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Em Amateur, a freira ouve uma voz que lhe diz que precisaria
sair do convento para salvar a vida de uma pessoa no mundo. Ela sai, e
para sobreviver começa a escrever contos eróticos. Ela descobre, no
decorrer do filme, que precisa salvar da morte a mais famosa atriz de
filmes pornô do mundo, perseguida pela Máfia. Numa entrevista sobre o
filme a atriz Isabelle Huppert que faz o papel da freira diz o seguinte:
http://www.possiblefilms.com/projects/amateur/index.html
Parêntese
JULES
Isso foi intervenção divina.
Você sabe o que é intervenção divina?
VINCENT
Acho que sim. É Deus descendo do céu e fazendo as balas pararem.
JULES
É isso aí mano. É exatamente o que significa!
Deus desceu do céu e parou as balas.
VINCENT
Bom, então vamos cair fora, tá certo?
JULES
Não faz isso! Não fala nesse tom, filho da mãe!
O que aconteceu foi um p* de um milagre!
VINCENT
Se acalma aí,mané. Isso foi uma coisa que aconteceu…
JULES
Tá errado, nada disso, isso não foi apenas uma coisa que aconteceu!
VINCENT
Voce quer continuar essa discussão teológica
no carro, ou prefere terminar na delegacia com os guardas?
JULES
Nós podíamos estar mortos agora mesmo, babaca!
Nós testemunhamos um milagre e eu queria que você admitisse isso!
JULES
Venho dizendo essa merda por anos. E se você chegou a ouvir, significa
que vai morrer. Nunca parei pra pensar no significado. Achava que fosse
uma daquelas coisas que mostram sangue-frio, pra se dizer a um
babaca antes de encher o rabo dele de balas. Mas eu vi uma m* hoje de
manhã que me fez pensar duas vezes. Agora eu estou pensando: isso
poderia significar que você é o mau. E eu sou o justo. E o senhor
calibre45 aqui é o pastor me protegendo pelo vale das trevas. Ou
poderia significar que você é o justo e eu sou o pastor. E é o mundo que
é mau e egoísta. Eu gosto dessa versão. Mas não é verdade. A verdade
é: você é o fraco. E eu sou a tirania dos maus. Mas estou tentando, cara.
Estou tentando DE VERDADE ser um pastor.”
Contextualização
Esse é um desafio e tanto que mexe com três medos: o primeiro medo
é o de que no meio desse processo o cristianismo perca seus
referenciais-base e não se reconheça mais (a heresia, o sincretismo); o
segundo medo é de que no meio do processo o cristianismo morra e
uma religião substitutiva surja de suas cinzas e destroços; e o terceiro é
o medo de fracassar no meio do processo e perder tudo que existiu em
2000 anos junto com o que não se conseguiu fazer.
Mas, afinal, estes não são os medos que nos acompanham todo o
tempo? O medo psicológico de enlouquecer, o medo ontológico de
morrer, o medo existencial de fracassar. Mas se eles nos imobilizassem
não seríamos mais do que mortos-vivos fingindo agir e pensar.