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A Verdade Sufocada 3° edigao ampliada - indice onomastico Editora Ser Brastha 2007 Assiacenes sempre soliGtiriog com agueles que,na hora fin agreastio efa abversifinge, cumpriram o fur fever fe 9¢ oporemt ragiladores elerrorisias. fe armas no mio, para que a Mayas nao foage Tevate, ix amorquis. Gon Fe manten Paes Of © Amounee Ministre 6 exdebito © general Walter Pires de Carvalho ¢ Albuquerque foi ministro do Exército durante 0 governo Jodo Figueiredo Homenagem aos companheiros do Projeto Orvil Quando as tiltima revanchista passou a e: armada no Brasil. Eo fez de maneira capciosa, invertendo, criando e¢ deturpando fatos, enaltecendo terroristas, falseando a historia, achincalhando as Forgas Armadas ¢ expondo a execracao publica aqueles que, cumprindo com o dever, lutaram contra a subversao ¢ 0 terrorismo em defesa da Nagao e do Estado. Nesse incansavel e inteligente trabalho, porém desonesto c antiético, os revanchistas acusavam os civis ¢ militares que os enfrentaram e derrotaram., de atuarem por conta propria como paramilitares desvinculados de suas organiza- ‘ges, em estruturas paralclas. Predominava no Pais a versao dos derrotados que agiam livremente, sem qualquer contestagao. As Forgas Armadas, disciplinadas, se manti- nham caladas. Aos poucos, a farsa dos revanchistas comegou a ser aceita como “ver- dade™ pelos que nao viveram a época da luta armada do terrorismo e que passaram a acreditar na verso que Ihes era imposta pelos meios de comu- nicagao social. No segundo semestre de 1985, a Segdo de Informagédes do Centro de Informagées do Exército - atual Divisdo de Inteligéncia do Centro de Inteli- géncia do Exército - recebeu a missdo de empregar os scus analistas, além de suas fungdes e encargos normais, na realizagao de uma pesquisa histérica considerando o periodo que abarcasse os antecedentes imediatos da Con- tra-Revolugao de 31 de margo de 1964 até a derrota ¢ © desmantelamento das organizagdes e partidos que utilizaram a luta armada como instrumento de tomada do poder. Foi um trabalho minucioso, em que processos, inquéritos ¢ documentos foram estudados ¢ analisado: ‘As pesquisas realizadas em 1985, soba orientagoc a coordenagao do chefe da Segao de Informagées, mostraram que o trabalho a ser realizado ultrapassaria, no tempo e no espaco, o planejamento inicialmente estabelecidy. Assim, decidiu-se retroagir a Marx e Engels. passando por 1922, ano da criagao do Partido Comunista Brasileiro - Segao Brasileira da Internaci- onal Comunista - primeira organizagao comunista no Brasil, sob a orienta- gao da Internacional Comunista, ¢ prolongando-se até a primeira metade da década de 1980. organizagdes terroristas foram derrotadas, a esquerda erever ¢ a mostrar, da forma que the convinha, a luta dar © eariter confidencial da pesquisa ea elaboragdo da cobra, foi designada uma palavra-césdigo para se referirao projeto - Onvil-, listo serio de ts para frente Em fins de 1987, 0 texto de aproximadamente mil paginas estava pronto. A obra recebeu a denominagao de Temurivas de Tomada do Poder. Apreventada ao ministro Lednidas Pires Gongalves, este ndo autorizoua sua publicag3o - que seria a palavra oficial do Exército -, soba aleyagdo de que 4 conjuntura politica nao era oportuna. ‘Assim, a instituigao permaneceu mudaea farsa dos livree solta. a inundar o Pais, Recentemente, varios grupos. inconformados de ouvir somente um lado dessa histéria, resolveram se organizar¢ lutar para 0 restabelecimento da verdade. Paralelamente, alguns livros, contestando a versio revanchista,fo- ram editados. 0 que levou o quadro amplamente desfavorivel a mudar. em- bora lentamente, comegando a esquenta a ser desmascarada, ‘de 1995, recebi o texto final do trabalho. em xérox, pois ele no foi editado. Esse texto foi o farol que me iluminou na redagdo de indmeras partes deste meunove livro, me tirou dividas, me esclareceu fatose me deua certeza de datas ¢ de outros dados relevantes. ‘Aesses andnimios militares da Inteligéncia do nosso Exército, a minha hi menagem ea certeza de que voces, também, sio autores deste livro. ranchistas con Agradecimentos ‘Nii poderiaeverever este liveo sem expressaros meus agradecimentos - Ao general Raymundo M. Negrdo Torres, recentemente falecide, meu ‘comandante da Artilharia Divisionaria, quando comandei 0 16°GAC, em Sao Leopold: RS. um incentivador de todos os momentos, um amigo, um escritor em cujas obras muito pesquisei Ao xeneral Aloisio Rodrigues dos Santos. meu capitio no 16° GAC, ami- oao longo de todos estes anos, que leu os originais, sugeriu mudangase pres- tou-me valorusos esclarecimentos - Ao coronel Aluisio Madruga de Moura ¢ Souza. companheiro de luta, ccombatente da Guerrilha do Araguaia. pelo muito que me orientou eauxiliou, inclusive digitandotextos. - Ao coronel Paulo Carvalho Espindota, que. com seu conhecimento do assunto ¢ dominio da Lingua Portuguesa, me auxiliou revisando textos, su- gerindo idéias e acompanhando desde as primeiras linhas o desenrolar des- te trabalho. - Desejo expressur um agradecimento especial a quem prestou grande aju- ‘na divulgagao do livro: 0 Dr. David dos Santos Araiijo, delegado da Pal Civil de Sao Paulo, que. com sua coragem e determinagao, sempre congregou ‘os companheiros que com ele lutaram no combate ao terrorism. = Ao senhor Luiz Carlos Almeida Prado grande colaborador da dif sao desta obra, - Ao senhor Moacir Nunes Pinto pelo apoio dado quando do langamento do livro na cidade de Sao Paulo. ~ Também nao poderia deixar de agradecer aos que escreveram artigos livrose mantém sites onde esclarecialgumas de minhas dividas: General Agnaldo Del Nero Auguste Escritor F. Dumont: Historiador Carlos litch Santos Azambuja: Coronel José Augusto Silseira de Andrade Netto: Coronel José Luiz Sivio Costa: Coronel-Aviador Juares de Deus Gomes da Silva; Coronet Carlos Corunel Linldo ‘Coronel Jayme Henrique Antunes Lameira: Capito Felix Maier; Advogado Severino Mariz Filho ‘Advogado Marco Pollo Giordani: Filésofo Olavo de Carvalho Jomalista Marcelo Godoy: Jomalista Paulo Martins: Jomalista Sandro Guidalli = Nao posso deixar de destacar a boa vontade ¢ inigualavel contribuigao de PDF, que me facilitou o acesso a processos arquivados no Superior ‘Tribunal Militar(STM). - Agradego, também, professora Wania de Araglo-Costa, Doutora em Lingua Portuguesa, professora da Universidade de Brasilia, que revisou parte do meu trabalho, ~ Ao Doutor Pinio, por iniciar e manter nossos encontrus anu gos companheiros de luta. ~ Aosamigos que me incentivaram e cobraram a elaboragio dest livroe 20 meu genro Eder Wagner Dantas de Medeiros ¢ minha filha Patricia, que me auxiliaram dando suportetéenivo na parte de comp = Nés vencemos, apesardo boicote da midia, de editorase de livrarias. Ao que parece. o livro incomodou. O silencio da imprensa foi revelador. Mas. assim mesmo. nés vencemos! ‘A primeira ediyao de seismil exemplares esgotou.se em quatro mesese che- gamosa 3° luzarentre os mais vendidos no Brasil. segundo o Jomal do Brasil Devemos isso a amigos. a internet e a jornalistas imparciais, democra- tas, comprometidos com a noticia e no com a ideologia, que nos ajuda- rama difundiro livro, Queremos agradecer aos amigos general Torres de Melo. coroneis Mayrseu Cople Bahia, Luiz Carlos Avelar Coutinho e ao tenente R2 Luiz Merguthao: aos jornalistas Rogério Mendelski, Flavio Pereira, José Mitchell. Ati Cunha, Claiidio Humberto, Denise Rothenburg, Arist Drummond, Themistocles Castro ¢ Silva, Alvaro Costa, Clotilde Gat Paulo Monteiro ¢ Guilherme Pévoas. ‘Ao Xupacabra, nosso orientador, defensor das boas eausas na internet. 0 ‘nosso especial agradecimento les Dedicatoria Dedicoeste liv-a0 meu Exéreito e 40s meus chefes. principalmente Aque- Jes que me designaram para, sob suas ordens, combatera guerrilha urbana e o terror comunista, Meus chefes sempre me apoiaram e me distinguiram, conee- denulo-me.a Medalha do Pacificador com Palma, maior eondecoragao que um mlitar do Exército pode receber em tempo de paz Dedico-o, também, aos meus companheitos de Exéreito, da Marinha, cla Forga Aérea e das Policias Civis e Militares que.em todo o Brasil, luta- ram com denodo, bray ura e abneyaco no combate a subversdo e a0 terro- Fayo-o. especialmente aos meus comandados no DOLCODUI Exe cito, sbnegados que atenderam ao chamado da Patria ¢ arriscaram a vida com coragem. lutando com honrae dignidade para extitpar o terrorismo de waa pay ea tranqdilidade do Brasil. Minha admiragio a vacés que enfrentaram. em luta armada e traigoeia, irmaos brasileiros fanatizados, Dedico-o. com emogao, aos familiares e amigos gue perderam seus entes queridos nessa guerra fratrivida, Desse mado, homeniageio as vitimas Dedico este livro, como ja o fiz em 1987 em Romipendo o Silencio. aos ovens que nao viveram aquela epoca ¢ que somente conhecem a histo distorcida pelos perdedores de ontem, muitos dos quais acupam cargos em universidades, jamais, emissoras de ridio e tele isdo e posigdes relevantes em gis pilicos, Dedico-0 acles que s40 0 futuro do novo Brasil Sao puros de espirito e de intengdes e vejo-0s, muitas vezes, explorados em sua bea fé. Nonegro period revoluciondrio ds guerrilha urbane rural, muitos foram usados, manipulados e fanatizados. Puseram-lhes armas nas mos. 0s instruiram. orientaram ¢ doutti- naram, levando-os 4 violéncia inti, Hoje. reeserevemathistiria ea transmitem distorcida as novas geracdes. ‘Oferego este livro aos jovens, para que possam buseara verdade, com liber- dade para procuriela,liberdade legada 2 eles por nossa luta. Entretanto, hoje prevalecem as “meias-verdades” que. no seu reveryo, sdo mentiras completas. Preocupo-me em ¥8-los influentciados por pantletos que tomtam ares de historia ‘contemporiine:t¢ Ihes so apresentados comoa verdade definitiva, Nao é sobre a mentira que sealicergao futuro de um pais. ‘Contio que os jovens, na sua sede de justiga, saberdo encontrar a ver dade e saberao ser livres, ndo permitindo que ideologias ultrapassadas, de novo amorteyam os seus sentimentos, oferecendo a violéncia no lugar da paz. a mentira no lugar da verdade e a discdrdia no lugar da solidariedade. Assim. com o espirito limpo, construirio o Pais que pacificamos com san- gue e ligrimas de muitos brasileiros. ‘A todos os que repuiam a violneia, amam a paz ea verdade. levo o meu testemunho e apresento o resumo de minha vida nesses anos conturbado: Somos livres e devemos fazer da liberdade a razao maior da cons- tante vigilincia, uma vez que os derrotados ndo desistiram de intentar contra o Brasil. Sumario A guia de preticre : 2 tntrdugio. 26 Lupes Uistra’ minha prmeira motivaglo ideol6giea.... 1 Yarido Comunists Brasileiro — cover 38 De Geto a Juscelino 42 Luis Carlos Prestes € Olga Benin. —— 45 lotentona Comunista 2 0 Tobunal Vermelho e 0s "Justgamentos” do PCB... sa Governo Jinio Quadros 38 Governo Joao Goulart 61 Ligas Camponesas. o ‘Onda esquerdsta B ‘A impreasa © a Contra-Revolugio. = 78 Agitagio nos quartéis 83 Minas. rastilho da Contra-Revolugao. 89 Encontro de irmios de armas - lig30 de amor a0 Brasil 2 (© 31 de margo no 19° RI - Sao LeopoldalRS ..... 104 Golpe ou contra-revolugio? un De norte a sul vivas & Contra-Revolusio. = us A Contra-Revolugio € 0s Estados Unidos . us Governo Castello’ Branco 13 Influéncia ¢ ayuda de Cubs & luta armada na Aménca Latina 129 Influgncta e ayuda de Cuba 3 lula armada 90 Beast... 18 © caudilho contea-ataca : 144 As sete bombas que abalaram Recife Is4 Govemo Costa ¢ Silva lol Carlos Manghella. 9 sdedlogo do terror 166 Sonho de uma guerniha rural ~ m3 176 Recrutamento dos jovens Movimento estudantil 8 Assalto 20 Hospital Militar... 189 Atentado ao QG do Il Exército 191 Tnbunal Revolucionsno e novas sentencas {major alemo e capitio americano). 197 Lamarca roubs armas que 2 Nacio the confiou 23 2 Compania de Policia - a pioneira no combate a0 terronsmo 210 © Movimento Armado Revolucionino (MAR) © “os meninos” de Flivio Tavares ve —— 24 Operagin Bandenunte (QBAN) Seqiestee dy embarvador americano vert Médiet ¢ © milagre brasileiro Em Sao Paulo. Sequestro du cénsul do Jupio em S30 Paulo Um dha é do cagador. outro da eaga Operagdes no Vale da Ribesra fe massacre do tenente Alberto Mendes Samir. Seqitestro do embarxador da Alermanha Partido Comunista Brasileiro Revolucionirio (PCBR) . Uma estrotura se arma contra o terror Quando o espinto de corpo € tmprescindivel Ao DOVCODMII Exéreito uma estrutura dinimica Segio de Contra-Informagies - Setor de Operagies de Informagdes Segdo de Investigagbes Segdo ue Informagdes e Anilise.. Seco de Busca e Apreensio. 0 interrogat6no... Para combater o terrorismo, leis espectais Quando é mais fies! erties Sequestro do embarxador suigo “Tribunal Revolucionino” conden ALN abandons eompanheiro ferwo. Ago Libertador Nacional (ALN) Batismo de sangue “Tribunal Revoluciondno” em sesso permanente A Dissidéneta da ALN ais um (Boulesen) © 0 Movimento de Libertagiio Popular (Molipo) 305 Morte do major José Jilto Toja Martinez Filho . 373 A melhor defesa & 0 ataque 380 Um combate — = 383 A espera do filo de José MIMO so 385 Ragas moral - Morte da cabo Sylis Bispo Feche 304 io ineressa 0 cadaver. mas impacto - David A. Cuthberg 399 Mary um combate na rua 401 Nossa vida em continua tensio 48. Assassinaly do Dr, Qetévio Gongalves Moreira Jinvor AL Vanguarda Armada Revolueiondria Palmares (Var-Palmares) 47 A VARPalmates © 0s jovens... 0 Em Bras 433 Governis Finesto Gers 435 Van tinal feliz soso 437 No 6 Grupo de Aruilharia de Campanha ns 439 Goserna Jodo Figuetredo. Ho da Revolugio" easily - Uruguai ~ Brassha De Tancredo # Itamar Franco A wala do Cemitério de Perus Goserno Fernando Henrique Curdoso : Mas que “perseguidos politicos” revanchistas Ler dos Desspurecidos Politicos Morte ne QG da 5* Zona Aérea, CanoasRS Suicidio no 19" RI - Sue Leopoldo/RS Let dos Perseguidos Politicos \Vatimas do terronismo no Brastl Govemne Luz Indio Lata da Silva. (Os semt-teera sem limites Indentzagoes... até quando? ‘A vanganga dos derrotados Fort de $30 PAU een nn Rumo a0 socralismo, Para meditar Palavras finass = = Indive onomistico 7 7 568 BIBLIOGRAFIA, 00 Jugam A guisa de prefacio © meu amigo Carlos Alberto Brilhante Ustra que escreva uma apresentagio - um prefiicio - para seu novo livro. Costuma-se dizer que se um precisa de preficio e se ndo presta nao ha prefécio que o salve. ‘Onovo livro do Ustra nao precisa de preficio, como dele nao precisou o seu 1080 Rompendo o Silencio. Pelos trutos se conhece a drvore, pois arvore ma niio dé bons frutos. Preti- sim, falar do autor antes que do seu livro, Pelo autor os leitores poderao avalsara mmportincia do livro, ‘Conheci o autor quando me mandaram comandara Antilharia Divisionéria tem Porto Alegre, que tinha como uma das unidades subordinadas 0 Grupo de Artitharia de Sao Leopoldo comandado pelo ento tenente-coronel Carlos, Alberto Brilhante Ustra. Jeito retraido, quase timido, fala mansa, treqientemente assinalava as palavras com um sorriso que parecia encabuls- do, Sua turefa era comandar uma unidade acomodada precariamente em um aquartelumento muito antigo, com os pavilhdes - alguns ainda com velhfssima cobertura de zinco - subindo morro acima, Nao obstante, 0 16° GAC osten- ava um excelente padrdo de instrugso e disciplina ¢ mantinha uma estreita Iigagdo com a comunidade civil, especialmente com as familias dos jovens recrutas, no que muito se empenhava seu comandante. Pude ver com que pesar € amargura o coronel Ustra enfrentou a dificil e dolorosa tarefa de {estituir aos pars o corpo inanimado de um soldado moro em lamentivel ¢ quase mexplicavel acidente na instrugdo, quando sofreu um choque térmico ao cair em um agude sobre 0 qual fora estendida a corda de travessia da pista de obsticulos a ser percorrida, Logo. pude perceber que o comandante era um lider de valor, que mantinha sua unidade “na mo”, como se costumava dizer. foi sem surpresa que fu me inteirando da vida pregressa do meu novo subordinado. Que, entre outras co sas, ele enfrentara a dificil tarefa de comandar 0 recém-criado DOI de S30 Paulo por um longo tempo, na época em que mais acesa corria a guerniha urbana na capital paulista. quando se mprovisara a Operagio Bundeirante para dar resposta 3 altura da agressividade dos comunistas. fato que tanto impressi- ‘nara o entdo comandante da 2* RM - general Dale Coutinho - oque o levaria, alguns anos depois, a reveli-lo, para esc’indalo dos escribas revanchistas,em conversa com 0 j4 designado presidente Geisel que o convidava para ser 0 ‘ministro do Exército.“Ah!, naquela época as coisas melhoraram quando come- ‘gamos a matar” - disse o general em conversa que ficou gravada em fitas, strrupradsy pelo Hestor Aquino Ferrerra que. muttos anos mats tate, as entre gamma ao jomalsta Eo Gaspan ‘Conheceria também aesposa do comandante, Joseita, mulher de aparéncta fagil. mas mmo forte que tora um dos arrimos de Ustra naqueles tempos dif eis € que se transformaria na “miezona’” das mogas que as peripecias Ua guer- rilha colocariam sob a guarda de seu mando na Rua Tutdia, nas tertilias com Miriam, Joana, Lila, Cristina, Shiruca, entre as aulas de tricé e croc! bbnncadeiras com a sua pequena filha ‘Osanos passam. Repete-se com oadido militarem Londres a farsa armada contra o corone! Carios Alberto Brilhante Ustra, adido no Uruguan. Com uma significativa diferenga: em 1985, embora no govemo diibio de José Samey. 0 munistro Lednidas - condestivel da Nova Republica - viu-se compelido a prestigiare defender o nosso adido que terminou normalmente sua missd0, 20 asso que oda Inglaterra ficou desamparad¢ terminou seu tempo de “aditangsi” ‘em uma sala do “Forte Apache” em Brasilia, como se ainda estivesse junto corte de Saint James. Uma injustigat O coronel Ustra, poucas meses antes de passar reserva, saiu em campo. viseiraerguida e de langa em riste, na defesa de sua dignidade ¢ de seu pussa- do, Publicou,em margo de 1987, com sacrificio de seus recursos pessoais, um livro desmascarando a farsa € sua principal vedete, a entio deputada Bete Mendes, colocando a nu os lances da luta armada em So Paulo. Reptou sua acusadoraa provar as mentiras de que se servirae que a ara como largo ecostumeiro apoio de jomais, revistas € entrevistadores de televisio. A respos- ta foi osiléncio e uma pa de cal sobre o livro embaragoso que nunca foi de mentido ou contestado publicamente. As Gnicas respostas foram as ame: _anGnimas que passaram a fazer a0 militar 3 sus Faria ‘A guerritha rural ou urbana é modalidade de guerra no convencional que fez suas proprias regras, dentro da estratégia comunista da Guerra Revol ondria, com a qual conseguiram apossur-se ke muitos paises. Um dos alvos, dessa guerra -eficientemente utilizada como um dos instruments sovieticos, dda Guerra Fina - foi o Brasil, como ficou cabalmente comprovado pela aber- tura dos arquivos moscovitas da KGB e pelos depoimentos e confissdes de seus agentes na farta literatura por eles publicada. Para combaté-las, as Forgas Armadas, especialmente 0 Exército, tiveram de adotar processos ¢ igdes também nao convencionais, descaracterizando seus homens, organiza infiltrando-se nas fac 'ssubversiva . Para poder chegar aos pordes da de onde nos mova sus Huta armada sem ida por Manghellive seus mentorescubanos, Muttos dhs episodios guerra suja, haseada, essencialmente, na informagdo e na contea-tnt mado. trveram de ser planeyados e comandados de “pordes” de sigiloe tra- ‘dos adotando pritieas imusitadas. Em tais ambientes, onde necessariamen teterta de haver uma grande descentralizagao e autonomia operacional. precariedade dos controles € 0s excessos eram inevitiveis e muitas vezes 3 ‘roléncna da resposta, pela propria natureza da luta, subi i altura da violncis empregada pelos guerrilheiros, descnvoltos nessa guerra em que eles mes: mos faziam as regras. ‘Achar, hoje. que tal guerra poderia ter sido conduzida e vencida cor “punhos de renda e luvas de petica” é uma abstragio de quem nao viveu © dia-acdia de tais momentos € no sentiu na pele as agruras de ter de _ganhd-la em nome do Futuro democrético da Nagao, Um dos mais estrénuoe combatentes dessa guerra foi Carlos Alberto Brilhante Ustra que. antes de renegar essa posiga0. desde a primeira hora assumiu a honra que teve err cumpriro dever que Ihe era imposto pela missio que recebera quando ¢ desafio comuno-castrista soava como uma bofetada desterida na face dt NagJo. em ameaga aberta ao compromisso das Forgas Armadas com liberdade e a democracia. Por outro lado, uma das preocupugdes mais visiveis ¢ explicitas da es ‘querda brasileira for escrever € muito, sobre as circunstinetas de seus suces sivos fracassos nas tentativas de assalto ao poder, realizadas a partir de 1935, Um longo processo de justificativas¢ autocritica extravasou em livros, depo imentos, entrevistas. filmes e em toda sorte de manifestagdes Feitas pelo: proprios personagens ou por eseribus simpatizantes ou engajados. Aind: no exilio e aproveitando-se do apoio de governos comunistas ¢ da esquet da internacional, 0s fracassados de 64 e os derrotados na luta armada de final dos anos 60 e inicio da década de 70 desfilaram suas versdes e sua faldctas que ganharam destaque e eredibilidade por ndo ter havido da part dos governos pds-6s4 0 necessario empenho em upresentar, em sus Verda deira dimensio. os lances e os ucontecimentos que marcaram a mats lon € mais séria tentativa de implantar no Brasit uma ditadura de inspiragak rmarxista-leminista. Na vastissima bibliografia citada no alentado lvto Dos fithos deste solo constam cento e quinze publicagdes de comunistas ou elementos da esquerda vindas a lume a partir de 1964. Ainda hoje. yornalists ressentidos, como Albert Dines, Carlos Heitor Cony, Carlos Chagas. Elio Gaspari Vilas Boas Correia 24- Carlos Alberto Brihante Ustra outros, continuam tentando reescre ver ao seu talante ahist6ria daquetes anos e 0 fazem confiando na curta meméria dos letores. Durante mvito tempo, ficaram sem resposta o que os fez acreditar num falactoso pacto de silencio para encobnr supostos crimes. Na realidade, trata vva-se do equivoco de acreditarmos n6s que a Lei da Anistia fora para valer. ‘Uma das pnmerras e corajosas vozes a se erguer para restabelecer a verdade foi ado corone! Ustra com seu primeiro livro, em que resolveu romper osilén- cio e colocar os pingos nos is. Agora, completa obra enti iniciada e deixa extenso depormento pessoal com sua A Verdade Sufocada, Raymundo Negrao Torres Introdugao Ano apés ano, os revanchistas langam uma “denkineiai" ou eriam um fato novo, de preteréncia préximo de datas importantes para as Forgas Arma- das como 0 Dia do Soldado, 0 Dia do Aviador, o Dia do Marinheiro, a Semana da Patria e os aniversérios da Contra-Revoluyao de 1964 € da Intentona Comunista de 1985. Foram as falsas fotografias do Herzog: os arquivos “enterrados” na sede do antigo DOI de Brasilia: a escavagao d Fazenda 31 de Margo, em Sio Paulo; a queima dos arquivos na Base A rea de Salvador; a vala “clandestina” do Cemiténio de Perus; os agentes “arrepenclidos” que denunciam, com inverdades e talve7 por vantagens. os Grgios de seguranga onde trabalharam: e muitos outros. Tudo publicado com estardalhago € quase nunca desmentido. No segundo semestre de 2004.2 opinido piblica brasileira for bortharde- ada, novamente, por intensa orquestragiv, desencadeada pela imprensae pelos “arautos da democracia e dos direitos humanos”, para a “abertura dos arquives da ditadura”, Nesse estorgo, sobressaiu-se 0 ministro da Justiga, Marcio Thomaz Bastos, Pouca gente, no entanto, se apervebe. de que nada havia de inédite nessa pretensdo. as arquivos ja foram ubertos, hd mais de vinte anos, ainda du- ‘ante © periodo militar, quando a equipe do arcebrspo de Sao Paulo, D. Paulo Evaristo Arms, coordenada por Luis Eduardo Greenhalg, em pesquisas para produzir o livro Brasil Nunca Mais, esquadnnhou os documentos sob a guard do Supenor Tnbunal Militar(STMD. ‘Nao sei quem autorizava 0 arcebispe e sua equipe a copiar esses docu- mentos. Deve ter sido um ministro do Tribunal que “escancurou” os guards- dos dessa alla corte. Vejo nesse gesto a clara demonstragio de boa vontacde desse ministro do STM em abrir os arquivos, crente, por certo, de que os documentus seriam usados com responsshitidade, honestidade ¢ isengio. E ‘bom tnsar que no STM se encontra o maior e mais confidvel acervo sobre 0 ‘combate ao terrorismo, Sendo a tiltima instancia da Justiga Mi ‘caminhados para esse Tribunal os processos e inquéritos dos impli ‘erimes de subversio ¢ terronsmo. Aequipe que escreveu o livro Brasil Nunca Mais, de posse dessa Vah- sa documentugio. fez « triagem a seu modo, privilegiando 0 que queria. publicando 0 que interessava, distorcendo os fatos ¢ ignorando 0 que nao Ihe convinha. Nao consideraram os atentados terroristas, os “justigamen. tus". os sequiestros e os assassinatos praticads pela esquerda, Tais crimes foram propositadkamente omitidos, para que a Nagao nd tomasse conhect ment day attociades dos qe pegaram em armas para implantar ne Bast 2%- Carlos Alberto Brilhante Ustra am como “hersis”, a ditadura comunista. Hoje, derrotados, se apres muitos deles encastelados em altos cargos no govemo. Basta folhear a obra de D, Evansto Ams para constatar que, segundo ele, o desvario da esquer- ia simplesmente nao teria existido. mentrevista initulada “Abram jos arquives”,concedida ao jomalists Rol- dao Arruda, de O Estado de S, Pauio.em 28/10/2004, osreebispo declarou ‘Na preparagio do livto rusil Nunca Mais, obtivemos auto- rizagdo pars copiar 707 processos da lustiga Militar. No total eo- piamos 1 milhio de paginas - um documento valioso na Feconstituigiio das violagdes das direitos humanos. Eram dentng as feitas diante de autoridades militares, em juizo, com nomes de torturadores. de loeais de tortura. de press desaparecidos. Penso hisso e pergunto: quantos outras aryuivos existem por ai?” Posteriormente, na matéria inttulada “A verdade é que nos liberta”, do. jomalista Adauri Antunes Barbosa, publicada em O Globo, de 28/11/2004, diz o preludo: ‘O principal jd fot publicado, nas a gente quer ver por eset to, saber que & verdade. Nao & a informagio que nos liberta. A verdade & que nos liberta. Vale a pena abrir O* principal” aque se refere D. Paulo, foram as acusayes de tortura feitas perante os juizes. durante os julgamentos, quando os criminosos usavam esse “urgumento para se anocentar dos enimes praticados ou para justificar as dela- goes de compunherros. Ele somente se retere a isso no seu livro. Os Mentos”. 0s Sequtestros, 0s assassinatos, as “expropriagbes”. 05 atentados a bomba, com vitimas inocentes, nio sio relevantes par.o arcebispo. pois. se ‘undo ele, foram confessados sob tortura, 1D. Paulo e sua equipe tiveram acesso a vasta documentay0, copiaram 0 (que desejavam, inclusive documentos sigilosos, 0 que é vedado por legislaga0 pertinente, Ardilosumente, usaram o que Ihes interessava, utilizando somente 0 que chamam de “principal”. O “restante” pars oarcebispo, ou seja 0s arquivos existentes na ABIN, no DPF, nas Forgas Armadas ¢ nos antigos DOPS, so documentos secundnos. Certamente, por conterem explicitamente os crimese as ntengdes dos protegidos doeminente preludo. Em 2004, for enada uma comissio encarregada de “abit os arquives ash A verdade sutocada -27 Barxou no mmstro da Justiga.o espirito da Santa Inquisigdo. Sugeriu que: sem as c6pias dos documentos em poder dos civis e militares que ara oex-ministro chefe da Casa Civil, José Dir- ime, para ele, a posse dos arquivos que esto cceu, tal posse € crime, Nao com D. Paulo Evaristo Ams? (Outros arquivos importantes. que também devertam ser requisitados, esto ‘com onganizagdes ndo-governamentais, especializadas em denegrir 0s gover- nos militares. (Os revanchistas julgavam que ficarfamos calados e aceitatfamos, passivae ‘mente, « tnagem que eles pretendiam fazer, como o fizeram D. Evanstoe sta ‘equipe. buscando, apenas, documentos que contribuissem para comprometer 08 6rgiios de seguranga da época, ‘Nao esperavam pela reagao de organizagdes, grupos e, até. de par- cela da imprensa, exigindo a abertura dos arquivos por uma comissio tsentate responsavel, no aceitando a proposta governamental que indi cou, inicralmente, José Dirceu como o arbitro que definiria o que deve ser 0u no do conhecimento piblico. Ao pressentirem que. finalmente, através do proprio governo, a Nagao tomaria comhecimento contra o que e contra quem lutamos, durante algum tempo, assunto foi tempo- rariamente esquecido. Jai que estavamn tao interessados nos documentos guardados por civis € militares, em 2004, ¢ antes que viessem procuri-los em minha casa, resolvi abrir os meus. alguns arquivados na meméria, outros na meméria de companherros de luta, outros pesquisados em jornais, livros, revistas € na Internet, onde, também. pouica coisa existe sobre as atrocidades co- metidas pelos terroristas. Ewe minha mulher iniciamos as pesquisas para escrever 0 meu primeiro livro, Rompendo o Siléncio, € continuamos a fazé-las no curso dos tltimos vinte anos, Possivelmente, nada de novo foi escrito por mim. Os dados pesquisados forum reunides ¢ ordenadas para facilitar a leturae oentendimento da mensa- gem que agora transmito Abrindo meus arquivos. explico os motivos que levaram civis e milita- res a desencadear a Contra-Revolugio, em 31 de margo de 1964, neu- tralizando a Segunda Tentativa de Tomada do Poder pelos comunistas, Aproventei a minha experiéncia como comandante do DOVCODI/II Ex (197041973), para contra nossa luta contra as organizagdes terroris- is que tentaram, nas décadas de 60 70, na Terceira Tentativa de Toma- dado Poder, mplantar uma ditadura, a exemple de Cuba ¢ outros satéli- tes do Movimento Comunista internacional 28- Carlos Alteno Brihante Ustr, ‘Teco, também, algumas consideragdes sobre a anistia ¢ 0 revanchismo t€ 05 dias atuais. Para isso. foi preciso voltar notempoe escrever, ainda que muito superfici- aimente, sobre: ~o Partido Comunista Brasileiro - PCB; 0s presidentes da Repablica, de Getlio Va Oliveira: a Primeira Tentativa de Tomada do Poder pelos comunistas,.em 1935 (Intentona Comunista): ~avitGria da revolugiio cubana ¢ o fascinio exercido por Che Guevara e Fidel Castro. transmitido wos jovens brasileisos porexpe: ~as Ligas Camponesas ¢ 0 Grupo dos Onze: -0 governo relampago de Janio Quadros. Voltei no tempac escrevi sobre 0 governo Joao Goulart Foi necessario pesquisar, estudar e analisar 0 perfodo que vai de 1960 até 0 dias de hoje, para mostrar a verdade sob a ética de quem, nesse periodo, viu, viveu ¢ lutou contra a Segundae a Terceira Tentativas de to- mada do poder pelos partidos ¢ organizugées marxista-lenimstas que opta- ‘am peta luta armada Retomei ao passado para contribuir, modestamente, com aqueles que, Carlos Alberto Brihante Ustra Em [Ode janeiro de 1964, osecretario-geral do PCB, Luis Carlos Prestes. foi a Moscou informar a Nikita Kruscheyoundamento dos planos acordadosem 1961 Informoua Kruchev que “os comunistas brasileirasestavan conducindo 0s seto~ res estratégicos do governo federal e preparavamese para tomar as rédeas” Prestes pintou um quadro propicio ao desencacleamento da revolugao, su- bestimand a reagdo e superestimando as meios disponiveis: - poderoso movimento de massas, mantido pelo Partido Comunistae pelo poder central: - um Exército dominado por forte movimento democratico € nacio. alist - ofictas ncionalistas € comunistas dispostos a gurantir. pela forga, um go- vero nacionalista eantimpenalsta:¢ ~luta pelas reformas de base. “No Brasil o potencial revotuciondirio é enorme. Se pega fogo nessa Sogueira, ninyuém poderd apagd-la” (disse Mikhail Suslov, idedlogo do Par- tido Comunista da Unido Soviética) A exemplode 1935, 2 revolug3o comegaria pelos quartéis. O dispositive militar seria grande trunfo, (Os comuntstas brasileiros nunca estiveram to fortes quanto em 1964. S6 que, como acontecera em 1935, Prestes transmitira a Moscou uma impressio excessivamente otimista com relaglo ao upoio militar e a0 apoio do povo. Enquanto isso, Fidel Castro, sob 0s olhos complacentes de Moscou, adian- tourecursos.a Leonel Brizola pura. insurreigio politico-militar. Em 13 de margo de 1964, foi realizado um comicio defronte &i Central do Brasil, no Riv de Janeiro, patrocinado pelo Partido Comunista Brasileiro. Naque- Iaocasido. 0 presidente anunciou umelenco de mensagens radicais a serem envi= aca ao Congress. Em tomo do palangue, guardado por soldados do Exército, (0 participantes truzidos em tren gratuitas.e Gnibus especiais, aplaudia com ban- deiras vermelhase curtazes que ndicularizavam os “ports” do Exé: No dia 19 de margo de 1964, uma das maiores demonstragdes popul- res, a Marcha da Familia com Deus pela Liberdade. percorreu as ruas de Sao Paulo, Maria Paula Cactano da Silva, uma das fundadoras da Unido Civica Feminina. foi a principal organizadora da passeata. A Marcha partiu em diregio a Catedral da Sé, com cerca de um milho de pessoas. A mani- Festagdo foi uma resposta da populagao civil ao restabelecimento da ordeme dos valores evicos ameayandos A verdude sufocada -67 “A marcha foi uma reagio a baderna que estava tomando conta do Pais. Nio podiamos deixar as coisas continuarem do jeito que estavam, sob o risco de os comunistas tomarem o po: der”, dizia Maria Paula ipl» | folha. vol com br/fsplcotidian/£T200120040 burn) ‘alava-se, abertamente, que. a partir de 1° de maio, o Brasil estaria com- pletainente comunizado. A crise econdmica, mareada por inflagao desenfreada, era favorivel i situ go revolucionsria, Os meins de comunieagao social - jamais. dios, pegustea- Inais, masicas, etc - nfiltrados por comunistas, conclamavam a subversio. Poucos dias mais tarde.em 25 de maro, um grupo de marinheiros indiscipli- nado, sob a lideranga de José Anselmodos Santos. 0"eabo" Anselmo, em um reuniio no Sindicato dos Metalingicos, no Rio de Janeiro, revoltou se. Em 30de maryo,o presidente da Repiblica compareceu. no Auionisvel Clube do Brasil, aumaassembléiaque reuniu dois mil sargentos. Ouviu, passivamente,os discursosinflamados que atentavam contrat hieraryuae dscipina mir Dias decisivos A situagio apontava para o eaos, tudo com a conivéneia de um presidente fraco, sem discerrumento, ansioso por mantero poder, custasse o que custasse: ~3 de margo de 1964 - estudantes impediram a aula inaugural do reitor da Universidade Federal da Bahia, Clemente Marian - 13 de maryo de 1964 - comicio na Central do Brasil; = 19 de margo de 1964 ~ Marcha dis Familia com Deus pela Liberdade / SP; = 25 de margo de 1964 - reuniio dos marinheiros no Sindicato dos Metalurgicos: = 26 de margo de 1964 - Marighella deca rar. pois estdé em vias de assumir 0 poder” - 30 de margo de 1964 - encerra-se. em Goitinia, o Sexto Ciclo sobre Marsismo, conduzido pelo comunista Jacob Gorender e realizado pelo DCE. com apoio da Reitoria di Universidade Federal de Goids. Jacob Gorender estivera na URSS pordois anos, voitandoem 1957; = 30 de marge de 1964 -assembléia dos sargentos, na sede do Automével ‘Clube do Rio de Janeiro, coma presenga de Goulart, que fez discurso de inci- tamento a indiseiplinace ~ 31 de margode 1964 -ocomandante da Regio Militar, sediag em Juiz MG. nicrou a mesimentagie de itopasem diregioan Riode Janet. 32: “O partido precisa se prepa- {68+ Carlos Alberto Brithante Ustra Apesar de algumas tentativas de resisténcia, 0 presidente Goulart reco- nheceu a impossibilidade de oposi¢30 ao movimento militar que o destituit, Em documento de autocrtica posterior revolugio, initulado “Esquema para Discuss20”,editado ainda em 1964, 0 Partido Comunistaafirma “..Incorremos em grave subestimagdo da forga do inimigo e no estivamos preparados para enfrentar um golpe da direita... “Acreditvamos em urna vit6ria fiel, através (sic) de um sim- ples pronunciamento do dispositive de Goulart, secundade pelo ‘movimento de massas.” bsolutizamos (sic) a possibilidade de um caminho paci- fico ¢ nio nos preparamos para cnfrentar 0 emprego da luta ar- mada pel reagdo. Ascondigdes “objetivas e subjetivas” para tomada do poder, sem nenhu- rma dvida. estavam presentes, Bastava somente um fato, politico ou nd, para ‘que as coisas se precipitassem. Era tudo questao de mais dia ou menos dia, ‘Um gigante, porém, acordou de seu sono e trouxe a reagio de que a Nao precisava. ‘Com precisio cindirgica ¢. porisso, sem derramamento de sangue, 0 Exér- Cito Brasileiro, com 0 aporo das Forgas Armadas co-irmas, party 0 Encontro dos verdadeiros anseios do povo, livrando a Nagiio dus garras dos comunistas € impondo-thes nova e acachapante derrota, Recordar os momentos da reagiio € trazer de volta emoydes que passaram aditarmeus atos. a pantr dat Tinha.a mais nftida convicgao de ter escolhido o lado certo: 0 do Brasil livre e soberano. Fontes: - TORRES, Raymundo Negro. Fascinio dos anos de chuunbo. = http:feadete.aman.ensino eb.br/histgeo/HistMildoBrasil/nov55_64 12DiasDec htm Ligas Camponesas (Os primeitos movimentos camponeses foram criados pelo PCB, na décacla de 1940, coma finalidade de mobilizar as massas rurais, No Estado de Pernambuco, as Ligas Campanesas surgiram como desdo- bramento de pequenas organizagdes de plantadores ¢ foreiros (espécic de dia- ristas) dos grandes engenhos de agticar da Zona da Mata. Em poucos anos, as LLigus espalharam-se pelos estados vizinhos, soba liderunga de Francisco Julido, deputado do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Desde o comego obtiveram 0 apoio do Partido Comunista Brasileiro e de setores da lgreja Cat6tica. Em ‘pouco tempo arregimentaram milhares de trabalhadores rurais. O crescimento de militantes e de nécleos. em nimero expressivo, estimlou suas liderangas.a prosseguir na mobilizagio para uma reforma agriria radical, que atendesse fis Teivindicagdes camponesas em seu conjunto. Em 1957, Francisco Julio visitou a URSS, A partir de 1959, as Ligas Camponesas se expandiram também, rapida- mente, em outros estados, como a Parafba, Rio de Janeiro e Parand, aumentan do impacto politico do movimento. Até 1961, 25 niicleos foram instalados no Estado de Pernambuco, princi palmente na Zona da Mata, esse mesmo ano, Julio repetiu sua visita a Unido Soviética, De todos 0s nicleos das Ligus. 0 mais importante, o mais expressivoe ode maior efetivo foi ode Supe. na Paraiba, Esse nicleo congregaria 10,000 membres. Em 1960¢ 1961 ,a8 Ligas organizaram comités regionais em 1Oestadose eriaram 0 jomal A Liga. porta-voz do movimento, que circulava entre seus, mlitantes. Tambeém nesse ano tentou criar um partido politico chamsco Movi- mento Revoluciondrio Tiradentes- MRT (Movimento que atuou na luta arma: da, no periodo pré ¢ pés-revolucionaio de 1964) No plano nacional, Francisco Julido reumiu,em tomo das Ligas, estudantes, Wealistas, visionsrios ¢ alguns intelectuars, como Clodomir dos Santos Morais, _udvogscdo, depatado, militante comunistae um dos organizadores de um malo- ‘grado movimento de guerritha em Diandpolis/Goiis em 1962 ‘A aproximagio de Francisco Julidio com Cuba foi notéria, especialmente apa viagem que realizou acompanhando Kinio Quadros ue pats, em 1960, seguido por muitos militantes, A partir dai, comou-se um entusiasta da revolu- go cuhuna e convenceu-se aadotar a guerrifha como forma de ago das Ligas Camponesas. E dessa época a iniciativa, pioneira no Brasil, de fundarem Reci tea Comité de Aporo i Revoluyo Cubana. im 30 de abril de 1961. Jover Telles, dirigente do PCB, chegou a Havana 1s Contato com as atortdaukes cuban, encaMn Central 70- Carlos Alberto Brihante Ustra 40 PCB o documento intitulado “Relat6no 3 Comissao Executivasobre minhas atividades em Cuba”, do qual destaco o seguinte trecho: curso politico- militar, levantei a questo. Estio dispostos a fazer, Mandar nomes. biografia e aguardar a ordem de embarque. Nessa mesma época, Francisco Jutido encontrava-se em Havana, tratando do apoio cubano a luta armada. Em maio, outra delegago vai a Havana participar das comemorages do _aniversério do assulto.a0 Quartel de Moncada, marco da caminhada vitoriosa da Revolugiio Cubana. A delegagao era composta por 85 panieipantes,entre eles 13 miltantes das Ligas Camponesas. que receberiam treinamento miltarem Cuba. A relacdo com Cuba, 0 apoio ao treinamento militar eo censinio politico brasileiro levaram o movimento ao seu perfodo de maior radicalizagao € cresci- mento. Os camponeses pegaram em armas e marcharam contra engenhos, apoi- ados por sindicatos, por grupos comunistas e por membros da Igreja Catélica, Nessa época, os dirigentes que orientavam as Ligas decidiram montar varios ‘campos de treinamento militar ‘No dia 4 de dezembro 0 jornal O Estado de S. Paulo noticiou 1a descoberta e desbaratamento de um campo de treinamento de ‘guerritha ei Dianépolis, Golds. em uma das tés fazendas com- pradas pelo MRT de Julio.” (TORRES. Raymundo Negro. Fascinio des Anos de Chumbo, pig. 15). A fusiio das Ligas Camponesas com a Unido dos Lavradores e Trabalbi- dores Agricolas do Brasil (ULTAB), proposta pelos comunistas em 1961, no foi aceita por Julio, pois ele temia que o PCB passasse a controli-las. Arelagaoenire Julidoe 0 PCB se deteriorou nesse ano, depois do I” Congres- so Nacional de Layradorese Trabalhadores Agricolas.em Belo Horizonte. quando atese da reforma agréria radical das Ligas derrotou as idias mais moderadas dt ULTAB. “Reforma agréria na lei ou na marr”, 3s vezes acrescido de “com flores oucom sangue”.erao lema do movimento que inpiou oMST de hoje. Ementrevista a Revista Che, de Buenas Aires. concedida durante 0 stesso, Julio declarou: ‘Nosso lema & a reforma ou revolugdo. Se negissemos a re- volusio seriamos demagogos. carentes de autenticidade. Nao te riamos 0 valor de defender nossos pontos de vista e nossa ideoto: ia, Preconizamos uma refor agriria radical, & as mawsay A verdad sfocuda -71 brasileiras. que adquirem cada vez maior consciéncia da dura re- alidade. levardo o Pafs 3 nova convulsfo social, a uma guerra civil ¢ a0 derramamento de ssngue. Seri a liquidag3o de um tipo de sociedade ¢ a instauragio de outro, Nés temos nos envolvido nes- sa futa com o fin de preparar as massas brasileiras para 0 adv to de uma sociedade nova na lei ow na marta.” jovernbro de 1962, s Forgas Armadas desarticularam va rigs campos de treinamento de gucrrlheiros. No dia 27, « queda de um Boeing 707 da Varig, quando se preparava para pousar no Acro- porto Internacional de Lima, na Peru, praporcionou comprometedo- ras informagdes sobre o apoio de Cuba 3s Ligas Camponesas. En- tre 0s passageiros estava o presidente do Banca Nacional de Cuba. ‘em cujo poder. foram encontrados relatGrios de Carlos Franklin Pai xiio de AraGjo. fitho do advogado comunista Afranio Aradjo, 0 1es- ponsivel pela compra de armas para as Ligas Camponesas.” (AUGUSTO, Agnaldo Del Nero. A Grande Menura, pig. 84 ¢ 92). Carlos Franklin Paindo de Arai (Var-Palmares) participou ativamente dos ‘movimentos subversivos ps Conira-Revolugao de 1964, Parte da entrevista de Ale: de Pernambuco de 31/03/2004): Crespo. mulher de Francisco Julido (Didrio Didrio de Pernambuco: Como foi o treinamento que a se- hora fes em Cuba? Alexina Crespo: Foi num campo de tiro ao alvo. Com ar- mas. mettalhadora... Tivemos aula também sobre curva de nivel, ue & para voe® aprender atirar de morteiro. Vocé tem que colo- ‘car no chio e caleular a curva que a bala tem que fazer para atingir oalvo. Nao era s6 gente das Ligas, havia pessoas de outros puises, DP: A senhora participow de algum encontro com Fidel em que ele falou da luta armada no Brasil? Alexina’ Eu conversava com ele. dizia 0 que nés estivamos pretendendo. Houve inclusive wim ocasido em que havia duas cor- fentes nas Ligas, do pessoal favorivel a luta armada. Uma queria dividir © Brasil assira, horizontalmente (faz 0 gesto com a mo, imostrandop, Entre Norte & Sul Outra que queria dividir assim, ide Freitas, integran- Pagueri A prope vertiealmente. Esta era aa tu als Lass vive | 72> Carlos Alberto Brihante Ustra ele era que assim seria passivel tomar as fibricas. as montadorus de automéveis, para fazer armas... DP- Julido sempre disse que foi coma a luta armada, Mas ele sabia da participagdo da senhora? Alexina: Sabia, sabia, Ele ficava, vamos dizer assim, na parte legal, institucional, os discursos e ns fiedvamos na parte clandes- tina. preparando as coisas, treinando os camponeses. DP: Os integrantes da Liga chegaram a ter armas? Alexia: Chegamas. Inclusive, quando nés comegamos a sentir que ina haver um golpe, n6s fomos pura 0 Rio. na granja de um. amigo nosso, ¢ cnterramos armas. Acho que elas ainds estio Is DP. Em que tocal foram enterradas? na: No quintal da granja. Eram muitas. Nés colocamos. vel, nocaixso. Estio Ii, enterradus. Tinha FAL (uzil), metrathadora. revélver bservagio: padre Alipio de Freitas realizou reinamentoem Cuba, Mem bro da Comissio Militar da AP, partcipou ativamente dos movimentos exroris- tas pés Contra-Revolugdo de 1964. inclusive do atentado wo Aeroporto de Guararapes. em Recife (veratentado Guararapes) io €tarefa de espectalistatragar um paralelo entre as Ligas Camponcsaseo ‘tual Movimento dos Sem-Terra.tcomegar pelo fato de que. nem um. nernoutro Batalho continava valendo pena Iutar pela causa. Pouco antes do anoitecer, no mesmo momenta ‘em que a comitiva era expulsa do quart, avanyou um grupo ar mado, comandado pelo 2 Set Venaldino Saraiva, brizolista Ferre to, em detest do Maj Nunes ¢ sua equipe. O grupa tomou posi- junto eaiva dea de ovtta tado do patio interno do quarcl, ‘em penigin Fave ii que dal iypunha de eveelenite earmp ae 110-Carlos Alberto Brilhante Usira tiro para atirar sobre o pavithdo de comando, onde estava encas- telado 0 grupo que depusera Nunes do comando, Nunes ¢ ami 0s. naquele momento, muito provavelmente ja esgueiravam-se em algum lugar procurando melhor abrigo ou buscando a fuga do quartel. Escutaram-se alguns tiros e, logo em seguida, um trande siléncio. Ja era noite escura. Naquele estado de tensd0, passou-se bom tempo, ‘Surgiu, entdo, na lateral do patio do quartel,caminhande para ‘omeio dele. uma figura estranha, Era um militar, sem divida. Ves tia uma capa ideal jogada sobre os ombros e com as mos abria-a, pareeendo um figura fantasmagérica, Parou préximo ao mastro da bandeira, bem no centro do patio e gritou: “Calma! Calma! Sou © Cel Mariano, Crt do RO ( hojel6® GACAP) e vim aqui dizer para vocés que nao ha mais motivo para briga, a revoluedo € vito- Fiosa, 0 Exército esté tomande conta de tudo no pais inteiro. Os ‘comunistas esto fugindo, o proprio presidente esta desaparecido. A revoluydo & vencedora.” Pouco a pouco o pessoal foi descende do pavilh8o de co- mando ¢ reunindo-se no meio do pitio junto a0 Cel Mariano, O grupo que havia tomado posigdo junto a caixa d’agua também desapareceu dali. Os oficiais e sargentos, brizolistas. comunis tas, esquerdistas em geral, também desapareceram no quartel Enquanto isso, os revolucionarios comemoravam. Acho que na- quela noite ninguém dormiu., Observagdo: O Sargento Venaldino Saraiva, como veremos posteriormen- ‘dos Desaparecidos Politicos”, no dia 12/05/1964, suicidou- se,apés feriratiros, dois oficiais do 19 RI Golpe ou contra-revolugao? E desconhecimento, memoria fraca ou conveniéncia classificar de golpe 0 {que na realidade foi apenas a interrupgo de um processo revolucionario de tomada do poder pelos comunistas. iniciado antes de 1960. intensificado no govemo Jango, Ohistoriador Jacob Gorender, do Partido Comunista Brasileiro Revohucio- nério (PCBR),em seu livro Combate nas Trevac, intitula 0 capitulo 8 de “Pré- revolusio e golpe preventivo”. A seguir ranscrevo opinides irefutiveis de mi- itantes que participaram da Iota armada, de jomalistas de profexsores de His- téria e de Sociologia: Nos primeiros meses de 1964 esbocou-se uma situagae pré- revolucioniria eo golpe direitista se definiu, por isso mesmo, pelo cariter contra-revolucionario preventiv imperialist entornass (GORENDER, Jacob. Comhate nas Trevas. $* edigdo, 1998). 1A classe dominante © 0 tinham sobradas razdes para agir antes que o calde Sob o titulo “Cuba Apoiou Guerrilha ja noe Governo lanio", Mario Maga- Intes, da sucursal do Rio, do jomal Foiha de Sado Paulo, edigao de 08/04/ 2001, publicouo seguinte: “Desde 0 inicio (1959), os cubanos estavam convietos de que aluta armada era o caminho da Revelugao” diz historiador Jacob Gorender Parte da entrevista de Daniel Aardo Reis Filho, publicada em O Globo de 23/09/2001 ‘As ages armadas da esquerda brasileira no devem ser ritificadas. Nem para um lado nem para 9 outro. Eu nav compar- tilho da lenda de que no final dos anos 60 ¢ no inicio dos 70 inclu sive eu) fomos o brago armado de uma resistencia democritica. Acho isso um mite surgido durante a campanha da anistia, Ao ongo do provesso de radicalizagao iniciado em 1961.0 projeto das, cesyanizagdes de esquerda que defendiam a tuts armada era re- voluct i, ofensive se implantar uma 112-Carlos Alberto Brithame Ustra ditadura revolucionria, Nao existe um sé documento dessas or- xanizagdes em que elas se apresentassem como instrumento da resisténcia democritica.” Ohservacdo do autor: em 15 de junho de 70, Daniel Aario Reis Filho foi ‘um dos quarenta militantes banidos para a Argélia, em troca do embaixador da ‘Alemanha, Atualmente ¢ professor titular de Histdria Contermpordnca da UFP. (www temuma.com,br) “Livro revelou que PCB planejava dar golpe em 1964” Malina confirma no livto que e “partidao”, com o apoio de Luis Carlos Prestes, chegou a planejar um golpe em 1964, antes dda tomada do poder pelos militares. “O ltimo seeretério” da con- tw ainda de que havia uma organizagdo militar clandestina dentro do PCB desde a Revolugdo de 30..." (MALINA, Salomiio - secretirio-geral do PCB - O Globo - (01.09.2002, dg. 12 B). Em 29/03/2004, o jomal O Globo publicou a reportagem abaixo, da qual transcrevo trechos: ‘alava-se em cortar cabeyas: essas palavray ndo eram me- tiforas” Aydano André Motta. Chico Otivio ¢ Cliudia Lamego “Um dogma precioso aos adversarios da ditadura militar nici ada a 31 de marge de 1964 esta em xeque, Novos estudos realiza- dos por especialistas no periodo - alguns deles integrantes dos grupos de oposigo a0 regime autoritério - propdiem uma mudanga explosiva, que semeia furia nos defensores de outras correntes: chamar de resistencia democritica a luta da esquerda armada na fase mais dura do regime esta errado, historicamente Falando. Falava-se em cortar cabecas. essas palavras no eram me- tiforas, Se as esquerdas tomassem 0 poder haveria, provavel- mente, a resistencia das direitas e poderia acontever um con- fronto de grandes proporgdes no Brasil - atesta Daniel Aario Reis, professor de Historia da UFF e ex-guerrilheiro do Movi- mento Revolucionario 8 de Outubro (MR-8), - Pior, haveria o que hd sempre nesses processos © no coroamento deles: favilamento © eabegas cortads, A verdade sufocada -113 “Ninguém estava pensando em reempossar Jodo Goulart” “Denise Rollemberg. mestre em Hist6ria Social da UFF, des- taca que 0 objetivo da esquerda era a ditadura do proletatiado € que a democracia era considerada um conceito burgués.” “Nao se resistiu pela democracia. pela retomada do status ‘quo pré-golpe. Ninguém estava pensando em reconstituir o sis ‘ma partidario ou reempossar Jo30 Goulart no cargo de presiden te” diz Denise, A professora explica - € Aario Reis concorda - que a ex- pressio sequer surgiu no fim dos anos 60. inicio das batalhas centre militares e terroristas.” ‘A descoberta da democracia pela esquerda se di apenas no exilio, com a leitura de fildsofos ¢ pensadores como o italiano Antonio Gramsci. “Outro participante da luta,o professor de Histéria da UFRJ, Renato Lemos, acha que é responsabilidade ética. social, poli tica e histérica da esquerda assumir suas idéias e agdes duran. tea ditadura,” “Cada ver mais se procura despolitizar a opgdo de luta ar- ‘mada numa tentativa de autocritica por no termos sido demo- cratas. Nossa atitude foi to vilida quanto qualquer outra. Havia outros caminhos. sim. Poderiamos tentar lutar dentro do MDB, ‘mas achévamos que a democracia }é tinha dado o que tinha de dar”, confirma Lemos.” Aario Reis discorda As esquerdas radicais se lanaram na luta contra a ditadura, no porque a gente queria uma democracia, mas para instaurar 0 socialismo no Pais. por meio de una ditadura revolucionaria, como cexistia na China e em Cuba, Mas, evidentemente, elas falavam em ‘esisténcia, palavra muito mais simpatica, mobilizadora. aglutinadora, sso é um ensinamento que vem dos cléssicos sobre a guerra” Professor de Sociologia da Unicamp, Marcelo Ridente argumenta ‘que 0 termo “resistencia” s6 pode ser usado se for descolado do adje- livo “democratica Jo armada ainda antes do » Francisen Julie, das “Houve grupos que planejaram a a wolpe de 19664, ease do pessoal gas 114-Carlos Allbero Brithante Ustra Ligas Camponesas. Depois de 1964, buscava-se nao s6 dermubar a ditadura, mas tambem caminhar decisivamente rume ao socialism.” Professor do Instituto de Filosofia e Ciéncias Sociais da UFRJ, autor do actamado Como eles agiam, sobre o funcionamento do regime, Carlos Fico chama de ficgdo a idéia de resistencia democritica, Ele tambx'm ataca a crenga de «quea luta armada foi uma escotha motivada pela imposigio do AL-S. “A opgao de pegar em armas ¢ anterior ao to institucional. Alguns grupos de cesquerda defenderam a radicalizayao antes de 1968 - garante ele.” Em 31/03/2004, 0 jornal O Estado de S. Paulo publicou a entrevista abai- ‘xo da qual transcrevo um trecho: “Derrotados escreveram a Historia” Estadu = O que levou ox militares ao movimento de 1964? Ruy Mesquita - Acho fandamental, para que se posss fazer uma analise objetiva e fria, sobre a chamada revoluyao de 64 = que na realidade nao foi uma revolugSo, foi uma contra-revolu: fo; ndo foi um golpe, foi um contragolpe -, situé-la no tempo politico intcmacional. No comego dos anos 60, com a vitdria de Fidel Castro e com a sua entrada no jogo do bloco soviético, 0 Foca principal da guerra fria passou a ser a América Central, 0 eenteo geogrifico das Américas. A tal ponta que ali naseeu a pri- imeira e talvez tiniea ameaya concreta ¢ iminente de ums guerra nuclear. quando em 62 houve a crise dos misseis nucleares que os russos instalaram clandestinamente no territério cubano, O isco era real, Diz-se que a historia & sempre escrta pelos vencedores. A historia do golpe de 64 foi escrita pelos derrotados.” manifestagies ¢ pronunciamentos falam porsi. Nao ha qualquer sustentagao na histéria ou nos documentos da esquerda ‘que comprove te havido um “golpe da direita” ou um “golpe militar”. Taiscon- cceitos fazem parte da mesma orquestragao em que se inchuia facia de quea cesquerda revolucion‘ria pés 1964 lutava contra a “ditadura”, Nao tenho idéia de quem urdiuiessas mentiras, mas com muita convicgdo afirmo que tudo fiz parte de um processo para desmoralizar o movimento de 31 de mango de 1964 «ede mitificar os “herdis” das esquerdas. Houve. realmente, uma Contra-Revolugio: um duro golpe contra as pre- tensdes de comunizagao do Brasil De Norte a Sul vivas 4 Contra-Revolucdo “Desde ontem se instalou no Pais a verdadeira legalidade. Legalidade que © cauditho nao quis preservar. violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade esta conosco ¢ ndo com o caudilho alia- do dos comunistas.” iorial do Jornal de Brasil ~ Rio de Janeiro - 1° de abril de 1964), “Multiddes em jabilo na Praga da Liberdade. Ovacionados © yovernador do estado ¢ chefes militares. O ponto culminante das comemoragdes que ontem se fize- ram em Belo Horizonte, pela vitéria do movimento pela paz € pela democracia foi, sem davida. a eoncentragao popular de- fronte ao Palicio da Liberdade. Toda area localizada cm frente 4 sede do governo mineiro foi literalmente tomada por enorme multidao, que ali acorreu para festejar o éxito da campanha deflagrada por Minas (...), formando uma das maiores massas humanas ja vistas nesta cidade.” (0 Estado de Minas - Belo Horizonte - 2 de abril de 1964) ‘Salvos da comunivago que celeremente se preparava, 08 br sileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos.” “Este ndo foi um movimento partidério, Dele participaram to- dos os setores conscientes da vida politica brasileira, pois guém escapava 0 -ado das manobras presidenciais.” (0 Globo « Rio de Jancito - 2 de abril de 1964), A populac0 de Copacabana saiu ds ruas. em verdadeiro car- naval, saudando as tropas do Exéreito, Chuvas de papéis picados ccaiam das janelas dos edificios enquanto o povo dava vavdo, nas ruas, 20 seu eontentamento.” (O Dia - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964), “Escorragado, amordayado e acovardado, deixou 0 poder ‘como imperative da tegitima vontade popular Sr, Jodo Belchior Marques Goulart, infame lider dos eomuno-carreiistas-nepocis- sine 116-Carlos Alberto Brilhante Ustra Um dos maiores gatunos que @ histéria brasileira ja registrou, © Sr. Jodo Goulart passa outra vez & historia, agora também como tum dos grandes covardes que ela j8 conhecen, (Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964). “A Paz Alcangada A vitoria da causa democritica abre ao Pais a perspectiva dde trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais Nao se pode, evidentemente. aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os dnimos sejam postos em fogo. Assim 0 querem as Forgas Armadas, assim o quer 0 povo brasileiro e assim deve- ra ser, pelo bem do Brasil.” (Editorial de O Pavo - Fonaleza - 3 de abril de 1964), “Ressurge a Democracial Vive a Nagdo dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos ‘os patriotas, independentemente de vinculagbes politicas, simpati- a ou epinido sobre problemas isolades, para salvar o que é essen- cial: a democracia. a lei e a ordem. Gragas & decisdo ¢ ao heroismo das Forgas Armadas que, obedientes a scus chetes. demonstraram a falta de visto dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina,o Brasil livrou-se do ‘governo irresponsivel, que insistia em arrasti-lo para rumos con- Iririos a sua vocagao e tradigdes” “Como diziamos. no editorial de anteontem. a legalidade ndo poderia ter a gatantia da subversao, a escora das agitadores, 0 anteparo da desordem. Em nome da legalidade nio seria legitimo admitiro assassinio das instituigdes. como se vinha fazendo. dian- te da Naydo horrorizada, (0 Globo Rio de Janeito - 4 de abril de 1964). ithares de pessoas compareceram, ontem, as solenidades {que marcaram a posse do marcchal Humberto Castelo Branco na Presidéncia da Repilblica © ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do ais allo sentido democratico, tal 0 apoio que obteve.” (Correia Braziliense ~ Brasilia - V6 de abril de (964), “Vibrante manifestagdo sem precedentes na historia de Santa Maria para homenayear as Forgas Armadas. ‘CingGienta mil pessoas na Marcha Civiea do Agradevimente,” (A Rucdo » Sania Maria-RS = 17 de abril de 964) A verdad sufiscada -147 Vive 0 Pais, hi nove anos, um desses periods férteis em Programas inspiragdes. zragas & transposigdo do desejo para a vontade de crescer e afirmar-s. [Negue-se tudo a essa revolugao brasileira, menos que ela ndo _moveu o Pais, com apoio de todas as classes representativas, numa ditegao que ji a destaca entre as naydes com parcela maior de responsabilidades.” (Editorial do Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - 31 de margo de 1973). ~Sabiamos. todos que estivamos na lista negra dos apétridas - ue se eles consumassem as seus planos, seriamos mortos. Sobre (98 democratas brasileiros ndo pairava a mais leve esperanga. S¢ vencidos. Uma razzia de sangue vermelha como eles, atravessa- ria © Brasil de ponta a ponta, liquidando os iltimos soldados 6a democracia. os iltimos paisanos da liberdade. © Cruzeiro Extra ~ 10 de abril de 1964 - Edigdo Historica da Revolugdo - “Saber ganhar” - David Nasser Essa mesma imprensa, hoje. faz caro aos perdedores, classificando.0 mo mento de 31 de marco de 1964 de golpe (Qua memaéria do povo brasileiro é curta, ou v6.0 que conta é o ressenti- mento esquerdista e a farsa de suas versdes. ‘Aos derrotados nao interessa que outra historia seja do conhecimento da sociedade brasileira, a que chamam de sociedade civil, excluindo as Forgas ‘Armadas desse contexto, como se nao fizessem parte da Nagao. Para eles, as manifestagdes populares de jabilo pela vitoria da Contra-Re- volugao ou 0 milhdo de pessoas na Marcha da Familia com Deus pela Liberda- de constituem ficyao da direita, Na verdade, as Forgas Armadas foram e continuam senda o pesadelo que, até hoje. povoa os sonhos dos comunista Fonte: Histéria Oral do Exército - 1964 31 de Marco - Biblioteca do Exército Editora A Contra-Revolucao e os Estados Unidos Ao longo das tltimas décadas, a esquerda brasileira tem acusado os Esta- ‘dos Unidos da América de, em conluio com nossas Forgas Armadas, ter part-

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