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GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito Plantonista de Emergência da


Fazenda Pública Administrativa (Não Tributária) da Comarca de Salvador1.

O direito de greve no âmbito da Administração Pública deve sofrer limitações, na


medida em que deve ser confrontado com os princípios da supremacia do
interesse público e da continuidade dos serviços essenciais para que as
necessidades da coletividade sejam efetivamente garantidas, como é o caso das
atividades exercidas pelo Poder Judiciário (STJ, Ministro Castro Meira. Ofício
dirigido ao Senhor Presidente do TST a respeito da Greve no Judiciário
Trabalhista, 07 de junho de 2010, quando da liminar deferida).

O ESTADO DA BAHIA, pessoa jurídica de direito


público, por seu Procurador abaixo assinado, com espelho nos artigos 1º, IV, e 5º,
caput, da Lei nº 7.347/85, vem respeitosamente propor esta

AÇÃO CIVIL PÚBLICA,


com pedido de medida liminar,

1 DECRETO JUDICIÁRIO Nº. 232/2010. Institui e instala o Plantão Judiciário de Emergência. DISPONIBILIZADO NO
DIÁRIO DA JUSTIÇA ELETRÔNICO NO DIA 31 DE MAIO DE 2010. A PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições, CONSIDERANDO a paralisação dos servidores, ainda que parcial, e a necessidade de
assegurar à população a manutenção do serviço público essencial prestado pelo Poder Judiciário; RESOLVE Art. 1º Instituir e instalar, na
Comarca de Salvador, o Plantão Judiciário de Emergência, com competência para conhecer e apreciar os casos processuais de urgência,
enquanto perdurar a paralisação dos servidores, sem prejuízo das atividades cartorárias normais. Art. 2º O plantão funcionará no prédio
do Tribunal de Justiça, Centro Administrativo da Bahia, nas salas nº 216 e 218-Norte, nos dias úteis, no horário compreendido entre 8 e
18 horas. Art. 3º Atuarão no Plantão Judiciário de Emergência os seguintes Juízes: ÁREA JURÍDICA: JUIZ DESIGNADO:
Criminal Bel.Wolney de Azevedo Perrucho Júnior; Cível Bel. Márcio Reinaldo Miranda Braga; Fazenda Pública – Tributário Belª.
Mariana Varjão Alves Evangelista; Fazenda Pública – Administrativo.. Belª. Lisbete Maria Teixeira A. Cézar Santos; Família Belª.
Rosa Ferreira de Castro; e Juizados Especiais. Bel. Rosalvo Augusto Vieira da Silva. Art. 4º Designar a servidora ÂNGELA ANTONIA
MATOS REBOUÇAS SOUZA, subescrivã, cadastro 215025-5, secretária do Plantão Judiciário de Emergência. Art. 5º Os feitos
recebidos pelo Plantão Judiciário de Emergência serão redistribuídos, uma vez normalizada a prestação dos serviços jurisdicionais. Art.
6º Este Decreto entrará em vigor da data da sua publicação.GABINETE DA PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DA BAHIA, em 28 de maio de 2010. Desª. TELMA BRITTO Presidente.

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em face do SINPOJUD – SINDICATO DOS SERVIDORES DO PODER


JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA, SINTAJ – entidade de classe com sede
em Salvador-BA, na Rua Francisco Ferraro, nº 47 – Nazaré, CEP 40.040.465 e,
também, em face do SINTAJ – SINDICATO DOS SERVIDORES DOS
SERVIÇOS AUXILIARES DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA
BAHIA, entidade de classe com sede em Salvador-BA, na Rua Cabral, nº 115 –
Nazaré, CEP 40.055.010, pelo que passa a deduzir o que se segue.

O OBJETO DA DEMANDA

01. Nesta ação civil pública, em seu próprio nome mas


também, e sobretudo, em defesa do interesse coletivo que o corpo social tem de
receber, sem solução de continuidade, a indelegável prestação jurisdicional
assegurada pelo art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal (“A Lei não excluirá
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a Direito”), enquanto Direito
Humano Fundamental a um serviço público monopolizado que é, o Estado da Bahia
vai pedir que seja declarada a ilegalidade - e a abusividade - da greve deflagrada
pelos Sindicatos réus e pela categoria que estes representam, com a apuração da
responsabilidade civil correspondente.

02. Em razão da manifesta urgência que existe em


resolver a situação delicada em que se encontra a prestação jurisdicional e todos os
serviços da Justiça, inclusive os extrajudiciais, tais como os dos tabelionatos, o
Estado também vai pedir a concessão de medida liminar inibitória contra os
Sindicatos réus e contra os membros da categoria que se mantêm em estado de
greve.

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O CONTEXTO DA GREVE NA JUSTIÇA ESTADUAL DA BAHIA

03. Em 07 de maio de 2010, como é notório, e como foi


noticiado em toda a imprensa local, com destaque para a mídia eletrônica2, os
Sindicatos réus decretaram greve geral dos servidores e serviços auxiliares da
Justiça Estadual na Bahia, ao argumento, basicamente, de melhorias salariais,
insurgindo-se contra: (i) o Decreto Judiciário nº 152/2010, da Presidência do TJ/BA,
cujo objetivo foi adequar a folha de pagamento à Lei de Responsabilidade Fiscal,
eliminando a Gratificação Especial de Eficiência e extinguindo cargos do Regime
Especial de Direito Administrativo e (ii) o Projeto de Lei nº 18.460/09, que altera a
jornada de trabalho elevando o expediente para 40 horas semanais, estabelecendo
gratificação por condições especiais de trabalho a todos os servidores.

04. Ainda em 08 de junho de 2010, circulou no mesmo


website nota de imprensa, que também pode ser extraída da seção de notícias do
próprio SINPOJUD, afirmando que “servidores da justiça baiana decidem manter
greve por tempo indeterminado” (grifamos), com o objetivo de que “seja retirado
da assembléia o projeto que incorpora o adicional de funções, que complementa os
salários” destes.
05. É possível extrair - do site do primeiro réu -
noticiário do Jornal Atarde do dia 02 de junho de 2010, dando conta de que a
“população amarga prejuízos, pois “da simples autenticação de documentos ao
registro de imóveis” nada se resolve, ilustrando-se a situação com a notícia de um
dado empreendimento onde houve “queda de 50% na compra de veículos semi
novos” sem contar que “cartórios estão fechados”e audiências foram suspensas”.

2 Vide, exempli gratia, a anexa mídia do Jornal Atarde e que também pode ser consultada a qualquer
momento no sítio oficial do SIMPOJUD.

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06. A Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Bahia,


vem mantendo em sua página oficial na rede mundial de computadores nota oficial
onde afirma que “a paralisação, por prazo indeterminado, dos serventuários do
Tribunal de Justiça do Estado da Bahia” é prejudicial, daí porque “desaprova tal
impasse” ao reconhecer lesão generalizada não apenas aos “advogados”, como aos
“jurisdicionados”, aspecto que também comprova o caráter indeterminado e,
portanto, ilegal do movimento, que prejudica 10.000 (dez mil baianos) em todo o
Estado por dia, sendo cerca de 3.000 (três mil) por dia só em Salvador.

07. Em reportagem televisiva da Rede Bahia de 04 de


junho de 2010, extraída do website do primeiro réu “Em Juazeiro 13 cartórios estão
fechados e cerca de 400 pessoas deixam de ser atendidas por dia”, sendo que “Na
região de Barreiras, 800 pessoas buscam atendimento nos 10 cartórios da cidade
diariamente” e, em Vitória da Conquista, “com o fechamento dos 22 cartórios,
cerca de 1.500 pessoas da região estão sem atendimento”. Arremata a reportagem
indeléveis informações fáticas a bem denotar o nível de tensão, os bens jurídicos em
conflito e, o que é pior, o prejuízo generalizado no contexto da paralisação aos
baianos jurisdicionados, que possuem Direito Fundamental e Humano à jurisdição:

O fim da gratificação da gratificação atinge 2.346 servidores


grevistas de um total de 12 mil no estado. O benefício consome 5
milhões da folha de pagamento, o que representa 8,44% do total. A
presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Telma Brito, que mandou
cortar o ponto dos grevistas, informou que vai acatar a decisão do
Conselho Nacional da Justiça. Para o presidente da OAB [...] Prejudica a
sociedade, prejudica o exercício da profissão e a Ordem se posiciona
nesse momento pela não continuidade da greve

08. A Ordem dos Advogados também se posicional


contra a continuidade da greve.

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09. Observe-se, mais, que inexiste pelos Sindicatos réus


qualquer plano de trabalho ou garantia de atendimento mínimo em cada um dos
órgãos da Justiça que se encontram, de verdade, e ainda que digam os réus o
contrário, em autêntico colapso nos mais relevantes e indelegáveis serviços públicos
do Estado Democrático de Direito, qual seja o da jurisdição. Esta é a conduta que
aqui se está a denunciar.

10. O Estado da Bahia, por sua Procuradoria, há de


intervir e postular a este Juízo Plantonista de Emergência providências imediatas à
solução deste conflito, apurando as responsabilidades de todos os envolvidos nesta
situação jurídica.

11. Ainda mais inusitada se apresenta a iniciativa


paredista, de outro lado, quando se sabe que a própria direção dos Sindicatos réus
tem questionada a sua legitimidade para estar à frente das decisões tangentes à
categoria, do que resulta a constatação de que, afinal, tudo concorre para evidenciar
que o intento da greve deflagrada não se destina a instaurar diálogo ou obter
melhorias justas, porque antes visa a efeitos de promoção pessoal e de pressão
carente de razoabilidade para que a Administração implemente medidas
remuneratórias economicamente inviáveis neste momento.

12. De forma intransigente e prejudicial à comunidade


em geral, que demanda e exige atendimento contínuo ao essencial dever público
monopolizado (e indelegável) da jurisdição, que só o Poder Público pode prestar,
pena de crime de exercício arbitrário das próprias razões, os Sindicatos demandados

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estão a promover a total paralisação – e o total colapso – da prestação de tais


serviços, por natureza essenciais e de interrupção juridicamente inconcebível.

13. Que se pondere, de resto, que as questões


remuneratórias dos servidores públicos, envolvendo, inclusive, os representados
pelos Sindicatos réus constituem trabalho que demanda tempo, reflexão detida e,
especialmente, recursos devem ser corretamente captados de maneira outra, jamais
mediante a ilegalidade e a abusividade deste movimento paredista.

14. Não fosse por tudo isso, além de injustificada do


ponto de vista dos seus fundamentos políticos, a greve deflagrada pelo Sindicato réu
e por seus representados acarreta grave lesão aos baianos e à Bahia, que necessitam
de atendimento ininterrupto do setor judicial e extrajudicial, cuja interrupção gera
perigo institucional e danos irreparáveis ao Estado e à comunidade.

PREJUÍZO GENERALIZADO
GRAVIDADE NOTÓRIA

15. É notória a gravidade da situação. A paralisação


ordenada pelos Sindicatos réus transtornou e continua a transtornar a vida dos
cidadãos, que detêm o direito público subjetivo e incondicionado de receber a
prestação dos serviços da jurisdição, além dos cartórios e tabelionatos extrajudiciais,
surgindo nisto a lesão generalizada, e de danos incontornáveis, de ordem material e
moral.

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ILEGALIDADE GENÉRICA DA GREVE

16. Estabelecido o impasse, e verificados os danos que a


população está a experimentar, é necessário que se dê uma resposta ágil a isto que,
mais do que infringir o interesse que o Estado tem no sentido de dar cumprimento ao
seu dever constitucional de prestar os serviços de jurisdição à comunidade, é uma
violência manifesta ao direito público subjetivo que essa comunidade tem de receber
da categoria representada pelos Sindicatos tais serviços, essenciais por natureza.

17. Abstraída a abusividade da paralisação, clara até


mesmo pelo contexto em ela se opera – um contexto em que apenas persiste a
intransigência, animada talvez por intenções mais político-partidárias ou ideológicas
do que por motivos mais alinhados ao bem comum –, a greve não tem fundamento
jurídico algum.

18. De fato, se bem que o Supremo Tribunal Federal


tenha, no dia 25 de outubro de 2007, quando do julgamento do MI 702, do MI 708 e
do MI 670, interpretado o art. 37, VII, da Constituição Federal de maneira a admitir
a greve no serviço público submetida à legislação própria da iniciativa privada (Lei
7783-89), e disto não se discute, nem constitui objeto desta fundamentação, tal
postura não poderia implicar – como não implicou – autorização para que os
servidores do judiciário e seus auxiliares simplesmente cruzem os braços, como
forma de pressão para que seus desejos sejam, de imediato, atendidos pelo Poder
Público.

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19. É como, no Supremo Tribunal Federal, já assinalou o


Ministro CELSO DE MELLO em julgado concluído no dia 25 de outubro de 2007:

[...] A importância do direito de greve, contudo, não pode prescindir


da necessária observância dos princípios da supremacia do interesse
público e da continuidade dos serviços desenvolvidos pela administração
estatal. [...] É por esta razão que documentos de caráter internacional –
como o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(art. 8, “c” e “d”) advertem que as leis concernentes ao exercício do
direito de greve, especialmente quando exercido no âmbito da
administração pública, podem e devem estipular restrições e limitações
no interesse da segurança nacional e da ordem pública, ou para
proteção dos direitos e liberdades de outrem. (MI n. 712-8-Pará, Voto do
Min. CELSO DE MELLO no julgamento concluído em 25 de outubro de
2007).

20. O Supremo Tribunal, também em 25 de outubro de


2007, em julgado do Ministro RICARO LEWANDOWSKI, pontuou, ainda mais:

Assim, asseguro o direito de greve [...] desde que atendidas as


seguintes exigências: 1) a suspensão da prestação dos serviços deve ser
temporária [...] 2) a paralisação dos serviços deve ser precedida de
negociação ou tentativa de negociação; 3) a Administração pública deve
ser notificada da paralisação com antecedência mínima de 48 (quarenta e
oito) horas; 4) o estatuto da entidade deve prever as formalidades de
convocação e o quorum para deliberação, tanto para a deflagração,
quanto para a cessação da greve; [...] 8) em nenhuma hipótese, os meios
adotados pelos servidores e pela Administração poderão violar ou
constranges os direitos e garantias fundamentais de outrem (MI n. 708-
0-Distrito Federal, Voto do Min. RICARDO LEWANDOWSKI em 25
de outubro de 2007).

21. É dizer: o Supremo Tribunal Federal mantém


entendimento de que a greve no serviço público sofre limites que, inobservados,
caracterizam abusividade e ilegalidade, justificadoras de demissões e cortes salariais
e, ainda mais, de declaração judicial desta abusividade e desta ilegalidade, na
medida em que o movimento paredista desatenda aos comandos impostos nos
precedentes invocados, e na Lei nº 7.783/89, cuja aplicação analógica e transitória o

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STF determinou fosse feita, enquanto não regulamentado o preceito do art. 37, VII,
da Constituição Federal, em hipóteses de greve no serviço público.

22. E esta jurisprudência ainda é mais rigorosa para


específicos serviços que refiram-se à segurança pública, ou ainda a jurisdição, isto
porque em tais casos se farpeiam Direitos Humanos Fundamentais, cuja eficácia
horizontal também há de ser delineada ao se analisar a lei de greve, tudo a bem
placitar a ilegalidade e a abusividade demonstradas.

23. Tanto mais porque, além de trazer danos à segurança


e aos direitos fundamentais de terceiros, a greve não se fez anteceder de qualquer
garantia dada pelos Sindicatos réus em favor da continuidade dos serviços
essenciais, até porque, em se tratando de jurisdição, os serviços sequer poderiam ser
suspensos, daí o claro descabimento do movimento deflagrado.

24. Se greve legítima, como pontua o art. 2º da Lei n.


7.783/89, é a paralisação coletiva, temporária e pacífica, de prestação de serviços,
na medida em que isto não acontece – como o enseja a paralisação indeterminada
de um serviço monopolizado e indelegável, além de fundamental da jurisdição –,
como tal não se pode qualificar o movimento deflagrado.

25. Como greve não-abusiva tampouco se pode


caracterizar o movimento que, a exemplo daquele de que aqui se trata, como
prescreve o art. 6º, § 1º, do mesmo diploma, provoque violência aos direitos e
garantias fundamentais do cidadão à prestação de serviços de jurisdição,

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especialmente quando os próprios réus afirmam que a paralisação é por tempo


indeterminado.

26. Seja por isso, ou porque, ao contrário do que


estabelece o art. 11, parágrafo único, da já referida Lei nº 7.783/89, a paralisação
denunciada interrompe, indevida e indefinidamente, a prestação de serviços
indispensáveis ao atendimento das necessidades da comunidade – assim
qualificando-se, afinal, as necessidades que, não atendidas, trazem risco de dano à
prestação jurisdicional –, e mais porque o Sindicato réu patrocina, na questão, a
paralisação total de tais serviços por tempo indeterminado, a greve,
definitivamente, se revela ilegal e abusiva.

TRANSINDIVIDUALIDADE DO DIREITO À SEGURANÇA PÚBLICA


VIOLÊNCIA AO EXERCÍCIO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

27. As razões para o juízo de ilegalidade desta greve no


serviço público não são apenas dogmáticas. “A greve contra os Poderes Públicos”,
como já pôde assinalar o Desembargador Federal CARLOS EDUARDO
THOMPSON FLORES LENZ, “encerra certa dose de paradoxo. Os efeitos nocivos
não recaem fundamentalmente na própria pessoa jurídica a que o servidor se
vincula. Atingem toda a coletividade. Daí por que se apresenta ela extremamente
injusta. Há setores que repelem de forma veemente a paralisação de sua atividade”
(TRF-4ª Região, AMS 81.228-SC, DJ de 20.11.2002).

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28. E um dos setores do gênero é o do serviço público


monopolizado de jurisdição, que o caput art. 5º da Constituição Federal já qualifica
como direito fundamental individual e coletivo, e que se densifica ainda mais dentro
de uma idéia da duração razoável do processo, pelo qual se assume a jurisdição um
direito indisponível e uma responsabilidade de todos, sendo mesmo por isso
insuscetível de ser comprometida por iniciativas que impeçam a sua eficácia
jurídica.

29. Se se trata de um direito público subjetivo, e se


ninguém pode ser excluído do dever de não impedir o gozo desse direito, como
anota JOSÉ RENATO NALINI (Constituição e Estado democrático, FTD, 1997, p.
242-243), daí decorre a eficácia horizontal desta mais alta e indelével garantia
humana fundamental, passível de ser exigida não apenas do Poder Público, que a
implementa, mas também daqueles que impeçam esta implementação. A lição é de
INGO WOLFGANG SARLET:

A doutrina tende a reconduzir o desenvolvimento da noção de uma


vinculação também dos particulares aos direitos fundamentais ao
reconhecimento da sua dimensão objetiva, deixando de considerá-los
meros direitos subjetivos do indivíduo perante o Estado. Há que acolher,
portanto, a lição de Vieira de Andrade, quando destaca os dois aspectos
principais e concorrentes da problemática, quais sejam, a constatação de
que os direitos fundamentais, na qualidade de princípios constitucionais e
por força do princípio da unidade do ordenamento jurídico, se aplicam
relativamente a toda a ordem jurídica, inclusive privada, bem como a
necessidade de se protegerem os particulares também contra atos
atentatórios aos direitos fundamentais provindos de outros indivíduos ou
entidades particulares (A eficácia dos direitos fundamentais, Livraria do
Advogado, 2003, p. 356).

30. Sem prejuízo, portanto, das conseqüências jurídicas


que a paralisação acarretará aos servidores em greve – e sobre estas conseqüências,

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de resto, tanto os Sindicatos réus quanto os servidores que estes representam


poderão ser oportunamente advertidos3 –, impõe-se que seja assegurada a
efetividade do direito público subjetivo para cada um dos cidadãos, e coletivo para a
sociedade em geral, de que retornem à normalidade os serviços que o movimento
vem impedindo de se concretizar.

TUTELA INIBITÓRIA IMPERATIVA

31. São relevantes, como se percebe, as razões que


justificam a pretensão do Estado, quer no sentido de que seja declarada a ilegalidade
da greve ou no sentido de impor aos Sindicatos réus e à categoria que eles
representam, e que aqui substituem no plano processual, a obrigação de fazer cessar
o movimento paredista, ou ainda no sentido de responsabilizá-los pelos danos que o
Estado, a coletividade e os particulares alijados dos serviços da Justiça Pública agora
estão e poderão ainda vir a experimentar por força desse movimento.

32. Ao mesmo tempo, seja para impedir a multiplicação


desses danos – que são de natureza material, porque comprometem e prejudicam a
vida de todos, e também são morais, porque impede o exercício do direito
fundamental à jurisdição, colocando os destinatários desse direito mercê da
violência jurídica patrocinada pelos réus –, ou para fazer implementar em toda a sua

3 A respeito, veja-se os termos do Decreto estadual n. 4.264/95, que autoriza o desconto dos dias parados em
folha e que, como norma regulamentadora das conseqüências jurídicas de uma greve desvestida de legalidade, porque
imposta no serviço público, já teve sua constitucionalidade referendada pelo Supremo Tribunal Federal em mais de uma
ocasião. Na ADI 1.306-BA, requerida contra o referido Decreto, o STF assinalou a “insuficiência de relevo de
fundamentação jurídica em exame cautelar, da arguição de inconstitucionalidade de decreto estadual que não está a
regular (como propõem os requerentes) o exercício do direito de greve pelos servidores públicos; mas a disciplinar uma
conduta julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal, até que venha a ser editada a lei complementar[hoje, lei
específica] prevista no art. 37, II, da Carta de 1988 (M.I. n. 20, sessão de 19-5-94) (ADI 1.306-BA, rel. Min. OCTAVIO
GALLOTTI, DJ de 27.10.95). Mais recentemente, no julgamento da SS 2.307-1, de 2003, a Presidência do STF ratificou
a orientação quanto à legitimidade do desconto de dias parados por greve no serviço público baiano, por aplicação do
mesmo Dec. n. 4.264/95, de novo reconhecido como constitucional na ocasião.

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extensão os direitos públicos que vêm sendo ofendidos pela greve, é manifesta a
urgência de que se proveja, imediatamente, a defesa daqueles direitos.

33. É, portanto, imperativo que se remova de pronto o


ilícito que vem sendo praticado pelos Sindicatos réus e pela categoria que, aqui,
estes representam contra o Estado e contra a coletividade dos interesses de que trata
esta ação civil pública.

34. Isto posto, com fundamento no que estabelecem os


artigos 11 e 12 da Lei nº 7.347/85, que autorizam a tutela específica da obrigação de
fazer e de não-fazer, e a sua concessão liminar, desde que caracterizados os
requisitos para tanto – como, aqui, eles estão caracterizados, à evidência da prova
inequívoca dos direitos lesados e dos danos continuados que a greve acarreta ao
serviço público e à coletividade –, o Estado da Bahia requer de Vossa Excelência
que, de logo:

a) determine a paralisação imediata da greve deflagrada pelos Sindicatos réus,


implementando a suspensão dos efeitos das deliberações que decidiram pelo
movimento paredista e ordenando-lhe que se abstenham de deliberar,
doravante, no mesmo sentido;

b) que ordene também aos Sindicatos réus que, em nome próprio como em
nome da categoria que representam, por efeito da suspensão das deliberações
acima referidas e do cumprimento da ordem judicial, promovam o pronto
retorno dos substituídos às suas atividades normais, sob pena de multa diária

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de não menos que R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), até o efetivo


cumprimento da medida pleiteada;

35. Para que seja plena a efetividade da tutela requerida,


o Estado também pede a intimação por edital dos servidores públicos e auxiliares do
Poder Judiciário baiano para que, como interessados direitos que, no processo, se
fazem representar pelos Sindicatos réus, tomem conhecimento da medida liminar e,
na forma do disposto no artigo 14, V, do Código de Processo Civil, lhe dêem pleno e
integral cumprimento, sob pena das sanções do artigo 14, parágrafo único, do
mesmo diploma legal.

OS PEDIDOS

36. Concedida a liminar, nos termos em que pleiteada, o


Estado requer a citação pessoal dos Sindicatos réus, e a citação por edital, por
aplicação analógica do artigo 94 da Lei n. 8.078/90, que disciplina a ação coletiva
no âmbito do direito do consumidor4, dos servidores e auxiliares do Poder Judiciário
do Estado da Bahia, a fim de que, querendo, no prazo legal, apresentem contestação
e acompanhem o feito até final decisão, quando, “data venia”, com o acolhimento
dos pedidos:

4 Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam intervir no
processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos
de defesa do consumidor.

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a) será declarada a inexistência de relação jurídica na hipótese específica que


autorize aos Sindicatos réus e à categoria funcional que representam a
interromper o serviço público multicitado no Estado da Bahia;

b) será ordenado aos Sindicatos réus e à categoria que representam o


cumprimento da obrigação de abstenção no que tange à promoção da greve
que estão a patrocinar, sob pena de multa diária de não menos que R$
80.000,00 (oitenta mil reais), caso se renove o movimento paredista;

c) e será declarado o vínculo jurídico obrigacional que delineia a


responsabilidade civil dos Sindicatos réus, junto ao Estado da Bahia, à
coletividade e àqueles que, individualmente considerados, tenham sofrido
qualquer espécie de dano material e moral por efeito da greve, assim quanto
aos prejuízos já experimentados como aos danos que porventura ainda
venham a ocorrer por decorrência do movimento paredista.

37. Protestando provar o alegado pelos meios em direito


admitidos, em que pese a notoriedade dos fatos que contornam a demanda, o Estado
dá à causa o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) e, nestes termos,

pede deferimento.

Salvador, 09 de junho de 2010.

ROBERTO FIGUEIREDO
Procurador do Estado (OAB-Ba 15.586)

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A Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Bahia, vem mantendo em sua página oficial na rede mundial de
computadores nota oficial onde afirma que “a paralisação, por prazo indeterminado, dos serventuários do
Tribunal de Justiça do Estado da Bahia” declarou, formal e solenemente que “desaprova tal impasse” por

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reconhecer que a aludida greve prejudica não apenas “os advogados”, como “os jurisdicionados”, aspecto
que também comprova o caráter indeterminado e, portanto, ilegal do movimento.
Fonte: Imprensa OAB-BA

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07/06/2010 20:00 - Presidência do TJ recebe sindicalistas duas vezes hoje

A presidente do Tribunal de Justiça, desembagadora Telma Britto, recebeu hoje, em duas


ocasiões, as presidentes do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Bahia
(Sinpojud) e do Sindicato dos Servidores dos Serviços Auxiliares do Poder Judiciário
(Sintaj), representantes do Comando de Greve e dirigentes sindicais.

A primeira reunião ocorreu pela manhã, com duração de mais duas horas, e a segunda no
final da tarde, quando a desembargadora ouviu novas propostas dos dois sindicatos.

No último encontro, foram apresentadas cinco propostas, registradas em ata e com o


respectivo posicionamento da Presidência do Tribunal de Justiça, para apresentação na
assembleia da categoria, amanhã pela manhã, segundo justificativa dos sindicalistas.

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Texto: Redação – Foto: Nei Pinto/Ascom-TJBA

31/05/2010 17:38 - Presidência do TJ recebe sindicalistas

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A presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Telma Britto, recebeu mais uma


vez uma comissão formada por representantes dos Sindicato dos Servidores do Poder
Judiciário do Estado da Bahia (Sinpojud) e do Sindicato dos Servidores dos Servicos
Auxiliares do Poder Judiciário (Sintaj).

A reunião com os dois sindicatos, realizada no Gabinete da Presidência, durou quase


três horas, e no final foi elaborada uma ata, assinada por todos os presentes, e
entregue uma cópia do documento as presidentes do Sinpojud, Maria José Silva, e do
Sintaj, Elizabete Rangel da Silva.

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Texto: Redação – Foto: Diego Mascarenhas/Ascom-TJBA

26/05/2010 18:35 - Pleno dispõe sobre faltas decorrentes de paralisação

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GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

As faltas decorrentes da participação de servidores do Poder Judiciário em movimentos


de greve provocarão o desconto de vencimentos e não poderão, em nenhuma
hipótese, ser abonadas ou compensadas, nem mesmo com o saldo de banco de horas.

A medida consta da Resolução nº 4, aprovada hoje pela manhã, durante sessão


ordinária do Tribunal Pleno, e determina, também, que essas faltas não poderão ser
objeto de cômputo de tempo de serviço ou qualquer vantagem que o tenha por base.

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Texto: Ascom - Foto: Nei Pinto/Ascom-TJBA

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tuto Mobilização na ALBA (2010/6/1)
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ão CNJ defere liminar (2010/5/31)
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Filia Reunião com Presidente do TJBA (2010/5/31)
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Parlamentares conversam com Presidente d... (2010/5/28)
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Últimas notícias : REMARCAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL

Posted by Gonzalo on 2010/6/1 18:47:44 (2412 reads)

As diretorias dos sindicatos, juntamente com o

comando de greve, decidiram remarcar a Assembléia Geral Extraordinária Conjunta da

categoria, para o dia 08/06, às 09 horas na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia.

Tal remarcação se deu pela necessidade de acompanhamento presencial dos trabalhos da


Assembleia Legislativa, no que tange ao PL 18460/2009 naquele dia. Além do mais, a pedido
dos sindicatos, a Presidente do TJBA estará recebendo as diretorias para nova tentativa de
entendimentos na segunda-feira (07/06), às 10 horas.

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Servidores da justiça baiana decidem manter greve por tempo indeterminado


Mariana Paiva | A TARDE*

Os servidores do judiciário baiano decidiram em assembléia realizada na manhã desta terça-feira, 8, a


permanência da greve por tempo indeterminado. A categoria, em greve desde 7 de maio, discutiu os rumos do
movimento e uma nova reunião foi marcada para o dia 17 deste mês.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado da Bahia (Sinpojud),
Maria José Santos da Silva, a categoria exige que seja retirado da assembléia o projeto que incorpora o
adicional de funções, que complementa os salários.

Além disso, a categoria reclama de não participar das decisões do Tribunal sobre as medidas que serão
tomadas para adequar a folha de pagamento à Lei de Responsabilidade Fiscal e pede a revogação do decreto
152/2010, que corta a Gratificação Especial de Eficiência (GEE) dos salários mais baixos, além da extinção
dos cargos do Reda. Eles também são contra o corte da gratificação dos funcionários.

Durante a greve, são realizados apenas serviços considerados essenciais, como emissão de guia de
sepultamento, alvará de soltura, habeas corpus, liminar para casos de saúde e de ligação de água e luz.
Nesta segunda, sindicalistas tiveram uma audiência com a presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, a
desembargadora Telma Britto. A desembargadora não quer comentar sobre a greve, mas disse, por meio da
assessoria de imprensa do Tribunal, que aguarda que os funcionários retornem ao trabalho.
De acordo com a assessoria, os grevistas apresentaram cinco propostas para a desembargadora, sendo que
uma foi o pedido para que o ponto dos dias não trabalhados não seja cortado. Segundo a assessoria, a
desembargadora disse que não pode atender a esse pedido porque é uma decisão do Plenário.

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