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Rio de Janeiro, 13 de Junho de 2010 +> busca avançada

Editorial

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Seções
E-Seguros ESPECIAL: CATÁSTROFES NATURAIS
Leia também nesta edição:
Notebook
Prevenir, em vez de remediar - Opiniões Aonde sonharmos chegar
Gaia sobre o caos que paralisou o Rio de - As perspectivas para o
mercado em 2010,
Colunas Janeiro em abril segundo especialistas
Antonio Carlos Teixeira
Entrevista Antonio Carlos Teixeira

Seções O período de 5 a 13 de abril foi muito difícil, triste e danoso para a cidade
e o estado do Rio de Janeiro: chuvas torrenciais, enchentes, Edições Anteriores
Comunidade Cadernos deslizamentos, engarrafamentos, caos, desespero, perdas materiais,
mortes... Edição nº 160
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Em meio a tentativas de explicar (ou de se desculpar) o que provocou ou
motivou tal situação (ocupação irregular em encostas, má conservação
das vias e sistemas de escoamento públicos, condições topográficas das
cidades, frente fria, massa de ar úmida vinda da Amazônia, descaso, etc.),
o fato é que ainda preferimos remediar em vez de prevenir.

Neste sentido, alguns profissionais associados ao setor opinaram sobre o


caos, suas causas e consequências recentemente vividos pelo estado do
Rio de Janeiro e algumas de suas principais cidades.

Eis as declarações:

É preciso acordar para a realidade

Cada vez mais o inquilino-homem está pagando pelo mau uso da casa
chamada Terra. Se não tomar cuidado, vai virar despejo puro e simples.
Aliás, em várias partes do mundo esse despejo vem sendo realizado
sistematicamente. O homem é que ainda não entendeu o processo.

Cadastre-se para No Rio de Janeiro, tudo contribuiu para que, quando as condições ideais se
receber nossa newsletter. apresentassem, um desastre de proporções catastróficas acontecesse. Os
sinais evidentes vinham se manifestando de forma individual em
ocorrências menos graves no decorrer do tempo. Como receita de bolo, ao
juntar tudo, não poderia ter acontecido outra coisa.

É tarde? É! Mas sempre se pode tomar atitudes para o futuro. Contudo, a


lição deve ter sido aprendida. Afinal de contas, não é possível que no
exterior não exista local com características semelhantes às do Rio de
Janeiro e cujos governantes não tenham implantado planos de
contingência e gerenciamento de risco. Se não dá para evitar, o negócio é
minimizar, como já ensina há muitos séculos a instituição do seguro.

Se ao brilhar o sol acharmos que o pior já foi, é fazer como a avestruz.


Enfiar a cabeça na terra e acreditar que se está a salvo – até levar um
pontapé no traseiro para acordar para a realidade.

Osvaldo Haruo Nakiri, analista de risco

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Por que não prevenir?

Para fazer choque de ordem, investe-se o que for preciso. Para fazer as
obras faraônicas do PAC, também. Para aquela desgraça, que é a tal

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Cidade da Música, dadas todas Edited by Foxit
as prioridades de Reader
uma cidade com grande
número de pessoas muito humildes, também,bye Foxit
Copyright(C) Software
poderíamos Company,2005-2008
mencionar
outras centenas de exemplos deFor Evaluation
distorções como Only.
essas.

Agora, para entrar numa favela construída irregularmente e desapropriar


os barracos, ninguém faz nada, porque os votos estão em primeiro e único
lugar.

Depois que vem a chuva, que realmente foi incrível, muito forte, resolvem
dizer que toda a responsabilidade é da natureza e dos próprios favelados,
porque resolveram morar em áreas de risco.

Na minha opinião, o estado ou município, conforme seja, pecam muito


mesmo, por omissão. Agora estão todos trabalhando, correndo contra o
tempo, mas o mal já foi causado...

Por que não prevenir, na medida em que todos sabemos que diversas
áreas da cidade alagam mesmo? Por que não desapropriar todas as
moradias em áreas de risco? Por que não ser mais eficiente na gestão do
que na captura dos votos?

Nas construções regulares, basta subir um telhado diferente para vir um


auto de infração da Prefeitura. Nas construções irregulares vale tudo, tudo
mesmo, em nome do voto...

É preciso examinar a questão de forma realista. Dizer que a natureza é a


culpada é cômodo e covarde.

Ilan Goldberg, jurista

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Não venham com desculpas!

Assistimos em São Paulo, no final de 2009 e início de 2010, chuvas sem


precedentes na história. Com elas, trânsito, enchentes, desabamentos,
árvores caídas, pessoas desabrigadas e outras mortas. Algum
ensinamento anterior evitou que a desgraça fosse maior, mas alertou que
ainda é necessário fazer mais para que a população não sofra tanto. Era
de se esperar que os governantes do Rio de Janeiro, se ainda não crédulos
das forças da natureza, apesar de todas as ocorrências que ano após ano
afetam os moradores da Cidade Maravilhosa, cuidassem para evitar esses
transtornos.

Não, isso não é e nunca foi prioridade. Prioridade é mostrar o Rio de


Janeiro para o mundo, com Copa das Confederações, Copa do Mundo,
Olimpíadas e outros megaeventos, como se isso fosse necessário, já que
este paulista que aqui escreve é um admirador daquela cidade, de beleza
rara e povo fantástico. Penso como poderia ficar o Rio de Janeiro se os 32
bilhões de reais fossem utilizados para prevenir os problemas causados
pelas ocorrências da natureza, dar um fim à violência, solucionar os
problemas da população dos morros e fazer desses morros mais um ponto
turístico, onde as pessoas se sentissem seguras de visitar.

Será que isso não geraria tanto ou mais emprego do que será gerado para
um evento efêmero que terminará em 2016 e do qual, em 2017, ninguém
mais se lembrará? Quantas pessoas se recordam de onde foram
disputados os últimos Jogos Olímpicos? Será que as ocorrências dos
últimos dias não deixaram o mundo incrédulo com a desumanidade desses
governantes Olímpicos?

Não me venham com desculpas de que foram as chuvas mais fortes dos
últimos mil anos, todos os anos vemos a mesma coisa, com maior ou
menor consequência. Talvez esteja na hora de termos para uma Cidade
Maravilhosa governantes que realmente lutem para o bem de todos.”

Marco Antonio G. Olivato, Analista do IRB Brasil Resseguros

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Falta um adequado planejamento urbano, coerente e apolítico

Os problemas que afligiram o estado do Rio de Janeiro – e que podem


voltar se as chuvas forem tão intensas quanto e chegarem com o mar em
ressaca – ocorreram devido a uma série de fatores. Ou seja, todos têm
nome e sobrenome.

Em primeiríssimo lugar vêm as autoridades constituídas, pois além de não


cumprirem a legislação existente, não fiscalizam corretamente, ou seja,

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deixam de cumprir a sua obrigação Foxit as
Reader
responsabilidades in
vigilando e in diligendum. Ressalte-se que há umaFoxit
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excelente Company,2005-2008
legislação no
For Evaluation
limbo. O Estatuto da Cidade, como Only. a Lei Federal nº
se tornou conhecida
10.257, de 10 de julho de 2001, regulamentando os artigos 182 e 183 da
Constituição Federal de outubro de 1988, representa um avanço
institucional para o tratamento da questão urbana no Brasil,
historicamente carente de diretrizes e princípios definidos de forma
articulada e integrada a nortear o desenvolvimento urbano.

Em segundo lugar vem o governo, que por absoluta falta de programas de


conscientização desorienta a população com relação às questões mais
elementares ligadas à preservação do Meio Ambiente.

Em terceiro lugar, o governo, que autoriza a construção de imóveis que


não contribuem para a melhoria das condições ambientais. Autorizam-se
prédios em lugar de casas de vila; constroem-se teleféricos em morros
onde não poderiam existir casas, e por aí segue. Muitas vezes as licenças
são casuísticas.

Em último lugar, a população, que apesar de buscar espaços para o


assentamento de suas famílias o faz de modo irresponsável, sem qualquer
percepção do risco. Aliás, diga-se de passagem, muitos têm essa
percepção, mas alegam que era o único lugar disponível.

A falta de um adequado planejamento urbano, coerente e apolítico,


permite que continuamente assistamos a sinistros dessa magnitude.
Participei recentemente de um seminário sobre Meio Ambiente promovido
pelo governo da Suécia. O palestrante disse a todos que sua capital
estabelece o planejamento urbano com uma antecedência de 50 anos. As
cidades ao redor estabelecem seus planejamentos com antecedência de
30 anos. Na hora das perguntas, questionei-o sobre como conseguiam
essa proeza. A resposta foi simples: os governantes representam a
vontade do povo. Se o povo quer, mudam-se os governantes. Os
governantes devem pensar e agir de acordo com a vontade do povo. E
completou: “Aqui planejamos para o futuro, independentemente de
partidos políticos”. Será que algum dia teremos planejamentos dessa
importância? Tudo indica que não, pois o chefe da nação e o governador
disseram a todos na televisão que os governantes eram culpados, da
mesma forma que o sofrido povo brasileiro. Será?

Em minha dissertação de mestrado, em 2004, pude observar, avaliando


populações carentes sujeitas a riscos continuados, questões como:

- 66,35% dessas pessoas declararam que os órgãos públicos não estão


preocupados com a segurança delas;

- 95,26% informaram que nunca foram procuradas pelas Assistentes


Sociais da Prefeitura;

- 70,62% declararam que é importante que a Prefeitura se preocupe com


elas.

A população, de modo geral, se sente órfã e gostaria que o governo se


preocupasse com ela – não da forma que vemos hoje, para angariar
votos, com a construção de teleféricos, mas sim oferecendo, a preço que
seja possível pagar, moradias dignas. Contudo, não adianta a edificação
de moradias dignas se não há ônibus que possam levar as pessoas ao
trabalho.

Antonio Fernando Navarro, engenheiro, Mestre em Meio Ambiente,


Doutorando em Meio Ambiente - Universidade Federal Fluminense (UFF)

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Reagir contra a inércia do poder público

A situação que o carioca passou e culminou com a morte de mais de 200


pessoas demonstra seriamente a necessidade de mudarmos conceitos,
estruturas, pensamentos e de reagirmos contra a inércia do poder público.

No caso de Niterói, sabiam claramente que ali era um lixão, e por que
deixaram fazer até rua asfaltada? Temos sérios problemas com a
topografia de nossa cidade, que é cercada de morros, e entre eles e o mar
temos a cidade.

Os projetos ambientais não são colocados em conjunto com as medidas


que são tomadas visando a acabar com essa situação. Tirar a população
da área de risco e levar para onde?

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Por que não fazer um projeto com construção de casas populares em
terrenos planos, com infraestrutura? Daí seria possível realizar um
reflorestamento dessas encostas. A Prefeitura podia perfeitamente fazer
um decreto obrigando os estabelecimentos comerciais de rua a manterem
suas calçadas limpas com o lixo recolhido, à espera da Comlurb.

A população precisa ser educada para não jogar o lixo em qualquer lugar.

A conscientização é fundamental nesse processo, caso contrário, teremos


outras catástrofes.”

Lucio Marques, presidente do CVG/RJ

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Política pública: projeto de poder e de enriquecimento pessoal

Quando criança, meus pais brincavam que a chuva era S. Pedro lavando
sua casa. A água abençoada tornava o verde mais verde, o inverno mais
aconchegante, a agricultura mais farta e o verão mais ameno, sem falar
nos alegres banhos de chuva.

O que digo para meu filho? Certamente que S. Pedro não se tornou um
mau vizinho.

As informações sobre riscos e perigos estão disponíveis e são conhecidas e


ignoradas. A polí¬tica pública se tornou projeto de poder e
enriquecimento pessoal. A grande maioria não lamenta perdas humanas,
mas perdas de votos. Para muitos, as tragédias representam
oportunidades de levantamento de recursos e demagogia.

A solução para transferência de pessoas para locais adequados e


transporte decente e para evitar novos episódios, como esse, é técnica e
pode ser dada em três meses. A partir daí, a implementação só depende
de foco e vontade.

Precisamos achar um jeito de inibir a ineficiência e tornar nossa república


idealista.”

Ricardo Villaça, diretor da AgeMcia - Inteligência Artificial e Pesquisa


Operacional

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Falta coragem para implementar medidas de prevenção

O caos que assolou o Rio de Janeiro em abril e que tem assolado várias
cidades e capitais do país, além de ser algo a se lamentar, é fruto de um
somatório de atitudes, tais como:

- negligência pública ao permitir a instalação de moradias em áreas de


risco,

- comodismo por parte da população, independente de faixa de renda, ao


se instalar com as famílias nessas áreas;

- interesses políticos com fins meramente eleitoreiros concedendo lotes de


terrenos em locais de alto risco;

- ocupação e instalação de populações migratórias;

- interesses escusos,

- utilização de terrenos e locais sem o devido preparo para instalação de


aterros e outros;

- falta de conscientização pública quanto à prevenção e mecanismos de


prevenção, dentre outros.

É bem a história de que catástrofes, sinistros e coisas ruins só acontecem


com o vizinho, nunca conosco. Porém, fatos desse tipo vêm ocorrendo
ciclicamente, produzindo ruínas, mortes e desespero. Isso é o que mais
causa revolta.

Todo mundo sabe disso, mas falta coragem para se implementar medidas
de prevenção, tais como:

- mapeamento e divulgação pública das áreas de risco, baseando-se em

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eventos passados;

- remoção de famílias dessas áreas mapeadas;

- implementação de uma cultura de prevenção em todos os sentidos,


como por exemplo, a remoção do lixo doméstico, a educação da limpeza
pública, etc.

- cobrança das autoridades do exercício de sua investidura;

- investimento público em aparelhagem para detecção de eventos


climáticos de risco;

- instalação de órgãos de "defesa civil" preventiva, quando chegarem as


épocas mais evidentes de catástrofes;

- mobilização pública de prevenção, etc., afinal, "prevenir é melhor do que


remediar", e "quem não escuta CUIDADO, escuta COITADO”;

Pensemos todos nisso!

Reinaldo S. Gonçalves, professor da Escola Nacional de Seguros –


Funenseg e consultor de negócios da Tecnologia Única (TI para seguros)

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A prevenção é uma questão humanitária

A tragédia que assolou o Rio de Janeiro evidencia o descaso dos nossos


governantes em estabelecer políticas públicas preventivas.

Os eventos decorrentes das forças da natureza são realmente inevitáveis,


porém suas consequências podem e devem ser minimizadas. É triste
dizer, mas vivemos em uma sociedade anestesiada pela inversão de
valores, onde o necessário não convém e o que convém acaba sendo
desnecessário.

Retirar as pessoas que vivem penduradas em morros, encostas e lixões é


algo necessário, mas causa desgaste político e antipatia perante os
retirados. Por outro lado, viabilizar a distribuição de água e luz para essas
pessoas pode garantir preciosos votos na próxima eleição. Dessa forma,
as comunidades carentes encontram guarida e acabam fixando moradias
em locais impróprios, arriscados e vulneráveis.

Já que a prevenção não é prioridade para o poder público, a sociedade


civil deve se organizar e buscar meios alternativos, como a criação de
comitês comunitários para ‘fiscalizar’ o cumprimento dos códigos de
construção e ocupação.

A prevenção é uma questão humanitária.

Sérgio Rangel, Consultor Sênior, Mirador Assessoria Atuarial

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Pelas declarações e opiniões dos profissionais, constata-se que já está


mais do que na hora de a nossa sociedade trocar a “remediação” pela
“prevenção”.

E prevenção tem tudo a ver com o mercado de seguros.

Prevenir, em vez de remediar: o caminho é por aí.

Antonio Carlos Teixeira


Jornalista, Editor da Revista Cadernos de Seguro
antonio@funenseg.org.br

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