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Obama e Monteiro Lobato: o que eles têm em comum

Um amigo meu que é americano negro esteve visitando Salvador um dia


após as eleições americanas. Quando as pessoas na rua o ouviam falando
inglês, diziam, “Americano? Obama!” E faziam o sinal positivo com o polegar, ao
qual ele retribuía com um sorriso aberto. À noite, quando foi a um bar com
amigos, uma turma que se sentou do lado disse ao garçom, “Leve uma cerveja
pra eles! Obama!” Meu amigo não podia estar mais feliz! Já amava o Brasil,
agora então...

Há apenas alguns anos atrás era impossível imaginar que um negro seria
eleito presidente dos Estados Unidos! Isso foi verdade pelo menos aqui nos
Estados Unidos, mas não no Brasil. Há mais de 80 anos atrás, essa idéia virou
um livro.

Monteiro Lobato, tão conhecido pela histórias do Sítio do Picapau


Amarelo e pelo personagem Jeca Tatu, escreveu um livro intrigante chamado “O
Presidente Negro” em 1926 (que pode ser baixado gratuitamente pela Internet).
Este foi seu único romance e um dos pouco livros de ficção científica brasileiros
escritos antes dos anos 60.

O livro conta como é a vida nos Estados Unidos no ano 2.228. Ao ler este
livro, a gente se surpreende com as descrições visionárias do narrador.

No século 23, os jornais não são de papéis mas sim, ‘radiados’ e


impressos em caracteres luminosas num quadro nas casas. Também os estudos
são ‘radiados’ para as casas. As pessoas não vão mais às universidades. A
idéia da internet aparece novamente quando o narrador do livro diz que as
pessoas não precisam mais ir aos escritórios para trabalhar. Elas trabalham em
casa e ‘radiam’ o trabalho para o escritório.
No ano de 2.228, a eleição para o 88º presidente dos Estados Unidos
está em pleno vapor (vejam que Obama foi eleito o 44º presidente!). Nesta
eleição, existem três candidatos. O partido masculino, que quer reeleger o atual
presidente; o partido feminino que quer eleger uma feminista; e o partido
chamado associação negra, que tem como candidato um carismático líder
negro.

A candidatura para reeleição do presidente de 2.228 pode ser associado


com a candidatura de McCain nas atuais eleições americanas, pois McCain faz
parte do mesmo partido do então presidente Bush. Hillary Clinton pode ser vista
como a candidata feminista. E o candidato negro, Obama. Tanto no livro como
na vida real, o candidato negro à presidência americana ganha as eleições.

É como se a literatura chegasse antes, e a vida viesse copiando, como


diz o escritor Ignácio de Loyola Brandão.

“O Presidente Negro” nos intriga não só pela caráter visionário, mas


também pela sua visão pouco otimista do futuro distante. As raças brancas e
negras não se misturam e o governo tem um controle excessivo sobre as
pessoas, inclusive deliberando quem pode ou não ter filhos.

A leitura pode incomodar o leitor, pois a raça branca é vista como


superior. Além de ter um tom racista, tem também traços sexistas. Monteiro
Lobato quis publicar este livro em Nova York em 1927, mas não conseguiu. As
editoras o acharam ofensivo.

Uma outra interpretação, porém, é de que a disconcertante visão do


futuro não apóia uma atitude racista, mas sim, parece mais condená-la, já que o
mundo que Lobato descreve não aprece ser um mundo feliz. As verdadeiras
intenções de Lobato ao escrever esse livro é ainda motivo de debate.
Denise Maria Osborne é mestranda em Lingüística Aplicada no Teachers
College Columbia University (Nova York) e professora de português como
língua estrangeira. dmdcame@yahoo.com

Artigo originalmente publicado pelo Jornal Clarim (Minas Gerais, Brasil):

Osborne, D. (2009, January 16). Obama e Monteiro Lobato: O que eles têm em
comum. Clarim, Ano13, n. 351, p. A2.

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