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Medicina Reprodugéo autorizada do: Zeitschrift far arztiche Praxis, Karl FHaug Verlag, Heidelberg, 9/1991, pag. 568-573) scssnteeenntconammrs A Doenga Arterial Coronariana - DAC A Luz da Medicina Convencional e Antroposofica Dr. Olaf Titze Como introdugao a este trabalho quere- mos apresentar alguns conceitos, tais co- mo so conhecidos hoje na cardiologia académica, concebida e vivenciada em sua esséncia de um modo totalmente mecanicista Tenho bastante certeza de que Wiliam Herberden (médico inglés, 1768, mono- grafia sobre Angina pectoris), nao inter- pretava os sintomas clinicos descritos por ele da mesma maneira como 0 faze- mos hoje. Sd poderemos compreender o tratamen- to que se usa hoje em dia, se 0 colocar- mos sobre 0 pano de fundo de tais repre- sentagSes mecanicistas. No entanto, uma ampliagaio do campo de visao para além da concepgao materialista dos proces- sos mérbidos que esto na base da DAC, 6 uma condig&o prévia imprescindivel para uma ampliagao antroposéfica das possibilidades terapéuticas. Podem es- clarecer a questo as nogdes que con- duzem a terapia com beta bloqueadores, em contraposigao aquelas que nos orien- tam para o tratamento, por exemplo, com Arnica montana. ‘AADAC é considerada hoje como uma mo- léstia crénica dos vasos corondrias com alteragdes da membrana vascular inter- na, que restringem o fluxo sanguineo (por exemplo, depésitos de colesterol, codgu- lo sanguineo). Isquemia significa irrigagéo sanguinea diminufda. Esta, porém, pode ser basea- da também em outras causas, além de um estreitamento do calibre das coro- ndrias (por exemplo, alteragéo da agéo cardiaca ou das caracteristicas do fluxo sanguineo). Angina pectoris (sindnimo: estenocardia) significa: opressao tordcica, quer dizer, dores que aparecem em surtos atrés do esterno, freqiientemente mais do lado es- querdo que do direito, as vezes irradian- do para os bragos e m&os, mas também para as regides cervicais, o omoplata es- querdo ou o epigastrio; descrita primeiro por William Herberden (veja acima). Os primeiros ataques desse tipo surgem ini- cialmente apés um estorgo (por exemplo, subir escadas, refeigao abundante), mais tarde também no estado de repouso. A causa deve ser vista numa necessi- dade repentina e aumentada de oxigénio pelo misculo cardiaco (por exemplo, por ocasiéo de uma extrema carga fisica e/ou animica). WELEDA - Revista Médico-Farmacéutica - N° 1 - JAN/O7 7 Uma secregao maciga de adrenalina pela medula da supra-renal, como consequén- cia, por exemplo, de um susto forte, pode. aumentar a necessidade de oxigénio ou sangue das células miocardiacas em tal medida, que pode sobrevir um ataque de angina pectoris ou até um enfarte cardia- co fatal Enfarte cardiaco signitica a deficiéncia repentina @ localizada de irrigagdo san- guinea do miocérdio, tendo como se- qliela a necrose de parte do tecido mio- cardiaco. Segundo Halhuber (1), em 95% dos casos, 0 motivo é uma altera- g&0 dos vasos coronarios. Do enfarte surge uma cicatriz. No processo de con- valescenga do enfarte-cardiaco, ocorre uma dilatagao das colaterais existentes e, eventualmente, também uma neopla- sia de vasos colaterais na regido da ci- catriz do enfarte. Aparentemente existem também afec- ges isquémicas do miocardio com necrose (igual a enfarte cardiaco), em cu- ja zona periférica 0 tecido miocardico & alterado isquemicamente, mas ainda no necrosado. Tais disturbios difusos de irrigagéio san- guinea, por motivos fisiol6gicos, afetam sobretudo a camada interior de miocérdio do ventriculo esquerdo: 1. Ramos coronérios imergem de fora no miocérdio e atingem, por fim, a camada interna. 2. Na sistole, a camada interna do ven- triculo esquerdo esté sujeita a uma carga maior de pressdo. Ela é francamente prensada até ficar branea, quer dizer, 0 sangue coronario reflui do miocérdio. A ir- rigagao sanguinea regular s6 é possivel na diastole, 3. Quanto mais curta a diastole (taquicar- dia), tanto mais desfavoravel a duragao relativa da fase de alimentagao (2). Sobre as Causas da DAC Carola e Max Halhuber (1) distinguem dois grupos de fatores de risco. a. fatores de risco metabélico; b, fatores de risco ambientais, em que a causa da DAC de maneira alguma pode ser esclarecida em casos isolados. De “a” fazem parte: perturbagdes do me- tabolismo da gordura, diabetes, hipe- ruricemia, excesso de peso, hipertenséo arterial, toxicos vasculares como nicotina. De “b” fazem parte: falta de movimento estresse psicossocial. A prevengdo e 0 tratamento procuram manter sob controle tais fatores de risco ou até exclu-los, Uma vez que a causa ou as causas da arteriosclerose como afecgao sistémica ainda nao foram es- clarecidas, a terapia tem de se concen- trar num tratamento sintomatico e nos mencionados fatores de risco. Os trata- mentos sintomaticos, por sua vez, podem ser divididos em: 1. medidas cirdrgicas progressivas, 2. medidas medicamentosas conservadoras. Atualmente, as medidas progressivas consistem de alargamento ou “cureta- gem” das vias coronérias, por meio de sonda de baléo ou de uma sonda com uma plaina especial. © tratamento com raios laser ainda se encontra em estagio experimental, Como outra medida pro- gressiva, temos a disposigao a operagdo de "bypass" aorto-coronariand. Como material de transplante autélogo, servi- mo-nos de vasos do membro inferior do proprio paciente ou da artéria mamaria interna. O tratamento medicamentoso sintomético consiste, preventivamente, de adminis- tragdo de preparados nitricos e beta WELEDA - Revista Médico-Farmactutica -N? 1 - JANIO7 tera NE a mee RE bloqueadores (como alternativa também 0s antagonistas do céicio). a) Nitratos Como ésteres do Acido nitrico (acido + al- cool = éster), 0s nitratos.provocam um re~ laxamento de toda a musculatura lisa do corganismo. No sistema vascular, isso atin- ge antes de mais nada os segments ve- nosos pés-capilares. A conseqiléncia disso é um refiuxo diminuldo para o coragao (redugao da pré-carga conduz a uma diminuigéo do consumo de oxigénio pelo miocardio). A luz arterial é dilatada, @ com isso se reduz a resisténcia periféri- ca (redugéo da carga residual). Even- tualmente pode sobrevir uma queda da pressdo sanguinea, b) Beta-bloquedores Supde-se que 0 incremento da atividade do sistema nervoso simpatico, com a con- seqléncia da aceleragdo da atividade cardiaca e da elevago da presséo san- guinea, represente um modelo de com- portamento que, na época dos cagadores: da era glacial, representava uma reagao inteligente, possibilitando fisiologicamente a defesa ou fuga repentina. Hoje tal rea- 40 nao 6 mais oportuna, a nao ser que a humanidade néo se tenha adaptado fisio- logicamente &s condiges modificadas. © grupo medicamentoso dos beta-blo- queadores diminui a atividade exagerada do sisterna nervoso simpatico e, com isso, protege 0 corago, reduzindo a presso sanguinea e a frequéncia cardiaca au- mentada. Com pessoas asmaticas deve- se ter Cuidado, j4 que os beta bloquea- dores podem reduzir a luz dos bronquios. Observagées criticas acerca do tratamento da DAC e do enfarte cardfaco pela medicina convencional Segundo 0 estado atual do conhecimen- to cientifico, o tratamento da DAC - com excegao da eliminagao dos fatores de risco conhecidos - concentra-se na di- latagéo de calibre das artérias coro- narias, na melhora do fluxo sanguineo (terapia antitrombética), alivio da agéo cardiaca (abaixamento da pré e pés- carga por meio de nitratos), como no bloqueio dos impulsos nervosos simpati- cos, por meio de beta-bloqueadores, so- bre o sistema cardiovascular, do ponto de vista de uma reagdo, que ficou sem sentido na filogénese, contra influéncias ambientais, Existem, no entanto, estatisticas que comprovam que um acompanhamento psicolégico competente no tratamento posterior de pacientes de enfarte cardia- co é significativamente mais bem sucedi- do que um tratamento medicamentoso ou mesmo ciruirgico isolados. Isso levanta a questéo de a DAC poder talvez ser encarada de maneira total- mente diferente do que sob o prisma da alimentag&o do miocérdio por oxigénio. Ou, posto de modo diferente: sera que 0 balango negativo de oxigénio ou de irri- gagao sanguinea ndo é a conseqiléncia de um processo que, de maneira alguma, 6 primariamente de origem somética @ que, antes, tem as suas causas mais pro- fundas em modelos de comportamento carateristicos unilaterais da personali- dade humana? Carola e Max Halhuber 6 que enxergam 08 fatores de risco justamente sob este prisma, Friedman e Rosenman(®), dois pesquisa- dores americanos do coragao encon- traram tragos caracteristicos de persona- lidade, que representam um fator de risco para as coronérias, por exemplo: * vinculagao extrema a obtengao de re- sultados; * sensagdo especialmente pronunciada de estar constantemente sob presséo de tempo; WELEDA - Revista Médico-Farmacéutica - N? 1 -JAN/O7 9 * estilo de vida obsessivamente perfeccionista; * aspiragao por reconhecimento acima da média; * forte inquietagao interior & exterior. Toda pessoa com experiéncia de vida sa- be quao dificil 6 altorar modelos de com- portamento enraizados, habitos exer- cidos por anos ou décadas. Por outro la do, a ocorréncia do enfarte 6 para o proprio paciente um "evento de limiar” — uma chamada do anjo que se dirige ao seu "Eu", (Infelizmente, tal chamada ¢ fre- qientemente nao ouvida na héctica da moderna medicina intensiva, com sua imediata sedagao.) E em tais momentos que reside a possibilidade de reencontrar a chave para portas fechadas ha muito tempo, quer dizer, efetivamente mudar al- guma coisa na biografia e comegar a tr thar novos caminhos. O éxito disso, natu- ralmente, 6 mais garantido, se 0 paciente encontrar pessoas que o ajudem nessa reorientago, seja a partir de uma atitude animica religiosa ou com base na Antro- posofia. Para o médico que se liga a Antroposofia, a ocupacéo com 0 idedrio antroposéfico abre possibilidades ampliadas para a compreenséo dos processos mérbidos. Os resultados da pesquisa natural-cienti- fica, diante do pano de fundo de tal cién- cia espiritual, aparecem numa interpre- tagdo que ndo mais enxerga a alma hu- mana e o Eu humano separados dos achados somaticos, e ensina a com- preender os achados andtomo-patolégi- cos como 0s indicios corporeiticados do proceso do “fenega @ ressurja” que sucede em todo organismo. A moldura de uma mentalidade pura- mente cientifico-natural e materialista ja foi rompida pelas pesquisas de médicos modernos. Friedman e Rosenman(®) abandonaram o plano de ciéncia aces- sivel & ciéncia natural, ao tragar as carac- teristicas de personalidade que tem uma relagao causal com a DAC. Carola e Max Halhuber enxergaram, por trds da nicotina, como fator de risco, a per- sonalidade do fumante, um determinado estilo de vida, modelos carateristicos de comportamento por tras da hipertensdo. A idéia adiantada por Rudolf Steiner (4), de que as forcas da individualidade (a or- ganizacao de "Eu" humana) intervenham nos processes fisiolégicos do organismo através do calor © que o adoecer do corago esteja baseado na produgao de- ficiente de calor proprio, seré que esté to distante sob tais pressupostos!? E que, com relagao ao ser humano, pode- se encarar 0 calor de uma forma dupla: por um lado, como calor fisico que esta telacionado com processos de com- busto e 6 aumentado com 0 movimento do corpo é, por outro, como calor animi- co, que a linguagem, com razao, também relaciona ao coragao. Por isso, parece que, por meio do sangue e, especialmente, do movimento muscu- lar, 0 calor 6 constantemente conduzido a0 coragéo, que sem diivida, dele neces- sita para ter salide. Por outro lado, 0 pré- prio coragéo é um musculo oco que tam- bém produz calor e o entrega a corrente sanguinea. Teria entao tal sensagéo, ex- pressa em palavras como “pensamentos cordialmente calorosos” ou “interesse cor- dialmente caloroso”, um fundamento fisio- \6gico? Em diversos contextos, Rudolf Steiner afirma que 0 fato de néo estar pre- sente na pedagogia tal interesse cordial mente caloroso, sendo os conhecimentos transmitidos apenas de forma informativa (sem a participagao “do coragao"), cria o fundamento para o surgimento mais tarde de uma esclerose precoce (na base da DAC se encontra uma ateroesclerose sis- témica). Nas condigées caloricas se ma- nifestaria a natureza volitiva do Homem. Segundo Rudolf Steiner, o “sistema meta- bolico-motor” — como ele designa tal sis- WELEDA - Revista Médico-Farmacéutica - Ne 1 - JANI7 NSCS SS TU SS TEE tema produtor de calor ~ seria a base fi- siolgica para a vontade humana. Como mUsculo 0¢0, 0 coragéo pode ser visto perfeitamente como parte desse sistema. Com isso, todavia, descreve-se apenas uma terca parte da atividade do coragao. Vimos que influéncias externas, como um forte susto, podem provocar uma se- cregao maciga de catecolaminas pela supra-fenal. Tals horménios tém a capaci- dade de excitar os correspondentes re- ceptores no coragao (por exemplo, os re- ceptores beta), a ponto de poder ocorrer um ataque de angina pectoris ou até uma parada cardiaca. Nessa situagao, 0 coragao torna-se todo 6/go sensorial, ou seja, 0 pélo oposto ao 6rgao motor. No ca- so extremo, ele se inteiriga na sistole, ou sobrevém a reagao contréria de uma ta- quicardia extrema, que pode passar para uma fibritagao ventricular. O que aqui age sobre 0 coragao, através dos sentidos, como influéncia ambiental (causando susto) 6 primariamente o oposto daquilo que é levado, através do sangue, como calor ao coragéo pela musculatura. Age como um chogue pelo frio, Ocorre que tal choque s6 em casos extremamente raros pode provocar uma angina pectoris. Nem por isso deixa de existir uma infi- nidade de influéncias ambientais que, sem estarmos preparados para recebé- las adequadamente e assimilé-las, tem efeito sobre nés. Basta lembrarmo-nos das impressées que se alternam rapi- damente nos modernos meios de trans- porte ou quando estamos diante da tele- viséo, bem como dos meios de publici dade e de abordagem involuntéria de nossa percepgao auditiva, por meio de barulho e ruidos. Apenas uma parte muito pequena desses estimulos 6 elaborada conscientemente. Tal assimilagéo consciente das impres- sdes sensoriais pela razo representati- va, pelo pensar humano, 6 um dos pélos da natureza especttica do Homem, sendo © outfo a sua natureza volitiva. A ativi- dade mental do Eu humano cria formas de conceitos. E uma atividade plasmado- ra, Na medida em que o corpo humano & permeado por receptores com a quali- dade de érgaos sensoriais, ele esta su- jeito também na parte fisica a esta ativi- dade plasmadora, que d4 as impress6es sensiveis, a forma de conceitos e repre- sentag6es na parte espiritual. Também is- so 6 uma idéia perfeitamente compreen- sivel, que resulta da Antroposofia Acompreensao do ultimo tergo da fungao. cardiaca nao melhora sendo por meio da moderna pesquisa do ritmo (cronobiolo- gia), embora Rudolf Steiner tenha pre- conizado, hé mais de 70 anos, a idéia de um sistema funcional ritmico especial. Em relato, no Congresso para o Apertei- goamento Médico (24 a 28 de maio de 1988), 0 professor Dr. Gunther Hilde- brandt, de Marburg, falou da fungao cardiaca como “membro de uma organi- zago temporal global do ser humano"(5). Disse também que *...0 centro do sistema ritmico deve (portanto) equilibrar, em re- lago a capacidade de trabalho dos rit- mos, uma tensdo polar entre o sistema neuro-sensorial e 0 sistema metabdlico- motor; entre uma estrutura temporal cuja frequéncia € constantemente modulada pelas informagdes afluentes, e uma outra, cujos ritmos sao estritamente ligados a uma ordem musical harménica prefigura- da, que, por sua vez, est ancorada as or- dens ambientais geottsico-césmicas.” No curso de seu relato, ele chega a con- cluséo: "Em condig6es normais, é princi- palmente a influéncia do ritmo diurno so- bre o sistema auténomo dos ritmos que culda que os distérbios do dia, dirigidos de modo ergotrépico, sejam regenerados @ compensados, de modo trofotrépico, du- rante a noite. O enfarte cardiaco (@ seus estégios preliminares, obs, do Autor) , sob aspectos cronobiolégicos, a manifes- WELEDA - Revista Médico-Farmacéutica - N? 1 - JAN/O7 " 12 taco da influéncia de um trabalho que se tornou excessivo sobre o sistema rit- mico central, levando a perda do princi- pio que ordena economicamente 0 orga- nismo.” Segundo Rudolf Steiner, 0 “sistema ritmi- co & a base fisiolégica do sentir’ Nao é de se surpreender que, no caso de uma alteragéo no equilibrio desse sis- tema, no sentido das exposigdes de Hildebrandt (5), possa aparecer algo co- mo “a sensa¢éo de estar constantemente sob a pressio do tempo” (segundo Friedman e Rosenman (3), veja acima). Pois isso corresponde, no campo animi- co, exatamente aquilo que, no campo fisi- co, podemos verificar no coragéo como. uma destruigéo da economia funcional, em conseqiiéncia da saida dos ritmos do “sistema de ordem musical harménica”, em virtude da preponderancia de influén- cias ergotropicas. Resumindo, podemos constatar que 0 conhecimento antropos- fico, haurindo de fontes totalmente dife- rentes, néo somente confirma os resulta- dos da pesquisa, obtidos pela ciéncia natural, mas ainda oferece a chave para novos principios terapéuticos. Foi constatado que, no sentido da tri- membragao do organismo humano, exis- te na DAC uma preponderancia das in- fluéncias relacionadas com o trabalho do sistema de informagao (sistema neuro- sensorial, segundo Rudolf Steiner) sobre as influéncias trofotropicas do. sistema metabdlico-motor, 0 que tem efeito tam- bém sobre 0 propria sistema ritmico. Portanto, a tarefa terapéutica consiste em atenuar as influéncias ergotropicas do sistema de informagdo e fortalecer as in- fluéncias trofotrpicas do sistema me- tabélico-motor. Sera que estamos, pois, fazendo algo ferente quando, por um lado, damos be- ta-bloqueadores e nitratos, e, por outro, melhoramos a situagéo metabdlica do miocardio com 0 treinamento através do movimento e, se necessérrio, com “bypass” orto-coronariano ou coisa parecida? Onde, pois, podemos encontrar um novo principio terapéutico, que ultrapasse con- ceitos ha muito tempo conhecidos? Tal principio 6 simplesmente impossivel, se imaginarmos de maneira corriqueira o efeito de um medicamento, como por exemplo no sentido de Paul Ehrlich (“cor- pora non agunt nisi fixata"), ou por meio da teoria de receptores e coisa semelhan- te. E possivel, todavia, se nos lembrarmos que, por um lado, todas as estruturas exis- tentes - e, portanto, também as coroné- rias doentes, como por exemplo as modifi- cadas pela ateromatose — esto sujeitas constantemente, no organismo como um todo, aos processes anabélicos e cata- bélicos. Lembrarmo-nos, por outro lado, que uma substéncia que surja no organis- mo vivo da planta esta sujeita ao cons- tante processo do “fenega e ressurja’, da mesma forma que qualquer outra subs- tAncia parecida no organismo humano. Devemes, pois, dirigir 0 nosso olhar da substAncia acabada para o seu proceso de surgimento, do “produto final” para as forgas formativas desse "produto". Com isso, entretanto, ja comegamos a trilhar 0 caminho de iniciagaio antroposético, tal qual Rudolf Steiner o descreve nas suas Obras fundamentais (6), € cujo resultado 6 uma possibilidade de conhecimento ampliada, ou seja, a da imaginagao. Por meio de tal ampliagao da consciénoia possivel perceber as forgas plasmadoras num organismo vivo como “corpo etérico” @, com isso, complementar a pesquisa cientifico-natural por uma pesquisa das forgas plasmadoras. Até que tais conhe- cimentos néo estejam A nossa dispo- sig&o, devemos alimentar-nos, por um la- do, da sabedoria tradicional do passado, quando personalidades como Paracelsus ou Rudolf Steiner ainda viam 0 corpo WELEDA - Revista Médico-Farmaceutica - IN? 1 - JANIO7 etérico (igual a corpo de forgas plasma- doras ou em sentido de Paracelsus: “Arqueu"); enquanto, por outro lado, temos a possibilidade de aprender dire- tamente, por meio da observacéio das al- teragées fisicas no curso do tempo e com a ajuda de um Goetheanismo aperteigoa- do, a ago das forgas plasmadoras. Tal experiéncia a fizemos, no que expuse- mos em cima, com 0 processo mérbido da DAC. Este, contudo, carece de uma complementagdo enquanto existirem essencialmente duas possibilidades de ~ conseguir um desiocamento do eauill- brio. Falando figurativamente, pode-se tirar algo do prato esquerdo de uma ba- langa que se encontra em equilibrio, a fim de fazer com que o prato direito desga. Pode-se também acrescentar algo a0 prato direito, para atingir o mesmo efeito. Isso significa, aplicado & DAC: a prepon- derancia das influéncias relativas ao tra- balho do sistema de informagao através das influéncias do sistema metabdlico- motor pode sobrevir, por um lado, por haver previamente uma fraqueza constitu- cional ou um enfraquecimento adquirido do sistema metabélico-motor ou, por ou- tro, por haver uma preponderéncia priméria do sistema de informagao ou uma sobrecarga recém-surgida desse sistema. Expresso concretamente, 0 surgimento da DAC pode abalar o gerente conscien- cioso, o mestre, diretor, etc, que, por tan- ta consciéncia de responsabilidade, acu- mula para si cada vez mais obrigagdes. O coragao consome suas forgas caléricas. A fase ativa ¢, com ela, as forgas catabdli- cas predominam. De que modo tal pes soa, Cuja atividade sensorial (cautela, precaugao, respeito, etc. - em alemao “visdo em volta", “viséo para frente”, “visdo para tras”, obs.do trad.) se tornou “assunto de coragao’, pode ser aliviada? Uma possibilidade que ndo deve ser menosprezada reside no tratamento pelo psicélogo, que pode tornar conscientes modos de conduta agravantes e, com is- 80, iniciar a sua modificagao; a outra me- dida complementar 6 a medicamentosa. Quem uma vez experimentou, apés um ferimento, quao rapidamente as dores abrandam e a regeneragao ¢ incrementa- da, quando ele é tratado por um prepara- do homeopético ou uma compressa com uma diluigéo da esséncia de Arnica mon- tana, planta de regides altas amante do silicic, compreender& também que se pode empregar Arnica (em vez do efeito bloqueador dos beta bloqueadores) no tratamento da DAC, para 0 alivio da ativi- dade predominant do sistema de infor- magao. - Arnica, Planta tota D6; diluigéo, tomar 10 gotas 3 vezes ao dia, - Amica, Planta tota; tintura para uso ex- terno (Esséncia de Arnica WELEDA), 1 colher de sopa em 1/2 litro de agua, para compressas mornas sobre 0 coragao, - Arnica, Planta tota; tintura para uso ex- terno (Esséncia de Arnica WELEDA), 2 colheres de sopa como adigao a banhos ascendentes no bragos(de 340C a 420C em 10 minutos), - Arnica, Planta tota D10/Cor D10 aa; am- polas, como tratamento complementar do enfarte cardiaco, injetar 1 mi, iniciaimente todo dia, depois 2 vezes por semana. O interessante 6 que mal se pode com- provar a silica como substancia na planta Arnica, e que praticamente no se pode contribuir com coisa alguma, do lado da ciéncia natural, para a explicagéo da eficacia do tratamento com Arnica. A referéncia & silica € oportuna, porque, sabidamente, a atividade sensorial pode ser aliviada por acido sillcico dinamizado. A energia calorica, consumindo-se além da medida, experimenta uma certa com- pensagdio por uma substéncia que na na- tureza também se forma por uma agao 13 “4 prolongada do calor: o éleo de semente, neste caso o dleo da semente de Stro- phantus. Em combinagéo com o gli- cosideo cardiaco, que também 6 encon- trado na semente de Strophantus e que é comprovado, temos um medicamento cardiaco que ajuda justamente na afec- 80 cardiaca surgida de tal modo, @ eventualmente pode até substituir prepa- rados & base de nitrogénio, quando a dosagem 6 suficientemente alta. Oleum Strophanthi forte, cépsulas, tomar 2 cpsulas 3 vezes ao dia, até 3 capsulas 4 vezes ao dia. segundo caminho que conduz ao sur- gimento da DAC, mas também de escle- foses vasculares no cérebro @ nas ex- tremidades, sao aistirbios metabdlicos primarios, 0s quais aparecem sé de maneira secundaria nos casos descritos acima. Falta de movimento fisico, mas também falta de movimento espiritual (nada que 6 acolhido em termos de informagao des- perta interesse e se liga & personalidade) leva a um metabolismo energético inati- vo. Os produtos catabdlicos nao consu- midos do metabolismo das gorduras se depositam. Aqui é importante, antes de mais nada, estimular 0 metabolismo, o que basicamente 6 posstvel por meio de ‘substancias “sulftiricas". Exprimindo-o de outra maneira, poderiamos dizer: sera benéfico tudo aquilo que, através do sim- patico ou da supra-renal, liga mais forte- mente os membros animico-espirituais da natureza humana ao metabolismo e a cir- culagéo sanguinea. Tal é 0 caso da Belladona e do Hycs- cyamus. £ verdade que a situagao inicial @ a dosagem exercem um papel decisivo nisso. Deveria ser desnecessério frisar ue, no caso da Belladona, nao se pensa num efeito de atropina e, sim, no de um preparado homeopatico. Poder ser tam- bém usadas, no entanto, outras substan- cias homeopaticas que tenham atuagao eficaz no metabolismo, as quais teriam de ser cuidadosamente repertorizadas. Em todas as afecgées metabdlicas ou de depésito, do diabetes a arterioesclerose, das doengas degenerativas gota, o que vale 6 ainda a regra aurea do terapeuta: ‘AMacar @ dissolver 0 processo mérbido pelo processo natural que Ihe correspon- da (0 que pode levar a um agravamento inicial agudo), @ depois elimind-lo tam- bém. De uma maneira geral, dé-se pouco valor a esse tiltimo detalne. Um tratamen- to da gota com Colchicina e Allopurina, sabidamente, no conduz a um resultado duradouro, se a fungao renal no for es- timulada, concomitantemente, por um abastecimento abundante de liquid, etc. Isto deve ser levado em consideragéo, quando agora falamos de medicamento basico, que provou ser eficaz numa DAC que tenha surgido com base em distir- bios metabélicos primérios. Estamos fa- lando do Cardiodoron. Neste, as inflores- céncias de Primula officinalis Onopor- don acanthium, duas plantas medicinais com uma dinamica de crescimento ¢ evolugéo extremamente diferentes, séo unidas uma a outra pelo processo caléri- co farmacéutico da digestao, sendo en- to adicionada sob forma dinamizada a erva em flor do Hyoscyamus, j4 mencio- nado acima. Encarando o sistema meta- bélico do ser humano como um lugar de dominagao da substancia e de produgao de energia, nao seré dificil encontrar na formag&o fugaz das flores, com a sua transformagéo de matéria em substan- cias aromaticas, por um lado, e com a concentragao de forgas na formagao de sementes, por outro, um parentesco com © essencial do sistema metabélico hu- mano, de que fazem parte também seus 6rgéios prooriadores. Num ensaio “Sobre a terapia das flores", Mantred Weckenmann (7) 0 formula des- ta maneira: “A formagao das flores ¢ efe- WELEDA - Revista Médico-Farmacéutica - N° 1 - JANO7 tuada por forgas césmicas, com a atua- 40 dos planetas exteriores de encontro A atuagao do Sol. O etérico (0 organismo vital, obs. do Autor) da planta dirige-se ao astral (que rodeia a planta tal qual acon- tece na vida animal na.figura do mundo de insetos, obs.do Autor). Nesse caminho formativo, a planta perde em vitalidade, tornando-se progressivamente anorgani- ca, evaporando-se e espiritualizando-se cada vez mais. Tal processo é seme- lhante a um processo de combustao con- tido, e € “capturado" nas extragées flo- rais, empregadas terapeuticamente. ‘As mesmas forgas que esto na base da formagao floral esto ativas no ventre hu- mano desde a digestao até as excregbes ("sexualidade"). Nesse sentido, existe um parentesco entre a flor e 0 ser humano, contanto que ambos percorram um processo de desvitalizacao — na planta 0 processo formativo da flor, no homem, 0 proceso excretor. A diferenga consiste apenas na direcdo: na planta, 0 processo corre de baixo para cima, no homem, de cima para baixo."(7) Como no ser humano o proceso natural 6, em princtpio, transformado primeiro em um processo humano, vale para o sis- tema metabdlico, de um modo geral, 0 fa- to de que processos naturais desvitali- zantes estimulam a vitalidade. Segundo Manfred Weckenmann (7), “...por isso, os medicamentos florais estimulam terapeu- ticamente, em principio, a atividade etéri- ca vitalizante, ou seja, a relagao entre 0 canal digestivo e o sistema cardiaco-pul- monar, Com isso, afecgdes metabdlicas podem ser tratadas." O tratamento com 0 Cardiodoron, portanto, atravessa 0 me- tabolismo, promovendo uma vitalizagao dos processos metabélicos, que se tor- naram fisicos demais (depésitos de colesterol, acido rico, sais de célcio, etc.!). Assim também fica claro que o Cardiodoron nao ¢ indicado em todas as formas de DAC, mas sim particularmente WELEDA - Revista Médico-Farmacéutica - N° 1 - JAN/O7 @0 grupo, descrito aqui, de pacientes coronérios (8) com fatores de risco meta- bdlicos. Pode ser conseguido um aumen- tona profilaxia das crises de angina pec- toris com a combinagao de Cardiodoron, 15 gotas 3 vezes ao dia, e Magnesium phosphoricum D3 ou D6 trituragao, 1 pita- da 8 vezes ao dia. Para finalizar, queremos frisar mais uma vez que ndo pode ser o intento de uma exposigao antroposética colocar-se em oposigao as possibilidades terapéuticas que a moderna cardiologia oferece. Tais possibilidades sao dignas de admiracao @, em certos casos, até salvam vidas. No entanto, existem também - como mostra @ pratica — outras possibilidades, decor- rentes da ampliago desses pontos de vista pela Antroposofia, que podem ser benéficas em casos mérbidos concretos. 16 Bibliografia 1) Halhuber, C. e M.: Sprechstunde “Herzinfarkt’, (Consultério sobre “enfarte cardiaco”), Munique 1987 2) Gross/Schélmerich: Lehrbuch der inneren Medizin (manual de medicina interna), 1977 (pag. 270) 3) Friedman, M./Rosenman, R.H.: Der A-Typ und der B-Typ (O tipo A e 0 tipo B), Rowohlt-Verlag, Reinbek 4) Steiner, R.: Meditative Betrachtungen und Anleitungen zur Vertiefung der Heilkunst (Consideragées ¢ indicagdes meditativas para o aprofundamento da arte de curar), GA316 (1924), Dornach 5) Hildebrandt, G.: Herzfunktion und Herzinfarkt — Chronobiologische Aspekte (Fungao cardiaca e entarte -cardiaco ~ Aspectos cronobiolégicos), Der Merkurstab, Numero especial, nov.1988 6) Steiner, R.: A Iniciagao - O conhecimento dos mundos superiores, 3* edigao rev.1991, Editora Antroposdfica, ‘S40 Paulo Steiner, R.: A ciéncia oculta, 3° edigéo 1991, Editora Antroposéfica, S40 Paulo Steiner, R.: Grundlegendes far eine Erweiterung der Heilkunst nach geisteswissenschaftlichen Erkenntnissen (Fundamentos para uma ampliagéo da arte de curar se- gundo conhecimentos da ciéncia espiritual) GA27 (1925) Dornach 1991, cap.1 7)Weckenmann, M.: Uber die Therapie mit Bldten (Sobre a terapia com flores) Der Merkurstab 42(2) 1989, pag.78-82, citagdes pag. 80 8) Weckenmann, M.: Die Anwendung von Cardiodoron in der Praxis und die dabei beobachteten Wirkungen - Ergebnisse einer Umtrage (O emprego de Cardiodoron na pratica @ os efeitos observados - Resultados de uma pesquisa) Beitrage zur Erweiterung der Heilkunst, Stuttgart, 39(6) 1986, pag. 245-253 Enderego do Autor Dr. med. Olaf Titze, Weleda AG, Postfach 1320, D-73503 Schwabisch-Gmind 16 WELEDA - Revista Médico-Farmacéutica - NP 1 -JAN/O7

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