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Fosfatados Acidulados
As quantidades de fósforo (P) aplicadas no solo geralmente superam em muito a extração
desse nutriente pelas culturas, diferindo neste aspecto do nitrogênio (N) e do potássio (K)
que apresentam relações mais estreitas entre aplicações nas adubações e aproveitamento
pelas plantas, principalmente em produtividades elevadas. Essa diferença de desempenho
tem sido atribuída à “fixação” de P, a qual ocorre em todos os solos, e que é mais importante
em solos tropicais, que possuem em sua grande parte elevados teores de óxidos de ferro e
alumínio (Raij, 2004). A fixação é responsável pelo baixo aproveitamento desse nutriente
fornecido via adubação.
Segundo Novais & Smyth (1999), o fósforo é o nutriente mais limitante da produtividade de
biomassa em solos tropicais. Trabalhos conduzidos pela FUNDAÇÃO MT nas safras 97/98 e
98/99, em solos de cerrado, mostram na prática a realidade desta afirmação. Neles, avaliou-
se qual a ordem de limitação de nutrientes para a produtividade de soja num solo de
abertura de área e com baixo teor de fósforo. Comparou-se a produtividade da soja que
recebeu um tratamento completo de adubação (macros + micronutrientes) com os outros
tratamentos, nos quais foram eliminados um nutriente de cada vez, visando avaliar qual
seria o mais limitante. No tratamento sem fósforo, a produtividade da soja foi a menor
quando comparada com os outros tratamentos (Tabela 01). A redução em produtividade
provocada pela deficiência de fósforo tem sido observada por agricultores e pesquisadores
em diversas situações de campo.
Quando fertilizantes fosfatados são aplicados ao solo, após a sua dissolução, praticamente
todo o P é retido na fase sólida do solo, formando compostos menos solúveis. Todavia, parte
do P retido é aproveitada pelas plantas (Sousa et al, 2002). Diversos fatores determinam a
magnitude desse reaproveitamento, dentre eles, destaca-se um, sobre o qual abordaremos
um pouco mais neste boletim: a forma de aplicação.
Os dois principais motivos que fazem com que o produtor rural deva ter uma maior
preocupação com a forma de aplicação são: a baixa mobilidade do fósforo no solo e o modo
como esse nutriente chega até à planta, via difusão (caminhamento do íon fosfato que
ocorre a curtas distâncias).
1. Doses maiores podem ser aplicadas sem o risco de ocorrer injúrias às plantas;
2. Possibilita a aplicação de fertilizantes à taxa variável, utilizando a tecnologia de Agricultura
de Precisão. Com isso, pode-se buscar uma redução na desuniformidade dos teores de
fósforo existentes dentro de um mesmo talhão;
3. Antecipação do recebimento do fertilizante fosfatado na propriedade para períodos onde a
entrega nas unidades industriais é mais tranqüila, diminuindo os riscos de atraso caso deixe-
se para receber o fertilizante em épocas de pico de entrega;
4. Maior rendimento operacional na semeadura;
5. Permite a aplicação de doses maiores de P2O5 visando principalmente à correção de
fósforo (fosfatagem) em áreas onde a disponibilidade desse elemento é baixa, possibilitando
posteriormente maior resposta das culturas;
6. Para culturas anuais, a aplicação de fertilizante fosfatado a lanço e incorporado, promove
um sistema radicular mais volumoso;
7. Em pastagens estabelecidas, a aplicação a lanço é a única maneira prática de aplicar o
fósforo;
8. Pode ser feita em épocas que não sejam de muito trabalho.
Conforme acima, apesar de existirem uma série de vantagens na aplicação a lanço, em pré-
semeadura, devemos ter o critério de avaliar quando e onde podemos efetuar tal prática.
Porém, nesse mesmo experimento podemos verificar algo que também deve ser considerado
as vantagens em combinar uma aplicação inicial a lanço (fosfatagem), efetuando-se
complementações anuais no sulco de semeadura (manutenção), obtendo-se bons
rendimentos desde o primeiro cultivo. É o que se observa no tratamento em que a aplicação
de 83 kg/ha de P2O5 na linha e 240 kg/ha de P2O5 a lanço, como fosfatagem, proporcionou
a obtenção de 22,1 sacas de soja/ha a mais, comparado à adubação com somente os 83
kg/ha de P2O5 na linha.
Um questionamento pode ser feito no campo quando se fala neste assunto: sendo o fósforo
um fertilizante susceptível à fixação no solo, a aplicação a lanço não expõe o fertilizante a
um maior contato com o solo, favorecendo este processo?
Alguns fatores podem ser abordados nesse aspecto. O primeiro deles é que a grande parte
dos fertilizantes fosfatados solúveis são comercializados na forma de grânulos. A granulação,
além de facilitar sua aplicação na lavoura, limita a quantidade de solo que entra em contato
com o fertilizante, diminuindo a fixação de P no solo, sendo então uma forma de localizá-lo
mesmo em aplicações feitas a lanço (Sousa et al, 2004).
A afirmação acima pode ser comprovada por Sousa e Volkweiss (1987) em experimento onde
estimaram o volume de solo com o qual o fertilizante fosfatado reage de acordo com o
tamanho do grânulo do fertilizante. Nesse trabalho, verificaram que, para a dose de 87 kg/ha
de P (200 kg/ha de P2O5) aplicada a lanço, o volume de solo ocupado com P foi de 25%,
15% e 9,5%, para grânulos de 2, 4 e 6 mm, respectivamente.
• O não revolvimento do solo reduz o contato entre os colóides e o íon fosfato, amenizando
as reações de fixação;
• A mineralização lenta e gradual dos resíduos proporciona a liberação e redistribuição de
formas orgânicas de P mais estáveis e menos susceptíveis às reações de fixação.
Concluindo, a escolha do método mais adequado para aplicação depende de uma série de
fatores, dentre os quais: níveis de fósforo no solo, cultura a ser adubada, quantidade de
P2O5 a ser aplicada, sistema de preparo de solo, disponibilidade de maquinário e de
recursos.
Fontes Bibliográficas:
As informações contidas nesse boletim foram compiladas e adaptadas de:
RAIJ, B. van. Fósforo no solo e interação com outros elementos. In: Yamada, T.; Abdalla, S.R.S. (Ed.). Fósforo
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NOVAIS, F.R.; SMYTH, T.J. Fósforo em Solo e Planta em Condições Tropicais. Viçosa: UFV, 1999. 399p.
SOUSA, D.M.G.de; LOBATO, E.;REIN,T.A. Adubação com fósforo. In: SOUSA, D.M.G. de; LOBATO, E. (Ed.).
Cerrado: correção do Solo e Adubação. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2002. p. 147-168.
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SOUSA, D.M.G.; LOBATO, E. Adubação Fosfatada em Solos da Região dos Cerrados. In: Yamada, T.; Abdalla,
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ANGHINONI, I. Uso do fósforo pelo milho afetado pela fração de solo fertilizada com fosfato solúvel. Revista
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SÁ. J.C.M. Adubação Fosfatada no Sistema Plantio Direto. In: Yamada, T.; Abdalla, S.R.S.
MODEL, N.S.; ANGHINONI, I. Resposta do milho a diferentes modos de aplicação de adubos e técnicas de
preparo de solo. Revista Brasileira de Ciência de Solo, Campinas, v.16, p.55-59, 1992.
Aplicação de Corretivos e Fertilizantes
As operações agrícolas envolvidas no manejo da nutrição mineral de diversas culturas,
relacionadas com a aplicação de corretivos e fertilizantes, ganham importância fundamental,
pois associadas aos outros fatores produtivos, podem maximizar a produtividade das
culturas.
Por outro lado, destacam-se as adubações de manutenção, que estão associadas aos
macronutrientes primários Nitrogênio, Fósforo e Potássio, mais Enxofre, cuja recomendação
de reposição, através da adubação, é feita com base na extração e exportação pelos grãos
(Souza et al 1997). Normalmente o fornecimento desses nutrientes é feito no momento da
semeadura, posicionando-se preferencialmente ao lado e abaixo da semente, em sulco
separado da semente (Figura1). Atualmente, em alguns casos, em solos de fertilidade
elevada os produtores têm aplicado os fertilizantes a lanço em área total, na condição de
pré-plantio, esse procedimento aumenta a capacidade operacional, pois no momento da
semeadura a adubadora semeadora não fará a distribuição do fertilizante.
Dose = massa ou quantidade do produto aplicado por unidade de área, podendo ser
expressa em kg/ha, t/ha, kg/alq, t/alq;
Pode ser avaliada através do Coeficiente de Simetria - CS = média direita / média esquerda.
Quando CS ?1,0 significa que estaremos diante de um perfil transversal assimétrico, e que
quando CS > 1,0 a média do lado direito é superior à do lado esquerdo e vice versa quando
CS < 1,0
Alguns fertilizantes segregam mais que outros, pois a variação da segregação está
diretamente relacionada ao tamanho e densidade do granulo do fertilizante. As misturas de
grânulos são muito sujeitas à segregação, sendo que o potássio apresenta densidade maior
que o nitrogênio, por isso a distância que os grânulos de potássio são lançados é maior em
relação ao nitrogênio, implicando no processo de segregação gerando maiores teores de
potássio nas maiores distâncias do perfil transversal, enquanto que o nitrogênio
terá maiores teores próximo ao centro de acordo com a figura 4.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
VITTI, G.C.; LUZ, P.H.C. Nutrição e Adubação de Plantas. Manual Técnico para Serrana Fertilizantes, Piracicaba,
2002. (Divulgação interna)
Manejo do Nitrogênio em Alguns Sistemas de Produção
O principal objetivo do uso racional do nitrogênio é aumentar a eficiência na sua utilização,
considerando os custos financeiros e energéticos, e os riscos ambientais envolvidos. Como
destacado anteriormente, o caminho passa inevitavelmente pela atenuação do processo de
nitrificação e através do manejo de resíduos com relação C/N superior a 20, reduzindo o
fenômeno da oxidação da matéria orgânica.
Cultura da cana-de-açúcar
A mudança do sistema de colheita de cana, com prévia despalha 'a fogo, para cana crua
colhida mecanicamente, é um processo irreversível, estando previsto na legislação do setor
sucro-alcooleiro. Essa mudança representa vantagens, dentre outras, para a conservação do
solo, manutenção da umidade e reciclagem de nutrientes. No entanto, implicará numa maior
dificuldade para a aplicação dos fertilizantes, devido a necessidade de incorporá-los durante
o cultivo para a recomposição da porosidade do solo devido ao tráfego agrícola.
Essa dificuldade é preocupante haja visto que a uréia é o fertilizante utilizado em maior
quantidade devido a sua economicidade, ampliando os riscos de perdas por volatilização,
comparada 'as demais fontes. Para tanto, é indispensável que esse fertilizante seja aplicado
em profundidade, utilizando implementos que apresentem disco de corte acoplados, para
proceder o corte da palhada e dispor o fertilizante no interior do solo, sendo suficiente o
enterrio a 5 cm de profundidade para reduzir as perdas 'a níveis que não ultrapassa 5%.
Quando a uréia é alocada superficialmente em solos cobertos por palha, as perdas por
volatilização foram elevadas atingindo níveis entre 50% a 94% (Wood et al. 1991 e Oliveira
et al. 1997). Tais resultados originam da atividade da enzima urease na presença de
umidade, altas temperaturas, exposição 'a ação dos ventos e pela ausência de sítios de
adsorsão da amônia. O fenômeno pode ser agravado em conseqüência da baixa capacidade
de retenção do gás produzido, ou parcialmente controlado pelas condições climáticas como
chuva e irrigação com vinhaça, as quais podem arrastar o fertilizante em profundidade
diminuindo a volatilização, estimando que sejam suficientes para tanto 15mm de chuva após
a adubação. A hidrólise da uréia não ocorre na falta de umidade , entretanto o orvalho e a
ascensão da umidade do solo durante o período noturno são suficientes para desencadear o
processo.
Fontes de nitrogênio como nitrato de amônio, nitrato de cálcio e sulfato de amônio não estão
sujeitas 'as perdas por volatilização da amônia, no entanto, qualquer uma delas, inclusive a
uréia podem sofrer perdas por desnitrificação como conseqüência da diminuição da aeração,
pela maior umidade combinado com os problemas físicos de compactação e na presença de
compostos de carbono solúveis (Cantarella, 1998).
A reciclagem de nutrientes imobilizado na palhada da cultura no sistema de cana crua é mais
lento, conforme indicam os dados da Tabela 1, verificando-se que apenas 20% da matéria
seca e 18% do N são mineralizados, enquanto a totalidade do P e do S permanecem
inalterados após 12 meses do corte da cana-de-açúcar.
Os dados indicam que o manejo do N no sistema de cana crua deve ser modificado em
relação ao tradicionalmente adotado com despalha pelo fogo. As altas relações C/N, C/P e
C/S, iguais a 97, 947 e 695 na palha recém colhida e 68,552 e 455 na palha remanescente
respectivamente, evidenciando que o N não está disponível para a cultura no período
considerado (Oliveira, et al. 1999).
Portanto, a cultura provavelmente responderá 'a aplicação do nutriente, e nesse caso a
escolha da fonte recairá sobre aquela que apresenta a melhor relação custo x benefício,
considerando a necessidade da sua incorporação com implementos apropriados.
A imobilização, embora represente uma forma de aproveitamento do nitrogênio, reduzindo
os riscos de perdas, deve no sistema de cana crua acelerado devido a composição química da
palha em consideração, desde que tal procedimento não implique na redução da eficiência no
aproveitamento do nitrogênio. Da análise de tais implicações surge a possibilidade do
incremento da utilização de fontes nitrogenadas obtidas a partir das misturas das mesmas
como descrito a seguir:
a) Uran - adubo fluído obtido da mistura do nitrato de amônio com uréia; NH4NO3 (44,3%)
+ CO(NH2)2 (35,4%) = H2O (20,3%), apresentando 32% N (14% NH2; 9% NH4 e 9%
NO3) com densidade de 1,356g.cm-3;
b) Sulfuran - adubo fluído obtido da mistura de uran com sulfato de amônio; apresentando
20% N (8,0% NH2; 8,0% NH4; 4,0% NO3 e 4% S) com densidade de 1,26g.cm-3;
d) Uréia + Sulfato de Amônio - mistura que reduz a volatilização de NH3, devido a menor
quantidade de uréia, bem como pelo efeito acidificante do sulfato de amônio. Outra
vantagem é a relação N/S, bem mais adequada para as culturas, que pode ser proporcionada
pela mistura de 500Kg de uréia com 500Kg de sulfato de amônio, originando a fórmula: 32-
00-00-12.
Estas misturas, praticamente não apresenta, perdas por volatilização, que combinado com o
fornecimento de N e S (com exceção do uran), poderão aumentar a mineralização da
palhada, pelo abaixamento das relações C/N e C/S respectivamente, bem como constituem
fonte para o suprimento desses nutrientes para as soqueiras de cana.
O plantio direto tem sido adotado considerando a sua eficiência na conservação dos recursos
naturais solo e água, apresentando-se como uma alternativa viável em substituição ao
sistema convencional. Para um manejo adequado da adubação nitrogenada no referido
sistema é necessário desenvolver estudos de médio e longo prazos inseridos dentro de uma
planificação de rotação de culturas.
Quanto ao uso da fonte nitrogenada sabe-se que o maior problema é a aplicação de uréia,
pois nesse sistema o maior teor de umidade implicará inevitavelmente na sua volatilização.
No plantio direto, como no sistema de cana crua, os riscos de perdas de nitrogênio, além da
volatilização, há também a desnitrificação, processo que poderá ser aumentado, resultando
da transformação do nitrogênio da forma nítrica para a forma gasosa, em ambiente
aneróbico e pH próximo 'a neutralidade.
A desnitrificação não é limitada aos períodos de excessiva umidade, comum sob plantio
direto, devido a falta de revolvimento do solo e a redução da porosidade total, em especial
dos macroporos. Esse processo ocorre também no sistema convencional, principalmente nos
solos com textura argilosa mesmo quando o teor de água encontra-se abaixo da capacidade
de campo (Allison, 1996).
Embora os macroporos contenham ar, os microporos podem estar deficientes de oxigênio,
devido a difusão apresentar-se excessivamente lenta para repor a quantidade de oxigênio
demandada pelos microorganismos. Nestas condições o NO3- é utilizado como aceptor de
elétrons em substituição ao O2, levando 'a perda de nitrogênio. Já foi demonstrado que a
desnitrificação pode ocorrer em solos bem drenados, confirmando a existência de regiões sob
condições de anaerobiose (Bremner & Shaw, 1958).
Quanto 'a maior intensidade de lixiviação do nitrato em sub-superfície, através do fluxo de
massa, sob plantio direto, argumentado através da preservação de canalículos não
destruídos pelo preparo do solo não é suficiente. Esta hipótese fundamenta-se nos resultados
obtidos em ecossistemas diferentes daqueles que ocorrem nos trópicos, e formulada por
(Thomas et al. 1980).
A movimentação de nitrato depende da combinação de excedente hídrico sem a alternância
de períodos de umidade e secura, comportamento que na realidade não se verifica. O
elevado potencial térmico do ambiente induz, nos intervalos entre as precipitações, a
ascensão capilar do nutriente. A descontinuidade do fluxo descendente é condição suficiente
para refutar a hipótese que a lixiviação é mais acentuada sob plantio direto, desde que não
haja grande acúmulo de resíduos na superfície do solo, comum na região temperada e sub-
tropical.
Além disso, os solos tropicais possui limitada capacidade para armazenamento de água, ao
redor de 0,5 mm.cm-1 de solo, valor 3 a 4 vezes inferior 'aquele determinado nos solos das
regiões temperadas. Finalmente, há diferenças quanto 'a dinâmica da atividade biológica sob
plantio direto, sem os picos verificados após o preparo do solo e a incorporação do resíduo
como ocorre no sistema convencional. A disposição dos resíduos na superfície do solo sob
plantio direto é responsável pela maior constância na oferta de alimento para a atividade
microbiana, cuja atividade será maior e contínua enquanto durar a fonte. Pode-se inferir que
nessas condições imobilização poderá também ser mais duradoura, diminuindo os riscos de
perdas de nitrogênio.
Cultura de milho
Alguns experimentos e também várias áreas de produções comerciais sob plantio direto no
Sul do Brasil tem mostrado que doses de até 30 Kg/ha de N no sulco de plantio foi superior
'a aplicação de até 120 Kg/ha de nitrogênio em cobertura.
O fornecimento de 30Kg/ha de nitrogênio eliminou a carência inicial devido 'a imobilização,
proporcionando 'as plantas uma coloração verde intenso e crescimento normal, diminuindo
os problemas causados da imobilização de N pela decomposição dos resíduos de aveia de
elevada relação C/N (Sá, 1995). O retorno para a colocação de N no sulco de semeadura
(30Kg/ha) variou de 30 a 90Kg de milho, superior 'a aplicação em cobertura, a qual
proporcionou retorno de 18Kg de milho, confirmando que a definição do potencial de
produção do milho ocorre nos estágios iniciais, até a emissão de 4 folhas (Fancelli & Dourado
Neto, 1996).
Avaliando o efeito da irrigação sobre a volatilização de amônia após a aplicação de uréia
combinado com sulfato de amônio (relação N/S=2,1/1,0) na primeira cobertura, e apenas
uréia na segunda cobertura na cultura de milho, verificou-se que a substituição parcial da
uréia por sulfato de amônio apresentou eficiência superior a irrigação para diminuir a perda
por volatilização. De acordo com (Cabezas, 1997) a presença do sulfato de amônio contribui
para a geração de prótons (H+) neutralizando o efeito alcalino da base (OH-) originado da
hidrólise da uréia, bem como propiciou o arraste de bases em profundidade pelo íon sulfato
(SO4-).
Os resultados da volatilização de amônia após a aplicação de 100Kg/ha de N através das
fontes como: uréia, sulfato de amônio e nitrato de amônio, em cobertura, na cultura do
milho, sob plantio direto - em solo argiloso com resíduo de aveia preta, e, no plantio
convencional - em solo arenoso.
Observa-se que o fornecimento de uréia na superfície é inviável, principalmente sob plantio
direto, apresentando perdas de até 78% do N aplicado, enquanto que a sua incorporação
proporciona eficiência semelhante ao nitrato de amônio e sulfato de amônio, cujas perdas
foram inferiores a 10%. Na impossibilidade de proceder a incorporação do fertilizante, deve-
se evitar fontes de N amídico como a uréia.
A deficiência de N no tecido foliar constatado para a cultura do milho e trigo sob plantio
direto, na seqüência exclusiva de gramídeas, milho/trigo/milho, de acordo com Muzilli 1981 e
1983, deveu-se a imobilização. Entretanto, esse fenômeno poderia ter sido facilmente
contornado pela aplicação de nitrogênio no sulco de semeadura, como indicam os resultados
obtidos com a inclusão de uma leguminosa na seqüência de cultura, soja/trigo/milho,
eliminado a carência de N.
A aplicação de uréia e sulfato de amônio sobre resíduo e milho e Crotolária junceae
evidenciam que, independente da natureza do resíduo, o sulfato de amônio, pode ser
posicionado na superfície, sem que apresente perdas significativas, confirmando os
resultados já obtidos por outros experimentos. As pequenas taxas de volatilização de NH3
comparativamente 'a outros trabalhos podem ser explicadas pela ocorrência da baixas
temperaturas entre 19 a 22°C e a alta precipitação ocorrida, contribuindo para a dissolução,
transporte e incorporação do fertilizante no solo.
Uréia - CO(NH2)2
Como conseqüência, nos locais onde é aplicado o fertilizante o pH poderá atingir valores
iguais a 10 (Nommik & Nilsson, 1963), e nestas condições parte da amônia (NH3) será
inevitavelmente perdida por volatilização. Entretanto, parte da amônia em ambiente ácido
será convertida pelos organismos amonificadores na forma amoniacal (NH4+), como segue
(IFDC/UNDO, 1998):
O nitrogênio na forma amoniacal (NH4+) formado pela aplicação da uréia ou pelo uso do
sulfato de amônio ou nitrato de amônio poderá ser absorvido pelas plantas, promovendo a
acidificação da rizosfera. Neste aspecto a sua utilização pode ser avaliada como vantagem,
pela possibilidade de aumentar a eficiência na utilização dos micronutrientes metálicos, cuja
disponibilidade é influenciada pela diminuição do pH. A acidificação das rizosfera significa
também uma amplificação de problemas fitossanitários, quando a área possui histórico de
doenças causadas por fungos de solo. A preferência por ambientes ácidos pelos fungos pode
ser resultante da menor concorrência proporcionada pela menor população de actinomicetos
e principalmente de bactérias.
De acordo com o balanço de 15N no sistema solo planta realizado por Coelho (1978) foi
encontrado 67% do 15N aplicado dentro dos primeiros 15cm do solo, estando a maior parte
imobilizado na matéria orgânica, enquanto que a sua perda por lixiviação correspondeu a
2kg/ha do total de 60kg/ha aplicados. As perdas de N por lixiviação não constituem
problema, tendo sido encontrados valores entre 2 a 4kg/ha, na maioria dos trabalhos
realizados sobre o assunto no Brasil, para aplicações de até 100kg/ha de N (Reichardt et al.
1982).
Não há uma fonte ideal para o fornecimento de nitrogênio, pois a eficiência das mesmas
dependem, com intensidades diferentes, das interações biológicas que o nutriente é
submetido no solo, do manejo do sistema de produção agrícola e obviamente da relação
benefício: custo para cada situação.
Sendo essa expressão uma reação de equilíbrio, conclui-se que as características do meio,
assim com alterações dessas características deslocam o equilíbrio para uma das direções. Ou
seja, sempre haverá situações em que a mineralização pode ser maior, menor ou igual a
imobilização e vice-versa.
Temperatura do solo
De acordo com Hilder (1963), citado por Loures (1988), há uma correlação estreita entre a
temperatura do solo e a atividade respiratória dos microorganismos aí presentes, como pode
ser inferido pelo nível de CO2 desprendido (Figura 1). Enquanto a microfauna amonificante
manisfesta-se mesmo sob baixas temperaturas, a atividade dos nitrificantes é beneficiada
quanto a temperatura situa-se na faixa entre 25 a 30ºC.
Umidade de solo
Cabe mencionar aspectos fisiológicos que concorrem para incentivar a utilização de maiores
doses de nitrogênio no sulco do plantio. Primeiro, a eficiência na absorção do elemento é
superior no estágio inicial das plantas de milho (Megel & Barber 1974), cujo fluxo de
nitrogênio através das raízes (unidade de comprimento), nos primeiros 20 dias após
emergência foi de 226,9mmol.m-1.dia-1, reduzido sensivelmente para 32,4mmol.m-1.dia-1
aos 30,40,50 e 60 dias, respectivamente. A diminuição da eficiência por unidade de
comprimento das raízes em função da idade pode ser compensada pelo maior tamanho das
mesmas. No entanto, este fato pode ser comprometido por inúmeros impedimentos de
natureza física, química e biológica, comuns nos sistemas agrícolas, impedindo o crescimento
radicular na proporção necessária para compensar a diminuição da eficiência. Ressalta-se
que a alocação de carboidratos para o crescimento radicular implica na competição entre as
partes da planta, em especial da parte aérea, podendo diminuir o saldo de fotossimilados
para o desempenho do processo produtivo (Favarin & Geoget, 1998).
Outro aspecto fisiológico que merece referência é a importância do hormônio que merece
referência é a importância do hormônio citocinina para as divisões celulares e o
desenvolvimento do câmbio, biossíntetiza nas regiões meristemáticas, nos quais os ápices
radiculares são os locais de maior importância para a sua síntese (Garcia &Martinez -
Laborde, 1994). Os hormônios vegetais contém nitrogênio em sua composição , e a adição
de nitrogênio no início do ciclo da cultura, no sulco de plantio ou em coberturas antecipadas,
é uma prática recomendada pela capacidade de estimular a produção e a atividade da
citocinina, resultando no maior desenvolvimento do sistema radicular (Fahl (1), 1999) e no
aproveitamento dos nutrientes (Gass et al., 1971).
Analisando o descrito anteriormente verifica-se que a umidade so solo, temperatura, reação
do solo, relações C/N, C/S, C/P, aeração, bem como a presença de outros nutrientes são
fatores que interferem na mineralização do nitrogênio do solo (Malavolta & Neptune, 1983).
Assim, devido a rapidez com que o fenômeno se processa, o NO 3- não aproveitado pela
cultura pode ter os seguintes caminhos: absorção pelos microorganismos, lavagem ou
lixiviação, permanência como NO3-, erosão e desnitrificação.
Quanto a desnitrificação a mesma ocorre em condições anaeróbicas, sendo um processo
microbiológico realizado por microorganismos como Pseudomonas, Micrococcus, Spirillum,
Thibacillus, os quais utilizam substâncias orgânicas como doadoras de elétrons, reduzindo
rapidamente o NO 3- que é convertido em nitrito (NO2-) e hiponitrito (H0N2O2), e depois em
N elementar (N2), óxido nitroso (N2O) e nítrico (NO) cujo destino é a atmosfera, com
conforme esquema simplificado:
Esse processo outrora valorizado somente para solos encharcados e campos de arroz
irrigados, é também de suma importância para as áreas de plantio direto com altos teores de
matéria orgânica e umidade, quando do uso de adubação nitrogenada.
No processo de mineralização do nitrogênio, é obedecida portando, as seguintes etapas : N
orgânicO- N amídicO-N amoniacal - N nitritO- N nitrato, e devido às perdas do nitrogênio na
forma de nitrato (NO3-), não é desejável que todo N orgânico passe para N amoniacal e para
N nítrico, mantendo assim uma reserva de N no solo na forma orgânica. Do exposto, é
relevante para o manejo do N que a velocidade de nitrificação seja manor, com práticas, que
levem principalmente à redução da exidação da M.O do solo ou ainda mediante o
parcelamento da adubação nitrogenada, bem como o emprego de adubos nitrogenados
protegidos ("slow release"), como uréia revestida com enxofre.
Em outras palavras, mesmo que a antecipação das adubações nitrogenadas seja uma prática
recomendada em certas condições, até que a pesquisa prove o contrário, o parcelamento da
adubação nitrogenada é prática fundamental para o melhor aproveitamento do nitrogênio.