ZERO HORA, SBADO,

29 DE AGOSTO DE 2015
N 1.239

O ENCURTAMENTO DA
FASE EM QUE A CRIANA
BRINCA E CRIA LAOS
AFETIVOS APONTADO
COMO CAUSA DE
DIFICULDADES
EMOCIONAIS
FUTURAS

Jaqueline Sordi
jaqueline.sordi@zerohora.com.br

lexandre Magno ainda no era

o Grande mas, antes dos 13 anos,
j tinha aulas de retrica e poltica
com Aristteles, preparava-se para comandar
exrcitos e logo se tornaria rei da Macednia.
Assim como ele, em 300 a.C, milhares de
crianas assumiam responsabilidades para
alm de suas capacidades e eram tratadas
como adultos. A ideia da infncia, ento, no
existia muito menos conhecimentos sobre
este perodo da vida.
Nos anos 2000 d.C., tornou-se comum
deparar com crianas atuando como modelos,
atrizes, cantoras ou apresentadoras de
televiso, trilhando um caminho no qual
precocemente o futuro profissional j uma
preocupao sob o incentivo dos pais.
Neste sculo, entretanto, os estudos sobre a
infncia e a importncia dessa etapa para
o desenvolvimento do indivduo j estavam
esclarecidos pela cincia.
Tema controverso e pulsante nos debates
entre psiclogos, pediatras e pesquisadores,
o chamado encurtamento da infncia
motivado pelo excesso de atividades e de
obrigaes atribudas aos pequenos preocupa
especialistas de diferentes reas, e deixa os
pais sem saber como agir frente s presses
da sociedade. Depois de dcadas de estudos e
mudanas comportamentais que permitiram s
crianas terem o seu tempo de amadurecimento,
de brincar e estabelecer laos afetivos, fica a
pergunta sobre o que estaria levando a um
retrocesso nesse processo.
Devo colocar meu filho em mais de uma
atividade extracurricular? Se o colega j fala dois
idiomas, no est na hora de fazer meu filho
aprender mais um? Essas e outras questes tm
levado as crianas a ficarem sobrecarregadas
de atividades e, os pais, a exigirem cada vez
mais dos pequenos. O resultado, diferentemente
do que se pensava h algumas dcadas, no
so adultos mais preparados para enfrentar
os desafios do mundo. So pessoas com
dificuldades emocionais e, suspeita-se, tambm
distrbios biolgicos.
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