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ABSTRACT – This article presents the reservoir design for the rainwater use in a residence in
Flores da Cunha city. Two different design methodologies were analyzed, and later the volumes
were compared with the Urban Master Drainage Plan ordinance of the city, for on-site detention.
The reservoirs designed were simulated for a 58 years data of rainfall, and some results are
presented with the intention of supplying some indicative on the efficiency of the employed
methodologies in the design. Also some commercial volumes of reservoirs were analyzed and the
capacity of the same ones in guaranteeing the supply of water to the residence. Finally, a simplified
analysis of the medium economy was accomplished with the consumption of water.
1
FURG Fundação Universidade Federal do Rio Grande – Acadêmica em Engenharia Civil. Rua Padre Nilo Gollo, 29 apt202. Rio Grande – RS CEP
96203-270. (53) 99111252. anarobvs@yahoo.com.br
2
FURG Fundação Universidade Federal do Rio Grande - Setor de Hidráulica e Saneamento - Departamento de Física. Av. Itália km 8/sn. Rio
Grande/RS. rutineia@gmail.com
INTRODUÇÃO
A água é um produto precioso essencial para a sobrevivência do ser humano. Com o aumento
da população mundial a demanda pela água vem aumentando, elevando, conseqüentemente o valor
agregado ao produto. Ao mesmo tempo, a degradação na qualidade da água dos rios, utilização da
mesma para irrigação, poluição crescente, etc, coloca em risco a oferta de água de qualidade e
quantidade e desejáveis para o consumo humano. Todos estes fatores apontam para a necessidade
de provocar mudanças na cultura brasileira, quanto ao uso de água, a necessidade de mais recursos e
investimentos para evitar desperdícios e perdas.
Normalmente uma empresa pública ou privada, faz o tratamento e distribuição da água
potável. Sabe-se, no entanto, que nem toda a água utilizada precisa, necessariamente, ser tratada.
Podem ser citados alguns exemplos como, irrigação, lavagem de carros, limpeza de pisos, descarga
de bacia sanitária, máquina de lavar roupa ,etc., onde não é necessário o uso da água tratada.
Portanto, a água utilizada para esses fins poderia ser proveniente, por exemplo, de uma captação
direta de um rio, poço e a coleta da água de chuva, diminuído consideravelmente as despesas com
esse serviço. O aproveitamento da água de chuva para o abastecimento é uma alternativa para o
Programa de Gestão dos Recursos Hídricos.
No caso da utilização de água da chuva, geralmente é feita a captação da precipitação que
incide sobre uma superfície impermeável (normalmente telhado) e o armazenamento é feito em
reservatórios ou cisternas. Esse armazenamento traz vantagens, não somente econômicas ao
usuário, mas também sob o ponto de vista qualidade ambiental e de controle de enchentes urbanas,
uma vez que essa água não é mais lançada na rede de drenagem pluvial.
Nesse sentido, algumas cidades brasileiras que passaram pelo processo de implementação de
um Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDrU) vêm exigindo que novos empreendimentos
construam um sistema para o controle do aumento das vazões gerado pela impermeabilização. Os
próprios PDDrU sugerem que sejam instalados, entre outras estruturas, reservatórios para o
armazenamento temporário das águas da chuva, como é o caso das cidades de São Paulo, Porto
Alegre, Rio de Janeiro, Caxias do Sul, entre outras.
Além da atual obrigatoriedade nas cidades onde já existem PDDrU, no Brasil existem
algumas iniciativas isoladas no sentido da coleta e utilização da água da chuva. Por exemplo, na
região Nordeste do Brasil, a população que sofre com a escassez da água “acostumou-se” a
armazenar em cisternas a água da chuva. Outro exemplo, como um posto de gasolina em
Uberlândia, cujo proprietário capta água da chuva de um telhado de 90 m2 e conduz para um
reservatório de 30.000 l para posterior lavagem de veículos é citado por Ferreira (2003).
Supermercados também vêm tornando cada vez mais freqüente o armazenamento da água da chuva
para a limpeza de áreas como pisos entre outros.
Com a finalidade de explorar o tema apresentado, e verificar a possibilidade da utilização de
um reservatório que capta a água da chuva para abastecimento doméstico, esse trabalho vem sendo
desenvolvido. Nesse artigo são apresentadas análises preliminares da comparação de duas
metodologia para o dimensionamento de reservatórios para o armazenamento da água da chuva.
Além do dimensionamento, o funcionamento do reservatório também foi testado por meio de
simulação a partir de uma série com 58 anos de dados de precipitação observada. É apresentada
também uma análise simplificada da economia média que teria sido realizada ao final de um ano na
residência, caso a água da chuva fosse utilizada para fins como descarga de bacia sanitária,
irrigação de jardim, lavagem de veículos e limpeza em geral.
LOCAL DE ESTUDO
O local de estudo foi uma residência a ser construída no município de Flores da Cunha, visto
que o próprio proprietário manifestou interesse no estudo, e na possibilidade de implantação do
reservatório em sua residência. O local também foi interessante sob o ponto de vista de legislação
quanto à disposição das águas da chuva, já que a cidade atualmente dispões de um PDDrU, que
regulamenta o controle do escoamento na fonte. Esse fato permitiu uma comparação posterior, visto
que provavelmente seria solicitado ao proprietário a colocação da estrutura de controle do
escoamento no lote durante a construção.
Assim, foram levantados os dados básicos com relação à residência a ser construída. A área
total do lote de 330,60 m2, com uma área total a ser construída 140,2 m2; o restante da área no
interior do lote é uma superfície permeável (jardim), conforme a figura 1. As dependências na
residência são dois dormitórios, um banheiro, um lavabo, uma cozinha, área de serviço, sala
jantar/estar e garagem para um carro. A residência tem caráter unifamiliar e a previsão é de que a
mesma seja ocupada por 4 pessoas.
Para fins de utilização da água da chuva, o reservatório foi inicialmente pensado para
armazenar o volume de chuva proveniente do telhado, que tem uma área superficial de 139,28 m2.
A declividade do telhado é de 37 % e a água coletada é conduzida diretamente ao reservatório por
meio de calhas coletoras. Para a redução dos custos com relação à operação do reservatório, foi
pensado em executá-lo de forma elevada, para que a distribuição d’água fosse feita por gravidade.
Nesse trabalho não são apresentadas as estruturas hidráulicas necessárias no caso da utilização
desse reservatório, visto que deverá possuir sistema de distribuição independente do reservatório
que receberá água potável. Aqui são analisados apenas critérios relacionados ao dimensionamento
da estrutura.
Jardim
METODOLOGIA
Após a quantificação do consumo de água a ser suprido pela água da chuva (para os fins
especificados nesse trabalho), foram encontrados os seguintes valores: demanda de água de chuva
foi de 10.131 l/mês; portanto, a demanda diária de água é de 337,70 l/dia.
Dimensionamento do reservatório
A seguir são descritas brevemente as metodologias utilizadas para o dimensionamento do
reservatório, como os volumes encontrados.
1) Dimensionamento do reservatório baseado na analise estatística dos períodos de seca
(Kobiyama e Hansen, 2002).
O procedimento para o dimensionamento do reservatório através do uso desta metodologia,
consiste primeiramente na seleção de postos pluviométricos existentes no local. Para atender a esta
condição foi buscado junto ao site da Agencia Nacional de Águas (ANA, 2005) todos os postos
existentes próximos à cidade de Flores da Cunha com series longas (pelo menos 40 anos de dados),
conforme recomendam os autores do método. Foram selecionados três postos pluviométricos:
2851024, 2851003 e 2851021. O primeiro posto com série de 58 anos, o segundo com 43 anos e o
último com 56 anos de dados.
Foram analisadas as séries de forma a identificar o número máximo de dias consecutivos
sem chuvas em cada ano. Segundo Kobiyama e Hansen (2002) os dias com menos de 1,0 mm/dia
de precipitação foram considerados sem chuva. Posteriormente foi ajustada a distribuição estatística
de Gumbel aos dados. Foram selecionados, para cada um dos postos, o número máximo de dias
secos para os tempos de retorno de três anos (recomendado por Kobiyama e Hansen, (2002)), cinco
anos e dez anos, conforme a tabela 3:
Tabela 3 – Número de dias consecutivos sem chuva para diferentes tempos de retorno (TR)
Posto TR 3 anos TR 5 anos TR 10 anos
2851003 24.5 29.5 36.5
2851021 23 26 29.5
2851024 22 26.5 29.5
Simulação do reservatório
Após o dimensionamento dos reservatórios pelas diferentes metodologias foram simulados de
forma simplificada, conforme a equação 2.
Vt = Vt −1 + Pt .A − D (2)
onde: Vt é o volume disponível no reservatório no dia (m3); Vt-1 é o volume disponível no
reservatório no dia anterior (m3); Pt é a precipitação observada no dia (m); A é a áreas superficial do
telhado (m2); D é o consumo diário estimado de água (m3).
A simulação foi realizada para todo o período de dados da série do posto 2851003 (20.928
dias), considerando uma hipótese da existência do reservatório durante esses anos. O objetivo da
simulação foi a análise, a partir de dados reais, da possibilidade de não atendimento da demanda
pelo esvaziamento do reservatório (quantificação do número de dias em que o reservatório
permaneceu vazio). Além dessa análise foram quantificados os dias em que houve vertimento
parcial do volume afluente ao reservatório.
A análise do número de dias em que o reservatório fica vazio é extremamente importante, à
medida que o proprietário da residência deverá prever um sistema auxiliar para o suprimento de
água. A simulação também foi utilizada para fazer uma avaliação sobre o desempenho dos
reservatórios dimensionados pelas duas metodologias.
RESULTADOS
10.00 0
9.00 100
8.00 200
7.00 300
Volume armazenado (m3)
5.00 500
4.00 600
3.00 700
2.00 800
1.00 900
0.00 1000
1/1/1990
1/5/1990
29/8/1990
27/12/1990
26/4/1991
24/8/1991
22/12/1991
20/4/1992
18/8/1992
16/12/1992
15/4/1993
13/8/1993
11/12/1993
10/4/1994
8/8/1994
6/12/1994
5/4/1995
3/8/1995
1/12/1995
30/3/1996
28/7/1996
25/11/1996
25/3/1997
23/7/1997
20/11/1997
20/3/1998
18/7/1998
15/11/1998
15/3/1999
13/7/1999
10/11/1999
9/3/2000
7/7/2000
4/11/2000
Data
COMENTÁRIOS
A atual tendência é que a maioria das cidades brasileiras venham a desenvolver seus Planos
Diretores de Drenagem Urbana (PDDrU), e passem a exigir da população a implementação de
estruturas de controle do escoamento superficial. Entre as soluções propostas, encontra-se a
possibilidade de utilização do reservatório para o armazenamento das águas pluviais e
amortecimento das vazões de pico. Muitas vezes, a obrigatoriedade de implementação do
reservatório pode ser vista com “maus-olhos” pelo proprietário do lote ou loteamento; no entanto,
se esse tipo de estrutura for concebido de forma a gerar benefícios econômicos ao empreendedor, a
implementação passa a ser vista não só como uma obrigação e penalização, mas como fonte de
economia.
Nesse artigo, mostrou-se que se a cidade de Flores da Cunha já houvesse aprovado o decreto
do controle do escoamento na fonte, o proprietário da residência analisada deveria prever a
construção de um reservatório com 6 m3 de capacidade. Esse volume de armazenamento poderia
garantir o abastecimento da residência (bacia sanitária, irrigação de jardim, lavagem de veículo e
limpeza geral), e ainda armazenar água suficiente para um período de até 17 dias consecutivos sem
chuva, conforme apresentado na tabela 5. O uso da água da chuva representaria uma economia
significativa ao proprietário, uma vez que ele passaria a comprar água tratada apenas para os usos
mais nobres (alimentação, higiene, etc.).
Com relação aos dois métodos utilizados para o dimensionamento, e considerando 10 anos de
tempo de retorno, pode-se dizer que o método apresentado por Kobiyama e Hansen (2002) foi
adequado. O reservatório não foi super-dimensionado, visto que o número de vertimentos não foi
considerável (cerca de 12%), e foram raras as vezes em que o mesmo ficou vazio (cerca de 2% dos
dias), quando simulada a série de precipitação de 58 anos. Já o reservatório dimensionado através
da transformação chuva-vazão apresentou grande número de falhas para o abastecimento domiciliar
(cerca de 37%). Para o ano de 1985, que apresentou a estiagem mais longa da série, o número de
dias consecutivos em que os reservatórios ficaram vazios foi de 45 e 82 dias, respectivamente.
Com relação aos volumes de armazenamento necessários, verificou-se que para um tempo de
retorno de 10 anos, o volume (12,32 m3) determinado pelo método do número de dias consecutivos
sem chuva é aproximadamente o dobro do volume (6,6 m3) encontrado através da transformação de
chuva em vazão. Mesmo quando comparado com o volume (8,27 m3) determinado para 3 anos de
tempo de retorno (método dos dias consecutivos sem chuva), a transformação chuva-vazão forneceu
volume inferior ao encontrado.
Uma análise econômica para o ano de 2002 mostrou que o proprietário utilizando quaisquer
dos volumes de reservatórios (dimensionados para 3, 5 e 10 anos de TR), teria economizado R$
287,00 (duzentos e oitenta e sete reais) ao final do ano – com base em valores atuais, praticados
pela CORSAN (Companhia Riograndense de Saneamento, 2005), visto que nesse ano não
ocorreram dias de esvaziamento.
Considerando que o custo médio de um reservatório de fibra com capacidade para 1000 litros
é de aproximadamente R$ 200,00 (duzentos reais), o custo de cada m3 somente de armazenamento
seria pago em aproximadamente 1,5 anos. Portanto, o investimento para a aquisição de um
reservatório dimensionado para 10 anos de tempo de retorno seria pago em cerca de 9 anos (com o
atual sistema tarifário). Caberia ao proprietário decidir, nesse caso, qual a expectativa do retorno de
seu investimento.
Não foram quantificados nesse trabalho, dado seu caráter preliminar, os custos relacionados
com a instalação dos sistemas hidráulicos, incluindo o reservatório. A análise posterior será
realizada no sentido de quantificar os custos envolvidos com a implementação da estrutura na
residência.
BIBLIOGRAFIA
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TOMAZ, Plínio. 2000. Previsão de consumo de água: Interface das instalações prediais de água
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