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Concluso Constitucional
Cristiano Chaves de Farias
1. COLOCAO DO PROBLEMA. A afirmao da legitimidade ministerial
para a propositura da ao de alimentos, na qualidade de substituto
processual, apresenta relevantes contornos. Primus, em face da dificuldade
de acesso justia, propiciada, em muito, pelas altas custas processuais e
pela demora do processo. Secundus, por conta da dificuldade em constituir
um advogado em muitas comarcas do interior de nosso pas. Tertius, por
conta do lamentvel desprestgio das Defensorias Pblicas, que ainda no
mereceram o aparelhamento necessrio para viabilizar o acesso justia. E,
no fossem suficientes os argumentos, por conta da natureza indisponvel
do direito material subjacente, enquadrando a hiptese na moldura do
art. 127 da Lei Maior.
Exatamente por isso, a legitimao ministerial para os alimentos alcana,
por igual, a propositura da execuo de alimentos (bem como de eventual
ao revisional), mesmo nas causas em que o MP no promoveu a ao de
alimentos antecedente ou nas quais os alimentos decorreram de acordo
extrajudicial, referendado pela Defensoria Pblica ou pelos advogados dos
transatores.
Resta, ento, vencer o retrgado posicionamento no sentido de que a
substituio processual por parte do MP para o aforamento da ao de
alimentos dependeria da existncia de situao de risco da criana ou
adolescente.
2. SEDE CONSTITUCIONAL DA LEGITIMIDADE DO MP PARA A DEFESA
DOS INTERESSES INDISPONVEIS (ART. 127). O Estado destaca um de
seus rgos para atuar na efetivao da proteo de toda a coletividade,
velando pelo respeito ordem jurdica e pelos interesses de cunho social, e
por aqueloutros que, pela sua prpria natureza, merecem tutela especial (por
integrarem a prpria personalidade humana) os chamados interesses
indisponveis. Dessa maneira, tornou-se o MP um especfico rgo de
atuao, essencial funo jurisdicional (como agente ou interveniente), em
causas que versem sobre interesses de ordem social (difusos ou coletivos)
ou mesmo de interesses privados indisponveis.
E um exemplo significativamente eloquente dessa legitimao ministerial
para a defesa dos interesses individuais indisponveis , justamente, ao de
alimentos na qual o rgo atua em juzo com vistas a garantir o direito
constitucionalmente assegurado vida, integridade fsica e psquica e,
principalmente, dignidade humana (art. 1, CF).
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