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Oriente na Amazônia? Este foi o ousado desafio muito menos, do outro lado do mundo. Logicamente, as
dos estudantes
ÁsiaKi de curso de Comunicação Social – práticas culturais são diversas e singulares. Entretanto,
Jornalismo, da Universidade Federal do Pará, ao somos, em sua maioria, homens e mulheres urbanos,
idealizar a Revista ÁSIAKI. A proposta era combinar consumidores de uma cultura global e híbrida por
diversidade cultural, novas visões de mundo e a natureza.
boa e velha dose de entretenimento cotidiano. Por conta dessa mistura, reunimos o que de Oriente
Conseguimos? Ao leitor, deixamos a tarefa de tem na Amazônia e o que de Amazônia tem no Oriente.
folhear essa idéia. Esporte, literatura, cinema, economia, religião. Dos
Mas, o que a cultura oriental tem haver com a diversos temas aos mais invisíveis dos prazeres de uma
“Belém-Amazônia-Brasil”? Diríamos quase tudo. população que convive com o rotineiramente inusitado.
O cotidiano daqui não diferente do daí, do de lá e,
Nesta edição
· Visual Kei em Belém. pág 3 · A tradição da literatura japonesa. pág 35
Ficha técnica
* Professores responsáveis: Ana Petruc-
celli, Ronaldo e Simone Romero
.
* Produtores de textos e fotos: Abílo
Dantas; Aílton Faro; Andréa Mota;
Brena Freire; Clareana Rodrigues;
Felipe Cortez; José Fontelles; Josué Ri-
beiro; Killzy Lucena; Paula Catarina;
Raphael Freire; Suanny Lopes; Wellington
Lima
O
por: Felipe Cortez e Raphael Freire
Otaku, é?
“O seu clã” ou “a sua família”
são os significados originais
da palavra japonesa otaku.
Porém, no Japão da década de
80, Otaku virou sinônimo de
fanático ou maníaco. A popu-
larização da palavra entre os
fãs de anime ocorreu por vol-
ta de 1989, quando o croni-
sta Akio Nakamori utilizou a
palavra em um de seus livros,
“A era de M”, cujo enredo
O hobbie dos jovens é posar para fotos nos fins de semana descreve uma série de assas-
sinatos praticados por um
VK’s de Belém buscam viciado em animes e mangás
identidade própria pornográficos. A publicação
O movimento que mudou a cara do rock japonês contribuiu para disseminar
a partir da década de 80 surgiu em Belém no seio de uma imagem pejorativa do
um outro fenômeno da cultura nipônica, o universo otaku, que passou a sugerir
Otaku. o portador de qualquer tipo
Em 2004, um amante dos desenhos japoneses chamado de obsessão dentro e fora de
Jaime Netto, 16, plantou as sementes do Visual Kei na Nihon. O viciado em videog-
Cidade das Mangueiras. Ele percebeu que, apesar dos ames, por exemplo, é um g–mu
eventos direcionados para os fãs de desenhos japoneses já otaku. Já um pasokon otaku
apresentarem vídeos-clipe das bandas visuais de J-Rock, seria um maníaco por com-
ninguém via nisso a inspiração para se vestir como estes putadores. Anime e mangá
artistas, como até então só se fazia com personagens de otakus são os fãs do universo
desenhos. dos desenhos japoneses.
Jaimediz que sempre foi “alucinado” por cultura Em Belém, o fenômeno Otaku
japonesa. Sempre participou das festas promovidas pela já se encontra consolidado,
comunidade nipônica local e buscou ler tudo o que lhe mas reservado a um pequeno
caia nas mãos sobre a cultura oriental. “Até que um dia, público, composto por fãs que
numa revista de variedades que o consulado japonês buscam trocar informações
do Pará distribui, tinha uma matéria sobre Harajuku. sobre seus desenhos favoritos
Eu achei curioso e resolvi pesquisar mais na internet. e acabam se tornando grandes
Nessa época, em meados de 2003, eu nem sabia que amigos, formando ramificadas
havia eventos de anime em Belém e que faziam cosplays. redes de relações. Uma delas
Daí, no ano seguinte, quando fui ao primeiro evento, vi pode ser observada no Orkut,
pessoas fazendo cosplay e clipes de j-rock como atrações
do evento, mas ninguém fazia VK”.
No Animazon, realizado no Taikai (tradicional encontro
de otakus em Belém) de 2005, Jaime, acompanhado de
Giovanna Sovano, amiga da escola, usava roupas pretas
ÁsiaKi 7
Criatividade e grana
Incorporar o
Foto: Felipe Cortez
O laço entre
Brasil e Japão
Culturalmente falando, Brasil e Japão são bem diferentes.
Seja nas religiões tradicionais de cada um, nas relações
internacionais ou na culinária. Enquanto um cria seus filhos
para o mundo, o outro abriga três ou mais gerações da
mesma família sob o mesmo teto; um produz filme carregado
de mazelas do real, o outro exporta as lutas no patamar de
arte. Entretanto, um alimento os une, o arroz.
por: Andréa Mota
Ingrediente essencial na
alimentação dos dois países,
Foto: Google
o arroz se apresenta em
diversas versões e acom-
panhamentos: tradicional, à
grega, sopa de arroz do pai
José (mais uma dieta para
emagrecer) e os diversos
tipos de sushi que existem:
Niguiri, Gunkan, Norimaki,
entre outros. Sozinho ele in-
tegra a lista dos mais nutriti-
vos alimentos para consumo.
Já serviu de moeda para
pagamentos de impostos no
O Brasil é um dos maiores expotadores de arooz do mundo Período Edo (1660 – 1800),
no Japão. Além de ser con-
siderada uma das armas da
longevidade. Atualmente teve o seu genoma decodificado
em pesquisa realizada por cientistas de vários países,
dentre eles Brasil e Japão.
No Japão, o arroz é assunto de Estado. A rizicultura
transformou a planície de Kanto, região leste do Japão,
em uma zona bastante povoada. O cereal foi a principal
atividade econômica do país até metade do século XIX,
mesmo com as limitações de clima e solo da região.
O território japonês apresenta limitações, devido ao
12 ÁsiaKi
Foto: Google
Uramaki (enrolado ao contrário): Um
pedaço cilíndrico médio, com dois ou mais
recheios. O Uramaki se diferencia dos
outros maki porque o arroz está na parte
externa e o nori na interna. O recheio fica
no centro, rodeada por uma camada de
nori, então uma camada de arroz e uma
cobertura de ovas de peixe ou sementes de
gergelim torradas completam a especiaria.
Juventude,
Espiritualidade e
Engajamento
Jovens do Brasil inteiro resolveram seguir uma doutrina que
prega a manifestação do amor em todos os atos, anulação
do ego e a prática da meditação como maneira de iluminar a
Foto: Brena
para quem decide viver melhor
buscando o equilíbrio mental e
espiritual.
Qualquer pessoa pode ser adepta
da Seicho-No-Ie, e cada vez mais
aumenta o número dos que entram
em contado com sua doutrina e re-
solvem praticá-la. Mas a Associação
dos Jovens da Seicho-No-Ie (AJSI)
merece atenção. Ela existe desde
1948 e tem o objetivo de difundir
a doutrina e despertar a capacidade
de cada jovem seguidor, a partir de As reuniões acontecem semanalmente Belém
15 anos, para benefício próprio e
da sociedade.
A AJSI é uma das organizações da Seicho-No-Ie que
promove eventos e reuniões semanais com o foco na
difusão dos ensinamentos. Cada cidade possui uma As-
sociação regional e cada regional possui uma local (AL).
Em Belém existem três Associações Locais em que
muitos jovens desenvolvem trabalhos.
Juliana Bandeira, 17 anos, é ligada a Seicho-No-Ie
ÁsiaKi 15
Sobre a Seicho-No-Ie
Embora a Seicho-No-Ie tenha se tornado oficial em
1930, já era praticada anteriormente em uma vila no
município de Kobe no Japão. Seu fundador foi Masa-
haru Taniguchi que ficou muito conhecido durante a II
Guerra Mundial, incorporando elementos do Xintoísmo,
Budismo e cristianismo na nova doutrina.
Chegou ao Brasil trazida pelo grande número de
imigrates japoneses no início do século XX. Em
pouco tempo os ensinamentos da Seicho-No-Ie já es-
tavam difundidos em todo país por meio de revistas e
calendários.
A Seicho-No-Ie ou “Casa da Plenitude” pode ser
considerada uma religião ou uma filosofia de vida. Seus
adeptos crêem que somente Deus e o que ele cria, prin-
cipalmente os humanos, existem verdadeiramente. Todas
as outras coisas são manifestações da mente humana, não
SEICHO-NO-IE
Os praticantes e sua doutrina
· Agradecer a todas as coisas do Universo;
· Ver sempre a parte positiva das pessoas, coisas e fatos, e nunca as suas
partes negativas;
Massagem Tailande-
sa: relaxante e reju-
venescedora
Dores na costa, pernas, cabeça, ansaço, estresse... Essas são
reclamações comuns que ouvimos (e também sentimos)
diariamente de trabalhadores que passam de seis a oito
horas exercendo sua profissão. Mas essas pessoas se queixam
porque ainda não conhecem um estilo de massagem oriental
que promete relaxamento, tranqüilidade e a capacidade de
preservar a juventude.
por: Raphael Freire
Foto: Google
Foto: Google
cia da conotação sexual.
O contato corporal nesse
tipo é massagem é muito
intenso, mas o nível de
concentração, relaxamento,
confiança e seriedade é
muito alto; além disso, o
“paciente” permanece ves-
tido em roupas confortáveis
durante a massagem Thai e
não são necessários óleos
para a pele.
As pessoas estão buscando
cada vez mais um conforto
espiritual, onde as relações
humanas ultrapassem cada
vez mais os valores mate-
riais e as pessoas busquem
uma vida subjetivamente
mais saudável e mais próxima dos seus semelhantes.
ÁsiaKi 21
Espiritualidade
Nós ocidentais estamos
acostumados a um médico
nos receitar remédios para
que uma doença seja curada,
talvez por isso, às vezes é difí-
cil acreditarmos no potencial
de cura dado a um ser vivente,
como sendo um dom da
própria natureza. “Todo o que
sofremos no corpo físico é
apenas expressão do que está
em desequilíbrio nos planos
energéticos e sutis de nossos
corpos psíquicos, emocio-
nais e espirituais. Por isso, no
oriente, a medicina sempre
esteve ligada às práticas es-
pirituais. Todos os recursos e
procedimentos médicos deco-
rrem desta visão espiritual do
ser humano”, diz a terapeuta
corporal Sônia Imenes.
Conexão digital
Há 57 anos, Assis Chateaubriand, um dos maiores visionários
da historia do Brasil inaugurava na cidade de São Paulo a TV
Tupi, a primeira emissora de televisão da América Latina. De
lá para cá a televisão exerce um papel fundamental e mar-
cante em nosso país, tanto que hoje a TV está presente em
96% das residências brasileiras. Ela tem o poder de levar o
mais variado cardápio de conteúdos até seus telespectadores
e estes por sua vez resignificam essas informações da forma
que melhor lhes convém. A TV se tornou um espaço público
com constantes tensões e disputas de poder
por: Aílton Faro
Os quimonos de
Belém
Foto: Google
Início agitado de uma manhã em
Kyoto, no Japão. No seio da turba
de ternos, blazers e calçados mod-
ernos ocidentais que flutuam pelas
ruas envolvendo seus usuários,
uma senhora caminha apressada
trazendo pelo braço direito uma
jovem, provavelmente sua neta,
ambas vestindo finos e coloridos
kosodes. Há cerca de 30 anos, estas
vestes representavam a superfície
da alma japonesa
Muromachi (1338-1568)
Showa (1926-1989)
Constantes batalhas pelo
O processo se intensificou ainda mais
fragmentado poder do arquipélago
após a segunda guerra, quando o
fizeram deste período o mais
derrotado Japão conheceu um aliado um
sanguinolento da história japonesa.
tanto culpado por brincar de cowboy
No meio de todo o quebra pau,
com bombas atômicas: Os Estados
os caras inventaram de trocar a
Unidos. Os estilos de kimono ficaram
seda dos hitatares pelo linho, o que
menos complexos e a distinação entre
resultou no suô e no daimon. A
wafuku (roupas japonesas) e ifuku
mulherada, por sua vez, manteve o
(roupas orientais) ficou mais clara.
kosode no topo da parada de veste
padrão.
A Viagem de
Fantástico, sensível e empolgante.
Imagem: Google
Foto: Google
Extras que valem a pena
Após ver o filme é quase con-
seqüência pular para os extras,
e nele o material é fundamental
para conhecer mais como o
filme. São mostradas todas as
etapas de produção dos desen-
hos, da história e da animação.
O foco principal, entretanto,
é para o prazo apertado que
o diretor e roteirista Hayao
Miyazaki teve para concluir o
filme. Não se sabe ao certo o porquê, mas o apuro técnico
pode ser uma das explicações, já que os desenhos são
no mínimo impecáveis. Ao contrário do que se pensa,
japoneses tem problemas com tempo e projetos como
o restante de nós, mortais.
Lançado em 2001, com 122 minutos de duração, o filme
de Miyazaki é uma produção de sete estúdios. No Oscar
2001 era um dos favoritos a Melhor Filme de Anima-
ção e de fato levou a estatueta pra casa. Recebeu uma
indicação ao BAFTA e ao Cesar, na categoria de Melhor
Filme Estrangeiro, mas foi ao ganhar o Urso de Ouro
no Festival de Berlim que realizou sua grande façanha já
que se trata do primeiro longa-metragem de animação
a ganhar o prêmio.
ÁsiaKi 31
Tradição e modernidade:
literatura japonesa
O
popular ou pela tradicional.
por: Paula Catarina
século III foi o período inicial em que a cultura japonesa
passou por uma forte influência estrangeira. Os carac-
teres chineses preencheram a lacuna fonética que os
ideogramas – símbolos que representam somente idéias
e não sons – como os kanjis, deixavam. Assim como a
nossa literatura, a literatura japonesa é dividida em fases,
porém os períodos são denominados de acordo com o
nome da capital do Império.
O Kojiki, que é “O Registro de Assuntos Antigos” e data
de 712 d.C., é uma das obras mais antigas.
A Manyoshu (Miríade de flores) também
Foto: Google
O Caminho mais
suave: história e
ideologia do judô
“Eu não entendi direito não. Só sei que achei muito firme.
Tinha um monte de cara voando por cima das árvores, se
equilibrando em galhos, e dando socos em câmera lenta...
Muito doido!”
Princípios da arte de Jigoro Todos, sem exceção, tão fascinantes quanto os vôos e
*Princípio da Máxima chutes do Bruce Lee.
Eficácia do Corpo e do Espírito Nesta matéria trataremos um pouco do judô ou , como
(Seiryoku Zen’Yo): Baseia-se nos indica a sua etimologia, (ju = caminho, do = suavi-
principalmente no respeito dade) o “caminho da suavidade”. Este esporte tem uma
e cuidado que devemos ter ideologia tão presente em sua própria prática, fundamen-
com aprimoramento do tada em mobilizações e projeções, que analisá-las separa-
nosso corpo. E aplica-se damente torna-se impossível. Vamos à sua história.
não só ao esporte, mas em
qualquer atividade da nossa Sábia natureza
vida. Qualquer movimento Japão, 1882. A primeira academia de judô é inaugurada
deve ser importante e em Tóquio e após cem anos terá...Bem, não sejamos tão
nunca disperdiçado, para o apressados. A história do judô começa bem antes de tudo
autoconhecimento e também isso. E a partir de uma típica lenda oriental. Uma lenda
o de todos à nossa volta. E que deu origem ao estilo de luta Yoshin-Ryu (Escola do
este movimento só atingirá a Coração do Salgueiro), e que ,por sua vez, levou Jigoro
sua máxima eficácia quando o Kano a definir as diretrizes de sua “invenção”.
nosso corpo e nosso espírito Shirobei-Akyama era um médico e filósofo muito
estiverem preparados. preocupado com os males do mundo. Na verdade, não
* Princípio da Prosperidade e exatamente com os males, mas, sim, com as suas causas.
Benefícios Mútuos (Jita Kyoei): Após muito refletir, ele concluiu que a má utilização do
Quando vemos a conduta dos corpo e do espírito era a resposta, porém ainda não sabia
atletas nas competições oficias como aplicá-la para chegar a uma solução.Através dos
e percebemos o respeito com estudos de acupuntura, taoísmo e de técnicas terapêuticas
que se tratam, é este princípio chinesas, ele elaborou uma hipótese e passou a ensiná-la
que prevalece. Ele nos aos seus discípulos.Baseava-se puramente na aplicação
mostra que ninguém atinge a do mal contra o mal, da força contra a força, e a aplicava
sabedoria sozinho, mas sim a tanto na medicina quanto nas lutas.
partir do convívio e troca de Usada em doenças simples e oponentes comuns sua
conhecimento com o outro. teoria funcionava. Porém, quando enfrentava adversários
*Princípio da Suavidade mais fortes e males complexos não surtia efeito algum.
(Ju): Diretamente herdado Logo seus alunos o abandonaram e sua credibilidade foi
da Escola do Coração do reduzida à zero. Derrotado, Shirobei se retirou durante
Salgueiro, este princípio cem dias em um templo e meditou incansavelmente em
basea-se no aproveitamento busca de uma resposta.
das forças contrárias, como o “Opôr uma força à outra só é vantajoso se a força adversa
salgueiro ao enfrentar a neve. for menor que a minha”, disto o médico tinha certeza,
Reflete-se no uso do princípio mas só isto não bastava. A resposta só viria soprada pela
das alavancas presentes em natureza, bem de leve, no vento.
muitos golpes de projeção. Um dia, enquanto Shirobei passeava contemplando o
O próprio Jigoro Kano jardim que entrava na estação do inverno, chamou-lhe
possui um discurso famososo atenção o rangido de pequenos galhos que quebravam
explicando o Ju. por tentarem resistir ao peso da neve. Ao lado havia um
velho salgueiro. O médico analisou a árvore cuidadosa-
40 ÁsiaKi
Rumo ao Kodokan
Quem visse aquele rapaz franzino de 1,57m de altura
e pesando 40 kg, treinando em uma tarde qualquer no
Japão, nunca iria imaginar que ele se tornaria um dia o
fundador de uma arte marcial. Até então, as lutas eram
muito associadas a homens de grande estatura e força
física, pois a prática do Jiu-Jitsu ou Jun-Jutsu era a mais
difundida e encontrada em estabelecimentos de ensino
e de poder, como o exército e a polícia.
Aluno de mestres do jiu-jitsu , como Hachinosuke Fukuda
e Tsunetochi Iikubo, Jigoro não se identifi-
cava com esta atividade. Por mais que se Foto: Abílio Dantas
esforçasse, nunca chegaria à perfeição,
pois precisaria se tornar uma outra pessoa.
Começou, então, a questionar-se sobre
o papel de uma arte marcial. O homem
deve servir a ela ou ela deve servir a ele?
Resolveu ficar com a segunda hipótese.
E assim, utilizando também técnicas
variadas do jiu-jitsu, a sua “invenção” foi
tomando forma. Surgia o judô.
Agora, sim! Japão, 1882. A primeira
academia de judô é inaugurada em Tóquio
e após cem anos terá transformado o
esporte no mais praticado do país. Pre-
sentes em todas as escolas e também na
polícia oficial.
O estilo e a academia de Jigoro Kano chamou-se Kodokan
ÁsiaKi 41
Judô no Brasil
“O judô entrou no Brasil em 1908, quando o senhor
Mitsuya Maeda veio e se radicou no Pará, inclusive. O
judô no Brasil, coincidentemente, começou aqui. Tanto
que o corpo dele (Mitsuya) foi sepultado em Belém. Se
você entrar na nave principal do cemitério Santa Isabel,
no meio, à direita da capela, está a
Foto: Abílio Dantas
Foto: WellingtonLima
Uma ONG (Organização não gov-
ernamental) japonesa, Denominada
SGI (Soka Gakkay Internacional),
representa uma das principais ramifi-
cações do budismo. Essa organização
tem seu fundamento teórico do bud-
ismo voltado para o tripé, paz cultura
e educação, ou seja, ela visa princi-
palmente a educação e a cultura, pois
acreditam que através delas consigam
encontrar a paz. A soka Gakkay pode
ser entendida como uma “sociedade
de criação de valores”.
A ONG foi fundada em 1930, pelo
professor Tsunebaro Makiguti, após
se converter ao budismo de Nitiren
Daishonin. Nitiren nasceu em 1922, e em 1933 entrou
para o sacerdócio no templo de Seityo e começou a
estudar o budismo. Em Quioto, estudou todos os sutras
de Sakyamuni, e concluiu que o Sutra de Lótus é seu
ensino máximo, dele extrai o ensinamento do “Nam-
myoho-hengue-kyo”, que é recitado pelos membros da
associação, como mantra, ou seja, é recitado diversas
vezes por eles para alcançarem a paz.
“Nam-myoho-hengue-kyo”, é considerado pelos
ÁsiaKi 43
Acupuntura:
terapia ou arma
contra demônios?
por: Andréa Mota
Foto: Google
no pé dos desavisados. Durante
décadas, criaram-se mecanismos
exóticos para enganar esse mal.
Algodão molhado na testa, sustos
totalmente previsíveis e copos
e mais copos de água. Hoje, as
práticas alternativas de saúde
ganharam visibilidade. Experi-
mente pressionar o dedo mínimo
enquanto soluça. Em instantes,
o som vergonhoso cessa. Essa
prática simples é a acupuntura.
A acupuntura terapêutica é uma
técnica de tratamento que consiste
em estimular determinados pontos
na superfície da pele.
Entretanto, a acupuntura não se configurava como
alternativa terapêutica ate antes de 90 a.C. Originaria
da China, a utilização de agulhas em partes do corpo
possuía outra finalidade. Segundo a medicina chinesa,
há uma relação de causa e efeito entre os fenômenos
correspondentes ou não. Isso significa dizer que quais-
quer doenças, de maior ou menor grau que acomete o
homem, advêm de um desequilíbrio das suas praticas
no mundo. O vento, a umidade, ou ate a comida pode-
riam, em certas condições, afetar o homem.
Na Era Shang - entre 18 a.C à 16 a.C - o conceito de
doença era diferenciado. Enquanto os ocidentais reme-
tem doença às debilidades físicas ou mentais, os Shang
classificavam como enfermidade desde uma simples
ÁsiaKi 45
Foto: Google
emanações abstratas e concretas. Assim, surge
o conceito de “Qi”. Inicialmente, consistia em
um “vento” causador de doenças. Com o tem-
po, o conceito evoluiu de influencia malévola,
para “influencias matérias sutis”. Daí surge os
conceitos de “repleção” e “depleção”, onde
uma seria a supremacia de influencias malévo-
las e a outra, perda de influencias apropriadas
ao organismo, respectivamente. De acordo
com a Medicina Sistemática, a saúde e a har-
monia seriam conseqüências de não haverem
extravagâncias ou excessos, sejam alimentares,
sexuais, morais ou climáticos.
E possível entender essa medicina ao as-
sociarmos seus conceitos com o contexto que
ela estava inserida. Neste período, o império se
integrava, surgindo grandes metrópoles. Aliado
a sua expansão, há um desenvolvimento do
46 ÁsiaKi
Foto: Google
um sistema complexo cujo funcionamento se da pela
harmonia das partes integrantes. Com isso, a medicina
de correspondência toma para si esses conceitos, mas
com outra terminologia: Zang consistia nos depósitos
ou órgãos e seria onde “Qi” se infiltrava; Fu, palácios
por onde “Qi” passava; e, Ching-lo são os canais (ou
meridianos) que uniam todo o sistema. O objetivo dessa
medicina, portanto, era identificar e localizar as áreas
de obstrução, deficiências e repleções. Com o fluxo de
“Qi” continuo e normalizado, evitavam-se possíveis
doenças.
Realidade Aumentada
Brasil X Japão
No Brasil, o estudo tem avançado. Os laboratórios de
pesquisa na área se concentram basicamente em São
Paulo, Recife e Uberlândia.
No Japão, há uma universidade de pós-graduação
chamada Nara Institute of Science and Technology onde se
encontram muitos profissionais considerados de ponta Marina Oikawa vive e estuda no
em suas áreas de pesquisas. Entre eles está o próprio
desenvolvedor da ferramenta ARToolKit, Dr. Hirokazu
Kato.
De acordo com Marina, estudante do instituto, os
japoneses “investem massivamente em pesquisa, os
laboratórios são muito bem equipados e tem projetos
internos de fomento a pesquisa que você nunca veria
Para Saber mais
no Brasil, pelo menos não em Belém.É outro mundo e
www.hitl.washington.edu/artoolkit/
é bem difícil comparar...Muito ainda precisa ser feito nas
www.realidadeaumentada.com.br/home/
universidades brasileiras para as coisas funcionarem tão
www.naist.jp/index_e.html
bem como funcionam aqui. No Japão o investimento
em educação é realmente incrível.”
ÁsiaKi 49
por:Clareana Rodrigues
Paradoxo chinês
A
por:Josué Ribeiro
Taoísmo: união de
filosofia e religião
Foto: José Fonteles
Brasil: o país do
futebol?
As olimpíadas de Pequim iniciam-se em agosto deste ano,
mas desde o anúncio do país sede, milhões e milhões de
dólares já foram gastos, milhares de toneladas de aço já foram
usadas, diversas tecnologias foram pensadas e postas em
prática e, é claro, exércitos de operários ainda dedicam esfor-
ços para que todas as obras estejam prontas até o dia da aber-
tura dos jogos olímpicos
Foto: Google
algumas partidas. Mas será que a nossa
cidade está preparada para receber parte
de um evento desse porte? “Temos um
potencial muito grande na área turística,
estamos na Amazônia, que causa grande
curiosidade ao público estrangeiro. Além
disso, há muita vontade política que Belém
tenha jogos da Copa do Mundo. Tudo
será feito para que consigamos, e estamos
muito confiantes em trazer a Copa para
cá - diz a secretária de Esportes do Pará,
Lúcia Penedo”. O novo estádio possui quatro níveis: o térreo, o das cadei-
Belém possui o Estádio Olímpico Edgar ras e tribuna de honra, o das cabines e o das arquibanca-
Proença ou simplesmente Mangueirão,
inaugurado há mais de 30 anos. O estádio
sofreu uma grande reforma em 2002 e passou a oferecer
modernos vestiários equipados com aparelhos de alta
tecnologia, mais conforto e segurança aos visitantes.
Para a copa de 2014, o governo pretende tomar medidas
técnicas para o funcionamento eficiente de um estádio,
de acordo com os padrões internacionais
estabelecidos pela FIFA (Federação Inter-
nacional de Futebol), através da construção
de rampas; implantação do museu do es-
porte; construção de uma ampla praça de
alimentação e cisternas para reaproveitar a
água da chuva; o uso de catracas eletrôni-
cas mais modernas nas entradas a fim de
tornar o acesso ao Mangueirão totalmente
informatizado. De acordo com o projetista
original do estádio, o arquiteto e projetista
do estádio, Alcyr Meira, o Mangueirão, não
precisa de significativas alterações para re-
ceber partidas de Copa do Mundo. “Projetei No estádio são disputados os principais jogos do Clube
este estádio há 33 anos com um conceito do Remo, Paysandu Sport Club e Tuna Luso Brasileira
moderno e acredito que internamente não
serão necessárias muitas modificações”, contas Alcyr que
também está à frente do atual projeto de reforma.
ÁsiaKi 57
tico
Foto: Google
Foto: Google
A Transcendência e o
Cantar Hare Krishna
Roupas coloridas, cabeça raspada, músicas e danças alegres,
hábitos alimentares saudáveis... São por essas características
que os Hare Krishnas passaram a ser conhecidos por muitas
pessoas no Ocidente. Porém poucos conhecem sua filosofia de
vida e religiosa, suas atividades, suas crenças, seus princípios,
etc.
Não pensem que eles largaram tudo e ficam enclausura-
dos dentro de um templo rezando, aos que querem ser
monges sim, mas os devotos são pessoas como qualquer
um, inclusive um Hare Krishna pode estar ao seu lado na
escola, no trabalho, no ônibus, em qualquer lugar.
O movimento Hare Krishna surgiu na Índia no fim
do século XV e início do século XVI baseado nos ensi-
namentos do guru Sri Krishna Chaitanya Mahaprabhu. O
movimento também conhecido por Sociedade Interna-
cional para a Consciência de Krishna (ISKCON, sigla
em inglês) é uma tradição monoteísta que está inserida
na cultura Védica ou Hindu. O ocidente passou a ter
contato com os ensinamentos Hare Krishna em 1965,
quando A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada recebeu a
árdua missão de divulgar a religião para uma parte do
planeta predominantemente católica.
Nos cultos são feitas orações em A filosofia do Movimento Hare Krishna provêm de
adoração à Krishna escritos conhecidos como Vedas, que são textos que
tratam – na língua sânscrita – sobre psicologia, cosmo-
logia, política, arquitetura, astrologia, arte, saúde, entre
outros temas. O seu principal conteúdo diz respeito a
um processo de compreensão espiritual por meio de
respostas a perguntas complexas que qualquer um já se
fez algum dia: Quem sou eu? Por que estou aqui? Qual
o objetivo da vida? Como posso alcançá-lo?
De acordo com os Vedas, nós somos uma pequena
partícula espiritual que dá vida ao corpo material, então
todos os seres vivos são uma partícula espiritual dentro
de um determinado corpo material. Nós, partículas es-
60 ÁsiaKi
Foto: Raphael
pirituais, estamos aqui para alcançarmos
o verdadeiro objetivo da vida: a volta
para onde viemos, um lugar eterno, com
muita bem-aventurança e conhecimento,
para vivermos o puro amor divino da
Suprema Personalidade de Deus e para
alcançarmos esse objetivo é necessário
estar sempre em contato com Deus.
Os sete propósitos
Srila Prabhupada, ao fundar a ISKCON,
elaborou sete propósitos com a intenção de Homenagem
que os devo- especial ao fundador da doutrina
tos cultivassem a pura consciência a serviço do amor di-
vino. “Eles [os propósitos] funcionam com o proposição
de expandir uma consciência divina para a sociedade, têm
como objetivo favorecer a sociedade como um todo.
De acordo com a filosofia védica a vida começa quando
se vivencia esses princípios”, diz Cléber Guerreiro, ou
melhor, Krishna Kathamrta, 34, hare krishna e proprietário
do Bhagavat Prasada, 1º restaurante lacto-vegetariano de
Belém.
1- Propagar o conhecimento espiritual entre as socie-
dades a fim de educar todas as pessoas nas técnicas da
vida espiritual, restabelecendo o equilíbrio dos valores
na vida e, finalmente, alcançando a verdadeira união e
paz mundiais.
2- Propagar a consciência de Krishna (Deus), assim como
foi revelada nas grandes escrituras da Índia - Bhagavad-
gita e o Srimad Bhagavatam.
3- Unir os membros da sociedade e torná-los mais
próximos de Krishna (a entidade primordial). Isto fará
com que cada alma (tanto dos membros,
como da sociedade) seja parte integrante
de Krishna.
4- Ensinar e encorajar o movimento de
Foto: Raphael
Foto: Raphael
todas as nossas ativi-
dades para Deus. Por
exemplo, ao cozinhar
eu posso espiritualizar
essa ação, cozinhando
consciente de Krishna,
oferto aquele ato para
Deus”, diz Kathamrta.
Todos desclaços e sentados assistem as celebrações
Krishna tem forma e
personalidade
Um dos ensinamentos básicos é o de que Krishna
é ou foi uma pessoa. O próprio Krishna diz isso no
Bhagavad-gita.”Homens sem inteligência, que não me
conhecem perfeitamente, pensam que Eu, a Suprema
Personalidade de Deus, Krishna, era impessoal e depois
assumi esta personalidade. Devido a seu conhecimento
escasso, eles não conhecem minha natureza superior,
que é imperecível e suprema” (7.24). “Existem duas
grandes escolas filosóficas na tradição do oriente: uma
é impersonalistas e acredita que deus é apenas uma luz,
um brilho. Já a escola Vaisnava é personalista, para eles
krishna é uma pessoa, é uma luz, é amor, ele assume uma
forma que nós podemos nos relacionar com ele, essa é a
concepção de personalismo, então entendemos que ele é
uma pessoa que fala, que age, que toca flauta,
que come”, explica Krishna Kathamrta. Deus
Krishna tem inúmeras dimensões e encarna-
ções, a forma personalista é uma delas.
Foto: Raphael
A Teoria do Karma
Lembra da terceira lei de Newton? Aquela
que diz que para toda ação sempre haverá uma
reação? Pois bem, esse é o mesmo conceito
que explica a Teoria do Karma. Ela funciona
da seguinte maneira: as ações, as atitudes –
boas ou más – que realizamos hoje, nesta vida,
influenciarão fortemente em nossas próximas
vidas. Daí surge, atrelado ao conceito da Teo- Nos cultos sempre é feita a
ria do Karma, a crença na reencarnação. Assim como
leitura os
do livro mestre nos dois
espíritas, os Hare Krishnas crêem que nós reencarnamos
e dizem que esta vida é apenas uma das que tivemos e,
das que ainda vamos ter, e que o nosso corpo atual não é
o primeiro, mas o mais recente de todos os que tivemos.
“A nossa concepção de reencarnação é de transmigra-
ÁsiaKi 63
no altar. Não se pode confundir as primeiras horas do dia, antes mesmo do sol nascer,
o fato de Deus possuir vários como sendo os mais agradáveis para essa prática.
nomes com a existência de
Semideuses – Devas, em sân- Os Hare Krishnas acreditam que um dia o universo vol-
scrito –. tará a viver a era dourada, a era em que toda a sociedade
“Semideuses são administra- compartilhará dos ensinamentos que Bhaktivedanta
dores do universo, são eles que Swami Prabhupada trouxe para o Ocidente há mais de
auxiliam Deus na manutenção 40 anos. “A gente acredita que um dia o mundo vai se
desse universo material”, es- tornar hare krishna, as pessoas vão ter a consciência
clarece Krishna Kathamrta, de Krishna... Vai chegar um momento que as outras
o Cléber. As suas principais religiões vão se silenciar e vão clamar por uma escritura
funções são: assegurar que tudo e uma cultura teocêntrica que satisfaça a todos”. Conta
funcione perfeitamente dentro Malanga. Segundo ele é no momento em que essa era
das manifestações cósmicas e chegar que o mundo estará a salvo. “As pessoas deviam
manter a lei e a ordem dentro se perguntar a respeito da religião hare krishna. A so-
do universo. Entre os principais ciedade tem que entender outros pontos de vista sobre
semideuses estão: o Senhor deus, pelo menos a idéia de admitir que existem outras
Brahma, que é o criador do escrituras, outros credos. A gente tem pra oferecer
universo e o primeiro a ser música, dança, cultura, língua, muita coisa como modo de
criado; o Senhor Shiva, que é o vida, um conhecimento milenar muito poderoso que está
destruidor do universo; Rei In- cada vez mais atual, misticismo (comunhão com deus),
dra é o rei dos planetas celestiais nossos livros têm aventura, drama, intriga, guerra, vio-
e o controlador do clima; Vayu lência, romance, sedução, enfim
é o semideus encarregado do ar tudo que as pes- soas buscam
e dos ventos; Candra é o con- através do cin- ema, de coisa
trolador da lua e da vegetação; matérias, coisas mundanas, por
Varuna é o senhor dos oceanos que na nossa cul- tura a gente
e mares; Yamaraja é o senhor da não nega as coi- sas, só fazemos
morte e por aí vai. Existem mil- uso delas. A gente tenta fazer um
hares de semideuses que estão bom uso das coi- sas, tentamos
controlando todas as diferentes transfor mar o mundo mate-
atividades dos corpos das enti- rial numa coisa boa”, conclui.
dades vivas e o funcionamento
dos elementos.