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A PARTIR DE QUE
FUNDAMENTOS?
Introduo
O espao pblico assiste, contemporaneamente, a um aumento da sensibilidade moral
dos cidados que, conscientes do valor poltico e antropolgico da experincia de
menosprezo e desrespeito social ou cultural de que muitas pessoas so vtimas,
reclamam o reconhecimento da sua dignidade de pessoa e/ou grupos de pessoas, como
elemento essencial do conceito de justia. Na defesa dos oprimidos, invisveis, ou sem
voz, a noo de dignidade humana funciona, desde h muitos sculos na Europa, como
ancoragem de sentido na esfera poltica, moral, jurdica e educativa, entre outras, e
incorpora o mythos do mundo Ocidental. Mas, se cada cultura constitui uma constelao
que vive do seu prprio mythos (Cf. Raimon Panikkar, 2006), no interior do qual
adquirem sentido concreto as ideias de bem, de verdade, de beleza e tambm de
realidade, o que significa dignidade humana para o Ocidente?
Se, por outro lado, a cultura constitui o mythos englobante de cada cosmoviso num
determinando espao e tempo, questiona-se se as diferenas entre culturas postulam
diferentes concees de pessoa. Como sabido, o cho filosfico ocidental desenvolveu
diferentes tradies racionais logos a partir das quais fundamentou e traduziu a
realidade ontolgica e tica da dignidade da pessoa. Se h consenso quanto ao valor
intrnseco da pessoa, j se aceita filosoficamente o dissenso quanto origem do seu
fundamento: alicerada na natureza racional humana ou numa heteronmia
incondicionada, em Deus, por exemplo?
Como sabido, a influncia judaico-crist impregnou a cultura europeia ao ponto de
erigir a dignidade da pessoa em fundamento da liberdade, da justia e da paz no
mundo (Declarao Universal do Direitos do Homem). Quando se confronta o
fundamento da dignidade da pessoa veiculado por Kant e por uma boa parte da filosofia
europeia com a tradio crist, que faz derivar este valor incondicional da pessoa de um
Absoluto que transcende o Homem, pergunta-se: a pessoa digna porque deve ser