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Introdução à Análise de SEP  Clever Pereira

UNIDADE I
INTRODUÇÃO À ANALISE DOS SEP

1. FONTES PRIMÁRIAS DE ENERGIA

PETRÓLEO ⇒ oleodutos, navios, ferrovias,


rodovias.
; FÓSSEIS GÁS NATURAL ⇒ gasodutos
CARVÃO MINERAL ⇒ ferrovias e navios

Convertidas em ENERGIA ELÉTRICA nas


CENTRAIS TERMÉLETRICAS, em geral próximas
aos GRANDES CENTROS CONSUMIDORES

Quedas d’água de reservatórios


; HIDRÁULICA
Usinas a fio d’água

Convertida em ENERGIA ELÉTRICA nas


CENTRAIS HIDRELÉTRICAS, em geral distantes
dos GRANDES CENTROS CONSUMIDORES

GEOTÉRMICA: vapores internos da terra


; ALTERNATIVAS SOLAR, EÓLICA
MARÉS, ÁLCOOL, GÁS DO LIXO, ETC.

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Introdução à Análise de SEP  Clever Pereira

2. INTRODUÇÃO

; CONSUMO
PER CAPTA ⇒ DESENVOLVIMENTO DE UMA NAÇÃO

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

SISTEMA
ELÉTRICO DE
POTÊNCIA
= GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E
DISTRIBUIÇÃO

Geradores Síncronos
; GERAÇÃO (2 kV a 20 kV)

LT’s aéreas e subterrâneas.


; TRANSMISSÃO Níveis de 69 kV a 765 kV (AC)
1200 kV (DC) - bipolo de Itaipú

LD’s e RD’s aéreas e subterrâneas.


; DISTRIBUIÇÃO Níveis até 34,5 kV
Sudeste Brasileiro - 13,8 / 7,967 kV

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Introdução à Análise de SEP  Clever Pereira

4. BREVE HISTÓRICO

• 1878 → Thomas A. Edson começa os trabalhos com


iluminação elétrica e propõe os primeiros conceitos
de uma estação de potência central para distribuição
de energia elétrica.

• 10/1879 → lançamento comercial da lâmpada elétrica.

• 09/1882 → inauguração da Usina de Pearl Street em Nova


York com o início de fornecimento de energia
elétrica a níveis comerciais:
CARGA: 30 kW, 110 VDC
USUÁRIOS: 59 usuários em 2,5 km2 (somente
iluminação)

• 1882 → 1a linha de transmissão de energia elétrica do mundo


(USA; 2400 VDC; 59 km)

• 1883 → 1a linha de transmissão de energia elétrica do Brasil


(Diamantina; MG; 2400 VDC; 2 km)

• 1885 → WILLIAM STANLEY desenvolve a níveis comerciais


o atual TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA.

BENEFÍCIOS: DC → AC

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• 1888 → NICOLA TESLA apresenta no AIEE artigo técnico


sobre motores síncronos e de indução BIFÁSICOS.
BENEFÍCIOS: evolução para sistemas polifásicos

• 1891 → 1a linha de transmissão trifásica de energia elétrica


do mundo (ALEMANHA; 12 kV; 179 km)

• 1893 → 1a linha de transmissão trifásica de energia elétrica


nos USA (2,3 kV; 12 km)

• 1901 → Centrais Hidrelétricas do Santana do Parnaíba no


interior paulista (LT’s de 40 kV; AC; trifásicas)

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5. ANÁLISE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

SISTEMA COMPLEXO composto de um


elevado número de COMPONENTES


COMPLEXIDADE DIVERSIDADE
+
de cada componente dos fenômenos existentes


Processos de DECOMPOSIÇÃO e HIERARQUIZAÇÃO


SIMPLIFICAÇÃO DO PROBLEMA

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ANÁLISE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

REGIME
PERMANENTE REGIME DINÂMICO REGIME TRANSITÓRIO
SENOIDAL (60 Hz) (0,1 Hz a 100 Hz) (1 Hz a 100 MHz)

Análise no domínio do
Análise no domínio
TEMPO e Análise no domínio do TEMPO e/ou da FREQUÊNCIA
da FREQUÊNCIA
APROXIMAÇÕES

• CURTO-
CIRCUITO • ESTABILIDADE FALTAS MANOBRAS SOBRETENSÕES CORONA
TRANSITÓRIA ATMOSFÉRICAS
• FLUXO DE 1 Hz 100 Hz 1 MHz
• TRANSITÓRIOS a a 100 kHz a 1 MHz a
CARGA
ELETROMECÂNICOS 10 kHz 100 kHz 100 MHz
• ESTABILIDADE
ESTÁTICA

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Componentes Simétricas  Clever Pereira

UNIDADE II

COMPONENTES SIMÉTRICAS

1- TEOREMA DE FORTESCUE

Um conjunto de n fasores não balanceados pode ser


representado por um conjunto de n fasores de seqüência zero
mais n-1 conjuntos de n fasores balanceados da seguinte forma:

Sejam


θc = : ângulo característico do sistema
n

Va , Vb , L , Vn ⇒ conjunto de n fasores não balanceados

Va 0 , Vb 0 , L , Vn 0 ⇒ conjunto de n fasores de seqüência zero


(defasados de 0.θc → em fase)
Va1 , Vb1 , L , Vn1 ⇒ conjunto de n fasores de seqüência 1 ou positiva
(defasados de 1.θc )
Va 2 , Vb 2 , L , Vn 2 ⇒ conjunto de n fasores de seqüência 2
(defasados de 2.θc )
M M O M
conjunto de n fasores de seqüência (n-1) ou
Va(n−1 ) , Vb(n−1 ) , L , Vn(n−1 ) ⇒ negativa (defasados de [n-1].θc )

1
Componentes Simétricas  Clever Pereira

então

Va = Va 0 + Va1 + Va 2 + L + Va ( n −1)
Vb = Vb 0 + Vb1 + Vb 2 + L + Vb ( n −1)
Vc = Vc 0 + Vc1 + Vc 2 + L + Vc ( n −1)
M M M M O M
Vn = Vn 0 + Vn1 + Vn 2 + L + Vn ( n −1)



Balanceados
Fasores Não

Seqüência

Seqüência

Seqüência
Negativa
Positiva
Zero

n fasores n2 fasores

2
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EXEMPLO QUALITATIVO

SISTEMA PENTAFÁSICO ⇒ θc = 2π/5 = 72°

⇑ ⇑ ⇑
Conjunto Conjunto de Conjunto de
de n fasores de n fasores de
n fasores seqüência seqüência 1
desbalanceados zero ou positiva

⇑ ⇑ ⇑
Conjunto de Conjunto de Conjunto de
n fasores de n fasores de n fasores de
seqüência 2 seqüência 3 seqüência 4
ou negativa

3
Componentes Simétricas  Clever Pereira

O OPERADOR “ a ”

rotação de θc no sentido
a = e j 2π n
= 1∠θ c positivo ou anti-horário

Algumas propriedades

2π rotação de θc no
−j
a −1 = e n
= 1∠ − θ c sentido negativo ou
horário

± kn
 j 2nπ 
a ± kn =  e  = e ± j 2 kπ = 1 = a 0

rotação de ±
2kπ, voltando ao
  mesmo lugar
( k inteiro )

rotação de -m.θc , ou
a−m = 1⋅ a−m = an ⋅ a−m = an−m de (n-m).θc

rotação de m.θc , ou
a m = 1 ⋅ a m = a −n⋅ a m = a −(n − m) de -(n-m).θc

4
Componentes Simétricas  Clever Pereira

Com a ajuda do operador “a” pode-se expressar de maneira clara


e concisa cada um dos n fasores não balanceados utilizando-se,
por exemplo, apenas o primeiro fasor de cada uma das seqüências

Va = Va 0 + Va1 + Va 2 + L + Van−1
Vb = Va 0 + a −1 Va1 + a −2Va 2 + L + a −( n−1)Van−1
Vc = Va 0 + a −2Va1 + a −4Va 2 + L + a −2( n−1)Van−1
M M M M O M
Vn = Va 0 + a −( n−1)Va1 + a −2( n−1)Va 2 + L + a −( n −1)( n−1)Van−1

ou seja não se necessita trabalhar (e conhecer) todos os


n2 fasores, mas apenas n fasores.

5
Componentes Simétricas  Clever Pereira

Na forma matricial a equação anterior pode ser escrito como

Va  1 1 1 L 1   Va 0 
V  1 a −1 a −2 L a −( n −1)   Va1 
 b 
Vc  = 1 a − 2 a −4 L a − 2 ( n −1)   Va 2 
    
 M  M M M O M  M 
Vn  1 a −( n −1) a − 2 ( n −1) L a −( n −1)( n −1)  Van −1 

que de maneira condensada toma a seguinte forma

~
VF = Q ⋅ VS

~
Q é denominada de Matriz de Transformação de FORTESCUE

~
Pode-se mostrar que Q admite inversa e então
~
VS = Q −1 ⋅VF
que na forma não condensada é

 Va 0  1 1 1 L 1  Va 
V  1 a 1 a2 L a ( n −1)  Vb 
 a1  1 
 Va 2  = 1 a 2 a4 L a 2 ( n −1)  Vc 
  n  
 M  M M M O M  M 
Van −1  1 a n −1 a 2 ( n −1) L a ( n −1)( n −1)  Vn 
6
Componentes Simétricas  Clever Pereira

Exemplo: Sistemas Trifásicos ⇒ n=3

Quando n=3 tem-se a transformação de FORTESCUE para


sistemas trifásicos também conhecida como transformação de
COMPONENTES SIMÉTRICAS, onde


2π j
θ c = =120 ∴a = e
o 3
=1∠120 o
3
Assim

Va   1 1 1  Va 0  Va 0  1 1 1  Va 


1
V  =  1 a −1
 b  a − 2  Va1  ⇒ Va1  =  1 a a 2  Vb 
3
Vc   1 a − 2 a − 4  Va 2  Va 2   1 a 2 a 4  Vc 
Utilizando-se as propriedades do operador “a” tem-se que

1 1 1  1 1 1
~
Q = 1 a −1 a − 2  = 1 a2 a 
1 a − 2 a − 4  1 a a 2 
e
1 1 1 1 1 1
~ 1 1
Q −1 = 1 a a 2  = 1 a a 2 
3 3
1 a 2 a 
4
1 a 2 a 

então

Va   1 1 1  Va 0  Va 0  1 1 1  Va 


V  =  1 a 2 1
 b  a  Va1  ⇒ Va1  =  1 a a 2  Vb 
3
Vc   1 a a 2  Va 2  Va 2   1 a 2 a 4  Vc 

7
Componentes Simétricas  Clever Pereira

2- PROPRIEDADES ÚTEIS DAS COMPONENTES SIMÉTRICAS

Seja a transformação de Fortescue para sistemas trifásicos dada


por :

~ ~
VF = Q ⋅ VS VS = Q −1 ⋅ VF
 ~ ⇒  ~ −1
 IF = Q ⋅ IS I S = Q ⋅ I F
onde

1 1 1 1 1 1
~ ~ 1
Q = 1 a 2 a  e Q −1 = 1 a a 2 
3
1 a a 2  1 a 2 a 

Um elemento trifásico passivo de rede, na sua forma mais geral,


pode ser modelado pelo seguinte circuito elétrico:

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Componentes Simétricas  Clever Pereira

Para este elemento são observadas as seguintes propriedades:

(a) A corrente de neutro é formada apenas por corrente de


seqüência zero.

I n = I a + I b + I c = ( I a 0 + I a1 + I a 2 )+
(I a0 )
+ a 2 I a1 + a I a 2 +
(I a0 )
+ a I a1 + a 2 I a 2 = 3 I a 0

Isto vem caracterizar a seqüência zero como uma seqüência


intimamente ligada à terra, fato que não ocorre para as seqüências
positiva e negativa, que possuem caráter apenas aéreo, visto que
não estão presentes no retorno pela terra.

(b) Em sistemas elétricos onde tanto as impedâncias próprias


quanto as impedâncias mútuas são iguais entre si, a matriz
das impedâncias de seqüência é diagonal.

V ax = Z aa I a + Z ab I b + Z ac I c + V ay + Z n I n

ou seja

Vax − Vay = Z aa I a + Z ab I b + Z ac I c + Z n (I a + I b + I c )
= (Z aa + Z n )I a + (Z ab + Z n )I b + (Z ac + Z n )I c

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Componentes Simétricas  Clever Pereira

Para as três fases pode-se escrever

Vax − Vay = Va = (Z aa + Z n )I a + (Z ab + Z n )I b + (Z ac + Z n )I c

Vbx − Vby = Vb = (Z ba + Z n )I a + (Z bb + Z n )I b + (Z bc + Z n )I c

Vcx − Vcy = Vc = (Z ca + Z n )I a + (Z cb + Z n )I b + (Z cc + Z n )I c
Utilizando notação matricial fica

V a   Z aa + Z n Z ab + Z n Z ac + Z n   I a 
V  =  Z + Z Z bb + Z n Z bc + Z n . I b 
 b   ba n

Vc   Z ca + Z n Z cb + Z n Z cc + Z n   I c 

Em notação comprimida, tem-se que

~
VF = Z F ⋅ I F
~
onde Z F é a matriz das impedâncias de fase ou em componentes
de fase. Esta equação é denominada equação primitiva de circuito
em componentes de fase e possui solução da forma

~ −1
I F = Z F ⋅ VF
~
Nos SEE onde a matriz Z F é geralmente cheia, a solução acima se
torna muito complexa, uma vez que envolve a inversão de uma
matriz de ordem 3n (onde n é o número de elementos modelados).
No entanto, aplicando-se a transformação de componentes
simétricas tem-se que

~ ~ ~
Q ⋅ VS = Z F ⋅ Q ⋅ I S

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Componentes Simétricas  Clever Pereira

ou seja

~
VS = Z S . I S
onde
~ ~ ~ ~
Z S = Q −1 .Z F .Q
~
Nesta equação, ZS é denominada de matriz das impedâncias de
seqüência ou em componentes simétricas. A solução, ainda em
componentes simétricas, é da forma

~ −1
I S = Z S .VS
~
Esta solução será particularmente simples se ZS for diagonal. Na
unidade 3 será mostrado que para que isto aconteça é necessário
que se verifique as seguintes relações:

Z aa = Z bb = Z cc = Z p

Z ab = Z bc = Z ca = Z m

~
ou seja, que a matriz Z F seja da seguinte forma

Z p + Z n Zm + Zn Zm + Zn  ZP ZM ZM 
~  
Z F = Z m + Z n Z p + Zn Z m + Z n  =  Z M ZP Z M 
Z m + Z n Zm + Zn Z p + Z n   Z M ZM Z P 

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Componentes Simétricas  Clever Pereira

Quando isto acontece diz-se que o sistema é equilibrado em


relação às suas impedâncias, caso muito comum nos SEE. Deste
~
modo, a matriz ZS vai ser diagonal e terá a seguinte forma

Z P + 2Z M 
~
Z S =  ZP − ZM 

 Z P − Z M 

ou ainda

 Z p + 2Z m + 3Z n 
~  
ZS =  Z p − Zm 
 Z p − Z m 

cuja inversa é de fácil computação e dada por

 1 
 
 Z p + 2 Z m + 3Z n 
~ −1  1 
ZS = 
 Z p − Zm 
 1 
 Z p − Z m 

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Componentes Simétricas  Clever Pereira

Rescrevendo a equação primitiva do circuito em componentes


simétricas de maneira não comprimida tem-se

Va 0   Z P + 2Z M  I a0 
V  =  Z P −Z M  I 
 a1     a1 
Va 2   Z P −Z M   I a 2 

ou seja

 Va 0 = (Z P + 2Z M ) I a 0 = (Z p + 2Z m + 3Z n )I a 0 = Z 0 I a 0

 Va1 = (Z P − Z M ) I a1 = (Z p − Z m )I a1 = Z 1 I a1
 Va 2 = (Z P − Z M ) I a 2 = (Z p − Z m )I a 2 = Z 2 I a 2

Pode-se ver que a transformação de componentes simétricas


desacoplou as seqüências umas das outras, ou seja, a queda de
tensão referente à uma das seqüências só depende da corrente
daquela seqüência. Isto sugere o conceito de circuitos
equivalentes (ou diagramas) de seqüência, vistos abaixo

Nota-se nestes diagramas que a impedância Zn já vem incorporada


dentro de Z0, multiplicada por três, uma vez que a corrente de
retorno é igual a “3” Iao.

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Componentes Simétricas  Clever Pereira

Cada um dos elementos da matriz das impedâncias de seqüência


podem ser interpretados como as impedâncias próprias de cada
seqüência, dadas por

 Z 0 = Z P + 2Z M = Z p + 2Z m + 3Z n

 Z 1 = Z P −Z M = Z p −Z m

 Z 2 = Z P −Z M = Z p −Z m
Caso o circuito não fosse equilibrado com relação às suas
impedâncias (próprias e mútuas, cada uma delas iguais entre si)
iriam aparecer mútuas entre os diagramas de seqüência, e o
método sugerido não mais seria efetivo.

(c) A transformação de componentes simétricas não é invariante


em potência.

A potência complexa trifásica pode ser calculada através da


seguinte expressão em componentes de fase:

S 3Φ =Va I a* +Vb I b* +Vc I c* =


 I a* 
 
= [Va Vc ] I b*  = VF .I F
T *
Vb
 I c* 
 
Mas


~
V F = Q .V S

 V T = Q
F
 * ~
(
~
.V S ) =V .Q~
T
S
T T

I
 F =
~
Q .I S (
 I F = Q .I S ) = Q~ .I
* *
S
*

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Componentes Simétricas  Clever Pereira

e como

 1 1 1
 ~T  ~
Q = 1 a2 a  = Q
1 1 1

~  1 a a 2 
Q = 1 a2 a  ⇒ 
 1 1 1
1 a a 2  ~*  2 ~ -1
Q = 1 a a  = 3Q

 1 a2 a 

então

~T
VF T = VS T ⋅ Q T ~
= VS ⋅ Q
 * ~* * ~ -1 *
I
 F = Q ⋅ I S = 3 Q ⋅ IS

Assim

T * T ~ ~ -1 *
S 3Φ = VF ⋅ I F = VS ⋅Q ⋅3⋅Q ⋅ IS =
T *
(
= 3 ⋅ VS ⋅ I S = 3 Va 0 I a*0 + Va1 I a*1 + Va 2 I a*2 )
ou seja, vai aparecer um coeficiente 3, mostrando que
a transformação de componentes simétricas não é invariante em
potência.

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Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

UNIDADE III

TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SISTEMAS TRIFÁSICOS

1- INTRODUÇÃO

CA 3φ em Regime Permanente
⇒ Senoidal (RPS)
SEP ⇒ Circuitos CA 1φ
CC

2- FASORES

Seja v(t) senoidal da forma

ω ⇒ freqüência angular

v(t ) = Vm cos(ωt + δ ) Vm ⇒ valor de pico

δ ⇒ ângulo de fase

(a) Valor Eficaz

O valor eficaz de uma onda periódica v(t), de período T, é definido


por :

T
1
Vef = V = ∫
2 (1)
v (t ) dt
T0

1
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

Deste modo, para uma onda cosenoidal tem-se

2 1 − cos2ω t 
T T T

∫0 = ∫0 m ω = m ∫ dt =
2 2 2
v (t ) dt V sen t dt V 
0 
2 
T
(2)
V 2
 sen2ωt  V ⋅ T 2
= m
t − 2ω  = 2
m

2  0
E desta forma o valor eficaz de v(t) vai ser

1 Vm2.T/ Vm
Vef = V = . = (3)
T/ 2 2
(b) Representação Fasorial

Chama-se fasor A & o vetor de módulo |A| que gira com uma
velocidade angular ω no plano complexo, ou seja

 A& = A e jθ
FASOR ⇒
θ = θ 0 + ω t

Utilizando a fórmula de Euler tem-se que

v(t ) = Vm cos (ωt + δ ) = ℜe Vm e j(ωt +δ ) [ ] (4)

Pode-se então associar v(t) à projeção sobre o eixo real de um


fasor onde

 A → Vm

θ = θ 0 + ωt → δ + ωt

2
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

(c) Representação na forma POLAR e CARTESIANA

Pode-se ainda associar v(t) à projeção sobre o eixo real de um


fasor RMS ou EFICAZ onde utiliza-se seu valor eficaz ao contrário
do seu valor máximo, ou seja

FASOR
 A& ef = Aef e j θ
“RMS”
⇒
θ = θ 0 + ω t

Desta forma, para a onda v(t) em questão tem-se

[
v(t ) = Vm cos (ωt +δ ) = ℜe Vm e j(ωt +δ ) ]
 = ℜe [ 2 (V e ( ) )]
 V ) 
(5)
= ℜe  2  m e j(ωt +δ j ωt +δ

  2 
onde V& = Ve j(ωt +δ ) é o fasor RMS associado à v(t). Assim

v(t ) ⇒ ( )
V e j(ωt +δ ) = V e jδ e jωt (6)

Desta forma, a onda v(t) pode ser representada por um fasor RMS
através de três notações distintas, a saber:

V e jδ = V (cos δ + j senδ ) = V ∠δ
14243 14442444 3 14243
⇓ ⇓ ⇓
NOTAÇÃO NOTAÇÃO NOTAÇÃO
EXPONENCIAL CARTESIANA POLAR

3
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

2. POTÊNCIA EM CIRCUITOS MONOFÁSICOS CA

Seja o par de grandezas elétricas senoidais dadas por

v(t ) = Vm cos ωt

i(t ) = I m cos (ωt − θ )

(a) Potência Instantânea

s (t ) = v (t ) . i (t ) = Vm . I m . cos ω t cos(ω t − θ ) =

= Vm. I m.cos ω t [cos ω t cos θ + senω t senθ ] =

[
= Vm. I m. cos2 ω t cos θ + cos ω t senω t senθ = ]

  1 + cos 2 ω t   sen2 ω t 
= Vm. I m cosθ .  + senθ .  =
  2   2 
(7)
Vm. I m
= [cosθ .(1 + cos 2ω t ) + senθ .(sen2ω t )] =
2

Vm I m
= [cosθ . (1 + cos 2 ω t ) + senθ . (sen2 ω t )] =
2 2

= V I cos θ (1 + cos 2 ω t ) + V I senθ (sen 2 ω t ) =


1444 424444 3 14442444 3
p (t ) q (t )

= p (t ) + q (t )

4
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

Vê-se que a potência instantânea s(t) é formada por dois termos: o


primeiro termo p(t) possui freqüência angular 2ω e valor médio
P dado por

P = V I cos θ (8)

Este termo recebe o nome de potência ativa e retrata uma potência


efetivamente entregue (ou absorvida). Em geral é representado
apenas pela letra P. O segundo termo também possui freqüência
angular 2ω, mas valor médio nulo. Isto indica que nada é
efetivamente entregue (ou absorvido). Em razão de possuir valor
médio nulo, sua identificação é feita pelo seu valor de pico, dado
por

Qm = V I sen θ (9)

Este segundo termo recebe o nome de potência reativa e é


representada geralmente pela letra Q. Pode-se associar a estes
dois termos uma potência complexa S dada por

S = P + j Q = V I cosθ + j V I senθ
= V I ( cosθ + j sen θ ) = V I e j θ
(10)
( )( )
= V e j 0 I e j θ = V& . I&*
A potência complexa S pode ser representada no plano polar
através do conhecido triângulo de potências abaixo (notar que o
ângulo θ que antes tinha sentido negativo passou a ter sentido
positivo, em razão do conjugado aplicado à corrente).

5
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

(b) Potência Instantânea entregue a um resistor ideal

Para um resistor ideal tem-se as seguintes equações de circuito:

Domínio do Tempo Domínio da Freqüência


(Ondas no Tempo) (Fasores)

v(t ) = Vm cos ωt V& = V∠0


e e
v(t ) = R i (t ) V& = R ⋅ I&

⇓ ⇓
v(t ) Vm &
&I = V = V ∠0
i (t ) = = cosωt
R R R R
⇓ ⇓
θ = 0° θ = 0°
⇓ ⇓
 P = P = V I cos θ = V I  P = V I cos θ = V I
 S& = V& .I&* ⇒ 
Q = Qm = V I sen θ = 0 Q = V I sen θ = 0

6
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

(c) Potência Instantânea entregue a um indutor ideal

Para um indutor ideal tem-se as seguintes equações de circuito:

Domínio do Tempo Domínio da Freqüência


(Ondas no Tempo) (Fasores)

v(t ) = Vm cosωt V& = V∠0


e e

d i (t )
v(t ) = L V& = j ω L I&
dt

⇓ ⇓
1
d i (t )= v(t )dt
L
1 V &
i (t ) = ∫ v(t )dt = m ∫ cosω t dt &I = V = V ∠ − 90°
L L jω L ω L
V V
i (t ) = m sen ω t = m cos(ω t − 90°)
ωL ωL

⇓ ⇓

θ = 90° θ = 90°

⇓ ⇓

 P = P = V I cos θ = 0  P = V I cos θ = 0
 S& = V& . I&* ⇒ 
Q = Qm = V I sen θ = V I Q = V I sen θ = V I

7
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

(d) Potência Instantânea entregue a um capacitor ideal

Para um capacitor ideal tem-se as seguintes equações de circuito:

Domínio do Tempo Domínio da Freqüência


(Ondas no Tempo) (Fasores)

v(t ) = Vm cosωt V& = V∠0


e e

d v(t )
i (t )= C I& = j ω C V&
dt

⇓ ⇓

d (Vm cosωt )
i(t ) = C
dt
= C (−ω Vm sen ωt )
I& = ω C V∠90°
= −ω C Vm sen ωt
i(t ) = ω C Vm cos(ωt + 90°)

⇓ ⇓

θ = −90° θ = −90°

⇓ ⇓

 P = P = V I cos θ = 0  P = V I cos θ = 0
 S& = V& .I&* ⇒ 
Q = Qm = V I sen θ = −V I Q = V I sen θ = −V I

8
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

3. CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS

(a) Sem mútuas

EQUAÇÕES DE
CIRCUITO

 E a =( Z g + Z LP +Z C )I a

 Eb =( Z g + Z LP +Z C )I b

 Ec =( Z g + Z LP +Z C )I c

TENSÕES DE CORRENTES SÃO


EQUILIBRADAS
SISTEMA É
EQUILIBRADO
⇒ Vb = a 2Va I b = a 2 I a
 e 
Vc = a Va I c = a I a

Substituindo estas relações nas equações de circuito vê-se na


verdade que existe apenas uma única equação. Surge daí o
conceito de circuito equivalente por fase, mostrado abaixo.

 E a = ( Z g + Z LP + Z C ) I a
 2
a/ E a = ( Z g + Z LP + Z C ) a/ I a
2


 a/ E a = ( Z g + Z LP + Z C ) a/ I a
Cuja solução é da forma

 Ea
 I a =
 Z g + Z LP +Z C
I = a 2 I ; I = aI
 b a c a

9
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

(b) com mútuas

EQUAÇÕES DE CIRCUITO

 E a = ( Z g + Z LP + Z C ) I a + Z LM I b + Z LM I c

 Eb = Z LM I a + ( Z g + Z LP + Z C ) I b + Z LM I c

 E c = Z LM I a + Z LM I b + ( Z g + Z LP + Z C ) I c

TENSÕES E CORRENTES SÃO


EQUILIBRADAS
SISTEMA É
EQUILIBRADO
⇒ Vb = a 2Va I b = a 2 I a
 e 
Vc = a Va I c = a I a

Substituindo estas relações nas equações de circuito vê-se


novamente que tem-se apenas uma única equação.

[
 Ea = ( Z g + Z LP +Z C ) − Z LM I a] [ ]
 Ea = Z g + (Z LP − Z LM ) + Z C I a
 2  2
[ ]
a/ Ea = ( Z g + Z LP +Z C ) − Z LM a/ I a ou
2
[ ]
a/ Ea = Z g + (Z LP − Z LM ) + Z C a/ I a
2


[ ]
 a/ Ea = ( Z g + Z LP +Z C ) − Z LM a/ I a

[ ]
 a/ Ea = Z g + (Z LP − Z LM ) + Z C a/ I a

10
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

Novamente pode-se pensar num circuito equivalente por fase,


mostrado abaixo
Cuja solução é da forma:
 Ea
I =
 a Z + (Z − Z ) + Z
 g LP LM C
I = a 2 I ; I = aI
 b a c a

4. CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS

O circuito acima possui a seguinte equação:

 E a   Z aa + Z N Z ab + Z N Z ac + Z N   I a 
 E  = Z + Z Z bb + Z N Z bc + Z N   I b 
 b   ba N (11)
 Ec   Z ca + Z N Z cb + Z N Z cc + Z N   I c 
onde
Z ii = ∑ Z Pi = Z gi + Z Lii +Z Ci sendo i = a, b, c

Z ij = ∑ Z Mij = Z Lij sendo i, j = a, b, c ; i ≠ j

Z N = ∑ Z n = Z n + Z n′

11
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

Chamando

Z I I = Z ii + Z N sendo I = A, B, C

Z I J = Z ij + Z N sendo I , J = A, B, C ; I ≠ J

a equação do circuito trifásico desequilibrado pode ser escrita


finalmente como

 Ea   Z AA Z AB Z AC   I a 
E  = Z Z BB Z BC  ⋅  I b 
 b   BA (12)
 Ec   Z CA Z CB Z CC   I c 

ou de maneira condensada
~
EF = Z F ⋅ I F (13)

Uma vez que o sistema não é equilibrado, não se pode resolvê-lo


utilizando-se os circuitos equivalentes por fase. Uma possível
~
solução é a inversão direta de Z F , ou seja
~
I F = Z F−1 ⋅ E F (14)

A solução acima é obtida através de um processo longo e


trabalhoso que envolve a inversão de uma matriz de ordem N,
onde neste caso, N é o número de malhas do sistema de potência,
geralmente muito elevado. Outra possível solução é obtida
utilizando-se a teoria dos modos de propagação ou dos
componentes modais.

(a) Caso Geral


Para o caso geral onde

Z AA ≠ Z BB ≠ Z CC
 (15)
Z AB ≠ Z AC ≠ Z BC
12
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

admite-se que os vetores das tensões e das correntes de fase


possam ser expressos em função de vetores de tensões e
correntes modais da seguinte forma:
~
 EF = Q ⋅ EM
 ~ (16)
 I F = Q ⋅ I M
~
onde a matriz Q é denominada matriz de transformação modal.
Substituindo na equação do circuito vem
~ ~ ~ ~
E F = Z F ⋅ I F~ ⇒ Q ⋅ E M = Z F ⋅ Q ⋅ I M (17)

ou seja
~
EM = Z M ⋅ I M (18)
~
onde Z M é a matriz das impedâncias em componentes modais
dada por
~ ~ ~ ~
Z M = Q −1 ⋅ Z F ⋅ Q (19)

Aparentemente tem-se a mesma equação em componentes


~
modais que em componentes de fase. No entanto, se Q for
~
escolhida adequadamente, de tal maneira que Z M seja diagonal,
então a solução se torna simples, uma vez que sua inversão é
dada pela inversão de cada um de seus termos. A solução pode
então ser obtida seguindo-se o esquema abaixo


~ ~
EF = Z F ⋅ I F IF = Q ⋅ IM

↓ ↑
~
 EM =Q −1 ⋅ EF

~
 ~ ~ −1 ~ ~ I M = Z M−1 ⋅ EM
Z M =Q ⋅ Z F ⋅ Q

13
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

O fato da matriz das impedâncias modais ser diagonal pode ser


interpretado como a inexistência de acoplamento entre os modos
de propagação, como mostra o diagrama abaixo

~
O novo problema que se apresenta é a determinação da matriz Q
~
que vai diagonalizar a matriz Z F através da transformação de
similaridade.

~ ~ ~ ~
Z M = Q −1 ⋅ Z F ⋅ Q (20)

Este é um problema clássico de álgebra linear e consiste na


determinação da matriz dos autovetores associados aos
~
autovalores da matriz Z F . Parece a princípio que o problema ficou
ainda maior pois, se inicialmente envolvia uma inversão, agora
~ ~ −1
torna-se necessário a determinação da matriz Q , sua inversa Q
(ou seja uma inversão) e diversas multiplicações matriciais,
tornando o método ainda mais complexo e trabalhoso. Será
mostrado a seguir que para alguns casos particulares este método
vai simplificar bastante a solução da rede.

14
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

(b) Impedâncias Equilibradas

Trata-se de uma situação muito comum em sistemas de potência,


onde
Z AA = Z BB = Z CC = Z P
 (21)
Z AB = Z AC = Z BC = Z M
~
A matriz das impedâncias de fase Z F assume a seguinte forma

 ZP ZM ZM
~
Z F =  Z M Z M 
ZP (22)
 Z MZ P 
ZM
~ ~ −1 ~ ~
Deseja-se que a matriz Z M = Q ⋅ Z F ⋅ Q seja diagonal. Chamando

λ1 
~ ~  
ZM = Λ =  λ2  (23)
 λ3 
vem que
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Λ = Q −1 ⋅ Z F ⋅ Q ⇒ Q ⋅ Λ = Q ⋅ Q −1 ⋅ Z F ⋅ Q (24)

ou seja
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Q ⋅ Λ = I ⋅ ZF ⋅ Q ⇒ ZF ⋅ Q − Q ⋅ Λ = 0 (25)
~ ~
onde I e 0 são respectivamente a matriz identidade e a matriz de
~ ~
zeros de ordem 3. Uma vez que Z M = Λ é diagonal, pode-se
escrever a equação (25) coluna por coluna, ou seja

Z p Zm Z m   q11 q12 q13   q11 q12 q13  λ1  0 0 0


 
Z m Zp Z m  ⋅ q21 q22 q23  − q21 q22 q23   λ2  = 0 0 0
   (26)
Z m Zm Z p  q31 q32 q33  q31 q32 q33   λ3  0 0 0

15
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

Escrevendo a equação (26) para a primeira coluna fica


Z p Zm Z m   q11   q11  0
 
Z m Zp Z m  ⋅ q21  − λ1 ⋅ q21  = 0 (27)
Z m Zm Z p  q31  q31  0

Ou de forma condensada
~
{F ⋅ q{1 − λ
Z {1 ⋅ q{1 = 0
{ (28)
3×3 3×1 1×1 3×1 3×1

Para uma coluna genérica k (k = 1,3), tem-se que


~
Z F ⋅ qk − λk ⋅ qk = 0 (29)
A equação (29) pode ser colocada na forma
~ ~
Z F ⋅ qk − λk ⋅ ℑ ⋅ qk = 0 ⇒ (Z~
F )
~
− λk ⋅ ℑ ⋅ qk = 0 (30)
Na forma expandida a equação (30) fica da forma
 Z p Zm Zm  1    q1k  0
  
 Z m Zp Z m  − λk ⋅  1   ⋅ q2 k  = 0 (31)
 Z Zm Z p   1   q3k  0
 m
Ou ainda
Z p − λk Zm Z m   q1k  0
 
 Zm Z p − λk Z m  ⋅ q2 k  = 0 (32)
 Zm Zm Z p − λk   q3k  0

A equação (32) é um sistema linear e homogêneo, de três
equações e três incógnitas (q1k, q2k e q3k). Existe ainda uma quarta
incógnita, pois também não se conhece o valor de λk . No entanto,
para que um sistema homogêneo possua solução diferente da
trivial é necessário que
~
( ~
det Z F − λk ⋅ ℑ = 0 ) (33)

16
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

Ou de forma expandida que

Z p − λk Zm Zm
Zm Z p − λk Zm =0 (34)
Zm Zm Z p − λk

Ou seja

(Z p − λk ) + 3 Z m3 − Z m2 (Z p − λk ) = 0
3
(35)

A equação (35) é uma equação do terceiro grau em λk. Desta


forma, vão existir três raízes dadas por

 λ1 = Z p + 2Z m

 λ2 = Z p − Z m (36)

 λ3 = Z p − Z m
O leitor pode substituir estes valores na equação (35) acima de
forma a certificar que são realmente as suas raízes. Estas raízes
~
são conhecidas como os autovalores da matriz Z F .

Substituindo o primeiro autovalor no sistema linear homogêneo


expresso na equação (32) tem-se que
Z p − (Z p + 2Z m ) Zm Zm   q11  0

 Z m Z p − (Z p + 2 Z m ) Z m
    
 ⋅ q21  = 0 (37)

 Zm Zm Z p − (Z p + 2Z m ) q31  0

Ou seja

− 2 Z m Zm Z m   q11  0
 Z − 2Z m Z m  ⋅ q21  = 0
 m (38)
 Z m Zm − 2Z m  q31  0

17
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

Ou ainda

− 2 1 1   q11  0
 1 − 2 1  ⋅ q  = 0
   21    (39)
 1 1 − 2 q31  0

Finalmente
− 2q11 + q21 + q31 = 0

 q11 − 2q21 + q31 = 0 (40)
 q + q − 2q = 0
 11 21 31

A solução para este sistema é


q11 = q21 = q31 (41)

Substituindo o segundo autovalor (ou o terceiro, visto que são


iguais) na mesma equação (32), tem-se que
Z p − (Z p − Z m ) Zm Zm   q12  0

 Z m Z p − (Z p − Z m ) Z m
    
 ⋅ q22  = 0 (42)

 Zm Zm Z p − (Z p − Z m ) q32  0

Ou seja

Zm Zm Z m   q12  0


Z Zm Z m  ⋅ q22  = 0
 m (43)
 Z m Zm Z m  q32  0

Ou ainda

1 1 1  q12  0
1 1 1 ⋅ q  = 0
   22    (44)
1 1 1 q32  0

18
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

Finalmente
 q12 + q22 + q32 = 0

 q12 + q22 + q32 = 0 (45)
 q + q + q =0
 12 22 32

A solução para este sistema é


q12 + q22 + q32 = 0 (46)

ou seja, quaisquer três valores que somados se anulem. Para o


terceiro autovalor tem-se a mesma solução, ou seja
q13 + q23 + q33 = 0 (47)
~ ~
Assim, a matriz Q que diagonaliza Z F deve ser montada por
autovetores justapostos tais que

 q11 = q21 = q31



 q12 + q22 + q32 = 0 (48)
q + q + q =0
 13 23 33

ou seja, os elementos da primeira coluna devem ser iguais e os


elementos das outras colunas devem ter soma nula. A equação
(48) mostra que a matriz de transformação de componentes
simétricas, ou de Fortescue, estudada na unidade anterior, atende
às três condições mostradas acima uma vez que ela é da forma

1 1 1
~
Q = 1 a 2 a  (49)
1 a a 2 

A equação (48) mostra também que na verdade, existem infinitas


~
transformações de similaridade que diagonalizam a matriz Z F ,
quando ela é equilibrada. Entre as mais conhecidas destacam-se,
para uso em sistemas de potência, as seguintes:

19
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

(b.1) Transformação de Fortescue (ou Componentes Simétricas)


1 1 1 1 1 1
~  ~ −1 1 
Q = 1 a 2 a  ⇒ Q = 1 a a 2  (50)
3
1 a a 2  1 a 2 a 
(b.2) Transformação de Clarke (ou αβ0)
 
1 1 0  1 1 1 
~ ~ −1 1 
Q = 1 − 1 3  ⇒ Q = 2 − 1 − 1 
 2 2  3 (51)
1 − 1  0 3 − 3 
 − 3 
2 2
(b.3) Transformação de Karrembauer
1 1 1  1 1 1 
~  ~ −1 1 
Q = 1 − 2 1  ⇒ Q = 1 − 1 0  (52)
3
1 1 − 2 1 0 − 1
(b.4) Transformação de Clever

1 1 1   1 11 
~ ~ 1 
Q = 1 0 − 2  ⇒ Q −1 =  3 −3 
0 (53)
3 2 2
1 − 1 1  1 −1 1 
 2 2 
A equação (53) foi colocada neste texto apenas para provocar a
devida polêmica, pois a efetividade de uma dada transformação de
similaridade depende de vários fatores tais como facilidade para
interpretação física, simplicidade das operações e o fato de serem
ou não ortogonais. Mas, para quaisquer das transformações
anteriores e para outras possíveis que atendam às equações (48),
a matriz das impedâncias modais vai ser sempre da forma
 Z p + 2Z m 
~  
ZM =  Z p − Zm  (54)
 Z p − Z m 

~
ou seja, cada um dos elementos é um autovalor de Z F .
20
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

EXEMPLO : Resolver o circuito mostrado abaixo utilizando a teoria


apresentada nesta unidade, admitindo-se que:

(a) o gerador fornece tensões equilibradas de 100 V eficazes e que


Zg = j 1 Ω, ZLP = j 3 Ω, ZLM = 0 Ω e ZC = j 3 Ω;

(b) ídem (a), mas com ZLM = j 1 Ω;

(c) ídem (b), mas com EC = 0 V.

21
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

5. Representação de Grandezas em Por Unidade (PU)


5.1. Introdução
Por definição, uma grandeza em pu tem a seguinte forma:

Grandeza Elétrica
Valor (pu) =
Valor Base

Grandeza Elétrica Símbolo Dimensão Unidade


Corrente I [I] ampère
Tensão V [V] volt
Potência Complexa S [ VI ] volt-ampère
Impedância Z [ V/I ] ohm
Ângulo de Fase θ,φ,δ - radiano
Tempo t [T] segundo

• Em RPS não é necessário explicitar o tempo.


• O ângulo de fase é adimensional, não necessitando de valor
base.
• Restam então quatro grandezas, assim relacionadas:
Conclusão
S& = V& . &I* Conhecendo-se duas, as outras duas ficam

& &I automaticamente determinadas. Assim, é necessário
 Z& = V especificar apenas duas grandezas base.
• Geralmente os valores base são escolhidos reais para evitar
operações com números complexos.
• VANTAGENS:

(a) facilidade na comparação dos valores;


(b) eliminação dos trafos ideais;
(c) menores erros de aproximação;
(d) menor confusão (grandezas de linha / de fase);
(e) valores típicos de impedâncias para equipamentos.

22
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

• FORMULÁRIO PARA CIRCUITOS MONOFÁSICOS


Usualmente são escolhidas ou fornecidas a Potência Base e a
Tensão Base. Desta maneira tem-se:

Potência Base Sb [VA] Sb [MVA] MVAb


Tensão Base Vb [V] Vb [kV] kVb

A determinação das outras bases é da forma

Corrente Base

 Sb [VA]
I [ A] =
 b
 Vb [V ]

 I [kA] = Sb [MVA]
(55)
MVAb
⇒ kI b =
 b Vb [kV ] kVb

Impedância Base

 Vb [V ] Vb [V ]2
 Z b [Ω] = =
I b [ A] Sb [VA]


Vb [kV ]2
(56)
 Z [Ω] = kVb2
⇒ Z b [Ω] =
 b Sb [MVA] MVAb

23
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

5.2. Formulário para Circuitos Trifásicos


Para circuitos trifásicos equilibrados são válidas as seguintes
equações (em módulo):

VΦΦ = 3 VΦN
VΦΦ
S 3Φ = 3 S1Φ = 3VΦN I = 3 I = 3 VΦΦ I
3
2
(57)
 VΦΦ 
2   2
V V ⋅V V V
= 
3
Z = Φ N = Φ N Φ N = ΦN = ΦΦ
I VΦN ⋅ I S1Φ S 3Φ S 3Φ
3

Usualmente são fornecidos a Potência Base Trifásica (Sb3φ) e a


Tensão Base de Linha ( Vbφφ ).

Potência Base Trifásica Sb3Φ [VA] Sb3Φ [MVA] MVAb3Φ


Tensão Base de Linha VbΦΦ [V] VbΦΦ [kV] kVbΦΦ

No entanto pode-se utilizar a Potência Base por Fase (Sb1φ) e a


Tensão Base de Fase (VbφΝ). Assim

Potência Base Monofásica Sb1Φ [VA] Sb1Φ [MVA] MVAb1Φ


Tensão Base de Fase VbΦΝ [V] VbΦΝ [kV] kVbΦΝ

onde os valores base por fase se relacionam com os valores base


trifásicos por

 S b 3Φ
S
 b1Φ =
3 (58)

VbΦN = VbΦΦ
 3

24
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

A determinação dos outros valores base é feita utilizando-se as


equações (57) e (58), ou seja:
Corrente Base

 S b1Φ [MVA] MVA b1Φ


 bI [kA] = ⇒ kI b =
 VbΦN [kV ] kVbΦN
 (59)

 S [MVA] MVAb 3Φ
 I b [kA] = b 3Φ ⇒ kI b =
 3 VbΦΦ [kV ] 3 kVbΦΦ

Impedância Base

VbΦN [kV ]2
2
 kVbΦN
 Z b [Ω] = ⇒ Z b [Ω] =
 Sb1Φ [MVA] MVA b1Φ
(60)

 VbΦΦ [kV ]2 kVbΦΦ
2
 Z b [Ω] = ⇒ Z b [Ω] =
 Sb 3Φ [MVA] MVA b 3Φ

5.3. Mudança de Base


Algumas vezes deseja-se expressar uma impedância em pu,
originariamente referida a um certo par de bases, para um outro
par de bases. Isto é feito sabendo-se que o valor ôhmico desta
impedância é único, ou seja
Z [Ω] = Z [Ω] (61)

Expressando-se o valor ôhmico desta impedância em pu, para as


duas impedâncias bases distintas Zb2 e Zb1 vem que
Z 2 ( pu ) ⋅ Z b 2 = Z1 ( pu ) ⋅ Z b1 (62)

25
Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

Ou seja

Z b1
Z 2 ( pu ) = Z1 ( pu ) ⋅ (63)
Zb2
Substituindo as expressões para Zb2 e Zb1 em (63) tem-se que
2 2
kVb 2 kVb1
Z 2 ( pu ) ⋅ = Z1 ( pu ) ⋅ (64)
MVA b 2 MVA b1
Rearranjando os termos resulta finalmente que

2
 kV  MVA b 2
Z 2 ( pu ) = Z1 ( pu ) ⋅  b1  ⋅ (65)
 kVb 2  MVA b1
A equação (65) acima mostra que o valor em pu da impedância no
novo par de bases 2 é inversamente proporcional ao quadrado da
nova tensão base e diretamente proporcional à nova potência
base.

26
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

UNIDADE IV
PARÂMETROS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

1- INTRODUÇÃO


OBJETIVOS DO ESTUDO MODELO

CARACTERÍSTICAS DOS MATEMÁTICO


ELEMENTOS

TNA → circuitos equivalentes reduzidos


EXEMPLOS
COMPUTADOR DIGITAL → representação
matricial

HISTORICAMENTE EXISTEM 2 SISTEMAS DE REFERÊNCIA:

~ ~ ~ ~
Z S =Q −1 .Z F .Q
COMPONENTES   
→ COMPONENTES

DE FASE ~ ~ ~ ~
Z F =Q .Z S .Q −1
DE SEQUÊNCIA
←  


TRANSFORMADORES
E
GERADORES
⇒ MODELOS EM
COMPONENTES
SIMÉTRICAS

LINHAS
DE
TRANSMISSÃO
⇒ MODELOS EM
COMPONENTES
DE FASE

1
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

2- EQUAÇÃO DE ONDA PARA UMA LT

EM LT's EXISTEM DOIS EFEITOS PRINCIPAIS:

(a) VARIAÇÃO DE TENSÃO AO LONGO DA LINHA devido à


circulação de uma corrente elétrica por ela.

(b) VARIAÇÃO DA CORRENTE AO LONGO DA LINHA devido às


perdas de corrente para a terra, em virtude da ddp existente
entre a linha e a terra.

Fig. 1 – Variação da tensão ao longo da LT Fig. 2 – Variação da corrente ao longo da LT

V − (V + ∆V ) = I .Z .∆x I − (I + ∆I ) = V .Y .∆x
∆V ∆I
= − Z .I = −Y .V
∆x ∆x
∆V ∂ V ∆I ∂ I
lim = = − Z .I lim = = −Y .V
∆x → 0 ∆x ∂ x ∆x →0 ∆x ∂ x
onde Z é a impedância longitudinal onde Y é a admitância transversal
(ou série) unitária dada por (ou paralela) unitária dada por

Z = R + j ω L [Ω km] Y = G + j ω C [S km]

2
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

3. CÁLCULO DOS PARÂMETROS DE UMA LT

3.1. INTRODUÇÃO

∂V ∂I
= − Z .I = −Y .V
∂ x ∂ x

onde onde

Z = R + jω L [Ω km ] Y = G + jω C [S km ]

denominada denominada

“Impedância Longitudinal “Admitância Transversal (ou


(ou série) Unitária” shunt, ou paralela) Unitária”

(A) HIPÓTESES SIMPLIFICADORAS INICIAIS

(a) solo plano e homogêneo (ρ = cte)

(b) condutores paralelos ao solo e entre si

(c) desprezados os efeitos das torres

(d) desprezados os efeitos da terra (inicialmente)

(e) condutores pára-raios de µ = cte

3
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

(B) TIPOS DE CONDUTORES

; Simples : denominados fios

; Compostos : denominados cabos

Homogêneos AAC : all aluminum conductor (CA)

AAAC : all aluminum alloy conductor

Não Homogêneos ACSR : aluminum conductor steel


reinforced (CAAA)

ACAR : aluminum conductor alloy


reinforced

; Múltiplos

4
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

3.2. IMPEDÂNCIA LONGITUDINAL DE UMA LT

Z = R + jω L [Ω km]

R : Resistência Longitudinal Unitária


onde:
L : Indutância Longitudinal Unitária

A - RESISTÊNCIA LONGITUDINAL UNITÁRIA

Resistência em corrente contínua ( RDC )

l RDC ρ
RDC = ρ [Ω] ⇒ = [Ω km] (1)
A l A
Resistência em corrente alternada ( RAC )

• Consulta a tabelas : (Tabelas A3 e A4)

Variação da resistência com a temperatura

MATERIAL T (°C)
Cobre -234,5
Alumínio -228,0

R2 t2 − T t −T
= ⇒ R2 = 2 R1 (2)
R1 t1 − T t1 − T
Fig. 3 – Variação da resistência com a temperatura
para o cobre e o alumínio.

5
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

EXEMPLO: QUAL A INFLUÊNCIA DO EFEITO PELICULAR A 60 Hz


SOBRE A RESISTÊNCIA DO CONDUTOR MARIGOLD A 20 °C ?

DADOS DE TABELA 1.113.000 CM; 61 fios


DO CABO AAC RDC (20 °C) = 0,01558 Ω /1000 pés
MARIGOLD RAC (50 °C) = 0,0956 Ω /milha

RAC (20°C )
NA REALIDADE, O QUE SE ESTÁ PEDINDO É A RELAÇÃO R (20°C )
DC

0,01558
RDC (20°C ) = = 5,1115 × 10 −5 [Ω m]
1000 × 0,3048

R AC (20°C ) 20−T
= onde T = −228 oC
R AC (50°C ) 50−T

20 + 228 0,0956
R AC (20°C ) = × = 5,2993 × 10 −5 [Ω m]
50 + 228 1609,344

R AC (20°C ) 5,2993 x10 −5


= = 1,0367
RDC (20°C ) 5,1115 x10 −5

EFEITO PELICULAR causa um aumento de 3,67 % na resistência

1 pé = 1' = 0,3048 m
1 milha = 1,609 km
1 pol = 1" = 2,54 cm
1 mil = 0,001 pol
1 CM = área do círculo com 1 mil de diâmetro
= 5,067 mm2

6
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

B - INDUTÂNCIA LONGITUDINAL UNITÁRIA

1. Indutância de um condutor cilíndrico, maciço e homogêneo de


material não magnético

(3)
LTOTAL = LINT + LEXT
onde

LTOTAL ⇒ Indutância total

LINT ⇒ Indutância devido ao enlace de fluxo interno

LEXT ⇒ Indutância devido ao enlace de fluxo externo

Roteiro de Cálculo

H → B → φ → ψ →L

ψ
ψ L L
ψ = Li ⇒ = i ⇒ = l
l l l i

7
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

(a) INDUTÂNCIA DEVIDO AO ENLACE DE FLUXO INTERNO

n Intensidade de Campo Magnético (H)


(LEI DE AMPERE)
r r
H,Ψ r r
∫ H .d l = ienv
π r2
l H .2π r = i (4)
dr r π R2 T
r
R
H= iT [A.esp]
2 π R2
Fig. 4 – Campo magnético interno a um condutor

o Densidade de Campo Magnético ( B )


µ 0 r iT
B = µ0 H ⇒ B =
2π R 2
[Wb/m ]2 (5)

p Fluxo Magnético ( φ )

φ = ∫ B.dS ⇒ dφ = B.dS = B.l.dr ⇒ = B.dr
S
l
(6)
dφ µ 0 iT
= .r.dr [Wb/m]
l 2π R 2
q Enlace de Fluxo Magnético ( Ψ )
dψ dφ π r 2 dψ µ 0 iT tr 3
= ⇒ = dr [Wb.esp m]
l l π R2 l 2π R 4
(7)
µ 0 iT  r 4  µ 0 iT
R
ψ R
µ 0 iT 3
=∫ r dr =   =
l 2π R 4 2π R 4  4 0  8π
0  
r Indutância ( L )
L ψ l µ 0 4π × 10 −7 10 −7
LINT = = = = = [H/m ] (8)
l iT 8π 8π 2

8
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

(b) INDUTÂNCIA DEVIDO AO ENLACE DE FLUXO EXTERNO

D1

iT
D2
r r
H,Ψ
r

2R
dr l

Fig. 5 – Campo magnético externo a um condutor

n Intensidade de Campo Magnético (H)


(LEI DE AMPERE)

r r iT
∫ H .d l = ienv ⇒ H .2π r = iT ⇒ H= [A.esp ] (9)
2π r

o Densidade de Campo Magnético (B)

µ0 iT
B = µ0 H ⇒ B=
2π r
[Wb/m ] 2
(10)

p Fluxo Magnético (Φ )

dφ = B . dS = B . l . dr ⇒ = B . dr
l
dφ µ i (11)
= 0 T . dr [Wb m]
l 2π r

9
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

q Enlace de Fluxo Magnético (Ψ )

dψ µ i
= 0 T dr [Wb.esp m] (12)
l 2π r

considerando o enlace de fluxo de D1 a D2

ψ 12
D2
dψ 2D
µ i µ i  D  (13)
l
= ∫
D1
l
= ∫ 0 T dr = 0 T
D1
2π r 2π
 ln r 2 

 D1 
ψ 12 µ 0 iT D
= ln 2 [Wb.esp m]
l 2π D1

r Indutância (L)

A indutância devido ao fluxo externo, de D1 até D2 é

L12 ψ l µ 0 D2
= 12 = ln [H/m ] (14)
l iT 2π D1

A indutância devido a todo fluxo externo ao condutor até um


ponto P qualquer, distante DP do centro do condutor é então:

µ0 D D
LEXT = ln P = 2 × 10 − 7 ln P [H/m ] (15)
2π R R

10
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

(c) INDUTÂNCIA TOTAL

µ 0 µ 0 DP µ 0  1 D 
LTOTAL = + ln =  + ln P  (16)
8π 2π R 2π  4 R 

ou seja

1
µ  1 D p  µ0 D p ⋅ e 4
LTOTAL = 0  ln e 4
+ ln  = ln (17)
2π  R  2π R

ou ainda

µ0 Dp
LTOTAL = ln (18)
2π −1
R⋅e 4

−1
Definindo um raio corrigido R ' = R e 4
= 0,7788 R temos

µ0 D
LTOTAL = ln P [H/m ] (19)
2π R'

NOTA: A indutância total de um condutor de raio R


corresponde à indutância devida somente ao fluxo
externo de um condutor de raio R = R e-1/4.

11
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

2. Matriz das Indutâncias Longitudinais de um Grupo de


Condutores Cilíndricos e Homogêneos, onde Σ i=0
i1
D1
D13
D2 i3 D3
1 D23 P n
i2 D2P
∑i
k =1
k =0
D1n
D3n
DnP ψ até um certo ponto P
D2n

in
Fig. 6 – Enlace de Fluxo devido a um conjunto de condutores onde ∑i = 0

Foi mostrado no item anterior que o fluxo que enlaça um condutor


de raio R, percorrido por uma corrente i, considerando uma região
que vai até um certo ponto P qualquer é dado por
µ D 
ΨTOTAL = ΨINT + ΨEXT =  0 ln P  i (20)
 2π R' 
Quando existe mais de um condutor, é necessário calcular o fluxo
que enlaça cada um deles, somando o fluxo criado pelo próprio
condutor com os criados pelos restantes. Como exemplo,
calculando o fluxo que enlaça o condutor 1, mostrado na figura
acima, fica

Fluxo que enlaça o condutor 1


Devido à corrente Expressão para o
Comentário
no condutor enlace de fluxo
µ D  Fluxo devido à
1 Ψ11 =  0 ln 1'P  i1
 2π R1  corrente i1
. . .
. . .
. . .

µ D  Fluxo devido à
n Ψ1n =  0 ln nP  in
 2π Dn1  corrente in

12
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Assim, o enlace de fluxo total do condutor 1 é:

Ψ1 = Ψ11 + Ψ12 + L + Ψ1n (21)

ou seja

µ0  D1P D2 P DnP 
Ψ1 = i
1 ln + i ln + L + i ln  (22)
2π ' 2 n
 R 1 D21 Dn1 

ou ainda

µ  1 1 1 
Ψ1 = 0  i1 ln ' +i 2 ln + L + in ln +
2π 
 R1 D21 Dn1 
(23)
+ (i1 ln D1P + i2 ln D2 P + L + i(n −1) ln D(n −1)P + in ln DnP )]
n

mas por hipótese, ∑i


k =1
k = 0 , ou seja

i1 + i2 + L + in −1 + in = 0 ⇒ in = −i1 − i2 − L − in −1 (24)

então

µ0  1 1 
Ψ1 = 
 1 i ln + L + i ln +
2π 
 R ' n
D 
n1 
(25)
1

+ (i1 ln D1P + ... + in −1 ln Dn −1P ) − (i1 ln DnP + L + in −1 ln DnP )]

ou seja

µ0  1 1   D1 p D(n −1 p ) 
Ψ1 = 
 1i ln + L + i ln  + i ln + L + i ln  (26)
2π R1' n 
Dn1    1
Dnp
n −1
Dnp 


13
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Quando P tender a infinito DiP DnP com ( i = 1,2,...,n-1) tende a 1 e

 DiP 
lim ln
P→∞  D
=0
nP 
para i = 1, 2 , L , n-1
(27)

e deste modo
µ0  1 1 1 
Ψ1 =  i1 ln ' + i2 ln +L+ in ln 
2π  R1 D21 Dn1  (28)

Escrevendo na forma matricial para todos n condutores resulta


  1  
 1
 ln R '  ln D12 
 L ln 1 
 Ψ1   D1n    i1 
  1
Ψ     i2 
  
 2  = µ 0 ln 1 D  ln 1 R '  L ln 1   
 M  2π   21   2  D2 n    M  (29)
M M O M 
    
Ψ
 n ln 1  ln 1   1   in 
  D  L ln ' 
  Dn1   n2   Rn  
Que com notação condensada é da forma
~
Ψ = L.i (30)

ou seja, tem-se uma matriz associada ao feixe de condutores,


dada por

  1  
 1
 ln  R '  ln  D12 
 L ln  1 
 D1n  
  1

~ µ 0 ln  1  ln  1  
L ln  1  
  [H m]
L=   D21   R2' 

 D2 n   (31)
2π  
M M O M
  1  
ln  1  ln  1
  D 
 L ln  ' 
  D n1   n2   Rn  

A matriz acima sem o coeficiente µ0 / 2π é conhecida como matriz


~
dos coeficientes de campo F .
14
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

~
De maneira mais simples e até "abusada", a matriz L vai ser
escrita neste texto como

 1 1 L 1 
 R'
1
D12 D1n 
 1 1 ' L 1 
~
L = 0,2 ln  D21 R2 D2 n  [mH km] (32)
 M M O M 
 
 1 1 L 1 ' 
 Dn1 Dn 2 Rn 

Observações Importantes:
~
[]
(a) Notar que ln A = [ln aij ] se e somente se A é diagonal. No
~

entanto, será utilizada neste texto esta notação para fins de


simplificação.
(b) Será utilizado como coeficiente multiplicador da matriz dos
coeficientes de campo tanto 0,2 (para indutância em mH/km)
quanto 2 x 10-7 (para indutância em H/m) ou µ0 / 2π, cabendo
ao leitor identificar a unidade utilizada.

3. Matriz Indutância Longitudinal e Indutância Total de uma


LT monofásica a 2 fios

Trata-se de uma situação


particular do item anterior,
onde n = 2.

Assim sendo
~
Fig. 7 – LT monofásica a dois fios. ψ =L i (33)

15
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

ou seja
 1 1 
 ψ1   L11 L12   i1  µ0  R' D12   i1 
ψ  =  L    = ln  1  i  (34)
 2   21 L22  i2  2π  1 1   2
 D21 R2' 

Desta forma, as indutâncias próprias de cada um dos condutores,


respectivamente L11 e L22, e as mútuas entre os condutores, L12 e
L21, sendo L12 = L21, são dadas por

 1
 L11 = 0, 2 ln [mH / km]
R1'

 1
 L11 = 0,2 ln ' [mH / km] (35)
 R2
 1
 L12 = L21 = 0,2 ln [mH / km]
 D
sendo D12 = D21 = D. Efetuando a multiplicação matricial em (34)
resulta em

 µ0  1 1 
 Ψ1 = L11 i1 + L12 i2 =  i1 ln ' + i2 ln 
 2π  R1 D 12 
 (36)
Ψ = L i + L i = µ0  1 1 
 i1 ln + i2 ln ' 
 2 21 1 22 2
2π  D21 R2 

Analisando inicialmente para o fluxo Ψ1 fica

 1 1  (37)
Ψ1 = L11 i1 + L12 i2 = 2 × 10 −7  i1 ln ' + i2 ln 
 R1 D12 

mas como

i1 = i e i2 = −i ⇒ i1 = −i2 (38)

16
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

então a equação (37) fica como

 1 1  D
Ψ1 = (L11 − L12 )i1 = 2 ×10 − 7 i1 ln ' − ln  = 2 ×10 − 7 i1 ln 12' (39)
 R1 D12  R1

Escrevendo a equação (39) para o condutor 2 tem-se que

 1 1  D
Ψ2 = (L22 − L21 ) i2 = 2 × 10− 7 i2  ln ' − ln  = 2 × 10− 7 i2 ln 21' (40)
 R2 D21  R2

Chamando de Li a indutância que relaciona o fluxo Ψi com a


corrente ii , tem-se das equações (39) e (40) que

 Ψ1 D
L =
 1 i = L11 − L12 = 0, 2 ln '
[mH / km]
 1 R1

 L = Ψ2 = L − L = 0,2 ln D [mH / km] (41)
 2 i2 22 21
R2'

Nas equações (41) acima, L1 e L2 recebem o nome de indutâncias


aparentes dos cabos 1 e 2 respectivamente A figura 8 a seguir
esclarece os conceitos de indutância própria (L11 e L22), mútua (L12 e
L21) e aparente (L1 e L2) relacionadas a uma LT monofásica a dois
fios.

Fig. 8 – Indutâncias próprias, mútuas e aparentes de uma LT monofásica a dois fios.

17
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

O fluxo total enlaçado pela linha, ou seja, a parcela de fluxo que se


encontra entre os condutores 1 e 2, vai ser (o leitor deve verificar
que os enlaces de fluxo Ψ1 e Ψ2 possuem sentidos contrários na
região entre os dois condutores da linha)
 D D 
Ψ = Ψ1 − Ψ2 = L1i1 − L2 i2 = 2 × 10 −7  i1 ln 12' − i2 ln 21'  (42)
 R1 R2 
Como i1 = i , i2 = - i e D12 = D21 = D resulta de (42) que

 D D  D2 
Ψ = (L1 + L2 ) i = 2 × 10  i1 ln ' − i2 ln '  = 2 × 10 i ln ' ' 
−7 −7
(43)
 R1 R2   R1.R2 

A constante que relaciona o fluxo total enlaçado pela linha de


transmissão com a corrente da LT monofásica a dois fios na
equação (42) é chamada de indutância de serviço LS desta LT, ou
seja,

Ψ  D2   D 
LS = = 2 × 10 ln ' '  = 4 × 10− 7 ln
−7 
(44)
i  R1.R2   R' .R' 
 1 2 

Utilizando as equações (41) e o fato de L12 e L21 serem iguais,


pode-se escrever também que

Ψ
LS = = L1 + L2 = L11 + L22 − 2 L12 (45)
i

A figura 9 a seguir apresenta circuitos equivalentes de uma LT


monofásica a dois fios de forma a esclarecer o conceito de
indutância de serviço.

Fig. 9 – Indutância de serviço de uma LT monofásica a dois fios.

18
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Para LTs que possuam os condutores 1 e 2 iguais, ou seja, quando


R1' = R2' = R ' (caso muito comum em linhas de transmissão),
tem-se de (44) que

−7 D2 D
LS = 2 × 10 ln = 4 × 10 − 7 ln (46)
(R )' 2 R'

Considere agora a figura 10 abaixo onde estão presentes duas


bobinas acopladas magneticamente com polaridade subtrativa,
sendo L11 e L22 as indutâncias próprias destas bobinas e L12 = L21 a
indutância mútua entre elas.

+ ∆v –
i1 = i 1
+ L11
∆v L12
L2
– 2

i2 = -i + ∆v –
Fig. 10 – Bobinas acopladas magneticamente.
2

Para este circuito pode-se escrever que

 di1 di2

 1v = L11 + L12
dt dt
 (47)
 ∆v = L di1 + L di2
 2 12
dt
22
dt
A queda de tensão total nas duas bobinas ∆v vai ser

∆v = ∆v1 − ∆v2 (48)

19
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

ou seja

 di di   di di  (49)
∆v =  L11 1 + L12 2  −  L12 1 + L22 2 
 dt dt   dt dt 

Mas i1 = i e i2 = -i, então


di di di di (50)
∆v = L11 − L12 − L12 + L22
dt dt dt dt
ou seja

di
∆v = (L11 + L22 − 2 L12 ) (51)
dt
ou ainda

di (52)
∆v = LS
dt
onde

LS = L11 + L22 − 2 L12 (53)

Comparando as equações (53) e (45) nota-se que uma LT


monofásica a dois fios se comporta como duas bobinas ligadas
em série com acoplamento magnético subtrativo mostrado na
figura 10.

20
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

LEMBRETES
BOBINAS ACOPLADAS MAGNETICAMENTE

SUBTRATIVA
(mais
utilizada)

Fig. 11 – Bobinas acopladas magneticamente com polaridade subtrativa.

ADITIVA
(utilizada em
pequenos
trafos
monofásicos)

Fig. 12 – Bobinas acopladas magneticamente com polaridade aditiva.

TESTES PARA VERIFICAR POLARIDADE

Fig. 13 – Testes para determinar polaridades de bobinas acopladas magneticamente.

21
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

4. Indutância de um cabo X com n filamentos idênticos pertencente a


uma linha com outro cabo Y com m’ filamentos idênticos

Fig. 14 – LT monofásica a dois cabos.

Trata-se de um arranjo de condutores onde ∑i=0. Desta forma


pode ser escrito que

 1 ' L 1 | 1 L 1 
 Ψa   Ra Dan Daa ' Dam '   ia 
 M   M O M | M O M   M 
   1 1 ' 1 1   
 Ψn   Dna L | L   i 
Rn Dna ' Dnm ' n
      (54)
− − − = 2 × 10 ln  − − − −−− −−− −−− −−− − − − − − − −  ⋅ − − −
−7

 Ψa '  1 1 | 1 ' 1   
Da 'm '   ia ' 
L L
   Da 'a Da 'n Ra '
 M   M O M | M O M   M 
Ψ  1 1 1 1 '   im ' 
 m'   Dm 'a L | L
 Dm 'n Dm 'a ' Rm ' 

Desta forma, o enlace de fluxo da fase a vai ser dado por

i   iY  1  (55)
Ψa = 2 × 10 − 7  X  ln 1 ' + L + ln 1  +  ln + L + ln 1
n Ra Dan  m'  Daa ' Dam ' 

ou seja

  1   1 
Ψa = 2 ×10 i X ln
 −7  + i ln  (56)
  n R' D LD  Y  m D LD 
  a ab an   aa ' am ' 

22
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Definindo na equação (56)

 DMG ∆ n
Ra' Dab L Dan

aX
(57)
 DMGaY ∆ m
Daa ' Dab ' L Dam '

onde DMGaX e DMGaY são as distâncias médias geométricas do


filamento a aos cabos X e Y respectivamente, as equações (54)
podem ser escritas como

   1   1 
 X   + iY ln 
−7
Ψ
 a = 2 × 10 i ln
   DMGaX   DMGaY 

 M M M (58)

Ψ = 2 ×10−7 i ln 1   1
 + iY ln


 n X 
   DMGnX   DMGnY 

Considerando o enlace de fluxo do cabo X como a média dos


enlaces de fluxo de cada um de seus filamentos vem que

Ψa + Ψb + L + Ψn
ΨX = ΨX = (59)
n
Desta forma

  1   1 
ΨX = 2 × 10 −7 i X ln  + iY ln  (60)
  n DMG L DMG   n DMG L DMG 
 aX nX   aY nY 

Definindo
 RMGX ∆ n
DMGaX DMGbX L DMGnX
 (61)
 DMGXY ∆ n
DMGaY DMGbY L DMGnY

23
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

onde RMGX é o raio médio geométrico do cabo X e DMGXY é a


distância média geométrica entre os cabos X e Y, a equação (60)
pode ser escrita como
  1   1 
ΨX = LXX i X + LXY iY = 2 ×10 −7 i X ln + iY ln  (62)
  RMGX   DMGXY 
De maneira análoga para o cabo Y resulta que
  1   1 
ΨY = LYX i X + LYY iY = 2 ×10−7 i X ln + iY ln  (63)
  DMGYX   RMGY 
Reescrevendo as duas últimas equações de maneira simples e
"abusada", vem que

 1 1 
ΨX   LXX LXY  iX   RMG DMGXY  iX 
Ψ = L  ⋅   = 2 × 10 − 7 ln  X
⋅ (64)
 Y   YX LYY   iY   1 1   iY 
 DMGYX RMGY 

ou seja

 1 1 
~ L LXY   RMG DMGXY 
L =  XX  = 0, 2 ln  X
 [mH / km] (65)
 LYX LYY   1 1 
 DMGYX RMGY 

Como iX = - iY , resulta que


  DMGXY 
 ΨX = (LXX − LXY ) iX = 2 × 10 i X ln 
−7

  RMGX 
 (66)
 Ψ = (L − L ) i = 2 × 10 − 7 i ln DMGYX 
 Y YY YX Y Y  RMG 
  Y 

24
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Como antes, podem ser definidas as indutâncias aparentes dos


cabos X e Y como a relação entre o fluxo Ψ e a corrente i para cada
um dos cabos, ou seja

  DMGXY 
L
 X = L XX − L XY = 0, 2 ln   [mH / km]
  RMGX 

 L = L − L = 0,2 ln DMGYX  (67)
 Y YY YX  RMG  [mH / km]
  Y 

Como no item 3, para o caso de LT monofásica a dois fios, o fluxo


total enlaçado pelos dois cabos vai ser

 DMGXY 
Ψ = ΨX − ΨY = (LX + LY ) i = 4 × 10 − 7 i ln  (68)
 RMG RMG 
 X Y 
Desta forma, a indutância de serviço da LT a dois cabos vai ser
dada por

 DMG XY 
LS = LX + LY = 0,4 ln   [mH / km] (69)
 RMG X RMGY 

NOTAS
(a) Comparando com os resultados do ítem 3, referente a con-
dutores simples, vê-se que as relações coincidem, se forem
trocados R' por RMG e D por DMG.
(b) Desta forma, as indutâncias aparentes por fase e de serviço
de LT's a dois cabos são análogas às das LT's a dois fios.

25
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

5. Indutância de uma Linha de Transmissão Monofásica a dois fios


com retorno pelo solo considerado ideal (ρ = 0)

A figura 15 abaixo mostra que, se for utilizado o Método das


Imagens, a LT monofásica a dois fios com solo ideal torna-se um
caso onde ∑ i = 0

Fig. 15 – LT monofásica a dois fios em solo ideal.

Desta forma, os enlaces de fluxo dos condutores 1 e 2 e de suas


imagens 1’ e 2’ podem ser expressos por

 1 1 1 1 
 R1' D11' D12 D12' 
 Ψ1  i 
Ψ   1 1 ' 1 1   1
 1'  = 2 × 10− 7 ln  D1'1 R1' D1'2 D1'2 '   i1' 
 Ψ2   1 1 1 ' 1 ⋅ i  (70)
   D21 D21' R2 D22'   2 
Ψ2 '   1 1 1 1 '  i2 ' 
 D2 '1 D2 '1' D2 '2 R2 ' 

26
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Substituindo os termos Dii' referentes às distâncias de cada um


dos condutores à sua própria imagem por Hi e os termos Dik'
relativos às distâncias de cada um dos condutores i à imagem de
um outro condutor k por Hik , como mostra a figura anterior, resulta
que

 1 1 1 1 
 R' H1 D12 H12 
 Ψ1   1 
 1 1 1 1   i1 
Ψ   
 1'  = 2 × 10− 7 ln  H1 R1' ' H12 D12   i1' 
 1 ⋅
 Ψ2  1 1 1   i2  (71)
   
 D21 H12 R2' H 2  i 
Ψ2'   2' 
 1 1 1 1 
H D12 H2 R2' ' 
 12

Escrevendo a relação para o primeiro enlace de fluxo vem que

 1 1 1 1  (72)
Ψ1 = 2 × 10− 7  i1 ln ' + i1' ln + i2 ln + i2 ' ln 
 R1 H1 D12 H12 

Como i1 = -i1' e i2 = -i2' então

 1 1 1 1  (73)
Ψ1 = 2 × 10− 7  i1 ln ' − i1 ln + i2 ln − i2 ln 
 R1 H 1 D12 H 12 

ou seja

 H H  (74)
Ψ1 = 2 × 10− 7  i1 ln 1' + i2 ln 12  = L11 i1 + L12 i2
 R1 D12 

Repetindo o mesmo procedimento para o enlace de fluxo no


condutor 2 chega-se a

 H H  (75)
Ψ1 = 2 × 10− 7  i1 ln 12 + i2 ln '2  = L21 i1 + L22 i2
 D12 R2 

27
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

ou seja, a matriz das indutâncias longitudinais unitárias da linha


de transmissão monofásica a dois fios, considerando o solo ideal,
é da forma

 H1 H12 
 Ψ1   L11 L12   R' D12   i1 
Ψ  =  L 
−7
= 2 × 10 ln  1 ⋅ (76)
 2   21 L22   H12 H 2  i2 
 D21 R2' 

Podemos ver que ela é bastante semelhante à matriz das


indutâncias longitudinais unitárias quando não se considera a
presença do solo, diferenciando apenas devido ao aparecimento
dos termos Hi e Hij no numerador de cada um dos elementos.

Toda a formulação restante, referente ao cálculo das indutâncias


aparentes e de serviço da linha de transmissão monofásica a dois
fios considerando solo ideal é a mesma apresentada no item 3, ou
seja, as indutâncias aparentes vão ser dadas por

 L1 = L11 − L12 (77)



 L2 = L22 − L21

e a total ou de serviço por

LS = L1 + L2 (78)

28
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

6. Indutância de uma linha de transmissão trifásica com retorno


pelo solo considerado ideal (ρ = 0)
A figura 16 mostra uma linha de transmissão trifásica,
considerando o solo ideal e uma linha equivalente aplicando-se o
método das imagens.
dac
b b
Dab Dbc
a c a c
dab dbc
Dac
hb
hc Hb
ha
Ha Hc

Hac’
solo homogêneo Hab’

Da’c’
a c'
Da’b’ Db’c’
b
Fig. 16 – LT trifásica em solo ideal.

Para estas linhas de transmissão, o raciocínio é semelhante ao


anterior para linhas monofásicas a dois fios. Desta forma,
utilizando-se novamente o método das imagens, a equação de
enlace de fluxo fica

 ΨA   LAA LAB LAC  i A 


~
Ψ = L i ⇒  ΨB  =  LBA LBB LBC  iB  (79)
ΨC   LCA LCB LCC  iC 

onde
 Ha H ab H ac 
 Ra' Dab Dac 
~ H
L = 0,2 ln  ab
 Dab
Hb
R'
b
H bc 

Dbc 
[mH km] (80)
 H ac H bc Hc 
 Dac Dbc Rc 
'

29
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

7. Indutâncias Aparentes e de Serviço de Linhas de Transmissão


Trifásicas
Seja a equação genérica dos enlaces de fluxo para uma linha de
transmissão trifásica.

 ΨA   LAA LAB LAC  i A 


Ψ  =  L LBB LBC  ⋅ iB  (81)
 B   BA
ΨC   LCA LCB LCC  iC 

A expressão para o enlace de fluxo da fase a

ΨA = LAA i A + LAB iB + LAC iC (82)

Considerando o sistema equilibrado, no instante em que iA passa


pelo máximo i A(max) tem-se
 iA(max)
iA = iA(max) i =
 B C i = −
e 2
  (83)
 ΨA = ΨA(max)  Ψ = Ψ = − ΨA(max)
 B C
2
e então
 −i   −i  (84)
ΨA =ΨA(max) = LAA i A(max) + LAB  A(max)  + LAC  A(max) 
 2   2 
Rearranjando os termos e utilizando o mesmo raciocínio para as
outras duas fases, chega-se a


 ΨA (max) =

 L AA −
1
2
(L AB + L AC )
 ⋅ iA(max)


 ΨB(max) =  LBB − (LAB + LBC ) ⋅ iB (max)
 1 
 2  (85)


 ΨC (max) =  LCC − (LBC + LAC ) ⋅ iC (max)
 1 
  2 

30
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

No caso de LTs trifásicas, as indutâncias aparentes de cada uma


das fases são definidas como a relação entre o fluxo máximo e a
corrente máxima daquela fase, ou seja
 ΨA(max)
= LAA − (LAB + LAC )
1
 LA =
 iA(max) 2
 ΨB(max)
= LBB − (LAB + LBC )
 1
 LB = (86)
 iB (max) 2
 Ψ
 LC = C (max) = LCC − (LBC + LAC )
1
 iC (max) 2

O circuito equivalente da figura abaixo explica o conceito de


indutância aparente por fase

Fig. 17 – Indutâncias aparentes de uma LT trifásica.

Definindo uma média dos enlaces de fluxos máximos das três


fases como

ΨA(max) + ΨB(max) + ΨC (max) (87)


Ψ (max) ∆
3

Utilizando as equações (86) e lembrando que em sistemas


trifásicos equilibrados as correntes máximas nas três fases são
idênticas, ou seja

i A(max) = iB (max) = iC (max) = I (max) (88)

31
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

esta média dos enlaces de fluxos máximos pode ser expressa em


termos das indutâncias aparentes por fase como
 L + LB + LC  (89)
Ψ (max) =  A  ⋅ I (max)
 3 
A equação (89) fornece a expressão para a indutância longitudinal
de serviço da linha de transmissão trifásica como uma média das
indutâncias aparentes por fase, dada por

Ψ (max) LA + LB + LC 1 1
LS = = = (LAA + LBB + LCC ) − (LAB + LBC + LCA ) (90)
I (max) 3 3 3

Na equação (90) acima, nota-se que o primeiro e segundo termos


são médias aritméticas das indutâncias próprias e mútuas
respectivamente. Assim, definindo
 1
 L p = (LAA + LBB + LCC )
3
 (91)
 L m = 1 (L + L + L )
 3
AB BC CA

resulta que a indutância de serviço de uma LT trifásica pode ser


definida em função destas indutâncias médias como

LS = L p − L m (92)

O circuito equivalente a seguir explica o conceito de indutância de


serviço, obtida a partir da média aritmética das indutâncias
aparentes.

Fig. 17 – Indutância de serviço definida a partir de indutâncias aparentes de uma de uma LT trifásica.

32
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

8- Transposição de LT's Trifásicas

Fig. 18 – Transposição de LT trifásica.

No primeiro trecho temos


 Hp H 12 H 13 
 ΨA   R 'p D12 D13
 i A 
Ψ1o =  ΨB  = 2 × 10− 7 ln  D2121
H Hp H 23   
D23  B 
i (93)
 R 'p 
ΨC   H 31 H 32 Hp
 iC 
 D31 D32 Rp  
'

No segundo trecho temos


 Hp H 23 H 21 
 ΨA   R 'p D23 D21
 i A 
Ψ2 o =  ΨB  = 2 × 10 − 7 ln  D3232
H Hp H 31   
D31  B 
i (94)
 R 'p 
ΨC   H 12 H 13 Hp
 iC 
 D12 D13 R 'p 

No terceiro trecho temos

 Hp H 31 H 32 
 ΨA   R 'p D31 D32
 i A 
Ψ3o =  ΨB  = 2 × 10− 7 ln  D1313
H Hp H 12   
i (95)
 R 'p D12
  B
ΨC   H 23 H 21 Hp
 iC 
 D23 D21 R 'p 

33
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Considerando um valor médio dos enlaces de fluxos para os três


trechos como
l 1.Ψ1o + l 2 .Ψ2 o + l 3 .Ψ3o (96)
Ψ = Ψmedio =
lT
e considerando especificamente o caso de transposição perfeita,
onde
lT (97)
l1 = l 2 = l 3 =
3
tem-se então que o enlace de fluxo médio vai ser
Ψ1o + Ψ2o + Ψ3o (98)
Ψ = Ψmedio =
3
Analisando especificamente para a fase a vem que o enlace de
fluxo médio da fase a vai ser dado por
ΨA1o + ΨA2 o + ΨA3o
ΨA =
3
(99)
2 × 10- 7  Hp H12 H 23 H 31 H13 H 21H 32 
= 3
 Ai ln + i B ln + iC ln 
3  R p' D12 D23 D31 D13 D21D32 

ou ainda

 Hp 3 H H H 3 H H H 
Ψ A = 2 × 10 −7
i A ln ' + iB ln
12 23 31
+ iC ln 13 21 32
 (100)
 Rp 3 D D D
12 23 31
3 D D D
13 21 32 

Definindo Deq como a distância média geométrica entre as fases e


Heq como a altura média geométrica entre as fases e as imagens
das outras fases, ou seja

 Deq ∆ 3 D12 D13 D23


 (101)
 H eq ∆ 3 H12 H13 H 23

34
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

o valor médio do enlace de fluxo da fase a, considerando-a nas


três posições P1, P2 e P3 vai ser

 Hp H eq H eq 
Ψ A = 2 × 10 −7  i A ln ' + iB ln + iC ln  (102)
 R D D 
 p eq eq 

Assim, estendendo o raciocínio para as outras duas fases, resulta


que

Ψ A   H 'p H eq H eq 
 Rp Deq Deq
 i A 
  i 
 Ψ B  = 2 × 10 ln  Deq 
−7 H eq Hp H eq
 B (103)
Ψ C   R 'p Deq

 HDeq H eq Hp
 iC 
 
 eq Deq R 'p 

ou seja pode ser definida uma matriz de indutâncias longitudinais


média da LT trifásica dada por

 Hp H eq H eq  
 R 'p Deq Deq
 L p Lm Lm 
~ 
L = 2 × 10− 7 ln  Deqeq  = Lm
H Hp H eq
Lp Lm  (104)
 R 'p Deq
 
 H eq H eq Hp
 Lm Lm Lp 
 Deq Deq R 'p  

Considerando que o sistema trifásico está equilibrado, ou seja,


que para qualquer instante a soma das correntes é nula, ou seja,
que iA + iB + iC = 0, resulta para qualquer uma das fases k = A, B ou
C que

(
Ψ K = L p − L m iK ) ⇒ LS = L p − L m (105)

onde LS é definida como a indutância de serviço da linha de


transmissão trifásica equilibrada (perfeitamente transposta).

35
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

9. Indutância de Linhas Trifásicas com Cabos Múltiplos

Como no item 4, vão ser considerados raios médios geométricos e


distâncias médias geométricas. Assim, considerando a presença
do solo ideal vem
 HMGA HMGAB HMGAC 
 
 ΨA   RMGA DMGAB DMGAC  i 
A
 Ψ  = 2 × 10 − 7 ln  HMGBA HMGB HMGBC   
⋅ iB
 B (106)
 DMGBA RMGB DMGBC   
ΨC   HMG  
HMGCB HMGC  i C 
 CA 
 DMGCA DMGCB RMGC 

onde

HMGK é a distância média geométrica da fase K à sua imagem


RMGK é o raio médio geométrico da fase K
HMGJK é a distância média geométrica da fase J à imagem da fase K
DMGJK é a distância média geométrica da fase J à fase K

EXEMPLO:

(a) Calcular a matriz das indutâncias longitudinais unitárias e a


indutância de serviço da LT abaixo, inicialmente não
considerando o efeito do solo.

Condutores Pheasant

RMG = 0,0466 pés


= 0,0142 m
d = 0,45 m
DAB = DBC = D = 8 m
Fig. 19 –LT trifásica sem presença do solo .

36
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Pela simetria existente na LT, vê-ser que os raios médios


geométricos das fases são iguais. Assim, calculando para a fase A
vem que

RMGA = RMG1. DMG12 RMG 2 . DMG 21 = R1' .d R2' .d

= R'.d R'.d = R'.d = RMGB = RMGC

As distâncias médias geométricas entre as fases A e B e as fases B


e C também são iguais. Calculando uma delas resulta que

DMGAB = D13 . D14 D 23 . D 24 = D (D + d ) (D − d ) D


= 4
D 2 (D + d )(D − d ) = 4
(
D2 D2 − d 2 )
  d 2   d 
2

= 4 D ⋅ 1 −    = D ⋅ 4 1 −  
4

  D   D

A expressão da DMG da fase A à fase C vai ser dada por

DMGAC = D15 . D16 D25 . D26 = 2 D (2 D + d ) (2 D − d )2 D


= 4 4 D 2 (2 D + d )(2 D − d ) = 4
(
4D2 4D2 − d 2 )
  d 2   d 
2

= 4 16 D ⋅ 1 − 
4
  = 2D ⋅ 4
1−  
  2 D    2D 

Pelas expressões anteriores, na hipótese de d << D, resulta que


 DMGAB = DMGBC ≈ D


 DMG ≈ 2 D
 AC

Ou seja, as distâncias médias geométricas se equivalem às


distâncias de centro a centro das fases.

37
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Deste modo
 1
 L AA = LBB = LCC = 0 , 2 ln [mH / km]
RMGA

 1
 LAB = LBC = 0,2 ln [mH / km]
 D
 1
 L AC = 0, 2 ln [mH / km]
 2 D

Substituindo os valores numéricos vem que

RMG A = RMGB = RMGC = 0,0142 × 0,45 = 0,08 m


2
 0,45 
DMGAB = DMGBC = 8 4 1−   = 7,994 m ≈ 8 m = D AB = DBC
 8 
2
 0,45 
DMG AC = 16 4 1−   = 15,997 m ≈ 16 m
 16 
E assim
1
LAA = LBB = LCC = 0,2 ln = 0,5051 [ mH / km]
0,08
1
LAB = LBC = 0,2 ln = − 0,4159 [mH / km]
8
1
LAC = 0,2 ln = − 0,5545 [mH / km]
16

A matriz das indutâncias longitudinais unitárias será

 0,5051 − 0,4159 − 0,5545


~
L = − 0,4159 0,5051 − 0,4159 [mH / km]
 − 0,5545 − 0,4159 0,5051 

38
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

O valor da indutância de serviço pode ser calculado diretamente


da matriz acima considerando que

LS = L p − Lm

ou seja
1
LS = 0,5051 − [(− 0,4159 ) + (− 0,4159 ) + (− 0,5545)]
3

LS = 0,9672 [mH / km]


A mesma indutância de serviço pode ser calculada utilizando-se o
conceito de distância equivalente, ou seja
DMGeq = 3 8 × 8 × 16 = 10,0794 m

A matriz das indutâncias longitudinais unitárias, considerando a


linha transposta e sem a presença do solo, será então
 1 1 1 
 R '
Deq Deq 
~  p

L = 0,2 ln  1 1 ' 1 
 Deq Rp Deq 
 1 1 1 ' 
 Deq Deq R p 

ou seja
 1 1 1 
 0,08 10,0794 10,0794
~
L = 0,2 ln  1 1 1 
 10,0794 0,08 10,0794
1 1 1 
 10,0794 10,0794 0,08 
ou ainda
 0,5051 − 0,4621 − 0,4621
~ 
L = − 0,4621 0,5051 − 0,4621 [mH / km]
− 0,4621 − 0,4621 0,5051

39
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

e a indutância de serviço vai ser dada por

LS = L p − Lm = 0,5051 − (− 0,4621) = 0,9672 [ mH / km]

Nota-se que os valores da indutância de serviço, calculados


utilizando-se métodos aparentemente diferentes dão os mesmos
resultados (o leitor pode demonstrar que basicamente as
expressões são as mesmas). Observa-se também que é possível o
cálculo da indutância de serviço pela aplicação direta da equação
D eq
L S = 0 , 2 ln [ mH / km ]
R p'
ou seja
10,0794
LS = 0,2 ln = 0,9672 [mH / km]
0,08
chegando novamente ao mesmo resultado.

(b) Refazer os cálculos do exemplo anterior considerando retorno


pelo solo ideal e altura da linha de 10 m em relação ao solo.

Fig. 20 –LT trifásica e solo ideal .

40
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Do item (a) tem-se que


RMGcond = 0,0142 m

RMGfase = 0,08 m
Neste caso

 RA' = RB' = RC' = 0,08 m



 DAB = DBC = 8 m
 DCA = 16 m

 H = H = H = 20 m
 A B C

 H AB = H BC = 202 +82 = 21,5407 m



 H CA = 202 +162 = 25,6125 m

e desta forma

 20 21,5407 25,6125 
 0,08 8 16 
 
~ 21,5407 20 21,5407 
L = 0,2 ln  [mH / km]
 8 0,08 8 
 25,6125 21,5407 20 
 
 16 8 0,08 

ou seja

1,1043 0,1981 0,0941


~
L =  0,1981 1,1043 0,1981 [mH / km]
0,0941 0,1981 1,1043 

As indutâncias aparentes por fase são então


1
LA = LC = 1,1043 − (0,1981 + 0,0941) = 0,9582 [mH / km]
2
LB = 1,1043 − 0,1981 = 0,9062 [mH / km]

41
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

e a indutância de serviço vai ser


1
LS = (LA + LB + LC ) = 0,9409 [mH / km]
3
A indutância de serviço pode também ser calculada a partir das
indutâncias própria e mútua médias, ou seja

L p = 1,1043 [mH / km]


1
Lm = (0,1981 + 0,1981 + 0,0941) = 0,1634 [mH / km]
3
E desta forma

LS = L p − Lm = 1,1043 − 0,1634 = 0,9409 [mH / km]

Comparando com o resultado anterior (0,9672 mH/km) nota-se que


existe uma diferença de apenas 2,8% na indutância de serviço,
quando não se considera o efeito do solo. Fica a cargo do leitor
explicar o por quê esta diferença tão pequena.

10. Impedância Longitudinal Unitária de uma linha de transmissão


com retorno pelo solo não ideal (ρ ≠ 0) (Correções de Carson)

Considerando-se o solo ideal, a


impedância longitudinal uni-
tária de uma linha de
transmissão pode ser expressa
em função apenas da geo-
metria da linha e das
propriedades físicas e dimen-
sões transversais dos condu-
tores. Consideremos pois a
linha de transmissão ao lado e
seja sua matriz de impedâncias
~
longitudinais unitárias Z dada
Fig. 21 – LT trifásica em solo não ideal (ρ ≠ 0) . por
~ ~ ~
Z = R + jω L (107)

42
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

unitárias (até agora obtida a partir de tabelas de fabricantes de


~
cabos) e L a matriz das indutâncias longitudinais unitárias, com
elementos definidos por

 Hk H kl 
~ µ0  Rk' Dkl 
L= ln   (108)
2π H Hl
 lk D 
 lk Rl' 

onde

µ0 = 4π × 10−7 [ H / km] (109)


~
Podemos também definir a matriz L através das distâncias
verticais h e das distâncias horizontais d mostradas na figura
anterior. Desta forma, podemos escrever de maneira alternativa
que

 2hk (hk + hl )2 + d kl 2 

~ µo
 Rk' (hk − hl )2 + d kl 2 
L = ln  
 (110)

 (hl + hk ) + d kl
2 2
2hl 
 
 (hl −hk )2 + d kl 2 Rl' 

ou seja, até agora, na hipótese de solo ideal, os elementos da


matriz das impedâncias longitudinais unitárias eram expressos
por

 µo  2hk 
 Z kk = Rkk + jω Lkk = Rkk + j ω ln ' 
 2 π  Rk 
  
(111)
 Z = jω L = j ω µo ln  (hk + hl ) + d kl
2 2

 kl kl
2π  (h − h )2 + d 2 
  k l kl 

43
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

A formulação para solo não ideal (ρ ≠ 0) foi inicialmente proposta


por Carson através de termos denominados correções de Carson
nas fórmulas de impedância.

(A) FORMULAÇÃO DE CARSON


~ ~ ~ (112)
ZT = Z +Z C

onde

~
Z é a matriz das impedâncias considerando o solo ideal ( ρ = 0 )
~
Z C é a matriz com os termos de correção de Carson
~
Z T é a matriz das impedâncias considerando solo não ideal ( ρ = 0 )

sendo os termos da matriz de correção de Carson dados por


 ωµ
 Z = J
kk
π kk
 (113)
 Z = ωµ J
 kl π kl

onde
 ∞ j e −2 h k λ
 J kk = ∫0 dλ
 λ + λ + jωµσ
2
Séries de Carson :
 séries infinitas, muitas
 (114)
 vezes de difícil
 J kl =
∞ j e − (hk + hl )λ convergência!
 ∫0 λ + λ2 + jωµσ dλ

e a condutividade do solo em [S/m], dada por

1 (115)
σ =
ρ

44
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

(B) FORMULAÇÃO DE DERI / SEMLYEN (Profundidade Complexa)

Na formulação proposta por


Ana Deri e pelo Prof. Semlyen, a
consideração de solo não ideal
(ρ ≠ 0) é feita através de
modificação na geometria da
linha, deslocando-se a
superfície do solo para baixo
(ou os condutores para cima,
conforme figura ao lado) de
uma distância p denominada
profundidade complexa.
Desta forma, a nova matriz das
impedâncias longitu-dinais
unitárias será dada por
Fig. 22 – Profundidade Complexa . ~ ~ ~
ZT = R + jωLD (116)
~
onde R é a matriz original das resistências longitudinais
~
(diagonal) e LD uma nova matriz de indutâncias, cujos elementos
são calculados considerando-se a nova geometria e dados por
 µo 2(hk + p )
L =
 kk 2π ln R '
 k
 (117)
µ
 L = lno
(hk + hl + 2 p )2
+ d kl
2

 kl 2π (hk −hl )2 + d kl 2

Como mencionado acima, p é uma variável complexa que recebe o
nome de "profundidade complexa". Ela depende da resistividade
do solo (ρ = 1/σ ) e, para um solo homogêneo, é da forma

1 ρ (118)
p= =
jω µ 0σ jω µ 0

45
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Ela também pode ser expressa em função de uma outra variável


real δ , dada por
1 ρ
δ= = (119)
ω µ0 σ ω µ0
sendo

p=
(1 − j ) δ (120)
2
Como p é uma variável complexa, a nova matriz das indutâncias
~
longitudinais LD vai ser complexa também. Desta forma, ela pode
ser escrita como
~ ~ ~ (121)
LD = Lℜ + j Lℑ
~ ~
onde Lℜ e Lℑ são respectivamente as partes real e imaginária de
~
LD ( o subscrito D foi utilizado para lembrar Deri ). Desta forma, a
~
nova matriz das impedâncias longitudinais unitárias Z T será dada
por
~ ~ ~ ~ ~ ~
(
ZT = R + j ω LD = R + j ω Lℜ + j Lℑ = ) (122)
~
( ~
)
~ ~
= R − ω Lℑ + j ω Lℜ = RT + jω LT
~

onde
~ ~ ~
 RT = R − ω Lℑ
~ ~ (123)
 LT = Lℜ

A equação (123) acima mostra que a nova matriz das resistências


~
longitudinais unitárias RT não será mais diagonal. Vão aparecer,
pela primeira vez, termos de resistências mútuas entre fases
~
devido ao termo − ω Lℑ . Estes termos vão modelar quedas de
tensão em uma das fases que estão em fase com as correntes nas
outras duas fases. Isto ocorre devido ao retorno das três correntes
de fase pelo solo não ideal (ρ≠ 0).
46
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

3.3. ADMITÂNCIA TRANSVERSAL UNITÁRIA ( Y )

Y = G + jω C em [S/km] ou [S/milha] (123)

A - CONDUTÂNCIA TRANSVERSAL UNITÁRIA ( G )

; Parâmetro que retrata a corrente de fuga em fase com a


tensão nos isoladores e perdas joulicas devido ao efeito
corona.
; Desprezada em geral devido a:
n Contribuição muito pequena na admitância em baixas e
médias freqüências
o Dificuldade para o cálculo

B - CAPACITÂNCIA TRANSVERSAL UNITÁRIA ( C )

A equação básica para cálculo da capacitância é obtida, via de


regra, pelo expressão da ddp entre os condutores e uma
referência, que pode ser a terra, um plano de neutro ou mesmo um
outro condutor. Desta forma
~
v = P ⋅q (124)

onde

v : vetor das ddps entre condutor(es) e referência(s) [V]


q : vetor das densidades lineares de carga de cada condutor [C/m]
~
P : matriz dos coeficientes de Potêncial de Maxwell [V.m/C]

Da equação (124) resulta que

~ ~ ~ ~
q = P −1 ⋅ v = C ⋅ v ⇒ C = P −1 (125)

47
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

1. Campo elétrico de um condutor cilíndrico, retilíneo e longo em


um meio uniforme

A densidade de fluxo elétrico (D) devido a uma carga pontual q é


dada por
q
D= [C / m 2 ] (126)
2π x
Como

D
D = ε0E ⇒ E = [V/m] (127)
ε0
ou seja
q
E = [V/m] (128)
Fig. 23 – Densidade de fluxo elétrico .
2π ε 0 x
onde ε0 é a permissividade do vácuo, dada por
ε 0 = 8,85 × 10−12 [F / m] (129)

2. Diferença de potencial (ddp) entre dois pontos (P1 e P2) devido a


um condutor cilíndrico, retilíneo e longo
A ddp entre P1 e P2 devido ao
campo elétrico E criado pelo
condutor cilíndrico, retilíneo e
longo é dada por
P2
r r P1 r r
v12 = v1 − v2 = − ∫ E.dx = ∫ E.dx (130)
P1 P2

Fig. 23 – ddp entre dois pontos.


Substituindo a expressão para o
campo elétrico calculada no item 1 e procedendo a integração
como mostrado na figura 23 resulta
D1
q dx q  
[ln x] D12 = q ln 1 − ln 1  = q ln D2
D
v12 = ∫
2πε 0 D2 x
=
2πε 0 2πε 0  D1 D2  2πε 0 D1
(131)

48
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

3. Diferença de potencial (ddp) de um ponto P em relação a um


plano de neutro de uma LT monofásica a dois fios

A figura 24 ao lado mostra dois


condutores paralelos, a e b,
com cargas qa = + q e qb = – q e
raios ra e rb. Vai existir entre os
mesmos um plano XY sobre o
qual a ddp entre um dos
condutores e o plano é igual à
ddp entre o plano e o outro
condutor. Devido a esta
propriedade, este plano é
denominado plano de neutro.
Para o caso onde os raios dos
Fig. 24 – ddp de um ponto P em relação a
um plano de neutro xy. condutores são idênticos, ou
seja, ra = rb = r, devido à
simetria, o plano de neutro vai se situar exatamente no centro,
entre os dois condutores, ou seja Dan = Dbn . Assim, utilizando o
princípio da superposição e a equação (131), a ddp entre o ponto P
e o ponto n no plano de neutro vai ser

vPn = vPn (qa ) + vPn (qb ) (132)

ou seja
qa Dan qb D (133)
vPn = ln + ln bn
2π ε 0 DaP 2π ε 0 DbP

É de interesse o caso onde ra = rb = r. Neste caso Dan = Dbn e como


qa = - qb, a equação (133) resulta em

qa 1 qb 1 (134)
v Pn = ln + ln
2π ε 0 DaP 2π ε 0 DbP

A equação (134) é a expressão para a ddp entre um ponto P


qualquer e o ponto n pertencente ao plano de neutro, devido à
presença de uma LT monofásica a dois fios.

49
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

4. Capacitâncias de uma LT monofásica a dois fios

Considerando o item anterior com ra = rb = r (situação usual de


uma LT monofásica a dois fios) e
n Fazendo P tender à superfície do condutor a
 DaP = r 1  1 1 
 ⇒ van =  qa ln + qb ln  (135)
D
 bP = D ab 2π ε 0  r Dab 

o Fazendo P tender à superfície do condutor b


 DaP = Dab 1  1 1
 ⇒ vbn =  qa ln + qb ln  (136)
D
 bP = r 2π ε 0  Dab r

As equações (135) e (136) expressam as ddps existentes entre


cada um dos condutores da LT monofásica a dois fios e um ponto
n pertencente ao plano de neutro. Na forma matricial elas podem
ser expressas por
 1 1 
ln ln
van  1  r Dab   qa 
v  =  
 bn  2π ε 0 ln 1 1  q b  (137)
ln
 Dab r 
A equação (137) possui a forma mostrada na equação (124), onde
a matriz dos coeficientes de potencial de Maxwell é da forma

 1 1 
ln ln
~ P PAB  1  r Dab 
P =  AA  =   (138)
 PBA PBB  2π ε 0 ln 1 ln
1 
 Dab r 
Desta forma, a matriz das capacitâncias transversais vai ser
−1
 ln 1 ln 1 
~ ~ C C AB  r Dab 
C = P −1 =  AA  = 2π ε 0 
ln 1
[F / m] (139)
CBA CBB  ln 1 
 Dab r 

50
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Capacitâncias de Serviço e Aparentes

(a) Capacitância de Serviço


A figura 25 ilustra o conceito de
capacitância de serviço de uma
linha de transmissão monofásica a
dois fios como uma capacitância
existente entre os dois condutores
a e b da LT.
Pela definição de capacitância é
possível escrever para a LT ao Fig. 25 – Capacitância de serviço de uma
lado que LT monofásica a dois fios.

qa = C ab vab = C ab (van − vbn ) (140)

Como em uma LT monofásica a dois fios van = – vbn , então


qa = 2 Cab van (141)

Por outro lado, escrevendo a equação geral para as cargas desta


LT vem que

qa  C AA C AB  van 
 q  = C ⋅
C BB  vbn  (142)
 b   BA
Expressando a carga do condutor a vem que
qa = C AA van + C AB vbn = (C AA − C AB ) van (143)

Igualando-se as equações (141) e (143) vem que

C AA − C AB
2C ab = C AA − C AB ⇒ Cab = CS = (144)
2

A equação (143) acima fornece a capacitância de serviço de uma


LT monofásica a dois fios, conhecida a sua matriz de
capacitâncias definida na equação (139).

51
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

(b) Capacitâncias Aparentes

A figura 26 ao lado ilustra o conceito


de capacitância aparente. Ela mostra
que as capacitâncias aparentes são
definidas respectivamente como as
capacitâncias Ca e Cb dos condutores a
e b para o plano de neutro da LT.
Pela definição de capacitância é
possível escrever que para a LT ao Fig. 26 – Capacitâncias aparentes de
uma LT monofásica a dois fios.
lado que

 qa = C a van
 (145)
 qb = Cb vbn
Escrevendo a equação geral para as cargas desta LT vem que

qa  C AA C AB  van 
 q  = C ⋅
C BB  vbn  (146)
 b   BA
ou seja

 qa = C AA van + C AB vbn
 (147)
 qb = C BA van + C BB vbn
Levando-se em consideração novamente que van = – vbn , então

 qa = (C AA − C AB ) van

 qb = (C BB − C BA ) vbn
(148)

Igualando-se as equações (145) e (148) vem que

 C a = C AA − C AB
 (149)
 Cb = C BB − C BA

52
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

A equação (139) mostra que CAA = CBB e que CAB = CBA . Desta forma

Ca = Cb = (C AA − C AB ) = (CBB − CBA ) = 2Cab = 2CS (150)

NOTA: A capacitância de serviço também pode ser obtida para o


caso onde ra ≠ rb , considerando-se a equação básica da ddp entre
os condutores a e b e o princípio da superposição. Desta forma,
sabendo-se que numa LT monofásica a dois fios qa = – qb tem-se
que

1  D r  q  D r 
vab =  qa ln ab + qb ln b  = a  ln ab − ln b  (151)
2πε 0  ra Dab  2πε 0  ra Dab 

ou seja
2
q D
vab = a ln ab (152)
2πε 0 ra rb
A capacitância entre os condutores a e b vai ser dada pela relação
entre a carga armazenada nos condutores pela ddp entre eles, ou
seja

q a − qb 2 q a 2q a 4πε 0 2πε 0
C ab = = = = =
vab vab qa Dab
2
Dab
2
D (153)
ln ln ln ab
2πε 0 ra rb ra rb ra rb

Como antes, vai continuar a existir um plano neutro, só que


deslocado para o lado do condutor de menor raio, e as
capacitâncias aparentes dos condutores a e b para este plano
serão idênticas e iguais a

4πε 0
C a = Cb = 2C ab =
D (154)
ln ab
ra rb

53
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

5. Capacitância de um condutor cilíndrico, retilíneo e longo,


considerando o efeito do solo ideal

A exemplo do que foi


feito para o cálculo das
indutâncias, quando se
considerou a presença
do solo, o método das
imagens pode também
ser utilizado para o
cálculo das
capacitâncias. Quando
se procede desta
maneira, o plano de Fig. 27 – Capacitâncias considerando a presença de solo.
neutro será o solo, onde
o potencial é nulo e em qualquer ponto do espaço vão existir
duas parcelas de campo elétrico, uma criada pelo condutor (Ec) e
outra criada pela sua imagem (Ei), dadas por

 q
E =
 c 2πε x
 0
 (155)
E = q
 i 2πε 0 (2h − x )

A ddp entre o condutor real e a terra (plano de neutro) vai ser dada
por
h h
q
vcn = ∫ Ec dx + ∫ Ei dx = [ln x − ln(2h − x )]hR (156)
R R
2πε 0

Assim

q  2h − R 
vcn = ln  (157)
2πε 0  R 

54
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Como em geral h >> R ⇒ 2h – R ≈ 2h e desta maneira

q 2h
vcn = ln (158)
2πε 0 R

A capacitância entre o condutor e o plano neutro é dada pela


relação entre a carga do condutor e a ddp entre o condutor e o
plano neutro (no caso o solo). Assim

q 2πε 0
Cn = CS = =
vcn ln 2h
R (159)

OBSERVAÇÃO: O método apresentado no item 3, associado ao


método das imagens, pode ser utilizado para cálculo da ddp e da
capacitância de um condutor cilíndrico, retilíneo e longo,
considerando o efeito do solo. Basta considerar o solo como o
plano neutro, e desta forma tem-se diretamente que

q  1 1 
vcn =  ln − ln  (160)
2πε 0  R 2h 

ou seja

q 2h
vcn = ln (161)
2πε 0 R

e desta forma

q 2πε 0
Cn = C S = =
vcn ln 2h (162)
Fig. 28 – Capacitâncias de LT monofásica a um fio
utilizando método das imagens.
R

idêntica à equação (159) anterior.

55
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

6. Capacitâncias de LT monofásica a dois fios considerando o


efeito do solo

Pelo princípio da superposição, a


ddp entre o condutor a e o solo
pode ser expressa como

van = van (qa ) + van (− qa ) +


(163)
+ van (qb ) + van (− qb )
ou seja

qa 1 1 
van =  ln −ln  +
2πε 0
 Ra H a 
(164)
q  1 1 
+ b  ln −ln 
2πε 0  Dab H ab 
Fig. 29 – Capacitâncias de LT monofásica a dois
ou ainda fios utilizando método das imagens.

qa H q H
van = ln a + b ln ab (165)
2πε 0 Ra 2πε 0 Dab
Procedendo da mesma maneira para o condutor b e escrevendo as
duas equações na forma matricial chega-se a

 Ha H ab 
ln ln
van  1  Ra Dab  qa 
v  = 2πε  H 
H b   qb 
(166)
 bn  0 ln ba
ln
 Dba Rb 

A equação (166) é da forma apresentada na equação (124), ou seja


~ ~ ~ ~ ~
v = P. q ⇒ q = P −1. v = C . v ⇒ C = P −1 (167)

56
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

onde

 Ha H ab 
ln ln
~ 1  Ra Dab 
P=   (168)
2πε 0 ln H ba ln
Hb 
 Dba Rb 

que será escrito de maneira ainda “abusada” neste texto como

 Ha H ab 
~ 1 R Dab 
P= ln  a  (169)
2πε 0  H ba Hb 
 Dba Rb 

Desta forma, a matriz das capacitâncias da LT monofásica a dois


fios pode ser escrita como

−1
 Ha H 
 ln R ln ab 
~ C C AB  Dab (170)
C =  AA  = 2π ε 0  a

C BA C BB  H
ln ba Hb 
ln
 Dba Rb 

NOTA: Considerando o valor de ε0 = 8,85 apenas (sem a potência


10 -12 ), a unidade da matriz das capacitâncias será nF/km,
que é a unidade mais utilizada para as capacitâncias de
linhas de transmissão de energia elétrica.

57
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

7. Capacitâncias parciais, de serviço e aparentes de linhas de


transmissão monofásicas a dois fios considerando o efeito do
solo

(a) Capacitâncias Parciais


A figura 30 ao lado apresenta as capacitâncias parciais de uma
linha de transmissão monofásica a dois fios quando se considera
o efeito do solo, nomeadamente a
capacitância entre os dois
condutores, Cab , e as capacitâncias
dos condutores para a terra, Can e Cbn.
A determinação destas capacitâncias
em função dos elementos da matriz
das capacitâncias transversais
unitárias da LT, calculada no item
anterior, é feita observando-se que a
Fig. 30 – Capacitâncias parciais de LT
monofásica a dois fios. carga do condutor a pode ser
expressa como

qa = C an van + C ab vab = C an van + C ab (van − vbn ) (171)


= (C an +C ab ) van − C ab vbn
Para o condutor b tem-se da mesma forma que

qb = (Cbn +Cab ) vbn − Cab van (172)

As duas equações podem ser escritas na forma matricial como

qa  C an + C ab − C ab  van 
q  =  − C  ⋅ 
Cbn + C ab  vbn 
(173)
 b  ab

ou seja

~ C C AB  Can + Cab − Cab 


C =  AA =
C BB   − Cab Cbn + Cab 
(174)
C BA

58
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

E assim

 C AA = C an + C ab  C an = C AA + C AB
 
 C AB = −C ab ⇒  C ab = −C AB (175)
C = C + C C = C + C
 BB bn ab  bn BB AB

(b) Capacitância de Serviço


A figura 31 ilustra o procedimento para se obter a capacitância de
serviço de uma LT monofásica a dois fios a partir de suas
capacitâncias parciais,
considerando-se o efeito
do solo. Por ela nota-se
que a capacitância de
serviço é resultante da
associação paralela da
Fig. 31 – Capacitância de serviço de LT monofásica a dois capacitância parcial entre
fios.
os condutores com a
associação série das capacitâncias parciais para a terra, ou seja

CanCbn
C s = Cab +
Can + Cbn (176)

(c) Capacitâncias Aparentes


Como feito anteriormente,
considera-se a existência de
um ponto n pertencente a
um plano de neutro entre os
dois condutores. As capaci-
tâncias entre os condutores
Fig. 32 – Capacitâncias aparentes de LT monofásica a dois e o plano de neutro são as
fios. capacitâncias aparentes de
cada condutor da LT.

59
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Desta forma

C a = Cb = 2 C S
(177)

8. Matriz das capacitâncias transversais unitárias de uma linha de


transmissão trifásica considerando o efeito do solo

Fig. 33 – Capacitância de LT trifásica considerando o efeito


do solo.

Para a LT trifásica da figura 33 acima escreve-se inicialmente a


equação geral relacionando as tensões e cargas nos condutores,
ou seja

 Ha H ab H ac 
 ln ln ln 
v a   Ra Dab Dac  q 
a
v  = 1 ln H ba H
ln b ln
H bc   
⋅  qb 
 b  2πε  D Rb Dbc 
vc   Hba  
H c   qc 
o

ln ca H
ln cb ln (178)
 Dca Dcb Rc 

60
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

A matriz das capacitâncias transversais unitárias vai ser a inversa


da matriz dos coeficientes de potencial de Maxwell, ou seja

-1
 Ha H H 
 ln ln ab ln ac 
C AA C AB C AC   Ra Dab Dac 
~  H H H
C = C BA C BB C BC  = 2πε o ln ba ln b ln bc  (179)
 D Rb Dbc 
CCA CCB CCC   ba

ln H ca H
ln cb ln
Hc 
 Dca Dcb Rc 

9. Capacitâncias parciais, de serviço e aparentes de uma linha de


transmissão trifásica considerando o efeito do solo

(a) Capacitâncias Parciais


A figura 34 ao lado apresenta as
capacitâncias parciais de uma
linha de transmissão trifásica. Vão
existir na LT trifásica seis
capacitâncias parciais, três entre
os condutores e a terra e três entre
os condutores. Para esta LT, a
carga da fase a pode ser expressa
como Fig. 34 – Capacitâncias parciais de LT trifásica.

qa = (C an + C ab + C ac ) van + C ab vbn + C ac vcn (180)

As cargas nas fases b e c podem ser expressas de maneira


análoga, de tal modo que, na notação matricial, resulta que

qa  C an + C ab + C ac − C ab − C ac  van 
q  =  − Cba Cbn + Cba + Cbc − Cbc  v  (181)
 b    bn 
 qc   − Cca − Ccb Ccn + Cca + Ccb  vcn 

61
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Assim, tem-se que

 C AA = C an + C ab + C ac  C an = C AA + C AB + C AC
C = Cbn + Cba + Cbc C
 BB  bn = C BB + C BA + C BC
 CCC = Cca + Cca + Ccb  Ccn = CCC + C BA + CCB
 e (182)
= − C ab 
 C AB  C ab = − C AB
 C AC = − C ac  C ac = − C AC
 
 C BC = − Cbc  Cbc = − C BC

As equações (182) expressam as relações existentes entre as


capacitâncias parciais de uma LT trifásica considerando a
presença do solo e suas capacitâncias parciais (físicas).

(b) Capacitâncias Aparentes


A figura 35 abaixo ilustra o conceito de capacitâncias aparentes
de uma linha de transmissão trifásica. O circuito da direita, onde
elas aparecem, atua como um circuito equivalente simplificado do
circuito à esquerda, onde estão presentes as capacitâncias
parciais realmente existentes.

Fig. 35 – Capacitâncias parciais e aparentes de LT trifásica.

De maneira análoga à indutância aparente por fase para linhas


trifásicas, as expressões para as capacitâncias aparentes por fase
serão deduzidas em instantes em que a onda de tensão de cada
uma das fases passa por um máximo. Assim, quando

van (t ) = Van(max ) (183)

62
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

as tensões e cargas na fase a da LT vão ser

van = Van (max ) = Vmax  qa = qa (max ) = Qmax


 
 Vmax ⇒  Qmax (184)
v
 bn = v cn = − q
 b = q c = −
 2  2
Mas a carga na fase a também pode ser expressa por
qa = C AA van + C AB vbn + C AC vcn (185)
Então, para este instante, quando a tensão na fase a passa pelo
máximo, sua carga vai ser máxima e dada por
Vmax V
qa = Qmax = C AAVmax − C AB − C AC max (186)
2 2
ou seja
 1   1 
qa = C AA − (C AB + C AC ) Vmax = C AA − (C AB + C AC ) van (187)
 2   2 
Desta forma, a capacitância aparente da fase a vai ser então
qa 1
Ca = = C AA − (C AB + C AC ) (188)
van 2

As equações (182) expressam as relações entre os elementos da


matriz das capacitâncias transversais unitárias da LT e suas
capacitâncias parciais, dadas por
 C AA = Can + Cab + Cac

 C AB = − Cab (189)
C = − C
 AC ac

Substituindo as equações (189) na equação (188) vem que


3 3
Ca = Can + Cab + Cac (190)
2 2
Procedendo de maneira análoga para as outras duas fases,
tomando como base as equações (188) e (190), obtém-se as
63
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

expressões para as capacitâncias aparentes em função dos


elementos da matriz das capacitâncias transversais unitárias,
dadas por

 qa 1
C
 a = = C AA − (C AB + C AC )
 van 2
 qb 1
 Cb = = CBB − (CBA + CBC )
vbn 2 (191)

 q 1
 Cc = c = CCC − (CCA + CCB )
 vcn 2

e as expressões das capacitâncias aparentes em função das


capacitâncias parciais, dadas por

 3
 C a = C an + (Cab + Cac )
2

 3
C
 b = C bn + (Cba + Cbc ) (192)
 2
 3
C
 c = Ccn + (Cca + Ccb )
 2

(c) Capacitância de Serviço


A figura abaixo exemplifica o conceito de capacitância de serviço.

Fig. 35 – Capacitâncias aparentes e de serviço de LT trifásica.

64
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Ela é definida como a média das capacitâncias aparentes por fase,


ou seja

1
CS ∆ (Ca + Cb + Cc ) (193)
3
Substituindo as equações (191) na equação (193) obtém-se a
expressão da capacitância de serviço em termos dos elementos
da matriz das capacitâncias transversais unitárias, ou seja

1
CS = [(C AA + CBB + CCC ) − (C AB + C AC + CBC )] (194)
3

Substituindo as equações (192) na equação (193) obtém-se a


expressão da capacitância de serviço em termos das
capacitâncias parciais, ou seja

1
CS = [(Can + Cbn + Ccn ) + 3 (Cab + Cac + Cbc )] (195)
3

A capacitância de serviço CS pode também ser obtida utilizando-se


a matriz das capacitâncias transversais unitárias da LT,
considerando-a perfeitamente transposta. Neste caso, a matriz
das capacitâncias da LT transposta seria da forma

 Cm 
~  Cp Cm

(196)
C = C m Cp Cm 
C m Cm C p 

Sendo

 C AA + C BB + CCC
C
 p =
3
 (197)
 C = C AB + C AC + C BC
 m 3

65
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Analisando para uma das fases, por exemplo para a fase a, no


instante que a sua tensão passa por um máximo sua carga é
Vmax V
qa = C p van + Cm vbn + Cm vcn = C p Vmax − Cm − Cm max (198)
2 2
ou seja
qa = (C p − Cm ) Vmax = (C p − Cm ) van (199)

A relação entre a carga na fase a e sua tensão é definida como a


capacitância de serviço da linha. Assim
qa
CS = = C p − Cm (200)
van

Substituindo na equação (200) acima as equações (197) e (182),


obtém-se as equações (194) e (195) anteriores para a capacitância
de serviço.

NOTA: Fica a cargo do leitor provar ainda que a capacitância de


serviço é a capacitância de seqüência positiva (ou de seqüência
negativa) da linha trifásica para condição de transposição perfeita.

10. Matriz das capacitâncias transversais unitárias de uma LT


trifásica com cabos múltiplos

Seja a LT trifásica abaixo com dois condutores por fase

Fig. 35 – Capacitâncias aparentes e de serviço de LT trifásica.

66
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

As relações v × q para os seis condutores desta linha são da


forma

 v1n   HR1 H 12
D12
H 13
D13
H 14
D14
H 15
D15
H 16
D16
 q 
v   H 211 H2 H 23 H 24 H 25 H 26   1
 2n   D21 R2 D23 D24 D25 D26  q2 
 v3 n   H 31 H 32 H3 H 34 H 35 H 36  q 
1
  = ln  HD3141 D32 R3 D34 D35 D36 ⋅ 3 (201)
2πε 0  D41  q4 
H 42 H 43 H4 H 45 H 46
v 4 n  D42 D43 R4 D45 D46
 v5 n   H 51 H 52 H 53 H 54 H5 H 56   
   D51 D52 D53 D54 R5 D56   q5 
v6 n   H 61 H 62 H 63 H 64 H 65 H6   q6 
 D61 D62 D63 D64 D65 R6 
Considerando que
q = q = q a
 1 2 2 (202)
 q
q 3 = q 4 = b 2

q 5 = q 6 = q c
 2
então

 v1n   ln HR1 + ln HD12 H


ln D1313 + ln D1414
H
ln D1515 + ln D1616 
H H

v   H121 12
H2 H H H H 
 2n   ln D21 + ln R2 ln D2323 + ln D2424 ln D2525 + ln D2626 
ln H 31 + ln H 32 q 
ln D3535 + ln D3636   a 
H3 H H H
 v3 n  1 ln + ln D3434
 =  HD31 D32 R3 
H 46 ⋅  qb 
(203)
v4 n  4πε 0 ln D4141 + ln D4242 ln D45 + ln D46 
H H 43 H4 H 45
ln + ln
 H 51
D43 R4
H   c
q 
 v5 n  H 52 H 53 H 54 H

  ln D51 + ln D52 ln D53


+ ln D54
ln R55 + ln D5656 
v6 n  ln H 61 + ln H 62 ln
H 63
+ ln
H 64
ln D6565 + ln R66 
H H
 D61 D62 D63 D64

Considerando ainda que


 1
 an 2 (v1n + v2 n )
v =
v1n = v2 n = van 
  1 (204)
v3n = v4 n = vbn ⇒ vbn = (v3n + v4 n )
v = v = v  2
 5n 6n cn
 1
v cn = (v5n + v6 n )
 2

67
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

então
  ln H1 + ln H12 +   ln HD13 + ln HD14 +   ln HD15 + ln HD16 + 
  R1 D12   13 14   15 16 

 + ln D + ln R
H 21 H2   + ln 23 + ln H 24 
H  + ln 25 + ln H 26 
H

van    H 21 H 2   D23 D24   D25 D26 



   ln HR 3 + ln HD 34 +   ln D + ln D +  qa 
H 35 H 36
v  = 1  ln D31 + ln D32 + 
31 32

    ⋅  q 
(205)
3 34 35 36

 bn  8πε  + ln H 41 + ln H 42   + ln 43 + ln H 4 
H  + ln 45 + ln 46   b 
H H
vcn   D42   R4   D46 
  qc 
0 D41 D43 D45

 ln D51 + ln D52 +   ln HD 53 + ln HD 54 +   ln R + ln D +  
H 51 H 52 H5 H 56
 53 54   5 56 
 H 61 H 62   + ln 63 + ln 64 
H H  + ln 65 + ln 6  
H H
 + ln D61 + ln D62   D63 D64   D65 R6  

Analisando para a fase a resulta que

van =
1
8πε 0
[ q (ln
a
H1
R1
+ ln
H 12
D12
+ ln
H 21
D21
+ ln
H2
R2
)+ (206)

(
+ qb ln
H 13
D13
+ ln
H 14
D14
+ ln
H 23
D23
+ ln
H 24
D24
)+
+ q (ln
c
H 15
D15
+ ln
H 16
D16
+ ln
H 25
D25
+ ln
H 26
D26
)]
ou seja

van =
1
2πε
[ q ln 4
0
a
H 1 H 12 H 21 H 2
R1 D12 D21 R2
+ qb ln 4
H 13 H 14 H 23 H 24
D13 D14 D23 D24
+ qc4
H 15 H 16 H 25 H 26
D15 D16 D25 D26
] (207)

ou ainda
1  H1 H12 H 21 H 2 H13 H14 H 23 H 24 H15 H16 H 25 H 26 
van = qa ln + qb ln + qc (208)
2πε 0  R1 D12 D21 R2 D13 D14 D23 D24 D15 D16 D25 D26 

Da mesma forma como foi feito no cálculo da indutância, são


definidas as alturas médias geométricas HMG, as distâncias
médias geométricas DMG e os raios médios geométricos RMGC (o
sobrescrito c indica para cálculo da capacitância) por
 HMG = H1 H12 H 21 H 2  RMG C = R1 D12 D21 R2
 a
 a

 
 HMGab = H13 H14 H 23 H 24 e  DMGab = D13 D14 D23 D24 (209)
 
 HMGac = H15 H16 H 25 H 26  DMGac = D15 D16 D25 D26
 

68
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

e desta forma

 HMGCa HMGab HMGac  q


van   RMGa DMGab DMGac
  a
v  = 1 ln  HMGbc HMGb HMGbc
 ⋅ q b 
 bn  2πε DMG
 HMGbaca RMGbC DMGbc
   (210)
vcn  0
 DMGca
HMGcb HMGc
 q c 
DMGcb RMGcC 

A equação (210) mostra que a matriz dos coeficientes de Maxwell


para LTs com cabos múltiplos tem um formato muito parecido
com a matriz das indutâncias. A diferença básica está na
constante que multiplica a matriz (1 / 2πε0 no lugar de µ0 / 2π) e na
maneira de se calcular o RMG (na matriz dos coeficientes de
Maxwell deve-se considerar o raio externo do condutor, enquanto
na matriz das indutâncias considera-se seu raio corrigido)

3.4. NOTAS COMPLEMENTARES


A. Correção da altura média da linha de transmissão

Vai haver uma flecha no perfil longitudinal da linha entre duas


torres adjacentes. Desta maneira, as alturas devem ser corrigidas
pela seguinte expressão

H C = H − 0,7 f max (211)

Fig. 36 – Altura média de linha de transmissão.

B. Eliminação dos cabos pára-raios

Em linhas de transmissão aéreas é comum a utilização de cabos


denominados pára-raios com o objetivo de protegê-la contra
descargas atmosféricas. Em geral, estes cabos estão dispostos
num plano superior aos cabos fase e atuam como uma blindagem

69
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

contra descargas atmosféricas diretas, descargas estas que vão


provocar sobretensões elevadas, podendo resultar em
curtos-circuitos. Desta forma, as matrizes unitárias das
impedâncias longitudinais e das admitâncias transversais de uma
linha de transmissão trifásica terão dimensão N, onde
N = 3 + NPR (212)
sendo NPR o número de cabos pára-raios (em geral 1 ou 2).
Neste caso serão cinco as equações para a variação de tensão e
de corrente respectivamente. As equações para a variação de
tensão e de corrente nos cabos pára-raios são utilizadas
principalmente em estudos de fenômenos associados às
descargas atmosféricas, sejam elas diretas ou indiretas (numa
vizinhança próxima à linha). Sendo assim é conveniente proceder
a exclusão destas equações, eliminando-se as linhas e colunas
das matrizes das impedâncias e admitâncias associadas aos
cabos pára-raios. Isto é conseguido utilizando-se o conceito de
circuito equivalente, onde se deseja obter uma linha de
transmissão trifásica, sem cabos pára-raios, equivalente do ponto
de vista de transmissão da energia elétrica à linha original com os
NPR cabos pára-raios.
A eliminação será feita, primeiro na matriz das impedâncias
longitudinais, e em seguida na matriz das admitâncias
transversais.

n ELIMINAÇÃO DOS CABOS PÁRA-RAIOS NA MATRIZ DAS


IMPEDÂNCIAS LONGITUDINAIS UNITÁRIAS
A equação que descreve a variação da tensão numa linha de
transmissão é da forma

 ∂ VF  ~ ~
   Z FF M Z FP  I F 
 L∂x     
  = −  L L L  L (213)

 PV

~
( )
 Z FP t ~
M Z PP  IP 
 
 ∂x 

70
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

onde o subscrito F se refere aos condutores fase e P aos cabos


pára-raios. Escrevendo apenas a equação dos cabos pára-raios
resulta


∂ VP
∂x
~ t
( ) ~
= Z FP ⋅ I F + Z PP ⋅ I P (214)

Em geral, os cabos pára-raios são aterrados em todas as torres.


Deste modo eles estão constantemente em um potencial nulo e
por isso não vai existir variação das suas tensões, ou seja


∂ VP
∂x
~ t
( ) ~
= Z FP ⋅ I F + Z PP ⋅ I P = 0 (215)

Assim
~
( ) ⋅ ( Z~ )
I P = − Z PP
−1
FP
t
⋅ IF (216)

Substituindo na equação referente à variação da tensão nos


condutores fase teremos

∂ VF ~ ~
− = Z FF ⋅ I F + Z FP ⋅ I P
∂x (217)
{
~ ~ ~
= Z FF + Z FP − Z PP[ ( ) ⋅ (Z~ ) ]}⋅ I
−1
FP
t
F

ou finalmente

∂ VF ~ (218)
− = Z F ( eq ) ⋅ I F
∂x
onde

~ ~ ~ ~
( ) ⋅ (Z~ )
Z F ( eq ) = Z FF − Z FP ⋅ Z PP
−1
FP
t
(219)

71
Parâmetros de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

o ELIMINAÇÃO DOS CABOS PÁRA-RAIOS NA MATRIZ DAS


ADMITÂNCIAS TRANSVERSAIS UNITÁRIAS

A equação que descreve a variação da corrente numa linha de


transmissão é da forma

∂ IF  ~ ~
   YFF M YFP  VF 
 L∂x     
  = −  L L L  ⋅ L 
∂ IP 
 ( )
 Y~FP t ~
M YPP  VP 
(220)
 ∂x 

Como já dito, os cabos pára-raios são geralmente aterrados em


todas as torres e deste modo eles estão constantemente no
potencial do solo que é nulo, e assim, para condições de
transmissão da energia elétrica, em regime permanente senoidal,
tem-se que

VP = 0 (221)

então

∂ IF ~ (222)
− = YFF ⋅ VF
∂x

ou seja, a matriz admitância equivalente é a própria matriz das


admitâncias dos condutores fase.

~ ~
YF ( eq ) = YFF (223)

72
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

UNIDADE V

MODELOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

1- INTRODUÇÃO

OBJETIVO PRINCIPAL: Estabelecimento de modelos matemáticos


no domínio da freqüência para linhas de transmissão (LTs) aéreas
trifásicas, em corrente alternada, de maneira a permitir o cálculo
das tensões, correntes e potências quando estas LTs estiverem
operando em regime permanente senoidal (RPS).

LINHAS DE TRANSMISSÃO:

• Estruturas destinadas ao transporte de grandes blocos de


energia, usualmente em regime permanente senoidal
equilibrado;

• Caracterizadas pelos seus parâmetros unitários


impedância longitudinal e admitância transversal que, na
freqüência fundamental, dependem basicamente da
geometria da linha, dos tipos dos condutores fase e pára-
raios e das constantes eletromagnéticas do meio;

1
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

2- EQUAÇÕES DE ONDA PARA LTs EM RPS


(no domínio da freqüência)

A figura 1 abaixo mostra o circuito equivalente incremental para


uma linha de transmissão trifásica em componentes de fase

Fig. 1 – Modelo equivalente incremental para linhas de transmissão em componentes de fase.

Sejam, para esta linha, as matrizes das impedâncias longitudinais


unitárias de fase e das admitâncias transversais unitárias de fase,
respectivamente:

~ ~ ~
Z F (ω ) = RF + jω LF (Ω / km)
~ ~ (1)
~
YF (ω ) = GF + jω CF ( S / km)

onde

~
RF : Matriz das Resistências Longitudinais Unitárias de Fase
~
LF : Matriz das Indutâncias Longitudinais Unitárias de Fase
~
GF : Matriz das Condutâncias Transversais Unitárias de Fase
~
C F : Matriz das Capacitâncias Transversais Unitárias de Fase

2
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Para a seção de comprimento ∆x vale


~
VF ( x, ω ) − [VF ( x, ω ) + ∆VF ( x, ω )] = Z F (ω ) ⋅ ∆x ⋅ I F ( x, ω )
 ~ (2)
 I F (x, ω ) − [ I F (x, ω ) + ∆I F (x, ω )] = YF (ω ) ⋅ ∆x ⋅ VF ( x, ω )
ou ainda

 ∆VF ( x, ω ) ~
 = − Z F (ω ) ⋅ I F ( x, ω )
∆x

 ∆I F ( x, ω )=− Y~F (ω ) ⋅VF (x, ω )
(3)
 ∆x
No limite quando ∆x tende a zero

 ∂ V F ( x, ω ) ~
 = − Z F (ω ) ⋅ I F ( x, ω )
∂x

 ∂ I F ( x, ω ) = − Y~F (ω ) ⋅ VF ( x, ω )
(4)
 ∂x

Após a redução de suas matrizes primitivas de impedâncias


longitudinais e admitâncias transversais unitárias de fase, o
sistema original se transforma num sistema equivalente de ordem
três, com um condutor por fase e retorno pelo neutro.
Omitindo as dependências com a freqüência e com a posição x, de
forma a simplificar a notação utilizada, vem que

 ∂ Va / ∂ x   Z aa Z ab Z ac   I a 
     
 ∂ VF ~  ∂ Vb / ∂ x  = −  Z ba Z bb Z bc  ⋅  I b 
 = − Z F .I F  ∂ Vc / ∂ x   Z ca Z ba Z cc   I c 
 ∂x 

 ∂ I F = − Y~ .V ⇒ 
 ∂ I /∂ x (5)
 ∂ x F F
 a   Yaa Yab Yac  Va 
 ∂ I b / ∂ x  = −  Yba Ybb Ybc  ⋅ Vb 
     
 
 ∂ I c / ∂ x   Yca Yba Ycc  Vc 

3
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Na hipótese da linha ser equilibrada, isto é, possuir matrizes de


parâmetros com a seguinte simetria

X p Xm Xm
~  
X F = X m Xp Xm (6)
X m Xm X p 

ou seja, próprias e mútuas iguais entre si, é conveniente utilizar a
transformação de componentes simétricas (ou de Fortescue) dada
por
~
VF = Q ⋅ VS
 ~ (7)
 I F = Q ⋅ I S
~
onde Q é a matriz de Fortescue e o subscrito S indica
componentes simétricas. Desta forma

∂ ( Q~ ⋅V ) = −Z~ ⋅ ( Q~ ⋅ I )  ~ ∂ VS
⋅ = −
~ ~
F ⋅Q ⋅ IS
S
  Q Z
∂x
⇒ ∂
F S
  x
 
∂ ( Q~ ⋅ I ) = −Y~ ⋅ ( Q~ ⋅V )
S Q~ ∂ IS

~ ~
= − YF ⋅ Q ⋅ VS
(8)
 ∂x
F S  ∂ x

ou ainda

 ∂ VS ~ −1 ~ ~  ∂ VS ~
 = − Q ⋅ ZF ⋅Q ⋅ IS = − ZS ⋅ IS

∂ x 
∂ x (9)
 
∂ I S = − Q
~ −1 ~ ~
⋅ YF ⋅ Q ⋅ VS  ∂ I S = − Y~ ⋅ V
 ∂ x  ∂ x S S

onde
~ ~
Z~S = Q −1 ⋅ Z~F ⋅ Q
~ ~ ~ ~ (10)
 YS = Q −1 ⋅ YF ⋅ Q

4
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

sendo que as matrizes de impedância e admitância de seqüência


têm a seguinte simetria

X0  X p + 2Xm 
~ 
XS =  X1 = X p − Xm
 (11)
  
 X 2   X p − X m 

Assim, as equações ficam na seguinte forma:

 ∂ Va 0 / ∂ x  Z 0 0 0  I a0 
 
 ∂ Va1 / ∂ x  = −  0
 Z1 0  ⋅  I a1 
 ∂ Va 2 / ∂ x   0 0 Z 2   I a 2 
 (12)

 ∂ I /∂ x
  a0   Y0 0 0  Va 0 
 ∂ I a1 / ∂ x  = −  0 Y1 0  ⋅ Va1 
  
 ∂ I a 2 / ∂ x   0 0 Y2  Va 2 

Note que a transformação de componentes simétricas desacoplou


as equações (5), transformando-as nas equações (12), de tal forma
que elas podem ser resolvidas uma de cada vez. Isto pode ser
traduzido pela seguinte figura

Fig. 2 - Correspondência entre os modelos equivalentes incrementais para linhas de transmissão balanceadas
em componentes de fase e em componentes simétricas.

5
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Em regime permanente senoidal equilibrado existem apenas


componentes de seqüência positiva, que se confundem com as
grandezas da fase a, e desta forma as equações (12) resultam em

 ∂ Va1  ∂ Va
 ∂ x = − Z1 ⋅ I a1  ∂ x = − Zs ⋅ Ia

 ⇒ 

 ∂ I a1 = − Y ⋅ V ∂ I a = − Y ⋅V (13)
 ∂ x 1 a1
 ∂ x s a

onde Zs e Ys são respectivamente a impedância e admitância de


serviço, idênticas às de seqüência positiva para linhas
equilibradas. Para simplicidade, muitas vezes os subscritos são
omitidos no segundo conjunto de equações (13) e tem-se
finalmente

MODELO POR FASE  ∂ V ( x)


Sistema de equações  ∂ x = − Z ⋅ I ( x)
diferenciais parciais 
escalares que devem ser
resolvidas para
⇒ 
 ∂ I ( x)
(14)

V(x,ω) e I(x,ω)  = − Y ⋅ V ( x)
 ∂ x

A solução é obtida derivando-se as equações (14) novamente em


relação a x, obtendo-se as EQUAÇÕES DE ONDA DAS LTs no
domínio da freqüência. Assim procedendo

 ∂ 2V ( x) ∂ I ( x)
 = − Z = Z ⋅ Y ⋅ V ( x)
 ∂x ∂x
2

 2 (15)
 ∂ I ( x) = −Y ∂ V ( x) = Y ⋅ Z ⋅ I ( x)
 ∂ x 2 ∂x

6
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

obtendo-se finalmente as EQUAÇÕES DE ONDA DE UMA LT,


dadas pelas equações (16) a seguir

 ∂ 2V ( x)
 = γ 2
V ( x)
 ∂x
2

 2 (16)
 ∂ I ( x) = γ 2 I ( x)
 ∂ x 2

onde

γ = Z . Y = α + jβ [km] −1 (17)

sendo

γ ⇒ constante de propagação em [km]-1


α ⇒ constante de atenuação em [neper/km]-1
β ⇒ constante de fase em [rad/km]-1

3- SOLUÇÃO DAS EQUAÇÕES DE ONDA DAS LTs


As equações de onda, expressas em (16), não podem ser
resolvidas para a tensão e para a corrente independentemente
uma da outra. Desta forma, uma das maneiras de resolvê-las é
considerar inicialmente a primeira equação em (16) dada por

∂ 2V ( x)
= γ 2V ( x) (18)
∂x 2

cuja solução é bem conhecida e possui a seguinte forma

V ( x) = Vi e − γ x + Vr eγ x (19)

onde Vi e Vr são constantes complexas, dependentes das


condições de contorno. Nesta equação γ também é complexa e é
denominada constante ou coeficiente de propagação. Para

7
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

resolver a segunda das equações (16) deve-se obter das equações


(14) o valor da corrente em função da tensão e substituir a solução
anterior, ou seja
∂ V ( x) 1 ∂ V ( x)
= − Z ⋅ I ( x) ⇒ I ( x) = − ⋅ (20)
∂x Z ∂x
Derivando-se a solução para a tensão em (19) em relação a x
tem-se
∂ V ( x)
= −γ Vi e −γ x + γ Vr e γ x (21)
∂x
Assim
1
I ( x) = − [−γ Vi e −γ x + γ Vr e γ x ] (22)
Z
e então
γ
I ( x) = [ Vi e −γ x − Vr e γ x ] (23)
Z
A constante γ / Z é dada por

γ Z .Y Y
= = = YC (24)
Z Z Z
e é conhecida por Admitância Característica da LT.
Definindo a impedância característica da linha de transmissão
como o inverso da admitância característica, tem-se que

1
ZC =
YC
(25)
e então

Z R + j ωL
ZC = =
Y G + j ωC
(26)
8
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

ou seja

I ( x) = YC ⋅ [Vi e −γ x − Vr eγ x ] (27)

Assim tem-se que:

V ( x) = Vi e −γ x + Vr e γ x
 (28)
 I ( x) = YC ⋅ [ Vi e −γ x − Vr e γ x ]

onde

γ (ω ) = Z (ω ) ⋅ Y (ω ) → constante de propagação

 Z C (ω ) = Z (ω ) / Y (ω ) → impedância característica
Y (ω ) = 1 / Z (ω )
 C C → admitância característica

As equações (28) acima se constituem na solução das equações


de onda das LTs na forma exponencial.

4 - SOLUÇÃO FECHADA DAS EQUAÇÕES DE ONDA


(ou solução na forma hiperbólica)

Fig. 3 - Circuito equivalente na forma de quadripolo para a LT mostrando os sentidos das correntes e tensões.

A figura 3 apresenta a LT como um quadripolo. Nota-se que no seu


extremo emissor (x = 0) a tensão e a corrente são respectivamente

V (0 ) = VS = Vi + Vr
 (29)
 I (0 ) = I S = YC ⋅ [Vi − Vr ]

9
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Nestas equações, o subscrito S vem de "sending end" (extremo


emissor). Assim

VS = Vi + Vr
 (30)
Z C ⋅ I S = Vi − Vr

Resolvendo para Vi e Vr vem que

 1
 i 2 [VS + Z C ⋅ I S ]
V =
 (31)
V = 1 [V − Z ⋅ I ]
 r 2 S C S

Substituindo nas equações (28)

 1  −γx  1  γx
 V ( x ) = 2 (V S + Z C . I S ) e + 2 (V S − Z C . I S )e
    
 (32)
 I ( x ) =Y  1 (V + Z .I ) e −γx −  1 (V − Z .I ) eγx 
C  C S  2 S C S  
  2
S
   

Rearranjando os termos

 e −γ x + eγ x e −γ x − eγ x
V (x ) = VS + ZC I S
 2 2
 −γ x γx −γ x γx (33)
 I (x ) = Y  e − e V + e + e Z I 
 C
 2
S
2
C S

ou ainda

V (x ) = cosh (γ x ) VS − Z C senh(γ x ) I S
 (34)
 I (x ) = −YC senh(γ x ) VS + cosh (γ x ) I S

10
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Na forma matricial, as equações (34) são dadas por

V ( x )  cosh (γ x ) −Z C senh(γ x ) VS 


 I ( x )  = − Y senh(γ x ) cosh (γ x )  ⋅ I  (35)
   C   S

Ou seja, a tensão e a corrente em qualquer ponto x da linha


podem ser conhecidas a partir da tensão e corrente na barra
emissora e de seus parâmetros Z e Y.

As equações (34) ou (35) se constituem na solução fechada (ou na


forma hiperbólica) das equações de onda das LTs.

5 - INTERPRETAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE LT


Reescrevendo a solução das equações de onda na forma
exponencial dada pelas equações (28), omitindo-se a variável x
para simplicidade da notação, resulta que

V = Vi e −γ x + Vr e γ x
 (36)
 I = YC [ Vi e −γ x − Vr e γ x ]

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
(a) O termo γ é complexo e é denominado constante ou
coeficiente de propagação, sendo dado por

• α é a constante de
γ = Z ⋅ Y = α + jβ amortecimento, em neper/km;
• β é a constante de fase, em
rad/km.

Assim procedendo, as equações (36) podem ser reescritas


como
V = Vi e −α x e − jβ x + Vr eα x e jβ x
 (37)
 I = YC ⋅ [Vi e −α x e − jβ x − Vr eα x e jβ x ]

11
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Ainda nestas equações podem ser destacados os termos

¨ e ±α x ⇒ Variação do módulo de V e I com x

¨ e ± jβ x = cos β x ± j senβ x ⇒
variação da fase de V e I
= 1 ∠±β x com x ( ± β radianos por
unidade de comprimento)

Para linhas de transmissão de alta tensão trifásicas aéreas


tem-se usualmente que
Z = Z ∠θ Z ≈ 60° a 85°
 ⇒ γ= Z ⋅ Y ∠θγ ≈ 75° a 87,5° (38)
Y = Y ∠θY ≈ 90°

logo, as constantes α e β são reais positivas.

(b) Tanto a tensão quanto a corrente são compostas por dois


termos governados respectivamente pelos fatores e-γx e eγx.

O primeiro termo, multiplicado pelo fator e-γx ( = e-αx. e-jβx),


apresenta um comportamento que decresce em módulo e em
fase, à medida que x cresce, no sentido da barra emissora (x =
0) para a barra receptora (x = l). Diminuir a fase no domínio da
freqüência corresponde a um atraso no domínio do tempo.
Desta forma, este componente diminui em módulo e se atrasa
(aparece com um certo atraso) à medida que x cresce.
Com o termo multiplicado por eγx ( = eαx. e jβx) acontece o
contrário, ou seja, ele cresce em módulo e em fase, à medida
que x cresce. Este aumento de fase no domínio da freqüência
corresponde a um adiantamento no domínio do tempo. Então
este termo cresce em módulo e se adianta à medida que x
cresce. Este tipo de comportamento é inconcebível na
natureza. Uma vez que a LT é uma estrutura passiva, não se
pode esperar um crescimento no módulo com o aumento de x,
mas sim o contrário. Além disto, o adiantamento no tempo
caracteriza um sistema antecipativo, também anômalo na

12
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

natureza (este termo vai aparecer no final da linha antes de


aparecer no início?). Deve-se então interpretá-lo como um
componente que diminui em módulo e em fase, à medida que
x decresce, da barra receptora (x = l) para a barra emissora
(x = 0).
Estes comportamentos distintos caracterizam duas ondas
viajantes de tensão, associadas a duas ondas viajantes de
corrente: uma primeira que se propaga no sentido positivo ou
crescente de x (Vi e-γx), chamada de onda incidente, e outra que
se propaga no sentido decrescente de x (Vr eγx), chamada de
onda refletida (ambas diminuindo em módulo e em fase à
medida que se propagam pela LT).
(c) Uma vez que tanto a tensão, quanto a corrente, são ondas
viajantes, seu comprimento de onda λ, sua velocidade de
propagação a e seu tempo de trânsito τ podem ser calculados.
A determinação do comprimento de onda λ pode ser feita
através das equações de linha na sua forma hiperbólica ou
fechada, ou seja

Vx = cosh (γ x )VS − Z C senh (γ x ) I S (39)



 I x = −YC senh (γ x ) VS + cosh (γ x ) I S
Considerando que
cosh (γ x ) = cosh (α x + jβ x ) = cosh α x ⋅ cos β x + j senh α x ⋅ sen β x (40)

senh (γ x ) = senh (α x + jβ x ) = senh α x ⋅ cos β x + j cosh α x ⋅ sen β x
conclui-se que a tensão e a corrente variam harmonicamente
com freqüência β ao longo da linha (ou seja, em relação à
coordenada x). Desta forma, se existe uma variação na fase de
β radianos por km, então a distância na qual há uma variação
de 2π radianos corresponde ao comprimento de onda λ. Ou
seja

 β rad → 1 km 2π
 ⇒ λ= (≅ 5.000 km para 60 Hz) (41)
 2π rad → λ km β

13
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

A velocidade de propagação a pode ser definida a partir do


comprimento de onda, pois

2π ω
a =λ⋅ f = f ⇒ a= β (tem de ser ≤ 300.000 km/s) (42)
β
O tempo de trânsito será então

l β ⋅l
τ= ⇒ τ= (da ordem de ms) (43)
a ω
(d) o nome impedância característica dado para ZC se deve ao
fato dela ser uma impedância especial, uma vez que se a linha
de transmissão for carregada com ela, não haverá onda
refletida. A prova desta afirmativa é feita considerando-se
inicialmente as equações de tensão e corrente na forma
exponencial
V ( x) = Vi e −γ x + Vr e γ x
 (44)
 I ( x) = YC ⋅ [ Vi e −γ x − Vr e γ x ]
Na barra receptora (receiving end) tem-se x = l, V(x) = VR e
I(x) = IR. Assim
VR = Vi e −γ l + Vr e γ l
 (45)
−γ l γl
 I R = YC ⋅ [Vi e − Vr e ]
Uma vez que ZC é a carga da LT, na barra receptora a
condição de contorno vai ser dada por
VR = Z C ⋅ I R (46)

Substituindo as equações (45) na equação (46) vem

(Vi e−γ l + Vr eγ l ) = ZC [ YC ⋅ (Vi e−γ l − Vr eγ l )] (47)

ou seja
2Vr e γ l = 0 (48)

Como eγl ≠ 0, então Vr = 0, ou seja, não existe onda refletida.


14
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Exemplo 1
Seja uma LT trifásica, de comprimento l = 370 km, freqüência
nominal de 60 Hz e tensão nominal de 215 kV, com os seguintes
parâmetros de serviço:

RS = 0,101 Ω / km LS = 1,367 mH / km CS = 8,415 nF / km

Para esta linha pede-se calcular γ, Zc, Yc, α, β, λ , a e τ.

Z = (0,101 + j 2π f ⋅1,367 × 10 −3 ) Ω / km



Z = (0,101 + j 0,515) = 0,525∠78,91o Ω / km

Y = j 2π f ⋅ 8,415 × 10 −9 = j 3,172 × 10 −6 S / km



Y = 3,172 × 10 −6 ∠90o S / km

γ = Z Y = (0,101 + j 0,515) ⋅ ( j 3,172 × 10− 6 )



γ = (1,247 × 10− 4 + j 1,285 × 10−3 ) = 1,291× 10−3 ∠84,46° km−1

α = ℜe(γ ) = 1,247 × 10−4 neper / km



β = ℑm(γ ) = 1,285 × 10− 3 rad / km

 Z 0,101 + j 0,515
Z C = = −6
= (404,961 + j 39,309) = 406,864 ∠ − 5,54o Ω
 Y j 3,172 × 10

Y = 1 = (2,446 × 10− 3 + j 2,375 × 10 − 4 ) = 2,458 × 10− 3 ∠5,54o S
 C Z C

 2π 2π
 λ = = = 4890 ,820 km
β 1,284 × 10−3

a = λ f = 4890,820 × 60 = 293.449,206 km / s
 l 370
τ = = = 0 ,001261 s = 1,261 ms
 a 293.449,206

15
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

6 – MODELOS EFGH E ABCD DE LTs


(Constantes Generalizadas)
Para se chegar aos modelos EFGH e ABCD das LTs é conveniente
repetir a solução fechada (ou na forma hiperbólica) das equações
de onda para LTs, determinada no item 4. Assim

V ( x )  cosh (γ x ) −Z C senh(γ x ) VS 


=
 I ( x )  − Y senh(γ x )  ⋅ I 
   C cosh (γ x )   S
(49)

Considerando x = l (comprimento total da linha), a tensão e a


corrente na barra receptora serão

V ( x = l ) = VR (50)

 I (x = l ) = I R

Substituindo nas equações anteriores obtém-se o modelo EFGH


para as LTs

VR   E F  VS   cosh (γ l ) −Z C senh (γ l ) VS 


 I  = G ⋅ =
H   I S  − YC senh (γ l )

cosh (γ l )   I S 
(51)
 R 

onde as constantes E, F, G e H serão dadas por

 E = H = cosh(γ l )

 F = − Z C senh(γ l ) (52)
G = − Y senh(γ l )
 C

Este modelo responde à seguinte questão: “Se uma determinada


linha for alimentada com um certo par tensão/corrente na barra
emissora, qual será o par tensão/corrente na barra receptora?”

16
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Este tipo de problema não é muito comum nos sistemas de


energia, onde o objetivo principal é atender consumidores, ou
seja, uma determinada carga, na barra receptora. Nestes sistemas
o problema mais comum é: “Se é necessário alimentar um
conjunto de consumidores com uma determinada tensão e
fornecer uma determinada potência ativa, sob um fator de
potência específico (ou seja, uma corrente definida), qual deve ser
o par tensão/corrente na barra emissora de potência?”. O leitor
deve verificar que este problema é exatamente o inverso do
problema anterior. Desta forma, esta questão pode ser respondida
bastando resolver as equações que expressam o modelo EFGH
para VS e IS, resultando no modelo ABCD de linhas de
transmissão. Assim
−1 (53)
VS   E F  VR   A B  VR 
 I  = G ⋅ = ⋅
H   I R  C D   I R 
 S 
Ou seja

VS   A B  VR   cosh γl Z C senhγl  VR 


 I  = C D  ⋅  I  = Y senhγl cosh γ l  ⋅ I  (54)
 S    R  C   R

onde
 A = D = cosh(γ l )

 B = Z C senh(γ l )
C = Y senh(γ l ) (55)
 C

A figura 4 abaixo mostra os quadripolos associados aos modelos


EFGH e ABCD para linhas de transmissão.

Fig. 4 - Quadripolos associados à linha de transmissão, mostrando os sentidos de corrente e tensão com:
(a) modelo EFGH e (b) modelo ABCD.

17
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Exemplo 2
Calcular as constantes generalizadas ABCD para a LT do
Exemplo 1.

Fig. 5 - Modelo ABCD do quadripolo associado a uma linha de transmissão

Para o quadripolo associado a uma linha de transmissão tem-se

VS   A B  VR   cosh γl Z c senhγl  VR 


 I  = C D  ⋅  I  = Y senhγl cosh γl  ⋅  I 
 S    R  c   R
Do exemplo 1 é sabido que

γ = (1,247 × 10 −4 + j 1,285 × 10 −3 ) = 1,291 × 10 −3 ∠84,46 o km −1



 Z C = (404,961 − j 39,309) = 406,864∠ − 5,54 Ω
o

 −3 −4 −3
YC = (2,446 × 10 + j 2,375 × 10 ) = 2,458 × 10 ∠5,54° S
e desta forma

 γl = 0,0461 + j 0,4753 = 0,4776∠84,46o



 A = D = cosh γl = (0,8901 + j 0,0211) = 0,8903∠1,36
o


 B = Z C senhγl = (34,6279 + j 183,9089) = 187,1405∠79,34 Ω
o


 C = YC senhγl = (−8,3906 × 10 + j 1,1305 × 10 ) S
−6 −3

 = 1,1305 × 10−3 ∠90,43o S


18
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7 – ÍNDICES DE DESEMPENHO DE LT’s


Para se quantificar o desempenho das linhas de transmissão
costuma-se utilizar os denominados índices de desempenho de
LTs. A seguir são apresentados quatro destes índices, muito
utilizados nesta tarefa. São eles a regulação de tensão (Reg), o
rendimento da transmissão (η), a queda percentual de tensão (∆V)
e o consumo de reativo (∆Q)

 VR ( NL ) − VR ( FL )
Reg (%) = × 100%
 Vnom
 P
η (% ) = R × 100%
 PS (56)

∆V (%) = VS − VR × 100%
 VR

∆Q( MVAr ) = QS − QR

onde nas equações acima os subscritos NL e FL são


respectivamente abreviaturas de "No Load" (a vazio) e "Full Load"
(a plena carga).
Muitas vezes a definição da regulação de tensão é encontrada em
livros, manuais ou recomendações técnicas das concessionárias
de formas diferentes da apresentada acima. No entanto optou-se
pela expressão acima pois ela reflete o quanto a tensão vai variar
em relação à tensão nominal de operação quando o sistema passa
da operação a plena carga (full load) para a operação a vazio, ou
carga muito leve (no load). No entanto, também pode-se admitir
como um bom indicativo de desempenho do sistema, a regulação
de tensão calculada como

VR ( NL ) − VR ( FL )
Reg (%) = ×100 % (57)
VR ( FL )

19
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Exemplo 3
Considerando para a LT dos exemplos 1 e 2 anteriores uma carga
de 120 MW a 215 kV, com fator de potência 0,9 capacitivo,
determinar:
(a) as tensões, correntes e potências complexas nas barras
receptora e emissora;
Na barra receptora as grandezas pedidas são
215
VR = ∠0° = 124,1303 ∠0° kV (tensão VR na referência)
3
 PR 3Φ 120
 IR = = = 0,3581 kA
 3 VRΦΦ cos ϕ 3 ⋅ 215 ⋅ 0,9
ϕ = arccos 0,9 = 25,84°
 R
I R = 0,3581 ∠25,84° kA
S R = VR .I R* = (40,0006 − j 19,3715) = 44,4445∠ − 25,84° MVA

Na barra emissora as grandezas pedidas são


VS = AVR + B I R = (92,9449 + j 67,2901) = 114,7463∠35,90 o kV
I S = C VR + D I R = (0,2825 + j 0,2860 ) = 0,4020 ∠45,36 o kA
S S = VS .I S* = ( 45,5035 − j 7,5769 ) = 46,1300 ∠ − 9,45° MVA

(b) a regulação de tensão [Reg(%)];


VR ( NL ) − VR ( FL )
Reg (%) = ⋅ 100%
Vnom

VS = AVR + B I R [No load : I R = 0] ⇒ VS = AVR ( NL) ⇒ VR ( NL) = VS


A
VS 114,7463∠35,90°
− VR ( FL ) − 124,1303∠0°
A 0,8903∠1,36°
Reg (%) = × 100 % = × 100 %
Vnom 124,1303
128,8797∠34,54° − 124,1303
Reg (%) = × 100 % = 3,83 % (boa)
124,1303

A regulação de tensão não deve ser maior que 10% para evitar
problemas de tensão quando o sistema passa de uma condição de
plena carga para uma de carga leve ou a vazio.
20
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

(c) o rendimento de transmissão [η(%)];


PR 40,0006
η (% ) = × 100 % = × 100 % = 87,91% (baixo)
PS 45,5035

O ideal é que o rendimento de transmissão fique acima de 95% de


forma a limitar as perdas de transmissão na ordem dos 5%.

(d) a queda de percentual de tensão [∆V(%)];


VS − VR 114,7463 − 124,1303
∆V (%) = × 100 % = × 100 % = − 7,56 %
VR 124,1303

Perfis de tensão do tipo “flat” são extremamente recomendáveis,


pois indicam que a LT está operando em condições próximas de
sua carga natural (ou SIL), definida adiante no item 9.

(e) o consumo de reativo [∆Q(MVAr)].


∆Q( MVAr ) = QS − QR = −7,5769 − (−19,3715) = 11,7946 MVAr

A LT está fornecendo reativo capacitivo (consumindo reativo


indutivo) visto que o efeito X.I 2 está mais pronunciado que o efeito
Y.V 2 nesta condição de operação.
A figura 6 abaixo mostra a situação da LT com relação às
grandezas elétricas nos seus terminais emissor e receptor.

Fig. 6 - Diagrama indicando as grandezas elétricas da LT atendendo à carga especificada no exemplo 3.

21
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

8 – MODELOS π EQUIVALENTE E π NOMINAL

Fig. 7 - Correspondência entre os modelos ABCD e o modelo π do quadripolo associado a uma linha de
transmissão

Para a LT modelada como um quadripolo tem-se que


VS = AVR + BI R
 (58)
 I S = CVR + CI R
Já para a LT modelada pelo circuito π equivalente vale
  Yπ 
V
 S = V R + Z π  I R + VR 
 2 
 (59)
 I − Yπ V = I + Yπ V
 S 2 S R
2
R

ou seja
  Yπ 
V
 S =  1 + Z π VR + Z π I R
  2
 (60)
 I =  Y + Yπ Z Yπ V + 1 + Z Yπ  I
 S  π 2 π 2  R  π
2
R

Comparando as equações (60) com as equações (58) resulta que


 Yπ
 1 + Z π = A = cosh γl
2

Zπ = B = Z C senhγl
 Yπ Yπ
 Y π + Z π = C = YC senhγl (61)
 2 2
1 + Z Yπ = D = cosh γl
 π
2

22
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

As equações (61) formam um sistema de quatro equações e


apenas duas incógnitas ( Zπ e Yπ /2). Resolvendo a segunda delas
para Zπ resulta que:

Zπ = B = Z C senhγl
(62)

Definindo a impedância nominal da LT como Zn = Z ⋅l , então

Z Z2 Z Z Zl Z n
ZC = = = = = = (63)
Y ZY ZY γ γl γl
ou seja:

senh γl
Zπ = B = Z C senh γl = Z n (64)
γl

Resolvendo a primeira das equações (61) para Yπ /2 resulta que

Yπ Y Yπ A − 1
1 + Zπ = cosh(γl) ⇒ 1 + B π = A ⇒ = (65)
2 2 2 B

ou ainda
Yπ cosh γl − 1 cosh γl − 1
= = YC (66)
2 Z C senhγl senhγl

Prova-se que
 γl  cosh γl − 1 ⇒
Yπ  γl 
tanh  = = YC tanh  (67)
2 senhγl 2 2

Definindo a admitância nominal da LT como Yn = Y⋅l , então

Y Y Y Y ⋅ l / 2 Yn / 2
YC = = = = = (68)
Z ZY γ γl / 2 γl / 2

23
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Desta forma, substituindo (68) em (67) resulta que

Yπ Yn / 2  γl 
= tanh  (69)
2 γl / 2 2
ou finalmente que
Yπ A − 1 Yn tanh (γl 2)
= = (70)
2 B 2 γl 2

As equações (64) e (70) mostram as expressões para Zπ e Yπ /2,


parâmetros do modelo π equivalente de uma LT, e sua relação com
Zn e Yn /2, parâmetros do modelo π nominal de uma LT.

Sabe-se entretanto que


senh γl
lim = lim cosh γl = 1
γl → 0 γl γl → 0

tanh (γl / 2 )  senh (γl / 2 ) 1  (71)


lim = lim  ⋅  =1
γl → 0 γl / 2 γl → 0
 γ l / 2 cosh (γ l / 2 ) 
Logo para valores muito pequenos de γl , verifica-se que
Yπ Y
Zπ → Z n e → n (72)
2 2
onde o símbolo → está sendo usado para indicar "tende a". A
figura 8 abaixo mostra os dois circuitos equivalentes de LT, sendo
o modelo π equivalente, um modelo exato, e o modelo π nominal,
um modelo aproximado.

Fig. 8 – Circuitos (a) π Equivalente e (b) π Nominal de uma LT .

24
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Para a LT dos exemplos anteriores, conforme já calculado, a


constante de propagação γ vale

γ = (1,247 × 10 −4 + j 1,285 ×10 −3 ) km −1 (73)

A tabela 1 a seguir mostra os termos de correção senh(γl)/γl e


tanh(γl/2)/(γl/2) para três valores de l.
Tabela 1 – Termos de correção de Zπ e Yπ / 2 da LT do exemplo 1.

Termo de Termo de
l (km) correção de Zπ correção de Yπ / 2
senh (γl ) tanh (γl / 2 )
(γl ) (γl / 2)
80 0,9983 ∠ - 0,02° 1,0009 ∠ - 0,01°
240 0,9844 ∠ 0,18° 1,0079 ∠ - 0,09°
370 0,9631 ∠ 0,43° 1,0191 ∠ - 0,22°

Percebe-se nesta tabela que, para linha longas (l acima de


240 km), os erros na admitância, e principalmente na impedância,
são consideráveis (da ordem de 5%) sendo pois importante
considerar os termos de correção. Já para linhas médias (l entre
80 km e 240 km) os erros são menores (da ordem de 1,5%), e desta
maneira os fatores de correção podem até ser desprezados,
conduzindo ao chamado modelo π nominal de LTs. Para linhas
curtas (l até 80 km), os fatores de correção são muito próximos da
unidade e em geral são também desprezados. Para estas linhas,
até mesmo as admitâncias são desprezadas, por serem
extremamente pequenas, resultando no modelo impedância
nominal série de LTs.

Fig. 9 – Modelos (a) π equivalente para linhas longas, (b) π nominal para linhas médias e (c) impedância nominal
série para linhas curtas.
25
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Exemplo 4

Determinar o circuito π equivalente para a LT dos exemplos


anteriores e compará-lo com o circuito π nominal.

Para o caso em questão, os parâmetros do circuito π equivalente


vão ser

Z π = B = (34,6279 + j 183,9089 = 187,1405∠79,34 o Ω





Yπ A − 1 0,8903∠1,36 o − 1 −4
 2 = B = 187,1405∠79,34 o = 5,9808 × 10 ∠89,79 S
o


 = (2,2446 × 10 − 6 + j 5,9808 × 10 − 4 ) S

Já o circuito π nominal vai possuir os seguintes parâmetros

Z n = Z .l = 194,180∠78,90o Ω = (37,370 + j 190,550) Ω



Yn l −4 −4
 = Y . = 5,8682 × 10 ∠90 S = j 5,8682 × 10 S
o

2 2

Os valores dos erros serão:

 194,1800 − 187,1405
 ε z (% ) = × 100 = 3,76 % ; ∆ θ z = 78,90 − 79,34 = −0, 44o

187,1405

ε (% ) = 5,8682 − 5,9783 × 100 = −1,84 % ; ∆θ = 90 − 89,79 = 0,21o
 y 5,9783
y

26
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

9 – SURGE IMPEDANCE LOADING (SIL)


(Carga Natural ou Potência Natural)
Definições Importantes
(a) A impedância de surto (ou de onda) Z0 de uma linha de
transmissão é definida como o valor de sua impedância
característica ZC para freqüências tendendo ao infinito, ou seja
R
+ jL
R + j ωL ω L
Z 0 = lim Z c (ω ) = lim = lim = (74)
ω →∞ ω → ∞ G + j ωC ω →∞ G C
+ jC
ω
Esta impedância assume importante papel tanto no cálculo de
sobretensões devido à descargas atmosféricas, quanto na
operação adequada de linhas de transmissão em RPS, uma
vez que o SIL de uma LT pode ser definido com ela.
(b) A Carga Natural (ou Surge Impedance Loading, ou SIL, ou
Potência Natural) de uma linha de transmissão é definida
estritamente como a potência entregue por uma linha ideal
sem perdas (R=G=0) a uma carga resistiva de valor igual à sua
impedância de surto Z0, quando a LT estiver energizada com
sua tensão nominal.
Para uma LT sem perdas resulta que
Z R + j ωL 0 + jω L L
ZC = = = ⇒ ZC = = Z0 (75)
Y G + jω C 0 + jωC C

Como a LT está carregada com sua impedância de surto ou de


onda (que no caso é a própria impedância característica), não
haverá onda refletida, ou seja
 V ( x ) = Vi e − j β . x

 Vi e − j β . x (76)
 I (x ) = Z
 0

27
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

As equações (76) mostram que o módulo da tensão (e da


corrente) não varia com x, variando apenas a fase (vide item
5.d, pp. 14). No extremo emissor (sending end), onde x = 0, a
tensão vai ser dada por
V (0 ) = VS = Vi = Vnom (77)

ou seja, a constante complexa Vi é a tensão de alimentação da


LT. Desta forma, em qualquer ponto x, vão valer as seguintes
equações
V ( x ) = Vnom e − j β . x

 Vnom e − j β . x (78)
 I (x ) = Z0

Assim, na barra receptora (receiving end), onde x = l tem-se
V (l ) = VR = Vnom e − j β .l

 Vnom e − j β .l (79)
 I (l ) = I R = Z0

O SIL vai ser a potência complexa entregue à carga, dada por
*
Vnom e − j β .l 
*
[
SIL = S R =VR ⋅ I R = Vnom e − j β .l ] 
Z0

 
2 (80)
Vnom e j β .l  Vnom
[ ]
*
− j β .l
= Vnom e  =
 Z 0  Z0

Na verdade, a potência complexa em qualquer ponto da LT vai


ser da forma
*
Vnom e − j β . x 
*
[
S ( x ) =V (x ) ⋅ I ( x ) = Vnom e − j β . x ] 
Z

 0 
2 (81)
Vnom e j β . x  Vnom
[ ]
*
= Vnom e − j β . x  = = SIL
 Z 0  Z 0

28
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Esta expressão mostra que em condição de carga natural, a


potência complexa em qualquer ponto da LT vai ser
exatamente igual ao SIL. Assim sendo

 Vnom (Φn )
2

2
SIL por fase = = SIL1Φ
V  Z0
SIL = nom ⇒ 
Z0 2 (82)
 Vnom (ΦΦ )
SIL3Φ =
 Z0

A figura 10 a seguir mostra curvas típicas dos perfis de tensão


em uma linha de transmissão sem perdas, considerando-se a
tensão no extremo emissor constante e a LT operando: a vazio
(no load); no SIL (notar o perfil flat); a plena carga (full load) e
em curto-circuito no seu extremo receptor.

Fig. 10 - Curvas típicas de perfil de tensão em uma linha de transmissão sem perdas, considerando a tensão
no extremo emissor constante e variando-se as condições de carga no extremo receptor

As curvas da figura 10 acima mostram que:


♦ no SIL, o perfil de tensão numa linha sem perdas é “flat”, ou
seja, a tensão é constante em toda a linha;
♦ para condições a vazio (no load) ou de carga leve, a tensão
terminal tende a subir acima da tensão da barra emissora;
♦ para condições de plena carga (full load), a tensão no
extremo receptor tende a ser menor que a tensão no
extremo emissor;

29
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

♦ em condições de curto-circuito no extremo receptor, o perfil


de tensão se ajusta de forma que a tensão vá a zero neste
extremo.
♦ quanto maior for o comprimento da linha, maiores serão as
variações de tensão, para condições de operação distantes
do SIL. Desta forma isto serve como uma orientação para
operações de linhas no que se refere ao seu comprimento.
Assim, para linhas curtas, l pequeno (até 80 km), as
variações serão também pequenas e pode-se operar a linha
com potências de até 3 vezes o SIL. Já para linhas longas, o
limite máximo é o SIL (ou no máximo 1,2×SIL), para se evitar
mau desempenho na operação das LT's.
Embora não existam linhas sem perdas, o estudo do seu
comportamento é serve como um indicativo do que vai
acontecer nas linhas reais (que geralmente possuem baixas
perdas).
A tabela 2 a seguir mostra os valores usuais da impedância de
surto (ou de onda) e do SIL para LT’s trifásicas aéreas.
Tabela 2 - Valores usuais de impedâncias de surto e de SIL para linhas de transmissão aéreas típicas de 60 Hz..

Vnom [kV] Z0 [Ω] SIL [MW]


69 366 - 400 12 – 13
138 366 - 405 47 – 52
230 365 - 395 134 – 145
345 280 - 366 325 – 425
500 233 - 294 850 – 1075
765 254 - 266 2200 – 2300

EXEMPLO PRÁTICO: USINA HIDRELÉTRICA DE ITAIPÚ

ƒ 10 máquinas de 700 (740) MW de 60 Hz ⇒ 7000 (7400) MW


ƒ 7000 (7400) MW ÷ 2300 = 3,04 (3,22) LT's
ƒ 3 linhas de 765 kV (longas) ⇒ P(max operação) ≈ SIL

30
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

10 - FLUXO DE POTÊNCIA EM LT’s

10.1 - Fluxo de Potência em LT's com perdas


Um dos modelos de LT deduzidos nos itens anteriores foi o
modelo ABCD onde

VS   A B  VR 
 I  = C D . I  (83)
 S   R

Da primeira das equações pode-se deduzir que

VS − A.VR
VS = A.VR + B.I R ⇒ I R = (84)
B

Sejam então

A = A ∠α ; B = B ∠β ⇒ constantes da linha (definidas)

VS = VS ∠δ ; VR = VR ∠0o ⇒ variáveis do problema

Na expressão acima, δ é chamado de ângulo de carga da LT. Então

V S ∠δ − A ∠α . V R ∠0 o VS A .VR
IR = = ∠(δ − β ) − ∠(α − β ) (85)
B ∠β B B

e seu o conjugado será

VS A . VR
∠(β − α )

IR = ∠( β − δ ) − (86)
B B

Desta forma a potência complexa no terminal receptor será


2
VR .VS A . VR
∠(β − δ ) − ∠(β − α )

S R = VR .I R = PR + jQR = (87)
B B

31
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

ou seja

 V R . VS A . VR
2

 PR = cos(β − δ ) − cos(β − α )
 B B
 2 (88)
 V R . VS A . VR
QR = B sen(β − δ ) − B sen(β − α )

Desta forma, especificados VS e VR , a potência ativa máxima


transmissível na LT é encontrada quando β − δ = 0 ⇒ δ = β e vale
2
V R . VS A . VR
PR (max ) = − cos(β − α )
B B
(89)

Este é o limite máximo teórico de potência ativa que pode ser


transmitida pela linha de transmissão.

10.2 - Potência Ativa e Reativa em LT's sem perdas


Vai ser considerada, para simplificação do problema, uma linha
sem perdas, representada por seu modelo de linha curta, como
mostra a figura 11 a seguir

Fig. 11 - Linha de transmissão sem perdas representada pelo seu modelo de linha curta.

Para esta linha tem-se então que


VS = VR + j X n ⋅ I R VS  1 ∠0° j X n  VR 
 ⇒   =  ⋅  (90)
I S = I R IS   0 1 ∠0°  I R 

32
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

ou seja

 A = 1∠0° ; B = j X n = X n ∠90°
 (91)
α = arg( A) = 0° ; β = arg( B ) = 90°

e as equações de potência ativa e reativa tornam-se

 VR ⋅ VS VR
2

 PR = cos(90° − δ ) − cos(90° − 0°)


 X n X n
 2 (92)
 VR ⋅ VS VR
QR = X sen(90° − δ ) − sen(90° − 0°)
 n X n

ou seja

 VR ⋅ VS VR ⋅ VS
P
 R = sen δ = senδ
 X n ω L l
 2 (93)
 V ⋅ V cos δ − V
Q R = R S R

 Xn

Como já demonstrado, o valor de potência máxima é atingido para


δ = β = 90° e vale

VR ⋅ VS VR ⋅ VS
PR (max) = = (94)
Xn ω Ll

A figura 12 a seguir mostra curvas típicas de carregamento para


LT's, sendo a curva "a" o limite máximo de potência associado à
máxima corrente suportável nos cabos fase, a curva "b" o limite
máximo teórico de potência expresso anteriormente (que depende
de A, B, VR e VS) e a curva "c" o limite máximo prático de potência
(que é função do SIL e do comprimento da LT)

33
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Fig. 12 - Curvas típicas de carregamentos máximos de LT’s.

Considerando pois linhas sem perdas conclui-se que:

1. A potência ativa transmitida pela LT é diretamente


proporcional às tensões nos extremos e ao seno do ângulo
de carga
2. A potência ativa transmitida pela LT é Inversamente
proporcional à freqüência de operação, indutância de serviço
e ao comprimento da linha.
3. O limite de estabilidade estática, também conhecido como
limite teórico de carregamento, é obtido para δ igual a π/2.
4. Geralmente este limite está acima do limite térmico,
associado à capacidade de condução de corrente dos cabos
fase, e do limite prático de carregamento, associado aos
índices de desempenho e ao SIL da linha.
5. O limite térmico é constante e é o principal fator restritivo
para linhas curtas, enquanto o limite prático também varia
inversamente com o comprimento e se sobrepõe ao térmico
para linhas longas.

34
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

Exemplo 5
Determinar o limite máximo teórico de potência para a LT do
exemplo 1, seu SIL e a relação PR(max)/SIL.

VR ⋅ [VS − A ⋅ VR cos (β − α )]
2
V R ⋅ VS A ⋅ VR
PR (max ) = − cos (β − α ) =
B B B

No exemplo 3 calculamos

A = 0,8904∠1,36° B = 187,0240∠79,33o Ω

Neste caso, considerando tensões terminais da ordem da tensão


nominal (=124,1303 kV), o limite máximo teórico de potência vai
ser dado por
124,1303 [124,1303 − 0,8904 ⋅124,1303 ⋅ cos (79,33° − 1,36°)]
PR (max ) =
187,0240

ou ainda
PR (max ) = 67,098 MW

valor do SIL é

SIL =
(124,1303)2 =
(124,1303)
2
= 38,230 MW
1,367 × 10 −3 403,0484
8,415 × 10 − 9

E desta forma temos que

PR (max ) 67,098
= = 1,755
SIL 38,230

Como se trata de um limite teórico, já era de se esperar que este


valor estivesse acima do limite prático, da ordem de 1,2×SIL.

35
Modelos de Linhas de Transmissão  Clever Pereira

10.3 - O Problema do Fluxo de Potência


Na sua forma mais básica, o problema associado ao fluxo de
potência consiste na solução de um sistema de equações não
lineares da forma
  y1   PR   x1   δ 
 y = =
 y  Q  ; x = x  = V 
  2  R  2  R 
  VR ⋅ VS senδ 
y = f (x ) ⇒   
  f1 (x1 , x2 )  Xn 
(95)
f = =
  f (x , x )  V ⋅ V cos δ − V 2

  2 1 2   R S R

  Xn 
Um dos possíveis métodos para solução deste problema é o
método de Newton-Raphson onde

[~
x i +1 = x i + J (x i ) ] ⋅ [ y − f (x ) ]
-1
i
(96)

~
sendo J (x ) a matriz jacobiana dada por
 ∂ f1 ∂ f1   ∂ PR ∂ PR 
~ ∂x ∂ x2   ∂δ ∂ VR 
J (x ) =  1 =  ⇒ (97)
∂ f2 ∂ f2   ∂ QR ∂ QR 
 ∂ x1 ∂ x2   ∂ δ ∂ VR 
 
 V R ⋅ V S cos δ V S senδ 
 
~ Xn Xn
J (x ) =  
 V R ⋅ V S senδ VS cos δ − 2 V R 
− 
 Xn Xn 
Em sistemas de potência tem-se em geral que
V 2 
 0 
δ ≈ 0 ~ X Fluxo de Potência
 ⇒ J (x ) ≈  n 
V
 R ≈ V ≈ V  0 V ⇒ Rápido Desacoplado
S

 X n 

36
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

UNIDADE VI
MODELOS DE TRANSFORMADORES

1. INTRODUÇÃO

OBJETIVO PRINCIPAL: Estabelecimento de modelos matemáticos


no domínio da freqüência para transformadores de potência
monofásicos, trifásicos, de dois ou três enrolamentos, de forma a
propiciar o cálculo das correntes, tensões e potências quando
estiverem operando em regime permanente senoidal na
freqüência de serviço (baixas freqüências).

2. TRANSFORMADOR IDEAL
HIPÓTESES BÁSICAS
► Fluxo varia senoidalmente:
• regime permanente senoidal.
i2 Φ
► Núcleo com µ infinita: +
v2 e2
+
N2
• não é necessária nenhuma Fmm - - i1
+
para magnetizar o núcleo; +
v1e1 N1
• todo fluxo confinado ao núcleo,
logo não existem indutâncias - -
de dispersão.
► Enrolamentos com ρ nula:
Fig. 1 – Transformador Ideal
• resistências dos enrolamentos
nulas.

2.1. Relação de tensão


Para as hipóteses básicas consideradas para o trafo ideal, as
tensões induzidas são iguais às tensões terminais. Assim
 v1 (t ) = e1 (t )
 (1)
 v 2 (t ) = e2 (t )

1
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Sabe-se ainda que


 dλ1 (t ) d Φ (t )
 e1 (t ) = = N 1
dt dt (2)

 e (t ) = dλ2 (t ) = N dΦ (t )
 2 dt
2
dt
Substituindo as equações (2) nas equações (1) resulta que
v1 (t ) e1 (t ) N1
= = = NV = N (3)
v2 (t ) e2 (t ) N 2
onde N é comumente denominada de relação de transformação do
trafo ideal. Em regime permanente senoidal (RPS) tem-se que

V1 E N
NV = = 1 = 1 =N (4)
V2 E2 N 2

A equação (4) mostra que, além da relação de módulo, as tensões


terminais estão em fase.

2.2. Relação de corrente

Lei de Ampère
r r
∫ H ⋅ d l = ienv (5)
r
onde H é a intensidade de campo magnético e ienv é a corrente
envolvida, também chamada de força magnetomotriz Fmm.
r r
Como H e l possuem o mesmo direção e sentido, então
r r
∫ H ⋅ d l = ∫ H . dl = N1 ⋅ i1 - N 2 ⋅ i2 = Fmm (6)

Uma vez que no trafo ideal ra R Φ


permeabilidade magnética µ é infinita,Ha
integral da intensidade de campo ao
redor de um percurso fechado é nula, F
mm
pois não é necessária nenhuma força
magnetomotriz Fmm para criar o fluxo Φ
no núcleo. O circuito magnético da Fig. 2 – Circuito magnético associado.
figura 2 ao lado mostra a situação em
2
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

questão. Se a relutância R for nula, não existe necessidade da


força magnetomotriz Fmm para a existência do fluxo Φ no circuito
magnético definido pelo núcleo do trafo ideal.
Desta forma, considerando na equação (6) que Fmm = 0, resulta que,
em regime permanente senoidal,
N1 I1 − N 2 I 2 = 0 ⇒ N1 I1 = N 2 I 2 (7)

ou seja, a relação de corrente NI vai ser dada por

I1 N 2 1 1
NI = = = = (8)
I 2 N1 NV N

A equação (8) mostra também que, além da relação de módulo, as


correntes terminais estão em fase.

2.3. Relação de potência

Nos terminais 2, a potência complexa é dada por


V 
S 2 = V2 ⋅ I 2* =  1  ⋅ ( N ⋅ I1 ) = V1.I1* = S1

(9)
N
ou seja
S1 = S2 (10)

Desta forma, conclui-se que a relação de potência NS dos trafos


ideais é unitária, ou seja

S1
NS = =1 (11)
S2

Desenvolvendo um pouco mais a equação (11) vem que


*
S1 V1 ⋅ I1* V1  I1 
NS = = = ⋅  ⇒ NS = N V ⋅ N I = 1 (12)
S 2 V2 ⋅ I 2* V2  I 2 

3
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2.4. Representação de Circuito (Esquemática) de um Trafo Ideal


NO DOMÍMIO DO TEMPO EM REGIME PERMANENTE SENOIDAL

i1(t N:1 i2(t) I1 N:1 I2

v1(t) N1 N2 v2(t V1 N1 N2 V2

Fig. 3 – Representação de circuito de um transformador ideal.

2.5. Impedância vista, ou referida, a um dos lados do trafo

Se uma impedância Z2 é ligada no lado 2 do trafo, tem-se pela lei


de Ohm que
V2
V2 = Z 2 ⋅ I 2 ⇒ Z2 = (13)
I2

Desta forma, expressando Z2 em termos das grandezas do lado 1


V1 N
Z2 = (14)
N ⋅ I1
ou seja
V1 Z
= Z 2' = N 2 ⋅ Z 2 = NV2 ⋅ Z 2 = 22 (15)
I1 NI
'
Na equação (15), Z 2 é denominada impedância do secundário
(lado 2) vista pelo, ou referida ao, primário (lado 1). A figura 4 a
seguir mostra a impedância Z2 referida ao primário.
I1 N:1 I2 I1

  N 
2

 Z 2' =  1  ⋅ Z 2 = N 2 ⋅ Z 2
  N2 
V1 N1 N2 V2 Z2 ≡ V V2' Z 2' 
 ' V2
 V2 = N

Fig. 4 – Circuito equivalente com impedância Z2 referida ao lado 1.

4
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Exemplo 1

A figura abaixo apresenta um transformador ideal com uma


impedância Z2 ligada no secundário (lado 2). Este transformador
possui 200 espiras no primário (lado 1) e 500 espiras no secundário.
Quando ele é energizado no primário por uma fonte de tensão ideal de
1200 V, circula uma corrente de 5 A com fator de potência 0,866
indutivo. Determinar:
I1 N : 1 I2
(a) A potência complexa fornecida pela
fonte;
(b) A relação de transformação N deste
transformador; V1 V2
N1 N2 Z2
(c) As relações de transformação de
tensão NV e de corrente NI para este
transformador;
(d) O valor da impedância Z2 vista pela
fonte no primário; Fig. 5 – Transformador Ideal do Exemplo 2.
(e) O valor real da impedância Z2;
(f) A tensão, corrente e potência complexa desenvolvida na impedância Z2.

Solução
(a) Admitindo a tensão da fonte na referência, tem-se que
V1 = 1200∠0°V
e
θ1 = a cos(0,866) = 30°
e desta forma, como a corrente é indutiva, ela está atrasada em
relação à tensão, ou seja
I1 = 5∠ − 30° A

A potência complexa fornecida pela fonte vai ser então de


S1 = V1 ⋅ ( I1 )* = 1200∠0° ⋅ (5∠ − 30°) =
*

= 6000∠30° VA = (5196,15 + j 3000,00) VA

(b) A relação de transformação N vai ser dada por


N1 200
N= = = 0,4
N 2 500
5
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

(c) As relações de transformação de tensão e de corrente vão ser


dadas por
NV = N = 0,4
e
1 1 1
NI = = = = 2,5
N V N 0,4

(d) A impedância vista pela fonte no primário vai ser a relação da


tensão pela corrente no primário e é o valor da impedância
ligada no secundário vista do primário, ou seja
V1 1200∠0°
Z 2' = = = 240∠30° Ω
I1 5∠ − 30°

(e) O valor real da impedância Z2 vai ser então de


2 2
N   500 
Z 2 =  2  ⋅ Z 2' =   ⋅ 240∠30° = (2,5) ⋅ 240∠30° = 1500∠30° Ω
2

 N1   200 
(f) A tensão, a corrente e a potência complexa desenvolvida na
impedância Z2 podem ser calculadas por
 V1 1200∠0°
 2 N = 0,4 = 3000∠0° V
V =


 I = N ⋅ I = 0,4 ⋅ 5∠ − 30° = 2∠ − 30° A
 2 1


 S 2 = V2 ⋅ ( I 2 )* = 3000∠0° ⋅ (2∠ − 30°) =
*


 = 6000∠30° VA = (5196,15 + j 3000,00 ) VA

Como a corrente é indutiva, ela está atrasada em relação à


tensão e, desta forma, a potência complexa vai ser
S 2 = V2 ⋅ ( I 2 )* = 3000∠0° ⋅ (2∠ − 30°) =
*

= 6000∠30° VA = (5196,15 + j 3000,00 ) VA

Obviamente que a potência complexa desenvolvida no


secundário é a mesma do primário, uma vez que a relação de
potências complexas NS de um trafo ideal é unitária.
6
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É importante o leitor notar que o primário nem sempre é o


enrolamento de maior tensão e que a atribuição deste nome a
um determinado enrolamento é completamente arbitrária.

3. CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM TRAFO REAL


3.1. Considerações Iniciais
► Fluxo varia senoidalmente (RPS);
► Núcleo com µ finita
o Vai ser necessária uma corrente (força magnetomotriz) para
magnetizar o núcleo, denominada corrente de magnetização.
o Vão existir fluxos de dispersão, representados por indutâncias de
dispersão.

► Enrolamentos com ρ não nula


o Os enrolamentos vão possuir resistências.
► Núcleo composto de material magnético
o Vão existir fenômenos próprios destes materiais, tal como saturação,
histerese e perdas devido às correntes de Foucault ou parasitas
(também denominadas eddy currents).

R1 X1 R2 X2
I1 N:1 I2
Ie
Ia Im

V1 Xm N1 N2 V2
Ra

E1 E2

Fig. 6 – Circuito equivalente de um transformador real

R1 e R2 ⇒ resistências dos enrolamentos 1 e 2


X1 e X2 ⇒ reatâncias de dispersão dos enrolamentos 1 e 2

Ra ⇒ resistência que retrata as perdas no ferro α V


2
( )
Xm ⇒ reatância que retrata a corrente a vazio

7
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3.2. Circuito Equivalente de um Trafo Real com Impedâncias


Referidas ao Primário

R1 X1 R2' X 2' N:1


I1 I 2' I2
Ie
Ia Im

V1 Xm N1 N2 V2
Ra

V2' V2

Fig. 7 – Circuito equivalente de um transformador real com impedâncias referidas ao primário.

2
N 
R =  1  . R2
'
2 ⇒ resistência do secundário
 N2 
N 
2
referidas
X =  1  . X 2
'
2 ⇒ reatância de dispersão do secundário
 N2 
ao
N 
V2' =  1  .V2 ⇒ tensão do secundário primário
 N2 
N 
I 2' =  2  .I 2 ⇒ corrente do secundário
 N1 

3.3. Circuito Equivalente de um Trafo Real Desprezando-se o


Ramo de Excitação

A corrente de excitação Ie é muito pequena se comparada com I1


(da ordem de 2% a 5%) e deste modo pode-se, muitas vezes,
desprezar o ramo de excitação (magnetização e perdas no ferro).
Desta forma o circuito equivalente da figura 7 se reduz a
RT XT
I1 I 2' N : 1 I2

 RT = R1 + R2'
onde 
V1 N1 N2 V2  X T = X 1 + X 2'

Fig. 8 – Circuito equivalente de um trafo real desprezando-se o ramo de excitação.

8
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Exemplo 2
Um trafo monofásico de 100 kVA, 2400/240 V, 60 Hz, é utilizado como
um trafo abaixador instalado do lado de uma carga conectada a
um alimentador de tensão nominal de 2400 V, cuja impedância
série é de (1,0 + j 2,0) Ω. A impedância equivalente série do trafo é
de (1,0 + j 2,5) Ω referida ao lado de alta tensão. O trafo está
entregando potência nominal à carga, com um fator de potência de
0,8 atrasado e com tensão nominal secundária. Desprezando sua
corrente de excitação determinar:
(a) a tensão nos terminais de alta do trafo;
(b) a tensão nos extremo emissor do alimentador;
(c) a potência que realmente está sendo entregue ao extremo
emissor do alimentador;
(d) o rendimento global do sistema de transmissão composto do
alimentador e do transformador abaixador;
(e) a regulação de tensão do sistema de transmissão para esta
carga;
alimentador transformador carga
RL XL RT XT
IS I1 I 2' N : 1 I2

VS V2' N1 N2 V2 Z2
V1

Fig. 8 – Circuito elétrico composto pelo alimentador, transformador abaixador e carga do exemplo 3.

Solução
(a) A figura 8 acima apresenta o circuito composto pelo
alimentador, o trafo abaixador e pela carga. São fornecidos os
valores da tensão e potência na carga. Como o problema pede
para desprezar a corrente de excitação, está sendo utilizado o
circuito equivalente do trafo sem o ramo de excitação.
Colocando-se arbitrariamente a tensão na carga na referência
tem-se que

V2 = 240∠0°V

9
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A corrente I2 na carga pode ser calculada sabendo-se que


θ 2 = arc cos(0,8) = 36,87°
e que
S 2 100000
S 2 = V2 ⋅ I 2 ⇒ I2 = = = 416,667 A
V2 240
Como a corrente está atrasada da tensão, então
I 2 = 416,667∠ − 36,87° A
A potência complexa entregue à carga é de
S 2 = V2 ⋅ ( I 2 )* = 240∠0° ⋅ (416,667∠ − 36,87°) =
*

= 100000∠36,87° VA = (80000 + j 60000) VA


confirmando os valores fornecidos no enunciado do exemplo.
'
A tensão V2 vai ser então de
2400
V2' = N ⋅ V2 = ⋅ 240∠0° = 2400∠0° V
240
'
A corrente I 2 vai ser
I 2 416,667∠ − 36,87°
I 2' =
= = 41,667∠ − 36,87° A
N 10
Finalmente a tensão V1 nos terminais do trafo pode ser
calculada como
V1 = V2' + ZT ⋅ I 2' = 2400∠0° + (1 + j 2,5) ⋅ (41,667∠ − 36,87°) =
= 2496,516∠1,34° V = (2495,834 + j 58,334) V

A solução do circuito é apresentado na figura 9 a seguir


1Ω j2 Ω 1Ω j 2,5 Ω
41,667∠-36,87° A 10 : 1 416,667∠-36,87° A

2400∠0° V 240∠0° V Z2
2581,106∠2,22° V 2496,516∠1,34° V

Fig. 9 – Solução do circuito elétrico do exemplo 3.

10
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(b) A tensão no extremo emissor do alimentador vai ser dada por


VS = V1 + Z L ⋅ I1 = 2496,516∠1,34° + (1 + j 2) ⋅ (41,667∠ − 36,87°) =
= 2581,106∠2,22° V = (2579,168 + j100,000 ) V

(c) Como o alimentador está sendo representado por uma


impedância série e a corrente de excitação está sendo
'
desprezada, as correntes I 2 , I1 e IS são todas iguais entre si.
Desta forma, a potência entregue no extremo emissor do
alimentador de 2400 V vai ser de

SS = VS ⋅ (I S ) = 2581,106∠2,22° ⋅ (41,667∠ − 36,87°) =


* *

= 107546,951∠39,09° V = (83472,811 + j 67813,248) V

(d) A potência ativa entregue ao emissor é de 83472,811 W e a


potência ativa efetiva entregue à carga é de 80000,000 W.
Desta forma, a diferença entre elas é perdida no processo de
transmissão, tanto no alimentador quanto no transformador.
Assim sendo, o rendimento global do sistema vai ser de

η = 83472,811 − 80000 × 100% = 4,16%


83472,811
Valores abaixo de 5% são geralmente aceitáveis para
processos de transmissão. No entanto não é somente este
índice de desempenho que deve ser calculado para se avaliar
se o sistema projetado é aceitável ou não do ponto de vista
técnico-econômico.
(e) A regulação de tensão vai ser dada por
2581,106
V2 ( NL ) − V2 ( FL ) − 240
Re g (%) = × 100% = 10 × 100% = 7,55%
V2 ( nom ) 240

Na equação acima, NL e FL referem-se à "no load" (a vazio) e à


"full load" (plena carga)

11
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

4. REPRESENTAÇÃO DE TRAFOS DE POTÊNCIA EM PU


Para se chegar ao modelo (circuito equivalente) do trafo de
potência em pu é necessário considerar novamente o circuito
equivalente de um trafo ideal, mostrado abaixo, juntamente com
suas características.

PROPRIEDADES
I1 N :1 I2 DE UM TRAFO IDEAL

V1 N1
NV = = =N
V1 N1 N2 V2 V2 N 2
I1 N 2 1 1
NI = = = =
I 2 N1 N V N
Fig. 10 – Trafo Ideal.
S1 V1 ⋅ I1
NS = = = NV N I = 1
S 2 V2 ⋅ I 2

As três relações acima expressam as propriedades de um trafo


ideal, sendo NV , NI e NS as relações de tensão, corrente e de
potência respectivamente.
O leitor pode notar que as três propriedades do trafo ideal estão
relacionadas de tal forma que

 NS = 1
 (16)
 NV ⋅ N I = 1

As relações de tensão, de corrente e de potência podem também


ser estabelecidas para as respectivas grandezas em pu. Assim, a
relação de tensão de um trafo ideal em pu, denominada NV(pu), pode
ser calculada fazendo

V1 V1
V1( pu ) V V NV
N V ( pu ) = = 1b = 2 = (17)
V2( pu ) V2 V1b V1b
V2 b V2 b V2 b

12
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

A relação de corrente em pu de um trafo ideal NI(pu), pode também


ser calculada do mesmo modo, fazendo

I1 I1
I1( pu ) I I NI
N I ( pu ) = = 1b = 2 = (18)
I 2 ( pu ) I2 I1b I1b
I 2b I 2b I 2b

A relação de potências em pu também pode ser obtida através de

S1 S1
S1( pu ) S S2 NS 1
N S ( pu ) = = 1b = = = (19)
S 2( pu ) S2 S1b S1b S1b
S 2b S 2b S 2b S 2b

A determinação destas três propriedades permite que se


estabeleça um modelo inicial para o trafo ideal em pu, ou seja

I1(pu) I2(pu)
PROPRIEDADES DE UM TRAFO
IDEAL EM PU

V1(pu) N1(pu) N2(pu) V2(pu) V1( pu ) NV


N V ( pu ) = =
V2 ( pu ) V1b V2b
I 1( pu ) NI
N I ( pu ) = =
V1b , S1b  V2b , S 2b  I 2 ( pu ) I 1b I 2b
   
 ⇓   ⇓  S1( pu ) NS 1
    N S ( pu ) = = =
S 2 ( pu ) S1b S 2 b S1b S 2 b
 Z1b , I1b   Z 2b , I 2b 

Para auxiliar o leitor, as propriedades de um trafo ideal e as


propriedades de um trafo ideal em pu estão colocadas lado a lado
a seguir.

13
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

PROPRIEDADES DE UM PROPRIEDADES DE UM
TRAFO IDEAL TRAFO IDEAL EM PU

V1 N1 V1( pu ) NV
NV = = N V ( pu ) = =
V2 N 2 V2 ( pu ) V1b V2b
I1 N 2 1 I 1( pu ) NI
NI = = = N I ( pu ) = =
I 2 N1 N V I 2 ( pu ) I 1b I 2b
S1 V1 ⋅ I1 S1( pu ) NS 1
NS = = = NV N I = 1 N S ( pu ) = = =
S 2 V2 ⋅ I 2 S 2 ( pu ) S1b S 2b S1b S 2b

Percebe-se pelo segundo bloco de equações que as propriedades


de um transformador ideal em pu dependem dos valores bases
escolhidos. Neste ponto o leitor pode observar que se dispõe de
um grau de liberdade de ordem 4, podendo-se, em princípio,
serem escolhidas aleatoriamente S1b , S2b , V1b e V2b.
No entanto, para que o transformador ideal em pu continue
possuindo as mesmas propriedades de um trafo ideal, ou em
outras palavras, para que ele continue sendo um transformador
ideal, mesmo em pu, é necessário que as relações de tensão, de
corrente e de potência continuem atendendo às duas relações
básicas dos trafos ideais expressas em (27), mas em pu, ou seja

 N S ( pu ) = 1
 (20)
 NV ( pu ) ⋅ N I ( pu ) = 1

As equações acima garantem que, mesmo em pu, não há perda de


potência no trafo ideal e qualquer que seja a escolha das bases, o
produto da relação de tensão pela relação de corrente deve ser
unitário. Para atender à primeira das equações (20) basta que

1 (21)
N S ( pu ) = =1 ⇒ S1b = S 2b
S1b S 2b

14
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

O leitor pode notar que, atendendo à primeira das equações (20),


atende-se também à segunda, pois se S1b = S2b, então
S1 S (22)
S1( pu ) = = 2 = S 2( pu )
S1b S 2b

e consequentemente
*
V I 
V1( pu ) ⋅ I1*( pu ) = V2 ( pu ) ⋅ I 2*( pu ) ⇒ 1( pu ) ⋅  1( pu )  = 1 ⇒ NV ( pu ) ⋅ N I ( pu ) = 1 (23)
V2( pu )  I 2( pu ) 

Desta forma, a condição necessária e suficiente para que um trafo


ideal em pu tenha as propriedades de um trafo ideal é a expressa
apenas e tão somente pela equação (21) anterior.

Embora a escolha de potências


bases iguais nos dois lados do PROPRIEDADES DO TRAFO IDEAL
trafo ideal em pu garanta que EM PU ONDE S1b = S2b

ele tenha as mesmas


V1( pu ) NV
propriedades de um trafo ideal, NV ( pu ) = =
V2 ( pu ) V1b V2 b
esta escolha não agrega
nenhum ganho efetivo em se I1( pu ) NI
N I ( pu ) = =
utilizar a representação do trafo I 2 ( pu ) I1b I 2 b
em pu, visto que ele passa a ser S1( pu ) NS
N S ( pu ) = = =1
um trafo ideal em pu, com as S 2 ( pu ) S1b S 2 b
propriedades mostradas no
quadro ao lado.

O leitor pode notar neste quadro que não houve nenhuma


simplificação na representação do trafo ideal. A observação
cuidadosa das equações (17) a (19), ou mesmo do quadro anterior,
permite concluir que, uma vez escolhidas as potências base iguais
para os dois lados, ou seja, S1b = S2b , tem-se ainda dois graus de
liberdade, podendo-se escolher livremente V1b e V2b. No entanto, se
as bases de tensão forem escolhidas de tal forma que

V1b
= NV (24)
V2 b

15
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

percebe-se que a relação de tensão em pu, ou seja a primeira das


propriedades, fica como

V1( pu ) NV NV
N V ( pu ) = = = =1 (25)
V2( pu ) V1b NV
V2b

Considerando-se ainda a segunda das equações (20), chega-se a

N I ( pu ) = 1 (26)

Deste modo, o trafo ideal em pu passa a ter relações de tensão


NV(pu) e de corrente NI(pu) unitárias, ou seja, ele nada executa no
circuito, a não ser separar galvanicamente os lados 1 e 2,
podendo, para efeito de cálculo das correntes e tensões, ser
retirado do circuito elétrico. Isto sim representa um ganho efetivo
pela grande simplificação na representação dos trafos em SEP.
Vê-se pois que, através de uma escolha adequada de bases nos
dois lados do trafo ideal, dada por

S1b = S 2b • potências bases idênticas


V1b
= NV • relação entre as bases de tensões igual à relação
V2b de tensão do transformador ideal

o trafo ideal em pu se transforma num trafo ideal de relação


unitária (1:1) e pode ser retirado do circuito, aí sim, simplificando
sua representação. Quando esta escolha é efetuada, diz-se que as
bases estão perfeitamente casadas.

Uma das conseqüências imediatas da escolha de bases


perfeitamente casadas reside no fato de que uma impedância
situada em um determinado lado do transformador tenha o mesmo
valor em pu, ou em por cento, no outro lado. Um outro fato notável
diz respeito aos valores informados pelos fabricantes de trafos
sobre a reatância de dispersão do trafo. Por utilizarem como bases
os valores nominais do trafo e, por conseguinte, fazerem uso de
16
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

bases perfeitamente casadas, não necessitam informar dois


valores de reatância, um para cada lado, pois o trafo ideal se
transforma num trafo de relação unitária (1:1) e o valor informado
é válido para ambos os lados.

Exemplo 3
Resolver o exemplo 2 anterior em pu, tomando como grandezas
bases os valores nominais do trafo abaixador.

Solução
(a) O primeiro passo é dividir a rede elétrica em zonas ou
circuitos, definindo as suas grandezas bases. A figura 24
apresenta as duas zonas associadas à rede.

I II

RL XL RT XT
IS I1 I 2' N : 1 I2

VS V2' N1 N2 V2 Z2
V1

Fig. 11 – Circuito elétrico do exemplo 3 mostrando as duas zonas com diferentes valores de tensão base.

Os valores bases de cada uma das zonas são:


Tensão Base Potência Base
ZONA
(kV) (MVA)
I 2,4 0,1
II 0,24 0,1

Como as bases foram escolhidas de forma que elas estejam


perfeitamente casadas (o leitor pode conferir esta afirmativa), a
relação de transformação do trafo ideal representado em pu
vai ser unitária, e desta forma ele pode ser retirado do circuito,
que se transforma no circuito da figura 12 a seguir.

17
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

RL(pu) XL(pu) RT(pu) XT(pu)


IS(pu) I1(pu) I 2' ( pu ) I2(pu)

VS(pu) V1(pu) V2'( pu ) V2(pu) Z2(pu)

Fig. 12 – Representação em pu do circuito elétrico do exemplo 3.

Colocando-se novamente a tensão na carga na referência


tem-se que
240∠0°
V2( pu ) = = 1,00∠0° pu
240
O ângulo da corrente na carga não muda utilizando-se notação
pu e vale, como antes
θ 2 = arc cos (0,8) = 36,87°
O módulo da corrente na carga pode ser calculado em pu por
0,1
S 2 ( pu ) 0,1
S 2( pu ) = V2 ( pu ) ⋅ I 2( pu ) ⇒ I 2( pu ) = = = 1 pu
V2( pu ) 0,24
0,24
Como a corrente está atrasada da tensão, então
I 2( pu ) = 1∠ − 36,87° pu
A potência complexa entregue à carga é de
S 2 ( pu ) = V2( pu ) ⋅ ( I 2 ( pu ) )* = 1∠0° ⋅ (1∠ − 36,87°) =
*

= 1∠36,87° pu = (0,8 + j 0,6) pu


confirmando os valores fornecidos no enunciado do exemplo.
'
A tensão V2 vai ser então de
V2'( pu ) = V2( pu ) = 1∠0° pu
'
A corrente I 2 vai ser
I 2' ( pu ) = I 2 ( pu ) = 1∠ − 36,87° A
A impedância do trafo ZT está localizada na zona II, cuja
impedância base vale

Zb =
(kVb )
2
=
(2,4)
2
= 57,6 Ω
MVAb 0,1
18
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Então, a impedância do trafo em pu vai ser dada por


ZT 1 + j 2,5
ZT ( pu ) = = = 0,0468∠68,20° pu
Z base 57,6
Finalmente a tensão V1(pu) nos terminais do trafo pode ser
calculada como
V1( pu ) = V2'( pu ) + ZT ( pu ) ⋅ I 2' ( pu ) = 1∠0° + 0,0468∠68,20° × 1∠ − 36,87° =
= 1,040∠1,34° pu
O leitor pode conferir com o valor encontrado no exemplo 3
anterior, multiplicando este valor em pu pelo valor base, ou
seja
V1 = V1( pu ) ⋅ V1b = 1,040∠1,34° ⋅ 2400 = 2496,515∠1,34° V

(b) A impedância do alimentador em pu vai ser dada por


Z 1 + j2
Z L ( pu ) = L = = 0,0388∠63,44° pu
Zb 57,6
A tensão no extremo emissor do alimentador vai ser dada por
VS( pu ) = V1( pu ) + Z L ( pu ) ⋅ I1( pu ) = 1,040∠1,34° + (0,0388∠63,44°) ⋅ (1∠ − 36,87°) =
= 1,0755∠2,22° V = (1,0747 + j 0,0417 ) pu
O leitor pode novamente conferir com o exemplo 3 o valor da
tensão em volts, multiplicando o valor em pu encontrado pelo
valor base, ou seja
VS = VS ( pu ) ⋅ Vb = 1,076∠2,22° ⋅ 2400 = 2581,105∠2,22° V
A solução do circuito é mostrada na figura 13 abaixo
0,0174 pu j 0,0347 pu 0,0174 pu j 0,0434 pu
1∠-36,87° pu 1∠-36,87° pu

1∠0° pu 1∠0° pu Z2
1,0755∠2,22° pu 1,040∠1,34° pu

Fig. 13 – Solução do circuito elétrico do exemplo 3 em pu.

Percebe-se claramente como o problema ficou mais simples


de se resolver. Fica a cargo do leitor resolver os itens (c), (d) e
(e) utilizando a notação em pu.
19
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Exemplo 4
Resolver o item (a) do exemplo 2, admitindo como bases nos
lados de alta e de baixa os seguintes valores respectivamente:
(a) (100 kVA; 2400 V) e (100 kVA; 480 V);
(b) (500 kVA; 2400 V) e (500 kVA; 480 V);
Solução
(a) A figura 27 abaixo mostra o circuito equivalente do trafo do
exemplo anterior em pu, enfatizando o fato de que, uma vez
que as bases não estão perfeitamente casadas, a relação de
tensão do trafo ideal não vai ser unitária.
RT(pu) XT(pu)
NV(pu) : 1

V1(pu) V2'( pu ) V2(pu)

Fig. 14 – Circuito equivalente do trafo do exemplo 4 em pu, mostrando a presença


do trafo ideal, mesmo com representação em pu.

A relação de tensão do trafo em pu NV(pu) vai ser dada por


V2'( pu ) V2' V1b V2' V2 NV 2400 240 10
NV ( pu ) = = = = = = =2
V2 ( pu ) V2 V2b V1b V2b V1b V2b 2400 480 5

A figura 15 mostra o circuito a ser analisado, destacando a


presença do trafo ideal, mesmo em pu.
RL(pu) XL(pu) XT(pu) NV(pu) : 1
RT(pu)
IS(pu) I1(pu) I 2' ( pu ) I2(pu)

VS(pu) V1(pu) V2'( pu ) V2(pu) Z2(pu)

Fig. 15 – Circuito elétrico do exemplo 5.

A resistência e a reatância do trafo estão no circuito de alta


tensão (lado 1 do trafo), onde as bases são (100 kVA; 2400 V).
Desta forma, a impedância base neste circuito vai ser
20
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Zb =
(kVb )
2
=
(2,4)
2
= 57,6 Ω
MVAb 0,1
e seus valores em pu serão
ZT 1 + j 2,5
ZT ( pu ) = = = 0,0468∠68,20° pu
Z base 57,6
O leitor pode reparar que o resultado é o mesmo do exemplo
anterior, uma vez que as bases de potência e tensão são as
mesmas, e assim, o valor em pu da impedância do alimentador
também vai ser o mesmo, ou seja
ZL 1 + j2
Z L ( pu ) = = = 0,0388∠63,44° pu
Zb 57,6
Como antes, o transformador está entregando potência
nominal à carga, com um fator de potência de 0,8 atrasado e
tensão nominal secundária. Desta forma
 V2 = 240 V

 P2 = 100 kVA
 cos Φ = 0,8 ind
 2

A carga Z2(pu) está num circuito onde os valores bases são


(100 kVA; 480 V). Desta forma
 V2 240 V
 V2( pu ) = = = 0,5 pu
 V 2b 480 V
 S 2 100 kVA
 S 2( pu ) = = = 1 pu
 S 2b 100 kVA

 Φ 2 = −ar cos(0,8) = −36,87°

O módulo da corrente I2(pu) vai ser dado por
S2( pu ) 1
I 2( pu ) = = = 2 pu
V2( pu ) 0,5

Assim
 V2( pu ) = 0,5∠0° pu

 I 2( pu ) = 2∠ − 36,87° pu

21
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

No lado de alta vai ser


 V2'( pu ) = V2( pu ) ⋅ NV ( pu ) = 0,5∠0° ⋅ 2 = 1∠0° pu
 '
 I 2 ( pu ) = I 2( pu ) ⋅ N I ( pu ) = 2∠0° ⋅ 0,5 = 1∠0° pu
A tensão V1(pu) nos terminais do trafo pode ser calculada como

V1( pu ) = V2'( pu ) + ZT ( pu ) ⋅ I 2' ( pu ) = 1∠0° + 0,0468∠68,20° × 1∠ − 36,87° =


= 1,040∠1,34° pu
A tensão VS(pu) na fonte vai ser
VS( pu ) = V1( pu ) + Z L ( pu ) ⋅ I1( pu ) = 1,040∠1,34° + (0,0388∠63,44°) ⋅ (1∠ − 36,87°) =
= 1,0755∠2,22° V = (1,0747 + j 0,0417) pu

O leitor pode conferir que os resultados das tensões e das


correntes em pu no lado de alta são os mesmos do exemplo 3.
Isto se deve porque as bases do lado de alta também são as
mesmas do exemplo anterior.

0,0174 pu j 0,0347 pu 1∠-36,87° pu 0,0174 pu j 0,0434 pu


2:1 2∠-36,87° pu

1,0755∠2,22° pu 1,040∠1,34° pu 1∠0° pu 0,5∠0° pu Z2

Fig. 16 – Solução do circuito elétrico do exemplo 5.

22
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Exemplo 5
Seja um trafo monofásico com os seguintes dados:
 V1 nom = 1200 V S nom = 100 kVA

 N1 = 2000 espiras R1 = 2 Ω X1 = 8 Ω
 N = 500 espiras R2 = 0,125 Ω X 2 = 0,5 Ω Z 2 = 12 Ω
 2

Aplicando-se a tensão nominal no enrolamento de alta, pede-se


determinar a tensão no secundário V2 e a regulação de tensão
Reg(%), desprezando-se a corrente de excitação, utilizando:
(a) o circuito equivalente em ohms e o conceito de impedância
referida;
(b) o circuito equivalente em pu com bases iguais aos valores
nominais do trafo.
Solução
(a) Pelos dados do problema, o circuito equivalente do trafo em
ohms, desprezando-se o circuito de excitação, é mostrado na
figura 17 ao abaixo.
2Ω j8 Ω 0,125 Ω j 0,5 Ω
I1 4:1 I2

V1=1200 V 2000 500 V2 12 Ω

Fig. 17 – Circuito elétrico do exemplo 5.

O circuito equivalente com todas as impedâncias referidas ao


lado de alta é mostrado na I1
2Ω j8 Ω 2Ω j8 Ω I
2
figura 18 ao lado, onde
todas as impedâncias do
lado de baixa foram V1=1200 V V2' 192 Ω

multiplicadas pela relação


de transformação do trafo
ao quadrado ( N2 = 16 ). Fig. 18 – Circuito equivalente do exemplo 5.

A tensão na carga, referida ao primário, pode ser calculada por


192
V2' = × 1200 = 1171,613 ∠ − 4,67° V
192 + (4 + j16 )
23
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

A tensão na carga, referida ao secundário vai ser então de


V2' 1171,613 ∠ − 4,67°
V2 = = = 292,903 ∠ − 4,67° V
NV 4

A regulação de tensão é definida como a variação da tensão


no secundário quando se passa da condição a vazio para a
condição de carga, em relação à tensão nominal. Assim
V2 ( NL ) − V2 ( FL ) 300 − 292,903
Reg (% ) = × 100 % = × 100 % = 2,37 %
V2 nom 300

Ou seja, a tensão cai 2,37% em relação à tensão nominal


quando se aplica uma carga de 12 Ω no secundário do trafo. O
leitor pode calcular qual é a regulação de tensão para uma
carga nominal no secundário, com fator de potência unitário.

(b) Utilizando o circuito equivalente do trafo em pu, deve-se


inicialmente estabelecer as bases nos dois lados do trafo.
Tomando as bases iguais aos valores nominais de cada um
dos enrolamentos, tem-se que
 V1b = 1200 V  V2b = 300 V
 e 
 S1b = 100 kVA  S1b = 100 kVA
Estas bases estão perfeitamente casadas, e desta forma, o
trafo ideal em pu vai ter relação unitária. Os valores das
impedâncias bases para os dois lados serão
1200 2 300 2
Z1b = = 14,4 Ω e Z 2b = = 0,9 Ω
100000 100000
Assim, os valores das impedâncias em cada lado do trafo vão
ser
 0,125
 2  R2 = 0,9 = 0,139 pu
 R1 = 14,4 = 0,139 pu 
 0,5
 e X 2 = = 0,556 pu
 X = 8 = 0,556 pu  0 ,9
 1 14,4  12
Z 2 = = 13,333 pu
 0,9

24
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

A tensão aplicada no primário em pu vai ser de


1200
V1 = = 1 pu
1200
e o circuito equivalente em pu vai ser o circuito mostrado na
figura 19 a seguir.
0,139 pu j 0,556 pu 0,139 pu j 0,556 pu
I1(pu) 1:1 I2(pu)

13,333 pu
V1(pu)=1 pu V2(pu)

V1b = 1200 V  V2b = 300 V 


   
 S1b = 100 kVA   S 2b = 100 kVA 
Fig. 19 – Circuito elétrico do exemplo 5 em pu.

Como o trafo ideal possui relação unitária (bases


perfeitamente casadas), ele pode ser retirado do circuito,
resultando o circuito equivalente da figura 20 abaixo.
0,139 pu j 0,556 pu 0,139 pu j 0,556 pu
I1(pu) I2(pu)

V2(pu) 13,333 pu
V1(pu)=1,00 pu

V1b = 1200 V  V2b = 300 V 


   
S
 1b = 100 kVA   S 2b = 100 kVA 
Fig. 20 – Circuito elétrico do exemplo 5 em pu sem o trafo ideal.

A tensão na carga pode ser calculada por


13,333
V2 ( pu ) = × 1,00 = 0,9763 ∠ − 4,67° pu
13,333 + (0,278 + j1,112 )

A tensão na carga vai ser então de


V2 = V2 ( pu ) × V2b = 0,9763 ∠ − 4,67° × 300 = 292,903 ∠ − 4,67° pu

repetindo o valor encontrado em (a). Fica a cargo do leitor


efetuar os cálculos restantes, relativos à regulação de tensão.

25
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Exemplo 6
Seja um trafo monofásico com os seguintes dados:
 V1 nom = 1200 V S nom = 100 kVA

 N1 = 2000 espiras X1 = 8 Ω
 N = 500 espiras X 2 = 0,5 Ω
 2
Determinar seu circuito equivalente, desprezando-se as perdas e o
circuito de excitação:
(a) em Ωs;
(b) em Ωs com todas reatâncias de dispersão referidas ao lado de
alta;
(c) em Ωs com todas reatâncias de dispersão referidas ao lado de
baixa;
(d) em pu, com bases (1200 V, 100 kVA) e (300 V, 100 kVA);
(e) em pu, com bases (1200 V, 100 kVA) e (600 V, 100 kVA);
Solução
(a) O circuito equivalente do trafo em ohms, desprezando-se o
circuito de excitação, é mostrado na figura 21 abaixo.
j8 Ω j 0,5 Ω
I1 4:1 I2

V1 2000 500 V2

Fig. 21 – Circuito equivalente do trafo do exemplo 6.

(b) Referindo as reatâncias de dispersão ao lado de alta fica


j8 Ω j8 Ω 4:1 j 16 Ω 4:1
I1 I2 I1 I2

V1 V2 V1 V2

Fig. 22 – Circuito equivalente do trafo do exemplo 6 com reatâncias de dispersão referidas ao lado de alta.

26
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

(c) Referindo as reatâncias de dispersão ao lado de baixa fica


j1 Ω
I1 4 : 1 I2

V1 V2

Fig. 23 – Circuito equivalente do trafo do exemplo 6 com reatâncias de dispersão referidas ao lado de baixa.

(d) As bases pedidas nos lados de alta e baixa são


respectivamente (1200 V, 100 kVA) e (300 V, 100 kVA). Estes
também são os valores nominais do trafo. Desta forma estes
dois pares de base estão perfeitamente casados. Assim sendo,
o trafo ideal em pu vai ter relação unitária. As impedâncias
base do lado de alta e de baixa vão ser
1200 2 300 2
Z b1 = = 14,4 Ω e Zb2 = = 0,9 Ω
100000 100000
Desta forma, os valores das reatâncias de dispersão, referidas
respectivamente ao lado de alta ou ao lado de baixa serão
16 1
XT = = 1,111 pu ou XT = = 1,111 pu
14,4 0,9

O leitor deve reparar que o valor em pu da reatância de


dispersão total do trafo foi obtido através da divisão do seu
valor ôhmico pelo valor da base de impedância relativa ao
circuito onde se considera a reatância. A figura 24 a seguir
mostra os circuitos equivalentes em pu.
j 1,111 pu j 1,111 pu j 1,111 pu
I1(pu) 1:1 I2(pu) I1(pu) 1:1 I2(pu) I1(pu) I2(pu)

V1(pu) V2(pu) V1(pu) V2(pu) V1(pu) V2(pu)

V1b = 1200 V  V1b = 300 V  V1b = 1200 V  V1b = 300 V  V1b = 1200 V  V1b = 300 V 
           
 S1b = 100 kVA   S1b = 100 kVA   S1b = 100 kVA   S1b = 100 kVA   S1b = 100 kVA   S1b = 100 kVA 
Fig. 24 – Circuito equivalente do trafo do exemplo 6 em pu com bases perfeitamente casadas..

27
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

(e) Para bases de (1200 V, 100 kVA) e (600 V, 100 kVA)


respectivamente nos lados de alta e baixa, a condição de
bases perfeitamente casadas não é atendida. Desta forma, o
trafo ideal em pu não vai ter relação unitária, mas sim de
NV 1200 300 4
NV ( pu ) = = = =2
V1b V2b 1200 600 2

Assim sendo, as impedâncias bases do lado de alta e de baixa,


vão ser respectivamente
1200 2 600 2
Z b1 = = 14,4 Ω e Zb2 = = 3,6 Ω
100000 100000
Desta forma, os valores das reatâncias de dispersão, referidas
ao lado de alta ou ao lado de baixa serão respectivamente
16 1
XT = = 1,111 pu ou XT = = 0,278 pu
14,4 3,6

O leitor deve novamente reparar que o valor em pu da


reatância de dispersão total do trafo foi obtido através da
divisão do seu valor ôhmico pelo valor da base de impedância,
do circuito no qual se considera a reatância. A figura 25 a
seguir mostra os circuitos equivalentes em pu com a reatância
referida ao lado de alta e de baixa respectivamente.
j 1,111 pu j 0,278 pu
I1(pu) 2:1 I2(pu) I1(pu) 2:1 I2(pu)

V1(pu) V2(pu) V1(pu) V2(pu)

V1b = 1200 V  V1b = 600 V  V1b = 1200 V  V1b = 600 V 


       
 S1b = 100 kVA   S1b = 100 kVA   S1b = 100 kVA   S1b = 100 kVA 
Fig. 25 – Circuito equivalente do trafo do exemplo 6 em pu com bases não perfeitamente casadas..

28
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

5. AUTOTRANSFORMADOR MONOFÁSICO

Para o desenvolvimento deste item, vai ser considerado


inicialmente um trafo ideal, associado ao autotransformador a ser
analisado, de relação de transformação NT dada por:
N1 V1
NT = = (27)
N 2 V2
Este trafo ideal vai ser ligado como um autotransformador ideal,
como mostra a figura 26 abaixo, onde VH e VL são suas tensões
terminais de alta e de baixa respectivamente, enquanto IH e IL são
suas correntes terminais.
IH
I1

V1

VH IL
I2

V2 VL

Fig. 26 – Autotransformador ideal.

Nas expressões que se seguem, os subscritos A e T se referem


respectivamente ao autotransformador e ao transformador
associado. Este transformador ideal, quando ligado como um
autotransformador, possui as seguintes propriedades:

• Relação de Tensão do Autotransformador


A relação de tensão NA de um autotransformador é dada pela
relação entre as suas tensões terminais VH e VL, ou seja
VH V1 + V2 V1
NA = = = + 1 = NT + 1 (28)
VL V2 V2
onde NT é a relação de transformação ou de tensão do
transformador ideal associado.
29
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

• Relação de Corrente
A relação de corrente de um autotransformador ideal é dada
pela relação entre as correntes terminais, ou seja
IH I1 1 1 1 1
= = = = =
I L I1 + I 2 I1 + I 2 1 + I 2 NT + 1 N A (29)
I1 I1
O leitor pode perceber que as propriedades relativas às
transformações de tensão e de corrente de um
autotransformador ideal são análogas às propriedades de um
transformador ideal.

• Relação de Potência
A relação de potência de um autotransformador ideal é dada
pela relação entre as potências de entrada e de saída, ou seja
* *
S H VH ⋅ I H* VH I H* VH I   1 
= = ⋅ = ⋅  H  = N A ⋅   = 1 (30)
S L VL ⋅ I L* VL I L* VL  IL   NA 
O leitor pode perceber que a propriedade relativa à
transformação de potência de um autotransformador ideal é
também análoga à mesma propriedade de um transformador
ideal.

• Relação entre Potências de um Autotransformador Ideal e de


um Trafo Associado
A potência total de um autotransformador ideal, independente
do terminal que se mede é dada por
 1  N +1
S A = S H = VH ⋅ I H* = (V1 + V2 ) ⋅ I1* = V1 ⋅ I1* + V2 ⋅ I1* = 1 +  ⋅ V1 ⋅ I1* = T ⋅ V1 ⋅ I1* (31)
 NT  NT

ou seja
NT + 1 N +1 NA
S A = SH = ⋅ S1 = T ⋅ ST = ⋅ ST (32)
NT NT N A −1

30
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

A equação (32) acima mostra que para relações de


transformação NA próximas de 1, mas nunca igual a 1 (o leitor
deve saber explicar o porque desta restrição), o ganho de
potência de um autotransformador em relação ao transformador
associado é muito grande. Também mostra que se NA for muito
grande, este ganho tende assintoticamente para 1. Esta
constatação pode ser vista do ponto de vista do transformador
associado. Assim, o ganho de potência vai ser tanto maior
quanto maior for a relação de transformação (ou de tensão) do
trafo associado.

Esta expressão mostra pois que os maiores ganhos em se


utilizar autotransformadores vão ser obtidos em aplicações
práticas onde as diferenças entre as tensões do lado de alta e
do lado de baixa sejam pequenas. Isto ocorre com freqüência
nos sistemas elétricos em situações onde se deseja interligar
dois sistemas de transmissão de níveis de tensão próximos,
como por exemplo, um sistema de 500 kV com outro de 345 kV.
Para este caso tem-se
500 SA NA 1,45
NA = =1,45 e = = = 3,23
345 ST N A − 1 1,45 − 1

Outro caso também muito comum diz respeito à interligação de


um sistema de transmissão com outro sistema de
subtransmissão, como por exemplo um sistema de transmissão
de 230 kV com um sistema de subtransmissão de 138 kV. Neste
caso tem-se que
230 SA NA 1,67
NA = = 1,67 e = = = 2,5
138 ST N A − 1 1,67 − 1

Convém notar que nestas interligações o benefício do


isolamento galvânico entre o sistema de alta e o sistema de
baixa, obtido com a utilização de um trafo, não se faz tão
necessário, tem em vista que ambos os sistemas são de alta
tensão. No entanto, deve-se dotar o autotransformador de um
sistema de proteção contra possíveis falhas que poderiam
transferir diretamente os níveis de tensão do seu lado de alta
para o seu lado de baixa.

31
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

• Análise Comparativa da Utilização de um Autotransformador e


de um Transformador numa mesma aplicação.
Uma outra análise interessante é a comparação direta entre um
transformador e um autotransformador utilizados numa mesma
aplicação. Considere pois os circuitos abaixo, relativos
respectivamente a um transformador e a um autotransformador,
que deverão ser utilizados numa mesma aplicação prática.
IH
Ia
I1 I2
Va Na

V1 N1 V2 VH IL
N2
Ib

Vb Nb VL

Fig. 27 – Transformador e autotransformador a serem utilizados numa mesma aplicação prática.

Como a aplicação é a mesma deve-se ter as seguintes relações


 V1 = VH = Va + Vb  V2 = VL
 
 I1 = I H e  I 2 = I L = I a + Ib (33)
S =S S =S
 1 H  2 L

TRANSFORMADOR AUTOTRANSFORMADOR
Cada um dos enrolamentos deve ser Os dois enrolamentos desenvolvem em
capaz de desenvolver toda a potência conjunto toda a potência
NO PRIMÁRIO
V1 elevado VH = Va + Vb também elevado
⇓ ⇓
Maior isolamento Va e Vb não tão elevados
⇓ ⇓
Maiores gastos com material para o Menores gastos com o material para
isolamento o isolamento
NO SECUNDÁRIO
I2 elevado IL = Ia + Ib também elevado
⇓ ⇓
Altas bitolas dos cabos Ia e Ib não tão elevados
⇓ ⇓
Maiores gastos com cobre Menores gastos com cobre

32
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Para finalizar a comparação cabe ainda lembrar que o


secundário de um autotransformador é obtido através de um tap
no seu enrolamento que é único, representando uma maior
economia. No entanto, em situações onde os níveis de tensão
são bem diferentes, como por exemplo, em subestações de
usinas hidrelétricas, onde os geradores trabalham com tensões
nominais da ordem de 2 a 20 kV e as tensões de transmissão são
da ordem de 230 a 765 kV, não se utilizam autotransformadores.

Exemplo 7
Um trafo monofásico de 30 kVA, 240/120 V, é ligado como um
autotransformador com polaridades aditivas. Aplicando a tensão
nominal no enrolamento de baixa tensão e carga de maneira que
haja circulação de correntes nos enrolamentos, determinar a
tensão VH e a potência nominal do autotransformador.
Solução IH
I1
No circuito equivalente ao lado tem-se
que Na
V1
V2 = VL = 120 V
VH IL
resultando numa relação de tensão
I2
para o autotransformador de
VH V1 + V2 240 V2 Nb VL
NA = = = NT + 1 = +1 = 3
VL V2 120
Desta forma
Fig. 28 – Autotransformador do exemplo 7.
VH = N A ⋅ VL = 3 ⋅ 120 = 360 V

A potência nominal do autotransformador será


S A = VH ⋅ I H* = (V1 + V2 ) ⋅ I1* = V1 ⋅ I1* + V2 ⋅ I1* =
V1 *  1   1  N +1
= V1 ⋅ I1* + ⋅ I1 = 1 +  ⋅ V1 ⋅ I1* = 1 +  ⋅ ST = T ⋅ ST
NT  NT   NT  NT

Substituindo os valores numéricos, resulta


NT + 1 2 +1
SA = ⋅ ST = ⋅ ST = 1,5 × 30 = 45 kVA
NT 2

33
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

6. TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS DE 3 ENROLAMENTOS


Neste item, o sobrescrito n, sendo n = p, s ou t, vai ser utilizado
para indicar o enrolamento para o qual uma determinada
s
impedância está referida ou foi medida. Assim, Z p indica uma
impedância do enrolamento primário referida ao ou medida no
enrolamento secundário.

A figura a seguir mostra os passos para se obter o circuito


equivalente de um trafo monofásico de três enrolamentos em pu.
A figura 29.a mostra o diagrama de um trafo monofásico de três
enrolamentos: primário (p), secundário (s) e terciário (t). A figura
29.b mostra o circuito equivalente deste trafo, desprezado o
circuito de excitação e com as impedâncias de cada enrolamento,
compostas pelas resistências e reatâncias de dispersão referidas
ao seu respectivo enrolamento. A figura 29.c mostra o mesmo
circuito anterior com todas as impedâncias referidas ao primário.
A figura 29.d mostra o circuito equivalente em pu com as bases
devidamente casadas, de modo a resultar trafos ideais com
relações unitárias. Notar que neste caso não é necessário indicar
a qual lado as impedâncias estão referidas.

s Z ss
s

p Vs Z pp Vs
p
s' s'
Vp Vp Z tt
t t
p'
p' Vt
Vt
t'
t' (b)

(a)
Z s ( pu ) Z sp
s s
Z p ( pu ) Vs Z pp Vs
p p
s' s'
Vp Z t ( pu ) Vp Z tp
t t
p' p'
Vt Vt

t' t'
(d) (c)
Fig. 29 – Trafo de monofásico de 3 enrolamentos: (a) diagrama esquemático,
(b) e (c) circuitos equivalentes em Ωs, (d) circuito equivalente em pu.

34
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

• Testes de curto-circuito
A determinação das resistências e das reatâncias de dispersão
de cada enrolamento pode ser efetivada através de testes de
curto-circuito. Eles são executados energizando um dos lados
do trafo, curto-circuitando um outro e deixando um terceiro
aberto, a vazio. Por se tratar de teste de curto-circuito, a
energização deve ser feita com cuidado de forma a não
ultrapassar a corrente nominal. Repetindo-se o procedimento
três vezes são calculadas três impedâncias, a saber
Z psp , Z ptp e Z sts , dadas por
 Z psp = Z pp + Z sp
 p
 Z pt = Z p + Z t
p p (34)
 s
 Z st = Z s + Z t
s s

onde
p
• Z ps : impedância medida no lado p com s curto-circuitado.
p
• Z pt : impedância medida no lado p com t curto-circuitado.
s
• Z st : impedância medida no lado s com t curto-circuitado.
As equações (34) formam um sistema de três equações e três
incógnitas. No entanto, a terceira impedância está sendo
medida no lado s e não pode ser contabilizada nesta forma. Para
se resolver o sistema, ela deve ser primeiro referida ao lado p na
forma
2
N 
Z = Z + Z t =  p  ⋅ Z sts
p
st s
p p (35)
 Ns 
Em seguida, o sistema pode ser resolvido para as três
incógnitas Z pp , Z sp e Z tp, todas elas referidas ao lado p, resultando
 p 1 p
(
 Z p = 2 Z ps + Z pt − Z st
p p
)

 p 1 p
2
(
 Z s = Z ps + Z st − Z pt
p p
) (36)

 p 1 p
(
 Z t = 2 Z st + Z pt − Z ps
p p
)

Estas impedâncias estão mostradas na figura 29.c anterior


35
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Exemplo 8
Um trafo monofásico de três enrolamentos possui os seguintes
valores nominais

Primário: 66 kV, 15 MVA


Valores Nominais Secundário: 13,2 kV; 10 MVA
Terciário: 2,3 kV; 5 MVA

Foram efetuados testes de curto-circuito tendo sido medidas as


seguintes impedâncias
Z psp = 7% nas bases de 15 MVA e 66 kV
← medidas no primário
Z ptp = 9% nas bases de 15 MVA e 66 kV
Z sts = 8% nas bases de 10 MVA e 13,2 kV ← medida no secundário
Calcular as reatâncias de dispersão dos três enrolamentos deste
transformador, desprezando as suas resistências, em razão da
ausência de dados wattimétricos.
Solução
Uma vez que não se dispõe de dados wattimétricos, as
resistências dos enrolamentos vão ser desprezadas. Esta hipótese
não conduz a erros consideráveis uma vez que as resistências dos
enrolamentos de um trafo de potência possuem baixos valores
quando comparados às suas impedâncias ou reatâncias (da
ordem de 2% a 5%).
Para resolver este programa vão ser adotadas bases de tensões
iguais às tensões nominais em cada um dos enrolamentos e bases
de potência iguais a 15 MVA em todos os três enrolamentos. Desta
forma, as bases estarão perfeitamente casadas e os trafos ideais
em pu terão relações de tensão unitárias e poderão ser retirados
do circuito equivalente em pu.
As impedâncias Z psp e Z psp foram medidas no primário e já se
encontram expressas nas bases apropriadas, ou seja, 66 kV e
15 MVA no primário. No entanto é necessário mudar a base de

36
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

potência de Z sts de 10 MVA para 15 MVA. Por outro lado, a base de


tensão de 13,2 kV já está casada, pois obedece a relação de
transformação do primário para o secundário deste trafo.
A expressão para a mudança de bases pode ser obtida lembrando-
se que o valor ôhmico de uma determinada impedância é único em
um determinado ponto do circuito e não depende das bases
consideradas para aquele ponto do circuito. Assim
Z (Ω) = Z1 ( pu ) ⋅ Z b1 = Z 2 ( pu ) ⋅ Z b 2 (37)

onde Zk(pu) é o valor em pu da impedância Z no par de bases k, Vbk


e Sbk. Desta forma o novo valor em pu, no par de bases 2, dado o
valor antigo em pu, no par de bases 1, vai ser
2
Z  kV  MVAb 2
Z 2 ( pu ) = Z1 ( pu ) ⋅ b1 = Z1 ( pu ) ⋅  b1  ⋅ (38)
Zb2  kVb 2  MVAb1

Substituindo os valores do problema na expressão (38) vem que


15 (39)
Z stp = 8 ⋅ = 12% = X stp
10
Desta forma, os valores das reatâncias de dispersão vão ser
 p 1 1
 X p = 2 ( X ps + X pt − X st ) = (7 + 9 − 12) = 2%
p p p

2

 p 1 1
 X s = ( X ps + X st − X pt ) = (7 + 12 − 9) = 5%
p p p
(40)
 2 2
 p 1 1
 X t = 2 ( X st + X pt − X ps ) = (12 + 9 − 7) = 7%
p p p

 2

A figura (30) a seguir mostra o circuito equivalente em pu para o


trafo monofásico de três enrolamentos.
j 0,05 pu
s
13,8 kV 
j 0,02 pu Vs 15 MVA
 
p
 66 kV  s'
  Vp j 0,07 pu
15 MVA
t
p'
 2,3 kV 
Vt  
15 MVA
t'
Fig. 30 – Circuito equivalente em pu do trafo de 3 enrolamentos do exemplo 8.

37
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

7. TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS
A análise de trafos trifásicos ou bancos trifásicos de trafos
monofásicos é basicamente uma extensão da análise feita para os
trafos monofásicos.

Neste item eles vão continuar sendo considerados operando em


regime permanente senoidal na freqüência de serviço, executando
suas funções normais de elevação ou abaixamento de tensão.
Embora em regime permanente senoidal equilibrado os trafos
trifásicos e os bancos trifásicos de trafos monofásicos operem de
maneira idêntica, sua operação em sistemas desequilibrados é
diferente e por isto vão ser considerados de maneira individual.

Os transformadores trifásicos possuem dois tipos básicos de


construção: os de núcleo envolvente (shell type) e os de núcleo
envolvido (core type). Os trafos trifásicos de núcleo envolvente são
em geral unidades mais antigas de grande potência. Por sua vez,
os trafos trifásicos de núcleo envolvido são unidades mais
modernas e de potências variadas. As figuras 31.a e 31.b abaixo
mostram os diagramas básicos destes dois tipos construtivos de
trafos trifásicos. Elas mostram também a distribuição dos fluxos
de seqüência positiva (ou negativa) nestes dois tipos de trafos.
Por se tratarem de fluxos equilibrados, a soma deles é nula e
desta forma, eles ficam totalmente confinados ao núcleo do trafo
trifásico, não importando o tipo de construção, demandando por
isto, baixas correntes de magnetização para as seqüências
positiva e negativa. O leitor deve notar que nos trafos de núcleo
envolvente o enrolamento da perna central é enrolado de maneira
diferente dos enrolamentos das pernas laterais.

Φa1 Φb1 Φc1

Φa1 Φb1 Φc1

Fig. 31 – Diagramas construtivos de trafos trifásicos e circulação das componentes de seqüência


positiva dos fluxos: (a) núcleo envolvido; (b) núcleo envolvente.

38
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

As figuras 32.a e 32.c abaixo mostram as distribuições dos fluxos


de seqüência zero para os trafos trifásicos de núcleo envolvido e
envolvente respectivamente. Para os trafos de núcleo envolvido,
uma vez que estão em fase e possuem o mesmo valor eficaz, estes
fluxos não conseguem fechar os seus circuitos magnéticos
restritamente pelo núcleo. Neles, o caminho magnético é formado
também pelo óleo e pela carcaça. Isto requer elevadas correntes
de magnetização, fazendo com que a reatância de magnetização
de seqüência zero possua baixos valores. Já nos trafos de núcleo
envolvente, os fluxos de seqüência zero se mantêm totalmente
confinados ao núcleo. No entanto, devido à sua distribuição
assimétrica, vão existir locais (pernas centrais verticais) onde as
densidades de campo magnético vão ser duas vezes maiores,
podendo conduzir o núcleo à saturação, caracterizando também
baixos valores para a reatância de magnetização. As figuras 32.b
e 32.d mostram as curvas da reatância de magnetização de
seqüência zero em função da tensão de seqüência zero presente
no ramo de magnetização para estes dois tipos de trafos.

Φa0 Φb0 Φc0


Xm0 (%)

Va0 (%)

(b)
(a)
Xm0 (%)

Φa0 Φb0 Φc0

Va0 (%)
(c)
(d)
Fig. 31 – Distribuição dos fluxos de seqüência zero e reatância de magnetização para
trafos trifásicos de núcleo envolvido e núcleo envolvente.

39
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Independentemente de qual possa ser o tipo de trafo trifásico


presente na instalação, cabe ao fabricante fornecer os valores das
reatâncias de dispersão e os gráficos das reatâncias de
magnetização, bem como os valores das resistências dos
enrolamentos e de perdas no ferro. Estes valores podem ser
levantados por testes de curto-circuito e a vazio, que fogem ao
escopo deste texto, podendo ser encontrados em textos
especializados em trafos.
Estes problemas não ocorrem para os bancos trifásicos de trafos
monofásicos. Por se tratarem de unidades independentes, os
fluxos magnéticos de qualquer seqüência vão sempre fechar o
circuito magnético correspondente apenas pelo núcleo. Também
não haverá locais onde a densidade magnética é mais elevada,
não caracterizando assimetria em nenhuma das partes do núcleo
e, desta forma, não havendo possibilidade de aparecerem pontos
específicos saturados no núcleo. Isto implica em circuitos de
seqüência idênticos, geralmente caracterizados por elevadas
impedâncias no ramo de excitação.
A melhor maneira para se determinar os circuitos equivalentes
para cada uma das seqüências para bancos trifásicos de trafos
monofásicos é a partir de um exemplo.

Exemplo 9
Considere um trafo monofásico cuja potência nominal é de 10
MVA, tensões nominais de 127/18 kV e reatância de dispersão de
10% nas bases iguais aos valores nominais deste trafo.

(a) Determinar os circuitos equivalentes em Ωs e em pu para este


trafo, considerando como bases seus valores nominais.

Neste ponto, já deve ter ficado claro ao leitor que, sempre que
se considerar como bases os valores nominais de um
determinado trafo, elas vão estar perfeitamente casadas. Desta
forma, os circuitos equivalentes vão apresentar trafos ideais
de relação de transformação unitária e a reatância em pu vai
ser simplesmente a reatância fornecida pelo fabricante (em
geral presente na placa de identificação do equipamento).

40
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

As figuras 32 e 33 a seguir mostram os circuitos equivalentes


em pu para o trafo do exemplo 9, com as reatâncias referidas
ao lado de alta e de baixa respectivamente.

X (Hpu ) = j 0,1 pu X (Lpu ) = j 0,1 pu


1 : 1 1 : 1

VH(pu) VL(pu) VH(pu) VL(pu)

 VbH = 127 kV   VbL = 18 kV   VbH = 127 kV   VbL = 18 kV 


       
 S H = 10 MVA   S L = 10 MVA   S H = 10 MVA   S L = 10 MVA 
 b   b   b   b 
Fig. 32 – Circuito equivalente em pu com reatância referida Fig. 33 – Circuito equivalente em pu com reatância referida
ao lado de alta ao lado de baixa

Como a relação de transformação dos trafos ideais é unitária,


eles podem ser retirados do circuito, tornando irrelevante a
especificação do enrolamento ao qual estão referidas as
reatâncias, resultando num único circuito equivalente,
mostrado na figura 34. Deve pois ficar claro ao leitor que em
um circuito equivalente em pu com bases perfeitamente
casadas é completamente improcedente perguntas do tipo: a
qual lado ou a qual enrolamento está referida determinada
impedância?
X ( pu ) = j 0,1 pu

VH(pu) VL(pu)

 VbH = 127 kV   VbL = 18 kV 


   
 S H = 10 MVA   S L = 10 MVA 
 b   b 

Fig. 34 – Circuito equivalente em pu sem o trafo ideal de


relação unitária.

Quando se deseja conhecer o circuito equivalente em Ωs


faz-se necessário o cálculo das impedâncias base.

41
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

As figuras 35 e 36 mostram os circuitos equivalentes deste


trafo monofásico em Ωs, com as reatâncias referidas ao lado
de alta e de baixa respectivamente.
X H = j161,29 Ω
127 : 18
X H
=X H
⋅Z = X
H H

( kV )
b
H 2

( pu ) b ( pu )
MVAbH
VH(pu) 127 kV 18 kV VL(pu)
127 2
X H
= 0,1 ⋅ = 0,1 ⋅ 1612,9
10
XH = 161,29 Ω
Fig. 35 – Circuito equivalente em Ωs com reatância
referida ao lado de alta

X L = j 3,24 Ω
127 : 18
X L = X (Lpu ) ⋅ ZbL = X (LLpu ) ⋅
( kV )
b
H 2

MVAbL
VH(pu) 127 kV 18 kV VL(pu)
182
X = 0,1 ⋅
L
= 0,1 ⋅ 32,4
10
X L = 3,24 Ω
Fig. 36 – Circuito equivalente em Ωs com reatância
referida ao lado de baixa

(b) Considere a conexão de três destes trafos monofásicos na


forma de um banco trifásico com ligação Yd11, ou seja

Banco 3Φ de trafos 1Φs (10 MVA, 127/18 kV, X = 10%)


Ligação Yd11

Determinar os circuitos equivalentes trifásicos e por fase, em


Ωs. Determinar os mesmos circuitos equivalentes em pu,
considerando bases iguais aos valores nominais do banco
trifásico de trafos monofásicos.

A notação Yd11 é utilizada na norma alemã para ligações Y-∆


de trafos trifásicos. Ela indica que:
• Os enrolamentos de alta (terminais marcados com a letra H)
estão ligados em estrela (a letra Y maiúscula indica lado de
alta tensão do trafo);

42
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

• os enrolamentos de baixa (terminais marcados com a letra X)


estão ligados em delta (a letra d minúscula indica lado de
baixa tensão do trafo);
• a tensão fase-neutro do terminal X1 (ponteiro das horas) está
30º ou π/6 radianos adiantada em relação à tensão
fase-neutro do terminal H1 (ponteiro dos minutos), ou seja,
11 horas.
O esquema de ligações e o diagrama de ligações
correspondente à ligação Yd11 são mostrados na figura 37
abaixo. Nesta figura, os enrolamentos de mesmo número
pertencem a um mesmo trafo monofásico ou a uma mesma
perna em um trafo trifásico e, desta forma, possuem f.e.m’s em
fase (de mesma direção e sentido).
X1 H1 1 1’

H1 X1
2’ 2 2’
1
1’ H2 X2
3 2 X2 3 3’

H3
3’ H3 X3
H2
H0
X3
Fig. 37 – Ligação Yd11 : Defasagens angulares e Esquema de Ligação.

A figura 38 a seguir mostra o diagrama de ligações anterior de


uma forma mais adequada para se determinas as grandezas
nominais do banco trifásico resultante, montado a partir dos
três trafos monofásicos. O leitor pode concluir que o banco
trifásico, na forma como foi ligado, vai corresponder a um trafo
trifásico equivalente de 30 MVA (10 MVA por fase) com tensões
nominais de linha de 220/18 kV.
H1 X1
2’
127 kV 18 kV
1
220 kV
1’ 18 kV X2

2 3’
H2 3
X3
H3
H0

Fig. 38 – Esquema de Ligação Yd11 : determinação das tensões nominais.

43
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

A seguir, será mostrado que o valor da reatância por fase, ou


de seqüência, vai continuar sendo de 10%, com novas bases,
correspondentes às novas grandezas nominais do trafo
trifásico equivalente, ou seja

TRAFO 3Φ EQUIVALENTE
30 MVA, 220/18 kV, X = 10% - Ligação Yd11
Novas bases trifásicas: 30 MVA, 220/18 kV
Novas bases monofásicas: 10 MVA, 127 /
18/√3 kV

O trafo da figura 38, com o lado em delta ligado em estrela


equivalente fica como
H1 X1
18
1 127 kV ∠30° kV 1’
3 18 kV
220 kV
3’

2 X2
H2 3 2’

H3 X3
H0

Fig. 38 – Esquema de Ligação Yd11 com secundário em estrela equivalente.

As defasagens verificadas nas ligações Y-∆ dos trafos


trifásicos não são importantes em cálculos de curtos-circuitos
ou aplicações relacionadas a fluxo de carga, uma vez que as
correntes vão manter os mesmos ângulos em relação às
tensões em ambos os lados do trafo. Desta forma, esta
defasagem é geralmente desprezada no momento dos cálculos
e, caso seja necessário, faz-se as devidas correções ao final.
No entanto, neste item, as defasagens vão ser mantidas com o
objetivo de se mostrar ao leitor como elas aparecem nos
diversos circuitos equivalentes.
Também permanece a notação onde os enrolamentos de
mesmo número pertencem a um mesmo trafo monofásico em
um banco.

44
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

O circuito equivalente, com as impedâncias dos trafos


monofásicos referidas ao lado de alta, é mostrado na figura
39.a a seguir. A figura 39.b mostra o mesmo circuito
equivalente em pu. Neste caso, por se tratar de circuito
trifásico, pode-se trabalhar com pares de bases trifásicas ou
monofásicas correspondentes.
j 161,29 Ω j 0,1 pu
H3 X3 H3 X3
127 kV 3 3’ 18 kV 1 pu 3 3’ 1 pu

j 161,29 Ω j 0,1 pu
H2 X2 H2 X2
127 kV 2 2’ 18 kV 1 pu 2 2’ 1 pu

j 161,29 Ω j 0,1 pu
H1 X1 H1 X1
127 kV 1 1’ 18 kV 1 pu 1 1’ 1 pu

H0 H0

Valores base monofásicos Valores base trifásicos


 S bH(1Φ ) = 10 MVA  SbH( 3Φ ) = 30 MVA
 H  H
 Vb ( Φn ) = 127 kV  Vb ( Φn ) = 220 kV
⇓ ⇓
 H kVb2 127 2  H kVb2 2202
Z
 b = = = 1612,9 Ω  Z b = MVA = 30 = 1612,9 Ω
 MVAb 10  b
 
 X H = 161,29 = 0,1 pu  X H = 161,29 = 0,1 pu
 ( pu ) 1612,9  ( pu ) 1612,9
Fig. 39 – Circuitos equivalentes em Ωs e em pu para o banco de trafos monofásicos.

Cabe uma observação importante relativa ao valor de tensão


de 1 pu indicado nos enrolamentos de baixa. Por se tratar de
uma tensão entre fases, a conversão para pu deve ser feita
dividindo-se o valor em kV pelo valor base de tensão de linha
daquele lado, ou seja, 18 kV.
O lado de baixa, ligado em delta, pode ser representado pela
estrela equivalente com neutro isolado, resultando nos
circuitos equivalentes da figura 40 a seguir.
45
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

j 161,29 Ω j 0,1 pu
H3 X3 H3 X3
18
127 kV 3 3’ ∠30° kV 1 pu 3 3’ 1 ∠30° pu
3

j 161,29 Ω j 0,1 pu
H2 X2 H2 X2
18
127 kV 2 2’ ∠30° kV 1 pu 2 2’ 1 ∠30° pu
3

j 161,29 Ω j 0,1 pu
H1 X1 H1 X1
18
127 kV 1 1’ ∠30° kV 1 pu 1 1’ 1 ∠30° pu
3
H0 H0

 VbH = 127 kV   VbL = 18 3 kV 


   
 S H = 10 MVA   S L = 10 MVA 
 b   b 

 VbH = 220 kV   VbL = 18 kV 


   
 S H = 30 MVA   S L = 30 MVA 
 b   b 
Fig. 40 – Circuitos equivalentes em Ωs e em pu para o banco de trafos monofásicos com lado de baixa em estrela.

Aqui também cabe uma observação semelhante à feita


anteriormente para o circuito da figura 39. Como o modelo é
em estrela em ambos os lados, as tensões nos enrolamentos
de baixa são agora tensões de fase para neutro. Desta forma, a
conversão para pu deve ser feita dividindo-se o valor em volts
pelo valor base de tensão de fase no lado de baixa, ou seja,
18/√3 kV. O leitor deve notar que a relação de tensão é
complexa. No entanto, a relação de corrente não mais pode ser
calculada como o inverso da relação de tensão, que continua
válida para o módulo, uma vez que a defasagem angular
aplicada na tensão de fase é também igualmente aplicada na
corrente de fase, de forma a se manter a mesma potência
complexa em ambos os lados.

Os circuitos equivalentes por fase, em Ωs e em pu podem ser


obtidos diretamente a partir dos circuitos em Ωs e em pu da
figura 40 anterior, uma vez que todas as tensões do circuito
estão agora referidas em relação ao neutro. Estes circuitos
estão mostrados nas figuras 41.a e 41.b a seguir e são também
os circuitos equivalentes para a seqüência positiva.

46
Modelos de Transformadores  Clever Pereira
j 161,29 Ω j 0,1 pu

18
VH 127 kV ∠30° kV VX VH(pu) 1 pu 1 ∠30 ° pu VX(pu)
3

(a)  VbH = 127 kV  (b)  VbL = 18 3 kV 


   
 S H = 10 MVA   S L = 10 MVA 
 b   b 
 VbH = 220 kV   VbL = 18 kV 
   
 S H = 30 MVA   S L = 30 MVA 
 b   b 
Fig. 41 – Circuitos equivalentes por fase de trafo trifásico em Ωs e em pu.

Uma vez que os caminhos dos fluxos magnéticos são


idênticos para as três seqüências, o leitor pode concluir que
os circuitos de seqüência negativa e de seqüência zero serão
iguais aos circuitos da figura 41. No entanto, em razão das
diferentes defasagens existentes em cada uma das
seqüências, na seqüência negativa, a defasagem entre as
tensões vai ser de –30º e na seqüência zero não haverá
defasagem nenhuma.
Como já mencionado, estas defasagens angulares podem ser
desprezadas e, desta forma, o circuito da figura 41.b se
resume no circuito da figura 42.a abaixo. Retirando-se o trafo
ideal de relação de tensão unitária desta figura, chega-se
finalmente ao circuito equivalente por fase, ou de seqüência
positiva, em pu para o banco trifásico de trafos monofásicos,
mostrado na figura 42.b a seguir.
j 0,1 pu j 0,1 pu

VH(pu) 1 pu 1 pu VX(pu) VH(pu) VX(pu)

 VbH = 127 kV   VbL = 18 3 kV   VbH = 127 kV   VbL = 18 3 kV 


       
 S H = 10 MVA   S L = 10 MVA   S H = 10 MVA   S L = 10 MVA 
 b   b   b   b 
(a) (b)
 VbH = 220 kV   VbL = 18 kV   VbH = 220 kV   VbL = 18 kV 
       
 S H = 30 MVA   S L = 30 MVA   S H = 30 MVA   S L = 30 MVA 
 b   b   b   b 
Fig. 42 – Circuitos equivalentes por fase de trafo trifásico em pu.

47
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Comparando-se os circuitos equivalentes por fase em pu do


banco trifásico apresentados nas figuras 42.a e 42.b e os
circuitos equivalentes do trafo monofásico que compõe o
banco trifásico, apresentados nas figuras 32 e 34, nota-se que
eles são idênticos, mudando-se apenas os valores das bases
de tensão, que dependem de que tipo de ligação foi feita em
cada enrolamento, se estrela ou delta.
Todo o processo anterior pode ser repetido considerando-se
as reatâncias de dispersão referidas ao lado de baixa. Embora
possa parecer redundante, isto será feito de forma a fixar
conceitos relativos a circuitos equivalentes de trafos.
A figura 43 a seguir mostra os circuitos equivalentes trifásicos
em Ωs e em pu do mesmo banco trifásico de trafos
monofásicos do exemplo 9, considerando-se as reatâncias de
dispersão referidas ao lado de baixa.
j 3,24 Ω j 0,3 pu
H3 X3 H3 X3
127 kV 3 3’ 18 kV 1 pu 3 3’ 1 pu

j 3,24 Ω j 0,3 pu
H2 X2 H2 X2
127 kV 2 2’ 18 kV 1 pu 2 2’ 1 pu

j 3,24 Ω j 0,3 pu
H1 X1 H1 X1
127 kV 1 1’ 18 kV 1 pu 1 1’ 1 pu

H0 H0

Valores base monofásicos Valores base trifásicos


 SbL(1Φ ) = 10 MVA  SbL( 3Φ ) = 30 MVA
 L  L
 Vb ( Φn ) = 18 3 kV  Vb ( Φn ) = 18 kV
⇓ ⇓

 Zb =
L kVb2
=
(
18 / 3 ) 2

= 10,8 Ω
 L kV 2
182
 Z b = MVA = 30 = 10,8 Ω
b

 MVAb 10  b
 
 L 3,24  X L = 3,24 = 0,3 pu
 X ( pu ) = 10,8 = 0,3 pu  ( pu ) 10,8

Fig. 43 – Circuitos equivalentes em Ωs e em pu para o banco trifásico de trafos monofásicos com reatância
de dispersão referida ao lado de baixa.

48
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

A figura 44 a seguir mostra os mesmos circuitos anteriores


com as reatâncias referidas ao lado de baixa, ligado em estrela
equivalente. Notar novamente a relação de tensão complexa,
indicando que as f.e.m’s do lado de baixa estão 30º adiantadas
em relação às f.e.m’s do lado de alta.
j 1,08 Ω j 0,1 pu
H3 X3 H3 X3
18
127 kV 3 3’ ∠30° kV 1 pu 3 3’ 1 ∠30 ° pu
3

j 1,08 Ω j 0,1 pu
H2 X2 H2 X2
18
127 kV 2 2’ ∠30° kV 1 pu 2 2’ 1 ∠30° pu
3

j 1,08 Ω j 0,1 pu
H1 X1 H1 X1
18
127 kV 1 1’ ∠30° kV 1 pu 1 1’ 1 ∠30° pu
3
H0 X0 H0 X0

 VbH = 127 kV   VbL = 18 3 kV 


   
 S H = 10 MVA   S L = 10 MVA 
 b   b 
 VbH = 220 kV   VbL = 18 kV 
   
 S H = 30 MVA   S L = 30 MVA 
 b   b 
Fig. 44 – Circuitos equivalentes em Ωs e em pu para o banco trifásico de trafos monofásicos com as
reatâncias de dispersão referidas ao lado de baixa.

As figuras 45.a e 45.b a seguir mostram os circuitos


equivalentes por fase em Ωs e em pu, ou equivalentemente o
circuito de seqüência positiva (ou negativa ou zero), com as
reatâncias referidas ao lado de baixa.
j 1,08 Ω j 0,1 pu

18
VH 127 kV ∠30° kV VX VH(pu) 1 pu 1 ∠30° pu VX(pu)
3

(a) (b)
Fig. 45 – Circuitos equivalentes por fase de trafo trifásico em Ωs e em pu com reatâncias referidas ao lado de baixa.

Desprezando-se novamente as defasagens angulares, o


circuito da figura 45.b anterior se resume no circuito da figura
46.a a seguir e finalmente ao circuito da figura 46.b, obtido
originariamente com as reatâncias referidas ao lado de alta.
49
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

j 0,1 pu j 0,1 pu

VH(pu) 1 pu 1 pu VX(pu) VH(pu) VX(pu)

(a) (b)
Fig. 46 – Circuitos equivalentes por fase de trafo trifásico em pu com reatância referida ao lado de baixa.

Exemplo 10
Três trafos monofásicos ideais, com valores nominais de 25 MVA
e 38,1/3,81 kV, estão ligados na forma de um banco trifásico em
estrela aterrada no lado de alta e delta no lado de baixa. Este
banco alimenta uma carga trifásica equilibrada de 0,6 Ω em estrela
aterrada solidamente. Adotando-se bases trifásicas de 75 MVA e
66 kV no lado de alta, pede-se:
Solução
(a) Especificar as bases para o lado de baixa.
Neste problema, um dos objetivos é mostrar como uma
impedância é referida de um lado para outro em um trafo
trifásico. O leitor já deve ter percebido que isto deve ser feito
de maneira similar ao sistema monofásico. Também não foi
especificado o tipo de ligação Y-∆ do trafo. Isto se deve ao fato
de muitas vezes não ser necessário considerar o valor da
defasagem angular. O diagrama trifilar correspondente ao
problema é mostrado na figura 47 abaixo, onde estão
representados os três trafos monofásicos ligados na forma de
um banco trifásico e a carga em estrela solidamente aterrada.
A
a
38,1 kV
66 kV
0,6 Ω 0,6 Ω
b
3,81 kV

B 0,6 Ω
3,81 kV
c
C
N

Fig. 47 – Banco trifásico ligado em Y-∆ com carga em estrela solidamente aterrada.

50
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Pela figura anterior percebe-se que o trafo trifásico equivalente


possui as seguintes grandezas nominais:
 S nom (3Φ ) = 3 ⋅ S nom (1Φ ) = 3 × 25 = 75 MVA

 Vnom ( ΦΦ ) = 3 × 38,1 = 66 kV
H

 L
 Vnom ( ΦΦ ) = 3,81 kV

Desta forma as bases serão:


Bases no lado de alta tensão Bases no lado de baixa tensão
Monofásicas Trifásicas Monofásicas Trifásicas
S b (1Φ ) = 25 MVA S b (1Φ ) = 25 MVA
 S b (3Φ ) = 75 MVA  S b ( 3Φ ) = 75 MVA
 66   3,81 
 Vb ( Φn ) = = 38,1 kV  Vb ( ΦΦ ) = 66 kV  Vb ( Φn ) = kV  Vb ( ΦΦ ) = 3,81 kV
 3  3

(b) Determinar a resistência da carga em pu nas bases


anteriormente determinadas
A impedância base do lado de baixa vai ser dada por

Z b( L ) =
kVb2
=
3,812
= 0,1936 Ω ou Z b( L ) =
kVb2
=
(
3,81 3 )
2

= 0,1936 Ω
MVAb 75 MVAb 25

A impedância por fase da carga trifásica em pu vai ser então


Z C (Ω) 0,6
Z C ( pu ) = ( L)
= = 3,10 pu
Z b 0,1936

O leitor pode reparar que as bases estão perfeitamente


casadas, de forma que o valor em pu da carga vai ser o
mesmo, independentemente do lado que ela estiver referida.
Desta forma, repetindo o cálculo anterior com os valores
referidos ao lado de alta tem-se que

Z (H )
b =
kVb2
=
66 2
= 58,08 Ω ou Z ( L)
b =
kVb2
=
66 3 ( )
2

= 58,08 Ω
MVAb 75 MVAb 75

e o valor da impedância em pu vai ser


2
 66 
0,6 ×  
Z CH( Ω )  3,81  180,05
Z C ( pu ) = = = = 3,10 pu
Z b( L ) 58,08 58,08

51
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

Exemplo 11
Seja um banco trifásico de trafos monofásicos com valores
nominais totais de 400 MVA e 220 Y / 22 ∆ kV, conforme mostrado
na figura 48 abaixo. Considere que a impedância de curto-circuito
trifásico vale 0,121 Ω, referida ao lado de baixa. Na hipótese de se
desprezar as resistências dos enrolamentos e o circuito de
excitação, determinar as reatâncias de dispersão seqüenciais em
pu do banco de trafos, para bases de 100 MVA e 230 kV no lado de
alta.
A a
127 kV
220 kV
22 kV b
22 kV
B
c
C
N

Fig. 48 – Trafo trifásico do exemplo 11.

Solução 1
Uma vez que nada foi mencionado, por default as bases pedidas
no enunciado são trifásicas. Para que elas estejam perfeitamente
casadas, as bases trifásicas na baixa devem ser
 SbL(3Φ ) = SbH(3Φ ) = 100 MVA

 L VbH( ΦΦ ) 230
 Vb ( ΦΦ ) = = = 23 kV
 NV 220 22

Desta forma, a impedância base do lado de baixa e a impedância


de curto-circuito, que é na verdade a reatância de dispersão do
trafo, vão ser iguais a

 kVb2 232 529


 bZ = = = = 5,29 Ω
 MVAb 100 100

Z 0,121
CC ( pu ) = X T ( pu ) = = 0,0229 pu
 5,29

52
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

A figura 49 a seguir mostra o circuito equivalente por fase (ou de


seqüência) do banco trifásico, nas bases pedidas.
j 0,0229 pu

VH(pu) VL(pu)

 VbH = 230 kV   VbL = 23 kV 


   
 S H = 100 MVA   S L = 100 MVA 
 b   b 

Fig. 49 – Circuito equivalente em pu.

Solução 2
Admitindo-se inicialmente bases iguais aos valores nominais do
trafo, tem-se que
 L kVb2 22 2
 Z b = MVA = 400 = 1,21 Ω
 b

Z 0,121
CC ( pu ) = X T ( pu ) = = 0,1 pu
 1,21

A impedância de curto-circuito pode ser calculada no novo par de


bases pode ser calculada utilizando-se diretamente a expressão
de mudanças de bases por
2
 kVb ( velha )  MVAb ( nova )  22 
2
100
Z nova = Z velha ⋅   ⋅ = 0,1 ⋅   ⋅ = 0,0229 pu
 kV  MVA  23  400
 b ( nova )  b ( velha )

Solução 3
Uma outra maneira de se resolver este problema é referir
inicialmente a impedância de curto-circuito para o lado de alta
tensão e então calcular seu valor em pu. Assim

 H  220 
2

 Z CC = Z CC ⋅ NV = 0,121×   = 12,1 Ω
L 2

  22 
 kVb2
230 2

 Zb = = = 529 Ω
H

 MVA b 100
 12,1
 Z CC ( pu ) = X T ( pu ) = = 0,0229 pu
 529

53
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

8. ASPECTOS GERAIS
8.1. Refrigeração
Com relação à refrigeração, os transformadores podem ser
classificados como:
Refrigeração por convecção, através da
Refrigeração a
circulação de ar, forçada ou não (até 4
seco MVA/15 kV).
Refrigeração por condução de calor
Refrigeração a
através do óleo até as paredes do
óleo tanque (mais comum).

8.2. Perdas
As perdas podem ser divididas em duas parcelas: perdas a vazio
(no núcleo) e perdas sob carga (nos enrolamentos)

• Principalmente devido à histerese e


correntes de Foucault.
• Perdas adicionais denominadas
estruturais (parafusos e soldas) e nos
dielétricos (trafos de extra-alta
tensão) – aproximadamente 15% das
perdas no núcleo.
Perdas a vazio • Não variam com a carga.
(no núcleo) • Representam de 25% a 40% das
perdas nos enrolamentos.
• Medidas em restes de circuito aberto,
à freqüência nominal e com tensões
nominais.
• Proporcionais ao quadrado da tensão
aplicada (Ra no circuito de excitação).
• Principalmente nos enrolamentos.
Perdas sob • Perdas adicionais devido às
correntes de Foucault nos próprios
carga (nos enrolamentos.
enrolamentos) • Variam com a carga.
• Medidas em testes de curto-circuito.

54
Modelos de Transformadores  Clever Pereira

8.3. Índices de Desempenho


Como as linhas de transmissão, os transformadores também
possuem índices para medir ou quantificar o seu desempenho. Os
mais comuns são

Regulação de Tensão [Reg(%)]


(a) Depende do fator de potência;
(b) Algebricamente negativa, para fator de potência capacitivo;
(c) Está relacionada com a resistência e a reatância de
dispersão dos enrolamentos;
(d) Valores em torno de 3% trafos pequenos) e 10% (trafos
maiores).
V2 ( NL ) − V2 ( FL )
Reg (%) = ⋅100% (41)
V2 nom

Especificação • Tensão primária nominal.


• Subscrito FL indica full load, ou seja,
da regulação
em geral potência nominal com fator
de tensão de potência 0,8 atrasado ou unitário.

Rendimento [η(%)]

Psaída P − Perdas  Perdas  (42)


η (%) = ⋅ 100% = entrada ⋅ 100% = 1 −  ⋅ 100%
Pentrada Pentrada  Pentrada 

• Potência (kVA) nominal, com fator de


potência unitário, para uma dada
Especificação
temperatura.
do rendimento • Em torno de 96% (trafos pequenos) a
99,5% (trafos maiores).

55
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

UNIDADE VII
MODELOS MATRICIAIS DE REDES

1. INTRODUÇÃO
Redes elétricas = interconexão de elementos
• ELEMENTO ⇔ modelo individual;
Ö matrizes primitivas de admitâncias ou de impedâncias
reúnem todos os elementos.
• INTERLIGAÇÃO ⇔ matrizes de incidência e de circuito;
Ö matrizes de incidência e de circuito contêm a informação
da interligação destes elementos.

2. MATRIZ PRIMITIVA
2.1. Elementos Genéricos com Fontes
abc
v pq

p q
~ abc abc
abc
e pq
~
Z abc
pq
abc
v pq + e pq
abc
= Z pq ⋅ i pq (1)
abc
− + i
+ pq

Fig. 1 – Elemento genérico na forma de impedância.

abc
v pq

p q
~
~
Y pqabc i pqabc + j pq
abc
= Ypqabc ⋅ v pq
abc
(2)
abc
i
+ abc
pq

j pq

Fig. 2 – Elemento genérico na forma de admitância.

1
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

Multiplicando (1) à esquerda por (Z~ ) abc −1


pq
~
= Ypqabc vem:

~ ~ ~abc abc ~abc abc


Ypqabc ⋅ vpq
abc
+ Ypqabc ⋅ epq
abc
= i abc
pq ⇒ i abc
pq − Ypq ⋅ epq = Ypq ⋅ vpq (3)

Ou seja

~abc abc ~
i abc
pq + j abc
pq = Ypq ⋅ vpq onde
abc
j pq = − Y pqabc ⋅ e pq
abc
(4)

2.3 – Acoplamento entre os Elementos Genéricos pq e rs


p q

~
abc
e pq Z abc
pq
abc
− + i pq ~ abc ~ abc abc
+ −  v pqabc
+ e pq
abc
= Z pq , pq ⋅ i pq + Z pq , rs ⋅ i rs
abc

~ 
Z abc
pq,rs  (5)
 abc ~ abc ~ abc
 vrs + ers = Z rs , pq ⋅ i pq + Z rs , rs ⋅ i rs
abc abc abc
r s

~
ersabc Z rsabc
− + irsabc
+ −

Fig. 3 – Elementos genéricos com acoplamento.

ou matricialmente

abc abc ~ abc ~ abc


v pq epq Z pq , pq Z pq ,rs i pqabc
+ = . (6)
abc ~ ~ abc
v abc
rs e rs Zrsabc, pq Z rsabc,rs irs

Para toda a rede pode-se escrever que

~
V abc + E abc = Z abc ⋅ I abc (7)

2
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

onde

 V

abc
= [v abc
pq v rsabc L v tuabc ] t


 E
abc
= [e abc
pq e rsabc L e tuabc ] t

(8)

 I
abc
= [i abc
pq i rsabc L ituabc ] t

e
~ abc ~ abc ........ ~ abc
Z pq , pq Z pq ,rs Z pq ,tu

~ abc ~ ........ ~
Z pq ,rs Z rsabc,rs Z rsabc,tu
~ . . . .
Z abc = (9)
. . . .
. . . .
. . . .
~ abc ~ ........ ~
Z pq,tu Z tsabc
,tu Z tuabc,tu

Aplicando-se a transformação de componentes simétricas em (7) tem-se

~ 012 012
V 012
+E 012
= Z ⋅I (10)

Interessa aplicações onde não existam mútuas entre os diagramas de


seqüência positiva, negativas e zero, ou seja, aplicações onde o sistema é
equilibrado do ponto de vista de impedâncias. Nestes casos

 V

012
= [v 012
pq v rs012 L v tu012 ] t


 E
012
= [e 012
pq e rs012 L e tu012 ] t

(11)

 I
012
= [i 012
pq i rs
012
L i tu
012
]
t

3
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

e a matriz das impedâncias primitivas de seqüência vai ser da forma

~ ~ ....... ~
Z pq012,pq Z pq012,rs Z pq012,tu
~ ~ ~
Z rs012
, pq Z rs012
,rs ....... Z rs012
,tu

~ . . . . (12)
Z 012 = . . . .
. . . .
. . . .
~ ~ ~
Ztu012
, pq Z tu012
,rs ....... Z tu012
,tu

onde cada um dos blocos é diagonal, ou seja, para cada elemento não há
mútuas entre as seqüências. Assim, tem-se na verdade, três equações
desacopladas, a saber:

~
 V 0 + E0 = Z 0 ⋅ I 0
 1 ~1 1
V + E = Z ⋅ I
1
(13)
 2 ~2 2
 V + E = Z ⋅ I
2

Desta maneira, as redes de seqüência vão ser formadas por elementos


monofásicos generalizados, como mostrados abaixo:

v pq v pq

p q p q

e pq Z pq Y pq
− + i pq i pq
+ − + −
j pq

Fig. 4 – Elementos genéricos escalares na forma de impedância e admitância.

4
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

3. NOÇÕES DE TOPOLOGIAS DE REDES

3.1. Introdução

DIAGRAMA
UNIFILAR

Fig. 5 – Diagrama Unifilar.

DIAGRAMA
DE
IMPEDÂNCIAS
(REATÂNCIAS)

Fig. 6 – Diagrama de impedâncias (reatâncias).

3.2. Definições:
7
A 4 B C D
(a) GRAFOS – conjunto de segmentos 5 6
chamados ELOS (ou ELEMENTOS) e 2
pontos chamados VÉRTICES (ou NÓS), 1 3
os quais são terminais dos elos,
interconectados de maneira tal que os
elos são incidentes somente aos
vértices. E
GRAFO
Fig. 7 – Grafo.

5
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

(b) GRAFO ORIENTADO – grafo cujos elementos possuem orientação.


7

A 4 B C D
5 6

2
1 3

E
Fig. 8 – Grafo orientado.

(c) SUB-GRAFO – qualquer conjunto de elos e vértices de um grafo.


7 7

A 4 B C D A B C D
5 6 5

2 2
1 3 1 3

E E
Fig. 9 – Sub-grafo orientado.

(d) CAMINHO – sub-grafo com não mais de 2 elementos ligados a cada


vértice.
7
A B B C D
A 4 B C D
5 6
5 6
2 2
2 1 3
1 3

E E
E
Fig. 10 – Caminhos de um grafo orientado.

6
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

(e) CIRCUITO, LAÇO, MALHA OU CAMINHO FECHADO – caminho no qual


os dois vértices terminais coincidem e os vértices interiores são
distintos. 7 7

A 4 B C D A 4 B D
5 6

2
1 3 1 3

E E
Fig. 11 – Circuito ou laço.

(f) GRAFO CONEXO – é um grafo no qual existe pelo menos 1 caminho


entre dois vértices quaisquer. 7
A 4 B D A B C D
5

1 3 1

E E
grafo conexo grafo não conexo
Fig. 12 – Grafos conexo e não conexo.

(g) ÁRVORE (de um grafo) – é um sub-grafo que contém todos os vértices e


nenhum caminho fechado.
7

A B C D A B C D
5 6 5

2 2
1 3 1

E E
ÁRVORE “A” ÁRVORE “B”
Fig. 13 – Árvores de grafos conexos.

7
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(h) RAMOS – são os elos de uma árvore.


(i) CORDAS OU LIGAÇÕES – são os elos do grafo que não pertencem à
árvore.
(j) CO-ÁRVORE – é o sub-grafo formado pelas cordas.
7

A 4 B C D A 4 B C D
6

2
3

E E
CO-ÁRVORE “A” CO-ÁRVORE “B”
Fig. 14 – Árvores de grafos conexos.

1 2 7
3
A 4 B C D
(k) CONJUNTO DE CORTE (CUT-SET) –
5 6
é o conjunto mínimo de elos e/ou de
vértices que se removidos dividem o 2
grafo em dois grafos conexos. 1 3

E
Fig. 15 – Conjunto de corte (cut-set).

(l) CIRCUITO, LAÇO OU MALHA BÁSICOS – é o laço que contém apenas


uma corda.
7
A 4 B 3 C D

1 2

1 3

E
Fig. 16 – Circuitos, laços ou malhas básicos.

(m) CONJUNTO DE CORTE BÁSICO – é o conjunto de corte que contém


apenas 1 ramo.
8
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TEOREMA: Para uma dada árvore “T” de um grafo conexo “G” com “v”
vértices e “e” elos, existem exatamente “ v-1” ramos e “ e-v+1” cordas.

6 6
4 B 5
A C 4 B 5 4 B 5
A C A C

2 2 2
1 3 1 3 1 3

D D
D
ÁRVORE T1 ÁRVORE T2
GRAFO G
 ramos : r = v − 1 = 4 − 1 = 3
e = 6 
  cordas : c = e − v + 1 = 6 − 4 + 1 = 3
v = 4
Fig. 17 – Grafo orientado e árvores T1 e T2.

3.3. Matrizes de um GRAFO


~
(a) Matriz de Incidência Elemento-Nó a ] v × e
[ A

A matriz de incidência elemento-nó é uma matriz de v linhas e e colunas


que descreve como os nós estão ligados aos nós do grafo orientado.
Seus elementos aij são tais que:

1 se elo ej incide em vi para fora

~
Aa = aij [ ] v×e
com a ij = -1 se elo ej incide em vi para dentro

0 se elo ej não incide em vi

9
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Exemplo: Seja a rede elétrica abaixo à esquerda, cujo grafo orientado se


encontra à direita.
y6
6
y46 y56
4 B 5
A C

y4 y5 2
1 3
j1 y1 y2 y3 j3

Fig. 18 – Rede de seqüência positiva no formato de admitância e grafo orientado associado.

1 2 3 4 5 6 Elementos
A -1 0 0 1 0 1
B 0 -1 0 -1 1 0
~
Aa = C 0 0 -1 0 -1 -1
D 1 1 1 0 0 0

Vértices

TEOREMA: A matriz incidência elemento-nó de um grafo conexo possui


um número de linhas linearmente independentes (lli) igual ao número de
ramos do grafo, ou seja, ll i = r = v - 1.

~
(b) Matriz de Incidência Elemento-Nó Reduzida [ A ] (v −1) × e
~
É a matriz Aa desprezando-se uma de suas linhas.
~
A = a ij[ ]( v −1 ) × e
(14)
Para a rede da figura 17:
1 2 3 4 5 6
-1 0 0 1 0 1 A
~
A= 0 -1 0 -1 1 0 B
0 0 -1 0 -1 -1 C

10
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~
NOTA: A matriz de incidência elemento-nó reduzida A pode ser obtida
diretamente escolhendo-se um conjunto de linhas correspondentes
aos nós dos conjuntos de corte básicos.
Exemplo:
6 6

4 B 5 4 B 5
A C A C

2 2
1 3 1 3

D D
Fig. 19 – Grafo orientado, árvore com ramos e cordas e conjuntos de corte básicos que vão dar origem à matriz Ã.

1 2 3 4 5 6
-1 0 0 1 0 1 A
~
A= 0 -1 0 -1 1 0 B
0 0 -1 0 -1 -1 C

~
(c) Matriz de Incidência Elemento-Laço [ Ba ] m × e

1 se elo ej pertence ao circuito i


com orientação positiva.
~
B a = [ b ij ] m × e com b ij =
-1 se elo ej pertence ao circuito i
com orientação negativa.
0 se elo ej não pertence ao
circuito i
6

C 1 2 3 4 5 6
A
4 B 5 C 1 -1 1 A

F A B G
1 -1 1 B

2 ~ -1 -1 1 C
1 3 Ba = 1 -1 1 1 D

D E 1 -1 -1 1 E
1 -1 -1 1 F

D 1 -1 1 G

Fig. 20 – Malhas do grafo da figura 19 anterior.

11
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~
(d) Matriz de Incidência Elemento-Laço Reduzida [ B ]c×e
~
TEOREMA: A matriz de circuito [ Ba ] possui c = e–v+1 linhas linearmente
independentes.
6
1 2 3 4 5 6
4 B G 5
A C 1 -1 1 A
e-v+1 linhas
~ 1 -1 1 B
A B B= linearmente
2 independentes
1 3 1 -1 1 G

D NOTA: Tais linhas correspondem aos


Fig. 21 – Malhas do grafo da figura 19
circuitos básicos ou fundamentais.
anterior.

4. FORMULAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE REDE


4.1. Princípios Básicos
Exemplo:
y6
6
y46 y56
4 B 5
A C

y4 y5
2
1 3
j1 y1 y2 y3 j3

Fig. 22 – Rede de seqüência positiva, grafo orientado associado e árvore, com ramos e cordas.

(a) Leis de Kirchhoff

(i) ∑i = 0i ; ii Ö correntes que saem de um nó (3 equações).

(ii) ∑v = 0i ; vi Ö tensões nos elementos (3 equações).

12
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(b) Relação tensão-corrente nos elementos


~
(iii) i + j = Yp . v Ö formato de admitância (6 equações).

ou
~
(iv) v + e = Zp . i Ö formato de impedância (6 equações).

A solução de uma rede envolve a determinação de “2e” incógnitas, sendo


“e” tensões e “e” correntes, um par para cada elemento. As relações
v × i fornecem “e” equações e as leis de Kirchhoff fornecem as outras “e”
equações necessárias, sendo “v-1” equações relacionadas à lei das
correntes e “e-v+1” equações relativas à lei das tensões de malha.

Para a rede exemplo, tem-se: v = 4, e = 6, r = v – 1 = 3 e c = e – v +1= 4

Leis de Kirchhoff
(i) Soma das correntes que saem de um nó é nula (r = 3 equações)
6

4 B 5
– i1 + i4 + i6 = 0 (nó A) A C

(r =v–1)
– i2 – i4 + i5 = 0 (nó B) 2
equações 1 3
– i3 – i5 – i6 = 0 (nó C)
D

Pode-se ver que estas equações correspondem a

i1
-1 0 0 1 0 1 i2 0
~
A.i = 0 Ö 0 -1 0 -1 1 0 . i3 = 0
0 0 -1 0 -1 -1 i4 0
i5
i6

13
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(ii) Soma das Tensões em uma malha fechada é nula (c = 3 equações)


6

v 1 – v 2 + v4 = 0 (laço A) 4 B G 5
A C
(c=e–v+1)
v 2 – v 3 + v5 = 0 (laço B)
equações A B
2
v 1 – v 3 + v6 = 0 (laço G) 1 3

Pode-se ver que estas equações correspondem a


D
v1
1 -1 0 1 0 0 v2 0
~
B.v = 0 Ö 0 1 -1 0 1 0 . v3 = 0
1 0 -1 0 0 1 v4 0
v5
v6

As relações v × i fornecem “6” equações e vão existir “12“ incógnitas, uma


vez que, a cada elemento estão associadas 2 incógnitas, uma relacionada à
tensão e outra à corrente. São então necessárias mais “6“ equações para a
solução da rede.

Estas equações vêm das “6“ relações tensão-corrente em cada um dos


elementos, dadas na forma de admitância ou de impedância por

~
 i + j = Yp . v
 ~ (15)
 v + e = Z p . i

ou, mais explicitamente

i1 j1 y1 v1
i2 0 y2 v2
i3 j3 y3 v3
+ = .
i4 0 y4 y46 v4
i5 0 y5 y56 v5
i6 0 y64 y65 y6 v6

14
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ou

v1 e1 z1 i1
v2 0 z2 i2
v3 e3 z3 i3
+ = .
v4 0 z4 z45 z46 i4
v5 0 z54 z5 z56 i5
v6 0 z64 z65 z6 i6

4.2. Equações Nodais e de Malhas


As “e” equações v × i e as “e” equações relacionadas às leis de Kirchhoff
fornecem as “2e” equações necessárias para a solução da rede elétrica. Via
de regra isto vai envolver a inversão de uma matriz de dimensão “2e”,
resultando em grande esforço numérico ou computacional. Fica então a
pergunta: não existe algum tipo de formulação onde a solução da rede
possa ser simplificada?

Esta pergunta pode ser respondida reescrevendo as relações v × i em uma


das formas, ou seja, admitância ou impedância e aplicando as leis de
Kirchhoff, ou seja

~ ~ ~ ~
 i + j = Y~p . v ⇒ A ⋅ i + A ⋅ j = A ⋅ Yp ⋅ v


 ~ ~ ~ ~ ~ (16)
 v + e = Z p . i ⇒ B ⋅v + B ⋅e = B ⋅ Zp ⋅i

As duas leis de Kirchhoff estabelecem que

~
 A ⋅ i = 0
~ (17)
 B ⋅ v = 0

15
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Substituindo as equações (17) nas equações (16) vem que

~ ~
 A ⋅ j = A ⋅ Y~p ⋅ v
 ~ ~ ~ (18)
 B ⋅ e = B ⋅ Zp ⋅i
~ ~
Cabe agora examinar as expressões A ⋅ j e B ⋅ e presentes em (18),
começando pela primeira delas. Neste caso, nota-se que o resultado é um
vetor cujos termos são as correntes injetadas em cada um dos vértices da
rede, com exceção da referência, vetor este que recebe comumente o nome
de I BARRA .

j1
-1 0 0 1 0 1 0 - j1
~
A⋅ j = 0 -1 0 -1 1 0 . j3 = 0 = I BARRA (19)
0 0 -1 0 -1 -1 0 - j3
0
0

O resultado da segunda expressão é obtido inicialmente passando todos os


elementos para a forma de impedância. Assim procedendo, percebe-se que
o vetor resultante é na verdade um vetor cujos termos são iguais à soma
das fontes de tensões encontradas em cada um dos circuitos básicos da
rede, obedecendo-se o sentido adotado para cada um destes circuitos. Este
vetor é comumente denominado E LAÇO .

e1
1 -1 1 0 e1
~ ELAÇO
B⋅ e = 1 -1 1 . e3 = - e3 = (20)
1 -1 1 0 e1 - e3
0
0

16
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É importante salientar que, nas equações (20), cada uma das fontes de
tensão ei é obtida a partir do inverso da equação (4), ou seja

~
e = − ZP ⋅ j (21)

Substituindo (19) e (20) em (18) resulta em

~
 I BARRA = A ⋅ Y~p ⋅ v
 ~ ~ (22)
 ELAÇO = B ⋅ Z p ⋅ i

As equações (22) acima são equações que trabalham com dois vetores
conhecidos, ou seja, o vetor das correntes de barra e o vetor das tensões
~ ~
de laço. No entanto não é possível resolvê-las uma vez que as matrizes A⋅ Yp
~ ~
e B ⋅ Z p não são matrizes quadradas e não admitem inversas. Torna-se pois
necessário definir respectivamente os vetores VBARRA e I LAÇO , de forma a
uniformizar as equações (22) acima, possibilitando a sua solução. A
definição é feita igualando-se as potências aparentes injetadas, calculadas
pelas formulações primitivas, de barra e de laço.

Assim, para a formulação de barras ou nodal, tem-se que

t
VBARRA ⋅ I BARRA
*
= v t ⋅ j* (23)

A equação (19) estabelece que

~
I BARRA = A ⋅ j (24)

deste modo, substituindo em (23) vem que

~
t
VBARRA ⋅ A ⋅ j* = vt ⋅ j * (25)

Pode-se notar por esta equação que

~
t
VBARRA ⋅ A = vt (26)

17
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ou, rearranjando os termos, que


~
v = At ⋅ VBARRA (27)

Substituindo na primeira das equações (22) repetida abaixo vem que


~ ~ ~ ~ ~
I BARRA = A ⋅ Yp ⋅ v ⇒ I BARRA = A ⋅ Yp ⋅ At ⋅ VBARRA (28)

ou seja
~
I BARRA = YBARRA ⋅ VBARRA (29)

onde
~ ~ ~ ~
YBARRA = A ⋅ Yp ⋅ At (30)

A formulação de laços básicos ou de malhas pode ser deduzida de forma


análoga, igualando-se novamente as potências aparentes. Assim

t
ELAÇO ⋅ I LAÇO
*
= et ⋅ i * (31)

A equação (20) estabelece que


~ ~
ELAÇO = B ⋅ e ⇒ t
ELAÇO = e t ⋅ Bt (32)

deste modo
~
e t ⋅ B t ⋅ I LAÇO
*
= et ⋅ i * (33)

Pode-se notar por esta equação que


~
B t ⋅ I LAÇO
*
= i* (34)

ou seja

~
i = B t ⋅ I LAÇO (35)

18
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

Substituindo na segunda das equações (22), também repetida abaixo vem


que

~ ~ ~ ~ ~
ELAÇO = B ⋅ Z p ⋅ i ⇒ ELAÇO = B ⋅ Z p ⋅ Bt ⋅ I LAÇO (36)

ou seja

~
ELAÇO = ZLAÇO⋅ I LAÇO (37)

onde

~ ~ ~ ~
ZLAÇO = B ⋅ Z p ⋅ Bt (38)

A tabela 1 a seguir mostra como é executada a solução das redes de


potência utilizando respectivamente as formulações nodal e de malha.

Tabela 1 – Solução de redes elétricas utilizando as formulações nodal e de malha.

Solução utilizando Solução utilizando


formulação nodal formulação das malhas

~ ~~ ~t ~ ~ ~ ~t
1. YBarra = A ⋅ y p ⋅ A 1. Z Laço = B ⋅ z p ⋅ B

~
[~ ]
2. ZBarra = YBarra
−1 ~
[~ ]
2. YLaço = Z Laço
−1

~ ~
I
3. Barra = A ⋅j 3. ELaço = B ⋅ e

~ ~
4. VBarra = Z Barra ⋅ I Barra 4. I Laço = YLaço ⋅ ELaço

~ ~t
5. v = A t ⋅ VBarra 5. i = B ⋅ I Laço

~ ~
6. i = Yp . v − j 6. v = Z p . i − e

19
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Exemplo : CALCULAR AS TENSÕES DAS BARRAS, AS CORRENTES E AS


TENSÕES EM TODOS OS ELEMENTOS PARA A REDE DA FIGURA ABAIXO
UTILIZANDO O MÉTODO DAS TENSÕES DOS NÓS.

1 2 1 2
i3 j 0,5 i3 - j 2,5

j 0,2 - j 1,25
i1 i4 i2 i1 i4 i2
j 0,4 i5 - j 3,125
i5 i6 i6

j 0,1 j 0,5 j 1,0 j 0,1 - j 2,0 - j 1,0

j5 - j 10 - j 10 j2
+ +
0,5 3 0,2 3
- -

(a) Rede com elementos na forma de impedância (b) Rede com elementos na forma de admitância

Fig. 23 – Rede elétrica referente ao exemplo 1

(a) GRAFO ORIENTADO COM ÁRVORE, CO-ÁRVORE, RAMOS E CORDAS

3
4
1 2 A figura 24 ao lado mostra o grafo
5 6 orientado para a rede da figura 23,
3 2 com a árvore escolhida, com seus
1
ramos (1,2,5) e a co-árvore
correspondente, com suas cordas
(3,4,6).

Fig. 24 – Grafo orientado para a rede da figura 22

20
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

(b) EQUAÇÕES PRIMITIVAS DA REDE DA FIGURA 1

Por inspeção, a matriz das impedâncias primitivas vai ser dada


por

0,1
0,1
z~p = j
0,5 0,2
0,2 0,4
0,5
1,0

Os elementos primitivos têm a seguinte forma


v pq v pq

p q p q

e pq Z pq Y pq
− + i pq i pq
+ − + −
j pq

Fig. 25 – Elementos genéricos escalares na forma de impedância e admitância.

NOTA: Será sempre considerado que o sentido da corrente no


elemento vai ser igual à orientação do elemento dentro de um
certo grafo orientado e, por conseguinte, o sentido da tensão do
elemento será sempre o contrário.
Desta forma, a equação da rede é v + e =z~ ⋅ i , ou seja p

v1 0,5 0,1 i1
v2 0,2 0,1 i2
v3 0 0,5 0,2 i3
+ = j ⋅
v4 0 0,2 0,4 i4
v5 0 0,5 i5
v6 0 1,0 i6

21
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A matriz das admitâncias primitivas é a matriz inversa da


matriz das impedâncias primitivas, ou seja

y~p =  z~ p  − 1
 
E desta forma

10
10
y~p = − j 2,5 -1,25
-1,25 3,125
2
1

E a equação da rede, na forma de admitância, vai ser

v + e =z~p ⋅ i ⇒ y~p ⋅ v + y~p ⋅ e = y~p ⋅z~p ⋅ i ⇒ i +  − y~ p ⋅ e  = y~ p ⋅ v


 

ou seja

i + j = y~p ⋅ v

onde

j = − y~p ⋅ e

Assim

 j 1 = − (− j 10 ) ⋅ 0,5 = j 5

 j 2 = − (− j 10 ) ⋅ 0,2 = j 2

 j k = 0 ( para k = 3,...,6)

22
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

E a equação primitiva da rede na forma de admitância fica


como

i1 j5 10 v1
i2 j2 10 v2
i3 0 2,5 -1,25 v
+ =-j ⋅ 3
i4 0 -1,25 3,125 v4
i5 0 2 v5
i6 0 1 v6

(c) MATRIZES DE CIRCUITO

A matriz de incidência reduzida vai ser da forma

3
4 1 2 3 4 5 6
1 2
-1 1 1 1
5 6 ~
A= -1 -1 -1 -1
1 3 2
-1 1

A matriz de laços (ou de circuitos) reduzida vai ser da forma

1 2 3 4 5 6

1 -1 1 I

~
B= 1 -1 1 II

1 -1 1 1 III

23
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira
~
(d) MONTAGEM DE YBarra UTILIZANDO A MATRIZ DE INCIDÊNCIA REDUZIDA

~
A montagem de YBarra utilizando a matriz de incidência
reduzida é feita partindo de duas equações a saber
 i + j =y~ ⋅v
 p
 ~
 A ⋅i = 0

~
Multiplicando a primeira equação à esquerda por A resulta que
~ ~ ~
A ⋅ i + A ⋅ j = A ⋅ y~p ⋅ v

e utilizando a segunda das equações, vem que

~ ~
A ⋅ j = A ⋅ y~p ⋅ v

~
Pode-se ver que o produto A⋅ j
trata-se, na verdade, das
correntes injetadas em cada uma das barras. Definindo este
produto como I Barra , resulta que
~ ~
I Barra = A ⋅ y ⋅ v
p

Mas o vetor das tensões dos elementos é da forma


~
v = AT ⋅VBarra

onde VBarra é o vetor das tensões dos nós em relação à referência.


Deste modo
~
I Barra = YBarra ⋅VBarra

onde
~ ~ ~
YBarra = A ⋅ y~p ⋅ AT

24
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

Assim

10 -1
-1 1 1 1 10 -1
~ -1 -1 -1 -1 ⋅ -j 2,5 -1,25 1 -1
YBarra =
-1 1 -1,25 3,125

1 -1
2 1 -1
1 1 1

-1
-10 0 1,25 1,875 2 0 -1
~ -j 0 -10 -1,25 -1,875 0 -1 ⋅ 1 -1
YBarra =
0 0 0 0 -2 1 1 -1
1 -1
1 1

E assim

~ 15,125 -3,125 -2,0


YBarra = - j -3,125 14,125 -1,0
-2,0 -1,0 3,0

Esta matriz poderia ser também montada a partir do algoritmo


de montagem direto onde deve ser considerada a existência de
elementos com mútuas.

(e) CÁLCULO DO VETOR I Barra


A equação que deve ser resolvida para calcular o circuito da
figura 1 é pois da forma
~
I Barra = YBarra ⋅VBarra

25
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

cuja solução é
~ −1 ~
VBarra = YBarra  ⋅ I Barra = Z Barra ⋅ I Barra
 

A solução desta equação envolve inicialmente a obtenção de


~ ~
I Barra e a inversão de YBarra para obtenção de Z Barra .

A obtenção de I Barra pode ser feita utilizando a equação que a


define, ou seja
j5
-1 1 1 1 j2 -j5 5
~
I Barra = A⋅ j = -1 -1 -1 -1 ⋅ 0 = -j2 =-j 2
-1 1 0 0 0
0
0
Em um circuito simples como este, a obtenção de I Barra pode
também ser feito simplesmente através do uso de sua definição
(soma das correntes injetadas em cada uma das barras). A
figura 22.b mostra as fontes de corrente ideais com os valores das
correntes injetadas em cada uma das barras da rede. Pode-se ver
que apenas as barras 1 e 2 possuem correntes injetadas, de
valores respectivamente – j 5 pu e – j 2 pu.

(f) SOLUÇÃO UTILIZANDO O MÉTODO DE ELIMINAÇÃO DE GAUSS


A solução da equação na formulação dos nós pode ser feita de
diversas formas. Entre elas pode-se utilizar o método de
Eliminação de Gauss, descrito a seguir.
~
Inicialmente escreve-se a matriz Barra e o vetor I Barra .
Y

15,125 - 3,125 - 2,0 5,0

- 3,125 14,125 - 1,0 2,0

- 2,0 - 1,0 3,0 0

26
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

1  k 11 = a 11 = 15,125

- 0,2066 -0,1322 0,3306  a1j a
 a 1 j = = 1j
15,125 k 11 15,125

0  k 21 = a 21 = −3,125
13,4793 - 1,4132 3,0331 
 a 2 j = a 2 j − k 21 ⋅ a 1 j

- 3,125

0  k 31 = a 31 = −2,0
- 1,4132 2,7355 0,6612 
- 2,0
 a 3 j = a 3 j − k 31 ⋅ a 1 j

1  k 22 = a 22 = 13,4793

- 0,2066 - 0,1322 0,3306  a2j a
 a 2 j = = 2j
15,125 k 22 13,4793

0 1  k 32 = a 32 = −1,4132
- 0,1048 0,2250 
- 3,125 13,4793
 a 3 j = a 3 j − k 32 ⋅ a 2 j

0 0 1  k 33 = a 33 = 2,5874

0,3784  a 3j
- 2,0 -1,4132 2,5874  a 3 j = k 33

A matriz acima corresponde ao seguinte sistema

1 - 0,2066 - 0,1322 V1 0,3306

1 - 0,1048 . V2 = 0,2250

1 V3 0,3784

A solução para as tensões das barras é obtida pelo processo


denominado retrosubstituição, ou seja

27
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

V3 = 0,3784

V2 – 0,1048 V3 = 0,2250
V2 = 0,1048 (0,3784) + 0,2250 = 0,2647

V1 – 0,2066 V2 – 0,1322 V3 = 0,3306


V1 = 0,2066 (0,2647) + 0,1322 (0,3784) + 0,3306 = 0,4353

(g) OBTENÇÃO DAS TENSÕES EM CADA UM DOS ELEMENTOS


As tensões em cada um dos elementos do circuito são
determinadas a partir das tensões de barra da forma
~T
v = A ⋅VBarra

v1 -1 – V1 – 0,4353 – 0,4353
v2 -1 V1 – V2 – 0,2647 – 0,2647
v3 = 1 -1 . V2 = V1 – V2 = 0,4353 – 0,2647 = 0,1706
v4 1 -1 V3 V1 – V2 0,4353 – 0,2647 0,1706
v5 1 -1 V1 – V3 0,4353 – 0,3784 0,0569
v6 -1 1 V3 – V2 0,3784 – 0,2647 0,1137

(h) DETERMINAÇÃO DAS CORRENTES EM CADA UM DOS ELEMENTOS


As correntes em cada um dos elementos do circuito são
determinadas a partir da equação primitiva na forma de
admitância, ou seja
i1 10 – 0,4353 j5
i2 10 – 0,2647 j2
i3 = -j 2,5 -1,25 . 0,1706 - 0
i4 -1,25 3,125 0,1706 0
i5 2 0,0569 0
i6 1 0,1137 0

28
Modelos Matriciais de Redes  Clever Pereira

Então
i1 – 4,353 5 0,647
i2 – 2,647 2 -0,647
i3 = - j 0,21325 - j 0 = - j 0,21325
i4 0,319875 0 0,319875
i5 0,1137 0 0,1137
i6 0,1137 0 0,1137

(i) FIGURA MOSTRANDO AS CORRENTES E AS TENSÕES EM TODOS OS


E L E M E N T OS D A R E D E

Fig. 26 – Diagrama contendo a solução do circuito.

29
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

UNIDADE VIII
SOLUÇÃO DE SISTEMAS DE EQUAÇÕES
AGÉBRICAS LINEARES DE GRANDES DIMENSÕES

1. INTRODUÇÃO
~
A : matriz real ou complexa (n x n)
~ x : vetor desconhecido ou procurado (n x 1)
A⋅ x = b

b : vetor conhecido real ou complexo (n x 1)

~ −1
O problema acima terá solução sempre que A existir, ou seja, a
~
matriz A não for singular. Neste caso, se pelo menos um dos
elementos de b for diferente de zero, a solução será única e dada
por
~
x = A −1 ⋅ b (1)

Exemplo: Seja o sistema de equações lineares dado por

a11 x1 + a12 x2 = b1

a21 x1 + a22 x2 = b2

Na forma matricial, este sistema pode ser escrito por

a11 a12 x1 b1
. = (2)
a 21 a 22 x2 b2

1
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

Três Possibilidades
x2 x2 x2

x1 x1 x1

a) Sistema bem condicionado b) Sistema sem solução c) Sistema mal condicionado


(matriz singular)
a 11 ⋅ a 22 − a 12 ⋅ a 21 ≈ 0 a 11 ⋅ a 22 − a 12 ⋅ a 21 ≠ 0 a 11 ⋅ a 22 − a 12 ⋅ a 21 = 0
Fig 1. Representação gráfica da solução de sistemas lineares

NOTAS:

• Em geral, em sistemas elétricos de potência, a matriz


~
Y BARRA tem predominância diagonal e é bem comportada
(correspondendo à primeira possibilidade).

• Exceções:

(a)
j
Y jj = Y + y1 + y 2 + y 3 + y 4 (3)
y1
k
y2 Y (elevada) Y jk = Y kj = −Y (4)
y3
y4 logo

Y jk ≈ Y jj (5)
pequenas

(b) Trafos de três enrolamentos, que podem ter reatâncias


equivalentes negativas.

2
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

2. MÉTODOS DE SOLUÇÃO
2.1. Inversão Explícita
~ ~
A⋅ x = b ⇒ x = A −1 ⋅ b (6)

Características:

• Processo lento ⇒ N 3 operações para uma matriz cheia.


• Erros de arredondamento elevados para N elevado.
~ −1 ~
• A esparsa ⇒ A cheia (grandes requisitos de memória).

2.2. Métodos Iterativos e Indiretos

Solução é obtida através de aproximações sucessivas a partir


de uma condição inicial arbitrária.

Características:

• São facilmente implementáveis.


• Apresentam requisitos de memória bastante modestos.

• São praticamente insensíveis à propagação de erros de


arredondamentos (estágios iterativos são independentes).

• Número de operações da ordem de N 2.

• Funcionam para sistemas lineares e não lineares.

• Apresentam grandes desvantagens no caso de soluções


repetidas (onde se muda apenas o valor do vetor b ), pois é
necessária a repetição total dos estágios de forma a se
obter nova solução.

3
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

2.3. Métodos Diretos

O sistema original é transformado em um sistema equivalente de


solução imediata através de operações elementares nas linhas e
colunas da matriz de coeficientes e do vetor de termos
independentes.

Características:

• Implementação mais trabalhosa.


~
• Produzem, ainda que implicitamente, a inversa da matriz A .
• São bastante eficientes para os casos repetitivos, onde se
modifica apenas o vetor b .

3. MÉTODOS ITERATIVOS OU INDIRETOS

Seja o sistema abaixo:

 a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 = b1



 a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 = b2 (7)
 a x +a x +a x =b
 31 1 32 2 33 3 3

que pode ser reescrito na forma:

 1
 x1 = ⋅ (b1 − a12 x2 − a13 x3 )
 a11
 1
 x2 = ⋅ (b2 − a21 x1 − a23 x3 )
 a 22 (8)
 1
 x3 = ⋅ (b3 − a31 x1 − a32 x2 )
 a 33

4
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

(0) ( 0) ( 0)
Escolhendo inicialmente x1 , x2 e x3 vem que

 (1) 1
 x1 = ⋅(b1 − a12 ⋅ x2 − a13 ⋅ x3 )
(0) (0)

 a11
 (1) 1
 x2 = ⋅(b2 − a21 ⋅ x1 − a23 ⋅ x3 )
(0) (0)

a22 (9)

 (1) 1
 x3 = ⋅(b3 − a31 ⋅ x1 − a32 ⋅ x2 )
(0) (0)

 a33

O processo acima pode ser repetido até que, sob determinadas


condições, vai convergir para a solução do sistema.

No caso geral de n equações tem-se

 
1  n

xi(h +1) = ⋅  bi −∑aik xk(h)  ; i = 1, 2,K, n (10)
aii  k =1 
 k ≠i 

onde h é um contador de iteração


~
A convergência do método anterior, no caso da matriz A ser
diagonal dominante (caso dos sistemas de potência), pode ser
melhorada se for levado em consideração o fato que, no momento
( h +1 )
em que o valor de x i está sendo calculado, os valores de
( h +1 ) ( h +1 )
x i −1 , K , x 1 já foram calculados. Neste caso pode-se utilizar o
chamado Método dos Deslocamentos Sucessivos (Método de
Gauss-Seidel), ou seja

 
1  i−1 n

xi( h+1) = ⋅  bi − ∑ aik xk( h+1) − ∑ aik xk(h)  ; i = 1, 2 , K , n (11)
aii  k =1 k =i+1 
 k ≠i k ≠i 

5
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

Uma condição necessária para convergência deste método é:


 
 1 n

max  ∑a ik  ≤1 i = 1,2,K,n (12)
 aii
i
k =1 
 k ≠i 
Exemplo:
Maneira 1
 ( h+1) 1
 x = ⋅ b − a (⋅ x ( h)
)
 a11 ⋅ x1 + a12 ⋅ x2 = b1
1 1 12 2
 a11
  (13)
 a21 ⋅ x1 + a22 ⋅ x2 = b2 (
 x ( h+1) = 1 ⋅ b − a ⋅ x ( h+1) )
 2 a22
2 21 1

Maneira 2
 ( h+1)
 x =
1
(
⋅ b2 − a21 ⋅ x1( h ) )
 a11 ⋅ x1 + a12 ⋅ x2 = b1
2
 a22
  (14)
 a21 ⋅ x1 + a22 ⋅ x2 = b2 (
 x ( h+1) = 1 ⋅ b − a ⋅ x ( h+1) )
 1 a11
1 12 2

x2 a11 ⋅ x1 + a12 ⋅ x2 = b1
a 21 ⋅ x1 + a 22 ⋅ x 2 = b2

x2(1)
1
x2( 2 )
(x
(0)
1 )
, x2( 0) Condição Inicial

x1( 2 ) x1(1) x1

Fig 2. Representação gráfica da solução de sistemas lineares utilizando o método dos deslocamentos sucessivos.

6
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

ESCOLHA DAS CONDIÇÕES INICIAIS


b
(a) Sistemas com dominância diagonal: xi = a i = 1,2, ... , n
( 0) i
(15)
ii

REGRA DE PARADA
(a) O número de iterações deve ser limitado h ≤ N (16)

(b) xi(h+1) − xi(h) ≤ εi ;i = 1, 2, ... , n (17)

{ }≤ ε
n

(c) max Ri 2 onde Ri = bi − ∑aik xk ; i = 1, 2,..., n (18)


k =1
Observação: Testa-se a condição (17). Se for verdadeira, testa-se a
condição (18). Se também for verdadeira, diz-se que a solução
convergiu para os critérios ε1 e ε2.

ACELERAÇÃO:
Graficamente a aceleração pode ser vista por
x2 Aceleração
(1) (2)

(x
(0)
1 , x2( 0 ) ) (
xˆi( h+1) = xi( h ) + α xi( h+1) − xi( h ) ) ;1< α < 2

x1

Fig 3. Representação gráfica do processo de aceleração


No de iterações

Para o sistema ao lado,


α = 1,35 é o valor ótimo para o
fator de aceleração.

1 1,35 2
α

Fig 4. Escolha do fator de aceleração α.

7
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

4. MÉTODOS DIRETOS
Os métodos diretos são baseados em operações elementares
efetuadas no sistema original de modo a produzir sistemas
equivalentes em uma forma mais simples de solução. As
operações elementares de maior interesse neste caso são:
(i) Multiplicação de uma equação por uma constante.
(ii) Subtração de uma equação multiplicada por constante de
outra equação.

4.1. Método de Eliminação de Gauss


Duas etapas:
~
(i) Eliminação: a matriz A é transformada em uma matriz
triangular.
(ii) Retrosubstituição: a solução é obtida na ordem inversa do
processo de eliminação.
Exemplo: Seja o sistema linear de três equações e três incógnitas
abaixo
~
[A b ]

a11 . x1 + a12 . x2 + a13 . x3 = b1 a11 a12 a13 b1

a21 . x1 + a22 . x2 + a23 . x3 = b2 ⇒ a21 a22 a23 b2

a31 . x1 + a32 . x2 + a33 . x3 = b3 a31 a32 a33 b3

Matriz Aumentada
(i) Eliminação

1 – Normalização da 1a equação

(1 )
1 a12(1) a 13 b1(1)  (1) a1 j
 a1 j = ; j = 1,2, 3
 a11
a21 a22 a23 b2 onde 
 b(1) = b1
a31 a32 a33 b3  1 a11

8
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

ou de forma matricial

1
a11 0 0 a11 a12 a13 b1 1 a12(1) a13(1) b1(1 )
0 1 0 . a21 a22 a23 b2 = a21 a22 a23 b2
0 0 1 a31 a32 a33 b3 a31 a32 a33 b3
~
D 1− 1 .
~
[
A |b ] =
~
[
A |b
(1 )
]
2 – Eliminação de x1 da 2a equação

1 a12(1) a13(1) b1( 1 )


 a2(1j) = a2 j − a21 ⋅ a1(1j) ; j = 1, 2, 3
0 a (1)
a (1)
b (1)
2 onde  (1)
22 23
 b2 = b2 − a21 ⋅ b1(1)
a31 a32 a33 b3

ou

( 1)
1 0 0 1 a12(1) a13(1) b1 1 a12(1) a13(1) b1( 1 )
− a21 1 0 . a21 a22 a23 b2 = 0 (1)
a22 (1)
a23 b 2( 1 )

0 0 1 a31 a32 a33 b3 a31 a32 a33 b3


~ −1
L 21 .
~
A |b [ ] (1 )
=
~
A |b[(2)
]
3 – Normalização da 2a equação

1 a12(1) a13(1) b1( 1 )  ( 2) a2(1j)


 a2 j = (1) ; j = 2,3
 a22
0 1 (2)
a 23 b 2( 2 ) onde  (1)
 b( 2) = b2
a31 a32 a33 b3  2 (1)
a22

9
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

ou na forma matricial

1 1 a12(1) a13(1) b1( 1 ) 1 a12(1) a13(1) b1( 1 )


1 ( 1)
a 22 . 0 (1)
a22 (1)
a23 b 2( 1 ) = 0 1 (2)
a 23 b 2( 2 )

1 a31 a32 a33 b3 a31 a32 a33 b3


~
D 2− 1 .
~
[
A |b
(2)
] = [ ~
A |b
(3)
]
4 – Eliminação de x1 e x2 da 3a equação

a3(1j) = a3 j − a31 ⋅ a1(1j)


 (1) j = 2, 3
1 a (1)
12 a ( 1)
13 b 1
( 1) b3 = b3 − a31 ⋅ b1(1)
0 1 (2)
a 23 b 2( 2 ) onde

0 0 (2)
a 33 b 3( 2 ) a3( 2j ) = a3(1j) − a32
(1)
⋅ a2( 2j)
 ( 2) j =3
b3 = b3(1) − a32 (1)
⋅ b2( 2)

ou ainda

1 1 a12(1) a13(1) b1( 1 ) 1 a12(1) a13(1) b1( 1 )


(2) (2)
1 0 1 a 23 b 2( 2 ) 0 1 a 23 b 2( 2 )
.
- a 31 1 a31 a32 a33 b3 = 0 ( 1)
a 32 ( 1)
a 33 b 3( 1 )
~ −1
L 31 .
~
A |b [
(3)
]
1 1 a12(1) a13(1) b1( 1 ) 1 a12(1) a13(1) b1( 1 )
(2) (2) b2( 2 )
1 0 1 a 23 b 2( 2 ) 0 1 a 23
.
(1)
1 0 ( 1) ( 1)
b 3( 1 ) = 0 0 ( 1)
b 3( 1 )
-a 32 a 32 a 33 a 33
~ −1
L 32 .
~ −1 ~
[
L 31 ⋅ A | b
(3)
] = [ A~ | b ] (4)

10
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

5 – Normalização da 3a equação

1 a12(1) a13(1) b1( 1 )


b3( 2 )
0 1 (2)
a 23 b 2( 2 ) onde
( 3)
b
3 = (2)
a 33
0 0 1 b 3( 3 )

ou na forma matricial

1 1 a12(1) a13(1) b1( 1 ) 1 a12(1) a13(1) b1( 1 )


1 0 1 (2)
a 23 b 2( 2 ) = 0 1 (2)
a 23 b 2( 2 )
.
1 ( 2)
( 2)
a33 0 0 a 33 b3( 2 ) 0 0 1 b 3( 3 )
~
D 3− 1 . [ ~
A |b ]
(4)
= [ A~ | b ] (5)

Reunindo todas as operações matriciais vem que

[ ]
~
A|b
( 5)
[ ]
~ −1 ~ (4) ~ −1 ~−1 ~−1 ~
= D3 ⋅ A | b = D3 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ A | b [ ] (3)
=
~ ~−1 ~−1 ~ ~ ( 2)
= D3−1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ D2−1 ⋅ A | b = [ ] (19)
~ ~−1 ~−1 ~ ~−1 ~ (1)
[ ]
= D3−1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ D2−1 ⋅ L 21 ⋅ A | b =
~ ~−1 ~−1 ~ ~−1 ~ ~
[ ]
= D3−1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ D2−1 ⋅ L 21 ⋅ D1−1 ⋅ A | b
ou seja

[ A~ | b ] (5) ~ ~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~ ~
= D 3− 1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ D 2− 1 ⋅ L 21 ⋅ D 1− 1 ⋅ A | b [ ] (20)

(i) Retrosubstituição

 x3 = b3( 3 )

 x 2 = b2 − a 23 ⋅ x3
(2) (2)
(21)

 x1 = b1
(1)
− a (1)
12 ⋅ x 2 − a (1)
13 ⋅ x3

11
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

ou na forma matricial
(1) (1)
1 0 0 1 a12(1) a13(1) b1 1 a12(1) a13(1) b1
(2)
0 1 (2)
- a 23 . 0 1 a 23 b 2( 2 ) = 0 1 0 b 2( 3 )

0 0 1 0 0 1 b 3( 3 ) 0 0 1 b 3( 3 )
~ −1
U 23 . [ A~ | b ] (5)
= [ A~ | b ] (6)

(1)
1 0 (1)
- a13 1 a12(1) a13(1) b1 1 a12(1) 0 b1( 2 )

0 1 0 . 0 1 0 b 2( 3 ) = 0 1 0 b 2( 3 )

0 0 1 0 0 1 b 3( 3 ) 0 0 1 b 3( 3 )
~ −1
U 13 . [ A~ | b ] (6)

1 - a12
(1)
0 1 a12(1) 0 b1( 1 ) 1 0 0 b1( 3 )

0 1 0 . 0 1 0 b 2( 3 ) = 0 1 0 b 2( 3 )

0 0 1 0 0 1 b 3( 3 ) 0 0 1 b 3( 3 )
~ −1
U 12 .
~ −1
U 13 ⋅ [ A~ | b ] (6)
= [ I~ | x ]
ou seja



[ I~ | x ] = U~ −1
12
~ −1 ~
[
⋅ U 13 ⋅ A | b ] (6)

 (22)

 [ I~ | x ] = U~ −1
12
~ −1 ~ −1 ~
[
⋅ U 13 ⋅ U 23 ⋅ A | b ] (5)

Finalmente

[ I~ | x ] = U~ −1
12
~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~ ~
⋅ U 13 ⋅ U 23 ⋅ D3−1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ D2−1 ⋅ L 21 ⋅ D1−1 ⋅ A | b [ ] (23)

12
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

Principal desvantagem do método de eliminação de Gauss: A


realização de operações matriciais sobre a matriz aumentada, ou
seja, a aplicação dos métodos da eliminação e da
retrosubstituição, exige novos cálculos toda vez que o vetor b for
modificado.
A equação (23) pode ser dividida em duas equações, ou seja

~ −1 ~ − 1 ~ − 1 ~ − 1 ~ − 1 ~ −1 ~ ~ −1 ~
 I~ = [U~ −1 ⋅ U~ −1 ⋅ U~ −1 ⋅ D
3 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ D 2 ⋅ L 21 ⋅ D1 ] ⋅ A = A ⋅A
 12 13 23

 (24)
 ~ −1 ~ −1 ~ −1 ~ ~ − 1 ~ −1 ~ ~ − 1 ~ ~
 x = [U 12 ⋅ U 13 ⋅ U 23 ⋅ D3−1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ D2−1 ⋅ L 21 ⋅ D1−1 ] ⋅ b = A −1 ⋅ b

Conclui-se portanto que o método de eliminação de Gauss fornece


~
também uma maneira para se calcular a matriz inversa A −1 dada
por
~ ~ −1 ~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~
A −1 = U 12 ⋅ U 13 ⋅ U 23 ⋅ D3−1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ D2−1 ⋅ L 21 ⋅ D1−1 (25)

~ ~
4.2. Fatoração L ⋅U

Seja o sistema linear dado por


~
A⋅x =b (26)
~ ~ ~
A fatoração L ⋅U é caracterizada pela decomposição da matriz A
em um produto do tipo
~ ~ ~
A = L ⋅U (27)

onde
~
L = matriz triangular inferior.
~
U = matriz triangular superior com elementos
unitários na diagonal.

13
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

Então

~
~ ~ ~  L ⋅ y = b
A⋅x =b ⇒ L ⋅U ⋅ x = b ⇒  ~ (28)
 U ⋅ x = y

A equação (28) acima mostra que a solução é obtida por um


processo duplo de retrosubstituição, ou seja, avaliando-se
primeiro o vetor y , e em seguida o vetor x . Assim

 1
 y1 = ⋅ (b1)
 l11 ⋅ y1 = b1  l11
  1
 l 21 ⋅ y1 + l 22 ⋅ y2 = b2 ⇒  2y = ⋅ (b2 − l 21 ⋅ y1) (29)
  l 22
 l31⋅ y1 + l 32 ⋅ y2 + l 33 ⋅ y3 = b3  1
 y3 = ⋅ (b3 − l 31 ⋅ y1 − l 32 ⋅ y2 )
 l33

 x1 + u12 ⋅ x2 + u13 ⋅ x3 = y1  x3 = y3
 
 x2 + u23 ⋅ x3 = y2 ⇒  x2 = y2 − u23 ⋅ x3 (30)
x =y  x = y −u ⋅ x −u ⋅ x
 3 3  1 1 13 3 12 2

~ ~
A obtenção dos elementos de L e U pode ser feita de diversas
formas. Uma delas é diretamente da definição do método, ou seja

a11 a12 a13 l 11 1 u12 u13

a21 a22 a23 = l 21 l 22 . 1 u23 (31)


a31 a32 a33 l 31 l 32 l 33 1

14
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

Efetuando-se a multiplicação tem-se que

a11 a12 a13 l 11 l11. u12 l 11. u13

a21 a22 a23 = l 21 l 21. u12 + l 22 l 21. u13 + l 22. u23 (32)

a31 a32 a33 l 31 l 31. u12 + l 32 l 31. u13 + l 32. u23 + l 33

Desta forma

 a11 = l11  a12 = l11u12  a12 = l11u13


  
 a21 = l21  a22 = l21u12 + L22  a22 = l21u13 + l22u23 (33)
 a =l  a =l u +L  a = l u +l u +l
 31 31  32 31 12 32  32 31 13 32 23 33
~
A solução das equações (33) para os coeficientes das matrizes L
~
e U fornece os valores dos elementos desejados lij e uij em
~
função dos elementos da matriz A.
Uma outra maneira é utilizar diretamente o método de eliminação
de Gauss, uma vez que este método corresponde, na verdade, a
operações elementares com linhas. O resultado final é, para um
sistema 3 x 3, da forma

[ I~ | x ] = U~ −1
12
~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~
[~
⋅ U 13 ⋅ U 23 ⋅ D3−1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ D2−1 ⋅ L 21 ⋅ D1−1 ⋅ A | b ] (34)

Sabe-se que
~ ~ ~ ~ ~ −1 ~
A = L ⋅U ⇒ A −1 = U ⋅ L −1 (35)

Desta forma
~ ~ ~ ~ ~ −1 ~
A ⋅ x = L ⋅U ⋅ x = b ⇒ x = A −1 ⋅ b = U ⋅ L −1 ⋅ b (36)

Mas pela equação (34) acima vê-se que


~ −1 ~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~
x = [U 12 ⋅ U 13 ⋅ U 23 ⋅ D3−1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ D2−1 ⋅ L 21 ⋅ D1−1 ] ⋅ b (37)

15
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

logo pode-se concluir que


 U~ −1 = U~ −1 ⋅ U~ −1 ⋅ U~ −1
12 13 23
 ~ (38)
~ ~ − 1 ~ −1 ~ ~ −1 ~
 L −1 = D 3−1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ D 2−1 ⋅ L 21 ⋅ D1−1

e desta forma

 U~ = U~ ⋅ U~ ⋅ U~
23 13 12
 ~ ~ ~ (39)
~ ~ ~ ~
 L = D1 ⋅ L 21 ⋅ D2 ⋅ L 31 ⋅ L 32 ⋅ D3
~ ~
As matrizes U ij e L ij são matrizes triangulares, superior e inferior
respectivamente, cujos elementos da diagonal são unitários. Elas
só possuem um elemento não nulo fora da diagonal principal,
como mostrado abaixo. Desta forma, as inversas destas matrizes
são facilmente computadas, ou seja
1 uij 1 -uij
1 1
~ … ~−1 …
U ij = U ij = (40)
1 1
… …
1 1

1 1
1 1
~ … ~−1 …
Lij = Lij = (41)
l ij 1 -l ij 1
… …
1 1
−1 ~
Então, a matriz L vai ser igual a

1
1 1 1 1 1 d11
~
L −1= 1 1 1 1
d 22 -l 21 1 1
1
d33 -l 32 1 -l 31 1 1 1 1

16
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

e desta forma

d11 1 1 1 1 1
~
L= 1 . l 21 1 . d22 . 1 . 1 . 1
1 1 1 l 31 1 l 32 1 d33

Efetuando as multiplicações a partir da direita vem que

d11 1 1 1 1
~
L= l 21 d22 § l 21 d22 § d22 § 1 § 1
l 31 l 32 d33 l 31 l 32 d33 l 31 l 32 d33 l 31 l 32 d33 l 32 d33

ou seja

d11
~ d22
L= l 21 (42)

l 31 l 32 d33

~
Por sua vez, a matriz U vai ser da forma

1 1 u13 1 u12
~
U= 1 u23 . 1 . 1
1 1 1

Efetuando novamente as multiplicações a partir da direita vem que

1 u12 u13 1 u12 u13


~
U= 1 u23 Í 1
1 1

17
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

ou seja

1 u12 u13
~
U= 1 u23 (43)
1

Logo a fatoração L~U~ pode ser obtida diretamente a partir do


método de eliminação de Gauss e possui a vantagem de que, se o
vetor b for mudado, não se necessita aplicar novamente o método,
bastando substituir o novo vetor e resolver pela dupla
retrosubstituição mostrada nas equações (28).

~ ~ ~
4.3. Fatoração L D U
~ ~ ~ ~ ~
O método de fatoração L D U é similar ao método L U , com a
~ ~
diferença que, ambas as matrizes L e U são matrizes com valores
unitários na diagonal. Considere então o sistema linear dado por

~
A⋅x =b (44)

~ ~ ~
Considere ainda que a matriz A foi fatorizada no produto L ⋅U ,
utilizando-se para isto a eliminação de Gauss, como mostrado
anteriormente. Desta forma

~ ~ ~
L=L D (45)
~
Desta forma, a matriz A vai ficar

1 d11 1 u12 u13


~ ~ ~ ~
A = L ⋅ D ⋅U = l21 1 d22 1 u23
l31 l32 1 d33 1

18
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

onde

 d jj = l jj

 lij lij (46)
 lij = l = d
 jj jj

~ ~
As matrizes L e U podem ser expressas por

1 1 1 1
~ .
L= l21 1 = l21 1 1 . 1

l31 l32 1 1 l31 1 l32 1

1 u12 u13 1 1 u13 1 u12


~ .
U = 1 u23 = 1 u23 1 . 1
1 1 1 1

então

1 1 1 d11
~ .
A= l21 1 1 . 1 . d22
1 l31 1 l32 1 d33

1 1 u13 1 u12
1 u23 . 1 . 1
1 1 1

19
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

Na forma condensada esta equação pode ser escrita como


~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
A = L 21 ⋅ L 31 ⋅ L 32 ⋅ D ⋅ U 23 ⋅ U 13 ⋅ U 12 (47)

e então

~ ~ −1 ~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~ −1 ~ −1
A −1 = U 12 ⋅ U 13 ⋅ U 23 ⋅ D −1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ L 21 (48)

Finalmente, tem-se que


~ ~ (49)
A ⋅ x = b ⇒ x = A −1 ⋅ b

ou seja

~ −1 ~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~ −1 ~ −1
x = U 12 ⋅ U 13 ⋅ U 23 ⋅ D −1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ L 21 ⋅ b (50)

Na forma expandida a equação (49) é da forma

x1 1 -u12 1 -u13 1 1
d33

x2 = 1 . 1 . 1 -u23 . 1
d 22

x3 1 1 1 1
d11

1 1 1 b1
1 . 1 . -l21 1 . b2
-l32 1 -l31 1 1 b3

20
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

4.4. EXEMPLO
Seja o sistema linear dado por

2 4 2 x1 2
1 4 7 . x2 = 5
2 6 11 x3 9
~ ~
(i) Fatorização L ⋅U
Método de Eliminação de Gauss
1 – Normalização da 1a equação
~ ~ ~
D1−1 A A(1)

½ 2 4 2 1 2 1
1 . 1 4 7 = 1 4 7
1 2 6 11 2 6 11

2 – Eliminação de x1 na 2a equação
~−1 ~ ~
L 21 A(1) A(2)

1 1 2 1 1 2 1
-1 1 . 1 4 7 = 0 2 6
1 2 6 11 2 6 11

3 – Eliminação de x1 na 3a equação
~−1 ~ ~
L 31 A(2) A(3)

1 1 2 1 1 2 1
1 . 0 2 6 = 0 2 6
-2 1 2 6 11 0 2 9

1
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

4 – Normalização da 2a equação
~ ~ ~
D2−1 A(3) A(4)

1 1 2 1 1 2 1
½ . 0 2 6 = 0 1 3
1 0 2 9 0 2 9

5 – Eliminação de x2 na 3a equação
~−1 ~ ~
L 32 A(4) A(5)

1 1 2 1 1 2 1
1 . 0 1 3 = 0 1 3
-2 1 0 2 9 0 0 3

6 – Normalização da 3a equação
~ ~ ~
D3−1 A(5) A(6)

1 1 2 1 1 2 1
1 . 0 1 3 = 0 1 3
1⁄
3 0 0 3 0 0 1

Logo

~ ~ ~ −1 ~ ~ −1 ~ −1 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
L −1 = D3−1 ⋅ L 32 ⋅ D 2−1 ⋅ L 31 ⋅ L 21 ⋅ D1−1 ⇒ L = D1 ⋅ L 21 ⋅ L 31 ⋅ D 2 ⋅ L 32 ⋅ D3

Na forma matricial fica

1 1 1 1 1 ½
~
L−1 = 1 . 1 . ½ . 1 . -1 1 . 1
1/3 -2 1 1 -2 1 1 1

2
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

Desta forma
2 1 1 1 1 1
~
L= 1 . 1 1 . 1 . 2 . 1 . 1

1 1 2 1 1 2 1 3

Ou seja

2
~
L= 1 2

2 2 3

E assim

2 1 2 1
~ ~ ~
A= 1 2 . 1 3 = L ⋅U
2 2 3 1

~ ~
Uma outra maneira de se obter as matrizes L e U é como se
segue:

1
2 4 2 2 1
Normalização da 2
1a equação
1 4 7 1 4 7

2 6 11 2 6 11

k11 = a11 = 2
a1 j a1 j
a1 j = = ; j = 1,2,3
k11 2

3
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

1 1
2 1 2 1
2 Eliminação de x1 nas 2
2a e 3a equações 0
1 4 7 2 6
1
0
2 6 11 2 9
2
k12 = a12 = 1 k13 = a13 = 2
a2(1j) = a2 j − k12 a1(1j) a3(1j) = a3 j − k13 a1(1j)
j = 1,2,3 j = 1,2,3

1 1
2 1 2 1
2 Normalização da 2
0 2a equação 0 1
2 6 3
1 1 2
0 0
2 9 2 9
2 2
k22 = a(221) = 2
a(21j) a(21j)
a2(2j ) = = ; j = 2,3
k22 2

1 1
2 1 2 1
2 Eliminação de x2 na 2
0 1 3a equação 0 1
3 3
1 2 1 2
0 0 0
2 9 3
2 2 2

k32 = a32
(1)
=2
a3(2j) = a3(1j) − k32 a2(2j)
j = 2,3

4
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

1 1
2 1 2 1
2 Normalização da 2
0 1 3a equação 0 1
3 3
1 2 1 2
0 0 0 0 1
3
2 2 2 2 3

k33 = a3(2) = 3
a3(2j ) a3(2j )
a3(3j ) = = ; j =3
k33 3
Pode-se ver que o algoritmo formou duas matrizes, na verdade, as
~ ~
matrizes L e U . Assim

2 1 2 1
~ ~
L= 1 2 e U= 1 3

2 2 3 1

Utilizando a dupla retrosubstituição para resolver, vem que


~
~ ~ ~  L ⋅ y = b
A⋅x =b ⇒ L ⋅U ⋅ x = b ⇒  ~
 U ⋅ x = y

2 y1 2

1 2 . y2 = 5

2 2 3 y3 9

5
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

Desta forma, o vetor y vai ser igual a

 1
 1 2 ⋅ (2) = 1
y =
 2 ⋅ y1 = 2   y1 = 1
  1 
1
 1⋅ y + 2 ⋅ y2 = 5 ⇒ y
 2 = ⋅ (5 − 2 ⋅1) = 2 ⇒  y2 = 2
 2 ⋅ y + 2 ⋅ y + 3⋅ y = 9  2  y =1
 1 2 3
 1  3
 3 3 ⋅ (9 − 2 ⋅1− 2 ⋅ 2) = 1
y =

O vetor x é determinado pela segunda retrosubstituição, ou seja

 x1 + 2⋅ x2 +1⋅ x3 =1  x3 =1  x3 =1
  
 x2 + 3⋅ x3 = 2 ⇒  x2 = 2 − 3⋅ x3 = −1 ⇒  x2 = −1
 x3 =1  x =1−1⋅1− 2⋅ (−1) = 2  x =2
  1  1
~ ~ ~
(ii) Fatoração L ⋅ D ⋅ U

Os dois métodos são bastante similares, pois ambos necessitam


~ ~
que a matriz A seja fatorizada na forma L ⋅U , o que foi conseguido
utilizando-se o método de eliminação de Gauss na primeira parte
deste exemplo. Recordando as equações do método vem
~ ~
A⋅x =b ⇒ x = A −1 ⋅ b
ou seja
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ −1
x = A −1 ⋅ b = ( L ⋅ U ) −1 ⋅ b = ( L ⋅ D ⋅ U ) −1 ⋅ b = U −1 ⋅ D −1 ⋅ L ⋅ b
No exemplo
~ x
A . = b

2 4 2 x1 2
1 4 7 . x2 = 5
2 6 11 x3 9

6
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

~ ~
ou ainda L ⋅ U ⋅ x = b , ou seja

~ ~
L . U . x = b

2 1 2 1 x1 2

1 2 . 1 3 . x2 = 5

2 2 3 1 x3 9

~ ~ ~
Fatorando L = L ⋅ D vem que

~ ~ ~
L = L . D

2 1 2

1 2 = ½ 1 . 2

2 2 3 1 1 1 3

~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Como A = L ⋅U = L ⋅ D ⋅U , então L ⋅ D ⋅ U ⋅ x = b , ou seja

~ ~ ~
L . D . U . x = b

1 2 1 2 1 x1 2

½ 1 . 2 . 1 3 . x2 = 5

1 1 1 3 1 x3 9

7
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

~ ~
As matrizes L e U podem ser escritas na sua forma básica como
~ ~ ~ ~
L = L 21 . L 31 . L 32

1 1 1 1
½ 1 = ½ 1 . 1 . 1
1 1 1 1 1 1 1 1
e
~ ~ ~ ~
U = U 23 . U 13 . U 12

1 2 1 1 1 1 1 2
1 3 = 1 3 . 1 . 1
1 1 1 1

Assim
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
A = L ⋅ U = L ⋅ D ⋅ U = L 21 ⋅ L 31 ⋅ L 32 ⋅ D ⋅ U 23 ⋅ U 13 ⋅ U 12
então
~ ~ −1 ~ −1 ~ −1 ~ ~ −1 ~ −1 ~ −1
x = A −1 ⋅ b = U 12 ⋅ U 13 ⋅ U 23 ⋅ D −1 ⋅ L 32 ⋅ L 31 ⋅ L 21 ⋅ b
ou seja

x1 1 -2 1 -1 1 ½
x2 = 1 . 1 . 1 -3 . ½
1⁄
x3 1 1 1 3

1 1 1 2
1 . 1 . -½ 1 . 5
-1 1 -1 1 1 9

8
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

Efetuando-se as multiplicações vem que

x1 2 0 1 1 2 2 2
x2 = -1 § -1 § -1 § 2 § 4 § 4 § 4
x3 1 1 1 1 3 7 9

A inversa da matriz A pode ser calculada utilizando-se o fato de


que
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ −1 ~ ~ −1
A = L ⋅U = L ⋅ D ⋅U ⇒ A −1 = U ⋅ D −1 ⋅ L
ou seja
~ ~ ~ ~
A= L . D . U

1 2 1 2 1
~
A= ½ 1 . 2 . 1 3

1 1 1 3 1

Então
~ ~ −1 ~ ~ −1
A −1 = U . D −1 . L

1 -2 -1 ½ 1
~ . -½
A −1 = 1 -3 . ½ 1

1⁄
1 3 -1 -1 1

Efetuando as multiplicações chega-se a


4⁄ - 2⁄ - 1⁄ ½
3 3 3

~ - 1⁄
A −1 = 3⁄
4
3⁄
2 -1 § 4 ½
- 1⁄ - 1⁄ 1⁄ - 1⁄ - 1⁄ 1⁄
3 3 3 3 3 3

9
Solução de Sistemas de Grande Porte  Clever Pereira

NOTAS FINAIS:

1. Para redes elétricas interessa resolver equações do tipo


~
I Barra = YBarra ⋅ V Barra (1)

onde deseja-se resolver a equação (51) para V Barra . Neste


~
sistema de equações lineares, a matriz YBarra é geralmente uma
~ ~
matriz simétrica, de tal forma que as matrizes L e U são tais
que

~ ~
U = L ( ) t (2)
~ ~
Desta forma, conhecendo-se a matriz U , a matriz L fica
~
automaticamente conhecida e a matriz D nada mais é que uma
~
matriz formada pelos elementos da diagonal da matriz L .

2. A troca do vetor b não implica em na necessidade de nenhuma


~
nova operação de fatoração da matriz A . Desta forma, os
métodos diretos, derivados do método de eliminação de Gauss,
são bastante indicados para a solução de redes frente a
diferentes valores de correntes injetadas nas barras.

10
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

UNIDADE IX

ESTUDOS DE CURTO-CIRCUITO

1. INTRODUÇÃO

1.1. Objetivos: Cálculo das tensões, e principalmente das


correntes no SEP, em RPS, durante
condições de curto-circuito.

1.2. Relevância: Valores das tensões e correntes são


utilizadas para ajustar relés, dimensionar
disjuntores, TC’s, TP’s, etc

2. REPRESENTAÇÃO DA REDE

(a) Geradores síncronos: fontes de tensão constante


atrás de reatância transitória ou
subtransitória, dependendo do
instante de interesse.

(b) Cargas: desprezadas, bem como outras conexões para


a terra (as correntes de carga têm pouca
influência nos valores das correntes de
curto-circuito).

(c) Trafos: considerados operando na sua relação


nominal.

(d) Se R << X → desprezam-se as resistências.

1
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

3. CIRCUITOS EQUIVALENTES PRÉ-FALTA E


SUPERPOSTO (PURO DE FALTA)

Linha de Transmissão
Fonte A Fonte B

Fig. 1 – Sistema Elétrico de Potência com equivalentes vistos do lado A e B.

(a) Circuito pré-falta (sem falta)


ZSA ZLA ZLB ZSB
F VF0 : tensão pré-falta na
+ + barra de falta F
EA VFO EB RF : resistência de falta
_ _

Nota: a ligação de uma


fonte de tensão ideal de
ZSA ZLA ZLB ZSB
valor VF0 em série com uma
F resistência RF não modifica
+ + o circuito pré-falta: a
+ VFO
EA
_
_ EB
_
corrente que circula neste
RF elemento é nula e a tensão
no ponto F permanece VF0.
Fig. 2 – Circuito sem falta ou pré-falta.

(b) Circuito pós-falta (com falta)


ZSA ZLA ZLB ZSB
F

+ +
EA EB
O curto circuito é obtido
_ RF _ com a ligação de uma
resistência RF da barra de
falta à barra de referência.

ZSA ZLA
F
ZLB ZSB A ligação de duas fontes
_ de tensão ideais de valor
+ VFO +
EA + EB
VF0 , em oposição de fases,
+ não modifica o circuito.
_ _VFO _
RF

Fig. 3 – Circuito com falta ou pós-falta.

2
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

Aplicando-se o Teorema da Superposição ao circuito da figura 3

ZSA ZLA ZLB ZSB ZSA ZLA ZLB ZSB


F F
_
+ VFO +
+ IF +
EA + EB
EA EB _ + _
_ RF _ _VFO
RF

circuitos pós-falta

ZSA ZLA ZLB ZSB ZSA ZLA ZLB ZSB


F F
+ _

+
VFO VFO
+ _ +
EB +
EA
_ RF _ RF
IF’ = 0 IF’’= IF

circuito pré-falta circuito puro de falta

circuito circuito circuito


= +
pós-falta pré-falta superposto
Fig. 4 – Aplicação do princípio da superposição no cálculo das correntes de curto-circuito.

A figura 4 acima mostra que, na hipótese de uma falta ou


curto-circuito, as correntes e tensões em qualquer elemento do
SEP podem ser calculadas a partir da soma das correntes e
tensões de dois circuitos equivalentes: um primeiro onde a falta
ainda não está presente, correspondente ao SEP em RPS antes
da falta, ou em condição de operação normal, denominado
circuito pré-falta, e um segundo que conta apenas com uma
fonte de tensão, cujo valor é o valor da tensão na barra de falta
antes de acontecer a falta, denominado circuito superposto ou
puro de falta. Convém ressaltar que a corrente de curto-circuito
IF é composta apenas da parcela IF” do circuito puro de falta ou
superposto, uma vez que a corrente de curto-circuito pré-falta IF’
é nula.
Tomando-se o circuito equivalente de Thevenin visto da barra de
falta F, obtém-se para as três seqüências, os circuitos
equivalentes mostrados nas figuras 5, 6 e 7 a seguir. É
interessante salientar que estas figuras mostram que apenas o

3
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

circuito equivalente de seqüência positiva possui uma tensão


equivalente de Thevenin, pois admite-se que o SEP está em RPS
equilibrado com tensões e correntes simétricas antes do
aparecimento da falta. No caso de se considerar que o sistema
está desequilibrado antes da falta, vão estar presentes as fontes
de tensão pré-falta em todas as redes de seqüência.

Z1
Ia1 F1

+
VF0 Va1 Va1 = VF 0 − Z1 I a1
_ (1)

Fig. 5 – Circuito de Thevenin de seqüência positiva


visto da barra de falta.

Z2
Ia2 F2

Va2 Va 2 = − Z 2 I a 2 (2)

Fig. 6 – Circuito de Thevenin de seqüência negativa


visto da barra de falta.

Z0
Ia0 F0

Va0 Va 0 = − Z 0 I a 0 (3)

Fig. 7 – Circuito de Thevenin de seqüência zero visto


da barra de falta.

NOTA: As impedâncias seqüenciais equivalentes de Thevenin


vistas da barra de falta F podem ser obtidas diretamente das
matrizes das impedâncias de barra de cada uma das seqüências
tomando-se os elementos ZFF de sua diagonal.

4
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

4. LIGAÇÃO DOS CIRCUITOS DE SEQUÊNCIA DE


FORMA A REPRESENTAR OS DIVERSOS TIPOS
DE CURTOS-CIRCUITOS

4.1. Curto-Circuito Monofásico (AT)


a
b
c Condições de Contorno

Ia Ib Ic  Ib = Ic = 0
 (4)
 Va = Z f I a
Zf

Fig. 8 – Falta fase A para a terra.

A primeira condição de contorno, expressa em componentes


simétricas, toma a seguinte forma
 Ia0  1 1 1   Ia   Ia 
  1    1 
 I a1  =  1 a a2  ⋅  0  =  Ia  (5)
 I  3 1 a 2 a   0 
3 
 a2    Ia 
ou seja
Ia
I a 0 = I a1 = I a 2 = (6)
3
Da segunda condição de contorno tem-se que
Va = Va 0 + Va1 + Va 2 = Z f I a (7)

Substituindo a equação (6) na equação (7) vem que

Va 0 + Va1 + Va 2 − 3Z f I a1 = 0 (8)

5
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

As equações (6) e (8) correspondem à ligação dos diagramas de


seqüência em série, mostrada na figura 9 a seguir
Cálculo das correntes de seqüência
Z1
Ia1 F1 Vf 0
I a1 =
+ Z1 + Z 2 + Z 0 + 3Z f
VF0 Va1
_ I a 2 = I a1 (9)
I a 0 = I a1
Z2
Ia2 Cálculo das tensões de seqüência
F2

 Va1 = VF 0 − Z1I a1
Va2 3Zf 
 Va 2 = − Z 2 I a 2 (10)
 V = −Z I
 a0 0 a0
Z0
Ia0
F0 Cálculo das correntes e tensões de fase
~
 I F = Q I S
Va0 (11)
 ~
 VF = Q VS
Fig. 9 – Ligações dos circuitos equivalentes seqüenciais de
Thevenin para uma falta fase A para terra.

As equações (9) a (11) apresentam as expressões para o cálculo


das correntes de falta e das tensões no ponto de falta.

4.2. Curto-Circuito Bifásico (BC)


a
b Condições de Contorno
c
 Ia = 0
Ia Ib Ic 
 Ib = − Ic

 Vb − Vc = 2Z f I b = −2Z f I c (12)
Zf Zf 
ou

 Vb − Vc = Z f (I b − I c )
Fig. 10 – Falta fase B para fase C.

6
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

A primeira e segunda condições de contorno, expressas em


componentes simétricas, tomam a seguinte forma
 Ia0  1 1 1  0   0 
  1    1  
 I a1  = a 2  ⋅  Ib  = − 2
1 a  ( a a ) I b (13)
I  3 3 2
 a2  1 a
2
a   − I b   (a − a) I b 

ou seja
 Ia0 = 0
 (14)
 I a1 = − I a 2
Expressando a quarta condição de contorno em componentes
simétricas vem que

(Va 0 + a 2Va1 + aVa 2 ) − (Va 0 + aVa1 + a 2Va 2 ) = Z f ⋅ [ ( I a 0 + a 2 I a1 + aI a 2 ) − ( I a 0 + aI a1 + a 2 I a 2 ) ] (15)

ou ainda
(a 2 − a) (Va1 − Va 2 ) = Z f (a 2 − a) ( I a1 − I a 2 ) (16)
ou cortando o termo (a2 - a), vem que
(Va1 − Va 2 ) = Z f (I a1 − I a 2 ) (17)

ou finalmente que
Va1 − Z f I a1 = Va 2 − Z f I a 2 (18)

As equações (14) e (18) correspondem à ligação dos diagramas


de seqüência positiva e negativa em paralelo no ponto de falta F,
deixando o diagrama de seqüência zero isolado dos demais.

Cálculo das correntes de


Zf Zf seqüência
Z1 Z2 Z0
F1 F2 F0
Vf 0
+ Ia1 Ia2 Ia0 I a1 =
VF 0 Va1 Va2 Va0 Z1 + Z 2 + 2 Z f
_ (19)
I a 2 = − I a1
I a0 = 0
Fig. 11 – Ligações dos circuitos equivalentes seqüenciais de Thevenin para uma
falta fase B para fase C.

7
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

As equações (19) fornecem as expressões para o cálculo das


correntes seqüenciais de falta. As tensões de seqüência,
correntes de fase e tensões de fase são calculadas pelas
equações (10) e (11) do item anterior.

4.3. Curto-Circuito Bifásico (BCT)

b
c Condições de Contorno
Ia Ib Ic  Ia = 0
 V = Z I + Z (I + I )
Zf Zf  b f b g b c
(20)

 Vc = Z f I c + Z g ( I b + I c )
Zg  V −V = Z I − Z I
 b c f b f c

Fig. 12 – Falta fase B para fase C para terra.

O leitor pode reparar que a quarta condição de contorno é


idêntica à quarta condição de contorno do item anterior. Desta
forma, a equação (18) ainda se verifica neste tipo de
curto-circuito. Elas expressam uma relação entre as grandezas
de seqüência positiva e negativa. A relação entre as grandezas
de seqüência zero e uma das outras seqüências é obtida
expressando a primeira condição de contorno em componentes
simétricas, ou seja
 I a0  1 1 1 0  Ib + Ic 
  1    1  
 I a1  =  1 a a 2  ⋅  I b  =  aI b + a 2 I c  (21)
 I  3 1 a 2 a   I c 
3 2 
 a2    a I b + aI c 
Desta forma
 I b + I c = 3I a 0
 (22)
 I a 0 + I a1 + I a 2 = 0
Expressando ainda as tensões e correntes de fase em
componentes simétricas na segunda e terceira condições de
8
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

contorno e substituindo as expressões obtidas na equação (22),


resulta que
 Vb = Va 0 + a 2Va1 + aVa 2 = Z f ( I a 0 + a 2 I a1 + aI a 2 ) + 3Z g I a 0
 (23)
 Vc = Va 0 + aVa1 + a Va 2 = Z f ( I a 0 + aI a1 + a I a 2 ) + 3Z g I a 0
2 2

O leitor pode reparar que as equações (23) podem ser utilizadas


para obter novamente a equação (18), bastando efetuar a
diferença Vb ─ Vc. No entanto, em busca de uma relação entre as
grandezas de seqüência zero e uma outra seqüência, deve-se por
exemplo multiplicar a segunda das equações (23) por a2
 Vb = Va 0 + a 2Va1 + aVa 2 = Z f ( I a 0 + a 2 I a1 + aI a 2 ) + 3Z g I a 0
 2 (24)
 a Vc = a Va 0 + Va1 + aVa 2 = Z f (a I a 0 + I a1 + aI a 2 ) + 3a Z g I a 0
2 2 2

Em seguida efetua-se a diferença da primeira pela segunda,


eliminando-se os termos de seqüência negativa, resultando em
(1 − a 2 ) (Va 0 − Va1 ) = Z f (1 − a 2 ) ( I a 0 − I a1 ) + 3Z g (1 − a 2 ) I a 0 (25)

Cortando o termo (1 ─ a2) e rearranjando vem que


Va 0 − Z f I a 0 − 3Z g I a 0 = Va1 − Z f I a1 = Va 2 − Z f I a 2 (26)

onde, nesta equação, já se considerou também a validade da


equação (18).
Esta equação e a segunda das equações (22) correspondem à
ligação dos diagramas de seqüência positiva, negativa e zero em
paralelo no ponto de falta F, mostrado na figura 13 a seguir.
Cálculo das correntes de
seqüência
 VF 0
Zf  I a1 = '
( )
Zf Zf
Z1 Z2  Z1 + Z 2' // Z 0'
Z0

F1 F2 F0
Z 0' (27)
+ Ia1 Ia2 Ia0 I
 a2 = − I a1
 Z 2' + Z 0'
VF 0 Va1 Va2 Va0
_  Z'
 I a 0 = − I a1 ' 2 '
 Z2 + Z0
3Zg onde
 Z1' = Z1 + Z f
 '
Fig. 13 – Ligações dos circuitos equivalentes seqüenciais de Thevenin para uma  Z2 = Z2 + Z f (28)
falta fase B para fase C para terra.  '
 Z 0 = Z 0 + Z f + 3Z g
9
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

As tensões de seqüência, correntes de fase e tensões de fase


são calculadas novamente pelas equações (10) e (11).

4.4. Curto-Circuito Trifásico-Terra (ABCT) ou Trifásico (ABC)

a a
b b
c c
Ia Ib Ic Ia Ib Ic
Zf Zf Zf Zf Zf Zf

Zg

Fig. 14 – Falta trifásica para a terra ou trifásica sem terra.

O curto-circuito trifásico-terra (ABCT) corresponde à aplicação


na barra F de uma carga equilibrada, ligada em estrela aterrada
por impedância Zg, com impedâncias de fase iguais a Zf ,
conforme figura acima. A matriz das impedâncias de fase desta
carga vai ser:

 Z f + Zg Zg Zg 
~  
ZF =  Zg Z f + Zg Zg  (29)
 Z Zg Z f + Z g 
 g

Desta forma, a matriz das impedâncias de seqüência vai ser dada


por

 Z f + 3Z g 0 0 
~  
ZS =  0 Zf 0  (30)
 0 0 Z f 

10
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

Esta carga pode ser representada pelos seguintes diagramas de


seqüência.

Z1 Ia1 F Z2 Ia2 Z0 Ia0


1 F2 F0
+ Zf
VF 0 Va1 Zf Va2 Zf Va0 N
_ 3Zg

Fig. 15 – Ligações dos circuitos equivalentes seqüenciais de Thevenin para uma falta trifásica para a terra.

Já o curto-circuito trifásico ABC (sem terra) corresponde à


aplicação na barra de falta F de uma carga equilibrada, ligada em
estrela não aterrada, com impedâncias de fase iguais a Zf. Isto
equivale ao primeiro caso quando Zg tende a infinito. A matriz
das impedâncias de fase vai ser indefinida (todos os seus
elementos vão ser iguais a infinito) e a matriz das impedâncias
seqüenciais vai ser dada por

∞ 0 0 
~  
ZS =  0 Zf 0  (31)
0 0 Z f 

o que corresponde nos diagramas da figura 15 a deixar aberto o


diagrama de seqüência zero exatamente no local da impedância
Zg , conforme mostra a figura 16 abaixo.

Z1 I Z2 Ia2 Z0 Ia0
a1 F F2 F0
1
+ Zf
VF 0 Va Zf Va Zf Va0
_ N

Fig. 16 – Ligações dos circuitos equivalentes seqüenciais de Thevenin para uma falta trifásica sem terra.

11
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

O leitor pode verificar que em ambos tipos de curtos-circuitos


vão existir apenas corrente de seqüência positiva, uma vez que
não existem fontes de Thevenin para as seqüências negativa e
zero, quando se considera que o sistema elétrico está em RPS
equilibrado com tensões e correntes simétricas antes do curto.
Esta corrente de seqüência positiva vai ser dada por

VF 0
I a1 = (32)
Z1 + Z f

As tensões de seqüência, correntes de fase e tensões de fase


são calculadas novamente pelas equações (10) e (11).

12
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

EXEMPLO DE CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO

1 2 3
3 4

5
1 2

Fig. 17 – Rede elétrica para cálculo de curto-circuito.

(a) TABELA DE DADOS DOS ELEMENTOS DA REDE ELÉTRICA


Tabela 1 – Dados dos elementos da rede elétrica da figura 17.

Reatâncias
Elemento Fonte de
Elemento De Para Próprias
Mútuas Acoplado Tensão
Positiva Negativa Zero (Seq 0)

1 0 1 0,25 0,15 0,03 1,0 ∠0°

2 0 3 0,20 0,12 0,02 1,2 ∠0°

3 1 2 0,08 0,08 0,14

4 2 3 0,06 0,06 0,10 0,05 5

5 2 3 0,06 0,06 0,12 0,05 4

6 1 3 0,13 0,13 0,17

13
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(b) GRAFO ORIENTADO

4
1 3 2 3
5

1 2

Fig. 18 – Grafo orientado

Observação: Muitas vezes, devido às ligações Y-∆ em


transformadores e/ou ligações de cargas em ∆ ou Y não aterrado
solidamente, o grafo de seqüência zero difere dos grafos de
seqüência positiva e negativa, que em geral são iguais. Existem
algumas técnicas de criação de elementos fictícios para
compensar este problema e evitar o aparecimento de uma matriz
de incidência elemento-nó para as redes de seqüência positiva e
negativa e outra para a rede de seqüência zero. No caso em
questão, os três grafos são idênticos.

14
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

(c) ÁRVORE, CO-ÁRVORE, RAMOS E CORDAS

4
1 3 2 3
5

6
Ramos: 1, 2, 3

1 2
Cordas: 4, 5, 6

Fig. 19 – Árvore e Co-árvore

(d) MATRIZ DE INCIDÊNCIA ELEMENTO-NÓ REDUZIDA

1 2 3 4 5 6

1 -1 1 1
~
A= 2 -1 1 1

3 -1 -1 -1 -1

15
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

~ ~
(e) MATRIZES PRIMITIVAS DA REDE z p E y p

0,25
0,20
z~p1 = j 0,08
0,06
0,06
0,13

4,000
5,000
y~p1 = − j 12,500
16,667
16,667
7,692

0,15
0,12
z~p2 = j 0,08
0,06
0,06
0,13

6,667
8,333
y~p2 = − j 12,500
16,667
16,667
7,692

0,03
0,02
z~p0 = j 0,14
0,10 0,05
0,05 0,12
0,17

33,333
50,000
y~p0 = − j 7,143
12,632 -5,263
-5,263 10,526
5,882

16
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

~
(f) MONTAGEM DE YB POR INSPEÇÃO

4,000 + 12,500 +
-12,500 -7,692
7,692
~ 12,500 + 16,667 +
YB1 = − j -12,500 -16,667 – 16,697
16,667
16,667 + 16,667 +
-7,692 -16,667 – 16,697
7,692 + 5,000

24,192 -12,500 -7,692


~
YB1 = − j -12,500 45,833 -33,333
-7,692 -33,333 46,026

6,667 + 12,500 +
-12,500 -7,692
7,692
~ 12,500 + 16,667 +
YB2 = − j -12,500 -16,667 – 16,697
16,667
16,667 + 16,667 +
-7,692 -16,667 – 16,697
7,692 + 8,333

26,859 -12,500 -7,692


~
YB2 = − j -12,500 45,833 -33,333
-7,692 -33,333 49,359

33,333 + 7,145 +
-7,143 -5,882
5,882
7,143 + 12,632 + -12,632 – 10,526 –
~ -7,143
YB0 = − j 10,526 + (- 5,263). 2 (-5,263). 2
50,000+ 12,632 +
-12,632 – 10,526 –
-5,882 10,520 + 5,882 +
(-5,263). 2
(-5,263). 2

46,359 -7,143 -5,882


~
YB0 = − j -7,143 19,774 -12,632
-5,882 -12,632 68,514

17
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

~
(g) CÁLCULO DE Z B
~
Em razão do tamanho do sistema exemplo, a matriz Z B de
~
cada seqüência vai ser obtida pela inversão da matriz YB da
seqüência correspondente. Ou seja
~
[ ]
~
Z B = YB
−1

0,1274 0,1061 0,0981


~
Z B1 = j 0,1061 0,1345 0,1151

0,0981 0,1151 0,1215

0,0817 0,0620 0,0546


~
Z B2 = j 0,0620 0,0899 0,0704

0,0546 0,0704 0,0763

0,0238 0,0112 0,0041


~
Z B0 = j 0,0112 0,0626 0,0125

0,0041 0,0125 0,0173

~
Na verdade não é necessário obter a matriz Z B para cada uma
das seqüências. Basta obter a coluna k (no caso a coluna 2) da
~
matriz Z B para cada seqüência, através da solução do sistema
~
YBi ⋅ Z Bk
i
= ℑk

onde o sobrescrito “i” indica a seqüência, o subscrito “k” indica a


~i
coluna, “ Z Bk ” é a coluna “k” de “ Z B ” e “ ℑk ” é o vetor coluna com
i

todos elementos nulos, menos o elemento “k”, que assume o valor


unitário.
18
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

(h) SOLUÇÃO EM CONDIÇÕES NORMAIS DE OPERAÇÃO


CIRCUITO PRÉ-FALTA

(h.1) Equações gerais dos elementos de rede

e z~p j
- + i i
y~p
+ - + -
v v
 i + j = y~p ⋅ v
v + e = z~p ⋅ i  ~
 j = − y p ⋅ e
Fig. 20 – Elementos genéricos no formato impedância e admitância.

(h.2) Equações da rede de seq positiva na forma de impedância

Uma vez que o circuito pré-falta é considerado equilibrado, só


haverá componentes de seqüência positiva. Desta forma, a
~
equação da rede vai ser v + e = z p . i , ou seja

v1 1,0 0,25 i1
v2 1,2 0,20 i2
v3 0 0,08 i3
+ = j ⋅
v4 0 0,06 i4
v5 0 0,06 i5
v6 0 0,13 i6

19
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

(h.3) Equações da rede de seq positiva na forma de admitância

Na forma de admitância, as equações da rede são da forma


~
 i + j = y p ⋅ v
 ~ ⋅e
 onde j = − y p

Assim fazendo j = − y~p ⋅ e resulta que

j1 4,000 1,0 j4

j2 5,000 1,2 j6

j3 12,500 0 0
j = = j ⋅ =
j4 16,667 0 0

j5 16,667 0 0

j6 7,692 0 0

E a equação na forma de admitância será i + j = y~p ⋅ v , ou seja

i1 j4 4,000 v1

i2 j6 5,000 v2

i3 0 12,500 v3
+ = -j .
i4 0 16,667 v4

i5 0 16,667 v5

i6 0 7,692 v6

20
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

(h.4) Vetor das correntes de barra

O vetor das correntes de barra é dado por

~
IB = A . j

e traduz as correntes injetadas em cada uma das barras pelas


fontes. Desta forma

j4

I1 -1 1 1 j6 - j 4,0

I B = I2 = -1 1 1 . 0 = 0

I3 -1 -1 -1 -1 0 - j 6,0

(h.5) Vetor das tensões de barra

O vetor das tensões de barra é dado por

V11 0,1274 0,1061 0,0981 -j4 1,0981


~
VB1 = Z B1 . I B1 = V21 = j 0,1061 0,1345 0,1151 . 0 = 1,1151

V31 0,0981 0,1151 0,1215 -j6 1,1215

21
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

(h.6) Tensões em cada um dos elementos

As tensões dos elementos são necessárias para se calcular as


correntes dos elementos . Elas são determinadas a partir das
tensões de barra da forma
~
v = AT ⋅VB
Assim

v1 -1 – V1 – 1,0981 – 1,0981

v2 -1 V1 – V3 – 1,1215 – 1,1215

v3 1 -1 V2 V1 – V2 1,0981 – 1,1151 – 0,0170


= . = = =
v4 1 -1 V3 V2 – V3 1,1151 – 1,1215 – 0,0064

v5 1 -1 V2 – V3 1,1151 – 1,1215 – 0,0064

v6 1 -1 V1 – V3 1,0981 – 1,1215 – 0,0234

(h.7) Correntes pré-falta em cada um dos elementos do circuito

Fazendo i = y~ p ⋅ v − j resulta que

i1 4,000 - 1,0981 j4 j 0,3925

i2 5,000 - 1,1215 j6 - j 0,3925

i3 12,500 - 0,0170 0 j 0,2126


=-j . - =
i4 16,667 - 0,0064 0 j 0,1063

i5 16,667 - 0,0064 0 j 0,1063

i6 7,692 - 0,0234 0 j 0,1799

22
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

(i) CÁLCULO DO CURTO-CIRCUITO ΦT (AT) NA BARRA 2


1
Z 22 I 21 f  0 V201
 I2 f = I2 f = I2 f = Z 0 + Z1 + Z 2 =
1 2

 22 22 22

V201 1,1151 0°
1
VV 
2f1
 1,1151
2f
 = =
 j (0,0626 + 0 ,1345 + 0,0899 )


Z 222 I 22 f  = − j 3,8851


2
V2V2f 2 f ~
V2Sf = V20S − Z 22S . I 2Sf
 V20f = − Z 22
0
. I 20 f =

0
Z 22 I 20 f  = − ( j 0,0626 ) (− j 3,8851) =
 = − 0,2433 pu

 V21f = V201 − Z 22
1
. I 21 f =

= 1,1151 − ( j 0,1345) ( − j 3,8851) =
0 0
VV
2 f2 f 
 = 0,5927 pu

 V22f = − Z 22
2
. I 22 f =

 = − ( j 0,0899 ) (− j 3,8851) =
Fig. 21 – Ligação dos redes de seqüência para cálculo de
 = − 0,3494 pu
curto-circuito AT.

Observação
i
As tensões V acima já levam em conta a tensão pré-falta.
2f

1 1 1  1 3.I12f  − j 11,6554


~  
I2fF = Q . I2fS = 1 a 2 a  . 1 I12f =  0  =  0  pu

1 a a  1  
 0   
2
0

1 1 1 − 0,24329  0 
~
V2fF = Q. V2fS = 1 a 2 a  .  0,59265  = 0,8937 ∠ − 114,10° pu
1 a a 2   − 0,34937   0,8937 ∠114,10° 

23
Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

(j) SOLUÇÃO DO CIRCUITO PURO DE FALTA (SUPERPOSTO)

(j.1) Tensões de barra do circuito puro de falta


~
O vetor das tensões de barra é dado por Vbi = Zib . Iib onde o
subscrito i se refere às seqüências 0, 1 ou 2. Nesta equação a
única corrente injetada no sistema é a corrente de falta, calculada
no item anterior, com o sinal trocado, pois a corrente calculada
anteriormente está saindo da barra de falta. Assim

V11 0,12735 0,10609 0,09812 0 - 0,4122


~
Vb1 = Z1b . I 1b = V21 = j 0,10609 0,13448 0,11513 . j 3,88513 = - 0,5225

V31 0,09812 0,11513 0,12151 0 - 0,4473

V12 0,08173 0,06201 0,05461 0 - 0,2409


~
Vb2 = Zb2 . I 2b = V22 = j 0,06201 0,08992 0,07039 . j 3, 88513 = - 0,3494

V32 0,05461 0,07039 0,07631 0 - 0,2735

V10 0,02383 0,01124 0,04117 0 - 0,0437


~
Vb0 = Zb0 . I b0 = V20 = j 0,01124 0,06262 0,01251 . j 3, 88513 = - 0,2433

V30 0,04117 0,01251 0,01726 0 - 0,0486

NOTA: As tensões acima se referem apenas ao circuito puro de


falta, embora a nomenclatura seja a mesma do item (i).

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(j.2) Tensões nos elementos do circuito puro de falta


~
O vetor das tensões nos elementos do circuito é dado por v = A T . Vb

v11 -1 – V1 0,4122

v21 -1 V1 – V3 0,4473

v31 1 -1 V2 V1 – V2 0,1103
= . = =
v41 1 -1 V3 V2 – V3 - 0,0752

v51 1 -1 V2 – V3 - 0,0752

v61 1 -1 V1 – V3 0,0351

v12 -1 – V1 0,2409

v22 -1 V1 – V3 0,2735

v32 1 -1 V2 V1 – V2 0,1084
= . = =
v42 1 -1 V3 V2 – V3 - 0,0759

v52 1 -1 V2 – V3 - 0,0759

v62 1 -1 V1 – V3 0,0326

v10 -1 – V1 0,0437

v20 -1 V1 – V3 0,0486

v30 1 -1 V2 V1 – V2 0,1996
= . = =
v40 1 -1 V3 V2 – V3 - 0,1947

v50 1 -1 V2 – V3 - 0,1947

v60 1 -1 V1 – V3 0,0049

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Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

(j.3) Correntes nos elementos do circuito puro de falta

No circuito puro de falta nenhum elemento possui fonte de


corrente, logo j = 0 e i = y~ p ⋅ v . Desta forma

i11 4,000 0,41218 - j 1,6487

i21 5,000 0,44728 - j 2,2364

i31 12,500 0,11030 - j 1,3787


=-j . =
i41 16,667 - 0,07519 j 1,2532

i51 16,667 - 0,07519 j 1,2532

i61 7,692 0,03510 - j 0,2700

i12 6,667 0,24092 - j 1,6061

i22 8,333 0,27348 - j 2,2790

i32 12,500 0,10845 - j 1,3556


=-j . =
i42 16,667 - 0,07589 j 1,2648

i52 16,667 - 0,07589 j 1,2648

i62 7,692 0,03256 - j 0,2505

i10 3,333 0,04365 - j 1,4551

i20 50,000 0,04860 - j 2,4301

i30 7,143 0,19963 - j 1,4260


=-j . =
i40 12,632 -5,263 - 0,19468 j 1,4345

i50 -5,263 10,526 - 0,19468 j 1,0247

i60 5,882 0,00495 - j 0,0291

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Estudos de Curto-Circuito  Clever Pereira

(k) TENSÕES DE BARRA DO CIRCUITO SOB FALTA (TOTAIS)


Pelo teorema da superposição, as tensões de barra podem
ser calculadas somando-se as tensões de barra do circuito
pré-falta, V bi 0 , com as tensões de barra do circuito puro de falta,
V bi f , ou seja

V bi = V bi 0 + V bi f

onde o sobrescrito “i” se refere a cada uma das seqüências.


Assim

V11 V110 V11f 1,0981 - 0,4122 0,6859

V21 = V210 + V21 f = 1,1151 + - 0,5225 = 0,5927

V31 V310 V31 f 1,1215 - 0,4473 0,6742

V12 V120 V12f 0 - 0,2409 - 0,2409

V22 = V220 + V22 f = 0 + - 0,3494 = - 0,3494

V32 V320 V32 f 0 - 0,2735 - 0,2735

V10 V100 V10f 0 - 0.0437 - 0.0437

V20 = V200 + V20 f = 0 + - 0.2433 = - 0.2433

V30 V300 V30 f 0 - 0.0486 - 0.0486

É interessante perceber que as tensões V2i são iguais às tensões


calculadas anteriormente na segunda parte do item (i), já
considerando o circuito pré-falta.

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(l) TENSÕES NOS ELEMENTOS DO CIRCUITO

Pelo mesmo motivo do item anterior (teorema da superposição),


tem-se para as tensões nos elementos de cada uma das redes de
seqüência que
v i = v0i + v if
onde o sobrescrito i se refere a cada uma das seqüências. Assim

v11 v110 v11f - 1,0981 0,4122 - 0,6859


v21 1
v20 v21 f - 1,1215 0,4473 - 0,6742
v31 1
v30 v31 f - 0,0170 0,1103 0,0933
= + = + =
v41 1
v40 v41 f - 0,0064 - 0,0752 - 0,0816
v51 1
v60 v51 f - 0,0064 - 0,0752 - 0,0816
v61 1
v60 v61 f - 0,0234 0,0351 0,0117

v12 2
v10 v12f 0,2409
v22 2
v20 v22 f 0,2735
v32 2
v30 v32 f 0,1084
= + =
v42 2
v40 v42 f - 0,0759
v52 2
v50 v52 f - 0,0759
v62 2
v60 v62 f 0,0326

v10 0
v10 v10f 0,0437
v20 0
v20 v20 f 0,0486
v30 0
v30 v30 f 0,1996
= + =
v40 0
v40 v40 f - 0,1947
v50 0
v50 v50 f - 0,1947
v60 0
v60 v60 f 0,0049

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(m) CORRENTES NOS ELEMENTOS DO CIRCUITO

Pelo mesmo motivo do item anterior (teorema da superposição),


tem-se que
i i = i0i + i fi
onde o sobrescrito i se refere a cada uma das seqüências. Assim

i 11 i 110 i 11f j 0,3925 - j 1,6487 - j 1,2562


i 21 i 210 i 21 f - j 0,3925 - j 1,2564 - j 2,6289
i 31 i 310 i 31 f j 0,2126 - j 1,3787 - j 1,1661
= + = + =
i 41 1
i 40 i 41 f j 0,1063 j 1,2532 j 1,3595
i 51 1
i 50 i 51 f j 0,1063 j 1,2532 j 1,3595
i 61 i 610 i 61 f j 0,1799 - j 0,2700 - j 0,0901

i 12 i 120 i 12f - j 1.6061


i 22 i 220 i 22 f - j 2.2790
i 32 i 320 i 32 f - j 1.3556
= + =
i 42 2
i 40 i 42 f j 1.2648
i 52 2
i 50 i 52 f j 1.2648
i 62 i 620 i 62 f - j 0.2505

i 10 i 100 i 10f - j 1.4551


i 20 i 200 i 20 f - j 2.4301
i 30 i 300 i 30 f - j 1.4260
= + =
i 40 0
i 40 i 40 f j 1.4345
i 50 0
i 50 i 50 f j 1.0247
i 60 i 600 i 60 f - j 0.0291

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(n) CONSIDERAÇÕES FINAIS

O vetor das correntes de seqüência nos elementos, e


conseqüentemente o vetor das correntes de fase nos elementos,
deve ser obtido pela soma dos valores pré-falta, com os valores
obtidos do circuito puro de falta. Por exemplo, o vetor das
correntes de fase no elemento 3 (linha que une as barras 1 e 2),
sem considerar as condições pré-falta, é dado por

i 30 f - j 1.4260 i 3a f 4,1603 ∠- 90°


i 3Sf = i 31 f = - j 1.3787 ⇒ i 3Ff = i 3b f = 0,0622 ∠- 108,8°
i 32 f - j 1.3556 i 3c f 0,0622 ∠ - 71,2°

Por outro lado, considerando-se as correntes pré-falta, chega-se a

i 30 - j 1.4260 i 3a f 3,9477 ∠- 90°


i 3S = i 31 = - j 1.1661 ⇒ i 3Ff = i 3b f = 0,2328 ∠- 45,2°
i 32 - j 1.3556 i 3c f 0,2328 ∠ - 134,8°

A diferença é a corrente de carga (ou pré-falta), que é apenas de


seqüência positiva, por considerar-se o sistema equilibrado antes
da falta. Os resultados acima mostram que, os valores são muito
próximos, principalmente se for de interesse apenas a fase faltosa
(erro da ordem de 5,4%). Por esta razão, muitas vezes não se
considera as correntes pré-falta. Uma outra aproximação razoável
feita no cálculo de curtos-circuitos é considerar que a tensão pré-
falta, em qualquer barra do sistema, é de 1,0 pu. Isto também é
bastante razoável, uma vez que o valor não pode ser muito
diferente, sob pena de transgredir limites junto aos consumidores
e aos próprios equipamentos da rede. Esta consideração acarreta
a economia de um passo, ou seja a determinação da tensão pré-
falta na barra de falta. No exemplo, a tensão pré-falta era de 1,1151
pu, o que, na realidade, é até um pouco elevada para as condições
normais de um sistema elétrico de potência.

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