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Emmanuel Carneiro Lego Heidegger a a Questao da Liberdade Real Para Heidegger, no questionamento da liberdade real, tudo sio questées do pensamento: nao sé o substantivo da sustentagao, a liberdade, como também 0 adjetivo da determinacao, real, e a preposigao da proveniéncia, de, um genitivo ao mesmo tempo objetivo e subjetivo. A liberdade ¢ tao cheia de questées que nao se sabe nem mesmo quem questiona quem na questéo da liberdade real: se somos nés que questionamos realmente a liberdade ou € a liberdade real que nos poe em questao e questiona. Ou sera que, em toda questao real, s6 € poss{vel questionar por ja se estar sendo ¢ na medida que se est sendo questionado? Também o questiona- mento é trabalhado por questdes. Pata se questionar a questao da liberda- de real é necessario ja se estar no fluxo e refluxo da libertagao. E indispen- sdvel tanto a dependéncia de uma relagéo como a prepoténcia do aprisionamento. Endo somente a liberdade e o questionamento nos en- chem de questoes. A propria determinagdo e proveniéncia povoam o questionamento de questées. Pois sera mesmo que a liberdade real pode ser determinada sem perder a propriedade de seu modo de ser ¢ a especi- ficidade de sua vigéncia? E pode-se questionar a liberdade real sem imposigdes nem depender de pressuposigdes reais? Ha um elo de ligacao entre liberdade e realidade? Uma pode prescindir da outra para vira ser a diferenga que ambas sao? Do conjunto destas questses todas, Heidegger se ocupa do processo de constituigdo da liberdade real. O que é a liberdade real? —E 0 empenho de realizacao das possibilidades ce sere de ter. Ja numa prelecao do verao de 1926 em Marburgo, Heidegger parte desta experiencia radical de liber- dade: Freiheit aber ist nicht die ‘Gleichgueltigheit der Willkuer, sondern das Escola de Comunicagao da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFR) ‘0 que nos faz pensay n°10, vol.1, outubro de 1996 52. | Emmanuel Carneiro Leso In-sich-hamdeln-lassen der eigentlichen Moeglichkeiten menschlichen Da-seins': “Liberdade, porém, nao ¢ a ‘indiferenca’ da vontade mas consis- te em assumir em suas realizacdes as possibilidades proprias ao modo de ser do homem” (GA, Bd. 22, Frankfurt a.M., Klosterman, 1993, p. 4). um empenho velho sem tempo. O que possui de sempre novo € apenas 0 carisma historico de se impor sempre de novo em todo esforgo e exercicio de ser 0 que se tem. E por isso que Heidegger nao trata apenas da liberda- de, como questéo. Trata também e sobretudo do questionamento, como liberdade. Pois, questionando assim em mao dupla, prepara-nos para a tibertagdo da liberdade, isto €, para um relacionamento criativo com as possibilidacles humanas, tanto com as que somos ¢ nao temos, como tam- bém com as que temos e ndo somos, Livre é 0 relacionamento que nos abre ¢ expde 0 modo de ser ¢ realizar-se a vigencia e ao vigor da liberta- gio. Se em nossos exercicios correspondermos a liberdade desta abertura, poderemos fazer, entao, a experiencia dos limites em que se dé e se retrat a historia de nossa libertagio. A liberdade acontece sempre como conquista num processo de totali- zacdo. Toda realizagic do homem, tanto no singular como no plural, & assumida numa avalanche que procede por ocupacio de lugares das pos- sibilidades. A envergadura de seu horizonte esta por toda parte, de vez que a liberdade esta toda em cada realizacao, embora nunca seja um feito do espirito. Pois a liberdade est4 sempre se fazendo ¢ nunca deixa de con- quistar-se. O espirito ¢ que resulta dos feitos da libertagao. Ora, o primei- ro destes feitos consiste em descolar o homem da cola dos fatos ¢ dados, das situagées e ocorréncias. A libertacdo vem desvencilha-lo dos vencilhos das coisas ¢ deslinda-lo das tramas de suas realizagoes. £ este o primeiro feito da libertagdo. Ea isto se reduz quase sempre 2 consciéncia da liberdade vigente desde a idade moderna. Neste sentido liberdade ¢ sinénimo de in-dependéncia. Liberdade equivale a ter liberda- de, a ser livre de. Ja Aristoteles nos recordara no segundo capitulo do pri- meiro livro da Metafisica que todo processo de libertagdo comega mas nao acaba com a independéncia. Discutindo a constituigao da Filosofia, diz o Estagivita: “a filosofia se constitui como a libertagdo do homem, pois s6 chamamos livre a um homem que se realiza por si mesmo e para si mesmo € nao por outro ¢ para outro” (Met. 1, 2, 982b, 26). Neste nfvel de realizado, predomina a negagdo: toda in-dependéncia nega a dependéncia. Daf se falar em concepgdo negativa da liberdade, pois aqui liberdade so tem o sentido negativo de desprendimento e o ser livre Heidegger e a Questo da Liberdade Real | 53 do homem se reduz a nao depender de. Assim, para se compreender inte gralmente a liberdade deve-se dizer de que independe o homem livre ow de que é independente o homem livre, Nao € dificil perceber que a liber- dade negativa torna-se, entéo, um paradoxo. Pois inclui em seu proprio exercicio € conquista uma dependéncia, a saber, a dependéncia daquilo de que independe o homem livre, E de fato, ao longo da histéria, em todas as discussées ¢ empenhos da liberdade pela liberdade, sempre se sente a ne- cessidade, ¢ com ela a dependéncia de se mostrar e conquistar, de que a liberdade nao depende e¢ é independente. “Ser livre de” diz, em primeiro lugar, independéncia da natureza, em sentido moderno do termo. Os atos, as acdes e atitudes do homem livre nao tém suas decisées ¢ iniciativas determinadas por processos naturais. O agir humano é livre justamente por ndo depender da necessidade de nenhuma lei nem da coacao imposta pela regularidade do curso da natu- reza, incluindo af ndo apenas a natureza externa como também a natureza interna, © homem ¢ livre por independer, em suas decisées, de qualquer coacao, seja de fora, seja de dentro. E ainda nao basta. A liberdade negati- va exige independéncia também de dois outros tipos diferentes de coagao: da co-a¢ao histérica e cultura e da coagdo absoluta. Para serem livres, as decisdes ¢ os comportamentos tém de ser independentes dos processos das forcas culturais ¢ historicas que acionam o destino ¢ a sorte de indivi- duos e comunidades. Pois a necessidacle da historia ¢ da cultura nao ¢ menos liberticida para a liberdade negativa do que a regularidade dos fe- ndmenos naturais. E por fim a independéncia da liberdade negativa se afirma também diante do poder tiltimo ¢ derradeiro do universo, que in- clui em si tanto o mundo material do positivamente dado como o mundo simbélico da origem e do fim de todas as coisas. Nestes termos de nivel sentido, ser livre diz, num segundo momento, independéncia de qualquer coagio simbolicamente absoluta, quer se en- tenda, como no teismo das religides monoteistas, a coacdo absoluta como divina, oriunda da previdéncia e providéncia de um Deus criador de tudo, quer s6 se admita, como no ateismo de varias observancias, uma coago inexordvel da parte de processos materiais, onde se produz tudo, sejam os processos conscientes ou inconscientes, individuais ou coletivos, econd- micos ou simbélicos. Em todo caso, a liberdade negativa exige também independéncia de qualquer coagdo absoluta. E esta exigéncia nao compro- mete de certo nem as crengas religiosas nem as concepgdes de mundo ou as conviccdes ideoldgicas. Ao contrario, as torna até possiveis, dando-lhes 54 | Emmanuel Carneiro Leda valor e valéncia humanos. Pois somente na suposi¢éo de uma inde- pendéncia frente ao absoluto ¢ que se torna possivel um relacionamento pessoal e proprio da parte do homem. S6, entéo, o homem poderd procu- rar, reconhecer, aderir e assim aceitar e escolher ou assumir qualquer ape- lo ou vocagio que the chegue solicitando o empenho ¢ sacrificio de sua personalidade. Tudo, portanto, que da sentido ¢ valéncia condigao hu- mana seria em principio imposstvel se o homem nao conservasse a possi- bilidade de reptdio e recusa. Ora, toda possibilidade de rejeigdo e afasta- mento supde a capacidade de estar e ser livre de, supoe certa independéneia. A realizacéo completa da liberdade negativa requer, pois, a independencia do homem de trés formas de coagao: de toda coagao na- tural de toda coagao histérica e cultural e de toda coagéo absoluta. A tota- lidade do real ¢ 0 universo das realizagées pertencem, portanto, ao ques- tionamento da questao da liberdade real j4 em sua feicdo negativa de independéncia uma vez que toda independéncia inclui sempre, embora de modo negativo, tudo de que se ¢ independente e livre. Na concep¢io negativa de liherdade nao é, pois, um acaso que seu questionamento in- clua a totalidade do real ¢ 0 universo das realizagoes. A questao da liber- dade nao é assim um problema; uma questao particular ¢ seu questiona- mento ndo podem ser desenvolvidos no ambito do conhecimento positivo de acordo com os procedimentos, modelos ¢ paradigmas da ciéncia. Tao logo escutamos estas duas afirmagées, logo concluimos, portante, que a questéo da liberdade real € uma questio geral universal ¢ uma questao irracional e misteriosa, Pois tudo que nao é particular tem de ser geral ou universal e tudo que ndo for racional e controlavel pelos proces- sos do conhecimento sé pade ser mesmo irracional ¢ misterioso. Exami- nemos mais de perto esta conclusdo e pensemos com mais vagar nas suposicdes de sua exclusividade. A questao da liberdade real nao nos tranca dentro de um setor particular ou Area espectfica de fendmeno. Ao contrario, ao invés de trancar, destranca ‘0 questionamento, remetendo-nos dos fendmenos naturais com suas coagdes materiais ¢ dos fen6menos histéricos culturais com suas co:gdes simbélica eabsoluta para o horizonte da totalidade do real ¢ do universo das realizagdes, Mas com este destrancamento nao passamos meramente de um plano parti cular ¢ espectlico para um horizonte geral ¢ abrangente. Pois o universo nao € um universal em que os homens se subsumem ¢ incluem como elementos. O universo nao € 0 conjunto cujos elementos so todgs os conjuntos possi- veis. O homem nio é um caso particular ou um exemplar de Deus, do modo Heidegger e a Questo da Liberdade Real | 55 de produgao ou dos processos inconscientes, tal como a rosa € um cxemplar de flor ou o abacaxi cle fruta. O destrancamento nos leva para o horizonte da totalidade do real, em cujo seio todo homem se realiza ¢ s¢ realiza assumindo ¢ desenvolvendo uma pluralidade de modos de ser ¢ comportar-se consigo € com os outros. E neste sentido que a questo da liberdade real nao pode ser uma quest@o. particular especifica, um problema genérico ¢ universat. F uma questéo transitiva. E 0 que é uma questao transitiva? —E uma questo que atraves- sa.os limites e as diferengas de todos os niveis e regides, de todas as classes € areas. A questao uansitiva poe tudo em questo. Nao tem objeto nem Tegido, nao tem métocdo nem modo de proceder. Ser questio transitiva € caracteristica essencial de toda questéo do pensamento. Por isso ¢ que a filosofia, no nivel da transitividade, nao pode ser ciéncia. A ciéncia tem, por necessidade de sua prépria esséncia, de seguir um método exato, de ater-se aos limites de determinada regido de fendmenos, de empenhat-se pela producao de um objeto precisamente definido e nas suas pesquisas operativamente no singular, o universal,-no particular, o geral, no indivi- dual, o comum. Ora, com a questao da liberdade nao abandonamos tudo © que € setorial, regional e delinide por reas ¢ dimensdes. E nado abando- namos por um motivo bastante simples. E que sé pocemos abandonar um espaco ou lugar que de alguma maneira jé ocupamos, Por mais dificil que seja questionar a questao da liberdade, o movi- mento de sua execucio j4 nos coloca fora do espaco da ciéncia e do co- nhecimento. f 0 que nos mostra o primeiro esclarecimento, embora ainda primério, da liberdade negativa ou da concepgio negativa da liberdade —como o primeiro feito da libertagao, o primeiro exercicio em que a li- berdade se realiza: a independéncia Contra este primeiro contacto com a dinamica transitiva da liberdade real, revoltam-se nossos habitos inveterados de raciocinar, Achamos que a liberdade pode nao ser uma questo de ciéncia particular ou problema do conhecimento cientifico em geral mas nem por isso deixa de ser uma questio especial e especifica dentro da filosofia. E que a filosofia, quer seja citncia ou nao, nao tem apenas a questao da liberdade, como seu unico problema para tratar. Além da questao da liberdade, a filosofia trata da verdade, do mundo, da historia e de muitas outras questées. E diante de todas estas questdes de ser ¢ esséncia, a questao da liberdade é, sem duvi- da alguma ou contestacio possivel, uma questdo especifica e particular Pois todas elas nao tém nem a envergadura, nem a densidade nem a tran- 56 | Emmanuel Carneiro Ledo sitividade da primeira de todas as questées, a questao da reatidade, a rea- lidade que possibilita a realizagiio de qualquer real, a que, seguindo Aris- toteles, Heidegger chamou de a questao do ser, seja da natureza, da hist6- tia, do homem, de Deus, da verdade, da liberdade, de qualquer realizacao que de algum modo esteja sendo ¢ exercendo-se. Sem duvida, a questdo da esséncia da verdade nao ¢ igual a questao da esséncia da liberdade. Mas desigualdade nao supée sempre cliferenga, mas identidade de esséncia. Para poderem ser iguais ou desiguais, duas realiza- goes tém de possuir identidade de esséncia. Assim, tanto a questdo da ver- dade como a questao da liberdade, questionam ambas a totalidade do real € o universo das realizagoes e por isso seu questionamento inclui um elo constitutivo com a questao da realidade, como tal, do ser, como tal, 0 destrancamento e a abertura do horizonte da realidade é, sem duvida, a esséncia do questionamento filoséfico. Mas esta remissio a totalidade, que faz a libertagdo da liberdade nao ¢ restrita ¢ incompleta? Pois a libertacao instala independéncia. E como nao dependéncia, a independéncia s6 re- mete negativamente para o universo, como totalidade. A totalidade s6 é considerada como referente da independéncia, como instaacia de que a liberdade nao pode depender. Nao constitui o centro, mas a fronteira do questionamento da liberdade. E neste sentido a libertacao, apesar de todo destrancamento, inclui também um trancamento, ao tratar da libertagdo negativamente. Assim a totalidade ndo é tema, mas limite do questiona- mento. E com esta restricdo a questo da liberdade ocupa uma parte € assim se faz uma questéo particular dentro da filosofia. Por mais impor- tante ¢ decisiva que seja, a liberdade ¢ seu questionamento nao exaurem nem esgotam as questées da filosofia. © desenvolvimento concreto da questo da liberdade, como liberta- a0, inclui um destrancamento do horizonte problematico. & um destran- camento que abre a questio para a totalidade do real, exclumdo qualquer forma de coacao, seja externa, interna ou absoluta. A libertagdo exige que, ao existir, o homem assuma uma atitude € comprometa sua realizacdo nao apenas com todas as realizagdes mas também com o inesgetavel da reali- dacle. Neste sentido, a liberiagao nao € uma questéo nem particular nem geral, nem empirica nem transcendental, nem singular nein universal. A libertacao se impde como o exercicio de um movimento transitivo; € uma transciéncia ¢ conquista do tempo opostuno das diferenciazdes. Em con- seqiéncia, a liberdade ndo pode ser um problema de conhecimento, uma questdo cientifica. Impée, ao contrario, um outro modo radicalmente di- Heidegger ¢ a Questéo da Liberdade Real | 57 verso de exercicio e cumprimento. Muito mais do que uma doutrina, um conhecimento, uma teoria ou ideologia, a libertacdo ¢ um processo de constituicdo, uma atividade originaria que pe em obra ¢ opera a realida- de nos diversos niveis de realizagdo. E que a ciéncia, toda teoria e qual- quer conhecimento, se constroem e edificam, por sua propria natureza, dentro dos limites de um setor de fendmenos ¢ trancado ¢ comprometido com a produgio de uma regio precisa ¢ determinada de objetos. Ora, com o ela da libertacdo abandona-se e se tem de abandonar tudo o que for setorial. E € do radical este abandono que se cla sem nem deixar cumprir sua possibilidade. O questionamento da liberdlade nao pode abandonar as regides e os setores pelo simples fato de nao estar colado a nenhum setor, por nao se haver prendido a nenhum espaco. E este modo préprio do questionamento da liberdade que impede a libertagio de ser um problema cientffico e a torna uma questio eminentemente filoséfica. Pois, nao ape- nas de fato como sobretudo pelo vigor de sua propria esséncia, nenhuma ciéncia pode ter por horizonte de suas pesquisas a envergadura da realida- de como a totalidade do real. Embora conquistada, sempre passo a passo, num corpo a corpo continuo com as coacdes, é esta a extensio que impae ¢ requer a libertacao da liberdade. Por mais acanhado ou desamparado que seja 0 questionamento da liberdade, como libertagio, com ele e nele nés nos descobrimos de repente numa outra paisagem, pisando num ou- to pats. © questionamento da questao da liberdade real nos joga, portanto dentro de uma avalanche de libertagao e exige de nds que conquistemos realizemos a liberdade. Todos nés conhecemos a questao da liberdade na forma de um problema, o problema do livre arbitrio. Neste problema se discute se a vontade humana € ou nao livre e como se podera provar de maneira convincente essa propriedade da vontade. No nivel deste proble- ma, 0 que ¢ liberdade, o que ¢ propriedade, o que é o homem e sua von- tade, o que € arbitrio, nao entram no questionamento da questao. Jé se pretende saber. O que nao se pretence saber e se investiga é apenas se a vontade dispde ou nao desta propriedade de ser livre. Pois bem, Com este problema do livre arbftrio nao tem muito a ver a questéo da liberdade real. A liberdade nao € uma propriedade do homem. Muito pelo contrario. O homem € que vem a si mesmo ¢ se constitui como homem enquanto e na medida que € apropriado pela liberdade. A liberdade é uma dinamica abrangente, em cuja vigéncia o homem se faz homem. A hominizacao do homem se funda e se exerce na significancia da liberdade. Ademais, a li- 58 | Emmanvel Carneiro Leda berdade ndo € uma coisa, nem uma qualidade, nem uma propriedade que ‘© homem possa ter ou deixar de ter. A liberdade nao € como o nariz, mui- to embora e precisamente por isso, no odor da libertagdo o homem possa cheirar a liberdade. A liberdade s6 se dé como conquista, a liberdade sé existe, como empenho de libertacao, a liberdade sé se presenteia no pulo € como puto do nada. Somente na medida que nos lancarmos neste pulo é que existiremos como homens. Todas as vezes em que se investiga a existéncia do homem, transcende- se 0 proprio homem e se atinge 0 que é mais originario ¢ vital do que ele mesmo, a saber: o processo de sua libertacdo. As investigacdes do pensa- mento, as peripécias da vida, as vicissitudes da convivéncia, desde seu ponto de partida e de acordo com seu princtpio, ja se acham, pois, além ou aquém do homem, ja se lancaram antes da vontade e de seu livre arbf- trio, j4 ultrapassaram todo querer das biografias ¢ se jogaram desde sem- pre no momento da libertagio. Nao ha, portanto, necessidade alguma de se justificar a liberdade. A prépria libertacdo constitui a justificagdo da liberdade. Nesta se coloca a questdo e em questdo a base de sustentagao € os recursos de construcdo de todos os propésitos ¢ justificativas do homem, Quem tiver compreendido esta questao, saber4, com um saber de experiéncia, que no tem muito sentido perguntar por que ¢ para que a liberdade. Pois a liberdade 6 como a rosa, sem porque, floresce 20 florescer. A liberdade se justifica a pantir de si mesma € ndo de outra coisa, A liberdade é como a criacdo, 56 revela sua verdade em si mesma. Nunca se poderd provar que a liberdade & necess4- tia ou por que é necesséria. A simples tentativa ja € um esforco de pular'a propria sombra. Nos vortices do questionamento da liberdade real ecoam com a autori- dade da primeira vez as palavras de Hélderlin que Heidegger gosta de re- fetir a todo questionamento radical: Um mistério o que jorra de pura criagdo. Nern mesmo a poesia o pode des- vendar. Pois como principiaste, has-de permanecer, Por mais que possam 2 indiggncia ¢ a disciplina, o mais vigoroso € o nascimento e © raio de luz que cinge a fronte ce quem nasce de novo!

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