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VIAGEM SOMBRA

Rio de Janeiro , 1938

Tua casa sozinha lassido infinita dos devaneios, dos segredos. Frocos verdes de
perfume sobre a malva penumbra (e a tua carne em pianssimo, grande gata branca de
fala moribunda) e o fumo branco da cidade inatingvel, e o fumo branco, e a tua boca
spera, onde h dentes de inocncia ainda.
s, de qualquer modo, a Mulher. H teu ventre que se cobre, invisvel, de odor martimo
dos brigues selvagens que eu no tive; h teus olhos mansos de louca, louca! e h tua
face obscura, dolorosa, talhada na pedra que quis falar. Nos teus seios de juventude, o
rudo misterioso dos duendes ordenhando o leite plido da tristeza do desejo.
E na espera da msica, o vaivm infantil dos gestos de magia. Sim, dana! o colo que
aflora oferecido a melodiosa recusa das mos, a anca que irrompe carcia o ungido
pudor dos olhos, h um sorriso de infinita graa, tambm, frio sobre os lbios que se
consomem. Ah! onde o mar e as trgicas aves da tempestade, para ser transportado, a
face pousada sobre o abismo?
Que se abram as portas, que se abram as janelas e se afastem as coisas aos ventos. Se
algum me ps nas mos este chicote de ao, eu te castigarei, fmea! Vem, pousa-te
aqui! Adormece tuas ris de gata, dana! teu corpo barroco em bolero e rumba.
Mais! dana! dana! canta, rouxinol! (Oh, tuas coxas so pntanos de cal viva,
misteriosa como a carne dos batrquios...)
Tu que s s o balbucio, o voto, a splica oh mulher, anjo, cadver da minha angstia!
s minha! minha! minha! no ermo deste momento, no momento desta sombra, na
sombra desta agonia minha minha minha oh mulher, gara mansa, resto
orvalhado de nuvem...
Pudesse passar o tempo e tu restares horizontalmente, fraco animal, as pernas atiradas
dor da monstruosa gestao! Eu te fecundaria com um simples pensamento de amor, ai de
mim!
Mas ficars com o teu destino.

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