Versos De Natal

(Manuel Bandeira)

Carto de Natal
(Joo Cabral de Melo Neto)

Espelho, amigo verdadeiro,

Tu refletes as minhas rugas,

Pois que reinaugurando essa criana

Os meus cabelos brancos,

pensam os homens

Os meus olhos mopes e cansados.

reinaugurar a sua vida

Espelho, amigo verdadeiro,

e comear novo caderno,

Mestre do realismo exato e minucioso,

fresco como o po do dia;

Obrigado, obrigado!

pois que nestes dias a aventura

parece em ponto de vo, e parece

Mas se fosses mgico,

que vo enfim poder

Penetrarias at o fundo desse homem

triste,

explodir suas sementes:

Descobririas o menino que sustenta esse

homem,

que desta vez no perca esse caderno

O menino que no quer morrer,

sua atrao nbil para o dente;

Que no morrer seno comigo,

que o entusiasmo conserve vivas

O menino que todos os anos na vspera do

Natal

suas molas,

Pensa ainda em pr os seus chinelinhos

atrs da porta.

e possa enfim o ferro

comer a ferrugem
o sim comer o no.