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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

AJSN
Nº 71002201341
2009/CÍVEL

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS E


MATERIAIS. FALTA DE ENERGIA EM FESTA DE
CASAMENTO. DEMORA NO RESTABELECIMENTO.
DANO MORAL IN RE IPSA.
I. A interrupção no fornecimento de energia
elétrica e a demora no restabelecimento da
prestação do serviço (cerca de três horas)
constituem em ato ilícito que ofende a dignidade
da pessoa humana, considerando a importância da
data e a vergonha experimentada diante dos
convidados, mostrando-se imperioso o dever de
indenizar.
II. Não há que se falar em culpa, pois a ré, na
condição de prestadora de serviço público de
fornecimento de energia elétrica, responde
objetivamente aos danos que causar, consoante
art. 37º, § 6º, da Constituição Federal de 1988.
RECURSO DA PARTE AUTORA PARCIALMENTE
PROVIDO E DESPROVIDO O RECURSO DA RÉ.

RECURSO INOMINADO SEGUNDA TURMA RECURSAL


CÍVEL
Nº 71002201341 COMARCA DE TENENTE PORTELA

JONATAN ALOISIO VOGEL RECORRENTE/RECORRIDO

LILIANE VANESSA SEHN VOGEL RECORRENTE/RECORRIDO

RIO GRANDE ENERGIA S.A. RECORRIDO/RECORRENTE

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Juízes de Direito integrantes da Segunda Turma
Recursal Cível dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do
Sul, à unanimidade, em DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA
PARTE AUTORA E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DA RÉ.

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

AJSN
Nº 71002201341
2009/CÍVEL

Participaram do julgamento, além do signatário, as eminentes


Senhoras DRA. VIVIAN CRISTINA ANGONESE SPENGLER
(PRESIDENTE) E DRA. FERNANDA CARRAVETTA VILANDE.
Porto Alegre, 12 de maio de 2010.

AFIF JORGE SIMOES NETO


Relator

RELATÓRIO
Narram os autores que, na data de 10/01/2009, às 22 horas, ao
celebrarem a festa de seu casamento, houve a interrupção de energia
elétrica no local. Informam que a ré só restabeleceu o serviço por volta de 3h
e 30 minutos da madrugada. A ausência de luz acarretou diversos
transtornos. Salientam que, quando do retorno da energia, muitos
convidados já haviam se retirado da festa. Pleiteiam indenização por danos
materiais e morais.
Instruído e contestado o feito, sobreveio sentença julgado
parcialmente procedente o pedido, para condenar a requerida ao pagamento
de R$ 8.000,00, a título de danos materiais, e R$ 3.000,00 a título de danos
morais, para ambos os autores.
Ambas as partes recorrem.
Com contrarrazões, vieram os autos para julgamento por esta
Relatoria.
É o relatório.

VOTOS
DR. AFIF JORGE SIMOES NETO (RELATOR)
Sem razão a ré recorrente.

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Com efeito, na condição de prestadora de serviço, responde


objetivamente pelos danos que seus agentes causarem, assegurado o
direito de regresso contra terceiro, consoante o disposto no artigo 37, § 6º,
da Constituição Federal.
Diante da narrativa dos fatos restou demonstrado o agir ilícito
da requerida que, ao contrário do esperado, não agiu com a brevidade
necessária ao caso, deixando os demandantes e cerca de 400 convidados
às escuras por aproximadamente três horas, frustrando a festividade dos
nubentes.
Nesse sentido, trago à colação ementas de acórdãos que
amparas sobremaneira o entendimento ora esposado, in verbis:

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS E


MATERIAIS. FALTA DE ENERGIA EM FESTA DE
CASAMENTO. DEMORA NO RESTABELECIMENTO. 1. A
RÉ, NA CONDIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO
PRIVADO, PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO DE
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA, TEM OS
LIMITES DA RESPONSABILIDADE ESTABELECIDOS NO
ARTIGO 37, § 6°, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CASO
DE RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA, CUJOS
ELEMENTOS A SEREM EXAMINADOS SÃO A
OCORRÊNCIA DOS FATOS, O NEXO DE CAUSALIDADE
E O DANO. 2. OS ELEMENTOS DE PROVA APONTAM
PARA A PRESENÇA DOS PRESSUPOSTOS DO DEVER
DE INDENIZAR DA DEMANDADA, CONSIDERANDO QUE,
A PAR DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA, DE FATO,
NEGLIGENTE SUA CONDUTA DIANTE DO ROMPIMENTO
DO CABO DE ALTA TENSÃO, RESPONSÁVEL PELO
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA NA REGIÃO, E
DA FALTA DE ENERGIA NO SALÃO, ONDE SE
ENCONTRAVAM OS AUTORES. 3. OS DANOS MORAIS
SÃO EVIDENTES, VINDO CONFIGURADOS NA
FRUSTRAÇÃO OCASIONADA NA FESTA DE
CASAMENTO, EM VIRTUDE DA FALTA DE ENERGIA
ELÉTRICA. A OCORRÊNCIA DOS DANOS ENCONTRA
RESPALDO NA PROVA ORAL, QUE INDICA
TRANSTORNOS OCORRIDOS EM RAZÃO DA FALTA DE
ENERGIA ELÉTRICA. 4. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS ARBITRADA EM R$ 3.800,00 (TRÊS MIL E
OITOCENTOS REAIS) E QUE SE MOSTRA ADEQUADA

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AO CASO. SENTENÇA MANTIDA. NEGARAM


PROVIMENTO AO RECURSO
(Recurso Cível Nº 71001549542, Primeira Turma Recursal
Cível, Turmas Recursais, Relator: Heleno Tregnago
Saraiva, Julgado em 15/05/2008)

CONSUMIDOR. ENERGIA ELÉTRICA. SUSPENSÃO DO


FORNECIMENTO. FESTA DE CASAMENTO. DANO
MORAL PURO. DEVER DE INDENIZAR. QUANTUM
INDENIZATÓRIO REDUZIDO TENDO POR BASE OS
PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA
RAZOABILIADADE. PRESCRIÇÃO INOCORRENTE. 1. Ao
contrário do que alega a ré CEEE, o pedido dos autores
exposto na inicial não está prescrito, pois como bem
apontado pelo juízo de primeiro grau, o prazo prescricional
para propor pedido de reparação do dano sofrido no caso
de defeito na prestação de serviço é aquele indicado no art.
27 do CODECON, que estabelece o prazo de cinco anos,
tendo a ação sido proposta em prazo inferior a um ano. 2- A
interrupção no fornecimento de energia elétrica na ocasião
da celebração religiosa do casamento dos demandantes e a
demora injustificada no restabelecimento do serviço (cerca
de duas horas) constitui-se em ato ilícito ensejador da
ofensa à dignidade da pessoa humana, considerando a
importância da data e a vergonha experimentada diante dos
convidados. Imperioso o dever de indenizar, considerando a
configuração do dano moral in re ipsa. 3- O quantum
indenizatório fixado na decisão atacada (R$ 5.600,00 a cada
um dos autores) merece, contudo, ser diminuído.
Considerando a extensão dos autos, a capacidade
econômica das partes e os propósitos compensatório e
pedagógico-punitivo do instituto tal valor deve ser reduzido
para R$ 2.000,00 a cada um dos requerentes. Recurso
parcialmente provido.
(Recurso Cível Nº 71001698463, Primeira Turma Recursal
Cível, Turmas Recursais, Relator: Ricardo Torres Hermann,
Julgado em 11/09/2008)

Conforme análise dos documentos carreados aos autos (fls. 47


e 68/69), os danos materiais experimentados pelos autores, conforme as
notas fiscais juntadas aos autos, correspondem ao montante de R$
11.100,00, devendo ser majorada a indenização nesse tópico.
Quanto à majoração da indenização por danos morais
pleiteada pelos autores não prospera. O valor de R$ 3.000,00, determinado

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em sentença, guarda adequação com os parâmetros adotados por esta


Turma Recursal.
Ressalta-se que o dano moral no presente caso resta
configurado de forma inquestionável, sendo desnecessária a comprovação
específica do prejuízo, pois se trata de dano in re ipsa, não necessitando de
provas, posto visivelmente verificada a ofensa à dignidade da pessoa
humana, considerando a importância da data e a vergonha experimentada
diante dos convidados.
Voto, pois, por DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO
DOS AUTORES, majorando a condenação a título de danos materiais para
R$ 11.100,00 (onze mil e cem reais), corrigido monetariamente pelo IGP-M a
partir do ajuizamento da ação, com aplicação de juros legais de 1% ao mês,
a contar da citação, e NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DA RÉ.
Arcará a ré recorrente com as custas processuais e os
honorários advocatícios, que fixo em 15% sobre o valor da condenação.

DRA. FERNANDA CARRAVETTA VILANDE - De acordo com o(a)


Relator(a).
DRA. VIVIAN CRISTINA ANGONESE SPENGLER (PRESIDENTE) - De
acordo com o(a) Relator(a).

DRA. VIVIAN CRISTINA ANGONESE SPENGLER - Presidente - Recurso


Inominado nº 71002201341, Comarca de Tenente Portela: "DERAM
PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE AUTORA E
NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO DA RÉ. UNÂNIME."

Juízo de Origem: VARA TENENTE PORTELA - Comarca de Tenente Portela

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