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João Gratuliano
http://pensamentosistemico.wetpaint.com/
2010
Linguagens Sistêmicas
A vantagem em se ter uma linguagem está no fato de que com ela é possível apreciar, descrever e
registrar, os fenômenos observáveis, especialmente os organizacionais, facilitando a compreensão das
forças e interrelações que moldam o comportamento dos sistemas. (SENGE, 1990).
O processo utilizado pela dinâmica de sistemas pode ser resumido em sete passos: identificação e
definição do problema, conceitualização sistêmica, formulação do modelo, análise do comportamento
do modelo, avaliação do modelo, análise de políticas e utilização ou implementação do modelo.
(RICHARDSON, 1981).
A linguagem que será abordada neste capítulo é qualitativa, representada por ciclos de causalidade ou
Diagramas de Loop de Causalidade (DLC), recomendada para o segundo passo do processo,
conceitualização sistêmica, por sua simplicidade de representação, de compreensão e de rapidez de
construção. A outra linguagem pode ser aplicada de forma quantitativa e qualitativa, representada por
estoques e fluxos ou Diagramas de Estoque e Fluxo (DEF), recomendada a partir do terceiro passo em
diante do processo. Esta permite tanto a representação do problema como a implementação e simulação
computadorizada, através do uso de parâmetros e fórmulas matemáticas. Só abordaremos o DEF no
módulo 2 deste curso, previsto para o início de 2010.
Diagramas de loop de causalidade são instrumentos muito úteis para a compreensão de sistemas simples
e complexos, especialmente quando se trata de complexidade causada pela dinâmica das relações entre
as variáveis envolvidas e não simplesmente pela complexidade de detalhes ou estática.
Aplica-se DLC em uma grande variedade de sistemas, desde sistemas biológicos ou físicos até
organizacionais ou sociais. Uma das suas grandes contribuições está em mostrar como a alteração em
uma variável pode impactar nas demais e principalmente como ela pode retroalimentar-se através de
ciclos de feedback.
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Fator B (Direta)
Indicação de tempo
Fator A (Relação de
m prolongado entre Causa Efeito
Causalidade...)
e... m
o Fator C (Inversa)
Os componentes da linguagem dos DLC, ilustrados na figura 1 são: fatores, normalmente denominados
variáveis, relações de causalidade entre os fatores, representados por setas, e indicação de tempo de
retardo nas relações, indicado por uma ou duas barras paralelas cortando a seta de causalidade. Com
apenas estes três elementos é possível representar sistemas dinâmicos com as seguintes vantagens:
rápida compreensão das hipóteses acerca das causas sobre a dinâmica, eliciar e compreender os modelos
mentais dos indivíduos ou equipes, e apresentar as retroalimentações importantes que podem ser
responsáveis pelo problema. (STERMAN, 2000).
Os elementos da linguagem quando interligados entre si podem gerar ciclos de retroalimentação de dois
tipos diferentes: ciclos de reforço e ciclos de balanceamento, no de reforço os fatores se inter-
relacionam de maneira a gerar um ciclo que confirma a tendência original: se for de ampliar tende a
reforçar a ampliação se for de reduzir tende a reforçar a redução. O ciclo de balanceamento tende ao
equilíbrio ou oscilação: se um fator tende a aumentar, quando o ciclo se retroalimenta, sua tendência se
inverte, tende a diminuir, e quando gira mais uma vez se inverte novamente, tende a aumentar e assim
sucessivamente. A presença do tempo de retardo no ciclo de balanceamento altera significativamente o
comportamento dinâmico. A figura 3 apresenta os ciclos de reforço, balanceamento e balanceamento
com retardo e seus respectivos gráficos de tendências de comportamento ao longo do tempo.
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Qualidade do Satisfação do Qualidade do Qualidade do
Satisfação do Satisfação do
Produto Cliente Produto Produto
Cliente Cliente
o o
R B B
Recursos para
P&D Demanda Dificuldades na Dificuldades na
Produção e Demanda Produção e Demanda
Volume de Distribuição Distribuição
Vendas
Ciclo de Balanceamento Ciclo de Balanceamento
Ciclo de Reforço
com Retardo
Figura 3 – Representação dos ciclos em DLC e seus respectivos comportamentos ao longo do tempo.
Arquétipos sistêmicos
Os arquétipos são especialmente úteis, porque “ajudam as pessoas a verem seus próprios problemas
como menos ameaçadores e mais excitantes. A possibilidade de ser bem sucedido no manejo de uma
situação ruim se torna mais clara e o desconforto em trata-la diminui”. (HINES, 1996, p. 2).
Construções de arquétipos
Com exceção do Arquétipo do Loop de Balanceamento com Retardo que contém apenas um ciclo de
feedback e é considerado um arquétipo pela complexidade da sua dinâmica como pode ser visto no
terceiro gráfico da figura 3, todos os demais arquétipos são combinações de dois ou mais ciclos de
feedback. A Figura 4 a seguir representa um dos mais comuns, o Limite ao Crescimento.
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o
Capacidade
Qualidade do Produtiva
Recursos para Produto o
P&D
Dificuldades na
Satisfação do B Produção e
R
Cliente Distribuição
Volume de
Vendas Demanda
Muitos sistemas, sejam eles biológicos, organizacionais, econômicos, sociais ou mais comuns como o
lançamento de um produto novo no mercado, apresentam uma curva de crescimento conhecida como s-
shape ou curva em “S”. Ela é essencialmente formada por dois segmentos de arcos equivalentes aos
ciclos de reforço e balanceamento combinados, formando o arquétipo de limite ao crescimento. O
comportamento resultante forma a curva em “S” como apresentada na figura 5 a seguir.
Na figura 5, o ciclo de reforço atua inicialmente provocando a primeira metade da curva em “S”, até o
momento do ponto de inflexão da curva, quando o ciclo de balanceamento começa a atuar levando a
curva a se aproximar de um “valor limite” representado pela linha pontilhada. Se o tempo de retardo for
significativo, a aproximação pode ser oscilante em torno da linha pontilhada.
o
Capacidade
Qualidade do Qualidade do Produtiva
Recursos para Produto Produto
P&D o
Dificuldades na
Satisfação do Satisfação do
R B Produção e
Cliente Cliente Distribuição
Volume de
Vendas Demanda Demanda
Balanceamento
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Exercícios – Parte 2
Identificação de loops e links.
Para cada um dos casos abaixo identifique a natureza das setas de causalidade, utilizando um “m”para indicar
causalidade no mesmo sentido ou diretamente proporcional e “o” para indicar causalidade no sentido oposto ou
inversamente proporcional. Em seguida acrescente um R para Reforço ou B para Balanceamento de acordo com o
tipo de loop. Veja o Exemplo abaixo.
Exemplo
o Coelhos Fome
Dor
Taxa de
Nascimento
de Coelhos
B
m Nascimento Quantidade
Remédio de Coelhos de Comida
Ingerida
Velocidade em
Vendas População
Queda Live
Economicamente
Ativa
Aceleração
da Gravidade
Marketing Lucro
Resistência Serviços Impostos
do Ar
Quantidade de
Cigarros por Dia Entrada no Microfone
Ganho em
Aplificação
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Referências Bibliográficas
HINES, Jim. Archetypes workbook: version 1.1. Providence: Leap Tech e Ventana Systems, 1996.
LIMA, João Gratuliano G. O arquétipo da maestria: proposição de uma nova estrutura sistêmica.
Primeiro Congresso Internacional de Dinâmica de Sistemas SBDS, 2006.
RICHARDSON, George P.; PUGH III, Alexander G. Introduction to system dynamics modeling.
Portland: Productive, 1981.
RICHMOND, Barry. System dynamics/system thinking: let’s just get on with it. International system
dynamics conference in Stearling: High Performance Systems, 1994. Disponível em
http://www.iseesystems.com/Resources/Articles/SDSTletsjustgetonwithit.pdf
RICHMOND, Barry. The “thinking” in system thinking: seven essential skills. Waltham: Pegasus
Communications, 2000.
SENGE, Peter. Et alli. A quinta disciplina: caderno de campo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1995.
SENGE, Peter. The fifth discipline: the art and practice of the learning organization. New York:
Doubleday, 1990.
STERMAN, John. Business dynamics: system thinking and modeling for a complex world. Boston:
McGraw-Hill, 2000.
WEICK, Karl. The social psychology of organizing. 2ed. New York: McGraw Hill, 1979.
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