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Coisa julgada é a indiscutibilidade do conteúdo de determinadas decisões judiciais. É a estabilidade que a norma jurídica individualizada, contida na sentença, adquire.
Coisa julgada é a indiscutibilidade do conteúdo de determinadas decisões judiciais. É a estabilidade que a norma jurídica individualizada, contida na sentença, adquire.
Coisa julgada é a indiscutibilidade do conteúdo de determinadas decisões judiciais. É a estabilidade que a norma jurídica individualizada, contida na sentença, adquire.
Conceito Coisa julgada a indiscutibilidade do contedo de determinadas decises judiciais. a estabilidade que a norma jurdica individualizada, contida na sentena, adquire. Essa indiscutibilidade da norma individualizada uma indiscutibilidade dentro e fora do processo em que a norma foi criada. A isso tudo se chama coisa julgada, mas alguns autores preferem chamar isso tudo de coisa julgada material para contrapor coisa julgada formal. Mas o assunto coisa julgada, na verdade, coisa julgada material. Coisa julgada formal para a maioria, a precluso da deciso, ou seja, a deciso se torna indiscutvel dentro do processo em que foi proferida. Qualquer deciso pode ficar indiscutvel pela coisa julgada formal, mas nem toda se torna indiscutvel pela coisa julgada material. Observao: h um autor que tem uma compreenso diversa sobre coisa julgada formal (Luiz Mouro); para Mouro, coisa julgada formal a coisa julgada das decises terminativas, das decises sem exame de mrito. Para ele, coisa julgada formal aquilo que estudamos que est previsto no artigo 268 do CPC que veda a repropositura de algumas demandas cujo processo se extinguiu sem exame de mrito. Isso seria coisa julgada formal para o autor citado. Coisa julgada material, para ele, seria a coisa julgada das decises de mrito. Mas essa no a concepo majoritria.
Coisa Julgada Material
Pressupostos da Coisa Julgada Para que haja coisa julgada, alguns pressupostos devem ser preenchidos: 1. preciso que haja deciso de mrito, s decises de mrito fazem coisa julgada. Decises de mrito podem ser sentenas ou interlocutrias. 2. preciso que se trate de decises em cognio exauriente, cognio exaustiva, no sejam decises provisrias como as liminares, no se fundem em cognio sumria. 3. Para que haja coisa julgada material, preciso que haja coisa julgada formal. Efeitos da Coisa Julgada A coisa julgada produz trs efeitos:
1. Efeito Negativo da Coisa Julgada a coisa julgada impede
nova deciso sobre o que j foi decidido. Aquilo que j foi decidido no pode ser decidido de novo. 2. Efeito Positivo da Coisa Julgada s vezes, se prope uma demanda baseado em uma coisa julgada, o fundamento dela uma coisa julgada, a coisa julgada causa de pedir dessa demanda. Ex: prope-se uma ao de investigao de paternidade e, tempos depois, prope-se a ao de alimentos com fundamento naquela primeira deciso. Quando a coisa julgada utilizada como fundamento de uma demanda, ela produz o seu efeito positivo que o seguinte: o juiz da segunda demanda ter de levar em considerao a coisa julgada. 3. Efeito Preclusivo da Coisa Julgada (ou eficcia preclusiva da coisa julgada) a coisa julgada torna preclusa a possibilidade de alegarmos qualquer coisa que poderia ter sido alegada para o acolhimento ou a rejeio do pedido, mas no foi alegada. Aquilo que se poderia alegar e no alegou, no pode mais alegar. Frase sobre isso: O que era deduzvel e no foi deduzido, considera-se deduzido e repelido. A eficcia preclusiva impede que se discuta outra vez o mesmo tema. Artigo 474, CPC: Art. 474. Passada em julgado a sentena de mrito, reputar-se-o deduzidas e repelidas todas as alegaes e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como rejeio do pedido. Coisa Julgada e Relaes Jurdicas Continuativas Relaes jurdicas continuativas so as relaes que se prolongam no tempo, como as relaes de famlia, as tributrias e as previdencirias. Muitos pensam que as sentenas que envolvam esse tipo de relao no fariam coisa julgada, haja vista a natureza da relao que poderia ser revista por fatos futuros, que o que acontece com a sentena de alimentos. Mas isso um erro crasso, um erro imperdovel! Nesses casos h coisa julgada normalmente. A coisa julgada opera com o passado, com aquilo que foi julgado. Fatos futuros no tm nada a ver com a coisa julgada. Fatos posteriores coisa julgada podem rever a coisa julgada, ele d ensejo a uma nova situao, nova demanda, que exige uma nova deciso. H, portanto, coisa julgada! uma coisa julgada rebus sic stantibus, ou seja, enquanto as coisas assim permanecerem. Outro exemplo: Smula 239 STF Deciso que declara indevida a cobrana de imposto em determinado, exerccio no faz coisa julgada em relao aos posteriores. Essa smula mal redigida, pois induz a pensar que no haveria coisa julgada; no far coisa julgada em relao aos posteriores se houver mudana de um ano para o outro. Se a relao for a mesma, se nada mudou, claro que a coisa julgada vale para o outro ano.
Regime Jurdico da Coisa Julgada (como ela se estrutura
juridicamente) preciso identificar, no estudo do regime jurdico da coisa julgada, trs aspectos: 1. Limite Objetivo da Coisa Julgada a pergunta que traduz esse conceito : o que se torna indiscutvel pela coisa julgada? Fica indiscutvel o dispositivo da deciso, o contedo, a norma individualizada. A fundamentao no faz coisa julgada, a coisa julgada recai somente sobre o dispositivo, a norma individualizada. Indispensvel rever duas coisas neste tpico: distino entre coisa julgada e eficcia do precedente, e o problema da coisa julgada e questes prejudiciais; ambos temas j estudados. 2. Limites Subjetivos da Coisa Julgada aqui se quer saber quem se submete coisa julgada? Aqui, h trs possveis regimes jurdicos da coisa julgada no que diz respeito aos limites subjetivos. Os limites subjetivos podem ser um de trs: a. Inter Partes a regra (art. 472, CPC). S vincula quem participou do processo. b. Ultra Partes a coisa julgada que vincula terceiro. o caso da coisa julgada oriunda de processos conduzidos por um substituto processual, ela atinge o substitudo. c. Erga Omnes a coisa julgada que vincula todos. , por exemplo, a coisa julgada na ADI, ADC e ADPF. 3. Modo de Produo aspecto traduzido pela pergunta: quando h coisa julgada? O modo de produo da coisa julgada pode ser um de trs: a. Pro et contra a coisa julgada vai acontecer qualquer que seja o resultado da causa, procedente ou improcedente. Essa a regra do nosso ordenamento. b. Secundum Eventum Litis a coisa julgada que ocorre s em um resultado; depende do evento da lide, do resultado da causa para que haja coisa julgada. o que ocorre com a coisa julgada penal, por exemplo. Esse modo de produo muito criticado no processo civil por desequilibrar as partes. c. Secundum Eventum Probationis quando se diz que a coisa julgada secundum eventum probationis, o que se quer dizer que, se a deciso for de improcedncia por falta de provas, no haver coisa julgada. A improcedncia por falta de provas no far coisa julgada. Esse regime muito prestigiado hoje; o regime de coisa julgada nas aes coletivas, na ao popular e no MS (como s posso
produzir prova documental em MS, pode ser que o
juiz conclua que no foi provado o que se alegou; numa situao como essa, seria muito injusto se tivesse coisa julgada contra o impetrante s h coisa julgada no MS se o juiz disser que est tudo provado, independente do resultado). Instrumentos de Reviso da Coisa Julgada O direito brasileiro tem um sistema de reviso da coisa julgada muito rigoroso. A coisa julgada no absoluta, indestrutvel. uma situao que pode ser revista sob certas circunstncias. O mais importante instrumento de reviso da coisa julgada no Brasil a ao rescisria. A ao rescisria, prevista no artigo 485 do CPC, caracteriza-se por ser uma ao que permite a reviso da coisa julgada num prazo de dois anos, por razes de justia ou razes formais. Ela bastante ampla. O segundo instrumento de reviso da coisa julgada a querela nullitatis. A querela nullitatis tem duas caractersticas: Ela no tem prazo; s para questo formal. a situao especfica de sentena proferida contra pessoa no citada. um vcio to grave que justifica a reviso da deciso a qualquer tempo. Uma terceira forma de reviso da coisa julgada a correo de erro material. Erro material pode ser corrigido a qualquer tempo, pode, inclusive, ser corrigido ex officio. Um exemplo de erro material o erro de clculo. O quarto instrumento de reviso no tem um nome especfico. a reviso de deciso fundada em lei, ato normativo ou interpretao, tidos pelo STF como inconstitucionais. Essa reviso est prevista nos artigo 475-L, p. 1 e 741, pargrafo nico, CPC. Isso vai ser estudado em execuo. A quinta forma de reviso da coisa julgada a possibilidade de reviso da coisa julgada por denncia de violao Conveno Americana de Direitos Humanos. Relativizao da Coisa Julgada A relativizao da coisa julgada pretende que a coisa julgada seja revista por outros instrumentos distintos daqueles visto acima. Que instrumentos seriam esses? Qualquer instrumento, o que importa que a injustia no poderia prevalecer. Os adeptos dessa corrente dizem que a injustia manifesta pode ser revista a qualquer tempo e por quaisquer meios. A coisa julgada no pode perpetuar o mal. Decises manifestamente injustas, manifestamente equivocadas, podem ser revistas a qualquer tempo e por qualquer meio.
A relativizao da coisa julgada pretende, portanto, a reviso
atpica da coisa julgada, com base no princpio da justia, da proporcionalidade. So adeptos dessa concepo: Candido Dinamarco, Humberto T. Jnior, Jos Delgado. essa concepo que tem justificado decises, por exemplo, que permitem que se discutam eternamente as decises de investigao de paternidade proferidas h muitos anos; que se diminuem valores de desapropriao fixados muito altos; que se diminui o valor das multas coercitivas. O problema que se levarmos s ltimas conseqncias essa teoria, teria acabado a coisa julgada. Essa corrente encontra resistncia em muitos doutrinadores. Os expoentes desse contra-movimento relativizao da coisa julgada so: Nelson Nery, Ovdio Baptista, Marinoni, Barbosa Moreira. Na doutrina, prevalece o entendimento de que a coisa julgada pode ser revistas, mas por instrumentos tpicos. H, todavia, diversas decises do STJ relativizando atipicamente a coisa julgada.