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ÁsiaKi

Oriente na Amazônia? Este foi o ousado desafio muito menos, do outro lado do mundo. Logicamente, as
dos estudantes
ÁsiaKi de curso de Comunicação Social – práticas culturais são diversas e singulares. Entretanto,
Jornalismo, da Universidade Federal do Pará, ao somos, em sua maioria, homens e mulheres urbanos,
idealizar a Revista ÁSIAKI. A proposta era combinar consumidores de uma cultura global e híbrida por
diversidade cultural, novas visões de mundo e a natureza.
boa e velha dose de entretenimento cotidiano. Por conta dessa mistura, reunimos o que de Oriente
Conseguimos? Ao leitor, deixamos a tarefa de tem na Amazônia e o que de Amazônia tem no Oriente.
folhear essa idéia. Esporte, literatura, cinema, economia, religião. Dos
Mas, o que a cultura oriental tem haver com a diversos temas aos mais invisíveis dos prazeres de uma
“Belém-Amazônia-Brasil”? Diríamos quase tudo. população que convive com o rotineiramente inusitado.
O cotidiano daqui não diferente do daí, do de lá e,

Nesta edição
· Visual Kei em Belém. pág 3 · A tradição da literatura japonesa. pág 35

· O Laço entre Brasil e Japão. pág 11 · A ideologia do judô. pág 39

· Espiritualidade do Seicho-no-ie. pág 14 · O budismo e a sociedade de valores. pág 42

· A rejuvenescedora massagem tailandesa. pág 18 · A terapia contra demônios. pág 44

· Conexão digital Brasil Japão. pág 22 · Realidade aumentada. pág 47

· Os quimonos de Belém. pág 25 · A arte da imortalidade. pág 49

· Viaje pela mundo de Chihiro. pág 29 · A filosofia do taoísmo. pág 52

· A arte da dança oriental. pág 31 · O país do futebol. pág 55

· O canto transcendental. pág 59

Ficha técnica
* Professores responsáveis: Ana Petruc-
celli, Ronaldo e Simone Romero
.
* Produtores de textos e fotos: Abílo
Dantas; Aílton Faro; Andréa Mota;
Brena Freire; Clareana Rodrigues;
Felipe Cortez; José Fontelles; Josué Ri-
beiro; Killzy Lucena; Paula Catarina;
Raphael Freire; Suanny Lopes; Wellington
Lima

* Diagramação e tratamento de imagens:


Raphael Freire
ÁsiaKi 3

Cultura pop japone-


sa em Belém
Muito vermelho, flores coloridas, karaokê...
Tradicionalmente, o Japão é conhecido por expressar sua
cultura brilhantemente colorida por meio de comidas
diferentes, quimonos de cores vibrantes, teatro com
personagens típicos. Mas durante a 2ª Guerra Mundial, a
vida dos japoneses mudou como se tivesse desaparecido
toda a tradição e encantamento da sociedade japonesa.

O
por: Felipe Cortez e Raphael Freire

impulso e o desejo de expressar seus estilos e car-


Foto: Felipe Cortez

acterísticas que lhes são próprios foram reprimidos. Os


japoneses viviam em uma sociedade onde os valores
individuais e os padrões de homogeneidade eram im-
postos com a justificativa para alcançar a supremacia
econômica e tecnológica, na tentativa de reerguer o país
que havia sido destruído durante a guerra. Em casa, na
escola e entre amigos, a regra era simplesmente aceitar
e seguir os mandamentos impostos pelo grupo. Com
quase todos os prazeres individuais negados, a nação
perseguia seus objetivos em concordância harmoniosa
e sempre com pensamento coletivo, deixando de lado
a riqueza cultural e a variedade individual.
Cansados dessa uniformização e padronização, di-
movimentos surgem com o objetivo de buscar
versos
a individualidade e expressão dos sentimentos mais
profundos. Um dos precursores é o J-Rock ou rock
japonês, movimento musical de contra-cultura que
Jaime Neto é o precursor do movimento
surgiu com a intenção de romper com convenções. “Os
jovens japoneses não tinham imagem definidas deles mes-
mos. Por não saberem, ainda, a pensar como indivíduos,
eles queriam se libertar das semelhanças, abraçando o
diferente, o exótico”, diz Ken Ohira, autor de 10 livros
sobre psiquiatria de adolescentes. Todo esse desespero
4 ÁsiaKi

Foto: Felipe Cortez


pela busca da diferencia-
ção do todo é perfeita-
mente vista por meio de
um movimento visual
chamado de Visual Kei
ou simplesmente VK.
Antes de tratarmos
mais a fundo sobre o
Visual Kei, uma coisa
deve ser esclarecida:
todo VK pertence ao
J-Rock, mas nem todas
as bandas adotam o es-
tilo VK. Ambos estão A turma de VK’s se reúne todos os fins de semana na cidade
estreitamente relacionados.
Se você está lendo essa matéria e chegou até aqui con-
seguindo perceber que VK e J-Rock não são a mesma
coisa, parabéns! Mas se você ainda não entendeu essa
diferença, a hora é agora.
Imagine que você é um adolescente japonês que está
cansado de seguir as normas que lhe são impostas e de
se vestir quase igual a todo mundo. Por ser um estilo
musical popular no Japão, você ouve J-Rock e gosta
bastante da mistura de sons. Depois fica sabendo o que
compõe todo esse movimente e começa a se vestir como
os integrantes dessas bandas. Pronto você já é um VK!
A partir de agora, você passa a usa roupas muito
chamativas, maquiagem bastante carregada, muitas vezes
aposta nas tentativas de copiar modelos de personagens
de animes... Segundo a psicóloga Sandra Bastos, tipos
O Visual Kei é apenas uma
de comportamentos como este ocorrem principalmente
vertente dentro do J-Rock,
devido uma fase conhecida como polarização, onde o
que pode ser considerado um
desvio de atenção do âmbito familiar é transferido para
dos principais, ou o principal,
o social. “O adolescente começa a descobrir uma outra
movimento que romperam
visão de mundo, ele está deixando de priorizar o núcleo
com convenções e com a
familiar e começa a priorizar o núcleo social e as relações
desindividualização no Japão.
interpessoais”, explica.
Com essa transformação o adolescente procura se
apoiar em alguém que o entenda. “Quando começa a
ter os primeiros embates com a família, o grupo social
funciona como um suporte para esta fase de insegurança,
descoberta, transição. O grupo é compreensivo, acha que
ele está certo. A necessidade de se sentir igual, de ser
aprovado em um grupo, pode ser motivada por diver-
ÁsiaKi 5
Foto: Felipe Cortez

sos fatores. Todos os adolescentes querem


chamar atenção, com tanto que não chame
atenção sozinho”, explica Sandra.
Essa busca pela individualidade do grupo
muitas vezes é alvo de preconceitos e estra-
nhesa, principalmente pelos mais tradicio-
nalistas. “Já aconteceu de eu estar andando
na rua e uma senhora, quando me viu,
desviou o caminho para não passar perto
de mim”, conta a promoter e empresária Cris
Vasconcelos, 30, dona da banca Cristal
Mistical e VK.
Existem bandas que não abusam de
roupas e maquiagens elaboradas e per-
formances extravagantes – seguem uma
tendência mais ocidental na maneira de
se vestir –, mas tocam J-Rock, entre elas
estão as bandas 175 R, L’Arc~en~Ciel, Sex
Machineguns, Wyse, BUCK-TICK. “Pro ado-
lescente ‘o mundo é seu limite’. O processo
Algumas garotas se vestem com roupas maculinas
de rebeldia, de ser diferente, de querer
aparecer é passageiro”, justifica Sandra.
Esse estilo musical é bem difícil de ser classificado, pois cada banda possui a sua maneira
de tocar e nem sempre seguem o mesmo estilo o tempo todo. As bandas de J-Rock sofrem
influência de outras derivações do rock, punk e metal. Quando grupos musicais resolvem
mudar a sonoridade das músicas, eles não param por aí: mudam todo o aparato, o interesse e
o pensamento. Quando questionados sobre a qualidade das músicas, os jovens disseram que
retratam a realidade da nossa sociedade. “A música não é para ser entendida, mas para ser
sentida”, conta Giovanna Sovano, 17, VK desde os 14 e gosta de ser chamada de Gika.
Apesar desse estilo se chamar J-Rock (rock japonês), ser popular no Japão e as bandas
serem compostas todas por japoneses, a
maioria dos nomes das bandas não são es-
Foto: Felipe Cortez

critos em japonês: Malice Mizer, Dir em Grey,


X Japan, entre outras.
Em Belém existem cinco bandas (Otaku
Band, X Japan Cover, Shinob 88, Kuroi
Usaghi e Hasenga) que se dedicam a tocar
no estilo do rock japonês e que também são
adeptas do Visual Kei, as bandas geralmente
tocam em reuniões feitas pelos próprios
integrantes ou em eventos como o Japan
Rock Festival, que está sendo organizado
por Cris. Alguns se vestem para
6 ÁsiaKi
Foto: Felipe Cortez

Otaku, é?
“O seu clã” ou “a sua família”
são os significados originais
da palavra japonesa otaku.
Porém, no Japão da década de
80, Otaku virou sinônimo de
fanático ou maníaco. A popu-
larização da palavra entre os
fãs de anime ocorreu por vol-
ta de 1989, quando o croni-
sta Akio Nakamori utilizou a
palavra em um de seus livros,
“A era de M”, cujo enredo
O hobbie dos jovens é posar para fotos nos fins de semana descreve uma série de assas-
sinatos praticados por um
VK’s de Belém buscam viciado em animes e mangás
identidade própria pornográficos. A publicação
O movimento que mudou a cara do rock japonês contribuiu para disseminar
a partir da década de 80 surgiu em Belém no seio de uma imagem pejorativa do
um outro fenômeno da cultura nipônica, o universo otaku, que passou a sugerir
Otaku. o portador de qualquer tipo
Em 2004, um amante dos desenhos japoneses chamado de obsessão dentro e fora de
Jaime Netto, 16, plantou as sementes do Visual Kei na Nihon. O viciado em videog-
Cidade das Mangueiras. Ele percebeu que, apesar dos ames, por exemplo, é um g–mu
eventos direcionados para os fãs de desenhos japoneses já otaku. Já um pasokon otaku
apresentarem vídeos-clipe das bandas visuais de J-Rock, seria um maníaco por com-
ninguém via nisso a inspiração para se vestir como estes putadores. Anime e mangá
artistas, como até então só se fazia com personagens de otakus são os fãs do universo
desenhos. dos desenhos japoneses.
Jaimediz que sempre foi “alucinado” por cultura Em Belém, o fenômeno Otaku
japonesa. Sempre participou das festas promovidas pela já se encontra consolidado,
comunidade nipônica local e buscou ler tudo o que lhe mas reservado a um pequeno
caia nas mãos sobre a cultura oriental. “Até que um dia, público, composto por fãs que
numa revista de variedades que o consulado japonês buscam trocar informações
do Pará distribui, tinha uma matéria sobre Harajuku. sobre seus desenhos favoritos
Eu achei curioso e resolvi pesquisar mais na internet. e acabam se tornando grandes
Nessa época, em meados de 2003, eu nem sabia que amigos, formando ramificadas
havia eventos de anime em Belém e que faziam cosplays. redes de relações. Uma delas
Daí, no ano seguinte, quando fui ao primeiro evento, vi pode ser observada no Orkut,
pessoas fazendo cosplay e clipes de j-rock como atrações
do evento, mas ninguém fazia VK”.
No Animazon, realizado no Taikai (tradicional encontro
de otakus em Belém) de 2005, Jaime, acompanhado de
Giovanna Sovano, amiga da escola, usava roupas pretas
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mas precisamente na comuni- e rasgadas e maquiagens feitas pelos próprios adoles-


dade Animazon. “A gente não centes, que lembravam os VK’s da década de 90, em que
conhece todo mundo, mas predominou o Kote Kote Kei (ver boxe ‘Gêneros de Visual
essas redes de relações per- Kei’). “Já no nosso segundo VK nos preocupamos em
mitem que a gente possa di- mandar fazer as roupas em costureiras e tivemos mais
vulgar os eventos”, diz Arcan- cuidado com cabelo e maquiagem.
jo – na verdade Alexandre – Algum tempo depois, o garoto adotou um pseudônimo,
otaku de 24 anos que continua como faz todo VK. Seu novo nome era Hooki. “Hooki
firme no que gosta e faz cara pode significar várias coisas: abandono, rebeldia, difer-
feia para quem ainda acredita ente e vassoura. Naquela época o que eu queria mesmo
que anime é coisa de criança eram os três primeiros significados. Vale lembrar que
ou adolescente. A divulga- todo artista do cenário J-Rock/Visual Kei adota um
ção do primeiro Tomodachi de pseudônimo”, Jame continua dando exemplo do guitar-
2008, ocorrido em março, por rista da banda The Gazette, conhecido como Aoi (significa
exemplo, foi feita apenas por “Azul”), que, na verdade, se chama Shiroyama Yuu, um
Orkut. Assim, conseguimos nome comum no Japão.
reunir no Cefet-PA cerca “Inspirado nisso, muitos
de 700 otakus. Os principais fãs adotam pseudônimos
eventos de Belém são o também”.
‘Otaku no Matsuri’, ‘Tomodachi- Hoje, os eventos que
Con’, ‘Animazon no Taikai’ e o reúnem os otakus da
‘Animazon Connection’ (os dois cidade recebem VK’s
últimos se diferenciam apenas aos montes. Entretanto,
pelos grupos organizadores). também há encontros
Nesses eventos, os otakus exclusivos para esses
basicamente fazem concursos grupos, que ocorrem
de cosplay, onde quem vence geralmente sob as for-
é quem imita a atitude e se mas de reuniões fecha-
veste mais fielmente como os das em locais específicos
seus personagens de desenho – casas, salões alugados e
favoritos; cantam os animesongs praças reservadas – e de
ou outras músicas asiáticas passeios do tipo Hara-
que gostam. Além disso, juku, em que os VK’s
Rege, celebridade entre os VK’s de Belém
jogam games como Super Smash desfilam, em grupo, por
Brothers e The King of Fighters e lugares públicos como
também dançam, conhecem um shopping, uma praça ou um bosque. Já nas reuniões
novos otakus e trocam idéias fechadas, os VK’s ouvem e conversam sobre J-Rock,
sobre os velhos e novos an- cantam músicas que gostam em karaokês, brincam, para
imes da praça. não deixar nada passar em branco, se fotografam. É a
fotografia aliás, que permite o contato de outros otakus
com o universo do VK através de sites de relacionamento
como o Orkut, ferramenta virtual já enraizada na cultura
comunicacional desta turma.
Reges, lembra que Visual Kei não está ligado apenas
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à aparência. “Visual Kei não é só pose, é uma atitude.


Não adianta querer fazer um figurino bem feito
se a pessoa não conhecer o j-rock e as bandas.
VK não é uma tribo, é um movimento”, diz o
jovem de 18 anos, vocalista de pelo menos três
bandas de música japonesa de Belém, também
animador de encontros, cosplayer e, além de tudo
isso, o rapaz ainda se dedica em ser o hair design
do grupo. Isso mesmo, Reges prepara os cabelos
dos amigos VK’s e o próprio, além de conhecer
técnicas de maquiagem. Não é à toa que ele cursa
Design em uma faculdade de Belém. Para ver o

Harajuku: O outro lado do espelho


Belém não possui um “point” específico para
o Visual Kei. Normalmente, nossos VK’s se
reúnem em locais como Parque da Residência e Casa
das Onze Janelas, onde, dizem com unanimidade, ficam
a salvo de “olhares maldosos”. Entretanto, no berço do
movimento músico-visual japonês, há um bairro que Um dos locais
acolhe todos os fins de semana, não apenas os VK’s, preferidos dos
mas todas as tribos de Nihon.. VK’s de Belém
Quem chega de trem à província de Shibuya (em Tóquio) é o complexo
pela linha Yamanote e dá os primeiros passos para fora da Feliz Lusitania
estação Harajuku pode se sentir transportado para outra
dimensão da moda alternativa, onde seres, aparentemente
jovens e humanos, desfilam com o que há de mais in-
imaginável na arte de se vestir. Adolescentes as portas
da vida adulta, perseguidores do reconhecimento
à sua singularidade. Bairro tradicional da moda Foto: Felipe Cortez
underground japonesa, Harajuku, herdeiro do
nome da estação que circunda, é, aos domingos,
um dos maiores palcos da imaginação oriental.
Grupos de adolescentes com estilos em comum
transitam pelas ruas, consomem nas lojas das
grandes grifes, conhecem outros jovens e obser-
vam peças que poderão usar de um jeito diferente
do observado no próximo domingo. Garotas
Gyaru de ar infantil posam loiras e bronzeadas
para as lentes curiosas de amigos e turistas. Loli-
tas, góticas ou elegantes, observam sorridentes os
artistas de rua não menos exuberantes, rodeados
de cosplays de bandas de J-Rock e Visual Keis.
Muitos flashes, vídeos gravados, apresentações de novas
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bandas e a tecnologia “made in japan” afloram a todo


minuto em cada esquina.
No fim da tarde de domingo, começa a metamorfose. O
que eram seres de intrigante e, muitas vezes, apaixonante
aparência, entram em casúlos – geralmente os banheiros
de lanchonetes como McDonald’s e Burger King – para
tornar às suas formas originais. Harajuku recebe todos os
domingos entre 3 e 4 mil jovens que, não raro, passaram
a semana ralando na escola, dando duro no trabalho e se
comportando bem no ambiente familiar para, naquele
dia, provar sua capacidade de superar moda(s) do do-
mingo anterior, desenhando, produzindo e usando suas
próprias peças.

Criatividade e grana
Incorporar o
Foto: Felipe Cortez

grotesco Eroguro Kei


ou o tradicional An-
gura em um figurino
oportuno não é tarefa
para qualquer um.
Se a criatividade é
fundamental para a
Os garotos também ousam confecção da peça, a
com roupas femininas verba para continuar
produzindo é indis-
pensável. O processo
de criação é demora-
do e exige paciência.
Basicamente, segue
as seguintes etapas:
1) escolha do visual,
pode ser cosplay do integrante de uma banda ou mais
uma criação pessoal; 2) a pesquisa dos materiais, peças
e assessórios que vão compor o figurino; 3) testes e
pesquisas de cabelo e maquiagem; 4) teste de tecidos,
linhas e assessórios com a costureira; 5) finalização do
figurino.
Ter paciência ajuda muito na escolha dos elementos
adequados a cada composição, já que é quase impossível
alcançar o resultado ideal num primeiro instante. Feira
pós-moderna, a internet é um dos locais mais indicados
para o início das pesquisas de construção do figurino.
Sites de venda são as principais barracas para consulta.
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Encontrar uma costureira paciente e com habilidade de


cópia suficiente para produzir exatamente o que se pede
é outra tarefa difícil, mas não impossível. É com essa
profissional que eles trocam informações diariamente
em busca da costura perfeita ou da manga de corte reto
do casaco para um visual aristocrático, por exemplo.
Diferente do Cosplay, em que a necessidade de alcançar
uma semelhança extrema com o original é o que conta,
a criação do VK é livre e permite o reaproveitamento
de peças. E, em se tratando de Visual Kei, o importante
é agregar o máximo de informações e inovação. Botas
com salto plataforma velhas são exemplos de peças
aproveitadas por adeptos de vários estilos VK.
O preço das roupas, assessórios e cosméticos varia
bastante. Existem visuais em que se gasta R$30 – com
maquiagem e alguns detalhes – e outros que custam
R$300. Não existe um preço fixo, pois cada criação é
única. Mas a construção sempre exige um investimento.
“As roupas do meu primeiro visual eu tinha em casa. Já
o segundo, em que fiz cosplay do Mana (do Malice Mizer)
em Beast of Blood, tive que pegar várias fotos e levar na
costureira”, diz Gio-

Foto: Felipe Cortez


vanna Sovano, 17, que
fez seu primeiro VK
em 2005.
Quem faz VK em
Belém, então, é quem
possui, além da criativ-
idade, recursos para a
empreitada. Dinheiro
esse que vem do tra-
balho próprio – como
fazem muitos jovens
em Harajuku para ali-
mentar seus hobbies
– ou dos pais. É pos-
sível obter ajuda para a
produção de figurinos
com quem entende As ruas de Belém servem como passarelas de desfile de moda
disso em Belém. Mem-
bros da comunidade Visual Kei Pará, do Orkut, ensinam
onde pesquisar e indicam costureiras que já trabalharam
com VK e cosplay.
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O laço entre
Brasil e Japão
Culturalmente falando, Brasil e Japão são bem diferentes.
Seja nas religiões tradicionais de cada um, nas relações
internacionais ou na culinária. Enquanto um cria seus filhos
para o mundo, o outro abriga três ou mais gerações da
mesma família sob o mesmo teto; um produz filme carregado
de mazelas do real, o outro exporta as lutas no patamar de
arte. Entretanto, um alimento os une, o arroz.
por: Andréa Mota
Ingrediente essencial na
alimentação dos dois países,
Foto: Google

o arroz se apresenta em
diversas versões e acom-
panhamentos: tradicional, à
grega, sopa de arroz do pai
José (mais uma dieta para
emagrecer) e os diversos
tipos de sushi que existem:
Niguiri, Gunkan, Norimaki,
entre outros. Sozinho ele in-
tegra a lista dos mais nutriti-
vos alimentos para consumo.
Já serviu de moeda para
pagamentos de impostos no
O Brasil é um dos maiores expotadores de arooz do mundo Período Edo (1660 – 1800),
no Japão. Além de ser con-
siderada uma das armas da
longevidade. Atualmente teve o seu genoma decodificado
em pesquisa realizada por cientistas de vários países,
dentre eles Brasil e Japão.
No Japão, o arroz é assunto de Estado. A rizicultura
transformou a planície de Kanto, região leste do Japão,
em uma zona bastante povoada. O cereal foi a principal
atividade econômica do país até metade do século XIX,
mesmo com as limitações de clima e solo da região.
O território japonês apresenta limitações, devido ao
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fato de 80% de área apresentar relevo montanhoso – No Japão, o arroz é assunto


meio desfavorável para atividades agrícolas – e apenas de Estado. A rizicultura
16% de planícies, onde o cultivo é facilitado. Já o clima transformou a planície de
da região é favorável a esse setor agrícola, principalmente Kanto, região leste do Japão,
pela ocorrência de quatro estações do ano responsáveis em uma zona bastante
em fornecer calor e umidade, exigida para o sucesso do povoada. O cereal foi a
cultivo. principal atividade econômica
Antes mesmo de vir a ser um dos produtos agrícolas do país até metade do
mais nutritivos, o Oryza Sativa – como o arroz é nomeado século XIX, mesmo com as
cientificamente – é considerado um alimento tradicional limitações de clima e solo da
na cultura agrícola do Brasil desde 1530 quando foi en- região.
contrado o primeiro registro de cultivo na capitania São O território japonês apresenta
Vicente, no período colonial. limitações, devido ao fato
Hoje, o grão não só ocupa notoriedade na história de 80% de área apresentar
como também movimenta a balança comercial anual relevo montanhoso – meio
no Brasil. Em 1989, o país tornou-se um dos principais desfavorável para atividades
importadores de arroz no mundo, atingindo, em 1998, agrícolas – e apenas 16%
uma média superior a 10% da demanda interna. Grande de planícies, onde o cultivo
Foto: Google

parte dos brasileiros é facilitado. Já o clima da


consome o produto, região é favorável a esse setor
que é considerado o agrícola, principalmente
principal alimento pela ocorrência de quatro
da cesta básica e estações do ano responsáveis
corresponde a 22% em fornecer calor e umidade,
do orçamento ali- exigida para o sucesso do
mentar mensal do cultivo.
trabalhador.
A cultura do arroz,
O consumo médio de arroz no Brasil no Pará é introduz-
varia de 74 a 76 Kg/habitante/ano ida no campo com
o início do período
chuvoso, que se estende de janeiro a maio e como al-
ternativa para cultivos em regiões úmidas. Boa parte
do cultivo no Estado concentra-se na agricultura de
subsistência. Com o objetivo de dinamizar o cultivo do A cultura do arroz, no Pará
arroz no país e ampliar parcerias com países que possuem é introduzida no campo com
história e ações de vanguarda na prática da rizicultura, o início do período chuvoso,
foi realizado, no dia 26 de março, o “I Seminário Nipo- que se estende de janeiro
Brasileiro sobre a cultura do arroz”, em Brasília (DF). a maio e como alternativa
O evento, promovido pela embaixada do Japão no Bra- para cultivos em regiões
sil em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa úmidas. Boa parte do cultivo
Agropecuária (EMBRAPA), inaugurou a união entre os no Estado concentra-se na
países em questão. agricultura de subsistência.
ÁsiaKi 13

Makizushi (sushi enrolado): Um pedaço


Foto: Google

cilíndrico, formado com a ajuda de uma esteira


enrolável de bambu, chamada makisu ou sudare.
O makizushi é geralmente embrulhado em nori,
uma folha de alga marinha desidratada que
abriga o arroz e o recheio.

Foto: Google
Uramaki (enrolado ao contrário): Um
pedaço cilíndrico médio, com dois ou mais
recheios. O Uramaki se diferencia dos
outros maki porque o arroz está na parte
externa e o nori na interna. O recheio fica
no centro, rodeada por uma camada de
nori, então uma camada de arroz e uma
cobertura de ovas de peixe ou sementes de
gergelim torradas completam a especiaria.

Futomaki (rolinhos grandes):


Foto: Google

Cilíndrico e grande, é um dos


mais populares sushis. Possui
como recheio variada combi-
nação de peixes, folhas e raízes.
Tendo tradicionalmente recheios
ímpares, é um dos mais aprecia-
dos em festivais e datas comem-
orativas.

Oshizushi (sushi prensado): Um pedaço


Foto: Google

em forma de bloco usando um molde


de madeira, chamado oshibako. O
chefe de cozinha alinha o fundo do
oshibako com a cobertura, cobre-o com
arroz de sushi, e pressiona a tampa
do molde para baixo para criar um
bloco compacto e retilíneo. O bloco
é removido do molde e cortado em
pedaços que cabem na boca.
14 ÁsiaKi

Juventude,
Espiritualidade e
Engajamento
Jovens do Brasil inteiro resolveram seguir uma doutrina que
prega a manifestação do amor em todos os atos, anulação
do ego e a prática da meditação como maneira de iluminar a

por: Brena Freire

Isso é algo de grande destaque, pois egoísmo, vaidade


e stress parecem palavras de ordem no mundo moderno.
Por isso, a Seicho-No-Ie, filosofia/
religião de origem japonesa, tem se
mostrado um ótimo seguimento

Foto: Brena
para quem decide viver melhor
buscando o equilíbrio mental e
espiritual.
Qualquer pessoa pode ser adepta
da Seicho-No-Ie, e cada vez mais
aumenta o número dos que entram
em contado com sua doutrina e re-
solvem praticá-la. Mas a Associação
dos Jovens da Seicho-No-Ie (AJSI)
merece atenção. Ela existe desde
1948 e tem o objetivo de difundir
a doutrina e despertar a capacidade
de cada jovem seguidor, a partir de As reuniões acontecem semanalmente Belém
15 anos, para benefício próprio e
da sociedade.
A AJSI é uma das organizações da Seicho-No-Ie que
promove eventos e reuniões semanais com o foco na
difusão dos ensinamentos. Cada cidade possui uma As-
sociação regional e cada regional possui uma local (AL).
Em Belém existem três Associações Locais em que
muitos jovens desenvolvem trabalhos.
Juliana Bandeira, 17 anos, é ligada a Seicho-No-Ie
ÁsiaKi 15

desde a infância. Ela conta que ao nascer, teve problemas


de saúde, e sua mãe, conhecedora dos ensinamentos,
mas afastada na época, procurou a religião em busca de
ajuda. Ao crescer, Juliana começou a se interessar pelos
ensinamentos, e hoje é presidente da Associação Local
Umarizal.
Outros jovens simplesmente se interessam pela doutri-
na e resolvem segui-la, como Jádua Fernandes, 26. Ela
começou a frequentar as reuniões por
convite da mãe e atualmente faz parte
da AJSI. Jádua conta que por causa da
prática dos ensinamentos, já realizou
muitos desejos, principalmente a con-
Imagem:

quista de seu primeiro emprego.


A existência de uma Associação de
jovens é justificada pelos diferentes in-
teresses. Por esse motivo, assim com os
jovens, os homens adultos, as mulheres,
os professores e os empresários possuem
grupos específicos em associações. No
entanto, essas especificações não dificul-
tam a participação de pessoas de fora nas
reuniões. “Não queremos que as pessoas
pensem que aqui é fechado só para quem
já participa. Sou católica, mas freqüento
a Seicho-No-Ie assim como vou à missa.
Os espíritas, evangélicos, católicos... Todo
mundo é bem vindo!”, ressalta Juliana Bandeira.
Em todas as organizações há um Preletor, uma pessoa
que toma a dianteira durante as reuniões, lendo os sutras
e fazendo as orações. A Preletora Vitorina faz parte da
AJSI de Belém e passou a exercer o cargo depois de
passar por alguns níveis de estudo e de trabalho na As-
sociação. “Os jovens precisam de orientações específicas”
disse a Preletora ao explicar a necessidade de os jovens
se reunirem e trabalharem para a Associação.
“As pessoas devem ter um canal para conversar com
Deus.”, disse Juliana ao se referir à necessidade que as
pessoas, incluindo os mais jovens, têm de um direciona-
mento espiritual, “A Seicho é um bom caminho porque
as pessoas precisam se reverenciar mais como filhos de
Deus, e entender que a vida que pulsa em nós, nada mais
é que a vida de Deus.”, completa.
Na Associação Local Umarizal, as reuniões acontecem
todos os domingos às 17h na rua Generalíssimo Deodoro
16 ÁsiaKi

nº 675, entre Domingos Marreiros e Boa Ventura. Todos


são convidados, sem restrições.

Sobre a Seicho-No-Ie
Embora a Seicho-No-Ie tenha se tornado oficial em
1930, já era praticada anteriormente em uma vila no
município de Kobe no Japão. Seu fundador foi Masa-
haru Taniguchi que ficou muito conhecido durante a II
Guerra Mundial, incorporando elementos do Xintoísmo,
Budismo e cristianismo na nova doutrina.
Chegou ao Brasil trazida pelo grande número de
imigrates japoneses no início do século XX. Em
pouco tempo os ensinamentos da Seicho-No-Ie já es-
tavam difundidos em todo país por meio de revistas e
calendários.
A Seicho-No-Ie ou “Casa da Plenitude” pode ser
considerada uma religião ou uma filosofia de vida. Seus
adeptos crêem que somente Deus e o que ele cria, prin-
cipalmente os humanos, existem verdadeiramente. Todas
as outras coisas são manifestações da mente humana, não

SEICHO-NO-IE
Os praticantes e sua doutrina
· Agradecer a todas as coisas do Universo;

· Conservar sempre o sentimento natural;

· Manifestar o amor em todos os atos;

· Ser atencioso para com todas as pessoas, coisas e fatos;

· Ver sempre a parte positiva das pessoas, coisas e fatos, e nunca as suas
partes negativas;

· Anular totalmente o ego;

· Fazer da vida humana uma vida divina e avançar crendo sempre na


vitória infalível;
ÁsiaKi 17

tem a mesma natureza divina. Nesse sentido, doença,


pecado, morte e até mesmo o mal não são eternos, por
isso não existem. São projeções da mente humana.A
essência de toda a doutrina é que “O homem é filho
de Deus” e por isso precisa manifestar sua perfeição
praticando cotidianamente os atos de amor e caridade,
leituras de Sutras sagrados e a meditação. Como con-
sequência da prática dessas ações,
os seguidores da Seicho-No-Ie
Foto: Brena Freire

acreditam ser contemplados com


fatos milagrosos como a cura de
doenças, harmonia em seus lares,
solução de problemas econômicos
e êxito profissional.
Pessoas de qualquer religião
podem ser seguidores dos ensi-
namentos da Seicho-No-Ie. Isso
porque é uma filosofia que não
prega o sectarismo religioso, ou
seja, para os seguidores, todas as
religiões possuem bons aspectos.
Todas provêm de um único Deus,
Na AJSI também são vendidos livros sobre a doutrina japonesa
o que aliás é outro ensinamento: o
monoteísmo.
Organização
Atualmente a Seicho-No-Ie do Brasil é dividida em
cinco organizações: Associação Fraternidade, Associa-
ção Pomba Branca, Associação dos Jovens, Associação
da Prosperidade e Departamento de Educadores. Tais
organizações promovem eventos para diferentes tipos
de publico, dando atenção especial a cada um.
Além disso, programas de TV e rádio, livros e revistas,
são utilizados para propagar as ações dessas organizações,
bem como os ensinamentos da doutrina. Existem tam-
bém as Academias de Treina-
Para saber mais mento Espiritual procuradas
por quem deseja equilíbrio e paz
Seicho-No-Ie do Brasil: interiores. Em 2006 foi inau-
www.sni.org.br gurado em São Paulo o Museu
Histórico da Seicho-No-Ie do
Sede de Belém: Brasil, atendendo a necessidade
Av. Generalíssimo Deodoro, 675 - CEP 66055-240 de preservação da memória do
Fone/Fax.: (91) 3224-5579 / 3212 - 4458 seguimento no país.
ÁsiaKi

Massagem Tailande-
sa: relaxante e reju-
venescedora
Dores na costa, pernas, cabeça, ansaço, estresse... Essas são
reclamações comuns que ouvimos (e também sentimos)
diariamente de trabalhadores que passam de seis a oito
horas exercendo sua profissão. Mas essas pessoas se queixam
porque ainda não conhecem um estilo de massagem oriental
que promete relaxamento, tranqüilidade e a capacidade de
preservar a juventude.
por: Raphael Freire
Foto: Google

A massagem citada acima é conhecida como Thai


Massagem ou simplesmente Massagem Tailandesa.
Desenvolvida no século V a.C - época de Siddhartha
Gautama, o Budha - pelo médico indiano Jivaka Kumar
ÁsiaKi

Bhaccha (considerado o pai da medicina tailandesa) na


região que hoje compreende a Índia e o Nepal, a técnica
chegou à Tailândia - por tradição oral mestre/discípulo
há quase 2500 anos com a expansão do Budismo na
região. Intimamente ligada a essa doutrina, a massagem
Thai é um caminho para se cultivar os quatro estados
divinos de: Metta (bondade amorosa), Karuna (com-
paixão), Mudita (alegria contagiante) e Uppekha (im-
parcialidade, não-agressão). Hoje,
é praticada como um dos pilares
da medicina tradicional tailandesa,
que é composta por quatro ramos
distintos: a medicina nutricional, a
fitoterapia, a prática da meditação,
além da própria massagem.
Com um enfoque mais energé-
tico do que físico, a Thai Massa-
gem é feita por meio de pressões
profundas com as mãos, pole-
gares, joelhos, cotovelos e ante-
braços nos canais chamados Sen,
por onde circula a energia vital
do corpo e também por alonga-
mentos musculares, manipulações
articulares e torções. O objetivo é
liberar os bloqueios e estagnações da energia vital, para
que haja um equilíbrio no nível de energia essencial à
manutenção de um indivíduo saudável e livre de dores;
ou seja, manter em equilíbrio e harmonia o corpo, a
mente e o espírito.
A cadência dos movimentos da massagem propicia
um profundo relaxamento e bem-estar interior tanto
para o cliente como para o massagista. Por isso, para
que a eficácia da massagem seja alcançada é necessário
que o terapeuta utilize a meditação e o Yoga; e o cliente
precisa respirar profundamente, além de ambos estarem
em um lugar tranqüilo. Durante uma seção, que dura em
média duas horas, há um sentido de fluidez, integração
e companheirismo. “O corpo físico tem memória emo-
cional . Muitas vezes quando tocamos alguém, estamos
tocando os pais e a família e toda a influência deles na
pessoa. Estas memórias estão enraizadas nos músculos,
tendões,olhar, postura, respiração. A intenção da Mas-
sagem Thai é então , dissolver memórias emocionais
20 ÁsiaKi

que possam estar limitando o crescimento verdadeiro


do cliente”, conta Sônia.
Apesar de tantos benefícios, a massagem é contra
indicada para pessoas que sofrem de doenças cardíacas
congestivas, osteoporose, as que possuem próteses de
joelho, quadril, etc.
Ligação com o erotismo
Logo quando se pensa em massagem tailandesa a
primeira imagem que vem em nossas mentes é a de
prostitutas oferecendo-a em troca de dinheiro. Não se
pode negar que esse tipo de massagem possui uma con-
hecida conotação erótica, mas esse não é o real sentido
da massagem.
No Ocidente a massagem tailandesa foi disseminada
como sendo uma massagem de cunho erótico, servindo
para excitação e prazer sexual, sendo distorcida a sua
natureza terapêutica e espiritual. Segundo Sônia, as
guerras no Oriente - em especial as do Vietnã, Laos e
Camboja, países vizinhos da Tailândia – contribuíram
para o crescimento da prostituição e outras circunstâncias
sócio-econômicas da própria Tailândia. Foi dessa forma
que os ocidentais tiveram o primeiro contato com a Thai
Massagem, sob a experiên-

Foto: Google
cia da conotação sexual.
O contato corporal nesse
tipo é massagem é muito
intenso, mas o nível de
concentração, relaxamento,
confiança e seriedade é
muito alto; além disso, o
“paciente” permanece ves-
tido em roupas confortáveis
durante a massagem Thai e
não são necessários óleos
para a pele.
As pessoas estão buscando
cada vez mais um conforto
espiritual, onde as relações
humanas ultrapassem cada
vez mais os valores mate-
riais e as pessoas busquem
uma vida subjetivamente
mais saudável e mais próxima dos seus semelhantes.
ÁsiaKi 21

Espiritualidade
Nós ocidentais estamos
acostumados a um médico
nos receitar remédios para
que uma doença seja curada,
talvez por isso, às vezes é difí-
cil acreditarmos no potencial
de cura dado a um ser vivente,
como sendo um dom da
própria natureza. “Todo o que
sofremos no corpo físico é
apenas expressão do que está
em desequilíbrio nos planos
energéticos e sutis de nossos
corpos psíquicos, emocio-
nais e espirituais. Por isso, no
oriente, a medicina sempre
esteve ligada às práticas es-
pirituais. Todos os recursos e
procedimentos médicos deco-
rrem desta visão espiritual do
ser humano”, diz a terapeuta
corporal Sônia Imenes.

Thai Massagem na Gravidez


A Thai Massagem é uma prática meditativa que promove estados meditativos e contem-
plativos que estreitam os laços mãe/filho e permitem à gestante saborear uma gravidez
prazerosa e saudável. Durante a gestação, a massagem alivia os desconfortos, bem como
prepara o corpo para o parto trabalhando a mobilidade e o fortalecimento das articulações,
atuando sobre o sistema nervoso, melhorando o sono, a digestão e diminuindo o stress;
propicia, com o toque acolhedor, suporte emocional e conforto; reduz e alivia dores nas
articulações, pescoço e costas causadas pelas alterações na postura, fraqueza muscular,
tensões e ganho de peso; melhora a circulação sanguínea e estimula o sistema linfático e
ajuda a manter a elasticidade da pele. No fim das sessões, há também espaço para debates
em grupo sobre questões da gravidez, parto, corpo e maternidade. “Em grupos com outras
gestantes ou em sessões individuais, a massagem tem um papel significativo na preparação
da futura mamãe. A experiência do contato corporal durante a gestação, o trabalho de parto
e após o nascimento do bebê ajudam-na a tocar com mais eficiência e transmitir carinho,
conforto e segurança a seu filho”, afirma Sônia Imenes.
22 ÁsiaKi

Conexão digital
Há 57 anos, Assis Chateaubriand, um dos maiores visionários
da historia do Brasil inaugurava na cidade de São Paulo a TV
Tupi, a primeira emissora de televisão da América Latina. De
lá para cá a televisão exerce um papel fundamental e mar-
cante em nosso país, tanto que hoje a TV está presente em
96% das residências brasileiras. Ela tem o poder de levar o
mais variado cardápio de conteúdos até seus telespectadores
e estes por sua vez resignificam essas informações da forma
que melhor lhes convém. A TV se tornou um espaço público
com constantes tensões e disputas de poder
por: Aílton Faro

quando as teorias apocalípticas anunciavam o seu fim


em conseqüência do advento da internet, surge a TV
Digital para mostrar que esse meio de comunicação está
longe de seu fim.
No Brasil as transmições da TVD
tiveram inicio no dia 2 de dezembro de
2007, em São Paulo, A solenidade de
inauguração reuniu a cúpula do Gov-
erno Federal, as principais empresas
de radiodifusão do país, políticos dos
mais variados nichos. Os discursos
calorosos e um vídeo promocional
ditaram o ritmo da festividade. No
que tange o processo de digitalização
das transmições televisivas sobram
duvidas do que mudou e do que real-
mente pode mudar. E se para alguns
o modelo adotado irá reconfigurar as
relações sociais e conduzir o processo
de convergência midiática, para outros
muda sem mudar nada.
Algo que vem gerando muita dis-
cussão diz respeito ao modelo de TVD adotado pelo
Brasil. No dia 26 de junho de 2006 o presidente Luiz
ÁsiaKi 23

Inácio Lula da Silva decidiu por decreto que o Brasil


adotaria o sistema de modulação de TVD do Japão, o
ISBD-T, para servir como base do Sistema Brasileiro
de TV Digital. Estavam na briga também os modelos
ATSC dos Estados Unidos e o Europeu DVB. Além de
consórcios financiados pelo governo (conduzidos pelo
De acordo com o Prof. Dr. CPqD e Anatel, e pela SET/Abert, esta ultima ligada
Evaldo Gonçalves Pelaes, do as radiodifusoras) envolvendo diversas instituições de
curso de pós-graduação em pesquisa para desenvolverem um sistema brasileiro e
telecomunicação da UFPA, também analisar, caso implantados, qual dos modelos
o ISBD-T foi o modelo estrangeiros se adaptaria melhor às condições do país.
que melhor se adaptou as Mas por que foi escolhido o modelo do Japão?
condições geoclimáticas e . O ISBD-T é o único modelo que já oferece porta-
ao relevo do país, apesar das bilidade, ou seja, que possa ser transmitido à aparelhos
diferenças em relação ao moveis como celulares e leptops, e sem custo ao usuário.
Japão Outro motivo considerável para a escolha desse modelo
foi a dispensa do pagamento de royalties. Já entidades
como o INTERVOZES “Coletivo Brasil de Comuni-
cação Social” argumentam que o principal motivo por
essa escolha se deu por conseqüência da enorme pressão
que a Rede Globo e as outras radiodifusoras fizeram em
defesa do japonês.
A professora da Faculdade de Comunicação Social
da UFPA Maria Ataíde Malcher esclarece que a Rede
Globo promoveu audições e pesquisas para saber qual
modelo seria o melhor,de acordo com os seus interesses,
e que mudanças poderiam ocorrer nesse processo de
migração digital. “Para a Globo o padrão japonês é mais
interessante por conta da alta qualidade das imagens e
do som e por motivos mercadológicos. O ISDB permite
A TVD pode ainda oferecer
às emissoras de TV disponibilizarem sua programação
outros tipos de serviços
aos receptores moveis como celulares sem a necessidade
como: acesso a internet,
de encaminha-las antes às redes de transmissões das
informações sobre o clima/
operadoras de celular”, esclarece a professora. O que
temperatura, resenhas
deixaria as teles de fora de um negócio de cerca de 100
de filmes, detalhes da
bilhões de dólares. Gerando certo descontentamento
programação e a tão sonhada
dessas empresas em relação ao governo. Esse valor pode
interatividade.
explicar a dispensa dos royalties pelo governo japonês pelo
uso de sua tecnologia, pois o contrato assinado por Celso
Amorim, Ministro das Relações Exteriores do Brasil e
por Taro Aso, Ministro dos Negócios Estrangeiros do
Japão, prevê a construção de uma indústria de semi-
condutores com capital japonês. O que gerou um outro
descontentamento com o governo, dessa vez por parte
24 ÁsiaKi

das empresas que trabalham com a indústria de semicon-


dutores aqui no Brasil.

O que muda na forma de se fazer TV no Brasil?


Muito se argumenta em relação ao fato de nós viver-
mos em uma sociedade das imagens. Em certa medida
a televisão é o espelho dessa sociedade. E quando se
fala em alta definição quer dizer que um maior número Mudanças
de detalhes se tornam perceptíveis. “Nas audições pro- Segundo o professor Evaldo
movidas pela Rede Globo foram exibidas cenas de um Pelaes “A TV Digital possui
mesmo programa nos padrões analógico e digital a fim uma tecnologia bem mais avan-
de estabelecer as diferenças entre eles. Se na TV analógica çada; uma definição bem maior
o rosto da Fátima Bernardes parece perfeito, na digital das imagens. Em quanto na TV
sobram rugas e marcas de espinhas, se nos comerciais analógica a resolução média é
de cerveja as modelos exibam seus corpos esculturais, de 480 linhas com um formato
agora aquela celulite inocente, a estria quase invisível de (4:3), na digital é de 1.080
pode se tornar um grande incomodo, principalmente linhas e no formato widescreen
para quem quer transparecer perfeição. E isso demanda (16:9), possui cores mais níti-
muitas mudanças: na maquiagem, na composição dos das, com seis canais de som
cenários, na forma física dos atores”. - Dolby Digital, já o analógico
As transmissões da TV Digital no Brasil tiveram inicio no suporta apenas dois - mono e
final do ano passado. Inaugurações de emissoras de tele- estéreo”.
visão e de inovações tecnológicas as vésperas de grandes Ainda é cedo para afirmar que
eventos esportivos, tipos de serviços a respeito da
como Ólimpíadas e interatividade serão realmente
Imagem: Google

Copas do Mundo, disponibilizados no Brasil. Essa


não é nenhuma novi- característica da TVD é um
dade no Brasil. Era processo que ainda está sendo
prática corriqueira estudado não só em nosso país
no período da Ditadura mas também em outros onde já
Militar. Por isso nem foram implantados e que ainda
a tecnologia pela téc- irão implantar, como a China,
nica nem a tecno- que até o final de 2008 pretende
logia pelos grandes iniciar as suas transmições de
latifúndios da ra- TVD.
diodifusão poderão
consolidar o direito a
uma comunicação
democrática. Por
isso discutir com a
população e dão-
lhes condições de aceso a essas tecnologias, será sempre
o melhor começo para novas eras.
ÁsiaKi 25

Os quimonos de
Belém

Foto: Google
Início agitado de uma manhã em
Kyoto, no Japão. No seio da turba
de ternos, blazers e calçados mod-
ernos ocidentais que flutuam pelas
ruas envolvendo seus usuários,
uma senhora caminha apressada
trazendo pelo braço direito uma
jovem, provavelmente sua neta,
ambas vestindo finos e coloridos
kosodes. Há cerca de 30 anos, estas
vestes representavam a superfície
da alma japonesa

por Felipe Cortez


Hoje, porém, cederam espaço à criatividade dos es-
tilistas de Nihon e de vários cantos do planeta. “A coisa
para se vestir” (significado literal de kosode), entretanto,
sobrevive como vestuário padrão das reuniões mais for-
mais e tradicionais da família japonesa. Em pensar que,
há um século, o kosode chegou ao Brasil com outro nome,
vigorante até hoje. Seria ela Kimono, palavra resultante
das transformações advindas da reabertura japonesa ao
Ocidente, no século XIX. A original kosode, entretanto,
designa os belos e finos trajes que marcaram atores soci-
ais da história japonesa por mais de um milênio, quando
Kyoto virou capital do Império Nipônico.
A versão aportuguesada quimono, por sua vez, rep-
resenta não apenas a tradicional veste japonesa, como
também os trajes típicos de artes marciais como o Karatê
e o Judô. Trata-se, na verdade, do primeiro significado
ao qual a palavra quimono remete no estado do Pará. A
tradicional veste é rara em Belém, podendo ser observada
26 ÁsiaKi

em algumas reuniões da comunidade nipônica


local. E não havendo muitas lojas especializadas
em sua comercialização nessa região do Brasil, é
comum que muitos quimonos sejam importados
dos estados de São Paulo e Paraná, principais pólos
da cultura japonesa no Brasil, ou até mesmo do
Japão. Mas há na Cidade das Mangueiras quem se
inspire no kimono para recriar a moda.
A sofisticação milenar do quimono pode ser
observada desde as primeiras coleções da grife
Manufatura, criada em 2005 pelas estilistas Izabela
Jatene e Milene Fonseca. Naquele ano, as paraenses
resolveram fazer releituras dos padrões do kimono,
utilizado como referência para a criação de trajes
adaptados ao clima local e estampados à moda
brasileira. Assim, Izabela e Milene criaram outras
formatações do quimono, como vestidos e blusas
de uma só camada, agradáveis nos costumeiros 28º
C de Belém, além de serem muito mais leves e práti-
cos do que os antigos quimonos de 12 cama-

das do Japão Feudal. “O que fizemos


foi dar um grande ‘quê’ de brasilidade
Foto: Felipe Cortez

nesses quimonos, quando você dá a cor,


a estampa”, explica Izabela.
A brasilidade a que a estilista se refere
não está presente apenas no colorido
dos quimonos que desenha com Milene,
mas ao próprio formato que o traje ad-
quiriu no panorama climático do Trópico
Úmido. Izabela conta que o trabalho
desenvolvido com estampas é também
influenciado pela própria cultura japone-
sa. “O Japão é extremamente colorido.
E hoje, se você for analisar a sociedade
japonesa pós-moderna, verá que ela é
mais colorida do que antes. Então eles
[os estilistas japoneses], e até nós, vamos
buscar essas cores nas referências ori-
entais, inclusive religiosas”, diz. Izabela
conta que seus quimonos sempre sofrem
alterações na forma entre uma coleção e
Isabela Jatene, além de estilista, le- eoutra, devido à ânsia
ciona no curso de ciências sociais na
ÁsiaKi 27

O QUIMONO ATRAVÉS DAS ERAS


Heian (794-897) Edo (1603-1868)
Paz, fartura para as elites e a arte Se virasse filme, se chamaria a
se desenvolvendo plenamente. “Supremacia Kosode”. Neste
Esse foi o terreno fértil para o período o kosode, até então
surgimento oficial dos primeiros limitado às mulheres, conquistou
kimonos japoneses. Os nobres a macharada a partir de
usavam sokutai, conjunto com adaptações de tamanho e temas. O
mangas e caudas largas que, à desenvolvimento e popularização
época, só perderia em pompa para de movimentos culturais como
os juni-hitoes, kimonos formados o teatro Kabuki só aumentaram
por conjuntos de 12 camadas a moral do kosode, que viu o
que davam um aspecto singular nascimento de um famoso irmão, o
–difícil encontrar um adjetivo para furisode, kimono de manga longa
expressar tal beleza- às cortesãs da usado por gueixas como ferramenta
corte imperial japonesa. de sedução. Data daí a consolidação
do kosode como veste padrão dos
japoneses.
Kamakura (1185-1333)
Todo militar odeia frescura –a Meiji (1868-1912)
exceção dos bofes de elite da Aí avacalhou. Nesses tempos o
vida. Não é a toa que, durante Japão se abriu para o Ocidente e
o surgimento da classe militar este chegou ao arquipélago com
dos Samurai, os quilos e mais tudo o que tinha direito: ternos,
quilos de pano de sokutais e gravatas, sapatos de couro e
juni-hitoes perderam a vez vestidos dos mais variados.
para os hitatares (homens) e Governo japonês viu aquilo
kosodes (mulheres), conjuntos e gamou, né? Decretou que
mais simples com mangas todos os funcionários públicos,
curtas e saiões flexíveis militares e civis deveriam usar
chamados hakamas, mas trajes à moda do Ocidente –leia-
ainda feitos a partir da seda. A se à inglesa.
frescura ainda sobrevivia.

Muromachi (1338-1568)
Showa (1926-1989)
Constantes batalhas pelo
O processo se intensificou ainda mais
fragmentado poder do arquipélago
após a segunda guerra, quando o
fizeram deste período o mais
derrotado Japão conheceu um aliado um
sanguinolento da história japonesa.
tanto culpado por brincar de cowboy
No meio de todo o quebra pau,
com bombas atômicas: Os Estados
os caras inventaram de trocar a
Unidos. Os estilos de kimono ficaram
seda dos hitatares pelo linho, o que
menos complexos e a distinação entre
resultou no suô e no daimon. A
wafuku (roupas japonesas) e ifuku
mulherada, por sua vez, manteve o
(roupas orientais) ficou mais clara.
kosode no topo da parada de veste
padrão.

Crédito das gravuras: The Book of Kimono


28 ÁsiaKi

por exclusividade da clientela. “Como a gente mistura


muito tecido, nenhuma peça fica parecida com outra”.
A demanda, que exige a manutenção mensal de cinco a
seis peças nos cabides da Manufatura, é interpretada por
Izabela de dois modos: o antropológico e o da moda. O Ocidente se apropria de
“O Brasil tem uma relação com a cultura oriental muito algumas referências da cultura
forte, não só a partir da lógica migratória”, lembra. A oriental, pois há uma relação
estilista entende que a contemporaneidade, também com as pessoas que chegaram
reclama uma resignificação de valores, o que trouxe à aqui, culturalmente falando, e
tona os valores da cultura oriental, sobretudo as filosofias também porque o ser humano
espirituais orientais, o que, por sua vez, estreitaram os está para o consumo assim
vínculos culturais não só entre Brasil e Japão, mas entre o como está para a lógica do
Ocidente e o Oriente, em uma ótica mais abrangente. “O belo, porque ele acha bonito,
meu princípio de vida é o budismo. A partir dele eu tento porque ele internaliza algumas
resignificar uma série de coisas na minha vida. A própria coisas. Dentro dessa grande
filosofia budista vem crescendo no mundo inteiro, e não miscelânea pós-moderna,
vem crescendo à toa. Isso acontece porque ela realmente você tem várias referências
repensa os significados do consumo, da alimentação e culturais postas e você vai
da vida cotidiana a partir de uma lógica que não é uma apropriando isso de diversas
lógica do outro, mas uma lógica de você mesmo”. formas
É bem provável que a esta altura da matéria você
esteja louca (o) para ter um quimono. Mas antes de sair
em busca do traje pela Internet ou até mesmo de fazer
uma visita às estilistas da Manufatura, é bom ter uma
idéia do quanto custa essa verdadeira iguaria da moda
mundial. A reportagem pesquisou
preços de quimonos em diversas lojas Foto: Google
e a uma conclusão chegou: encontrar
quimono bom e barato é tarefa para
difícil. Em alguns sites é possível encon-
trar quimonos entre US$ 80 e US$ 150.
Por aqui, a releitura dos quimonos da
Manufatura, dependendo do formato,
se blusa ou vestido, custam entre R$
120 e R$ 160. Nada mal para o similar
de um original que pode chegar aos
salgadinhos US$ 40 mil.
A apropriação cultural muitas vezes
passa despercebida, encoberta por um
desejo pelo que é belo. Kosode ou ki-
mono, “made in Japan” ou “du Pará”,
a peça encanta gerações de mulheres de todas as etnias
e mesmo que não seja a mais indicada para se usar no
calor de Belém, vale experimentar.
ÁsiaKi 29

A Viagem de
Fantástico, sensível e empolgante.
Imagem: Google

Assim podemos começar a


descrever o filme “A Viagem de
Chihiro”. Amantes do gênero
Animação/Aventura gostaram do
filme, principalmente por prende o
espectador até o final feliz, que
apesar de doce, não é “meloso”.

por: Killzy Kelly


A personagem principal do filme é Chihiro, uma garota
de 10 anos que acredita que todo o universo deve atender
aos seus caprichos.
Após seus pais lhe contarem que vão mudar de cidade,
ela fica furiosa, e não faz nenhum esforço para esconder
sua raiva. Durante a viagem de mudança, completamente
absorvida pelas lembranças dos amigos que estão ficando
para trás, Chihiro percebe que seu pai se perdeu no cidade
aparentemente sem nenhum habitante. Famintos, os pais
da garota decidem comer a comida que está disponível
Imagem: Google
30 ÁsiaKi

em uma das casas, enquanto a menina explora a cidade.


Entretanto, logo ela encontra com Haku, um garoto que
lhe diz para ir embora o mais rápido possível.
Ao reencontrar seus pais, Chihiro fica surpresa ao ver
que eles se transformaram em gigantescos porcos, en-
quanto que misteriosos seres começam a surgir do nada.
É o início da jornada da garota em um mundo fantasma,
povoado por seres fantásticos, no qual humanos não
são bem-vindos. Sua estadia nesse lugar mágico não é
gratuita e muito menos de aventuras cheias de flores ou
príncipes. Logo ela começa a trabalhar numa casa de
banhos, onde o trabalho é grande, exaustivo e nem um
pouco compensador, mas para Chihiro isso é apenas uma
parte do seu aprendizado, não de afazeres domésticos,
mas de como ser uma criança mais humana, generosa e
compreensiva.

Foto: Google
Extras que valem a pena
Após ver o filme é quase con-
seqüência pular para os extras,
e nele o material é fundamental
para conhecer mais como o
filme. São mostradas todas as
etapas de produção dos desen-
hos, da história e da animação.
O foco principal, entretanto,
é para o prazo apertado que
o diretor e roteirista Hayao
Miyazaki teve para concluir o
filme. Não se sabe ao certo o porquê, mas o apuro técnico
pode ser uma das explicações, já que os desenhos são
no mínimo impecáveis. Ao contrário do que se pensa,
japoneses tem problemas com tempo e projetos como
o restante de nós, mortais.
Lançado em 2001, com 122 minutos de duração, o filme
de Miyazaki é uma produção de sete estúdios. No Oscar
2001 era um dos favoritos a Melhor Filme de Anima-
ção e de fato levou a estatueta pra casa. Recebeu uma
indicação ao BAFTA e ao Cesar, na categoria de Melhor
Filme Estrangeiro, mas foi ao ganhar o Urso de Ouro
no Festival de Berlim que realizou sua grande façanha já
que se trata do primeiro longa-metragem de animação
a ganhar o prêmio.
ÁsiaKi 31

Yosakoi Soran: arte


e dança oriental

Quarenta braços ágeis atiram redes de pesca imaginárias


ao ar. Os pés, em igual número, conduzem com harmonia
pescadores dançarinos que vibram a cada “dokaisho!
dokaisho!” e “soran! soran!”.

por Felipe Cortez


No salão da Associação Nipo-Brasileira, o público
que contemplava esta seqüência de movimentos pela
primeira vez pasmou e aplaudiu. A cena, ocorrida em
2005 em Belém, certamente pode ser observada em
outras cidades brasileiras onde um grupo de Yosakoi
Soran tenha feito sua primeira apresentação
Oficialmente criado em 1992, o Yosakoi Soran é uma
das mais populares manifestações da recente e expansiva
cultura popular japonesa. Naquele ano, em uma viagem
a província de Kochi, ao sul do arquipélago nipônico,
estudantes de Hokkaido, cidade do Norte japonês, con-
heceram a dança Yosakoi Naruko, que expressa o amor
entre um monge e uma mulher. De volta a Hokkaido, os
jovens decidiram fundir o Yosakoi Naruko com o Soran
Bushi, outra dança tradicional do Japão, que enaltece a
força dos pescadores do Norte do país. Não demorou
muito para que o híbrido pop resultante da fusão destas
danças ganhasse força na terra do sol nascente e ultra-
32 ÁsiaKi

passasse seus limites geográficos, chegando a cidades de


todos os continentes, como Belém.
A cada apresentação na cidade das Mangueiras, os gru-
pos de Yosakoi ganham novos componentes, desejosos
de conhecer mais uma expressão artística de uma cultura
que abre os braços ao paraense e que vai comemorar, em
2009, oitenta anos de enraizamento no estado. Sim, esta
é a idade que a imigração japonesa no Pará –ou melhor,
na Amazônia- está prestes a completar.
Diferente do que ocorre com boa parte da chamada
cultura pop japonesa, muitas vezes “baixada” via Internet
–como ocorre com as animações japonesas-, o Yosakoi
Soran aqui chegou através de um nipônico de carne e
osso. Em 2004, Momoe Omura, professora de japonês
nascida em Hokkaido, veio para um intercâmbio de dois
anos com a escola Novo Mundo, na capital paraense,
onde ensinou os passos da dança a crianças das turmas de
língua japonesa. “Como todos os anos a escola promove
um festival de cultura brasileira e japonesa, ela ensinou as
crianças das turmas de japonês a dança Yosakoi Soran e

Foto: Felipe Cortez


ÁsiaKi 33
Foto: Felipe Cortez

tivemos a idéia de passar também


passar para os alunos jovens apren-
derem”, conta Mônica Honda,
coordenadora do grupo Shinsekai,
que, em português, significa Novo
Mundo. O Yosakoi Soran do Shin-
sekai conta com 36 integrantes
ensaiando regularmente, durante
as manhãs de sábado.
“Yosakoi Soran constitui-se
essencialmente de uma sincronia
de movimentos simples, em geral,
baseados no cotidiano dos pesca-
dores. Também é interessante a
necessidade de um grande numero de pessoas (no Brasil
os grupos costumam ter entre 30 e 40 pessoas, e no Japão,
passam de 100 pessoas por grupo) para apresentações,
posto que o efeito visual da sincronia torna-se mais
evidente, algo que acentua a beleza da dança”, diz Igor
Almeida, também membro do Shinsekai.
Segundo grupo de Yosakoi Soran fundado em Belém,
Há quem diga que a dança o Yui, da escola Kyoto Oti, cresce junto com o interesse
agrada pela simplicidade dos do paraense pelo Oriente. Yui significa união e nomeia
movimentos e pela disciplina o grupo fundado em 2007. Com pouco mais de um ano
que desperta. de existência, o grupo aproveita os eventos comemora-
tivos do centenário da imigração japonesa no Brasil –a
exemplo do que também faz o Shinsekai- para congregar
novos dançarinos, como é o caso da estudante Agrícia
Pimenta, de 22 anos, que começou a aprender Yosakoi
Soran em uma das oficinas festivas da Kyoko Oti.
“Meu namorado é japonês, então já tenho um certo
contato com essa cultura. Mas foi num evento, o
Amazônia no Matsuri do ano passado, que vi a dança
e fiquei admirada. Quando vi no jornal que tinha uma
O fortalecimento dos grupos oficina ensinando Yosakoi Soran, pensei que não podia
de Yosakoi Soran em Belém perder a chance de aprender”. Agrícia desconhecia a jovi-
é condicionado pelo interesse alidade do Yosakoi Soran até se deparar com a professora
crescente do brasileiro por da dança, cinco anos mais jovem que a aprendiz. Caro-
um Oriente cada vez mais lina Loureiro, 17 anos, aprendeu a dançar no início de
próximo. 2007 e com dois meses de treinos já ensinava o Yosakoi
Soran. “Já havia tido contato com essa dança em outra
escola de japonês. Mas aqui, na Kyoko Oti, um profes-
sor mostrou um vídeo de Yosakoi pra gente. Muitos
gostaram e começaram a ensaiar. Hoje nosso grupo tem
Foto: Felipe Cortez
34 ÁsiaKi

cerca de 20 componentes regulares, número


que aumenta a cada mês. Muitos deles já
faziam japonês e resolveram participar, até
porque é de graça, ninguém paga mensali-
dade pra aprender Yosakoi”. O ensino do
Yosakoi Soran é gratuito nos dois grupos de
Belém. Entretanto, se o dançarino pensa em
participar das apresentações do Shinsekai ou
do Yui, precisa mandar fazer a própria roupa,
que custa de R$70 a R$100.
Ser convidado para novas apresentações e receber
integrantes é o reconhecimento a um trabalho intenso
de divulgação da cultura japonesa no Pará. Para corre-
sponder a isso, os dançarinos das escolas Novo Mundo e
Kyoko Oti tentarão levar o estado aos lugares mais altos
do pódio do 6º Festival Yosakoi Soran, que vai reunir 40
grupos de todos o Brasil em São Paulo no dia 27 de julho
e distribuir R$20 mil em prêmios. Enquanto o festival não
chega, os grupos aproveitam cada evento da comunidade
nipônica local para atiçar a coceira da curiosidade de pes-
soas de toda Belém. Contudo, independente da posição
alcançada no concurso na Paulicéia, o Yosakoi Soran de
Belém só tem a crescer até 2009, quando a presença do
japonês na Amazônia completa oito décadas e muitas
festas em homenagem a ocasião devem querer, entre
suas atrações, o híbrido pop de Hokkaido.
Foto: Felipe Cortez
ÁsiaKi 35

Tradição e modernidade:
literatura japonesa

Por mais de séculos a cultura oriental, com


seus mitos e lendas, instiga a mentalidade
do Ocidente. Dragões, samurais e gueixas,
personagens que chegam à imaginação
contemporânea por meio de suas histórias
repassadas de boca-em-boca seja pela literatura

O
popular ou pela tradicional.
por: Paula Catarina
século III foi o período inicial em que a cultura japonesa
passou por uma forte influência estrangeira. Os carac-
teres chineses preencheram a lacuna fonética que os
ideogramas – símbolos que representam somente idéias
e não sons – como os kanjis, deixavam. Assim como a
nossa literatura, a literatura japonesa é dividida em fases,
porém os períodos são denominados de acordo com o
nome da capital do Império.
O Kojiki, que é “O Registro de Assuntos Antigos” e data
de 712 d.C., é uma das obras mais antigas.
A Manyoshu (Miríade de flores) também
Foto: Google

faz parte dos clássicos dessa literatura e


é a mostra de uma diversidade de textos
escritos por vários membros das classes
sociais japonesa, de membros das classes
mais populares a imperadores. Kakino-
moto no Hitomaro, membro da aristocracia
do período Nara, é considerado o poeta
representativo do Manyoshu, nele escreveu
36 ÁsiaKi

alguns chokas ou poemas longos.


A segunda fase da literatura compreende-se no período
Heian, quando a capital passou de Nara para Heian-kio, O Livro de Cabeceira (The
“Capital da paz”, atual Quioto. O período que durou Pillow Book)
de 794 a 1192, é marcado pela autenticidade feminina e Por Suanny Costa
como obra de destaque, Gengi Monogatari ou “Histórias Com certeza ao terminar
de Gengi” é reconhecido como o primeiro grande ro- de ver um filme, a primeira
mance do mundo. Escrito pela dama da corte Murasaki coisa que lhe ocorre são
Shikibu, o trabalho contém 54 volumes, e descreve a palavras que o sintetizam.
subjetividade e a elegância da aristocracia japonesa, na Ás vezes saem “fantástico”,
batalha entre as famílias Tara e Minamoto. As mulheres, “ruim”, “fraco”,
durante esse momento, tiveram voz nos poemas em “emocionante”. Mas não
prosa. Entres essas contadoras de história, Sei Shônagon se apavore se após assistir
mostrou sua sutilidade feminina e leveza na obra Makura “O Livro de Cabeceira”
no Soshi ou “Livro de cabeceira”. Com humor e realismo (Pillow Book, 1996), de
a história consegue descrever o elegante cotidiano da Peter Greenaway, essas
corte japonesa. palavras que simplificam
Enquanto o período apresentava um forte toque das as coisas não aparecerem
damas, e as mulheres ficaram encarregadas de registrar e no lugar delas estar uma
as glórias da época, “os homens se preocupavam em mistura de sentidos como
escrever em chinês assim como os europeus se preocu- tradição, paixão, sedução e
pavam em escrever em latim, como forma de erudição”, desejo.
segundo uma pesquisa da The International Society for Edu- O filme faz juz ao gênero
cational Irformation. drama ao contar a história
O final do período foi marcado por violentas batalhas da jovem Nagiko, que vive
e guerras internas, o governo começava a ser dominado em Kiotto, no Japão dos
pelos guer reiros anos 70, e comemora o
Foto: Google

samurais ou saburais seu aniversário com um


(que vem do verbo estranho ritual. Seu pai
sabu, “aquele que escreve em seu rosto uma
presta serviços”). benção, “Ele (Deus) pintou
Com o surgimento os olhos e a boca e assinou
de uma nova classe, o próprio nome para que o
os guerreiros samu- dono jamais o esquecesse”,
rais tomaram o lu- enquanto sua tia lê “um
gar do antigo herói livro de cabeceira” escrito
cor tesão. Como por Sei Shonagon, uma
reflexo do trágico japonesa do século X.
período de batalhas, Nagiko cresce entre
a literatura medieval livros, papéis e escritas em
tornou-se nostálgica corpos nus, que se repete
e passou a tratar como um ritual a cada ano.
sobre temas como A perda do pai vai marcar
a efemeridade da toda a trajetória
ÁsiaKi 37

vida humana. Destacou-se nesse contexto uma coleção


de versos, de aproximadamente dois mil poemas, a Shin
de Nagiko no filme: “Em Konkinshu, autorizados pelo imperador. A obra mostra
memória de meu pai como o Japão tinha caminhado para a sua Era Medieval.
e de Sei Shonagon, eu O gênero também teve influência da literatura kana e
teria amantes que me inspirou uma das mais famosas representações teatrais,
lembrassem o prazer da o Kabuki.
caligrafia”, “gostaria de Em 1858, a indústria tecnológica começava a avançar,
honrar meu pai tornando- e o Japão passou por uma fase de restauração, conhecida
me escritora”. como Era Meiji. A literatura neste momento sofria as con-
A grande mudança na seqüências de todo uma influência do oeste do mundo,
história do filme se dá pois o país abria-se para um novo horizonte, em que o
quando Nagiko descobre lema utilizado era “moral asiática e tecnologia ocidental”.
que o editor para quem Em 1878, foi feita a primeira tradução japonesa de um
seu pai trabalhava havia romance europeu, e nas próximas décadas as traduções
traído-o. Ela começa uma passaram a crescer rapidamente. Escritores como Futabei
vingança escrevendo treze Shimei, com a obra Ukigumo- “A Nuvem
livros-corpos mensageiros Levada pelo Vento” revitalizou a literatura realista num
que tratam sobre desejo, romance progressista e sarcástico, nele o escritor criticava
traição, amor, sedução, o pensamento feudal remanescente, e como a civilização
prazer, vingança, vida, japonesa estava respondendo às influências internacio-
e envia-os ao editor. nais. Depois da guerra russo- japonesa que durou de
Até mesmo o tradutor e 1904 a 1905, os autores se sentiram inspirados com a
amante, Jerome, é enviado vitória e a literatura avançou impetuosamente. Mori Ogai
por Nagiko. O último livro e Natsume Soseki, ficaram conhecidos como os maiores
é o livro da morte, corpo romancistas do modernismo nipônico. Outros nomes
de um samurai em que também se destacaram na poesia e nas narrativas como
o editor lê sua própria Shimazaki Toson, Shiga Naoya, Tanizaki Junichiro e Yosano
sentença de morte. Akiko.
Contudo, o que Nagiko Hoje graças as seus temas universais e a toda sua gama
menos espera é que de tradição secular, a literatura chega mais frequent-
encorajado por um amigo emente às portas ocidentais e escritores como Tanizaki
Jerome forjasse uma Jun-ichiro. Kinkakuji - O Templo do Pavilhão Dourado
cena de Romeu e Julieta, - é um dos romances que chegam as prateleiras das
bebendo a própria tinta da bibliotecas domésticas mundo a fora, e conta a história
caligrafia, que misturada a de um jovem sacerdote enlouquecido que incendiou um
uma dose de pílulas o mata. templo em Quioto, além de ser baseado em fatos reais.
Depois da morte do editor, Nigen Shikkaku - Não mais humano - de autoria de Dazai
pai, amantes, não há mais Osamu expõe como foi forte a influência norte-americana
livros-corpos, mas o parto nesse novo jeito de escrever, e críticas são feitas a obra,
de um bebê e a confissão de que mostra uma cultura de tradições banhada por in-
estar preparada também fluências externas.
para o parto do seu próprio
livro de cabeceira.
38 ÁsiaKi

O Caminho mais
suave: história e
ideologia do judô
“Eu não entendi direito não. Só sei que achei muito firme.
Tinha um monte de cara voando por cima das árvores, se
equilibrando em galhos, e dando socos em câmera lenta...
Muito doido!”

por: Abílio Dantas

Foto: Abílio Dantas


Não é raro comentários
como esse citado acima
serem feitos sobre as lutas
em filmes orientais. Com
certeza você já fez ou ou-
viu algum parecido, não? A
beleza e as particularidades
dos movimentos das artes
marciais retratadas nesses
filmes sempre foram obje-
tos de fascínio do ocidente. Desde as crianças e jovens
fãs de animes sobre samurais e guerreiros sobrenaturais,
até os mais velhos em busca de longevidade, muitos
já tiveram algum contato com elas, ou ao menos uma
pequena curiosidade. Tanto que o número de praticantes
no Brasil e no mundo só aumenta com o tempo.
Porém, o elemento essencial destas artes corre o
risco de ser deixado de lado. Diante da exuberância dos
códigos e técnicas pertencentes às lutas, os praticantes
podem esquecer ou não darem a importância devida às
origens e fundamentos de todas elas: as suas ideologias.
Cada uma tem a sua, não se engane não. Não é à toa que
alguns lutadores de kung fu imitam os movimentos do
louva-deus, ou que os “karatecas” emitem gritos após os
golpes. Atrás de tudo isso existem conjuntos de idéias
próprias com visões e objetivos filosóficos específicos.
ÁsiaKi 39

Princípios da arte de Jigoro Todos, sem exceção, tão fascinantes quanto os vôos e
*Princípio da Máxima chutes do Bruce Lee.
Eficácia do Corpo e do Espírito Nesta matéria trataremos um pouco do judô ou , como
(Seiryoku Zen’Yo): Baseia-se nos indica a sua etimologia, (ju = caminho, do = suavi-
principalmente no respeito dade) o “caminho da suavidade”. Este esporte tem uma
e cuidado que devemos ter ideologia tão presente em sua própria prática, fundamen-
com aprimoramento do tada em mobilizações e projeções, que analisá-las separa-
nosso corpo. E aplica-se damente torna-se impossível. Vamos à sua história.
não só ao esporte, mas em
qualquer atividade da nossa Sábia natureza
vida. Qualquer movimento Japão, 1882. A primeira academia de judô é inaugurada
deve ser importante e em Tóquio e após cem anos terá...Bem, não sejamos tão
nunca disperdiçado, para o apressados. A história do judô começa bem antes de tudo
autoconhecimento e também isso. E a partir de uma típica lenda oriental. Uma lenda
o de todos à nossa volta. E que deu origem ao estilo de luta Yoshin-Ryu (Escola do
este movimento só atingirá a Coração do Salgueiro), e que ,por sua vez, levou Jigoro
sua máxima eficácia quando o Kano a definir as diretrizes de sua “invenção”.
nosso corpo e nosso espírito Shirobei-Akyama era um médico e filósofo muito
estiverem preparados. preocupado com os males do mundo. Na verdade, não
* Princípio da Prosperidade e exatamente com os males, mas, sim, com as suas causas.
Benefícios Mútuos (Jita Kyoei): Após muito refletir, ele concluiu que a má utilização do
Quando vemos a conduta dos corpo e do espírito era a resposta, porém ainda não sabia
atletas nas competições oficias como aplicá-la para chegar a uma solução.Através dos
e percebemos o respeito com estudos de acupuntura, taoísmo e de técnicas terapêuticas
que se tratam, é este princípio chinesas, ele elaborou uma hipótese e passou a ensiná-la
que prevalece. Ele nos aos seus discípulos.Baseava-se puramente na aplicação
mostra que ninguém atinge a do mal contra o mal, da força contra a força, e a aplicava
sabedoria sozinho, mas sim a tanto na medicina quanto nas lutas.
partir do convívio e troca de Usada em doenças simples e oponentes comuns sua
conhecimento com o outro. teoria funcionava. Porém, quando enfrentava adversários
*Princípio da Suavidade mais fortes e males complexos não surtia efeito algum.
(Ju): Diretamente herdado Logo seus alunos o abandonaram e sua credibilidade foi
da Escola do Coração do reduzida à zero. Derrotado, Shirobei se retirou durante
Salgueiro, este princípio cem dias em um templo e meditou incansavelmente em
basea-se no aproveitamento busca de uma resposta.
das forças contrárias, como o “Opôr uma força à outra só é vantajoso se a força adversa
salgueiro ao enfrentar a neve. for menor que a minha”, disto o médico tinha certeza,
Reflete-se no uso do princípio mas só isto não bastava. A resposta só viria soprada pela
das alavancas presentes em natureza, bem de leve, no vento.
muitos golpes de projeção. Um dia, enquanto Shirobei passeava contemplando o
O próprio Jigoro Kano jardim que entrava na estação do inverno, chamou-lhe
possui um discurso famososo atenção o rangido de pequenos galhos que quebravam
explicando o Ju. por tentarem resistir ao peso da neve. Ao lado havia um
velho salgueiro. O médico analisou a árvore cuidadosa-
40 ÁsiaKi

mente e percebeu que seus galhos não quebravam como


os outros. O salgueiro não enfrentava impunemente a
força da neve. Hum...Interessante. Ele
apenas curvava-se ao máximo à medida

Foto: Abílio Dantas


que o oponente armazenava-se em seus
galhos, e esperava até que este deslizasse e
caísse no chão, derrotado. Tão derrotado
quanto os pequenos galhos valentes.
Nascia então um dos lemas fundamen-
tais do judô, um dos sentidos inaugurais
desta arte: o princípio da suavidade.
Aquele que diz: ceder para vencer. Jigoro
Kano soube entendê-lo como poucos e
defendê-lo durante toda a sua vida.
Mas, afinal, quem foi esse tal de Jigoro?
Excelente pergunta.

Rumo ao Kodokan
Quem visse aquele rapaz franzino de 1,57m de altura
e pesando 40 kg, treinando em uma tarde qualquer no
Japão, nunca iria imaginar que ele se tornaria um dia o
fundador de uma arte marcial. Até então, as lutas eram
muito associadas a homens de grande estatura e força
física, pois a prática do Jiu-Jitsu ou Jun-Jutsu era a mais
difundida e encontrada em estabelecimentos de ensino
e de poder, como o exército e a polícia.
Aluno de mestres do jiu-jitsu , como Hachinosuke Fukuda
e Tsunetochi Iikubo, Jigoro não se identifi-
cava com esta atividade. Por mais que se Foto: Abílio Dantas
esforçasse, nunca chegaria à perfeição,
pois precisaria se tornar uma outra pessoa.
Começou, então, a questionar-se sobre
o papel de uma arte marcial. O homem
deve servir a ela ou ela deve servir a ele?
Resolveu ficar com a segunda hipótese.
E assim, utilizando também técnicas
variadas do jiu-jitsu, a sua “invenção” foi
tomando forma. Surgia o judô.
Agora, sim! Japão, 1882. A primeira
academia de judô é inaugurada em Tóquio
e após cem anos terá transformado o
esporte no mais praticado do país. Pre-
sentes em todas as escolas e também na
polícia oficial.
O estilo e a academia de Jigoro Kano chamou-se Kodokan
ÁsiaKi 41

( Ko= fraternidade, Do= caminho, Kan= instituto), e


seus três princípios estão sempre refletidos nos golpes
e movimentos da luta.
Após a segunda guerra o judô espalhou-se. Em 1952,
fundou-se a Federação Internacional de Judô em Paris,
com 29 países- membros.

Judô no Brasil
“O judô entrou no Brasil em 1908, quando o senhor
Mitsuya Maeda veio e se radicou no Pará, inclusive. O
judô no Brasil, coincidentemente, começou aqui. Tanto
que o corpo dele (Mitsuya) foi sepultado em Belém. Se
você entrar na nave principal do cemitério Santa Isabel,
no meio, à direita da capela, está a
Foto: Abílio Dantas

sepultura dele.”O professor Fer-


nando de Jesus, responsável pela
disciplina Teoria e Métodos das
Lutas na Universidade Estadual no
Pará (Uepa), é que nos conta esse
fato tão pouco conhecido. Ele tam-
bém nos fala que após desembarcar
em Santos e passar um tempo em
Manaus e Porto Alegre, fazendo exi-
bições da arte marcial, o Sr. Maeda
(também conhecido como Conde
Coma) envolveu-se com uma moça
e acabou casando-se em Belém.
Após um tempo, desenvolveu aca-
demia e fixou-se na cidade.
Em 1938, a chegada de um grupo
de nipônicos liderados por Riuzo
Ogawa foi muito importante para a difusão do esporte.
Eles fundaram a Academia Ogawa e,embora, não en-
sinassem exatamente o estilo Kodokan Judo, ajudaram
imensamente a cultura e os ensinamentos de Jigoro Kano
a serem conhecidos e estudados no Brasil.
A Confederação Brasileira de Judô foi fundada em 18 de
Março 1969 e reconhecida em 1972, por decreto.
42 ÁsiaKi

Soka Gakkay, o Budismo


de uma sociedade de
criação de valores
por: Wellington Lima

O Budismo é uma filosofia de vida fundada na Índia,


no século VI a.C., por um rico príncipe chamado Sidarta
Gautama. Após muito sofrimento e uma vida de tristeza,
ele abandona sua esposa e seus dois filhos, e parte em
busca de felicidade e paz interior. Nessa busca ele alcança
o estado de “iluminação”, ou seja, ele consegue chegar ao
grau de paz interior, buscado por todos os praticantes do
Budismo. Desde então começa a ser chamado de Buda
Sakyamuni, o “Primeiro Buda”.

Foto: WellingtonLima
Uma ONG (Organização não gov-
ernamental) japonesa, Denominada
SGI (Soka Gakkay Internacional),
representa uma das principais ramifi-
cações do budismo. Essa organização
tem seu fundamento teórico do bud-
ismo voltado para o tripé, paz cultura
e educação, ou seja, ela visa princi-
palmente a educação e a cultura, pois
acreditam que através delas consigam
encontrar a paz. A soka Gakkay pode
ser entendida como uma “sociedade
de criação de valores”.
A ONG foi fundada em 1930, pelo
professor Tsunebaro Makiguti, após
se converter ao budismo de Nitiren
Daishonin. Nitiren nasceu em 1922, e em 1933 entrou
para o sacerdócio no templo de Seityo e começou a
estudar o budismo. Em Quioto, estudou todos os sutras
de Sakyamuni, e concluiu que o Sutra de Lótus é seu
ensino máximo, dele extrai o ensinamento do “Nam-
myoho-hengue-kyo”, que é recitado pelos membros da
associação, como mantra, ou seja, é recitado diversas
vezes por eles para alcançarem a paz.
“Nam-myoho-hengue-kyo”, é considerado pelos
ÁsiaKi 43

membros da Soka Gakkay como a expressão da verdade


máxima da vida e também como evidencia sua realidade
essencial. Nam deriva do sânscrito e significa “devotar”,
ou seja, direcionar sua vida para encontrar o estado de
iluminação. Mioho literalmente significa “Lei mística”.
Rengue é a lei de causa e efeito, sendo a lei budista que
pode ser entendida como acumulação de “karmas”, um
karma pode ser positivo ou negativo, é acumulado de
acordo com as realizações do individuo na vida. Para
os budistas existe um ciclo contínuo de vida, morte e
renascimento, esse ciclo é definido de acordo com a
As assembléias se dão
acumulação de karma do individuo. E finalmente Kyo
primeiro com a oração, depois
significa a função e a influência da vida.
a explanação dos assuntos es-
Hoje essa organização está presente em 190 países, pos-
colhidos previamente, ou seja,
sui escolas, universidades, etc. Ao longo de sua história
cada reunião é chamada uma
a ONG já teve três presidentes. O primeiro foi seu
pessoa para ministrar uma
fundador Tsunebaro Makiguti. O segundo Jossei Toda,
espécie de palestra, e depois
discípulo de Tsunebaro. E o terceiro e atual presidente
disso há os relatos, as pessoas
Daisaku Ikeda, discípulo de Jossei Toda.
vão a frente para expor suas
A estudante do curso de Direito da Universidade
realizações, ou para expor
Federal do Pará (UFPA), Caelem Yumi Takeda, 20 anos,
suas necessidades, pedindo
se converteu ao budismo da Soka Gakkay aos 16 anos,
em forma de oração para as-
pois segundo ela, por volta dos 14, como de costume
sim realizar-se.
da maioria dos adolescentes, brigava muito com seus
pais, e por causa disso sentia-se muito triste, e afirma
que encontrou na Organização a tranquilidade e paz que
procurava. “A ONG é voltada para a vida prática, ou seja,
promovendo através da educação e da cultura, o ponto
de equilíbrio das pessoas”, disse Caelem Yumi.
Os encontros funcionam acontecem por reuniões es-
pecificas, divididas de acordo com os interesses de cada
grupo e faixa etária dos seguidores. Eles se dividem em
Divisões Feminina (DF), onde as orações e palestras são
voltadas para mulheres acima dos 35 anos, as casadas,
etc. Existe a divisão Masculina (DM), direcionada aos
homens casados também. Outra divisão seria a Divisão
Sênior (DS), voltada para os idosos.
Dentro dessas divisões ocorrem também as reuniões
especificas direcionadas aos jovens. Há a Divisão Femi-
nina de Jovens (DFJ), e a Divisão Masculina de Jovens
(DMJ), os temas abordados são os que mais atraem os
jovens.
44 ÁsiaKi

Acupuntura:
terapia ou arma
contra demônios?
por: Andréa Mota

O soluço, antes mesmo de ser um mau funcionamento da


respiração pelo diafragma, é calo

Foto: Google
no pé dos desavisados. Durante
décadas, criaram-se mecanismos
exóticos para enganar esse mal.
Algodão molhado na testa, sustos
totalmente previsíveis e copos
e mais copos de água. Hoje, as
práticas alternativas de saúde
ganharam visibilidade. Experi-
mente pressionar o dedo mínimo
enquanto soluça. Em instantes,
o som vergonhoso cessa. Essa
prática simples é a acupuntura.
A acupuntura terapêutica é uma
técnica de tratamento que consiste
em estimular determinados pontos
na superfície da pele.
Entretanto, a acupuntura não se configurava como
alternativa terapêutica ate antes de 90 a.C. Originaria
da China, a utilização de agulhas em partes do corpo
possuía outra finalidade. Segundo a medicina chinesa,
há uma relação de causa e efeito entre os fenômenos
correspondentes ou não. Isso significa dizer que quais-
quer doenças, de maior ou menor grau que acomete o
homem, advêm de um desequilíbrio das suas praticas
no mundo. O vento, a umidade, ou ate a comida pode-
riam, em certas condições, afetar o homem.
Na Era Shang - entre 18 a.C à 16 a.C - o conceito de
doença era diferenciado. Enquanto os ocidentais reme-
tem doença às debilidades físicas ou mentais, os Shang
classificavam como enfermidade desde uma simples
ÁsiaKi 45

dor de dente ate derrotas na guerra. Eles acreditavam


estar sendo castigados por seus ancestrais. Por conta
disso, os procedimentos preventivos e terapêuticos
envolviam presentes e oferendas aos mortos.
A partir de 771 a.C, a causa dos infortúnios do
homem mudou. Dos ancestrais vingativos passou-se
a crer na existência de demônios que perturbavam a
harmonia, antes mantida pelos ancestrais agraciados
com as oferendas. Com isso, cresce a importância dos
Xamãs ou Shaman. Os rituais shamânicos consistiam
em unir forcas com espíritos mais graduados, a fim de
controlar – através de exorcismos – os demônios.
Nestes rituais, os shamans utilizavam espadas ou
lanças, poções, drogas medicinais, no combate ao
“tinhoso”. A partir daí surge uma forma rudimentar de
acupuntura, onde as agulhas tinham a forma de espadas
dos exorcistas e eram inseridas ou pressionadas sobre
treze pontos da superfície da pele. Porém, esta prática
não tinha como objetivo tratar as doenças em si, mas
expulsar e combater os demônios.

Mais tarde, nasce a Medicina de Correspondência


Sistemática. Segundo ela, os males não seriam
causados por demônios, mas por influências e

Foto: Google
emanações abstratas e concretas. Assim, surge
o conceito de “Qi”. Inicialmente, consistia em
um “vento” causador de doenças. Com o tem-
po, o conceito evoluiu de influencia malévola,
para “influencias matérias sutis”. Daí surge os
conceitos de “repleção” e “depleção”, onde
uma seria a supremacia de influencias malévo-
las e a outra, perda de influencias apropriadas
ao organismo, respectivamente. De acordo
com a Medicina Sistemática, a saúde e a har-
monia seriam conseqüências de não haverem
extravagâncias ou excessos, sejam alimentares,
sexuais, morais ou climáticos.
E possível entender essa medicina ao as-
sociarmos seus conceitos com o contexto que
ela estava inserida. Neste período, o império se
integrava, surgindo grandes metrópoles. Aliado
a sua expansão, há um desenvolvimento do
46 ÁsiaKi

comércio, dos meios de transporte e alimentação. Nasce

Foto: Google
um sistema complexo cujo funcionamento se da pela
harmonia das partes integrantes. Com isso, a medicina
de correspondência toma para si esses conceitos, mas
com outra terminologia: Zang consistia nos depósitos
ou órgãos e seria onde “Qi” se infiltrava; Fu, palácios
por onde “Qi” passava; e, Ching-lo são os canais (ou
meridianos) que uniam todo o sistema. O objetivo dessa
medicina, portanto, era identificar e localizar as áreas
de obstrução, deficiências e repleções. Com o fluxo de
“Qi” continuo e normalizado, evitavam-se possíveis
doenças.

Hoje, Acupuntura Terapêutica


A acupuntura terapêutica foi descrita pela primeira vez
em 90 a.C. Foram descobertos, recentemente, em tumbas
encontradas em Ma Wang Tui, livros que descrevem
onze canais separados, onde cada um era associado a
sintomas específicos. O tratamento consistia em queimar Vale lembrar, porém, que,
lã de Artemísia, ou “moxa”, ou pela punção de abscessos assim como nos tratamen-
feita com pedras pontiagudas. Porem, e no livro “Nei tos da medicina tradicional
Ching” que se descrevem os procedimentos utilizados do ocidente, a acupuntura
pela acupuntura ate nossos dias. e uma parte do tratamento.
Curiosamente, o interesse da comunidade medica só Juntamente com bons hábitos
foi aceso quando o jornalista americano James Reston foi alimentares, exercícios físicos
tratado com acupuntura. Com isso, a medicina tradicional diários e moderados, além de
se interessou pelo uso da acupuntura como analgesia em outros procedimentos, a acu-
cirurgias. Assim, proliferou-se o numero de clinicas que puntura pode ser eficaz.
utilizaram a pratica como terapia a dores crônicas. Com
isso, a acupuntura e a medicina chinesa de forma geral
passaram a ser objeto de estudo da medicina tradicional
do ocidente.
Entretanto, ainda há resistência de uma parte da comu-
Foto: Google

nidade científica. Muitos afirmam que as agulhas agem,


no máximo, como placebo. A falta de comprovação
científica da alternativa também reforça a noção de que
o procedimento não passa de uma ilusão psicológica.
Os defensores, porém, derrubam este último argumento
através de resultados eficientes da acupuntura nas práticas
veterinárias.
Independente dessa lacuna científica, a acupuntura já
faz parte da vida ocidental. Acupuntura estética, anal-
gésica, espiritual – na estabilização de diabetes – e até
no tratamento da obesidade, são meios já autenticados
por grande parte das pessoas no mundo.
ÁsiaKi 47

Realidade Aumentada

Você já teve vontade de entrar em um jogo de computador?


Ou mesmo de expandir a realidade?
Parece sonho né? De fato ninguém superou ainda as leis
físicas, mas trazer objetos virtuais para a realidade já é
possível e é isso o que proporcionam os estudos em Realidade
Aumentada

por: Suanny Lopes

Diferente da realidade virtual, onde o usuário é imerso


num ambiente não real sem possibilidade de interação,
na realidade aumentada (RA) a interatividade é possível.
O mundo real é combinado com elementos virtuais
fazendo com que o usuário perceba os objetos (reais e
virtuais) ao mesmo tempo e ainda possa manipulá-los.
É a potencialização dos sentidos humanos.
Essa tecnologia é nova e ainda pouco conhecida. O
entretenimento e a educação são as principais áreas de
aplicação, porém outras áreas como medicina, mecânica
e mesmo os militares já começaram a atentar para pos-
síveis utilizações da ferramenta.

Como funciona na prática a RA


Para visualizar os objetos virtuais o usuário precisa
utilizar alguns componentes que podem ser capacetes
ou óculos.
Uma das principais dificuldades das pesquisas em RA é
precisar o local no mundo real para inserir o objeto vir-
tual e fazer com que ele interaja com o usuário. Por isso,
48 ÁsiaKi

uma ferramenta chamada ARToolKit foi desenvolvida


para calcular essa posição e permitir que programadores
desenvolvam aplicações da RA.
Essa ferramenta, que é um software livre, utiliza mar-
cadores de papel para determinar onde os objetos devem
aparecer no mundo real. Técnicas de processamento
de imagens são usadas para reconhecer esses pontos e
transformá-los em imagens binárias, isto é, imagens tra-
duzidas para a linguagem computacional. Assim feito, o
objeto virtual será desenhado sobre esses pontos.
No Japão, a pesquisadora paraense Marina Oikawa,
bolsista de um programa desenvolvido pelo governo
japonês para estudantes estrangeiros de pós-graduação,
tenta desenvolver um algoritmo que permita posicionar
os objetos virtuais sem a utilização de marcadores. Se-
gundo Marina já existem alguns algoritmos que permitem
fazer isso, mas ela está pesquisando um novo.
Na prática, o funcionamento da RA e a interação com o
usuário ficam mais perceptíveis em aplicações tais como
nos concertos de automóveis. Um mecânico, por exem-
plo, ao utilizar óculos especiais, obtém informações do
sistema do veículo que o auxiliam a encontrar possíveis
falhas. Assim, ele enxerga os passos para desmontar o
motor e ainda tem acesso a informações importantes
de cada peça.

Brasil X Japão
No Brasil, o estudo tem avançado. Os laboratórios de
pesquisa na área se concentram basicamente em São
Paulo, Recife e Uberlândia.
No Japão, há uma universidade de pós-graduação
chamada Nara Institute of Science and Technology onde se
encontram muitos profissionais considerados de ponta Marina Oikawa vive e estuda no
em suas áreas de pesquisas. Entre eles está o próprio
desenvolvedor da ferramenta ARToolKit, Dr. Hirokazu
Kato.
De acordo com Marina, estudante do instituto, os
japoneses “investem massivamente em pesquisa, os
laboratórios são muito bem equipados e tem projetos
internos de fomento a pesquisa que você nunca veria
Para Saber mais
no Brasil, pelo menos não em Belém.É outro mundo e
www.hitl.washington.edu/artoolkit/
é bem difícil comparar...Muito ainda precisa ser feito nas
www.realidadeaumentada.com.br/home/
universidades brasileiras para as coisas funcionarem tão
www.naist.jp/index_e.html
bem como funcionam aqui. No Japão o investimento
em educação é realmente incrível.”
ÁsiaKi 49

Tai Chi Chuan: a Arte da


Imortalidade
Relaxamento, terapia, filosofia de vida e arte marcial. O Tai
Chi Chuan pode ser enquadrado em todas essas categorias e
como a maioria das práticas chinesas é um mistério para nós
ocidentais. Sua ligação com a saúde e a filosofia é muito es-
treita e vem alcançando os paraenses que estão em busca de
técnicas de defesa pessoal e terapia

por:Clareana Rodrigues

“A procura pela prática divide-se entre o grupo que


busca a ‘marcialidade’ e defesa pessoal e o grupo que
a procura como terapia, já que ajuda na circulação
Foto: Clareana Rodrigues

cardiovascular e digestiva, na respiração aeróbica,


na coordenação entre outros benefícios”, afirma
o professor da Associação Chin Wu de Kung Fu –
Wushu, na Cidade Nova 6, em Ananindeua, Pablo
Silva. Ele começou aos 13 anos, ainda no combate
e há sete anos começou o Tai Chi a conselho de
seu treinador como complemento do programa de
exercícios.
Segundo Pablo, “o Tai Chi Chuan é uma modali-
dade de kung-fu, que se divide em externa, aquela que
exige mais força física; e interna, aquela que está entre
a meditação e a concentração”. A técnica chinesa se
Foto: Clareana Rodrigues

aplica a segunda delas e busca equilibrar as energias


internas, influenciando nas externas, priorizando a
meditação e a respiração, fazendo uso das técnicas
de artes marciais.
Por ser uma ginástica marcial realizada com a
mente concentrada no ritmo contínuo do corpo,
seus movimentos lentos, relaxamento e respiração
profunda resultam numa melhoria do estado geral
de saúde. A prática contínua também permite es-
tender a meditação às demais atividades diárias,
como estudar, trabalhar, dançar, atividades que
exigem maior concentração e esforço. “Domínio
50 ÁsiaKi

Foto: Clareana Rodrigues


de si mesmo e do meio (parte interna e
externa)”, afirma Thiago César de Souza,
praticante da técnica há oito meses.
Apesar da eficiência e de poder ser prati-
cado em qualquer idade, como o próprio
instrutor brinca. “Deve ser praticada em
qualquer idade, de 5 a 88 anos, basta ter
força de vontade e pagar corretamente
a mensalidade”, diz Pablo Silva. O Tai
Chi em Belém tem poucos praticantes e
enfrenta, como a maioria das práticas que
envolvem luta, o preconceito entre as pes-
soas que não a conhecem, o que também
na opinião de Pablo ocorre em razão da
falta de divulgação do esporte.
A aula inicia com relaxamento e exercí-
cios de respiração que se diferencia por ser
abdominal. Em seguida os alunos acompanham o profes-
sor nos movimentos e realizam um trabalho individual
de correção de exercícios. Além disso, os alunos fazem
trabalhos em dupla, através da simulação de ataques e
utilizam alguns instrumentos como a espada, o leque e
o bastão.
Tiago de Souza diz que adquiriu mais resistência e
força física, principalmente nas pernas e no diafragma.
“Aumentei a minha coordenação, capacidade pulmonar,
concentração e inclusive domínio da dor, sensação de
calma e bem estar”.
Foto: Clareana Rodrigues
ÁsiaKi 51

Paradoxo chinês

A
por:Josué Ribeiro

pesar da China ser considerada a 4ª econo- como: alimentação, transporte, vestuário,


mia mundial, com um PIB (Produto Interno etc. A vantagem é que a China procura re-
Bruto) que atingiu 11,4 %, no ano de 2007, solver seus problemas através de soluções
o país ainda enfrenta problemas e crises – práticas. Para combater as desigualdades
desigualdades regionais, má distribuição da de renda, a escola passou a ser gratuita e há
riqueza, fragilidade do sistema financeiro, um investimento pesado na educação com
saúde e poluição do meio ambiente – assim o objetivo de reduzir as disparidades em
como a maioria dos países em desenvolvi- médio prazo.
mento (os antigos países do terceiro mundo). Quanto ao meio ambiente, verifica-se que a
A partir da década de 90 o país entrou no preocupação chinesa está nos danos trazidos
mundo globalizado, impondo-se como para o seu desenvolvimento como a falta de
maior produtor mundial de alimentos. “A consciência ambiental e os problemas que se
China está se deslocando progressivamente acarretaram com a destruição da natureza.
da economia dos Estados Unidos e há mais Mesmo com todo esse potencial de cresci-
de 10 anos é uma mento econômico,
locomotiva da eco- seus obstáculos a ser-
nomia mundial”, em ultrapassados são:
conta o embaix- a falta de qualificação
ador brasileiro, na profissional – ape-
China, Luis Augus- sar da grande núme-
to Castro Neves. ro de mão-de-obra
A abertura disponível – o que
econômica da prejudica a economia
China ao capital chinesa; o aumento
estrangeiro possibilitou que as empresas da dependência de
multinacionais espalhadas pelo mundo recursos energéticos externos, como o petró-
pudessem instalar suas filiais, devido os leo e a instabilidade política causada pelo
baixos custos de produção, mão-de-obra enfraquecimento do partido comunista.
abundante e barata e mercado consumidor A saúde chinesa foi abalada com a epi-
amplo. demia SARS (Síndrome Respiratória Aguda
Os salários chineses são baixos, uma vez Grave), que deixou um número de aproxi-
que o governo faz um controle que pos- madamente 371 mortos e uma grande quan-
sibilita que as empresas tenham um custo tidade de infectados que faziam tratamento.
reduzido de produção e contratação o que Este fato foi criticado por muitos países
justifica o alto índice de exportação. Mas devido o governo chinês ter tentado que
não quer dizer que a população viva na mi- este fato não fosse divulgado.
séria, pois apesar de ganharem pouco, esse
salário dá para arcar com as despesas básicas,
52 ÁsiaKi

Taoísmo: união de
filosofia e religião
Foto: José Fonteles

A religião taoísta é o único con-


junto de ensinamentos filosó-
ficos e práticas religiosas com
início na China e com um núme-
ro de seguidores apenas menor
que o budismo (religião mais
popular da China)

por: José Fonteles

As origens do taoísmo estão ligadas aos antigos panteís-


tas chineses e crenças xamânicas .O xamanismo é um
conjunto de crenças ancestrais e sua prática estabelece
contato com outros planos de consciência, a fim de
obter conhecimento, poder, equilíbrio e saúde. Busca a
tranqüilidade, paz, profunda concentração e estimula o
bem estar físico, psicológico e espiritual.
A religião é baseada no politeísmo (religião com
crença em mais de um deus). O objetivo do taoísmo é
a libertação da alma, que segundo as crenças taotistas
só seria possível com o retorno do espírito a sua forma
mais plena chamada de Tao, que literalmente significa:
“essência inata e primordial de todas as coisas”.
Para que o homem consiga que a sua alma alcance
o Tao, seria necessário, por exemplo, o desapego do
mundo material.Na busca por tal objetivo os seguidores
do taoísmo realizam a meditação, buscam a vida em
harmonia com a natureza, praticam danças e cultos aos
ancestrais.
Atualmente, existem mais de 1600 templos taoístas
ÁsiaKi 53

espalhados pelo mundo.A estimativa é de que nesses


templos existam cerca de 25 mil sacerdotes. Para levar
adiante e divulgar a cultura taoísta, a associação taoísta
chinesa publicou dezenas de obras clássicas do taoísmo
e compilou mais de 30 livros sobre a religião e uma série
de livros sobre a cultura taoísta. A associa-
ção publica ainda uma revista bimestral,
chamada “O Taoísmo da China”, distribuída
no próprio país e enviada ao exterior. A
Academia Chinesa de Taoísmo, fundada em
1990, oferece cursos aos jovens interessados
sobre as investigações e estudos taoístas.
Milhares de estudantes graduaram-se na aca-
demia desde seu estabelecimento.No Brasil
Foto: Google

também existem templos taoístas.


A Sociedade Taoísta do Brasil (STB) tem
como objetivo difundir os ensinamentos do
Lao Tzu,um dos Deuses do Taoísmo taoísmo no país mais católico do mundo.
Fundada em 15 de janeiro de 1991 por Wu
Jyh Cherng, na cidade do Rio de Janeiro , a
sociedade taoísta brasileira mantém contato com a socie-
dade taoista chinesa para que se mantenha atualizada e
bem informada sobre as práticas e ensinamentos taoístas.
Templo da Transparência Sublime é o nome do templo
localizado na cidade do Rio.
Os praticantes do taoísmo receberam em março de 2002
o seu segundo templo.Construído na cidade de São Paulo
com o nome de Templo do Tesouro do Espírito.E no
O taoísmo surgiu no século II
inicio de 2004, também no estado de São Paulo, na cidade
durante o período dos estados
de Embu, a STB recebeu, como doação da prefeitura da
guerreiros e se tornou uma
cidade, um terreno de 6 mil metros quadrados, onde foi
religião oficial apenas três
construído um centro de meditação taoísta..
séculos depois
Por ter uma origem muito antiga, o Taoísmo apresenta
muitas ramificações. Seus conhecimentos, manifesta-
dos através de várias Escolas Taoístas, poderiam, de
modo geral, ser classificados segundo cinco vertentes:
a primeira delas chama-se Dân Ding, que significa lit-
eralmente caldeirão e elixir, é chamada no Ocidente
de Escola da Alquimia. A segunda chama-se Fú Lù, Fú
significa correspondência e Lù quer dizer Ordenar. Ou
seja, é a Escola da Correspondência e da Ordenação,
referindo-se à Escola Ritualística e da Lei Cósmica. A
terceira chama-se Jîng Dian, que literalmente significa
Textos Clássicos. São escolas que enfatizam mais os
54 ÁsiaKi

estudos clássicos, podem ser chamadas de Escolas Filosó-


ficas ou Escolas de Estudos filosóficos do Taoísmo. A
quarta chama-se Jî Shàn, que significa
Acumulação da Bondade. Aplica os

Foto: José Fonteles


conhecimentos taoístas em benefício
da sociedade, da pessoa, da vida. É a
escola voltada para a doação e para as
práticas taoístas na vida quotidiana.
A última chama-se Zhân Yuàn, que
significa Oráculos e Experiências,
ou seja, Yi Jing (I Ching), astrologia,
artes marciais, acupuntura, incluindo
conhecimentos de cura através da
ervas da medicina taoísta e diversos
trabalhos energéticos.
O objetivo da STB é mostrar para
seus integrantes todas as origens e
ensinamentos das vertentes taoístas,
O nome do grupo (Shiva Nataraja) é uma homenagem a
buscando sempre uma união en- uma das mais poderosas representações da Deusa Shiva
tre elas.Ensino de filosofia e artes
taoístas,meditação,palestras sobre o
Tao Te Ching,retiros espirituais e rituais taoístas, são
atividades oferecidas pela STB
Em Belém a companhia de dança nataraja tem no
taoísmo como base da sua filosofia de ensino. A Cia de
Dança Nataraja, dirigida por Marieta Hamsá, trabalha
exclusivamente com a Dança Cósmica de Shiva.
A companhia foi criada em 1998, com o objetivo
de desenvolver um trabalho inspirado na Arte
Shivaista. “De maneira geral, na dança cósmica
de Shiva, dançamos no universo, com o universo,
trabalhando o corpo, a mente e o espírito em aulas
teórico-práticas, aliando dança, canto e meditação
Foto: Google

em busca de uma auto-imagem, auto-estima, con-


sciência corporal e inter-relacionamentos grupais
saudáveis e harmônicos. A Dança de Shiva sim-
boliza os ciclos cósmicos de criação e renovação
bem como o ritmo diário de nascimento e morte,
tanto no micro como nos macrocosmos, que são
vistos no misticismo hindu, como base de toda
existência”, escreve Marieta Hamsá para o flog da
companhia de dança na internet.
ÁsiaKi 55

Brasil: o país do
futebol?
As olimpíadas de Pequim iniciam-se em agosto deste ano,
mas desde o anúncio do país sede, milhões e milhões de
dólares já foram gastos, milhares de toneladas de aço já foram
usadas, diversas tecnologias foram pensadas e postas em
prática e, é claro, exércitos de operários ainda dedicam esfor-
ços para que todas as obras estejam prontas até o dia da aber-
tura dos jogos olímpicos

por: Raphael Freire

Como as autoridades chinesas querem que o auda-


cioso e futurista projeto seja lembrado por sua mod-
erna arquitetura e fique marcado na história, o Estádio
Olímpico - que antes de ficar pronto já se tornou cartão
postal comparado com a Grande Muralha da China e
com o retrato de Mão na Praça da Paz Celestial
– é a obra mais cara (500 milhões de dólares),
Foto: Google

mais moderna e a mais querida dos chineses.


Por isso será palco das cerimônias de abertura
e encerramento dos jogos, das competições de
atletismo e das partidas finais do futebol.
O “Ninho de Passarinho” , como é mais
conhecido por seu design inovador, mistura
um emaranhado de vigas de aço, o que para os
organizadores é uma perfeita combinação de
elegância e simplicidade. A obra está recheada
O projeto do estádio foi escolhido em um con-
curso feito pela prefeitura de Pequim de inovações tecnologias que prometem agradar turistas
e ambientalistas de todo mundo. A estrutura do teto
aproveita a iluminação natural; foram construídos siste-
mas de coleta de água da chuva e métodos de ventilação
que utilizam ao Maximo o ar natural; a arquibancada
está disponível de modo que permite a todos ficarem
praticamente a mesma distancia dos competidores,
56 ÁsiaKi

apenas em ângulos diferentes. O estádio também conta


com um shopping center e uma área de lazer.
Não vai ser dessa vez que o Brasil vai sediar uma
olimpíada, mas em 2014 – 64 anos depois – o nosso país
volta a sediar uma copa do mundo, e Belém
é uma das possíveis cidades que receberão

Foto: Google
algumas partidas. Mas será que a nossa
cidade está preparada para receber parte
de um evento desse porte? “Temos um
potencial muito grande na área turística,
estamos na Amazônia, que causa grande
curiosidade ao público estrangeiro. Além
disso, há muita vontade política que Belém
tenha jogos da Copa do Mundo. Tudo
será feito para que consigamos, e estamos
muito confiantes em trazer a Copa para
cá - diz a secretária de Esportes do Pará,
Lúcia Penedo”. O novo estádio possui quatro níveis: o térreo, o das cadei-
Belém possui o Estádio Olímpico Edgar ras e tribuna de honra, o das cabines e o das arquibanca-
Proença ou simplesmente Mangueirão,
inaugurado há mais de 30 anos. O estádio
sofreu uma grande reforma em 2002 e passou a oferecer
modernos vestiários equipados com aparelhos de alta
tecnologia, mais conforto e segurança aos visitantes.
Para a copa de 2014, o governo pretende tomar medidas
técnicas para o funcionamento eficiente de um estádio,
de acordo com os padrões internacionais
estabelecidos pela FIFA (Federação Inter-
nacional de Futebol), através da construção
de rampas; implantação do museu do es-
porte; construção de uma ampla praça de
alimentação e cisternas para reaproveitar a
água da chuva; o uso de catracas eletrôni-
cas mais modernas nas entradas a fim de
tornar o acesso ao Mangueirão totalmente
informatizado. De acordo com o projetista
original do estádio, o arquiteto e projetista
do estádio, Alcyr Meira, o Mangueirão, não
precisa de significativas alterações para re-
ceber partidas de Copa do Mundo. “Projetei No estádio são disputados os principais jogos do Clube
este estádio há 33 anos com um conceito do Remo, Paysandu Sport Club e Tuna Luso Brasileira
moderno e acredito que internamente não
serão necessárias muitas modificações”, contas Alcyr que
também está à frente do atual projeto de reforma.
ÁsiaKi 57

Na região em torno do estádio será realizada a con-


strução de um complexo esportivo que prevê a inclusão
de um centro de treinamentos junto ao estádio, um
ginásio poliesportivo e dez outros miniginásios, que na
Copa seriam usados como centros de hospitalidade (am-
plamente citados pela Fifa em seu caderno de encargos).
Para conseguir verba que possa viabilizar a execução do
projeto, o Governo do Estado visa bus-
car patrocínio de empresas mineradoras
Foto: Google

que atuam no Estado. “Basicamente, a


idéia é que o Governo do Estado invista
no Mangueirão e a prefeitura fique com
a parte de infra-estrutura urbana. A ini-
ciativa privada seria um reforço”, conta
Lúcia Penedo.
Mas para sediar alguns jogos da Copa
do Mundo não são necessárias somente
inovações tecnológicas parecidas com
Vista panorâmica do complexo do as da China. Segundo Alcyr Meira são
necessários também investimentos na
qualificação e conscientização da população do es-
Você Sabia? tado. “Além da reforma na infra-estrutura, prefeitura e
O Estádio Nacional de Governo Estadual devem investir na qualidade de do
Pequim será inaugurado às 8 atendimento ao público (turistas); bons hotéis e um
horas do dia 8 do mês 8 de número suficiente deles; melhoria na o trânsito caótico
2008, já que o 8 é um número da cidade; na segurança da cidade e Belém; na limpeza
de sorte para os chineses. da cidade”.
Se todas as vigas de aço fos- Depois que Belém possuir todos esses elementos –
sem colocadas em linha retas, que deveriam ser exigências da FIFA – os paraenses
elas formariam 43 km de podem começar a se animar em ver grandes seleções
extensão mais de uma volta mundiais jogando em solo
inteira na órbita do planeta marajoara.
terra.
Com o dinheiro gasto para a
construção do Estádio Nacio-
nal – 500 milhões de dólares
– daria pra comprar 15,7
milhões de quilos de feijão.
A capacidade do estádio
será de 91 mil pessoas, valor
que completaria 2022 ônibus
urbanos com os passageiros Além do estádio, Alcyr
também projetou o Campus
sentados.
Universitário da UFPA
Foto: Google
Ninho de Pássaro - Estádio Olímpico
ÁsiaKi
Capacidade
91 mil
Modalidades
atletismo e futebol

Cubo D’Água - Centro Aquático


Capacidade
17 mil
Modalidades
natação, nado sincronizado e pólo-aquá-
Foto: Google

tico

Ginásio Olímpico de Basquete- Arena Wukesong


Capacidade
18 mil
Modalidades
basquete

Foto: Google
Foto: Google

Quadra Olímpica de Tênis


Capacidade
17,4 mil
Modalidades
Tênis
ÁsiaKi 59

A Transcendência e o
Cantar Hare Krishna
Roupas coloridas, cabeça raspada, músicas e danças alegres,
hábitos alimentares saudáveis... São por essas características
que os Hare Krishnas passaram a ser conhecidos por muitas
pessoas no Ocidente. Porém poucos conhecem sua filosofia de
vida e religiosa, suas atividades, suas crenças, seus princípios,
etc.
Não pensem que eles largaram tudo e ficam enclausura-
dos dentro de um templo rezando, aos que querem ser
monges sim, mas os devotos são pessoas como qualquer
um, inclusive um Hare Krishna pode estar ao seu lado na
escola, no trabalho, no ônibus, em qualquer lugar.
O movimento Hare Krishna surgiu na Índia no fim
do século XV e início do século XVI baseado nos ensi-
namentos do guru Sri Krishna Chaitanya Mahaprabhu. O
movimento também conhecido por Sociedade Interna-
cional para a Consciência de Krishna (ISKCON, sigla
em inglês) é uma tradição monoteísta que está inserida
na cultura Védica ou Hindu. O ocidente passou a ter
contato com os ensinamentos Hare Krishna em 1965,
quando A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada recebeu a
árdua missão de divulgar a religião para uma parte do
planeta predominantemente católica.
Nos cultos são feitas orações em A filosofia do Movimento Hare Krishna provêm de
adoração à Krishna escritos conhecidos como Vedas, que são textos que
tratam – na língua sânscrita – sobre psicologia, cosmo-
logia, política, arquitetura, astrologia, arte, saúde, entre
outros temas. O seu principal conteúdo diz respeito a
um processo de compreensão espiritual por meio de
respostas a perguntas complexas que qualquer um já se
fez algum dia: Quem sou eu? Por que estou aqui? Qual
o objetivo da vida? Como posso alcançá-lo?
De acordo com os Vedas, nós somos uma pequena
partícula espiritual que dá vida ao corpo material, então
todos os seres vivos são uma partícula espiritual dentro
de um determinado corpo material. Nós, partículas es-
60 ÁsiaKi

Foto: Raphael
pirituais, estamos aqui para alcançarmos
o verdadeiro objetivo da vida: a volta
para onde viemos, um lugar eterno, com
muita bem-aventurança e conhecimento,
para vivermos o puro amor divino da
Suprema Personalidade de Deus e para
alcançarmos esse objetivo é necessário
estar sempre em contato com Deus.

Os sete propósitos
Srila Prabhupada, ao fundar a ISKCON,
elaborou sete propósitos com a intenção de Homenagem
que os devo- especial ao fundador da doutrina
tos cultivassem a pura consciência a serviço do amor di-
vino. “Eles [os propósitos] funcionam com o proposição
de expandir uma consciência divina para a sociedade, têm
como objetivo favorecer a sociedade como um todo.
De acordo com a filosofia védica a vida começa quando
se vivencia esses princípios”, diz Cléber Guerreiro, ou
melhor, Krishna Kathamrta, 34, hare krishna e proprietário
do Bhagavat Prasada, 1º restaurante lacto-vegetariano de
Belém.
1- Propagar o conhecimento espiritual entre as socie-
dades a fim de educar todas as pessoas nas técnicas da
vida espiritual, restabelecendo o equilíbrio dos valores
na vida e, finalmente, alcançando a verdadeira união e
paz mundiais.
2- Propagar a consciência de Krishna (Deus), assim como
foi revelada nas grandes escrituras da Índia - Bhagavad-
gita e o Srimad Bhagavatam.
3- Unir os membros da sociedade e torná-los mais
próximos de Krishna (a entidade primordial). Isto fará
com que cada alma (tanto dos membros,
como da sociedade) seja parte integrante
de Krishna.
4- Ensinar e encorajar o movimento de
Foto: Raphael

sankirtana - o canto congregacional do


santo nome de Deus - tal como foi reve-
lado nos ensinamentos do Senhor Sri
Caitanya Mahaprabhu.
5- Erguer, para os membros da sociedade
e demais, um local sagrado de passatem-
pos transcendentais dedicado à personali-
dade de Krishna.
6- Manter os membros unidos com a
finalidade de ensinar um modo de vida
Durante as celebrações há apresentações de danças indianas
ÁsiaKi 61

mais simples e natural.


7- Publicar e distribuir periódicos, revistas e livros
Foto: Raphael

com os propósitos acima mencionados.



As quatro virtude
Além dos sete princípios, os devotos devem bus-
car quatro virtudes indispensáveis para se ter uma
vida identificada com valores espirituais e eternos:
misericórdia – não comer animais; limpeza – não
praticar sexo ilícito, ou seja, sexo fora do casamento;
austeridade – não se intoxicar e veracidade – não
praticar jogos de azar. “São elas [as virtudes] que
definem um homem como verdadeiramente um ser
humano, nós seguimos para facilitar o nosso avanço
rumo ao supremo... O mundo clama por paz, mas
como ter paz se as pessoas se alimentam diari-
Altar onde são feitas reverencias amente de violência? Milhões e milhões de animais
e ofertas ao Deus Krishna são sacrificados diariamente, com o único propósito de
satisfazer o paladar. É comprovado cientificamente que
o ser humano não necessita de carne pra sobreviver. Eu
sou vegetariano há quase dez anos e estou aqui vivo, com
saúde”, justifica Krishna Kathamrta.

A religião Hare Krishna tem como principal foco a


transcendência, ou seja, a libertação do cativeiro mate-
rial, se desprender da busca por bens materiais
Foto: Google

presentes constantemente em nossas ações, já


que as formas materiais são temporárias e limi-
tadas. Isso é feito por meio do cantar dos santos
nomes – mantras –, em especial o Maha Mantra
(saiba mais em ‘a forma auditiva de Krishna’).
“O grande mantra funciona como um processo
de libertação da mente, purifica nossos sentidos,
nosso coração e vai fazendo a gente gradualmente
agir, ter atitudes favoráveis rumo à transcendên-
cia”, conta Krishna Kathamrta.
Diferente do que muitos pesam, os Hare Krishnas
Uma das inúmeras representações de acreditam em um único Deus: Bhagavan (bhaga significa
‘opulência’ e van significa ‘aquele que possui plenamente’,
em sânscrito) ou popularmente Krishna, um nome de
Deus que significa todo-atrativo em sânscrito. Eles bus-
cam estar em contanto constante com esse Deus através
da Bhakti yoga (bhakti=devoção e yoga=conexão, união).
“A gente pode estar em yoga 24 horas por dia, voltando
62 ÁsiaKi

Foto: Raphael
todas as nossas ativi-
dades para Deus. Por
exemplo, ao cozinhar
eu posso espiritualizar
essa ação, cozinhando
consciente de Krishna,
oferto aquele ato para
Deus”, diz Kathamrta.
Todos desclaços e sentados assistem as celebrações
Krishna tem forma e
personalidade
Um dos ensinamentos básicos é o de que Krishna
é ou foi uma pessoa. O próprio Krishna diz isso no
Bhagavad-gita.”Homens sem inteligência, que não me
conhecem perfeitamente, pensam que Eu, a Suprema
Personalidade de Deus, Krishna, era impessoal e depois
assumi esta personalidade. Devido a seu conhecimento
escasso, eles não conhecem minha natureza superior,
que é imperecível e suprema” (7.24). “Existem duas
grandes escolas filosóficas na tradição do oriente: uma
é impersonalistas e acredita que deus é apenas uma luz,
um brilho. Já a escola Vaisnava é personalista, para eles
krishna é uma pessoa, é uma luz, é amor, ele assume uma
forma que nós podemos nos relacionar com ele, essa é a
concepção de personalismo, então entendemos que ele é
uma pessoa que fala, que age, que toca flauta,
que come”, explica Krishna Kathamrta. Deus
Krishna tem inúmeras dimensões e encarna-
ções, a forma personalista é uma delas.
Foto: Raphael

A Teoria do Karma
Lembra da terceira lei de Newton? Aquela
que diz que para toda ação sempre haverá uma
reação? Pois bem, esse é o mesmo conceito
que explica a Teoria do Karma. Ela funciona
da seguinte maneira: as ações, as atitudes –
boas ou más – que realizamos hoje, nesta vida,
influenciarão fortemente em nossas próximas
vidas. Daí surge, atrelado ao conceito da Teo- Nos cultos sempre é feita a
ria do Karma, a crença na reencarnação. Assim como
leitura os
do livro mestre nos dois
espíritas, os Hare Krishnas crêem que nós reencarnamos
e dizem que esta vida é apenas uma das que tivemos e,
das que ainda vamos ter, e que o nosso corpo atual não é
o primeiro, mas o mais recente de todos os que tivemos.
“A nossa concepção de reencarnação é de transmigra-
ÁsiaKi 63

ção, nós transmigramos de um corpo para outro, de


acordo com as nossas atividades recebemos um corpo
específico... Segundo a literatura védica existem oito
milhões e quatrocentos mil formas de corpos diferentes
nesse universo material e nós estamos sujeitos a pegar
qualquer um deles de acordo com as nossas ações”,
conta Kathamrta.
Talvez essa crença possa ser explicada etimologica-
mente, por meio dos cinco elementos que compõem a
palavra reencarnação: re= “de novo”; en= “para dentro”;
carn= “carne”; ação= “causar ou tornar-se”; ou seja, “o
processo de voltar a carne”. Muito usada para expressar
a mesma idéia de reencarnação, existe a palavra trans-
migração (trans= “através”; migr= “ir ou mudar-se”; e
ação= “processo de causar ou de tornar-se”), as duas
tem o mesmo sentido de mudar de
um para o outro.
Foto: Raphael

Hare Krishnas em Belém


O movimento, ou melhor, a re-
ligião Hare Krishna teve seu auge
em Belém na década de 80, naquela
época era comum vermos típicos
Hare Krishnas – monges – com
roupas coloridas e cabeça raspada
em ônibus da cidade vendendo
livros, difundindo a filosofia, con-
As orações são sempre acompanha-
das de música e cantos vidando as pessoas a participarem dos festivais
de domingo. Naquela época existiam alguns
templos em Belém, porém hoje os adeptos do Hare
Krishna na cidade – uma congregação em torno de 40
pessoas – contam somente com um centro cultural,
mais conhecido como Centro Hare Krishna de Belém,
onde podem se encontrar, fazer devoções a Krishna e
neste mesmo espaço funciona um restaurante com um
cardápio feito com base em uma dieta lacto-vegetariana
– os Hare Krishnas não comem ovos, carnes e peixes –,
além de uma pequena loja de artigos esotéricos, incensos
e livros.
Todos os domingos o Centro Hare Krishna de Belém
promove festivais para adorarem todos juntos – outra
característica dos Hare Krishnas, eles visam bastante
pelo coletivo e o consideram ponto congregacional do
santo nome de Deus – a Suprema personalidade de Deus
64 ÁsiaKi

e todos que estiverem interessados em conhecer um O livro base


pouco mais desse estilo de vida um tanto quanto difer- O mais importante livro tran-
ente o Centro estará de portas abertas para recebê-los scendental é o Bhagavad-gita.
assim como fui recebido, aliás, muito bem. “Qualquer Ele foi falado diretamente por
pessoa pode vir, de qualquer credo religioso... Tem pes- Krishna e ainda é considerado
soas que vão pro movimento por vários fatores, entre o livro sagrado mais popular da
eles por curiosidade, como foi o meu caso. Há outras Índia. É desse livro que os Hare
características de pessoas que vão para o movimento Krishnas retiram os ensina-
buscar conhecimento, sabedoria, verdade e um outro mentos para aplicarem em suas
caso, pessoas que estão aflitas, sofrendo, com dúvidas, vidas. O Bhagavad-gita é com-
inquietações”, afirma Flávio Lacerda, 34, mais conhecido posto de 18 capítulos divididos
entre os devotos como Lavanga Sakha Das. em versos e macro-sessões que
tratam de yoga da devoção, do
A forma auditiva de Krishna trabalho; sobre como alcançar
Entre as escrituras indianas estão os mantras (man - a luz através do conhecimento
mente; tra - liberar) que são mensagens cantadas para entre outros ensinamentos. Das
uma realização espiritual. É por meio também do can- três autoridades na vida espiri-
tar dos mantras – além da bhakti yoga – que os Hare tual – o guru, os devotos e as
Krishnas tentam alcançar a transcendência e mantêm a escrituras – as escrituras são a
conexão com Deus. Existem mantras para destruírem autoridade máxima.
inimigos, para curar doenças, para nos proteger, para nos
purificar e mantras que glorificam os semideuses. Você Para os devotos, Deus possui
já deve ter ouvido um mantra na rádio ou na TV, em vários nomes, pois ele se mani-
especial o Maha Mantra, que ficou conhecido na voz de festa de diferentes maneiras.
Nando Reis e Os Infernais (Hare Krishna, Hare Krishna, De acordo com as atividades
Krishna Krishna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama, que Deus manifesta, ele possui
Rama Rama, Hare Hare). um nome específico; por ex-
O Maha Mantra Hare Krishna é composto por apenas emplo: Rama, Hari, Narayana,
três palavras: hare (energia de Deus); krishna (o todo Vishnu, Nrsimhadeva, Krishna,
atrativo) e rama (a fonte de todo prazer) elas são cantadas etc. todos eles se referem a um
em vários ritmos, em diversas melodias. Segundo Krishna único ser, Deus. Aliás, dia 18 de
Kathamrta cantar o maha mantra seria como fazer uma maio foi comemorado o Dia da
oração para Deus. “Quando a gente canta o maha man- Proteção Transcendental, onde
tra hare krishna, a gente tá falando ‘Ó Senhor, ó energia Krishna se apresenta na forma
divina fonte do nosso amor, por favor, me ocupe em seu extraordinária metade homem
serviço, me ocupe em sua atividade’ e aí a gente pede pra metade leão (Nrsimhadeva).
fazer serviço devocional, a gente entra em Bhakti yoga”, Durante a celebração foram fei-
declara. Inclusive pode-se cantar o mantra de uma forma tas reverências, oferendas, can-
mais introspectiva chamada de “japa” e normalmente é tos, dança e louvor a deidades
feita com a ajuda de um rosário de 108 contas, chamado
japa-mala. Para cada conta canta-se uma vez o mantra.
108 contas cantadas equivalem a “uma volta”. Quem está
se iniciando na religião costuma fazem um voto de cantar
no mínimo 16 voltas por dia. Muitas pessoas consideram
ÁsiaKi 65

no altar. Não se pode confundir as primeiras horas do dia, antes mesmo do sol nascer,
o fato de Deus possuir vários como sendo os mais agradáveis para essa prática.
nomes com a existência de
Semideuses – Devas, em sân- Os Hare Krishnas acreditam que um dia o universo vol-
scrito –. tará a viver a era dourada, a era em que toda a sociedade
“Semideuses são administra- compartilhará dos ensinamentos que Bhaktivedanta
dores do universo, são eles que Swami Prabhupada trouxe para o Ocidente há mais de
auxiliam Deus na manutenção 40 anos. “A gente acredita que um dia o mundo vai se
desse universo material”, es- tornar hare krishna, as pessoas vão ter a consciência
clarece Krishna Kathamrta, de Krishna... Vai chegar um momento que as outras
o Cléber. As suas principais religiões vão se silenciar e vão clamar por uma escritura
funções são: assegurar que tudo e uma cultura teocêntrica que satisfaça a todos”. Conta
funcione perfeitamente dentro Malanga. Segundo ele é no momento em que essa era
das manifestações cósmicas e chegar que o mundo estará a salvo. “As pessoas deviam
manter a lei e a ordem dentro se perguntar a respeito da religião hare krishna. A so-
do universo. Entre os principais ciedade tem que entender outros pontos de vista sobre
semideuses estão: o Senhor deus, pelo menos a idéia de admitir que existem outras
Brahma, que é o criador do escrituras, outros credos. A gente tem pra oferecer
universo e o primeiro a ser música, dança, cultura, língua, muita coisa como modo de
criado; o Senhor Shiva, que é o vida, um conhecimento milenar muito poderoso que está
destruidor do universo; Rei In- cada vez mais atual, misticismo (comunhão com deus),
dra é o rei dos planetas celestiais nossos livros têm aventura, drama, intriga, guerra, vio-
e o controlador do clima; Vayu lência, romance, sedução, enfim
é o semideus encarregado do ar tudo que as pes- soas buscam
e dos ventos; Candra é o con- através do cin- ema, de coisa
trolador da lua e da vegetação; matérias, coisas mundanas, por
Varuna é o senhor dos oceanos que na nossa cul- tura a gente
e mares; Yamaraja é o senhor da não nega as coi- sas, só fazemos
morte e por aí vai. Existem mil- uso delas. A gente tenta fazer um
hares de semideuses que estão bom uso das coi- sas, tentamos
controlando todas as diferentes transfor mar o mundo mate-
atividades dos corpos das enti- rial numa coisa boa”, conclui.
dades vivas e o funcionamento
dos elementos.

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