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RUI VEIGA ROSA

ADVOGADO

ORDEM DOS ADVOGADOS


A/c Exmo. Senhor Bastonário
Carta aberta aos demais advogados

Rio de Mouro, 7 de Julho de 2010

ASSUNTO: Patrocínio Oficioso


Falta de pagamento desde Janeiro de 2010
Tomada de posição urgente

Ilustres Advogados,
Exmo. Senhor Bastonário da Ordem dos Advogados,

Não será certamente nenhuma novidade aquilo que me permito agora


escrever e, desta forma, relatar a situação dramática que se vive no âmbito da
nossa profissão, mormente para aqueles Advogados que, a troco de muito
pouco, prestam um verdadeiro serviço público na defesa dos interesses
fundamentais dos cidadãos, que são os Advogados inscritos no Acesso ao
Direito, no Apoio Judiciário.
Pese embora nos seja, de alguma forma, exigido que mantenhamos uma
aparência de abundância, o que se compreende quando prestamos um serviço
tão nobre e fundamental como seja a defesa de direitos dos cidadãos junto de
um dos pilares do nosso Estado de Direito (Tribunais), serviço esse que só é
possível com uma dedicação de, pelo menos 19 anos – 12 anos para o ensino
escolar, mais 5 anos de faculdade (agora 3) a que acrescem 2 anos de estágio
-, a verdade é que neste momento são muitos os Advogados que lutam
diariamente para sequer conseguirem honrar as suas próprias obrigações
necessárias ao exercício da profissão: basta ver que só para a Ordem dos
Advogados e Caixa de Previdência da Ordem dos Advogados e Solicitadores
são necessários para a maioria dos Advogados mais de 200,00€ mensais, aos
quais acrescem as inerentes despesas de escritório, que jamais poderão ser
inferiores a 300,00€, quando é necessário possuir um acesso à internet, pelo
menos uma linha para fax e telefone, telemóvel, electricidade, água e, na
maioria, uma renda de escritório. No fundo, no mínimo, qualquer advogado
para o exercício da sua profissão necessita de, pelo menos, 500,00€ mensais.

Rua Vasco da Gama, n.º 17 - 1º Esq. 2635-403 Rio de Mouro


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RUI VEIGA ROSA
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Acresce dizer que, e porque estamos a falar do Acesso ao Direito, do


Patrocínio Oficioso, os Advogados apenas recebem seja os míseros honorários
previstos na tabela anexa à Portaria n.º 1386/2004, de 10 de Novembro
(tabela com cerca de 6 anos), seja as despesas tidas com o patrocínio após o
trânsito em julgado da decisão. Ou seja, para quem não sabe, só quando o
processo chega ao fim, o que na prática significa que em alguns casos só após
mais de 2 anos, podendo facilmente chegar aos 5 anos, é que os Advogados
são compensados tanto das despesas que tiveram como do trabalho que
desenvolveram!
Há que dizer desde já que os Advogados são os únicos profissionais a prestar
serviço nos tribunais em tal situação. Basta ver que nem Magistrados (sejam
judiciais, sejam do Ministério Público), nem funcionários judiciais, nem
Solicitadores de Execução – agora redenominados Agentes de Execução, com
todos os benefícios que daí possam decorrer –, nem sequer peritos ou
tradutores têm de aguardar o trânsito em julgado para serem compensados
das suas despesas ou serviços prestados.
Acresce a todas estas dificuldades, que agora o Estado através do seu Instituto
de Gestão Financeira (IGFIJ, IP) resolveu pura e simplesmente não pagar o que
quer que seja e, para além disso, ainda exigir devolução de despesas de
processos antigos, exigindo o depósito indiscriminado em conta bancária cujo
titular se desconhece, à margem de um sistema informático implementado
para pagamento e estorno de pagamentos aos Advogados, ou seja, pretende o
IGFIJ, IP que os Advogados pactuem com ilegalidades, nomeadamente
entregando dinheiro de despesas num verdadeiro “saco azul”!
Se ainda houve alguns Advogados que em Maio de 2010 foram contemplados
com alguns pagamentos (no meu caso recebi cerca de 65,00€), outros há que
desde Janeiro de 2010 não recebem um único cêntimo do IGFIJ, IP. Ou seja,
vai para 7 meses! que não recebem o pagamento dos serviços prestados no
âmbito do Apoio Judiciário, pese embora promessas, cuja última foi no dia 29
de Junho do Senhor Ministro da Justiça ao Senhor Bastonário da Ordem dos
Advogados, segundo a qual mentiu quando afirmou que todos os honorários e
despesas vencidas até 30 de Abril de 2010 seriam pagas aos Advogados no
dia 6 de Julho de 2010. Se aqui mentiu, certamente mentiu também
relativamente às demais!
E, há que afirmá-lo no concreto… o Estado e os seus Governantes têm vindo
sistematicamente a mentir e a fazer os Advogados de parvos! Chega! É que os
Advogados não são parvos, podem ser tolerantes mas por norma não são
parvos, que se o fossem certamente não poderiam ser Advogados. Ou então,

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somos mesmo parvos por admitirmos que nos façam o que não admitimos aos
nossos clientes…
Fala-se agora também na nova figura do “Defensor Público” que, ao que
parece, até já foi aprovado… Aproveitam-se os eventos de futebol e as férias da
maioria dos portugueses para se aprovarem as medidas que mais prejudicam
o país e os cidadãos.
Veja-se que quando o Estado pretende a implementação de uma figura
dependente do Estado, que certamente não poderá ser um Advogado (a
menos que estes vendam definitivamente a alma e consciência), figura essa
que passará por um simples licenciado em direito (ou não, até porque da forma
como o nosso ensino vai não espantaria que pudesse ser defensor público
alguém com o 9º ano de escolaridade e que nem ler sabe), esse defensor
ficará impedido – pelo menos na prática – de defender os direitos daqueles
que não têm como recorrer a uma defesa paga (advogados constituídos).
Pergunto eu, será que esse defensor público irá visitar os detidos aos
estabelecimentos prisionais? Será que os irá acompanhar nos interrogatórios
junto das Polícias? Será que terá capacidade ou coragem para “fazer frente” à
condução do julgamento, muitas das vezes tendente apenas à condenação?
A resposta, parece óbvia: esse defensor público que terá um gabinete junto ao
Juiz e ao Magistrado do Ministério Público, que com eles irá privar e até
aconselhar-se, e que terá alguns milhares de processos para “defender”,
certamente irá acomodar-se com a condenação dos cidadãos num esperado
“amem” ao poder instituído (mas isto é futurologia da minha modesta opinião).
Posto isto, Exmos. Senhores, impõe-se que os Advogados tomem uma posição
conforme lhes é exigido!
Os Advogados têm direitos e obrigações decorrentes tanto da aplicação do
seu Estatuto Profissional, como da própria Constituição da República
Portuguesa, e não podem continuar calados a verem o estado a que a nossa
profissão e a nossa Justiça está a chegar ou já chegou.
Não é possível permitir que o Estado através do seu Instituto e dos seus
Ministros continue a mentir e a abusar do poder que têm contra os
Advogados, seja não lhes pagando, seja exigindo-lhes a devolução de quantias
pagas a título de despesas para um “saco azul” sob a ameaça constante de
participações à Ordem dos Advogados ou de exclusão do Acesso ao Direito.
Da mesma forma que não é admissível que sequer seja considerada a figura
do defensor público nos moldes em que está a ser apresentado.

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RUI VEIGA ROSA
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Há que exigir de imediato que a Ordem dos Advogados tome uma posição
relativamente a todas estas situações, seja tomando a iniciativa de as trazer a
público para que os cidadãos saibam ou estejam em condições de conhecer o
previsível futuro, seja levando a decisão judicial o exercício dos direitos dos
Advogados, com imediata acção judicial para cobrança de todos os honorários
e despesas vencidos e não pagos, assim como exigência dos respectivos juros.
Para além disso há que apresentar proposta de alteração legislativa quanto
aos honorários tabelados que são manifestamente miseráveis, não nos ficando
pela espera de iniciativa legislativa por parte do Governo que já nos habituou à
sua técnica de “terrorismo”, apresentando uma proposta de 6,00€ por
processo para depois os Advogados ficarem todos contentes com a
manutenção de uma tabela com 6 anos de existência e com a retirada de
algumas regalias como era a do adiantamento das despesas (e aqui reconheço
o mérito do Senhor Bastonário que conseguiu impedir o descalabro total, mas
que não é suficiente).
Mais, porque se chegou a um estado de situação de tal forma grave, impõe-se
que sejam tomadas posições compatíveis com a gravidade, o que no meu
entender impõe o recurso a uma recusa de todo e qualquer patrocínio forense
no âmbito do Apoio Judiciário. Chame-se-lhe greve, chame-se-lhe o que se
quiser. Se não pagam não é exigível que os Advogados sejam escravizados.
É obrigação da Ordem dos Advogados defender a Classe. E se permite que
sejamos gozados da forma como estamos a ser, não está a defender, pelo que
a iniciativa terá de partir da nossa Ordem, com uma posição muito firme e com
uma determinação vinculativa para todos os Advogados abrangidos pois que,
como se sabe e fica evidente, neste momento é cada um por si, pelo que
estando em causa a própria Classe e profissão, terá de ser uma tomada de
posição vinculativa a ser respeitada por todos os Advogados.
Não faz sentido começarem os Advogados a organizarem-se em torno de
Associações para, desacompanhados da Ordem dos Advogados,
individualmente tomarem as posições que a esta competem – para além do
sucesso ficar comprometido fica o nome e prestígio da própria Ordem.
Impõe-se assim que, no máximo em 24 horas seja tomada posição pública da
Ordem dos Advogados, o que a não acontecer legitimará todos os Advogados a
agirem de forma individual, bem como a trazerem ao conhecimento público
toda a situação, já que os cidadãos têm o direito da saber o que o futuro lhes
reserva.
Neste momento a própria profissão, ou pelo menos o seu exercício, começa a
ficar em causa. Veja-se que cada vez menos é visível o prestígio da Classe: os

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juízes (grande parte deles e talvez os mais novos) já têm como uma “maçada”
inconsequente ter de aturar os Advogados – por exemplo é normal o
Advogado ter de aguardar 3 ou 4 ou mais horas pelo Senhor Juiz, mas se o
Advogado chega 10 minutos atrasado já quase que praticou um pecado mortal
e até correu o risco de ser substituído por um outro Colega de Escala -, os
próprios funcionários muitas vezes se permitem comentários ou
considerações impróprias, os polícias entendem, e cada vez mais, que a
palavra deles tem maior relevância que a dos Advogados, etc..
A aguardar uma resposta e posição urgentes, desde já colocando-me à
disposição para contribuir com o que seja necessário, subscrevo-me com os
meus melhores cumprimentos,

Digitally signed by Rui Veiga Rosa -

Rui Veiga Rosa Ordem dos Advogados


DN: c=PT, o=MULTICERT-CA,
ou=Ordem dos Advogados - RA,
- Ordem dos ou=Corporate, ou=Advogado,
ou=Nome profissional de Advogado -

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16726L, ou=Personal ID, cn=Rui Veiga
Rosa - Ordem dos Advogados
Date: 2010.07.07 13:32:43 +01'00'

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