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Relatório Final
Alunos em Ensino Individual / Doméstico
2008/2009
Introdução
Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE) Lei nº 46/86 de 14 de Outubro, com as alterações
introduzidas pela Lei nº 115/1997, de 19 de Setembro e Lei nº 49/2005, de 30 de Agosto
Exames
Advertências
Diligências de acompanhamento
Introdução
O aluno tem direito a usufruir de ensino e educação; aos pais incumbe uma especial responsabilidade
inerente ao seu poder-dever de dirigirem a educação dos respectivos filhos e educandos, no
interesse destes, promovendo e estimulando o respectivo desenvolvimento físico, intelectual e moral.
Na ausência de regulamentação específica sobre a matéria, importa separar princípios e normas que
servem de suporte ao ensino doméstico / individual, aos alunos e escolas da área da Direcção
Regional de Educação e conceber o presente relatório não apenas como uma forma de balanço do
ano lectivo transacto mas, também, como instrumento de trabalho prospectivo disponível e acessível
a todos os intervenientes, especialmente, às escolas e agrupamentos de escolas com alunos
abrangidos, de forma a, entre outros princípios plasmados na LBSE, contribuir para que a educação
promova o «desenvolvimento do espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros e das suas
ideias, aberto ao diálogo e à livre troca de opiniões, formando cidadãos capazes de julgarem com
espírito crítico e criativo o meio social em que se integram e de se empenharem na sua
transformação progressiva» (cf. nº 5, do artigo 2º, LBSE).
Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE) Lei nº 46/86 de 14 de Outubro, com as alterações
introduzidas pela Lei nº 115/1997, de 19 de Setembro e Lei nº 49/2005, de 30 de Agosto
A LBSE define direitos gerais em matéria de educação e ensino, deveres dos intervenientes,
objectivos e critérios de organização. Assim,
«O sistema educativo é o conjunto de meios pelo qual se concretiza o direito à educação (…)».
Desenvolve-se «segundo um conjunto organizado de estruturas e de acções diversificadas, por
iniciativa e sob responsabilidade de diferentes instituições e entidades públicas, particulares e
cooperativas (…) e tem por âmbito geográfico a totalidade do território português (…) incumbindo ao
Ministério da Educação «a coordenação da política» (cf. artigo 1º, da Lei nº 46/86, de 14 de Outubro).
«No acesso à educação e na sua prática é garantido a todos os portugueses o respeito pelo princípio
da liberdade de aprender e de ensinar, com tolerância para com as escolhas possíveis»,
designadamente, pela garantia do «direito de criação de escolas particulares e cooperativas» (cf.
artigo 2º da Lei nº 46/86, de 14 de Outubro).
«As Leis nº 9/79, de 19 de Março, e 65/79, de 4 de Outubro, reconhecem aos pais a prioridade na
escolha do processo educativo e de ensino para os seus filhos, em conformidade com as suas
convicções. Do mesmo passo, cometem ao Estado a obrigação de assegurar a igualdade de
oportunidades no exercício da livre escolha entre pluralidade de opções de vias educativas e de
condições de ensino. Deu-se, assim, plena expressão aos preceitos constitucionais que consagram a
liberdade de aprender e de ensinar (artigo 43.º) e o papel essencial da família no processo educativo
dos filhos (artigo 67.º), na esteira dos princípios acolhidos na Lei n.º 7/77, de 1 de Fevereiro, sobre
associações de pais e encarregados de educação (…)
1 - O Estado reconhece a liberdade de aprender e de ensinar, incluindo o direito dos pais à escolha e
à orientação do processo educativo dos filhos (…)
2 - O exercício da liberdade de ensino só é limitado pelo bem comum, pelas finalidades gerais da
acção educativa e pelos acordos celebrados entre o Estado e os estabelecimentos de ensino
particular (…)»(cf. Decreto-Lei nº 553/80, de 21 de Novembro)
A Lei nº 2.033, de 27 de Junho de 1948 estipulava que «1. O ensino particular pode ser ministrado
(…) individualmente. 2. O ensino doméstico, ministrado individualmente no domicílio (…) por parentes
até o 3º grau ou por pessoas que vivam na mesma economia familiar».
«a) Ensino individual, aquele que é ministrado por um professor diplomado a um único aluno fora de
estabelecimento de ensino
b) Ensino doméstico, aquele que é leccionado no domicílio do aluno, por um familiar ou por pessoa
que com ele habite». Contudo, o
Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo não se aplica «não se aplica aos ensino individual e
doméstico» (cf. alínea a), nº 3, artigo 3º, do Decreto-Lei nº 553/80, de 21 de Novembro).
Exames
Os exames nacionais do 2º e 3º ciclos realizam-se no final do ano lectivo e destinam-se aos alunos
que «c) Estejam abrangidos pelo ensino individual ou doméstico» (cf. ponto 48 do Despacho
Normativo nº 1/2005, de 5 de Janeiro.
1
De acordo com os normativos, no final dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e no ensino secundário os alunos em
ensino doméstico / individual realizam provas (exames nacionais / equivalência à frequência). Em outras
Direcções Regionais, algumas escolas avaliam os alunos do 1º ciclo do ensino básico com provas públicas
presenciais. Não sendo prática verificada na última década, na DREC, reporta-se a esta decisão para cada
escolas e ou agrupamentos de escolas, face a capacidade de intervenção dos órgãos, dos recursos e ou dos
alunos em ensino doméstico / individual.
O processo individual do aluno «acompanha-o ao longo de todo o seu percurso escolar (…). São
registadas no processo individual do aluno as informações relevantes do seu percurso educativo» (cf.
artigo 16º da Lei nº 30/2002, de 20 de Dezembro com as alterações introduzidas pela Lei nº 3/2008,
de 18 de Janeiro e artigo 26º do Decreto-Lei nº 301/93, de 31 de Agosto).
À Escola cabe um importante papel na defesa dos direitos dos alunos e na garantia dos deveres.
Relativamente ao ensino individual / doméstico, em termos práticos e operacionais, o processo inicia-
se com a matrícula / renovação da matrícula a par do pedido do encarregado de educação
(requerimento):
É recomendável que seja anexado elementos, outros, que possam ser considerados pertinentes ou
que facilitem no acompanhamento do desenvolvimento das aprendizagens e competências dos
alunos e da sua avaliação, considerando o seu desenvolvimento global e educativo.
O Familiar do/a aluno ou pessoa com quem habite (até ao 3º grau na linha de parentesco) bem como
o Professor são responsáveis por organizar o portefólio ou dossier do aluno, no qual deve conter tudo
o que vier a acontecer ao longo do tempo em que o aluno se mantém em ensino individual /
doméstico, sendo um instrumento indispensável para recolha de informações sobre desenvolvimento
e ou avaliação.
Ensino individual e doméstico como mudança de modalidade de ensino “desobriga” o aluno do dever
de frequência do estabelecimento escolar.
O deferimento do pedido deve implicar um acordo ou protocolo de cooperação entre as partes (escola
e o encarregado de educação do aluno, ou aluno sendo maior) onde fique entre outros aspectos,
definido a finalidade e a forma de acompanhamento do aluno. Tratando-se de um acordo / protocolo
importa também que: identifique as partes; o objecto do acordo (incluindo avaliação); a forma de
execução; as obrigações das partes (incluindo acompanhamento da avaliação); a forma de
acompanhamento e compromisso de aceitação e considere formas de actuação em caso de
incumprimento (deliberado ou fortuito).
O órgão de gestão das escolas ou agrupamentos de escolas deve colaborar com os pais /
encarregados de educação providenciando e disponibilizando os elementos relevantes para o
sucesso educativo dos alunos: competências essências de ano e de ciclo; programas, conteúdos,
planificação e objectivos, fichas e ou outros. Deve manter devidamente actualizado o processo
individual do aluno, anexando todos os elementos pertinentes que forem sendo pedidos ou
voluntariamente entregues, procedendo às adequações a projectos educativos e curriculares, de
escola e de turma, se necessário.
Advertências
Indicação de que o aluno irá para o estrangeiro acompanhando os progenitores – formalizado através
de uma declaração dos pais do/a aluno/a. Procedimento recorrente, sobretudo em períodos de crise
económica e de grande mobilidade geográfica das famílias em busca de melhores condições
(económicas/sociais…). A comunidade educativa deve estar atenta à situação dos seus alunos e agir,
prevenindo e evitando situação de abandono, recorrendo e accionando os mecanismos previstos,
nomeadamente no Estatuto do Alunos dos ensinos básico e secundário.
Outro aspecto a registar, reside no facto de grande parte dos alunos, em ensino doméstico em
2008/2009, ser de nacionalidade estrangeira ou filhos de pais não portugueses, realidade que tem
vindo a crescer.
Como fundamentos apresentados para o pedido de ensino individual / doméstico dos educandos
regista-se a necessidade de os alunos acompanharem os progenitores em deslocações ao
estrangeiro ou a residirem no estrangeiro, por razões de natureza profissional (contratos de trabalho);
problemas de saúde (física, «fobia social / escolar») clinicamente comprovada; opção dos pais /
encarregados de educação (ambiente de aprendizagem consentâneo com a realidade vivida pelo
aluno e ou família, em que o agregado e comunidades familiares referem seguir valores e
especificidades vivenciais específicas (tipo: «quinta terapêutica», comunidades «hippies», núcleos de
cidadãos estrangeiros) e outras situações referidas tem a ver com o tempo do aluno em comunidade
que é valorizado, quando comparado com o tempo gasto em deslocações, casa-escola-casa,
incluindo o período de permanência na escola.
Em situações pontuais, analisadas caso a caso, os alunos encontram-se acompanhados pela Escola
Móvel, em regime de ensino à distância (e-learning e b-learning), nos termos da Portaria nº 835/2009,
de 31 de Julho, através de acordos de cooperação com as respectivas escolas de matrícula.
Um dado novo, obtido por conhecimento não confirmado, indica que alguns dos alunos usufruem ou
pretendem vir a usufruir de sistemas de ensino à distância, obtido a partir de instituições de ensino de
outros países ou escolas não sediadas em território nacional, situação que pode implicar reflexão
2
conjunta dos Serviços do Ministério, se não for de carácter complementar .
Tipologia: 2002 / 2003 2003 / 2004 2004 / 2005 2005 / 2006 2006 / 2007 2007 / 2008 2008 / 2009
Ensino doméstico 1 1 1 2 7 6 11
Ensino Individual 0 0 0 0 0 1 1
TOTAL: 1 1 1 2 7 7 12
Género: 1H 1H 1H + 1M 5H + 2M 3H + 4M 7H + 4M
Homem / Mulher
Concelho / EAE: Castelo Branco Castelo Branco Castelo Branco Leiria Leiria Castelo Branco
Leiria Coimbra Coimbra Coimbra
Aveiro Viseu Guarda
Guarda Leiria
Viseu
2
Veja-se as situações identificadas e as orientações constantes do item «Advertências».
A evolução dos últimos sete anos (verificada em escolas e agrupamentos de escolas) relativamente
aos alunos em ensino individual / doméstico, facilmente demonstrada nos gráficos a seguir (Gráfico 1
e Gráfico 2), demanda uma nova atitude perante a realidade, de maior colaboração entre os vários
intervenientes e, mesmo, um acompanhamento partilhado / reflectido.
12
10
Ensino
8 doméstico
6
11 Ensino
Individual
4
7
6
2
2
1 1 1 1 1
0 0 0 0 0 0
2002 / 2003 2003 / 2004 2004 / 2005 2005 / 2006 2006 / 2007 2007 / 2008 2008 / 2009
Ano Lectivo
14
12
12
10
8 7 7
Alunos
4
2
2 1 1 1
0
2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 /
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Anos Lectivos
Diligências de acompanhamento
No ano lectivo transacto procurou manter-se contacto com os estabelecimentos de ensino com
alunos em situação de ensino individual / doméstico, através de comunicações telefónicas e ou
escritas.
Ao longo do ano lectivo, com particular incidência antes do início do ano lectivo e durante o primeiro
período – facto que se tem relacionado com prazos previstos na legislação em vigor para mudanças
de cursos / transferências e ou alterações nas modalidades de ensino (cf. Despacho nº 24/2000, de
11 de Maio e Despacho nº 13.170/2009, de 4 de Junho) – registaram-se outras solicitações, de
entidades diferenciadas, com predominância para pedidos de esclarecimento telefónicos e
presenciais de pessoas que se identificam como sendo pais / encarregados de educação de alunos
do ensino básico, grande parte a frequentar o 1º ciclo.
DSAPOE – TP
Dezembro de 2009