensu 68, Mandado de injun¢io n® 288.-0F, STF, Rel. Min. Celsode Mello. 69, Vale citar a interessante decisio do SFT no MI 153-AgR, Rel. Min, Paulo Brossard: "Mandado de injungo. leg timidade passiva do presidente do Senado Federal se a iniciativa da lei € da alcada privativa do Presidente da Repiibica (CF, ats. 37, Vil, €61,§ 3,ll,c)." 444 AGOES CONSTITUCIONAIS (vi) 0 art, 121, § 4°, V, CF/88, por sua vez, estabelece expressamente comperéncia de cardter recursal do TSE para julgar as decisées dos Tribunais Regionais Eleitorais que denegarem mandados de injungios (vii) cumpre, finalmente, destacar a possibilidade da existéncia de mandado de in- jungio estadual, desde que haja previsio na respectiva Constituigao Estadual, devendo a competéncia para processamento ¢ julgamento ser definida pela propria Constituigao do Estado (art. 125, CF/88). E adequado esse entendimento doutrinario, pois nao hd outra competéncia para julgamento se a omissio for imputada a érgios ou autoridades muni- cipais ¢ estaduais, como 0 Governador de Estado, a Assembleia Legislativa, 0 Prefeito municipal, a Camara Municipal, por exemplo. Por iiltimo, vale mencionar a divergéncia doutrinéria quanto 0 cabimento de man- dado de injungao na Justiga Federal. Se de um lado a redacio do art. 105, 1, "h’, CF/88 indica haver essa competéncia, ainda que residual, de outro, a doutrina majoritaria discor- da dessa possibilidade. O primeiro argumento é formal: ndo ha qualquer mengao a com- peténcia para julgamento de MI na Justica Federal, nem no art. 108, CF/88, tampouco no art. 109, CF/88. O segundo, mais sofisticado: No caso especifico do art. 109, I, da CF, havendo os entes federais indicados — além das fundagées federais, conselhos de fiscalizagio profissional e agéncias reguladoras =, € nio sendo 0 mandado de injuncio de competéncia originiria dos Tribunais de superposigéo, seria, a0 menos em cese, possivel se atribuir competéncia 3 Justiga Fede- ral de primeiro grau. Ocorre, entretanto, que a presenga desses ences federais levard a competéncia para o Superior Tribunal de Justiga, afastando a aplicagao do art. 109, , da CF 20 mandado de injungio.” 5.5. Procedimento A Lei n° 8.038/1990 estabeleceu, em seu art. 24, pardgrafo Unico, que no mandado de injungao sera observado, no que couber, as normas do mandado de seguranga, enquanto nao for editada legislacao especifica. A lei, pois, que serve de parametro procedimental para o mandado de injungao é a Lei n° 12.016/2009, que atualmente regula 0 processa- mento do mandado de seguranga. Deve-se atentar, contudo, para a jurisprudéncia tradicional do STF no sentido de que embora se aplique a0 mandado de injungao os aspectos procedimentais do mandado de se- guranga, nao € cabivel a concessio de medida liminar no mandado de injungio”. Des- tarte, a norma constante do art. 79, II], da Lei n® 12.016/2009 (que autoriza a suspensio do ato que motivou 0 pedido, quando houver fundamento relevante ¢ do ato impugnado puder resultar a ineficacia da medida, caso seja finalmente deferida), nao serd aplicada aos mandados de injungio. A justificativa é de que a liminar ultrapassaria os limites da decisio final prolatada no préprio writ. 70. NEVES, Caniel Amorim Assumpso. Agdes Constitucionals. 1? ed. S30 Paulo: Método, 2011, p. 103. 71. Como precedentes, podemos mencionar 0 MIn® 283-DF, o Mi n® 342-SP, ¢ 0 Mi ni? $42-SP, todos julgados pelo STF 445 NATHALIA MASSON Em outras palavras, procurou-se justificar a inadmissibilidade da liminar no manda- do de injungio como decorréncia do reconhecimento de que se nem mesmo 0 provimento final do remédio seria capaz de suprir a omissio constitucional, 0 que dizer de um provi- mento provisério ¢ preliminar! Em nossa percepsao, todavia, referido posicionamento (im- peditivo da concessio da cautelar) somente se justificava em face da adogio da teoria nio concretista para a decisao definitiva. Como 0 STF passou a consagrar a teoria concretista, conforme estudaremos no item relacionado aos efeitos do mandado de injungéo (ver item 5.7 do cap. 9), jé néo faz mais sentido a inadmissibilidade da cautelar em sede de MI, razdo pela qual encendemos ter esse posicionamento se tornado ultrapassado ¢ contraditério. Seguindo os dicames da Lei n° 12.016/2009, o legitimado ativo deve ajuizar o mandado de injungao no érgio judiciério competente ¢, na hipétese de admissio, o legitimado passivo terd dez dias para a prestaéo de informagées. Na sequéncia, 0 Ministério Publico (agindo como custos legis) terd dez dias para opinar. Conforme determina o art. 12, pardgrafo tinico, da Lei n® 12.016/2009, a intimagdo do MP € obrigatéria, mas nao sua manifestagdo. Deste modo, independentemente da existéncia de parecer do Parquet, os autos serio conclusos para decisio do drgio judiciirio competente, que deverd ser proferida no prazo de trinta dias. 5.6. Decisdo e recursos cabiveis Das decis de regra caberd recurso. Estao, todavia, insuscetiveis de submissao a via recursal as decisdes s prolatadas no mandado de injungio, sejam elas concessivas ou no, via provenientes do Supremo Tribunal Federal em sua competéncia origindria, com base no art. 102, I, "q", CF/88. Os recursos cabiveis em sede de mandado de injungao sao os seguintes: ( Recurso extraordinério para 0 STF — nos termos do art. 102, Ill, CF/88; (i) Recurso especial para o STJ — art. 105, III, CF/88; (iii) Recurso ordinario constitucional para o STF ~ art. 102, Il, "a", CF (quando houver decisio denegatéria oriunda de competéncia o: indria dos Tribunais Superiores); (iv) Recurso ordindrio para o TSE art. 121, § 4°, V, CF/88; (v) Apelaséo, de decisio oriunda de sentenga proferida em primeiro grau ~ com base na Lei n° 12.016/2009, aplicével ao remédio enquanto ele nao tiver sido devidamente regulamentado; (vi) Embargos de declaragao— com base no CPC; (vii) Agravo (retido ou de instrumento) ~ igualmente tendo por base o CPC; Por tiltimo, é necessério atentar para o seguinte fato: o recurso cabivel frente as deci- soes denegatérias ou concessivas do mandado de injungio advindas dos Tribunais Esta- duais ou Tribunais Regionais Federais é o Recurso especial (art. 105, II], CF/88) ¢ nio o Recurso ordinario constitucional do art. 105, II, CF/88. 446

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