Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
06 12:01 Page 1
EÇÃ
OL
O
C
Cadernos de
Globalização
e Trabalho
pagbranca.qxd 22.01.07 17:57 Page 1
CA_iniciais_pag3.qxd 21.01.07 14:38 Page 3
Apresentação
A o longo de sua história, o Brasil tem enfrentado o problema da exclusão social que
gerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhões de brasileiros ainda
não se beneficiam do ingresso e da permanência na escola, ou seja, não têm acesso a um
sistema de educação que os acolha.
Educação de qualidade é um direito de todos os cidadãos e dever do Estado; garantir o
exercício desse direito é um desafio que impõe decisões inovadoras.
Para enfrentar esse desafio, o Ministério da Educação criou a Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad, cuja tarefa é criar as estruturas necessárias
para formular, implementar, fomentar e avaliar as políticas públicas voltadas para os grupos
tradicionalmente excluídos de seus direitos, como as pessoas com 15 anos ou mais que não
completaram o Ensino Fundamental.
Efetivar o direito à educação dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliação da oferta
de vagas nos sistemas públicos de ensino. É necessário que o ensino seja adequado aos que
ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular: que ele prime pela qualidade,
valorizando e respeitando as experiências e os conhecimentos dos alunos.
Com esse intuito, a Secad apresenta os Cadernos de EJA: materiais pedagógicos para o
1.º e o 2.º segmentos do ensino fundamental de jovens e adultos. “Trabalho” será o tema da
abordagem dos cadernos, pela importância que tem no cotidiano dos alunos.
A coleção é composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o professor e um com
a concepção metodológica e pedagógica do material. O caderno do aluno é uma coletânea
de textos de diferentes gêneros e diversas fontes; o do professor é um catálogo de ativi-
dades, com sugestões para o trabalho com esses textos.
A Secad não espera que este material seja o único utilizado nas salas de aula. Ao con-
trário, com ele busca ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivan-
do a articulação e a integração das diversas áreas do conhecimento.
Bom trabalho!
Sumário
TEXTO Subtema
Interação de culturas
TEXTO 1
PARABOLICAMARÁ
Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos montes, “den” de casa, camará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
6 • Globalização e Trabalho
1•CA02T01P4.qxd 12.12.06 21:31 Page 7
Globalização e Trabalho • 7
2•CA02T02P4.qxd 12.12.06 21:40 Page 8
Interação de culturas
TEXTO 2
A CARTA DE
PÊRO VAZ DE CAMINHA
Acervo Iconografia
8 • Globalização e Trabalho
2•CA02T02P4.qxd 12.12.06 21:40 Page 9
“
“ A partida de Belém foi, como Vossa
Alteza sabe, segunda-feira, 9 de março.
Globalização e Trabalho • 9
2•CA02T02P4.qxd 12.12.06 21:40 Page 10
Te x t o 2 / Interação de culturas
Acervo Iconografia
Nau portuguesa
do século 14,
gravura de livro
de Hans Staden.
10 • Globalização e Trabalho
2•CA02T02P4.qxd 12.12.06 21:40 Page 11
Globalização e Trabalho • 11
3•CA02T05P4.qxd 12.12.06 21:45 Page 12
Contrastes da globalização
TEXTO 3
12 • Globalização e Trabalho
3•CA02T05P4.qxd 12.12.06 21:45 Page 13
Globalização e Trabalho • 13
4•CA02T07P4.qxd 12.12.06 21:47 Page 14
TRABALHADORES
N
as últimas décadas, o mundo observou
uma redução do número de trabalha-
dores sindicalizados, especialmente
SINDICALIZADOS nos países industrializados. Nos Estados Uni-
dos, a queda é evidente, conforme se observa
NOS EUA no gráfico abaixo. Ao mesmo tempo em que
os sindicatos perdem representatividade, os
níveis salariais despencam, pois os trabalhado-
res ficam fragilizados na defesa de seus direi-
tos antigos e na conquista de novos.
Texto adaptado por Página Viva
Arte: A+
40% Proporção da mão-de-obra sindicalizada do setor privado
32% da economia americana, 1950-2000
24%
26%
8%
0
1952 1956 1960 1964 1968 1972 1976 1980 1984 1988 1992 1996 2000
5,40 EUA (por hora) Japão (por pessoa) Alemanha (por pessoa)
2,80 2,80
2,50
1,60
1,00 1,10 0,95
0,50
0,30 0,40
14 • Globalização e Trabalho
56•CA02T12P4.qxd 13.12.06 00:32 Page 15
A GLOBALIZAÇÃO
da
L Í N G U A
J
ohn Naisbitt, festejado consultor de Cam- contra a globalização asfixiante e empobre-
bridge, em seu Paradoxo Global, dedica cedora. Vale a pena transcrever o trecho no
um capítulo inteiro à questão do idio- qual ele fala da Islândia:
ma, demonstrando como, ao mesmo tempo “Alguns vão bastante longe na defesa
em que o inglês se torna instrumento de de seu idioma. Ninguém vai mais longe do
dominação econômica e cultural sobre o que o povo da Islândia. Todo islandês fala
planeta, povos e nações adotam a defesa do o inglês como o segundo idioma e a maio-
idioma como instrumento de resistência ria também fala outros idiomas. Contudo,
Globalização e Trabalho • 15
56•CA02T12P4.qxd 13.12.06 00:32 Page 16
Infografe
Estreito da GRIMSEY
Dinamarca N
Breioafjörour
ISLÂNDIA
Faxaflói
Reykjavík
Oceano
0 48 HEIMAEY Atlântico
km SURTSEY
16 • Globalização e Trabalho
56•CA02T12P4.qxd 13.12.06 00:32 Page 17
Globalização e Trabalho • 17
56•CA02T12P4.qxd 13.12.06 00:32 Page 18
18 • Globalização e Trabalho
56•CA02T12P4.qxd 13.12.06 00:32 Page 19
SAMBA DO
APPROACH
• • • • • • • • • • • (Zeca Baleiro) • • • • • • • • • • •
Foto: Divulgação
toda hora rola um insight
Compositor e já fui fã do jethro tull
cantor, maranhense
Zeca Baleiro compôs
hoje me amarro no Slash
o satírico Samba minha vida agora é cool
do Approach meu passado é que foi trash
em 2003.
fica ligada no link
que eu vou confessar my love
depois do décimo drink
só um bom e velho engov
eu tirei o meu green card
e fui pra Miami Beach
posso não ser pop star
mas já sou um noveau riche
eu tenho sex-appeal
Venha provar meu brunch saca só meu background
saiba que eu tenho approach veloz como Damon Hill
na hora do lunch tenaz como Fittipaldi
eu ando de ferryboat não dispenso um happy end
eu tenho savoir-faire quero jogar no dream team
meu temperamento é light de dia um macho man
minha casa é hi-tec e de noite um drag queen
Globalização e Trabalho • 19
7•CA02T13P4.qxd 13.12.06 00:34 Page 20
EL MAPA DEL
ESPAÑOL
Infografe
N
EE UU ESPAÑA
MÉXICO CUBA
400 millones
REP. DOMINICANA de personas hablan
HONDURAS PUERTO RICO español en el mundo
GUATEMALA NICARAGUA
EL SALVADOR
PANAMÁ
COSTA RICA VENEZUELA
COLOMBIA GUINEA
ECUATORIAL
ECUADOR
Oceano Índico
BOLIVIA
Oceano Pacífico
PARAGUAY
CHILE
URUGUAY
ARGENTINA
Lengua oficial
0 1412
km
E
n todo el mundo, alrededor de 400 Ecuatorial, Honduras, Nicaragua, México,
millones de personas hablan español. Panamá, Paraguay, Perú, Puerto Rico,
Es la cuarta lengua en número de República Dominicana, Uruguay, Venezuela.
hablantes y la segunda como lengua de Muchos extranjeros también hablan
comunicación internacional. Se habla español por diferentes motivos: estudios,
español en cuatro continentes y es lengua trabajo, o porque viven en un país de habla
oficial en 21 países: Argentina, Bolivia, hispana.
Chile, Colombia, Costa Rica, Cuba, Ecuador,
El Salvador, España, Guatemala, Guinea Texto produzido por Página Viva
20 • Globalização e Trabalho
8•CA02T19P4.qxd 13.12.06 00:38 Page 21
Comércio internacional
TEXTO 8
Estive na China.
Queria ver de perto como
é o trabalho lá. Afinal, o país
vai entrar na OMC, que,
indiretamente, exercerá
pressões no campo
trabalhista.
OS CHINESES
na OMC A China consegue
produzir a preços
inacreditáveis. Para os chineses,
uma camisa custa o equivalente
a 1 dólar; uma calça, 3 dólares;
meio quilo de carne, 1 dólar;
um quilo de arroz, 0,25;
1 litro de gasolina,
0,40.
Globalização e Trabalho • 21
8•CA02T19P4.qxd 21.01.07 14:28 Page 22
Te x t o 8 / Comércio internacional
C
omprei em Pequim uma seda maravi-
lhosa e, na própria loja, mandei fazer
um paletó esporte, que foi entregue
no dia seguinte, com excelente acabamen-
to, por cerca de 57 dólares – incluindo
fazenda e feitio! Achei um bom negócio até
chegar em Xangai, onde, longe dos turistas,
podia ter pago 35 dólares. A China tem pre-
ços imbatíveis.
Fiz questão de visitar a oficina do
“alfaiate”: era uma salinha, longe da loja,
onde duas mocinhas, funcionárias públicas,
trabalham à noite, para reforçar a renda.
Milhões de chinesas fazem a mesma coisa.
É duro competir com esse sistema.
Para compreender o
trabalho na China, cheguei
com uma enorme lista de
perguntas. Saí com outra maior.
A realidade é complexa.
A abertura da economia, apesar
do tempero chinês, está
mudando o trabalho.
22 • Globalização e Trabalho
8•CA02T19P4.qxd 13.12.06 00:38 Page 23
Desde que o regime comunista decidiu abrir a China para investimentos estran-
geiros, em 1978, o país se tornou uma das economias que mais crescem no
mundo, além de estar entre as dez maiores. Mas, com as taxas de crescimento
em cerca de 9%, alguns analistas alertam para um superaquecimento e para o
fato de que o resto do mundo pode sofrer o impacto de possível recessão no
país. Nos últimos anos, a China também se tornou um gigante do comércio,
conquistando o quinto lugar em exportações. O boom econômico, no entanto,
trouxe ao país problemas sociais e ambientais.
Globalização e Trabalho • 23
8•CA02T19P4.qxd 13.12.06 00:38 Page 24
24 • Globalização e Trabalho
9•CA02T22P4.qxd 21.01.07 14:31 Page 25
Globalização e Trabalho • 25
9•CA02T22P4.qxd 12/16/06 12:42 PM Page 26
Meu coração com ódio dos agressores, dos assassinos, Fumaça escura ergue-se
dos invasores, dos adultos brancos estadunidenses que pedi- das construções da
cidade de Faluja,
ram com seus votos que as águias imperiais executem todos no Iraque.
os que julgam que ameaçam sua tranqüilidade, suas pro-
priedades, suas bandeiras, seus ódios, suas frustrações.
Meu coração com os palestinos, em Ramalah, com os
afegãos, com os invadidos, com os ameaçados, com os per-
seguidos, com os expropriados, com os despossuídos, com
os desprotegidos, com os abandonados.
Meu coração em Faluja, nesta e em todas as noites e
dias em que houver corações que batem pela esperança,
pela solidariedade, pela vida.
26 • Globalização e Trabalho
10•CA02T03P4.qxd 13.12.06 00:51 Page 27
Contrastes da globalização
TEXTO 10
A ERA DA INCERTEZA
A globalização imposta pelos países ricos só aprofundou,
desde o início dos anos 1980, o abismo entre ricos e pobres.
A
globalização é um conceito muito com-
plicado, mas cujos efeitos atingem todas automatizar a produção, diminuindo os
as pessoas do mundo. Por exemplo, empregos em nosso país. Ou mesmo as
se alguém, numa rua de comércio popular fábricas brasileiras têm de se mudar para
de uma cidade brasileira, compra uma calça países em que os salários sejam mais baixos
ou blusa de fabricação chinesa, por ser mais e os impostos menos pesados do que no
barata do que as nacionais, isso significa Brasil. Isto é apenas um exemplo de como
que, além do lojista ou ambulante, quem a globalização afeta a todos os habitantes
vai lucrar é uma empresa lá na China, a do planeta.
dezenas de milhares de quilômetros do Globalização é um termo erudito, isto
Brasil. A empresa chinesa é possivelmente é, não é usado pelo povo. Vem da palavra
de propriedade americana ou européia, de “globo”, que significa, no que interessa aqui,
modo que o dinheiro dessa simples compra “globo terrestre”, ou seja, o planeta Terra.
vai rodar o mundo várias vezes. As roupas Significa que todas as pessoas do mundo
chinesas são mais baratas fundamental- vão tendo suas vidas cada vez mais interli-
Fonte: Harvey, D., Condição Pós-Moderna, Ed. Loyola, 1989. Fonte: Vesentini, J. W., Sociedade e Espaço, Ed. Ática, 2003.
Globalização e Trabalho • 27
10•CA02T03P4.qxd 21.01.07 14:40 Page 28
gadas; o que acontece numa determinada quinze dias para uma notícia chegar da
cidade em algum país, imediatamente tem Europa ao Brasil, levada pelos passageiros
repercussões para todas as pessoas de todos dos navios de então; hoje, qualquer notícia
os países. Isso cria uma incerteza muito importante, como o atentado contra as Tor-
grande, pois cada vez adianta menos ten- res Gêmeas em Nova York em 2001, leva
tar fazer planos: as condições em que os menos de quinze segundos para sair de seu
planos se basearam podem ser drastica- ponto de origem e chegar aos quatro can-
mente alteradas em segundos. Por exem- tos da Terra.
plo, uma queda na cotação das ações na Uma das dimensões da globalização é
Bolsa de Nova York pode levar instantanea- a crescente desigualdade entre as pessoas.
mente à falência empresas no mundo todo; As estatísticas internacionais indicam
um aumento da taxa de juros na União que, em 1960, os 20 por cento de pessoas
Européia pode fazer aumentar a dívida mais ricas do mundo tinham renda trinta
externa brasileira, reduzindo ainda mais vezes maior do que os 20 por cento de pes-
nossos recursos para saúde e educação. soas mais pobres; quatro décadas depois,
A globalização tem duas origens rela- por volta do ano 2000, os 20 por cento mais
cionadas entre si: uma é a crescente interli- ricos tinham renda oitenta vezes maior do
gação entre as economias de todos os países, que os 20 por cento mais pobres. Em suma,
principalmente por meio dos investimentos a era da globalização é a era da incerteza e
provenientes dos países mais ricos e que da desigualdade crescentes.
são aplicados nos países mais pobres. A
outra origem é a crescente aceleração das
comunicações. Há 150 anos, demorava Renato Pompeu é escritor e jornalista.
28 • Globalização e Trabalho
111213•CA02T25P4.qxd 21.01.07 14:37 Page 29
O
s gastos militares mundiais aumenta-
de estabilidade, que sucedeu ram 2% em 2001 e chegaram a 839 bi-
o fim da chamada guerra fria, lhões de dólares, que representam
os gastos militares mundiais 2,6% do produto interno mundial e 137 dóla-
res por habitante no mundo. As cifras dos gas-
voltaram a subir e parecem
tos militares cresceram pelo terceiro ano con-
estar numa escalada sem
secutivo depois de um longo período de queda
fim com a guerra
em conseqüência do fim da guerra fria.
Nos três últimos anos foi registrado um
aumento de 7%. Nos próximos anos se prevê
Prioridades nos gastos mundiais
um forte crescimento nos gastos militares,
(em bilhões de dólares)
devido ao aumento das verbas do exército
Educação básica para todo o mundo 6 que o governo Bush tem solicitado.
Cosméticos nos Estados Unidos 8 Somente no ano de 2002, o gasto mili-
Água e higiene para todo o mundo 9
tar aumentou em 7%. No ano de 2001, os
Congelados na Europa 11
Perfumes na Europa e Estados Unidos 12
gastos militares aumentaram em todas as
Saúde e alimentação 13 regiões do mundo. Os Estados Unidos enca-
Comida para animais domésticos 17 beçam a lista de regiões com o maior gasto
na Europa e Estados Unidos
35
militar, seguidos da Europa central e orien-
Setor de lazer no Japão
Cigarros na Europa 50 tal, sul da Ásia e Oriente Médio.
Bebidas alcoólicas na Europa 105
Drogas e narcóticos no mundo 400
Gasto militar no mundo 839
Extraído da publicação Euromonitor, ONU, Worldwide Research Advisory and Business Intelligence Service.
Globalização e Trabalho • 29
111213•CA02T25P4.qxd 13.12.06 09:37 Page 30
O ABISMO
QUE SEPARA
OS FÓRUNS
SOCIAL E
ECONÔMICO
Criado como contraponto ao
Fórum Econômico Mundial, o
Fórum Social Mundial busca
Manifestações
alternativas à globalização durante o
econômica vigente Fórum Social
Mundial, em
Porto Alegre.
Sérgio Leitão
Foto: Ricardo Giusti / AE
A
sociedade civil organizada, nos di- daí sucederam-se diversas manifestações e
versos países, no final dos anos 90, atos contra o Fórum Econômico Mundial,
iniciou um processo de articulação sediado em Davos, Suíça. Esse evento
mundial para se contrapor ao modelo eco- reúne, desde l970, grandes empresários e
nômico e social praticado pelo capitalismo. dirigentes econômicos para discutir o
O marco dessa resistência está no grande desenvolvimento mundial sob o prisma
protesto realizado em l999, na cidade de capitalista e, por essa razão, tornou-se um
Seattle, EUA, contra decisões da Organiza- símbolo de protesto da resistência globali-
ção Mundial do Comércio (OMC). A partir zada. É nesse contexto que foi criado o
30 • Globalização e Trabalho
111213•CA02T25P4.qxd 13.12.06 09:37 Page 31
Fórum Social Mundial, a partir de iniciati- Brasil e em outros países que ofereçam
vas de organizações brasileiras. Progra- condições para sediá-lo. A operacionaliza-
mado para ocorrer sempre em um país do ção das atividades se dá a partir da sua
Terceiro Mundo e no mesmo período do Secretaria Executiva, localizada na cidade
Fórum de Davos, tem como objetivo reunir de São Paulo, além de contar com um
diversas nações, ativistas e líderes de movi- Conselho Internacional, ao que cabe dis-
mentos populares em busca de soluções, cutir os seus rumos.
longe das propostas capitalistas, para os Em 2002 e 2003, o Fórum Social Mun-
problemas socioeconômicos do mundo. dial ocorreu em Porto Alegre, tendo iniciado
O I Fórum Social Mundial ocorreu em a alternância em 2004, quando foi sediado
Porto Alegre-RS, de 25 a 30 de janeiro de pela Índia. Em 2005 volta mais uma vez para
2001, tendo os seus organizadores o defi- Porto Alegre. No seu primeiro encontro o
nido como um espaço de deba- Fórum conseguiu reunir 20.000
te democrático de idéias, apro- O Fórum tem pessoas. Em 2002, 60.000, em
fundamento de reflexões, como objetivo 2003, 100.000 e em 2004, 70.000.
formulação de propostas, tro- reunir diversas Ou seja, no seu segundo ano, o
ca de experiências e articulação nações, ativistas Fórum já estava reunindo o triplo
de movimentos sociais, redes, e líderes de participantes do primeiro, num
ONGs e outras organizações. evento do qual participam perso-
Na ocasião, o Fórum reunido proclamou-se nalidades e organizações de todo o mundo.
como um espaço permanente de busca e O Fórum Social Mundial, com o lema
construção de alternativas para construir “Um outro mundo é possível”, tem servido
“uma globalização solidária, que respeite para reanimar o espaço de construção das
os direitos humanos, bem como os de todos utopias e alternativas, apagando, com o fim
os cidadãos e cidadãs em todas as nações e do socialismo do Leste Europeu e com a
o meio ambiente, apoiada em sistemas e queda da União Soviética, experiências an-
instituições internacionais democráticos a tes imaginadas com as soluções para um
serviço da justiça social, da igualdade e da mundo melhor.
soberania dos povos”.
Desde então, o Fórum Social Mundial
é organizado por um conjunto de oito
organizações que integram a sua secreta-
ria tendo sido definido que os encontros
do Fórum ocorrerão alternadamente no Texto de Sérgio Leitão extraído do Almanaque Brasil Socioambiental
e Instituto Socioambiental, 2004
Globalização e Trabalho • 31
111213•CA02T25P4.qxd 13.12.06 09:37 Page 32
UM OUTRO MUNDO
É POSSÍVEL O mito da aldeia global esbarra no
direito dos povos à autodeterminação.
Ilustração: Alcy
T
irando proveito de uma humanidade mia mundial e suas conseqüências devas-
carente de referências históricas bem- tadoras para a maior parte dos seres hu-
sucedidas, o neoliberalismo deu ver- manos acabaram sendo o estopim de uma
niz de modernidade e espalhou pelo plane- das mais surpreendentes reações po-pu-
ta uma série de palavras com alto poder de lares de todos os tempos: o movimento
sedução: globalização, nova ordem mundi- antiglobalização econômica, que teve um
al, aldeia global... Não durou muito. Os marco em Seattle, em novembro de 1999.
muitos mitos erguidos à sombra do adven- Já no ano seguinte, os protestos ganhavam
to neoliberal começaram a perder sua cre- as ruas em várias partes do mundo e ini-
dibilidade em 1997, com a eclosão da crise ciavam articulações mundiais contras as
do Sudeste Asiático. Uma onda de choques políticas neoliberais. Entre elas, a cam-
abalou os grandes mercados do planeta: a panha pela anulação da dívida dos países
Rússia, em agosto de l998, e o Brasil, al- do Terceiro Mundo, por ocasião do chama-
guns meses depois. A turbulência da econo- do ano jubilar de 2000, a Marcha Mundial
32 • Globalização e Trabalho
111213•CA02T25P4.qxd 13.12.06 09:37 Page 33
das Mulheres, a campanha contra a desre- trando, em diversos protestos, sua insatis-
gulação do comércio, o questionamento fação com o neoliberalismo, que só apro-
das políticas do FMI e do Banco Mundial, a funda a miséria e a exclusão social em nos-
campanha pela segurança alimentar e o so planeta. Em 1999, na cidade de Seattle,
combate à utilização de organismos geneti- EUA, inaugurou-se o estilo rebelde e irre-
camente modificados – os transgênicos – verente que caracteriza as ações do movi-
na agricultura. Todo esse movimento cul- mento antiglobalização. A idéia é tirar o
minou com a realização do 1º. Fórum Social sono dos representantes do capital finan-
Mundial, em Porto Alegre, no mês de ceiro internacional. Por isso, em todas as
janeiro de 2001. Em menos de dois anos, a reuniões do FMI, do Banco Mundial, do G8
nova ordem mundial e seu mito da aldeia (países mais ricos do mundo) e de outras
global estavam dando lugar à utopia que, instâncias de decisão dos capitalistas, lá
de lá para cá, vem disputando corações e está o coro dos descontentes, levando para
mentes nos quatro cantos do mundo: a as ruas sua indignação e inconformidade
idéia (sintetizada no slogan do FSM) de que com a espoliação dos mais pobres e com a
um outro mundo é possível.. destruição do meio ambiente.
Antiglobalização econômica
Consenso que une milhões de pessoas
do mundo todo. Os ativistas do movimento Texto adaptado por Págna Viva de O Mundo das Alternativas, de
Jéferson Assunção e Zaira Machado. Veraz 2001. “O Papel do FMI e
antiglobalização econômica vêm demons- o processo de desenvolvimento”. CNT/Veraz, 2002
Globalização e Trabalho • 33
14•CA02T24P4.qxd 13.12.06 09:40 Page 34
Integração latino-americana
TEXTO 14
Foto: Jonne Roriz / AE
ENTENDA A DECISÃO
DA BOLÍVIA Decreto nacionalizou a
exploração de petróleo e gás
34 • Globalização e Trabalho
14•CA02T24P4.qxd 13.12.06 15:41 Page 35
E
m 1.º de maio, Dia Internacional do por intermédio da estatal de petróleo
Trabalho, o presidente da Bolívia, YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales
Evo Morales, assinou um decreto que Bolivianos).
nacionalizou a exploração dos hidrocarbo- As empresas do setor, em sua grande
netos, recursos do subsolo boliviano, como maioria estrangeiras, passam ao controle
o petróleo e o gás. do Estado boliviano, também na figura da
O anúncio da promulgação do decre- YPFB, que terá 50% mais uma das ações
to foi feito em uma refinaria da Petrobras dessas companhias.
que acabara se ser ocupada por homens As empresas estrangeiras terão 180
das forças armadas bolivianas, assim co- dias para negociar as adaptações à nova
mo todas as outras instalações de empre- legislação. Terminado esse prazo, aquelas
sas internacionais que exploram petróleo que não se enquadrarem terão de deixar
e gás ali. o país.
O decreto determina que o governo Além disso, o imposto sobre a explora-
boliviano passa, a partir de agora, a do- ção de gás, que era de 50%, passa a 82%.
minar a exploração de gás e petróleo no
país, estabelecendo por que preço deverá
ser produzido em cada unidade e reali-
Extraído de www.universia.com.br
zando a comercialização dessa produção, Publicado em 05/05/2006 – Universia Brasil
Gasoduto Bolívia-Brasil
Infografe
O gasoduto Bolívia–Brasil teve seu marco
inicial na Carta de Intenções sobre o
Processo de Integração Energética entre
Bolívia e Brasil (1991) assinada entre a
Petrobras e Yacimientos Petrolíferos Fis-
cales Bolivianos (YPFB) com participação
do Ministério de Energia e Hidrocar-
bonetos da Bolívia, em La Paz.
Globalização e Trabalho • 35
15•CA02T15P4.qxd 21.01.07 14:42 Page 36
Migrações
TEXTO 15
ILLEGAL IN MIAMI
Ilustração: Alcy
Many Brazilians try their luck in the called Capital of Latin America. For the ones with
money and a green card the chances are reasonable. But for the ones who go only with
“courage”, the situation means a lot of work, some money and great loneliness. They also
question themselves: did I do the right thing? We went there to discover.
I
visited a little of Miami, not as a tourist, In Miami, I was shocked. A lot of illegal
interested in the beauty of the city and Brazilian immigrants have two or three
the enthusiasm of consumerism. What I jobs and it is very difficult to sleep and eat
discovered was the underworld of illegal properly, because they are obsessed with
immigrants. Brazilians and Hispanics sear- the idea of earning dollars (“La Plata”, as
ching frenetically for dollars. My adventure the Latinos usually say). The working day
started one day on the streets of São Paulo, is frequently of 10 hours, Saturdays and
when I encountered a good friend. He Sundays are not free. The situation makes
mentioned that he was living in Miami and these people exhausted and irritated. The
returned to visit his family. We had a American Dream transforms their lives in
conversation and he invited me to go to nightmares.
Miami with him. I accepted. In conversation with Brazilians working in
36 • Globalização e Trabalho
15•CA02T15P4.qxd 13.12.06 20:58 Page 37
Globalização e Trabalho • 37
15•CA02T15P4.qxd 13.12.06 20:58 Page 38
Migrações
TEXTO 16
38 • Globalização e Trabalho
17•CA02T16P4.qxd 13.12.06 09:48 Page 39
Comércio internacional
TEXTO 17
A LOGÍSTICA CRIA
O PRODUTO MUNDIAL Foto: Antonio Costa / Gazeta do Povo / AE
Vista do terminal
de contêiner do Porto
de Paranaguá, no Paraná
Globalização e Trabalho • 39
18•CA02T27P4.qxd 13.12.06 10:03 Page 40
Comércio internacional
TEXTO 18
A INTEGRAÇÃO
NORTE-AMERICANA
Estados Unidos, Canadá e México tentam criar mercado comum
Ilustração: Alcy
Renato Pompeu
A
Ao fim da Segun- que sempre teve pouca
da Guerra Mun- participação no comér-
dial, os Estados cio internacional, cons-
Unidos surgiram como tituindo-se numa eco-
a principal potência nomia autárquica, isto
econômica do planeta. é, que procurava ser
Seu território não havia auto-suficiente e não
sido afetado pela guer- depender de relações
ra, enquanto a Europa, com o Exterior, as razões
o Japão e a União Sovié- do progressivo declínio
tica tinham tido suas dos Estados Unidos no
estruturas produtivas comércio mundial po-
devastadas pelas bata- dem ser buscadas exa-
lhas terrestres e pelos bombardeios aére- tamente na devastação que a Europa e o
os. Com isso, em meados dos anos 1950, Japão tinham sofrido durante a guerra.
os Estados Unidos detinham 50 por cento Isso porque, com seus parques in-
da produção industrial mundial. Seus arti- dustriais destruídos durante os bombar-
gos, seus filmes, sua música popular, pas- deios, o Japão e, na Europa, principalmente
saram a dominar o mundo. Mas dali por a Alemanha tiveram de começar pratica-
diante a proporção do poderio americano mente do zero, o que levou esses países a
passou a se reduzir. instalarem fábricas bem mais modernas do
Deixando de lado a União Soviética, que as que continuavam a funcionar nos
40 • Globalização e Trabalho
18•CA02T27P4.qxd 21.01.07 15:18 Page 41
Estados Unidos, não afetadas pela guerra. criarem um mercado comum semelhante
Com isso a Europa e o Japão, com ao que já existia na Europa Ocidental. Em
produtos melhores, mais baratos e mais toda a América do Norte, os produtos
inovadores, passaram a conquistar fatias americanos, canadenses e mexicanos, pas-
cada vez maiores do mercado mundial, saram a fluir livremente, sem maiores tari-
reduzindo a participação dos Estados fas alfandegárias, enquanto os produtos
Unidos primeiro a um terço e depois a dos demais países do mundo, principal-
menos do que isso; europeus e japoneses mente da Europa e do Japão, sofriam
também lideraram os investimentos no impostos de importação mais pesados.
Terceiro Mundo, acirrando a concorrên-
Texto de Renato Pompeu, jornalista e escritor
cia com os americanos.
Os Estados Unidos passaram a sofrer de
um déficit comercial crônico, isto é, impor-
tavam muito mais do que exportavam. Para
Paupérrimo. extremamente pobre; pobríssimo.
melhorar sua situação, os americanos en-
traram em contato com o Canadá e o México, Zona de Livre Comércio. conjunto dos países que
organizam entre si a livre circulação das mercadorias
para em 1992 formarem a Área de Livre
produzidas nos seus territórios sem nenhum paga-
Comércio da América do Norte (ALCAN, ou, mento de taxas para atravessar as fronteiras
na sigla em inglês, NAFTA), com o fim de
Foto: Luis Galdamez / Reuters / AE
Globalização e Trabalho • 41
19•CA02T28P4.qxd 13.12.06 21:09 Page 42
Integração latino-americana
TEXTO 19
METADE O
Mercosul (em português: Mercado
Comum do Sul; em castelhano: Mer-
cado Común del Sur, Mercosur) é o
42 • Globalização e Trabalho
19•CA02T28P4.qxd 13.12.06 21:09 Page 43
Infografe
na década de 1980. À época, a Argentina e
o Brasil fizeram progressos na matéria, assi- N
Globalização e Trabalho • 43
19•CA02T28P4.qxd 13.12.06 21:09 Page 44
Te x t o 1 9 / Integração latino-americana
nas, como a Venezuela, manifestaram inte- Olivos (2002), que criou o Tribunal Arbitral
resse em entrar para o grupo, o que se con- Permanente de Revisão do Mercosul, com
cretizou no dia 9 de dezembro de 2005. sede na cidade de Assunção (Paraguai). Uma
As instituições integrantes do Mercosul, das fontes de insegurança jurídica nesse
definidas pelo Tratado de Assunção, foram bloco de integração era a falta de um tribu-
revistas pelo Protocolo de Ouro Preto, em nal permanente.
1994. Por ele, cada país-membro tem um Nova rodada de negociações ocorreu a
voto e as decisões necessitam ser unânimes. partir de julho de 2004, entre outros tópi-
Três são as instâncias decisórias: um con- cos, discutindo-se a entrada do México no
selho (com funções políticas), um grupo grupo. Como resultado, em 8 de dezembro
(com funções executivas) e de 2004, os países membros
uma comissão técnica. assinaram a Declaração de
O Mercosul foi
O Mercosul foi significati- Cuzco, que lançou as bases da
significativamente
vamente enfraquecido pelo Comunidade Sul-Americana
enfraquecido pelo
colapso da economia argen- de Nações, entidade que unirá
colapso da economia
tina em 2002. Alguns críticos o Mercosul e o Pacto Andino
argentina no ano de
acreditam que a negativa de em uma zona de livre comér-
2002. Há quem diga
ajuda do governo Bush àque- cio continental.
que os EUA queriam
le país à época foi baseada em Em dezembro de 2005, a
que isso ocorresse.
um desejo de enfraquecer o Venezuela protocolou seu pe-
Mercosul, já que, teoricamen- dido de adesão ao Mercosul,
te, os EUA percebem a iniciativa desse mer- e em 4 de julho de 2006 seu ingresso ao
cado como um problema para a sua estra- bloco econômico foi formalizado, em
tégia político-econômica para a América Caracas.
Latina. No entanto, é mais provável que os Muitos sul-americanos vêem o Mer-
Estados Unidos tenham deixado de ajudar cosul como uma arma contra a influência
a Argentina uma vez que esse país latino- dos Estados Unidos na região, tanto na for-
americano não transmitia confiabilidade ma da Área de Livre Comércio das Américas
aos mercados internacionais, tendo deixa- quanto na de tratados bilaterais.
do de honrar seus compromissos financei-
ros em diversas ocasiões.
Em 2004 entrou em vigor o Protocolo de Extraído de www.contestado.com.br/wik/Mercosul
44 • Globalização e Trabalho
20•CA02T29P4.qxd 13.12.06 10:12 Page 45
Contrastes da globalização
TEXTO 20
Globalização e Trabalho • 45
21•CA02T18P4.qxd 21.01.07 14:54 Page 46
Contrastes da globalização
TEXTO 21
PRÓXIMOS E DISTANTES
Seção de mostruário de
aparelhos de televisão da
Foto: Marcio Fernandes / AE
46 • Globalização e Trabalho
22•CA02T09P4.qxd 13.12.06 10:27 Page 47
Contrastes da globalização
TEXTO
TEXTO 22
12
ESCRAVOS
DA GLOBALIZAÇÃO
Foto: Clayton de Souza / AE
C
om a aceleração do desenvolvimento
tecnológico em todo o mundo, por
causa da globalização, com sua inter-
penetração das economias nacionais numa
única totalidade econômica mundial, a
mão-de-obra passou a ser cada vez mais dis-
pensável. Reduzindo-se, não só a proporção
de pessoas com empregos, mas também os
salários que os empregados podiam reivin-
Bolivianos ilegais fazem fila na Pastoral do Imigrante,
dicar. Quem queria emprego precisava acei- no bairro Glicério, no centro de São Paulo.
tar salários cada vez mais baixos, porque
sempre havia quem pedisse menos para
balhadores ficam sempre devendo, “em con-
poder ter um trabalho.
dições análogas à da escravidão”.
No limite, essa situação pode chegar ao
Em relatório de maio de 2005, a Orga-
salário zero ou próximo de zero, ou seja, ao
nização Internacional do Trabalho calculava
renascimento do trabalho forçado e da es-
que havia mais de 12 milhões de traba-
cravidão em larga escala e em nova forma. Em
lhadores escravos, inclusive mulheres e crian-
Nova York ou São Paulo, trabalhadores de ou-
ças, principalmente na prostituição. Essa situ-
tros países são atraídos por empresários que
ação gerava cerca de 30 bilhões de dólares
prometem enganosamente bons salários e boas
anuais de lucros para os senhores de escravos
condições de trabalho e de vida, mas que, quan-
– mas pesquisadores independentes, em estu-
do chegam ao seu destino, descobrem que tra-
dos pioneiros não confirmados, calculavam
balham 14 ou 16 horas por dia e dormem no
que os trabalhadores escravos já atingiam a
emprego, ficando confinados sem saírem de lá
casa das dezenas de milhões de pessoas.
– e tendo descontados dos salários, mais fictí-
cios do que reais, os gastos com a viagem e com
a alimentação e higiene, de modo que os tra Texto escrito por Renato Pompeu, escritor e jornalista.
Globalização e Trabalho • 47
23•CA02T10P4.qxd 12/16/06 12:48 PM Page 48
Contrastes da globalização
TEXTO 23
R$ 600,00
Sugestão de arte:
Trocar esta charge
por uma nova do Alcy
2 tênis passeio,
sobre ode marca:
mesmo tema.
R$ 400,00
R$ 550,00
POR DENTRO...
TRABALHO ESCRAVO, OU
QUASE, PARA PRODUzIR
ESSAS PEÇAS: NÃO TEM PREÇO
_______________
48 • Globalização e Trabalho
24•CA03TXT16P4.qxd 13.12.06 10:39 Page 49
Relações de trabalho
TEXTO 24
ESCRAVOS URBANOS
Confecções vendem roupas produzidas em malharias clandestinas
,
que exploram a mão-de-obra de imigrantes irregulares
Foto: Sebastião Moreira / AE
Costureiras trabalhando em máquinas de costura em uma confecção no bairro do Bom Retiro, São Paulo
U
ma reportagem publicada na revista 100.000 bolivianos estão nessa situação na
Observatório Social (na edição 10, de capital paulista.
junho de 2006) revela que uma mul- Segundo o Ministério Público do Tra-
tinacional de origem holandesa, com mais balho, podem chegar a oitenta os forne-
de 100 unidades instaladas no Brasil, se cedores suspeitos de usar as malharias
beneficia do trabalho degradante de imi- clandestinas para a confecção de roupas.
grantes na cidade de São Paulo. Centenas de etiquetas com marcas da
Os trabalhadores são trazidos ao Brasil multinacional foram encontradas nesses
por intermediários conhecidos como “coio- locais pelas autoridades.
tes”, que ganham dinheiro contrabandean-
do gente de um país para outro. Pelo menos Fonte P www.observatoriosocial.org.br/portal/content/ view/870/89/
Globalização e Trabalho • 49
25•CA02T20P4.qxd 13.12.06 11:08 Page 50
EMPREGABILIDADE,
GLOBALIZAÇÃO E
FUTURO PROFISSIONAL
Uma dúvida crucial: é possível fazer o que se
gosta e ainda assim ter sucesso profissional,
com bom retorno financeiro?
A
noção de emprego estava, até poucas
décadas atrás, associada à de estabili- dos temporariamente ou trabalham por conta
dade, previsibilidade e certeza. O própria, com apenas a remuneração pelas
empregado ficava décadas no mesmo em- suas tarefas, correndo o risco de ficarem sem
prego, com garantias como emprego por trabalho e sem renda por tempo indefinido.
tempo definido, férias e fim-de-semana remu- As empresas estatais são privatizadas, ocor-
nerados, indenização em caso de demissão rendo demissões em massa, e os serviços pú-
sem justa causa, seguro de saúde e aposenta- blicos são terceirizados, juntando-se a outros
doria. Com o avanço tecnológico, o emprego setores em que ocorre a precarização do
migrou da indústria, que precisava de menos emprego.
50 • Globalização e Trabalho
25•CA02T20P4.qxd 13.12.06 11:08 Page 51
À medida que avança o século XXI, as O trabalho temporário, por tempo deter-
análises e previsões feitas durante a década minado e de meio período, está aumentando
de 1980 de que, no ano 2000, o avanço tec- sua importância no índice total de crescimen-
nológico levaria à substituição dos traba- to dos empregos. Esses tipos de trabalho
lhadores por máquinas inteligentes nas ativi- envolvem tipicamente salários mais baixos,
dades que demandavam esforços físicos, e alguns benefícios a menos e menor segurança
que se trabalhariam somente trinta horas que o emprego mais tradicional. Isso, por sua
por semana, sendo o restante do tempo des- vez, está levando a uma polarização da força
tinado ao lazer, soa como algo duvidoso e de trabalho: trabalhadores de tempo integral
até um paradoxo. Por outro lado, os que comparativamente produzem mais resultados,
estão sendo demitidos e voltam a trabalhar enquanto trabalhadores com menos segu-
passam a receber um salário em média 30% rança produzem comparativamente menos.
menor do que o salário anterior. Esse fato traz como resultado vários pro-
Globalização e Trabalho • 51
25•CA02T20P4.qxd 13.12.06 11:08 Page 52
52 • Globalização e Trabalho
25•CA02T20P4.qxd 13.12.06 11:08 Page 53
Globalização e Trabalho • 53
26•CA02T21P4.qxd 13.12.06 11:22 Page 54
Concentração
TEXTO 26
Sugestão de arte:
Trocar esta charge
por uma nova do Alcy
sobre o mesmo tema.
Publicado em http://resistir.info/
54 • Globalização e Trabalho
27•CA02T17P4.qxd 21.01.07 14:56 Page 55
Concentração de renda
TEXTO 27
M
eu saldo bancário junto com o do Antônio Ermírio de
Morais seria um dos mais altos do Brasil. O fato de o
Antônio Ermírio ser responsável por 98,2% do saldo
não afetaria a exatidão da frase. Se eu estivesse num restau-
rante com outras quinze pessoas e o Bill Gates chegasse para
jantar, a renda média dos presentes – a soma da renda de cada
um dividida por dezessete – se multiplicaria automaticamente
e eu estaria matematicamente rico, pelo menos até o Bill Gates
ir embora. Antes de me entusiasmar e gritar “Garçom, sus-
pende a Coca Diet e traz um Château Petrus2!”, no entanto, eu
deveria meditar sobre os perigos do dado mal examinado e da
estatística enganosa.
Globalização e Trabalho • 55
27•CA02T17P4.qxd 13.12.06 11:28 Page 56
Te x t o 2 7 / Concentração de renda
56 • Globalização e Trabalho
28•CA02T4P4.qxd 12/16/06 12:51 PM Page 57
Interação de culturas
TEXTO 28
BULHUFAS
Ilustração: Alcy
J
urandir chega mais cedo aquele dia em casa, talvez ainda
pegue Kauê acordado.
Em vão.
Ao entrar na sala, a esposa posta o indicador sobre os lá-
bios pedindo silêncio. Jurandir faz um pequeno muxoxo.
Afrouxa a gravata, joga o paletó sobre uma cadeira e tira os
sapatos.
Penalizada, a esposa pega a mão de Jurandir e o leva, pé
ante pé, até o bercinho do filho, que naquela semana comple-
tara duas primaveras.
Globalização e Trabalho • 57
28•CA02T4P4.qxd 12/16/06 12:51 PM Page 58
Te x t o 2 8 / Interação de culturas
58 • Globalização e Trabalho
28•CA02T4P4.qxd 12/16/06 12:51 PM Page 59
Aboboral
– Se o dinheiro é a mola do mundo, o Brasil está com a
suspensão quebrada.
– Algo não vai bem quando se troca as sessões de análise
pelas de diálise.
– O país que precisa de um Conselho de Ética está roubado.
– Sem querer ser do contra, mas não estava na hora de
botar alguém na cadeia?
Globalização e Trabalho • 59
29•CA02T26P4.qxd 12/16/06 12:52 PM Page 60
Migrações
TEXTO 29
DO NOVO
MUNDO
Andréa Wolffenbüttel
O
s mesmos avanços que propicia-
ram a globalização da economia
facilitaram também a migração en-
tre países. O Fundo de População das Na-
ções Unidas (UNFPA) estima que, em
1990, 120 milhões de pessoas viviam fora
do país natal. No continente americano, o
fenômeno não foi diferente. O número de
migrantes dentro da América Latina sal-
tou de 1,5 milhão em 1960 para 11 mi-
lhões em 1990. A Comissão Econômica
para a América Latina e o Caribe (Cepal)
traçou o perfil dos movimentos migrató-
rios na América e comprovou que, cada
vez mais, os americanos se mudam para
países dentro do próprio continente. O
Brasil é um bom exemplo. O número de
estrangeiros que vivem aqui diminui ao
longo dos anos, mas a participação de
americanos (das três Américas) na popu-
lação brasileira é crescente.
Trecho extraído do texto de Andréa Wolffenbüttel, publicado na
revista Desafios do Desenvolvimento – IPEA, edição 15 , 1/10/2005
60 • Globalização e Trabalho
30•CA02T11P4.qxd 13.12.06 11:53 Page 61
Migrações
TEXTO 30
Foto: Farfuglinn Foto: Adele Booysen Foto: Philippe Tarbouriech Foto: Kresta King Cutcher
FLAGELOS
Mais de 9 milhões
de refugiados se
amontoam em campos
do mundo inteiro:
a metade vem da
HUMANOS
África e da Ásia
Globalização e Trabalho • 61
30•CA02T11P4.qxd 13.12.06 11:53 Page 62
Te x t o 3 0 / migrações
D
e acordo com a Convenção sobre o de viver em outro também está condiciona-
Estatuto dos Refugiados de 1951, o da a outras circunstâncias. Consideram-se
refugiado é uma pessoa que, "obede- refugiados ambientais aquelas pessoas que
cendo ao temor devidamente fundado de ser se vêem obrigadas a ir embora ou porque
perseguido por motivos raciais, religiosos, lhes é negado o acesso à terra, ou porque a
de nacionalidade, ou de opinião política, sua região é muito abandonada ou porque
pertencente a um grupo social em particu- o sistema econômico não lhes permite satis-
lar, encontra-se fora de seu país de origem, fazer suas necessidades básicas.
que não lhe oferece segurança". Os países mais afetados pelas corren-
A emigração, isto é, a saída de um cida- tes de migrações forçadas são, ao mesmo
dão do seu lugar de origem com intenção tempo, os mais pobres do mundo. As vinte
OS REFUGIADOS NO MUNDO
Foto: Farfuglinn
598.400
AMÉRICA
Foto: Adele Booysen
Família palestina
refugiada (acima);
no Sudão, outras
famílias enfrentam
o mesmo drama XXX
(ao lado). População refugiada de
acordo com o comitê da
ACNUR em 2004
(Alto Comissariado das
Nações Unidas para
refugiados)
Principais países
de origem dos
refugiados em 2004
62 • Globalização e Trabalho
30•CA02T11P4.qxd 13.12.06 11:53 Page 63
2.317.800 836.700
EUROPA ÁSIA E PACÍFICO
250.600
Sérvia e Montenegro
311.800 2.084.900
Iraque Afeganistão
350.600
Palestina
1.267.700 2.735.200
África Central 730.600 ÁSIA**, ORIENTE 9.236.500
349.800
e grandes lagos Sudão MÉDIO E NORTE
AFRICANO
Vietnã TOTAL GERAL
335.500
389.300
Libéria
Somália
462.200
Congo
485.800
465.100 Burundi 770.50
Oeste africano Leste africano
245.100
2.748.400 Sul africano
TOTAL DA ÁFRICA*
0 1412
Fonte: Relatórios de tendências de refugiados no mundo
de 2004 da UNHCR (Agência de Refugiados das Nações Unidas) km
Globalização e Trabalho • 63
eja_expediente_Globalização_2376.qxd 1/26/07 3:24 PM Page 64
Expediente
Comitê Gestor do Projeto
Timothy Denis Ireland (Secad – Diretor do Departamento da EJA)
Cláudia Veloso Torres Guimarães (Secad – Coordenadora Geral da EJA)
Francisco José Carvalho Mazzeu (Unitrabalho) – UNESP/Unitrabalho
Diogo Joel Demarco (Unitrabalho)
Coordenação do Projeto
Francisco José Carvalho Mazzeu (Coordenador Geral)
Diogo Joel Demarco (Coordenador Executivo)
Luna Kalil (Coordenadora de Produção)
Equipe Pedagógica
Cleide Lourdes da Silva Araújo
Douglas Aparecido de Campos
Eunice Rittmeister
Francisco José Carvalho Mazzeu
Maria Aparecida Mello
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Equipe de Consultores (Câmara Brasileira do Livro. SP, Brasil)
Ana Maria Roman – SP Globalização e trabalho / [coordenação do projeto
Antonia Terra de Calazans Fernandes – PUC-SP Francisco José Carvalho Mazzeu, Diogo Joel Demarco,
Armando Lírio de Souza – UFPA – PA Luna Kalil]. -- São Paulo : Unitrabalho-Fundação
Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho ;
Célia Regina Pereira do Nascimento – Unicamp – SP Brasília, DF : Ministério da Educação. SECAD-Secretraria de
Eloisa Helena Santos – UFMG – MG Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2007,
Eugenio Maria de França Ramos – UNESP Rio Claro – SP -- (Coleção Cadernos de EJA)
Equipe editorial
Preparação, edição e adaptação de texto: Pesquisa iconográfica e direitos autorais:
Editora Página Viva Companhia da Memória