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oe a ae — TEO a ae) ae B33 076) Wee 1 iain A Fe ; Se AS | m0). CONTEUDO Apresentacao. : vil t Siglas utilizadas no texto Ix J Embusca do espaco absoluto. 1 2 _ Postulados da teoria da relatividade especial : 25 a 3 A transformagao de Lorentz . 39 @ — Mecnica relativistica. : se : 61 u S _ Formalismo no espago-tempo . = - 81 8 6 — Relatividade e eletrodinamica 101 7 Ateoria da relatividade geral. coe 119 ‘Tabela de constantes titeis 41 ‘ Bibliografia 143 indice remissivo. : 145 APRESENTAGAO ‘Albert Einstein criou duas teorias da relatividade: a teoria da relatividade especial (também denominada teoria da relatividade restrita), ea teoria da relatividade geral, que abreviaremos por TRE e TRG, respectivamente. A primeira ¢ essencial na for- magao do fisico, do quimico teérico ou mesmo do engenheiro que se especialize em alguns ramos modernos da engenharia. A TRG, apesar de ser uma ferramenta te6rie indispensdvel apenas para astrofisicos e cosmologist desperta um interesse geral io que substitui a de Newton e também porque a cos ncia por ser uma teoria de gravitac: mologia é hoje um dos campos mais ativos e fascinantes da Este livro se destina principalmente a estudantes de graduagao em fisica e trata apenas da TRE. A matematica exigida do leitor é o calculo diferencial e integral dos primeiros anos do curso universitirio e nogies bisicas de calculo matricial. A TRG, que exigiria um instrumental matematico mais completo, é abordada apenas superfi- cialmente no tiltimo capitulo, do ponto de vista de um fisico experimental, isto €, de seus fundamentos empiricos e das experiéncias que a testam. ATRE tem sido ensinada, as vezes, de forma introdutria, jé no inicio do curso de fisica na universidade e, por isso, é dificil estabelecer um ponto de partida que conve- nha a todos os estudantes, Este texto foi escrito supondo que o estudante nao tenha tido contato prévio com a teoria, ¢ a expectativa do autor é que ao terminar o livro, ele compreenda os principais conceitos e consiga um dominio razodvel dela. Recomendamos que o estudante resolva os problemas distribuidos ao longo do texto, exatamente quando chegar a eles, porque seu objetivo é consolidar os con- ceitos aprendidos até aquele ponto. Quanto aos problemas de fim de capitulo, evi- tamos 0s repetitivos e os que se apresentam como paradoxos, que sao, em geral, de resolucio muito dificil. Acreditamos que poticos problemas resolvidos com reflexio profunda ensinam mais do que muitos problemas resolvidos mecanicamente. Demos as respostas de alguns problemas a fim de que o estudante, comparando sua resposta coma do livro ganhe confianga no aprendizado; mas, ntio de todos, para que o domi nio da teoria fique mais seguro. Nao ¢ fécil ser original na criagao de problemas de teoria da relatividade, tar so os apresentados em livros didaticos existentes, em formas as vezes, apenas lt geiramente diferentes. Por isso, muitos dos problemas deste livro foram inspirados pelos dos livros citados na bibliografia e, muitas vezes, os imitaram. Procurei ser sele- tivo de modo que todos os conceitos fossem de alguma forma envolvidos, que o nivel de dificuldade fosse adequado ao texto e que nao houvesse muita repeticao, O texto foi escrito de maneira sucinta para que possa ser utilizado em disciplinas rais, trimestrais, ou mesmo bimestrais, por uma escolha judiciosa dos assun- Teoria da relatividade especial ndonado se os estudantes nao tiverem s (capitulos). 0 sexto capitulo pode ser al ttica de Maxwell estudado antes a teoria eletrom F opinido do autor que a teoria da relatividade pode ser utiizada numa dis iplina de historia da eiéncia como um bom exemplo do desenvolvimento de uma teoria sica, devido & qualidade da informagao disponivel sobre sua formulacao: os cout a retentes na fisica clissica no fim do século XIX, as tentativas de solugao desses conflitos, a dificuldade de aceitacao da nova teoria e finalmente sua comprovacho nd. pelo menos, sii ndo-reprovagio — pelo imenso nrimero de testes experimental texto com notas historicas relativas ao desenvol Procurou-se, por isso, enriqu' ‘aos cientistas envolvidos. Numa disciplina de historia da ciéncia vimento da teori > iltimo capitulos ou de evolucdo das idéias da fisica, os trés primeiros usados com proveito; o quarto par S. Chaves ¢ Marcio Quinto Moreno que dedicaramy Agradeco aos colegas Alaor rte considerdvel do seu tempo a revistio do texto e fizeram muitos comentar riticos que foram aprovel Sou grato imperfeigdes de linguagem, com também ajudou a torné-lo mais claro; também a Carlos Lepique ¢ ‘gard Bliicher, pela competéncia e presteza com qt ajudaram este livro chegar a sua forma final. excelente revisdo do texto, que nao s6 corrigiu a: nico de editoragao da Editora Edgat ar minha gratidao ao Departamento de Fisica, do Inst deral de Minas Gerais, onde desenvolv de minha aposentadoria, tem me acc Gostaria ainda de expre tuto de Ciéncias Exatas, da Universidade minha vida cientifica, e que agora, dep F slegas que me permitiu levar a termo ¢ projeto de escrever este livre Siglas utilisadas no toxto PE PR PRE PRG 1G ‘TL TRE ‘TRG Centro de massa Michelson-Morley Principio da equivaléncia Principio da rclatividade Prinejpio da relatividade de Einstein Prinejpio da relatividade de Galileu Transformagao de Galileu ‘Transformagio de Lorentz ‘Teoria da relatividade especial ‘Teoria da relatividade geral EUS ey DO ESPACO ABSOLUTO Albert Binstein criou duas teorias da relatividade. A primeira, publicada em 1905 denominada ‘eoria da relatividade especial (TRE), ou (euria du relatividade res rita, trata da invariéncia das leis fisicas sob uma transformacao entre referenciais que se deslocam corn velocidades relativas uniformes. Sua estrutura maternti simples € pode ser dominada com a matematica estudada nos primeiros anos da universidade. Seus postulados fisicos levam a resultados a primeira vista estranhos, mas que aceitamos como verdadeiros porque obedecem a uma logica implacavel e sio verificados por um miimero imenso de experiéncias. A segunda ~ a feria da relatividade geral (TRG), publicada em 1916 — generaliza os resultados da primei- ra para referenciais acelerados e incorpora a gravitagdo. Essa teoria exige um bom mento de geometria diferencial ¢ célculo tensorial e nao sera exposta neste texto dela discutiremos brevemente apenas os fundamentos, para dar ao leitor tma idéia de seu contetido fisico. Comegaremos pela discussio do conceito de referen- cial inercial, essencial para a formulagio da TRE. conhec 1.1 REFERENCIAIS INERCIAIS Amecanica classica foi construida nos séculos XVI a XVIII por vai seus fundamentos sio devidos principalmente a Galileu Galilei e Isaac Newton. Cou- be a este dar-Ihe a formulacao definitiva em seus Principia mathematica”. Ela tem como pressupostos as seguintes idéias ios cientistas, mas 1. 0 tempo 6 absolute, homogéneo e isotrépico. Newton exprimiu essa idéia as sim: “O tempo absohuto, verdadeiro e matemdtico, por si mesmo e por sta prépria natureza, flui uniformemente sem relagdo com qualquer coisa externa”. A idéia de tempo absoluto implica independéncia em relagao ao observador e ao objeto ou fendmeno observados; ao dizer que “o tempo flui uniformemente”, Newton estava afirmando sua homogeneidade. Sé na fisica quantica a questo da iso tropia do tempo, isto €, a equivaléncia ou nao dos sentidos pasado: »futuro ¢ futuro->passado, passou a ter significado e por isso a isotropia do tempo nao é Capitulo 1 — Em busca do espaco absolute mencionada por Newton. Na mecdnica classica s6 ha um sentido para o tem] que 6 do passado para o futuro, mas, de qualquer forma, podemos verificar 4) suas leis so invariantes para uma inversao do tempo, 0 espago 6 absoluto, homogéneo, isotrépico e euclidiano. Nas palavras 4 Newton, “o espaco absoluto, por sua prépria natureza, sem relagdo com qual coisa externa, permanece sempre similar e imével’. A idéia de que 0 espaco n tem relagdo com qualquer coisa externa e que permanece imével corresponde seu cariter de ser absoluto, a de que permanece semupre similar é uma afirmag de sua homogoncidade. Acrescentamas duias idéias, nao declaradas por Newton mas implicitas na mecanica classica: a de equivaléncia de todas as diregdes ~ tropia — e a de que a métrica a ser usada é a euclidiana: a distancia mais curtal entre dois pontos € a reta. Como sabemos, Newton, com esses pressupostos, construiu a mecénica sobre trés leis fundamental Primeira: As particulas mantém seu estado de repouso ou de movimento retilineg uniforme (velor velucidade constante) desde que forgas externas nao atuer so- bre elas, Segunda: A forca que atua sobre uma particula é igual ao produto da massa da pat= ticula por sua aceleragiio: Fema Terceira: Se uma particula A exerce uma forca F sobre a particula B, entao B exerce a forga -F sobre A. De agora em diante, nos referiremos a particulas sobre as quais nao atuam forcas: como particulas livres. A primeira lei é a lei de inércia. Observem que a segunda lei nao € uma simples definicao de forca, porque ha leis independentes que permi- tem medir as forcas, por exemplo, as leis de Hooke e de Coulomb. A afirmagao de que 0 espago ¢ isotrdpico corresponde a dizer que a massa m na equacao F = ma, independe da direcao de a, ou seja, que m € uma grandeza escalar. Se na terceira lei imaginarmos que as particulas A e B estio separadas, isto é, que existe aca & distant cia, entio a idéia de simultaneidade absoluta - e portanto de tempo absoluto ~ esta implicita Devido ao imenso éxito da mecanica clissica, a explicagdio do mundo fisico desen- volvida nos séculos seguintes tomou-a como paradigma. Conforme esse paradigm, uum fenémeno fisico 86 € considerado completamente compreendido quando pode~ mos construir um modelo mecanico para representé-lo. Além dos mesmos pressu- postos bisicos referentes ao espago e ao tempo, adotou-se como forma de qualquer lei fisica a forma dinamica das leis da mecanica; isto ¢, a forma em que 0 estado inicial de um sistema determina completamente o estado futuro por meio de uma equagao diferencial. Essas idéias culminariam no século XIX com o determinisma de Laplace, Vamos ver como a andlise de dificuldades surgidas na fisica 1 sécula Lal — Referencias inerciais XIX conduziram a reconsideracao dos pressupostos expostos acima e a construcgao de uma nova teoria fisica, a teoria da relatividade especial. Para isso, vamos rever algumas idéias da fisica classica, importantes para nossa anilise. Para estudar 0 movimento dos corpos, é necessério medir 0 tempo e a posi¢ao instanténea do corpo. Para registrar a posicdo de um corpo, é necessério introduzir um sistema de referéncia - referencial -, por exemplo, um sistema de coordenadas cartesianas, Qualquer conjunto de corpos em repouso relativo (cada um em relacao ‘08 outros) pode ser utilizado como referencial. Devido & homogencidade ¢ isotropia do espaco, a origem e orientagio dos eixos é arbitraria. A métrica adotada deve ser euclidiana, isto é, nesse espaco, o teorema de Pitégoras é valido. Qualquer fenémeno periddico pode ser adotado como relégio, isto é, pode ser utilizaco para medir o tem- poe, devido a homogeneidade deste, a origem pode ser escolhida arbitrariamente; no entanto, como apontamos antes, o sentido sera sempre do passado para o futuro. Ha, porém, um tipo particular de sistema de referéncia no qual a lei de inéreia de Newton ¢ valida e que é, por isto, denominado referencial inercial. Em outras palavras, se um corpo, sobre o qual nao atuam forgas externas, esté em repouso ou. em movimento retilineo uniforme num referencial, ele é dlefinido como inercial. Essa afirmativa nao é, porém, estritamente, uma definigao, Aescolha de um referencial inercial nao ¢ trivial. P. W. Bridgman, que deixou im- portantes contribuigdes sobre os fundamentos da fisica, propds a regra seguinte para identificd-los: “um sistema de trés eixos rigidos ortogonais constitui um referencial inercial se trés particulas, sobre as quais nao atuam forcas, projetadas ao longo deles com velocidades uniformes, continuam a se mover com velocidades uniformes”. Essa regra, de dificil aplicagao prética, é, de fato, uma definicao operacional de referencial inercial através de uma experiéncia imaaindria™. Pode-se verificar empiricamente que um referencial ligado as estrelas é, com alta preciso, um referencial inercial, e esse tipo de referencial é tomado tradicionalmen- te como padrao para aplicagdo das leis de Newton. Sabemos, no entanto, que essas estrelas nao sio realmente fixas porque nossa galaxia gira em torno de seu eixo e 0 universo se expande, Entao € mais apropriado considerar como padrao 0 referencial ligado as galaxias, que se afastam radialmente de nés. Serd um laboratorio fixo na Terra um bom referencial inercial? Que corregao de- vemos fazer na equagdo F = ma para levar em conta a aceleragao devida ao movi- mento do referencial? ‘Temos que considerar pelo menos 0 movimento didrio da Terra em torno de seu eixo e 0 anual em torno do Sol, que sao os mais significativos. Consideremos inicial- mente o movimento disrio da Terra. Uma particula em repouso no equador sofre uma aceleracao centripeta Figura 1.1 O referencial iner cial R’ move-se a0 Tonge do eixo x do referencia! inercial k com velocidade uniforme u. Um evento no referen tial Re definido pelo conjunto de Coordenadas (% ¥: ‘2, 1). 0 tempo € ab- Soluto e, partantos © mesmo para oS dois referenciais: sm busca do espaco absolute cavil onde Ry é 0 raio da Terra e? 2 yelocidade de um porto no equador devido a rotac: ‘haria Uma particula prosiima 2 superficie da Terra tem no veferencial terrestre a ace- Teracao g = 9,80 ms, devido & gravidade, valor que € afetado no terceiro algarismo significativo pela aceleragao centripeta calculada acima. O leitor posers fazer, de maneira andlogh 0 céleulo da aceleragao que resulta de movimento anual da Terra em Sv ‘rbita solar € acharé 0 valor G10 ms, que Mia ordem de grandeza menor do de © Feito do movimento ditio e Doders, entao, weaesprezado em comparago Om eS et ito devido ao movimento G0 Sob ve arrasta a Terra, é menor ainda. Concluimos que 0 Jaboratorio fixo na Terra pode ser arimeiderado como inercial até esse EF preciso; mas, que se awisermoe, WS precisio maior deveremos adotar oS Terenencias Higados as estrelas 01 8S galaxias, mencionados atras. ‘coloca para nés é 0 seguinte: dada certo referencial, qual sera sua forma em outro referencial, isto 6, como ela se trans- forma ao passarmos de-um ‘referencial para outro? Se ‘Gln conserva amesma forma, dizemoS que é invarian- te sob a transformacao. A transformacao_ de um referencial para outro na tisica clissica atende a0 senso cOmum © sua deducao Fa fdata, Tomemos dois referencias RG, v2) & Ray 2) na configuragao mostrada na Figura 1.1, {que sort a configuragdo padrao uusada neste texto. Oe eixos dos dois referencials sae paralelos, e 0 refe- rencial R’(«’, y', 2") move-se na diregao x com veloci- Gade uniforme u em relagao 20 referencial R. No ins- tante inicial as origens coinckdem, Observe que essa configuragao nao particulariza a soluga0 porque, mes~ mo que o movimento se dé NUIT diregao genérica, ¢ sempre possivel girar 0s eixos do GMrorencial R de modo que 0 exo OF coincida com * diregao do movirnento e, em Seauida, girar 0 referencial RY para ave seus eixos fi- quem paralelos a0s do referencial R. ‘Um fendmeno que ocorre ro ponto de espago (1, y,2) do reterencial B) ne tante f, tal como a cotisto de duas particulas numa posicdo determinada e num ™0- tanto determinado, é um evento. Por ssmplicidade varnos 10s referif 80 conjunto de mmcpndenadias (2, Ys 2, £) como Ut even rc satante inicial, as coordenadas 46 0 coon nos referenciais R eR, defines cima, sao iguais (2 =2",Y = Ure zijtet’ opp, porque o tempo independe do veferencial na fisica cssica e estamos supondo que as origens coincidam nesse instante. No instante t como R” se destoca com vyelocidade uniforme wna diregao %, co- ordenadas y' e2' do ponto nBo variam, y=’ ©@ ~ 2,80 paso que B coordenada 1.2 — Principio da relatividade de Calileu varia de acordo com a equagio.r = 2’ + wt. Se juntamos a ue exprime que o tempo é absoluto, isto é, independente d transformagao de Galileu (TG); ‘as equagdes a equacao lo referencial, teremos a waa sul, y ts ay A transformagio de velocidades na mecinica clissica pode ser obtida imediata- mente derivando essas equacdes em relacdo a t = Uy= ult Up uy a2) pide Clas ty Ua) = (delat, dyldt, delat) © (uw, u2) = (d'ldt’, dy’, delat") Por exemplo, se um passageiro caminha com velocidade de 5 kmh! no convés de um navio que se desloca com velocidade de 50 km-h~! em relacao a uma béia, a Cidade do passageiro em relagao a essa mesma referéncia ser de (60 + 5) km-h? ‘lo- Dessa transformugio de velocidades podemos concluir que, dado um referencial inercial, qualquer referencial que se desloca com velocidade uniforme em relagao a cle sera também inercial, porque a lei de inércia é valida no novo referencia, Entao, dado um referencial inercial, temos sempre uma infinidade de referencias inon crate, que so todos vs referenciais que se deslocam com velocidades uniformes cra relagio a ele. Galileu verificou empiricamente que as leis da mecénica conservam sua forma Guando transformadas de um referencial inercial para outro. Ele dett o seguinte exemplo: se fizermos experiéncias de mecainica na cabine fechada de um navio que se desloca com velocidade uniforme num lago muito tranqtilo, nao poderemos de, tatminar, através dessas experiéncias, se o navio est em repouso ou em movimento, Esse resultado empirico é tomado como um prinefpio fundamental da fisien ¢ rece- beu o nome de princépio da relatividade de Gatilen (PRG). Vamos mostrar com um exemplo como uma lei da me quando se passa de um referencial inercial para outro, ‘cdnica permanece invariante Solucéo Tomamos o referencial F da plataforma, fixo na Terra, como inercial. O refe- Fencial R” do vagao, que se move com velocidade uniforme w em relagao a pla. taforma, é também inercial. Fazemos os efxos dos dois referenciais paralelos ¢ tomamos 0 eixo Or: como direcdo do movimentn do vagio. Um ponto do espays tem coordenadas (2, 4; 2) em Re (2, y', 2!) em R’. Como 0 vagso se move 6 Capitulo 1 — Em busca do espaco absolsto = na diregao x, as coordenadas 92 PAAR Kempo, 22ndo absoluto, é 0 mesmo para os dois referenciais ¢ admitimos que as origens dos referenciais coincidem no instante t = 0. Temes, pela rivando-se em Entao, a aceleragdo a do objeto é invariante Onsen Re medida per processos independentes do sistema fixo na platafor- plo pela lei de Hooke — e nao depende, portanto, do sistema de eoordenadas; madaestacdoeo -_amassa é uma grandeza escalar e por isso independente do sistema de coor- referencial R’ num denadas. Como a massa, a forca e a aceleragao sao invariantes, a equacao de agi om se mang ‘Newton, F = ma, ¢ invariante sob a TG — os dois experimentadores, no vagiio e com velocidade w fauiecss @Oes na plataforma, observam que o objeto, em sua queda, obedece & mesma lei. ee poet Observe que no referencial R’ do oe, ne dentro do vagao. periéncia, " Ee memo eg , Ja 1 =h-tgt* =h-+ gt. y'=h-Sat 3m 0 objeto cai na vertical (2’ = d), obedecendo atlei de O observador no vagao nao pode, ‘por essa —Aceleragdo absoluta e principio de Mach Aprimeiralei de Newton ¢ obviamente invariante sob a TG porque ¢ utilizada para definir o referencial inercial. A massa ¢ a forpa sao grandezas fisicas independentes do referencial. Como a terceira lei de Newton s6 envolve o conceito de forca, também ela ¢ invariante sob a TG. A segunda lei envolve os conceitos de aceleraco, massa, e forga, todos trés invariantes sob a TG e é, por isso, também invariante. As trés leis de Newton sao, portanto, invariantes sob a TG e como elas constituem os fundamentos da mecanica classica, concluimos que todas as leis da mecdnica sao invariantes sob a TG. Esse ¢ o contetido do PRG, que podemos formular assim: as leis da mecdnica sdo invariantes sob a TG. O fato de nao haver mudanga na forma da lei quando 0 fenémeno é examinado em diferentes referenciais inerciais indica que um movimen- to umiforme nao altera a fenfimeno Podemos enti enunciar o PRG numa forma que salienta 0 contetido fisico da lei: ¢ impossivel detectar por meio de uma experién- cia mecéinica 0 movimento de um referencial inercial. Apesar de descoberto por Galileu no século 17, esse principio s6 recebeu o nome de principio da relativida- de no contexto da teoria da relatividade de Einstein. Oleitor deve observar que, quando transformamos uma equagdo qualquer da me- cdnica classica de um referencia inercial para outro —o que devemos fazer utilizando as equagées da TG -, sua forma permanece a mesma, isto é, 0 PRG ¢ obedecido. Concluimos que: a mecéinica de Newton, a transformacao de Galileu e 0 prin- cipio da relatividade de Galileu séo consistentes, isto é, formam um sistema de leis sem contradigdes internas. Esse sistema permaneceu vilido, com imenso sucesso, até 0 inicio do século XX e, com alguma restrigao, que discutiremos depois, ¢ utilizado até hoje. A quase tota- lidade da mecanica planetédria e a mecanica de foguetes, satélites artificiais e corpos macroscépicos na Terra podem ser realizadas com esse sistema de leis. Apesar de criticas A mecdnica de Newton terem surgido desde sua publicacao, dificuldades re- almente consideraveis s6 foram levantadas no fim do século XIX, quando se tentou achar um referencial absoluto para o eletromagnetismo. 1.3 ACELERACAO ABSOLUTA E PRINCIPIO DE MACH Nunca faltaram criticas ao conceito de espago absoluto de Newton. Desde Huygens, Leibniz e Berkeley, seus contemporaneos, até Mach, no século XIX, e Einstein, no século XX, criticas argutas foram apresentadas ao conceito. Para Leibniz e Berkele © espago nao pode ser considerado como uma espécie de receptaculo ocupado pelos objetos da natureza. Na visio desses fildsofos, 0 espaco nada mais é do que o conjun to de relacdes de posicdo entre os objetos materiais, percebidas pelos sentidos ~ a auséncia de corpos materiais implicaria, portanto, a inexisténcia do espaco. Sera possivel determinar um movimento absoluto? Se nos referimos a movimen- to uniforme, o principio da relatividade de Galileu da uma resposta negativa a essa questo, porque nao € possivel escolher num conjunto infinito de referenciais iner- ciais 0 referencial do espaco absoluto. Newton acreditava, porém, que € possivel de- terminar uma aceleracdo absoluta, por causa das forcas ficticias que aparecem nos movimentos acelerados. Se isso fosse verdade, a idéia de espaco absoluto ganharia consisténcia a) q@) es gura 1.3 a experiéncia do aide, de Newton, referencial R da srra é tomado >mo (aproximada- jente) inercial. ) Balde em repou: > no referencial R observador em R. ) Balde em rota: so no referencial observador mR. ) Balde em rota- 30 em Re obser: ador no referen: al R do balde. Capitulo 1 — Em busca do espaco absoluto Newton propés a seguinte experiéncia. Tomamos um balde com agua suspenso por uma corda e 0 gi- ramos varias vezes em torno de seu eixo, de modo a rr torcer a corda. Se soltarmos o balde, ele tera um mo- vimento de rotagdo em torno do eixo. Inicialmente a b) superficie da égua permanecera plana (Figura 1.3(a)], mas 0 atrito da agua com o balde comunicaré o movi- mento do balde a égua e sua superficie tomaré uma for- i Jy | ma concava | (Figura 1.80)) De acordo com Newton, um observador no eixo do balde, girando com ele e, R Ginercial) portanto, em repouso no refereneial do balde (Figura 1.3 (©)], ao observar a forma céncava da superficie da ‘gua, podera afirmar que o balde tem uma aceleracio, absoluta. Para Newton, as forcas ficticias ou inerciais, que aparecem em um referencial R’ em rotacao uni- forme (forca centrifuga, forca de Coriolis), que pro- vocam a curvatura da superficie da agua, resultam de rotagées absolutas, isto é, de rotagdes em relacéo ao espago absoluto. No final do século XIX, Mach fez uma critica aos fundamentos da mecanica de Newton que teve grande influéncia nas concepgdes de Einstein sobre a relat vidade. Para Mach, s6 existem movimentos relativos; nao importa se concebemos a Terra em rotacao em toro de seu eixo, ou em repouso, enquanto as estre- Jas giram em torno dela. Na experiéncia do balde, se- 'y gundo Mach, o que o observador esta detectando de fato ndo 6 a accleragio do balde em relago a0 espa- 0 absoluto, mas sim em relagao a todas as massas do — universo, ou seja, em relacao a um referencial ligado as estrelas fixas ~ a concavidade seria observada igualmente se deixéssemos 0 bal- de fixo e fizéssemos o conjunto das estrelas girar em torno da Terra. De acordo com Mach, a lei de inércia nao se refere ao repouso, ou movimento uniforme, em relacao a0 espaco absoluto, mas em relagdo ao centro de massa de todas as massas do uni- verso (referencial das estrelas). O que hoje denominamos principio de Mach ¢ uma conjetura que enfeixa 0 conjunto de idéias expostas acima, dificil de ser traduzida numa tinica proposigao. A formulagio de Einstein para essa conjetura é a seguinte: “A inéreia mede a resisténcia de um ponto material & acelerago com respeito as massas de todos corpos do universo, sendo, portanto, afetada por elas”. R’ (ndorinercal) 1.4 TEORIA ELETROMAGNETICA DE MAXWELL Em meados do século XIX, Maxwell formulou uma teoria capaz de explicar todos os fenémenos elétricos e magnéticos conhecidos na época. Essa teoria esta contida nas quatro equagées para o campo elétrico E e 0 campo magnético B escritas a seguir em sua forma integral: el si si el m se 1.4 — Teoria eletromagnética de Maxwell GEda= & (lei de Gauss para o campo eletre0), £0 Beda (lei de Gauss para 0 campo magnético) A as) ge-a--2 (ei de Faraday), d a §B-al=ni + eee (eide Ampere Maxwell) sendo 1/4t€9 = 9: 10° e pg = 47-10, em unidades do SI, 9, #, 8 © Pe: sao, respective vrente, carga elétrica, corrente elétrica, uxo ‘do campo magnético € fluxo do campo elétrico. Nessas equagbes esté implicita a equagao de continuidade para a carga q € a der sidade de corrente § $i-da Oteitor poderd recorrer a qualquer texto de elt romugnetismo para compreender o contetido fisico dessas equacdes. As tres primeiras ¢ a quarta, com excegio do (et ao que contém gg, foram formuladas 2 partir de experiéncias. O segunclo tern do Jegundo memibro da quarta equagao, Ae representa a chamada corrente de deslo- srimento, foi introduzido por Maxwell, num golpe de - ‘genial intuigao, por simetria com Ie) de Faraday. AS faquagdes de Maxwell tiveram extraordinario éxito na explicacao dos fendmenos elétricos © magneéticos cO- mmecidos na época ¢ na previsdio de Novos fendmenos. Podemos dizer com Hertz que 0 eletromagnetisme € pexstoma de equacces de Maccwell. A partit delas foi possivel verificar que os fendmenos épticos sao fend- renos eletromagnéticos e, assim, unificar & optica eo letromagnetismo na mesma teoria. razodvel perguntar-se: podemos estender 0 PRG equacdes de Maxwell? Isto é, serao las invariantes | (2) observadorem ® a uma TG? A resposta ¢ negativa. Se aplicarmos a TG js equacdes de Maxwell, veremos qe elas nao $40 jnvariantes, como ilustraremos a seguir Com um exemiplo simples: Consideremos duas cargas elétricas 41 © 42 °™ repouso no referencial inercial R situadas como mostra a Figura 14(@).Um chservador em R pode medir uma forca Sietrostética repulsiva Fe atuando nas Care (© referencial R’, com os eixos Pa: ralelos aos do yeferencial R, move-se com velocidade ‘uniforme u ao longo dexeé ramibem inercial. Um observador em? (Figur 1.4 (b)] vé, no entanto, as cargas Se vaivorem para a esquerda com velocidade ‘além da forga eletrostatica Fx, ob- over ma forga magnética atrativa F” entre elas; porque, para ele, agem como duas Correntes elétricas no mesmo sentido +e (b) cbservador em R’ Figura 1.4 Observadore>, fem repouso NOs referenciais iner- ciais R (a) e Rb), Sinalisam as forcas que atuam entre as cargas elétricas 4 f gp, em repouso ho referencial iner- cial R. 10 Figura 1.5 (@) Aespira se des- loca com velocida- de v para fora de uma regido onde hd um campo mag- nético uniforme By perpendicular ao plano da espira. (©) 0 ima que ci ‘0 campo magnéti- ‘co B move-se com welocidade v para fora da espira. Capitulo 1 — Em busca do espaco absoluto : Examinemos a transformagio da lei de Gauss do referencial R para o referencial R’ quando aplicada & carga qz. Como a forca independe do referencial, Fee = Fie + Finag Mas Fly ¢ Fag tém sentidos opostos, entao [Fil > (Pal, ou [ge B'| > lao Bl. A carga elé- triea ¢ um escalar invariante & transformagao entre referencizis; logo, IB'l > IE e GE'dA > §EdA. Como q/ey invariante sob a TG, a lei de Gauss, $E-dA = 9/6), na0 pode ser valida nos dois referenciais e néo ¢ invariante sob a TG. ‘Além da nao-invariancia das equagdes de Maxwell sob uma TG, ha uma assime- tia na explicagao dos fendmenos eletromagnéticns, quando analisados em diferentes referenciais inerciais. Considere, por exemplo, uma espira condutora que se desloca com velocidade v para fora de uma regido, onde ha um campo ‘magnético B, per- pendicular ao plano da espira {Figura 1.5(a)]. Para um observador em repouso em relagdo ao ima que cria o campo magnético B (referencial R), a forga que atua sobre um elétron situado no centro do lado esquerdo da espira é F =e v X B dirigida para baixo. Do ponto de vista desse observador, a, forca eletromotriz (fem) na espira éde origem puramente magnética e dada por ¢v x B-dl. Para um observador fixo no refe- rencial R’ da espira [Figura 1.5(b)], 0 ima se desloca para a esquerda com velocidade aye o elétron esta em repousv. Ele observa, da mesma forma que © abservador em R, que 0 elétron se desloca no sentido anti-horario na espira e mede a mesma fem No entanto da uma explicagao diferente a dada pelo observador em R - para o obser- vador em R' atua no elétron um campo elétrico E induzido na espira pelo movimento do ima (lei de Faraday) e a fem é dada por’ §E-dl Dessa forma, os observadores explicam de maneira diferente a origem da fer, mas calculam o mesmo valor para ela. Essa assimetria, citada por Einstein na intro- dugao de seu famoso artigo de 1905 sobre a teoria da relatividade, foi uma das dift- culdades da fisica classica que o levaram a propor a teoria Chegamos & conclusio de que: a transformagdo de Galileu, o principio da relatividade (estendido ao eletromagnetismo) e as equages de Maxwell sdo incompativeis. +++ Y 5 yj Becerra eI +ttetts R +++ @ © 1.5 —A velocidade da luz 11 Uma pequena reflexao colocard o leitor diante de trés alternativas para resolver o conflito: a) O PR nao pode ser estendido ao eletromagnetismo. Nesse caso deve existir um referencial absoluto para o eletromagnetismo, b) O PR pode ser estendido ao eletromagnetismo; a mecanica de Newton ea TG sao corretas. Nesse caso, a formulacaio do eletromagnetismo por Maxwell ndo & cor ‘reta (porque nao ¢ invariante sob a TG) e exige modificagio. ©) 0 PR pode ser estendido ao eletromagnetismo e a teoria eletromagnética de Ma- xwell 6 correta. Nesse caso, a TG e a mecdnica de Newton ndo sdo corretas e exigem modificagoes. ‘Aescolha entre essas trés opgoes 86 podera ser feita por meio de experiéncias. ‘Vamos examinar inicialmente a tentativa de Michelson e Morley de determinar o re- ferencial absoluto (0 éter), que poderia ou nao eliminar a opgao (a). 1.5 A VELOCIDADE DA LUZ 0 leitor poderé ver em textos de eletromagnetismo que das equagdes de Maxwell (Equaces 1.3) 6 possivel deduzir a equagao: af oe, ax? ae a4) onde f representa qualquer componente de E vu B. Comparando essa cquagtio com a equagao da mecdnica ckissica para uma onda que se propaga na dire¢ao 2, vemos que ela pode ser interpretada como uma equacdo de onda para os campos E eB. Nessa tiltima equagao, u é a velocidade da onda, e podemos entao concluir que avelocidade v da onda eletromagnética serd dada por it Mofo a5) valor dev calculado da tiltima relagao, a partir das constantes ig € &) — que podem ser determinadas em experiéncias de laboratério envolvendo cargas e correntes ~. € admiravelmente préximo do valor medido da velocidade da luz, o que levou Maxwell ‘a sugerir que a luz seria uma onda eletromagnética e, entdo, de fato, v = c. Dessa forma, as equades de Maxwell unificaram eletricidade, magnetismo e dptica e da- vam um enorme passo na diregao da unidade da fisica. A existencia de ondas eletro- magnéticas s6 seria confirmada experimentalmente por Hertz vinte anus depois da publicagao dat teoria eletromagnética de Maxwell 12 Capitulo 1 — Em busca do espaco absoluto Vemos pelas Equagées 1.4 e 1.5 que a velocidade da luz € equagées de Maxwell. Na verdade, essas equacées podem ser se o sistema de unidades, de forma que a velocidade da luz ap nelas® em lugar das constantes j1p © & Coloca-se, entao, importante questao: em relagdo a que referencial devemos erque, somente nesse referencial as equagdes de Maxwell estario for resposta dada por Maxwell a essa pergunta foi que deveria: ao éter, meio que seria o suporte para as ondas eletroma cos de sua época nao conseguiam imaginar um campo Come) o-su- portavel, capaz de propagar-se no vacuo € introduziram por ® Como deveria servir de suporte as oscilagdes transversais ticas, o éter teria propriedades bem peculiares: preencher to elastico, nao ter massa e, coroando todas essa propri fato de estar o éter em repouso em relagio ao espaco indistinguiveis, de forma que nos referiremos muitas ferenciais dos dois sem distingao. Se o éter est em repouso no espaco absoluto, ¢ clare que, se medirmos a velocidade da luz num laboratorio — em que o movimento da Terra tem 0 mesmo sentido do: oposto -, teremos resultados diferentes. Para obter a vel locidade em relagao ao éter), levando em conta a TG, d velocidade da Terra ao valor medido. Um resultado 6, se forem medidos valores iguais para a velocidade da! dicaria que o éter é arrastado pela Terra em seu movi No fim do século XIX, a determinagao do noe & éter, denominado vento do éter, tornara-se um dos da fisi- ca, Aexperiéncia de Michelson e Morley, que analisaremassseasie. Satums tentativa de resolvé-o. 1.6 A EXPERIENCIA DE MICHELSON E MORLEY Considere uma fonte de luz e um espelho situado a distémesaZ da fonte e seja va ve- locidade orbital da Terra, paralela & direcao do feixe de luz (Figura 1.6). leitor po- der mostrar que a velocidade relacionada ao movimento rotacional diario da Terra é ‘duas ordens de grandeza menor do que a velocidade orbital, e pode ser desprezada no célculo seguinte, De acordo com a TG, 0 tempo gasto por um pulso de luz emitido pela fonte no percurso total de ida e volta ao espelho (1.6) 1.6 —A experiéncia de Michelson e Morley A aproximagao feita no tiltimo membro da Equacao 1.6 resulta da expansao binomial de © 6 possivel porque » <<. A velocidade orbital da Ter- as ra comparece no célculo de t no termo »*/e*; como = 3-10* ms", entao #_ 9.108 pa0" Michelson percebeu que essa precisdo poderia ser alcangada com métodos inter- ferométricos e projetou o interferémetro de elevada preciso representado esque- maticamente na Figura 1.7 O feixe de luz que parte da fonte F é dividido em dois pelo espelho semiprateado A. O feixe 1, que atravessa 0 espelho ¢ refletido no espelho B e, na volta, no espelho A, dirigindo-se para a ocular O. 0 feixe 2, refletido em A, € dirigido para o espelho C, onde € novamente refletido, atravessa u espelhy A, prosseuirido 1a direyao dat ocu- lar. Os dois feixes, percorrendo agora a mesma trajet6ria, se recombinam e formam na ocular O 0 padrao de interferéncia que 6 observado. A interferéncia resulta do fato de os dois feixes percorrerem caminhos épticos diferentes. A diferenca de cami- nhos épticos pode ser calculada multiplicando-se a velocidade da luzc pela diferenga dos tempos de percurso At. $6 € preciso levar em conta o trajeto do feixe 1 entre A & & 142 Figura 1.6 A fonte de luz Fe co espelho Eestio ‘xos na bancada que, estacionaria na Terra, move-se em relacao ao éter com a velocidade orbital v desta. De acordo com a fisica classica, c- ve c+ sa0 as veloci dades do feixe de luz emitido e re- Metido, respective: mente, em relacdo a0 laboratério, Figura 1.7 Espectrometro de Michelson e Mor. ley. A figura em linhas pontithadas mostra o espectré- metro deslocado de sua posicao original pelo movi mento da Terra em relagao ao espaco absolute. 14 Capitulo 1 — Em busca do espaco absolute © Be o trajeto do feixe 2 entre A e C, porque 0s outros trechos coincidem. Sendo v a Yelocidade da Terra, o tempo de percurso do trajeto ABA pelo feixe 1.€ dado por: Hel (3 Para achar o tempo de percurso do trajeto ACA pelo feixe 2 € preciso levar em conta a velocidade orbital v da Terra na diregao perpendicular @ da luz. No tempo ¢" que a luz leva para ir do espelho A ao espelho C, percorrendo a distancia ct’, o espe Tho C avanca a distancia vt’. O trajeto da onda luminosa ¢ representado na Figura 1.7 pela linha pontilhada, Portanto w+ e 0 tempo de percurso do trecho ACA 6, entao: genre Boe the oi- Obtemos das expressdes de ty ¢ ty acima diferenga de caminhos Opticos: cAt=c(t,-t,)= eI A — I. ae Balt | os 0 instrumento foi girado de 90° e a experiéncia repetida de forma que os dois feixes trocam de papéis: o feixe 1 6 agora perpendicular ao movimento da Terra ¢ 0 feixe 2 situa-se ao longo dele. Com a nova observagao se obtém: eee ‘A nova diferenga de caminhos 6pticos sera: io as) ‘A diferenga entre as duas observagdes (Equagoes 1.7 ¢ 1.8) sera: 2 (L+L . e(at—ar’)= +L,) |=(y+L2)B* a9) (a-a’) - A er (4 | (+4) ‘onde fizemos a aproximagao (1-B*) +4B°, possivel porque » << ¢. 1.6 — Aexperiéncia de Michelson e Morley rissa diferenga (Equagau 1.9) deveria produzir uM deslocamento das franjas de interferencia e é isso que Michelson e Morley tentaram observar. Para um cornpri- Mento de onda A da luz, 0 padrao é destocado de AN franjas, sendo e(ar-ar)_ n+l) a aN1-B* L+L 10) AN= om um espectrometro como 0 utilizado Por Michelson (experiéncia de 1881), cam bragos L = 1m, 0 deslocamento da franla deveria ser da ordem de 0,04 de sua mesmo largura. Esse valor € muito pequeno, da ordem do erro ‘experimental, mas assim, permitiu a Michelson concluir que © resultado da medida era nulo, isto é, que assim Pepeavel perceber o movimento da Terra em relagio 20 eter ‘Uma experiéncia mais precisa foi realizada por Michelson ¢ Morley em 1887. Ob- serve que 0 deslocamento das franjas € proporcional a L. Michelson e Morley aber feigoaram 0 aparelno, aumentando L dez vez Pr meio de uma série de reflexdes emespelhos colocados no caminho do Feise ‘além disso, montaram o aparelho uma placa de pedra que flutuava num tanaue de ‘nercdirio, para diminuir as tensoes mec eae durante a rotacio, que poderiam afetar a5 ddistancias dos espelhos. Nessa nova experiéneia, 0 deslocamento das franjas Je ‘interferéncia, dado pela Equacao 1.10, severia ser da ordem de 0,4 da largura da frania (Os experimentadores julgavam que deveria Spazes de detectar desvios de um centésimo da largura da franja, mas oS fragao do valor calculado serocamentos observados correspondiam a urns pedent dep eram consistentes. Puderam, entao, conctuir die © movimento da Terra em relagdo ao éter nao podia ser detectado™ Seria possivel imaginar que, acidentalmente, Por Wm combinagao do movimento orbital da Terra com os movimentos do Sistem ‘Solar e da Via Lactea, a componen- te do movimento a Terra na direcdo do feixe de luz fosse nulo. & claro, entao, que, ve je meses depois a velocidade orbital da Terra teF® © sentido invertido e seria, em relagio ao éter, 0 dobro da velocidade orbital. Para anular esse possivel acidente @ lizada em diferentes horas do dia e em diferentes estagdes do ano, experiéneia foi real ‘com resultados sempre nulos. Desde que Michelson e Morley realizaram suas €xPe= jutros expe- iéncias, elas foram repetidas varias vezes, com aperfeigoamentos, por 0 rimentadores, sempre com resultados rulos. (resultado nulo da experiéncia constituiu wh problema grave para a fisica clas sica, Uma explicacao possivel seria 0 arrastamento do éter pela Terra. F claro que se eter € arrastado pela Terra cm seu movimento, 9 experimentador deverd achar um resultado nulo para a velocidade da ‘Terra em relagao a ele. Porém 0 arrastamento flo ster estava em contradigao direta com duas fexperiéncias realizadas no passado € bem confirmadas, que discutiremos a seguir Problema 1 Supondo que, num espectrémetr> de Michelson-Morley, utiliza-se ur amarela (A = 590 nim) € que 0 braco do espectrometro mede 1 m, calcule © deslocamento de franjas de interferéncia ‘esperado, em relacao a langura da franja, Ge avordo com a fisica ctéssica. A velocidade orbital da Terra é v ~ 30 kms” 16 Capitulo 1 — Em busca do espace absoluto Figura 1.8 Experiéncia da aberragdo da luz das estrelas. A figura da esquerda mostra a observa: a0 da estrela no referencial desta ea da direita, no referencial da Ter- ra, Neste ultimo é necessario incl nar 0 telescépio num angulo a em relacdo a vertical para compensar 0 ‘movimento orbital da Terra, 1.7 ABERRACAO DA LUZ DAS ESTRELAS E EXPERIENCIA DE FIZEAU A primeira das experiéncias citadas na Segao 1.6 mostrando a impossibilidade do ar- rastamento do éter pela Terra ¢ a observacao da aberragdo da luz das estrelas. O fenémeno da aberragdo da luz das estrelas foi descoberto por James Bradley, em 1725, Ao examinar a variagao da posicao aparente das estrelas durante o ano, ele observou que, apds serem feitas todas as corregdes necessérias, uma estrela no zénite da ecliptica movia-se numa érbita quase circular com didmetro de 40,5”, o que obrigava a inclinar o teleseopio num angulo a = 20°. Ele consegum explicar o fend- meno como resultado da combinagdo da velocidade da luz. com a velocidade da Terra em seu movimento orbital, como mostraremos a seguir Seja R o referencial da estrela. Se a Terra estivesse fixa nesse referencial o teles- cOpio deveria ser dirigido na diregao do eixo y, isto é, a = 0. Como. Terra se desloca com velocidade » em relacao a estrela, precisamos introduzir o referencial R’ da Ter- a. A velocidade do raio de luz no referencial R’ resulta da composiggo da velocidade cdo raio de luz da estrela com a velocidade v da Terra, ambas medidas em relacio ao éter (referencial R), como mostra a Figura 1.8, - O Angulo sob 0 qual se observa a estrela 6 dado por em excelente acordo com a observacao. Essa experiéncia nos mostra que o éter, que é es tacionario no referencial R, nao é arrastado pela Terra (referencial R’). Se fosse, nao haveria aberracdo e 0 ~~ _telesc6pio deveria ser direcionado na vertical. A outra experiéncia mencionada é a experiéncia de Fizeau-Fresnel sobre o ar- rastamento do éter por um meio em movimento, Um tratamento rigoroso dessa teo- ria s6 pode ser feito com a teoria eletromagnética de Maxwell, por isso exporemos aqui apenas os resultados. Segundo uma teoria de Fresnel, verificada experimental- mente por Fizeau em 1853, a velocidade da luz v em um meio de indice de refragao n, que se desloca com velocidade w em relagao ao observador, é dada por £4(1- 1 ps quan n n tomando-se 0 sinal superior ou inferior se 0 movimento da luz é no mesmo sentido ou em sentido contrario ao movimento do meio, respectivamente. ‘No entanto, pela TG, se o éter fosse totalmente arrastado pelo meio, a velocidade dda luz seria dada por v = c/n * u, A Equagdo 1.11 sugere que o éter é parcialmente 1.7 —Aberracdo da luz das estrelas ¢experiénca de Fizeau 17 arrastado pelo meio em movimento. O fator (1 - I/n”) 6 0 coeficiente de arrasta- mento de Fresnel, que indica a fracao da velocidade w do meio com que o éter é arrastado. E claro que, do resultado dessa experiéncia, para um meio de indice de refragio ‘n= 1 (como oar) em movimento, 0 coeficiente de arrastamento ¢ 0, ou seja, o éter permanece estaciondrio. As experiéncias de Fresnel-Fizeau ¢ da aberragao das es- trelas favorecem, portanto, a hipdtese de que o éter nao 6 arrastado pelos corpos materiais em movimento. Para explicar 0 resultado nulo achado por Michelson e Morley e, a0 mesmo tempo, manter o éter estacionario, FitzGerald e Lorentz propuseram que 0s corpos sofre- riam uma contracao na direeao de seu movimento por um fator ,1 —v“/e*. Com essa hipétese, o brago do espectrometro de Michelson paralelo & velocidade da Terra se contrairia justamente o fator necessdrio para explicar 0 resultado nulo da experién- cia, Essa conjetura ndo resistiu a testes experimentais, que nao discutiremos aqui, € logo perderia sua importancia quando Einstein propés sua teoria, capaz de explicar © resultado nulo da experiéncia de Michelson a partir de principios muito gerais de aleance mais amplo, Devemos concluir que a evidéncia experimental é em favor da inexisténcia de um referencial absohuto, mesmo que apenas localmente estacio- dirio, como no caso do deslocamento do éter por um astro em movimento, Dos trés caminhos listados antes para resolver o contlito apontado na tisica classica, fica entao eliminado o primeiro. Problema 2 Mostre que a hipstese de FitzGerald-Lorentz, explica 0 resultado nulo da experiéncia de Michelson-Morley. Sugestdo: reporte a Figura 1.7; suponha a velocidade da luz constante em relagao Jao éter e a dimensao do espectrometro, ao longo do movimento, sofrendo con- ‘tracdo por um fator [1 — (v*/c?)]". Mostre que sinais de luz enviados pela fonte levam 0 mesmo tempo, no percurso de ida e volta, nas duas diregoes segundo caminho exige uma modificagaio da teoria de Maxwell. As tentativas mais conhecidas sao as teorias de emissdo, em que a eletrodinamica de Maxwell ¢ modificada fazendo com que a velocidade de uma onda luminosa esteja associaca & fonte e nao a um referencial absoluto. Postula-se que a velocidade da luz, num meio de indice de refracdo n, 6 c/n em relagio & fonte emissora ¢ independente do mo- vimento do meio. 0 leitor poderd verificar que elas explicariam o resultado nulo da experiéncia de Michelson-Morley. Essas teorias foram refutadas pelo exame da luz ‘emitida por estrelas bindrias eclipsantes (0 par de estrelas gira em torno do centro de massa de forma que, para um observador na Terra, uma se afasta quando a outra se aproxima). £ evidente que a velocidade da luz que atinge a Terra proveniente da estrela que se aproxima deveria ser maior do que a da companheira que se afasta, 0 ‘que nao foi verificado. A natureza deste texto nao permite a exposicao dessas teorias e das experiéncias que as refutaram. O imenso éxito da teoria de Maxwell na expli- cacao dos fenémenos eletromagnéticos e épticos nos levam a abandonar o segundo caminho sugerido. 18 Capitulo 1 — Em busca do espaco absoluto esta, dessa forma, oterceiro caminho, que estende o principio da relatividade ao eletromagnetismo, mantém a teoria eletromagnética de Maxwell e procura coriei srecanica de Newton, para que essas teorias fiquem consistentes com o principio da telatividade, Esse foi o caminho explorado por Einstein, e que exporemos nos pré- ximos capitulos. Notas (1) 0 tratado Philosophiae naturalis prineipia mathematica, cume da obra cientifica de Ieane Newton (1642-1727), foi publicado em 1687, na maturidade desse grande mals taaateo e isco. Aos 25 anos Newton jétinha realizado suas maiores descobertas: o cAl> vio diferencia e integral, a gravitagio universal, a dispersdo da luz ¢ otelescSpio de T° flexio. Os Principia, que sistematizam pesquisas Fealizadas desde a juventude, criaramn tm paradigma que dominou as ciéncias Msicas nos dois séculos seguintes © commit eer ate nossos dias, os fundamentos para célculos de mecdnica no mundo macroscODIce ‘A obra ultrapassou os limites das ciéncias fisicas, nfluenciando a filosofiae, em conse aes ide 2 cultura dos séculos XVIII e XIX, Newton dedicou ainda parte considerével ide seu tempo a pesquisas em alquimia e cronologias biblicas. snurtas vezes sorts tentadoo a coparar a obra de Newton em uma parte boa outa in Ai Nab deveros, no entanto, tomar seus estidos das eronologias bfblicas e de alauimia ae Ienna derrisora, mas no comtexto da época e, sendo assim, como uma demonstragao ‘Je sua tentativa de abarcar todo o conhecimento humano para compreender o Univers Newton era um homem profundamente religoso e até intolerante no que se relacion ava 2 religiio. Mesmo nos Principia pode-se perceber a manifestacao de sua crencé religio- ai para Newton, Deus nao cria 0 espago— 0 espago absoluto e eterno ¢ parte integrante Su existéncia da divindade. Deus percebe 0s corpos fisicos por sua onipresenca no ¢SP {o absolut, € como se 0 espago fosse o érafio de percepgao de Deus. Ele tame ie oo aeeetis fsico, corrigindo as perturbagBes miituas nas Orbitas dos planetas,evitando jue elas ventas ase desorganizar @ eausem rolisfes. Leibniz, contemporaneo ¢ host de fenton em muitas questOes,ironizava o talento do Deus newtoniano como relojoeiro, inncapaz de construir um mecanismo a prova de perturbagdes. Infelizmente, as caracteristicas sociais de Newton nifo acompanhavam suas qualidades see ecuais Provavelmente, sua vida afetiva foi prejudicada pela orfandade antes , As, situados no referencial R, estio sincronizados no instante inicial. 0 relégio A’, situa: do no referencial R’, mede o tempo proprio e deve se atrasar em relacao a05 relégios A, e A Note que o observador em R’ vé 0s dois eventos — partida do sinal da fonte de nz € chegada a célula fotoelétrica ~ no mesmo lugar (no mesmo relégio). Nesse caso, dizemos que o rel6gio mede o tempo préprio do observador. Em qualquer outro re- ferencial inercial, o sinal parte da fonte em uma posicdo e chega ao detetor em outra, sendo necessario, portanto, utilizar dois relogios previamente sincronizados, intervalo de tempo proprio entre dois eventos serd menor do que o inter- valo de tempo entre os mesmos eventos, medido em qualquer outro referencial inercial. O fator y, que relaciona os intervalos de tempo nos dois referenciais, depende da velocidade relativa destes; se w/c << 1, y= 1 e At’ = At — A Figura 2.5 ilustra 0 conceito de tempo proprio. Os R rel6gios A,, Ay € Ay do referencial R s4o previamente ] sincronizados; o relégio A’, situado no referencial R’, om move-se com velocidade u no referencial R. O relégio Co A inicia seu movimento ao lado de A;, no instante 1’ = 0. Queremos comparar a leitura do relégio A’ com Ay | asleituras dos relégios A,, As @ Ay I & ‘Observe que, no referencial R’, 0 tempo é medido * no mesmo rel6gio A’ e, no referencial Ro tempo é me- dido em rel6gios colocados em posigées diferentes. Entdo, o relégio em R’ mede o tempo proprio e deve, portanto, se atrasar em relagdo aos relégios de R. Quando 0 reldgio mével passa por ‘Ag, digamos que seu ponteiro indique 10 min, enquanto 0 ponteiro de A, marca 15 min . Quando 4’ passar por Ay, seu ponteiro indicara 20 min enquanto o ponteiro de Agmostraré 30 min. Como mostra a Figura 2.5 os relogios A;, A2 € As estdo sempre sincronizados entre si. © leltor poderd analisar v vaso emt que v observador em A ve o referencial R mover-se para a esquerda. ee Exemple 2.1 Dilatacao da vida média de mions A observacdo na superficie da Terra de particulas # (mtions) formadas na parte superior da atmosfera, como radiagao secundaria de raios césmicos, constitui uma evidéncia experimental da dilatagao relativistica do tempo. Os muions sao particulas instéveis e decaem segundo a lei N(0) = Noe~’” onde No é o mimosa 6 tis ee eee ears oe ie 7=2-10%s. Solugao Imaginemos um pulso de mions formados na atmosfera, a uma altitude de aproximadamente 10 km, com velocidade v = 0,998c. Se considerarmos a vida média de repouso, os mtions percorrerao, antes de desintegrar-se, a distancia 2.4 — Dilatacto do temo0 31 1 = 0,998c - 2 10% s = 600 m e nao serdo capazes de chegar até a superficie da Terra. Mas, 0 certo € considerar a vida média deles no referencial da Terra, onde estao sendo observados, entao 2-10 WY (0,998c - 30 - 10°%s 1=2-10%y $=30-10° s. O percurso do muon sera , entdo, + 10°m, suficiente para chegar & superficie da Terra. Uma maneira melhor de resolver 0 problema é tomar um certo ntimero de mtions (por exemplo 10°), formados na parte superior da atmosfera (~ 10 km de altitude)) e verificar, usando a lei de decaimento, quantos chegam a superficie da Terra, consi derando a vida média de repouso e a vida média no referencial da Terra e comparan: do os dois resultados. 0 estudante poderd fazer isso sem dificuldade. a Exemplo 2.2 0 “paradoxo” dos gemeos Dois gémeos fazem a seguinte experiéncia: um de- les parte da Terra numa astronave, com destino a uma estrela distante, enquanto o outro permanece na Terra, Ao retornar, o viajante encontra-se com © gémeo que permaneceu na Terra e observa que este esta alguns anos mais velho do que ele. Como se explica isso no contexto da teoria da relativida- de? Solugéo Figura 2.6 “Paradoxo dos Considere o planeta Terra e a estrela a-Centauri, situada a distancia L = 4 ——_gémeos”. 0 gémeo anos-luz do Sistema Solar (Figura 2.6). gémeo ficana Terrae B parte para = parte da Terra ‘-Centauri & velocidade wu = 0,8¢. Vamos desprezar o movimento da Terra em "Wm astronave torno do Sol e considerar a Terra e a-Centauri fixas no referencial R; A esta Ciel distante, fixo nesse referencial. O referencial R’ ¢ o referencial da nave. enquanto 0 gémeo Do ponto de vista do gémeo A, seu irmao B viaja por um tempo Liu = Pe,aNECE NA 400,80 anos = 5 anos até a estrela eum tempo igual na volta; portanto A enve- 3 Terra B compara Iheceu 10 anos entre a partida e 0 retomo de B. Sua idade com a de Ae verifica que Para B, o tempo de viagem 6 0 tempo que ele observa em seu rel6gioe, esta mais novo portanto, 6 o tempo proprio At’ = At/'y = 3/5 - 5 = 3 anos e tempo igual para a volta; ele envelheceu, portanto, 6 anos. No fim da experiéncia B esta 4 anos ‘mais novo do que A. 32 Capitulo 2 — Postulados da teoria da relatividade especial © aparente paradoxo no Exemplo 2.2 esté no fato de poder o gémeo B alegar que o referencial R’ da nave ficou parado enquante o referencial R foi e voltou, porque na TRE s6 importam movimentos relativos. Nesse caso, A é quem estaria 4 anos mais novo do que B e terfamos um paradoxo na teoria. Observe, no entanto, que nao ha simetria entre os dois casos. O astronauta B sente a aceleragao da nave ao partir quando atinge a estrela e inverte 0 sentido do movimento, sabe, entao, que foi ele quem fez a viagem e estar mais velito. Nao ha, portanto, paradoxo! _———— Exemplo 2.3 Qual deve ser a velocidade relativa de dois observadores para que suas medi- das de intervalo de tempo difiram 1%? Solucdo Oreferencial R’ de um observador tem velocidade em relacao ao referencial R do outro. Queremos que: : Como At = yAt’, Boas aproximacdes quando u << ¢, titeis em muitos ealeulos e que 0 leitor pode demonstrar facilmente, so: e u=Ol4e. 0 resultado do Exemplo 2.3 ¢ interessante porque da uma referéncia do valor da velocidade em que o uso da TRE torna-se necessario. Vernos que, para velocidades relativas dos referenciais até u = 0,14¢ as medidas de intervalo de tempo nos dois referenciais diferem por menos de 1%. 2,5 —Contracdo do comprimento 2.5 CONTRACAO DO COMPRIMENTO Outra conseqiiéncia dos postulados de Kinstein é a contrac dos corpos em movimento. Imaginemos ‘uma régua em repouso no referencial R (Figura 2.7) Um observador em R mede 0 comprimento da régua Ly =~. Esse comprimento, medido no referencial em que a régua esta em repouso, é chamado de com- primento proprio. O referencial R’ se desloca com velocidade w pi ralela a régua. Qual sera o comprimento da régua me- dido pelo observador de R'? Ele vé uma extremidade dda régua passar por ele e, algun tempo depois, ve a outra extremidade e mede o tempo At’ transcorrido entre as duas passagens, em seu relégio; At’ é um intervalo de tempo proprio, porque é medido em um ‘inico relégio (0 relégio do observador). O compri- mento da régua no referencial R’ pode entao ser cal- culado como: L’ = w At’. Por outro lado, o observador do referencial R mede o tempo de passagem At do observador do referenc S ”) Figura 2.7 Contracéo do comprimento. Uma régua situada no referencial R, quando medida por um observador desse referencial, tem comprimen to proprio Lo. Um observador em ®, a0 medir a mesma régua, acharé um comprimento menor. € essencial que 0 observador de ® faca as medicbes dos extremos da régua simultaneamente R’ pelos pontos 27; e st», utilizando os rel6gios colocados em x; e 2, previamente sincronizados, ¢ calcula Lo = wAt. Mas, como vimos ante- riormente (Equacdo 2.1), At’ = At/y (At’ Athy YY ut Como y= 1, L! = Lo, €0 observador achara para 0 comprimento de uma régua em movimento em relacao ale um valor menor do que o medido no referencial de repouso dela ~ ele observard uma régua contratda na diregao do movimento. Um observador situado no referencial R’, por sua vez, observaria uma régua do referencial R como con- trafda, A Figura 2.8 ilustra esse fato (as réguas A e B. de mesmo comprimento préprio Lo, vistas por obser- vadlores em RR’). Muitas vezes, os estudantes ficam com a impres- 0 de que essa contragio — assim como 0 atraso dos reldgios, estudado antes - é um efeito aparente, de alguma forma irreal, como, talvez, uma ilusio. E pre- ciso salientar, no entanto, que ela é um efeito real. Di- ferentemente da contragao proposta por FitzGerald e Lorentz, citada na Seco 1.6 para explicar o resultado: nulo da experiéncia de Michelson e Morley, ela nao um intervalo de tempo proprio); entao Figura 2.8 A régua A tem comprimento proprio Lo no referencial Re a régua B tem comprimento pr6: prio Lo no referencial R’ (parte superior da figura). Se R’ se movimenta ao longo do eixo x em relacao 2 R, 0 observador em R vé a régua 8 contraida € ‘0 observador em R’ vé a régua A contraida (parte inferior da figura). 34 Capitulo 2 — Postulados da teria da relatvidade especial resulta de algum mecanismo dinamico que compacta as moléculas do corpo, mas é conseqiiéncia de serem o espago e o tempo grandezas relativas. Resulta dai a nossa dificuldade em aceitar cases novos fendmenos foros acostumados a lidar com 0 espago e o tempo como grandezas absolutas e agora o nosso absoluto é a velocidade da luz, Ao estudar a Seco 5.10 0 estudante verd que a contracao tem uma explicagao ‘geométrica no espaco de quatro dimensdes. Diante dessa conseqiiéncia dos postulados de Einstein, a conjetura de FitzGerald ¢ Lorentz nao é mais necesséria para explicar o resultado nulo da experiéncia de Mi- chelson e Morley; tornou-se supérflua e foi por isso abandonada” a ' ‘Exemplo 2.4 Analise a experiéneia discutida no Exemplo 2.1 do ponto de vista de um obser- vador situado no referencial do mtion e mostre que os mtions poderao chegar ao detetor colocado na superficie da Terra. Solucao Oobservador no referencial R do muon vé o referencial R’ da Terra aproximar- se. A distancia da superficie da Terra ao ponto da atmosfera onde sio formados ‘os miions € Ly ~ 10 km. No referencial R essa distancia é contraida de acordo com a Equagao 2.2: aad il ee 1o(1- Y é Durante sua vida média os mtions percorrem uma distancia: L = 0,998 c -2-10°°s = 600m comparavel com a distancia contraida. Portanto eles podem chegar até ao de- tetor na superficie da Terra. sos)" = 630 m. Exemplo 2.5 Uma astronave cujo comprimento préprio é 100 m passa por uma plataforma espacial com velocidade u = 0,6c. O piloto pode acender duas limpadas, co- locadas nas extremidades A’ ¢ R! da nave, por meio de sinais luminosos man- dados do ponto C’, situado no meio da distancia A'B’. 0 piloto, situado em C’, a0 passar pelo observador C, situado na plataforma, dispara um flash. Piloto e observador disparam seus rel6gios nesse momento. Ache: (a) a distancia entre as Jampadas para o observador na plataforma; (b) a separagao entre os clardes em A’ e B’ no rel6gio do piloto em C’; (c) a separagao entre esses clarbes no rel6gio do observador ern C. 2.5 — Contragio do comprimento 35 Solugéo a) Sejam Re R’ os referenciais do observadore da nave, respectivamente. R’ move-se com veloci- ~ dade u em relacdo a R. Supde-se que 0 obser- vador em R mede simultaneamente as posigbes de A’ e B’. O comprimento proprio da nave 6 100 m; ela sera observada contraida no refe~ rencial R: Os relogios de Cec 1 Sso'sincronizados = =1,25, ed ari L=L'ly=100 w1,25=80 m. Figura 2.9 b) Os clardes em A’ ¢ B’ serio simultdneos no referencial R’ da nave porque a velocidade da luz é a mesma nos dois sentidos e, portanto, a separacao entre eles no reldgio do piloto é nula. ©) Para calcular a separaco temporal entre os clardes no rel6gio do obser- vador, analisaremos o problema no referencial da plataforma e suporemos que todos os relégios da plataforma esto sincronizados. Calcularemos, entao, separadamente, as leituras desses relégios quando os pulsos de luz provenientes de C’ atingem A’ e B’ respectivamente. Enquanto o pulso de luz se desloca para a esquerda com velocidade ¢,0 clara de A’ viaja para a direila com velocidade 0,6¢. Seja AC intervalo de vein po entre a safda do pulso de C’ e sua chegada a A’, no rel6gio do observador. Entao: ‘cAt+0,6cAt =5a0 m, At(C’> A’)=40 m/1,6c = 8,33:10" s. Para o pulso de luz que sai de C” ¢ chega em B’, podemos, analogamente, es- crever: cAt-0,6cAt==80m, An(C’ > BY) = 40 m/0,4c=33,3-10 s. A separacao entre os clardes em A’ e B’, medida no relégio da plataforma ¢: At (4', BY) = (83,8 - 8,33) 108s = 25- 10-8, 36 “Bell, E.'T,, Men of ‘mathematics, the lives and achieve- ‘ments of the great mathematicians from Zeno to Poin. ‘care, New York, ‘Simon and Schuster, 1988, * Poincaré, Henri, A ciéncia e a hipstese. Brasilia, Bditora Uni vorsidade de Brasilia, 1985, Capitulo 2 — Postulados da teoria da relatividade especial Notas ‘As notas deste capitulo baseiam-se em parte nos seguintes livros, onde o leitor pode ra encontrar referéncias mais completas: Pais, Abraham, Sutil é 0 Senhor ~ a ciéncia ¢ a vida de Albert Einstein, Caps. 6, 7,8, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1997. Holton, Gerald, Thematic origins of scientific thought, Cap. 6, Cambridge, Mass.. Harvard University Press, 1988. (1) Annaten der Physik, 17 (1906), 891-921. Ha uma tradugio brasileira desse ge £0 Stachel, John, O ano miraculoso de Einstein, Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 2001, Esse livro contém os cinco notaveis artigos de Einstein publicados em 1905, (2) Henri Poincaré (1854-1912) foi um dos mais notaveis matematicos de sua €Poca; quali- Meatlo por E.T. Bell® como 0 titimo dos universalistas, pela amplitude de sua area de pesauisas: fi um dos criadores da topologia e precursor da teoria de sistemas dindmicos; crm fisico-matemético, ao mesmo tempo que Lrabalhou num dos problemas mais dif- eis da mecdnica classica ~ a anilise do problema de trés corpos , foi um de seus demo- idores, com critica arguta de seus fundamentos e a proposta de uma nova mecdnica. Nos anos iniciais do século XX, Poincaré e Lorentz estavam no dpice de suas carreiras cientificas enquanto Einstein iniciava a sua. ‘Na época em que trabalhava no escritério de patentes em Berna (1902-1909), juntamente com dois amigos, Conrad Habicht e Mau- rice Solovine, formou um grupo de estudos de t6picos de filosofia e fisica, chamado por eles Academia Olimpia, por divertimento. ‘Um dos livros estudado pelo grupo foi a cole- do de ensaios de Poincaré, Ciéncia e hipdtese,* que contém uma critica a0s conceitos: se cemapo absoluto ¢ de simultaneidade de eventos que ocorrem em lugares diferentes, Esse livro causou imenso impacto sobre eles € certamente influenciou as retlexoes de Einstein que o levaram a TRE. Pode-se dizer que a teoria da relatividade “estava no ar”. Poincaré, assim como Lorentz, estava a procura dela, mas nenhum deles foi capaz de dar o passo para fechar uma te, ce toerente, Um ano antes da publicacio do artigo de Einstein sobre a TRE , Poincaré proferiu uma conferéncia sobre “O estado atual ¢ o futuro da fisica matemdticn’ no Congresso Internacional de Artes e Ciencias de St. Louis, BUA, onde afirmava: "Talvez idevessemos construir uma mecénica inteiramente nova, da qual podemos ter apenas um Velumbre, onde a inércia, crescendo com a velocidade, faria da velocidade da luz. um limite insuperdvel”. Temos al, de fato, unt notével intuigio, mas apenas um programa para o que deveria ser a teoria da relatividade. (8) Max Planck (1858-1947), eriador do coneeito de quantum, no inicio do século XX, era ‘professor da Universidade de Berlim e tinha grande renome nos meios cientificos. Bins- vein, ao publicar seu artigo na principal revista de fisica alem, esperava que HveSS® repercussae, pelas novas idéias que expunha. Porém, para sua decepedo, os niimeres Seguintes do periédico nao continham nenhuma mengdo ao artigo. 86 algumas semanas depois recebeu tm carta de Planck, pedindo esclarecimentos. 0 interesse de Planck ora tnotivado por sua busca de grandezas absolulas na fisica: assim como a constante fda tica, a velocidade da luz c era a constante fundamental da nova teoria Problemas Essa carta marcou 0 inicio do reconhecimento do trabalho de Einstein no meio cienti- fico. Em poucos meses, Planck apresentou a TRE num serninario em Berlim, publicou 6 primeiro trabalho sobre a teoria, feito por outra pessoa que nao Einstein, ¢ orientou ‘a primeira tese de doutorado sobre a relatividade. Paul Ehrentfest, sucessor de Lorentz, em Leyden e fundador de uma grande escola, também escreveu um artigo sobre a rela: tividade, em 1907. A teoria estava assim adquirindo rapidamente adeptos importantes no meio cientifico. No entanto, houve muitos opositores por longo tempo; ao ponto dea teoria ndo ter sido citada pelo comité do Prémio Nobel, quando Einstein foi agraciado, em 1921 (0 prémia foi eoncedido pela explicacdo do efeito fotoelétrico com o quantum, ‘mas Finstein proferiu na cerimOnia de aceitag4o uma conferéncia sobre a teoria da rela- tividade). (4) Em 1909, quatro anos depois da publicagao do artigo de Einstein, Poincaré proferiu uma conferéncia em Goettingen ~ a ultima de uma série de seis - sobre “A nova mecanica’ ‘Nessa conferéncia, ele afirmava que a nova mecdnica deveria se basear em trés hipote- ses. A primeira, que a velocidade da luz era uma velocidade-limite; a segunda, a da inva ridncia das leis da fisica nas transformaghes entre referenciais inerciais (na linguagem cientifica de hoje); e a terceira, a de que os corpos em movimento de translacao sofre- riam uma contragao na diregaio do movimento (contragao de FitzGerald-Lorentz). Como vimos, a contragio na diregao do movimento ¢ uma consequéncia dos dois postulados da ‘TRE e, portanto, dispensavel como postulado. Como nao podemos duvidar de que Poin- caré conhecesse a teoria de Binstein — que jd era discutida por fisicos eminentes com os ‘quais mantinha contato -, isso indica que ele nao aceitara a teoria e possivelmente no) a compreendera totalmente, Além disso, ele se agarrava ainda hipstese do éter eletro- magnético. Nenhuma mengao foi feita A teoria de Binstein na conferéncia, o que indica que Poincaré apresentava um programa para, possivelmente, outra teoria da relatividade. Apesar de sua notavel intuicao do principio da relatividade ~ devemos a ele o nome ~e de {que o aumento da inércia com a velucidade Faria da velocidade da luz um limite insupers vel, a conferéncia mostra que Poincaré nao tem prioridade sobre Einstein na criagio da teoria. Esse episédio ilustra a dificuldade que os historiadores da ciéncia enfrentam ao tentar desvendar a origem das teorias cientificas. A excelente histéria do eletromagne- tismo de Whittaker, fisico matemético inglés, trata a teoria da relatividade num capitulo intitulado “A teoria da relatividade de Poincaré e Lorentz”. Esse é um exemplo de como 0s preconceitos do historiador podem conduzir a distorgbes. No caso de Whittaker, pa- rece que 0s preconceitos foram maiores ainda do que a dificuldade em deslindar o ema- ranhado das idéias nas origens da teoria. Problemas Os problemas deste capitulo tém como objetivo verificar a compreensao dos postula- dos da TRE; o estudante deve tentar resolvé-los sem apelar para a transformagao de Lorentz, a ser estudada no Capitulo 3. 2.1 Um cubo de aresta L est no referencial R e tem as arestas paralelas aos eixos coordenados. Qual é 0 volume do cubo para um observador que se move cor velocidade 1 paralelamente ao eixo Ox? 2.2 Uma fonte de raios X homogénea esta em repouso no referencial R’, que se move com velocidade u relativamente ao referenci 37 + Whittaker, Edmund, History of the the icity, Vol. 2 New York, Nelson and 1 € autor de um tratado dinimica analtica dou a fo dduas ou trés gera oes de fisieos; nesse livro, seguindo a tradigdo de Lagrange, s aparecem figuras apenas quatro dese- rnhos de érbitas ~ no penultimo capitulo, edicado a teoria ge- ral das érbitas, 38 Capitulo 2 — Postulados da teoria da relatividade especial tos de onda dos raios X, medidos por observadores nos referenciais R @ R’, s40 eX respectivamente. Ache a relagao entre Ae X. 2.3 Faca um grafico de y em fungao de B para variagdes de 0,1 em B, de 0a 1. Obser- ve 0 grafico e reflita sobre a contragao do comprimento e a dilatacao do tempo. 2.4 As réguas A eB medem 1 mem seus referenciais de repouso. A régua A se des- loca com velocidade v = 0,5c paralelamente régua B. Para um observador no referencial da régua B, qual € a posicdo relativa das extremidades de trés das ré- guas quando as extremidades da frente coincidem? Para ele, quanto tempo leva ‘a régua A para passar pela extremidade de trés da régua B? Resposta: AL = 0,14 m, At = 5,7 ns 2.5 A vida média do méson a* em repouso ¢ de 25 ns. a) Qual sera a vida média Gesses mésons quando se movem com velocidade B = 0,75 e qual é a distancia percorrida por eles durante sua vida média? b) Qual seria a distancia percorrida ee efeitos relativisticos fossem ignorados? c) Responda a questo (a) para B = 0,99. Resposta: ¢) 52,6m 2.6 Foguetes interplanetérios atingem a velocidade maxima de aproximadamente 240 mil knvh, Imagine que um astronauta est numa estagao espacial quando um oguete passa a essa velocidade, a) Qual 6 a contragao percentual do foguete por cle observada? b) Quanto tempo atrasaré o rel6gio do foguete, em relagao ao da estacdo, num ano terrestre? Resposta: b) 0,76 s 2.7 Suponha que o relégio da Figura 2.4 esta colocado no referencial R’ ao longo da Velocidade w. Mostre que a mesma dilatagdo do tempo, como a dada pela Equa- ao 2.1 € obuda. 2.8 A vida média de repouso do méson #* é 7 = 251s. Um pulso de 10° mésons s gue uma trajet6ria circular de 30 m de raio com velocidade B = 0,995. a) quantas particulas sobrevivern apés uma volta? b) Quantas sobreviveriam se as particulas estivessem em repouso durante o mesmo tempo? (Oe. Sugestao: A lei de decaimento no referencial da particula € NO. i TRANSFORMACA Damme) a 4 Vimos no Capitulo 1 que a mecdnica newtoniana, a transformagao de Galileu (TG) © 0 principio da relatividade de Galileu (PRG) sao.compativeis. Isto 6, se aplicarmos a TG a uma das equagdes da mecanica classica, a equacdo preservaré sua forma, satisfazendo assim 0 PRG. Vimos também que quando juntamos a esse conjunto de leis as equagdes de Maxwell, a consisténcia é perdida, porque essas equagdes nao sao invariantes sob a TG. No Capitulo 1 apontamos trés caminhos que poderiam ser tomados para sanar esse conflito: a) principio da relatividade (PR) ndo pode ser estendido ao eletromagnetismo, Nesse caso, existe um referencial absoluto para o eletromagnetismo. b) A mecanica de Newton e a TG sao corretas e 0 PR pode ser estendido ao eletro- magnetismo. Nesse caso, a formulac4o de Maxwell do eletromagnetismo ndo ¢ correta (porque nav € iivariante sob a TG) © exige modificagao. ©) 0 PR pode ser estendido ao eletromagnetismo e a formulagao de Maxwell do ele tromagnetismo € correta. Nesse caso, a TG e a mecdnica de Newton nao sito cor- retas e exigem modificacoes. Mostramos que a experiéncia de Michelson-Morley, combinada com as experién cias de aberragao das estrelas ¢ de Fizeau, constitui evidéncia forte contra a existén cia de um éter eletromagnético, que poderia servir como referencial absoluto. Isso significa que o PR deve ser estendico ao eletromagnetismo. Por outro lado, rao tins sido feita nenhuma experiéncia que pudesse ser considerada como teste negativo para as equagdes de Maxwell; pelo contrario, essas equagdes nio s6 tinham sido c pazes de explicar todos os fendmenos eletromagnéticos conhecidos, como também tinham se mostrado fecundas na previsdo de novos fendmenos e, sobretudo, tinham incorporado a éptica como fenémeno eletromagnético. As tentativas de substituir a teoria eletromagnética de Maxwell por outra compativel com a TG nao resistiram a verificacdes experimentais. Somos, entdo, induzidos a adotar 0 terceiro caminho, entre os apontados acima. 40 Se Capitulo 3 — A transformacao de Lorentz Na verdade, o raciocinio apresentado no pargrafo anterior é uma argumentacao a posteriori. E muito dificil descobrir a géncse das teorias cientificas, Rasta que 6 leitor consulte os periédicos cientificos dos séculos XIX e XX para ver o niimero jimenso de conjeturas apresentadas que pareciam razodveis, mas nao sobreviveram aos testes experimentais. Algumas foram aceitas, chegaram a ter éxito na explicagaio de um dominio de observagoes, passando & categoria de teoria, para logo depois se- rem suplantadas por teorias melhores, ¢ cairam no esquecimento. No caso da teoria da relatividade especial (TRE), ¢ particularmente dificil seguir a evolucao das idéias de Einstein porque ele proprio, em diferentes ocasides, apresentou versoes diferen- tes da historia de suas idéias, Provavelmente a experiencia de Michelson-Morley nao desempentwou papel algum. Ela nfo ¢ citada no artigo de 1905 e ele, em conferéncias f entrevistas, diz nao se lembrar se a conhecia na época da formulagao da teoria.“ Certamente as assimetrias presentes na eletrodinamica de Maxwell, citadas na intro- dugdo de seu artigo (Seco 2.1) ea experiencia de Fizeau (Seqio 1.7) constitufram bases empiricas que pavimentaram seu caminho. Parece que Einstein foi guiado por jdéias muito gerais, ligadas a sua crenca na unidade da fisica ~ para ele, no havia razio para dar um status especial & mecdnica, € 0 PR devia ser aplicavel a toda a fisica™ Uma vez estendido 0 PR ao eletromagnetismo, ¢ necessério procurar uma nova transformagao, sob a qual as equacdes de Maxwell sejam invariantes, para substituir a TG. Sob a nova transformacdo, as leis da mecanica classica perderao sua invariéncia ser, entdo, necessdrio inventar uma nova mecdnica, invariante sob a nova transfor- mago, para que o PR seja também aplicavel a ela. Como sabemos que a mecdnica classica ¢ aplicavel aos fenémenos comuns do mundo, ela deverd ser uma aproximago da nova mecanica para pequenas velocidades. Com isso ficara preservada a compati- bilidade da mecanica de Newton com a TG e com o PR para velocidades ordindrias de corpos macroscépicos. A mecanica clissica continuaré a ser a ferramenta utilizavel no céleulo de 6rbitas de planetas ou de satélites artificiais; como veremos adiante as velo- cidades envolvidas sio ainda pequenas para exigir um tratamento relativistico. 3.1 A TRANSFORMACAO DE LORENTZ Nossa meta agora € achar a transformagdo que conserva invariantes as equagdes de Maxwell ao passar de um referencial inercial a outro. Para isso, vamos analisar um. fendmeno eletromagnético simples em dois referenciais inerciais e procurar a trans- formagao, de um para o outro, que mantenha o fenémeno invariante. Consideremos dois referenciais R e R’, cujos eixos sio paralelos e cujas origens coincidem no instante inicial ¢ 0. O referencial R’ imove-se com velocidade w paralelamente ao eixo Orr.. Uma fonte de luz, na origem do referencial R, emite um pulso de luz no instante f = 0. Um-observador em R vé uma onda esférica de raio ct se propagar a partir de O. J4 0 observador em R’ vé uma onda esférica se propagar a partir de O' com raio ct’ , porque a medida de seu tempo é’ # t. As equagdes dessas frentes de onda nos dois referenciais sao: Pryrtacti? GB) ae y® eet act? (3.2) 3.1 —A transformacio de Lorentz er Se aplicarmas aT ("=~ b #) a equagao da frente de onda no referencial &”, para obté-la em R, teremos: Pagruts wes Peet =ct, que ¢ formalmente diferente da Equagao 3.1 da frente de onda no referencial R. Procuramos uma transformagao que mantenha a equagio da frente de onda invariante quando passa- ‘mos de um referencial inercial a outro e que se reduza ATG quando wer 0. Com essa iltima exigéncia esta- tos procurando fazer com que a TG seja uma aproxk | ago da nova transformacao a velocidades baixas em Comparagao a c. A transformagao procurada deve ser | ___ tal que y e 2 nao sofram modificagdes, porque 0 mOvi- rento é ao longo de x, e deve ser linear em z e t porque a frente de onda esférica se Figur 3 propaga com velocidade uniforme. Um pulso de luz ‘Tentamos a transformagao: esférico € emi- (8.3) _tido da origem . dos referenciais erminada, Transformamos agora a frente de onda inerciais & ¢ 509 instante t= t'= 0. 1m essa nova transformagao, me GAO, se desloca a0 longo do eixo x do yeaa U atthe, onde k é uma constante a ser det do referencial R’ (Equagao 3.2) para o referencial R; co! obtemos: 2 422k tar + ck 2a”, referencial R com velocidade relativa u, 0 raio da onda esférica observada em Rér=cte,em Rer=ct. Qout ++ yp ae — uciic?, e teremos Os termos em at se cancelardo se fizermos k= — we" out’ 20 wie) +ypee= CF 0
    1, concluimos que o comprimento da régua, medido em qualquer referencial que ndo seja o de re- pouso dela, seré menor do que 0 comprimento pr6- rencial R & medias vidades da régua simultanes- prio. Esse é o resultado jé obtido na Seco 2.6 pelo uso mente, direto dos postuilados de Einstein. _——_ Exemplo 3.1 Mostraremos aqui como o Exemplo 2.5 pode ser resolvido de maneira mais simples utilizando as equacdes da TL. Solucao a) b) °) 0 comprimento proprio da nave ¢ Lg = ary- «, Seu comprimento medido pom ‘Ar = tg ~ %, sera menor devido & contracdo de Lorentz yuagao 3.7). y 125 Os claroes em A’ e B’ sie simulténeos para o piloto, porque a velocidade da luz nao depende do movimento da nave: At’ = 0. ‘Obtém-se a separagdo entre os clardes em A’ e B’, medida no relogio do observador, de maneira muito mais simples do que a da solugao dada no Exemplo 2.5, utilizando a equagio do tempo da TL inversa: to-1(u+5a4) ure stu} tat, =r(ar+ar) A i 2a(0+82100m)- 938m ¢ 3.4 — Diferenca de sincronrzagao de reléyio> 3.4 DIFERENCA DE SINCRONIZACAO DE RELOGIOS Vimos na Secdo 2.2 que 6 trivial sincronizar rel6gios situados no mesmo referencial. No entanto rel6gios sineronizados em um determinado referencial inercial estardo sineranizados para um observador em outro referencial inercial? Vamos mostrar que nao e calcular a diferenga de sincronizagao dos relégios para o dbser- vador do outro referencial. ‘Supomos que dois eventos ocorram nos pontos © er» do referencial inercial R nos instantes ty e tz (tz > £,), marcados por rel6gios situados naqueles pontos previamente sincronizados (Figura 3.4). Pela TL, um observador que se move com velocidade uniforme uw, em relagav aR observaré os cvcntos nos instantes Figura 3.4 Dols reldgios situ: ados no referencial inercial R, separa- dos pela distancia {q, sincronizados, marcados em seu rel6gio. Para ele, 0 intervalo de tempo entre os oe eas o{u-Sae}o1(us-2) < onde Ly € a distancia propria entre os rel6gios. Vamos supor agora que os eventos sejam simulténeos em R. Entdo, At = 0€ eventos sera att Veros que os eventos 86 seriam simulténeos para 0 observador emR’ se ule + 0, isto é, para baixas velocidades do observador. Pata determinar a diferenga de sincronia dos relégios situados em a ¢ 2 para © observador em R’, hé um ponto delicado que precisamos analisar com cuidado, Observe que At’, dado pela equacao anterior, 60 intervalo de tempo entre os dois everitos medido no relégio de R’ — e isso nao é 0 que procuramos. Do ponto de vista, do observador em R’, 0 intervalo de tempo medido por ele é dilatado por um fator y ‘em relagao ao intervalo de tempo medido no referencial R, que se move em relagao ele (Equagdo 3.5). Entao, de acordo com esse observador : Af= ys > at= y At R6, por- © intervalo de tempo entre os eventos medido nos rel6gios do referencial tanto, - (8) 46 Capitulo 3 — A transformacao de Lorentz Figura 3.5 0 observador Cé equidistante dos relogios Ae Bno referencial R. O observador C, no referencial R’, que tem velocidade u em relacao 4 R, passa por C no mo: mento em que este dispara um pulso de luz para sincro- nizar os reldgios AeB. ‘Como os eventos sao simultaneous eu F, o que At mede? At mede a diferenca de sincronizagdo dos relogios em R para o observador de R’. Note que At = <0, ou ty < t,;entAo, para o observador em R’, o evento ocorre mais cedo no rel6gio situ- ado em :r», ou seja, o relégio em ar esta adiantado em relagao ao relégio em 2, ‘pulso de luz chegaaA eB? ‘Na Figura 3.5, um observador C no referencial R coloca relégios nos pontos A e B, distantes um do outro 10 minutos-luz, e uma lampada no ponto in- termedidrio de A e B, onde permanece. 0 obser- vador ©” esta no referencial R’, que se move com velocidade u = 0,6 c relativa a R, paralelamente a0 eixox. Quando C’ passa por C ambos acionam seus relgios e, nesse momento, C dispara um pulso de ‘Juz para sincronizar os relogios A e B. a) Qual é a distancia medida por C’ entre os rel6- a bd) Quai sfo as indicagées do relogio de C’ quando 0 ©) Qual ¢ o intervalo de tempo entre a recepgao do pulso de luz em A e B, de acordo com C? d) Quanto tempo o rel6gioA est adiantado ou atrasado em relacdo ao relégio Solugéo ‘A distancia de 10 minutos-luz pode ser expressa por 10c min (observe que essa grandeza tem a dimensio de comprimento). A e B estao em repouso no referencial R, ento 0 comprimento AB em R é um comprimento pr6- prio. C’ mede um comprimento menor a) B, de acordo com C’? (8 min-uz). b) Queremos calcular o intervalo de tempo no referencial R’ entre a partida do sinal de C (C’) e sua chegada a lampada A. No referencial R, 0 intervalo 3.5 — Transformagdo das velocidades de tempo entre a saida do pulso de luz de Ce sua chegada em A é At = 8 min, Podemos usar a TL para transformd-lo do referencial R para 0 refe~ rencial R ar’ (a-“82) 1,25 (s min 288) 0 in é é Oleitor poderd calcular o intervalo de tempo no referencial R” entre a sai- da do pulso de luz de C e sua chegada a B e acharé 2,5 min. Observe que C’ se afasta de A e'se aproxima de B depois que o pulso de luz é emitido, or isso Ati, > At > Ati. . Para C, 0 intervalo de tempo entre a recepgio dos dois clardes é At = 0, porque sio simultaneos para ele. De acordo com C" 0 intervalo de tempo é,no entanto, ar r(as—22)-san{o- 8c ten) min ¢ O sinal negativo indica a ordem em que C’ percebe os clardes. Assim, At’ = th-t4=-7,5 min < 0, entio t/, > t (pari C’, o clarao de B precede o de A). Os relégios A e B esto sincronizados em R, mas nao em’. A diferenca de . sincronizagio é dada no rel6gio C’ por 3.5 TRANSFORMACAO DAS VELOCIDADES Conhecemos a velocidade v de uma particula P no re- Srencial inercial R e queremos achar sua velocidade no referencial R’, que se desloca com velocidade uni- forme u em relagao aR. Como ja vimos, sempre pos- sivel girar os referenciais de modo que u fique paralela 2 eixo Oxr sem perder a generalidade. A particula tem uum deslocamenta (Aur, Ay, A2) no tempo At. Utilizamos a TL para transformar os des- leeamentos ¢ o intervalo de tempo de um referencial Figura 3.6 rz pO rencial Qs'referenciais inerciais Re R’ tém velocidade rela Bars 0 outro. As componentes da velocidade no refe-_tiva u. A velocidade da particula Po referencial R mencial A’ sio: € vio, x5) €no referencial R’ é v'., , ) « 48 Capitulo 3 — A transformagio de Lorentz 69% v s A transformacao da componente v, pode ser deduzida pelo leitor facilmente. | Se conhecermos a velocidade da particula no referencial R’ e quisermos determi- né-la no referencial R, isto é, obter a transformagao inversa, bastard trocar u por -u nas Equacies 3.8: ‘Exemplo 3.3 A luz tem velocidade ¢ no referencial R. Qual é sua velocidade no referencial RR’, que se desloca com velocidade u em relacao a R, na mesma diregao e sen- tido da luz? Solugao Utilizamos a TL para calcular a velocidade da luz no referencial R’: como deveriamos esperar, tendo em vista o segundo postulado de Binstein, Exemplo 3.4 ‘Um problema interessante é a deter io da velocidade da luz em um liqui- do que fui (veja a experiéneia de -Pizeau na Segio 1.6). A luz se des- loca com velocidade c/n num meio de’indice de refragaio n que por sua vez se : desloca com velocidade w em relacao ao observador. Fresnel deduziu, utilizan- i do argumentos cléssicos, a seguinte formula (Equagao 1.8) para a velocidade 3,6 — Efeito Doppler Juz em relagao ao observader: oo 2a{1-4]u n a) . deducaio muito mais: simples pode ser obtida utilizando a TRE. ucao ¢ emos usar a formula: relativistica de adigao de velocidades (tomamos as ve- dades da luz e do meio em sentidos opostos e chamamos de v' a velocidade uz em relacdo ao meio): ov+u c ue c ce (Eeaf-slesel ue n on) 0 a Je foram desprezados termos erm aic2, A equacdo obtida ¢ idéntica a for- la de Fresnel. « Einstein considerava a verificagio experimental da ntais da TRE © nao das importantes bases experime + nessa elegante aplicacdo da composicao de velocidades. Essa demonstracao ita por Laue“ s6 dois anos depois da publicagao do artigo de Einstein de 1905. ublicar, em 1917, 0 livro-de popularizagao da teoria da relatividade ja citado,” rein tratou a experiencia de Fizeau como experiencia crucial da TRE porque, pter o resultado dessa experiéncia, devemos fazer as vyelocidades se comporem cordo coma TL e nao de acordo com a TG, interessante observar qué 40 1.8 por Fizeau uma 6 EFEITO DOPPLER feito Doppler € a variagio na frequéncia de um 2 percebida por tum observador quando a fonte esta provimento em relagao a ele. Antes de atacar 0 fe reno pela teoria da relatividade, analisaremos POT | todos da fisica classica 0 caso do som emitido por | * fonte em movimento em relacao ao observador. © emissor da onda sonora ‘esta no referencial R' | e se afasta do receptor (no referencial & do labora rio) com velocidade u, paralela ao eixo Ox (Figura "Observe que o meio em que se propada som-a fera — esté em repouso em R. O an, onary std em repouso em R. O ertissor emite, 0 receptor est ) intervalo de tempo ‘At, uma onda com N cristas, move-se com velocidad ja frequéncia € v’ = N/At. Repare que nao ha nada tando-se do receptor. > ‘4 em repouso no meio, € o emissor je w relativa ao meio, afas- 49 50 Capitulo 3 — A transformacio de Lorentz a questionar aqui: N é um numero € » tempo € absoluto, portante independentes do movimento da fonte. 'A velocidade do som v, em relagdo ao meio € independente da velocidade do emissor e depende apenas das propriedades mecdnicas (densidade ¢ propriedades listicas) do meio. A frente da onda percorre uma distancia v, At no meio; ho inter- Valo de tempo At, Quando a tiltima crista deixar o emissor, ele teri avangado wAt. A fe eo fim do trem de ondas é (v, + u) At. Nesse espago existem distancia entre a frent Neristas, portanto o comprimento de onda seré (v,+u)ar N Mas a freqiiéncia no referencial do emissor € v’ = N/A‘; entdo ee, gay u ie= 2, rador no referencial do laboratério e v’ a fre sendo va freqiéncia medida pelo observ: Nesse caso, 0 emissor se afasta do receptor qiléncia medida no referencial da fonte. a Oe v-< v'; se 0 emissor se aproxima do receptor, u< Oe ¥> »" 6 um aviio a jato), 0 efeito é muito grande Se, u = v, (por exemplo, se a fonte se ult, << 1, Problema 1 Mostre que, no caso em que a fonte esté em repouso e 0 receptor: afasta, a relagao entre as frequéncias é vere] @l quando a velacidade é pequena em relagio a velocida Observe, nu entanto, que, or ou receptor em repouso. do som, os resultados sao idénticos para emiss' ra ao estudo do efeito Doppler para a luz. No caso discutido ant ir 0 que se move ou est em repouso em a eletromagnética nao hé um meio mater lima ver que o éter € desnecessério, e 86 tem significado o movimento relative cinissor ¢ receptor. Vamos analisar uma situagao semelhante & anterior: 0 emis Situaddo no referenecial R’ se deslaca com velocidade 1, em relagdo ao receptor, § ado no referencial R. Passemios agor hd um meio (0 ar) e podemos distinguit lagdo a ele, ao passo que para uma ond: 3.6 — Efeito Doppler Os relégios dos referenciais sao sincronizados para marcar t= (’ = 0 no momento em que suas origens coincidem. O emissor 6 disparado nesse momento € emite um trem de ondas durante o tempo t'. No refe~ rencial R’, a frente da onda ¢ emitida na posigao 0, B > Oe vv’. .13) 0 resultado obtido mostra que o fator que corrige a freqiiéncia no efeito Doppler relativistico s6 depende de B, ou seja, de u, que ¢ a velocidade relativa de emissor € detetor, como seria esperado na TRE. Figura 3.8 No caso da luz, indo ha meio (nao hha éter) de modo que 6 interessa a velocidade relati va; o emissor se afasta do receptor com velocidade u. A figura represen: tao instante de emissao da traseira da onda nos dois referenciais. Capitulo 3 — A transformacdo de Lorentz Problema 2 Faca o célculo do efeito Doppler para o caso em que a fonte de luz lest em repouso e o receptor se aproxima dela com velocidade 1. Mostre que 0 resultado ¢ igual ao obtido na Equagao 3.13. $6 podcria ser assim, porque na teo- ria da relatividade importa apenas a velocidade relativa (nao ha referencial abso- Iuto) B interessante comparar o resultado classico com o relativis ‘0 quando a veloci- dade da fonte é muito menor do que a velocidade do som e da luz respectivamente. No caso do som a Equagao 3.11 nos da: =(-4) para u< tempos de estudante mostrara gosto pela solidio. Hendrik A. Lorentz (1853-1928), merece um comentério & parte pelo papel aue deseft- penhou nas transformagdes por que passou 2 fsica no final do século XIX © Do! 8 influ- peta na eriacao da teoria da relatividade. A grancie importancia do trabalho de Loren ata na ligagao dos novos conceitos da fisica atomica (atoms, elétrons e radiagao) com se teoring de Fresnel e Maxwell de maneira coerente, J em 1895 ele interpretava 1 quagdes de Maxwell em termos de cargas e correntes de particulas funcamentais “ave =Dukas, Helen e Ho- fimann, B. (org) Al- bert Einstein o lado humano. Brasilia, Editora Universida- de de Brasilia, 1985, pis. Capitulo 3 — A transformacio de Lorentz Chamava fons — e introduzia a forca que atua sobre um “fon” de carga e que se move hum campo eletromagnético (E, B): a forca que hoje chamamos forga de Lorentz (em 1899, ele denominava sms os portadores do carga clétrica). Lorentz vra admiravelmen. te criativo ¢ explorava todos os caminhos que a fisica clissica oferecia para atingir seus Propésitos. Poincaré, que era seu amigo e admirador, criticou-o sutilmente pelo excesso de hipéteses que formulava, mudando-as constantemente, quando percebia caminhos melhores, Seu conhecimento amplo, profundo e coerente, associado a um cardter modesto, pa- lente ¢ justo (veja seu relacionamento com FitzGerald na nota 6 do Cap. 1) faziam de Lorentz uma pessoa muito admirada ¢ estimada no meio cientifico (Einstein tinha par- cular estima e respeito por ele). Em 1902, junto com P. Zeeman, ele foi agraciado com. © Prémio Nobel, por seus trabalhos em espectroscopia, auie se tornariam fundamentais para o desenvolvimento da velha e da nova fisica quantica. Lorentz passou toda sua vida na Holanda, tendo safdo de seu pais pela primeira vez aos 45 anos para participar num. congresso cientifico do outro lado da fronteira. Quando faleceu tinha se transformado em pessoa admirada e respeitada por seus concidadaos; durante a ceriménia de seu enterro, os sistemas de correios e telefones da Holanda suspenderam suas atividades durante trés minutos, em sinal desse respeito e admiragao (3) Max von Laue (1879-1960) foi um dos primeiros fisicos a aceltar a TRE. Tomou conhe- cimento dela através de Planck, de quem era assistente, e marcou uma visita a Rinstein em Berna para discutir alguns aspectos da teoria. Relata que ficou muito impressionado 0 encontrar um jovem fisico, de sua idade, como autor da teoria. Em 1907, von Laue Publicou a nota sobre o tratamento relativistico da experiéncia de Fizeau (veja o Exem- plo 3.3) e foi autor da primeira monografia sobre a teoria, Foi agraciado com 0 prémio Nobel em 1914, alguns anos antes de Einstein, pela descoberta da difragao de raios X em cristais, (5) Referéncia ** da nota 1 (6) Ives H. F,, Stilwell G. R., J. Opt. Soe. Am. 28, 215 (1998); 81, 349 (1941), (© Aseestrelas varidveis Cefeidas so astros gigantes, que tém trés ou mais vezes a massa do Sol. Elas pulsam, variando em brilho ao mesmo tempo que variam em tamanho, A pulsa- (cao da estrela estd lignda ao ciclo de processos termonucleares envolvendo nticleos de hidrogénio e hélio. O perfodo ¢ diretamente relacionado ao brilho intrinseco da estrela, isto €, em termos astronémicos, a sua grandeza absoluta. Conhecida a grandeza de uma Cefeida e sabendo que o brilho cai com o quadrado da distancia, o astronomo pode cal- cular sua distancia, Problemas Resolva os problemas 2.4, 2.5 ¢ 2.6 do Capitulo 2 utilizando a TL. 3.1 Dols homens, situados nas extremidades A e B de uma nave espacial, cujo com- primento proprio é 60 m, atiram um contra o outro. Ela tem velocidade o/5 em relagao a uma plataforma espacial. Uma testemunha na nave diz que eles atira- ram simultaneamente. O que diz uma testemunha situada na plataforma, quan- Problemas toa ordem dos tiros e ao intervalo entre eles (refira-se ao homem da frente e ao da traseira da nave em sua resposta)? Resposta: O da frente atirou 40,8 ns antes. Um observador numa plataforma espacial, cujo comprimento proprio € 100 m,( mede a velocidade de uma nave que passa por ele e acha 0,5¢. Por meio de um. arranjo experimental que permite medir as posigdes das extremidades da nave simultaneamente, determina 60 m de comprimento dela. a) Qual € 0 compri- mento da nave em repouso? b) Qual é 0 comprimento da plataforma para 0 piloto da nave? ¢) Qual é o intervalo de tempo no relégio da nave entre as duas medidas realizadas pelo observador da estacaio? d) Para o observador na pla- taforma, quanto tempo leva a nave a passar por ele? ¢) Para o piloto, quanto tempo leva a plataforma a passar por ele? Respostas: b) D = 86,6 m; c) At = 0,115 ps; e) At = 0,46 ps, 3.3 Uma nave espacial se move com velocidade 0,9¢ em relacao a uma plataforma cujo comprimento préprio é 100 m. O controlador da plataforma, situado no meio dela, aciona simultaneamente (em seu rel6gio) sinalizadores luminosos existentes nas extremidades da plataforma. Ache a separagao espacial e tem- poral dos clardes dos sinalizadores no referencial da nave. Resposta: At = 0,687 ys (indique a ordem temporal dos clardes vistos na nave) = Um observador vé duas particulas se moverem em sentidos opostos, ambas com velocidade 0,99¢ em relagao a ele. Qual é a velocidade de uma particula em relaco a outra? Comente esse resultado. ‘Uma particula que se move com velocidade c/2 no referencial R do laboratério emite um foton na direcao e sentido de sua trajetéria, a) Calcule a velocidade do foton, em médulo e diregao, no referencial R’ da particula. b) Repita o céleu- Jo para o caso em que o féton é emitido numa diregao perpendicular a trajetéria da particnla. Resposta: b) v = c, 6 = 60°. Demonstre que na transformagao do referencial R para o referencial R’, na configura¢ao usual dos referenciais, <* ~ ct” = x’? — ct’® (essa expressio 6 um imvariante de Lorentz, muito conveniente na solugao de problemas). Avelocidade de uma particula tem componentes 0, = da/dt, v, = dy/dt ev. d2/dt no referencial R e v, = de'/dt’, v', = dy'/dt' ¢ v= dz'ldt' no referencial R’, que se move com velocidade 1, na diregao x, em relacdo a R. a) Demonstre que v0; = (x — UV ~w0,/c), v4= vy A w/e IC ~ 02, Je?) ev! — v. —u? ‘°C —uvyic”). b) Ache a transformacao inversa. Deduza a expresso para a grandeza v"* = v7? + vj? + vj? em termos de v’,, v, ¢ v:. c) Mostre que se 0 = c v’ € também igual ac (supondo wu < ¢). Uma astronave tem uma velocidade 0,9¢ em relagao a Terra. Qual deve ser a velocidade em relagéo a Terra de uma outra nave que deseja ultrapassé-la com uma velocidade de 0,5 ¢ relativa a ela? 4, Resposta: 0,9665 ¢. 60 Capitulo 3 — A vansformacio de Lorentz 3.9 No referencial R sdo observados dois eventos A (2) = 1, 1 = Yor 21 = Zo, 0ti = 2) ‘Us = Vor 2a= 20, Cla = 1), Ache a velocidade do referencial R’, que se move ao longo do eixo zr, no qual os eventos sao simultaneos. -d4, Resposta: 3.10 Um pulso de laser 6 enviado da Terra para a Lua. Qual deveria ser a velocidade de uma nave espacial que vai da Terra para a Lua para que o astronauta ob- servasse a safda do pulso da Terra e sua chegada & Lua como acontecimentos simulténeos 3.11 Uma nave espacial tem uma antena de comprimento /, que forma um Angulo @ com a direc de seu movimento. Qual é 0 comprimento e a direcao da antena, medidos por um observador de outra nave que passa por ela, movendo-se na mesma diregio e sentido com velocidade relativa u? Faca uma aplicagao para = 135° el =1,0m. Resposta: l' = 0,866 m, = -54,7”. 3.12 Duas particulas sao projetadas simultaneamente de um ponto do referencial R, em direcdes ortogonais, com velocidades iguais v. Qual é a velocidade de uma j das particulas em relagao & outra? i 3.13 Uma linha espectral de uiua galéxia distante € observada ¢ mostra um desvio de 1 5% em relagdo & mesma linha observada no laboratério. Qual é a velocidade de afastamento da galéxia em relagao a Terra e qual a sua distdncia? f : 3.14 Um aviao, dirigindo-se para um aeroporto, envia um sinal pelo radar e recebe 0 | | matte sinal reffetido na antena do aeroporto, com um aumento fracionario Mv/v = 6,6 i | ° X 1077. Qual € a velocidade do aviao? Resposta: 712 knvh. 3.15 Um astronauta deseja medir sua velocidade de aproximacao a um planeta. En- ia um sinal de radar de frequencia_v = 5 - 10° Hz e compara essa freydencia ‘com 0 eco, observando um desvio de 90 kHz, Calcule a velocidade da nave. Qual serd 0 erro se a aproximagao classica for usada no célculo? Resposta: Na aproximagao clissica, B = 18 - 10", erro = 0,33 - 10°. 3.16 Um motorista atravessou um sinal vermelho e depois alegou ao guarda ter visto o sinal verde pelo efeito Doppler. O guarda, que era estudante de fisica, multou- 0 por excesso de velocidade. Supondo que o motorista tenha falado a verdade, qual era sua velocidade? 3.17 0 espectro dptico de um feixe de dtomos é observado na mesma diregio do feixe (dtomos se afastando do observador) e na direcao ortogonal a ele. Se a velocidade dos étomos do feixe 6 B = 0,01, qual é a diferenga entre as freatién- cias de uma determinada linha, nos dois espectros, em funcdo da freqliéneia da mesma linha no espectro dos atomos em repouso. MECANICA RELATIVISTICA 4.1 CONSERVACAO DO MOMENTO Vimos que para que o principio da relatividade fosse estendido ao eletromagnetismo era necessario substituir a transformagao de Galileu (TG) pela nova transformacao de Lorentz (TL). No entanto as leis da mecanica classica nao sao invariantes para essa nova transformacéo, como mostraremos a seguir, tomando como. exemplo 0 principio de conservacao do momento na colisio de dois corpos (por simplicidade, usaremos a palavra momento em lugar de momento linear ou quantidade de mo- imento), Consideremos no referencial R do laborat6rio a colisio de duas esferas de massa m e velocidades v e -v, iguais em médulo e opostas. E facil observar na Figura 4.1 que, nesse referencial, as somas das componentes das velocidades nas dire¢des a e y sao nulls antes e depois do choque e que, portanto, o momento total 6 conservado no choque das esferas. "UR Depois ‘Antes Ve: 2” 1 ~mo,(1)|mo(1) n oO ’ : t wi, mme(2)_|-moy(2) 4 z ce ¢ 2 % ee O2 ‘igura 4.1 Antes Depois SJ Antes Depois Choque de particu las no referencial R r aaa = do laboratério. 62 Capitulo 4 —Mecénica relativistica ‘Vamos verificar 0 que ocorre no referencial R’, que 1 se desloca em relagio a R com velocidade u = v, % Utilizamos a TL para calcular as componentes das velocidades no referencial R’ (Equagoes 3.8). Para a 1 ~e _® Paan geo sendo & 0 vetor unitdrio na diregdo Ox (Figura 4.2) © Dey Q ‘Antes componente v/-da esfera 1 antes do choque temos: ‘[Depois es(2)|-mey steel inp 32) | i) Z | [+ antes Depois a Damesma maneira, o leitor poder calcular a trans- Figura 4.2 formagao das outras componentes. A Tabela 4.1 apresenta os resultados dese Choque de particu las num referencial inercial R’, que se move , a0 longo do eixo x do referen- cial R, com velo: cidade u=v,em relacdo a ele. culo. Problema 1 Calcule todos os termos da Tabela 4.1 Se utilizarmos a definigdo classica de momento como produto da. massa pela velo- cidade da particula, poderemos verificar que na colisao das duas esferas, observada no referencial R’, a componente x do momento total se conserva, mas 0 mesmo nao acontece coma componente y, pois EP, ates # ¥Py, depos 0 Que Mostra que a conser vacao do momento, como definida na mecanica classica, é Incompativel com a TL. Coneluimos, portanto, que: a mecdnica cldssica, a TL e o PR so incompa- tiveis, Isso nos induz a procurar uma nova formulagao para a mecdnica, cujas leis se- jam invariantes sob a TL. O primeiro passo sera achar uma nova definicdio para 0 momento que seja compativel com a TL. A nova expressao deverd tender para a ex- pressio clissica quando a velocidade for muito menor do que c, porque queremos . ec gag ear. ‘4.1 — Conservacio do momento que a mecdnica cldssica continue valida a velocidades ordindrias. Observando os termos da Tabela 4.1, ve- mos que nossa dificuldade em manter a conservacao do momento est na componente y’ Ay p, = mo, =m lim F. Ovalor de Ay se mantém constante sob a TL em to- dos referenciais que se deslocam com velocidade uni- forme paralela ao eixo Ox, mas o tempo At depende do referencial e é isso que faz com que a componente y da velocidade se altere. Vamos tentar substituir 0 tempo medido pelo relégio do laboratorio pelo tem- po medido por um relégio transportado pela particula cujo momento desejamos calcular ~ 0 tempo proprio to da particula ~ e verificar se obtemos resultados consistentes, A grandeza Ay/Atp ¢ invariante sob a TL, porque Ato (tempo préprio) Ay (per- pendicular a dire¢ao do movimento) sao invariantes. Portanto Au Ay At At, At At ¢ invariante sob uma TL para um referencial que se desloca com velocidade paralela a0 eixo Ox . Podemos entao definir a componente y do momento por mo, P= my, 20 YOLOP TOOTDETUD C2 ES (TUDICES LP aay Com essa definicao de momento, a lei de conservacao de momento é compativel com a TL, isto 6, ela é valida em os todos referenciais inerciais. A Figura 4.3 mostra a variagao do momento com a velocidade da particula. Ob- serve que p+ quando v +> c e que p> m v para velocidades pequenas (v << c); vale, entao, nessa condicao, a definicao classica de momento. 6 usual denominar-se massa relativistica a expressio M (0 A massa de repouso m de uma particula é a mesma para observadores em d ferentes referenciais inerciais, ou seja, é 1m invariante de Lorentz (dizemos que uma grandeza é um invariante de Lorentz se permanece invariante sob uma TL). \ M nao é um invariante de Lorentz, porque y nao o é. Figura 4.3 Variacda do mo: mento relativistico p de uma particula, em funcao de sua velocidade. Capitulo 4 — Mecanica relativistica ‘A Equacao 4.3 mostra que nenhuma particula massiva pode atingir a velocidade da luz, porque, nesse caso, seu momento seria infinito, 0 que exigiria una energia infinita, Um ntimero imenso de experiéncias com aceleradores de particulas compro- vam isso. Portanto c € a velocidade maxima com que € possivel transmitir um sinal, seja por ondas eletromagnéticas ou por meio de particulas materiais. E preciso notar, ho entanto, que c é a velocidade da luz no v um meio transparente, a velocida- de da luz 6 c/n , sendo 7 o indice de refragao do meio e, nesse caso, a velocidade de uma particula poderd ser maior do que a velocidade da luz. Um fendmeno interessan- te que resulta desse fato é 0 efeito Cherenkov, tratado no final deste capitulo, 4.2 ENERGIA A lei de Newton na forma F = ma ndo pode ser correta na teoria da relatividade, ; porque conduziria & conservagao do momento clissico p = mv, o que, como virwos na seco anterior, nao acontece de fato. Como jé temos uma expressio relativistica para 0 momento, € razodvel usar como definigao de forga a mesma expressao usada por Newton em sua formulagdo da mecénica, ap at” onde, agora, p é 0 momento relatis tentes. ico, e verificar se as conseqliéncias sao consis- ‘Vamos comegar examinando 0 conceito de energia cinética. O trabalho realizado por uma forca para acelerar uma part{cula desde o repouso até uma velocidade v é a energia cinética da particula, Portanto, considerando o movimento em uma direcao | ; apenas, B= fp ras= [SO as [oaCymo), 4.2) Para simplificar as equagoes, é conveniente representar a grandeza 1/,1—v"/c” por ‘y. Mas € preciso atengao aqui. Temos utilizado o simbolo + para representar uma ex- pressao formalmente idéntica a essa, que aparece na transformagao entre dois refe- renciais inerciais; y representava, entao, a 4.2 —Energia 6a velocidade de uma particula. Podemos usar essa representacao mais compacta, ‘jnas devemos ter o cuidado de, quando uma transformacao entre referenciais estiver envolvida, utilizar o simbolo y com a significacao anterior (que envolve a velocidade relativa dos referenciais) e nao a que estamos introduzindo agora. Usando essa nota- Go, com a restrigao discutida acima, temas: B, = ye? = me". (43) Se vie < Ey +E + lev? + 28, hy. ‘Substituindo £} e By pelas expressdes dadas pela Equacao 4.6, obtemos: (pic! + mec)! = (pic? + mec)!” + hy [) Substituindo na Equaco (b) a expressio de p; dada pela equacao (a), com alguma manipulagao algébrica, obtemos: mci =0, que indica uma massa de repouso nula para o elétron, resultado inaceitavel. Deixamos a resposta da segunda parte deste exemplo para o leitor (se encon- trar dificuldade, procure uma sugestio estudando a nota 6 do Capitulo 7) 4.3 O EFEITO COMPTON No estudo do espalhamento de raios X pela matéria, observa-se uma modalidade de espalhamento em que ‘© comprimento de onda da radiagao espalhada é rela- cionado ao da radiacao incidente e independe do ma- terial do alvo. Arthur H. Compton em 1922 propos que .e tipo de espalhamento resultava da colisiy dus fotons com elétrons livres (ou quase livres) do alvo e calculou os resultados experimentais aplicando as leis de conservacao da energia e do momento, em sua forma relativistica. Ele proprio realizou experiéncias maravilhosamente precisas que confirmaram a teoria €, por isso, 0 efeito recebeu seu nome. Essa experiéncia 6 particularmente notdvel porque 0 comprimento de onda da radiagio espalhada & medido pela observacio da difracdo do feixe espalhado num cristal, utilizando, portanto, o conceito de onda, ao passo que a colisao é explicada em termos de particulas. A experiéncia expée, assim, de maneira clara, a dualidade onda-particula do foton. ‘Sem entrar em detalhes experimentais, a experiéncia pode ser descrita assim: um feixe de raios X de comprimento de onda A, incide numa lamina de grafite; o feixe espalhado é entao observado em diferentes angulos. Sa observados dois picos: um do mesmo comprimento de onda A do feixe incidente ~ nao-espalhado, portanto ~ € outro de comprimento de onda X > A. De acordo com Compton, o segundo feixe re- 4.3 — 0 efeito Compton sulta da colisao dos f6tons com elétrons livres (ou quase livres) do alvo, e seu com- primento de onda pode ser calculado como segue. Suponha que um féton de energia hv, que se move na diregao «x, colide com um. elétron livre, de massa m, em repouso (Figura 4.5). Depois da colisdo, o foton, de energia hy’, se desloca na direcao que forma um Angulo g com a diregao Oxr, ¢ 0 elétron, com energia total E, e momento P,, recua na direcao que forma um angulo 4 com Oz. Os momentos do’foton incidente e espalhado sao, pela Equacao 4.8, res- pectivamente, hy hv’ e c c Pela lei de conservagio de energia: hy + me? =hv' +B, As leis de conservacéio de momento podem si do foton e na direcao perpendicular: hy _ hy’ = cos + P,cos6, cc sen y—P, sen 0. © Isolando nas Equagées (b) e (c) os termos que contém , elevando ao quadrado e somando membro a membro, eliminamos 6 e obtemos nev? anew! wv ae cos 9+ e : nv v')? + 2h®py?(1 — cose) = Pec’, Substituindo a expressio de P,c*, dessa equagao e a de E,, da Equagio (a), na Equa- 047, Ee= Pec’ + (me?), obtemos 2h(v v"ync* = 2h" ww'(l — cos ) ¢. finalmente, h = a(1-cose) 9) Essa equagtio mostra que a variagdo do comprimento de onda AA = X' — A no efeito Compton é independente do comprimento de onda da radiagao incidente e depende do Angulo de espalhamento. A variagao maxima ocorre para cos g = -1, ou seja, para © retro-espalhamento (incidéncia frontal do féton com o elétron). Esses célculos sstdo de acordo com os resultados experimentais dentro da preciséo das medidas e ‘constituem outra excelente comprovagao da mecanica relativistica. Capitulo 4 — Mecanica relativistica 4.4 PRODUCAO E ANIQUILAGAO DE PARES ELETRON-POSITRON 6 positron 6 a antiparticula do elétron tem a mesma massa do eléiron.¢ A ale- triva igual do elétron em médulo, porém positiva, Sua existencin previst# Dot Paul Mt pirae (1930), foi comprovada por Carl D. Anderson (1932) em raios eésm: am processo em que era produzido um par elstron-pésitron. A observagio de sae teve um papel importante na fisica porque constituiu uma veriicagao da ateica quantica relativistica. 0 processo, desde entdo, tem sido observado com eeitidade na interagio de fotons de alta energia (raios y) com a matéria. possibilidade de produgao de um par elétron-pésitron, pe. E conveniente analisar 0 processo no refe- wo vial do centro de massa (CM), que é definido como 0 referencial no qual 0 "lO? vari to total do sistema considerado é nulo.”) Na formagao de um par € Pr eevenra que haja conservacio de energia, que a energia do seja no minim Ot Cnc! ¢ a energia de repouso de cada uma das particulas do par).0 rale ‘yterd entao don econ no tndoima igual ap ~ Ble Zaman 0. Parém, no referenda do CH. p- pois da formacao do par, o momento do sistema devers ser nulo; A Yel de conservacao pote tamento nao &, purtanto, respeitada e o processo é impossivel de se realizar Desse argumento conclufmos que a produgao de par s6 pode se realizar na Dee senga de um terceiro corpo, usualmente tum niicleo atOmico, que recuaré com © momento necessério para que se cumnpra a lei de conservagio de momento E claro, tntao, que o nicleo, em Tepouso inicialmente, tera energia cinética depois da forma- (ao do par, eo limiar de energia (energia minima para que o prowess 1 realize) sta , portanto, acima da energia 2mc”, requerida para formar as masts de repouso Ge cletron e do pésitron, Pode-se provar que o limiar de energia para um process que ocorre na vizinhanga de um nucleo de massa M é (isso 6 demonstrado no Exemplo 5.1), Imaginemos inicialmente a no vacuto, por umn raio y de energia vroduz um par elétron-pésitron na vizinhan- Problema 3 Um raio y de energia E p leis de conservacao de energia e momen- cade um micleo de massa M. Escreva as toe mostre que podem ser obedecidas sem confftos. Sugestéo: Ao escrever as leis de conservagao de momento ¢ enerBis eve em con- ta.o movimento de recuo do nticleo. elétron 6 0 processo contrério ao de formagao de Aaniquilagdo do par positron- ‘ocessos muiltiplos de interagao par, Um elétron e um pésitron perdem energia por Pr b. quando proximos um do outro, se capturam e, movendo-se em Lorne de seu CM, formam um “étomo”, denominado positrénio, cuja vida ¢ muito curta (~ 10 8). poenmaren e o positron se recombinam e, no processo, sAo emitidos dots fotons em 4.5 —Movimento de uma particula em campo magnético sentidos opostos, para garantir a conservacao de momento. £ dbvio que a emissao de dum tinico féton violaria a lei de conservacio de momento ¢ 8 cemissao de trés fotons urine, mas ¢ rara. Para conservar a energia, a energia de cada foton deve ser 0,511 Mev (correspondente a massa de um elétron ou positron), ou = 0,024- 10°? m, que peoloea na faixa dos raios y. A emissio dos dois y simultaneos pode ser detectada e 2 oettui uma das melhores comprovacoes das equagdes de energia da TRE Problema 4 Considere o processo de aniqullagay de par no referencial R* do OM sronatron e do positron, Calcule, utlizando as leis de conservacie de momento e “ie energia, o comprimento de onda dos fotons emitidos em termos da massa mde cada particula do par. Problema 5 0 proceso de aniquilagio de par é observado num referencial R’ que se desloca na linha de emissao dos fotos, para direita, com velocidade u em relacdo ao referencial 'R’ do CM do elétron e do positron. Qual éocomprimento de vents dos fotons resultantes da aniquilacao no referencial R'? Sugestdo: Escreva.as equagoes de conservagao de mamenio t energia no referen- si (lembre-se de trabalhar com as massas relatvisticas 40 elétron e do posi- tron); deduza dessas equacdes as expressOes para os momentoy dos fotons. Voce Gbsenvard que os comprimentos de onda dos fotons sofrem wh desvio Doppler em relagao ao comprimento de onda medido no referencial R. Essa € outra maneira te deduzir a Equacao 3.13 para o efeito Doppler relativistico 4.5 MOVIMENTO DE UMA PARTICULA EM CAMPO MAGNETICO ‘ima situagdo que aparece com freqtiéncia em fisica nuclear esta relacionada ao mo- Gmento de particulas em campos magnéticos. Eles so utilizados em varios tipos de Scelerador de particulas e também em técnicas para {identificé-las. Nesses casos, @ TRE ¢ indispensavel porque a velocidade das particulas 6 rut alta e a mecanica Tiieica falha completamente. Vamos estudar 0 caso simples, apenss para exemplifi- ee do movimento de tuma particula de massa m, carga elétriond © velocidade v em. Se campo rnaynético conetante A (Figura 4.5a). Atua sobre particula a forga de Lorentz: Observe que F 6 perpendicular a v, por isso nao realiza trabalho, e a energia total da particula deve permanccer constante: E,= yc? = constante => y= constante, 74 Capitulo 4 — Mecinica rk a SeviB,a trajetoria da particula é um cireulo de @B aio r num plano perpendicular a B. Se v nao for per 1 pendicular a B, podemos ‘decompor v em duas com , ponentes, uma perpendicular a B, que gera uma tra- ' jetoria cir cular, e a outra paralela a B, que desloca 0 circulo ao longo de B; a trajetoria resultante sera en- tao uma hélice (Figura 4.5b). Como a componente de ‘ ‘y paralela a B nao ¢ afetada, Po demos considerar ape- so moviment \ as o movimento no Plano: ie t¥) my = | @) sa. iat od =my||=mr| =} vae\ Figura 4.6 ‘Trajetoria de uma onde v"/r 6 aac eleragao centripeta. Dessa expressao, obtemos particula de massa tm, carga 4 € velO- Br = my = P. @ap dade v em urn coe Observamos que, se ¥/¢ <1, ‘campo magnético B. a) vB; b) vtem uma componente paralela a B. ‘obtemos, entio, 0 resultado clissico. | equagfo acima pode ser utilzada para (°° com precisao a teoria da relati- idaae. Particnlas de massa e carga (1. @) ‘conhecidas sao langadas em um campo magnético B com velocidade Geterminada. A medida do raio de curvatura de sua trajetoria permite determinar © verificar a relagao y= (1 — a. Problema 6. As enengias de particulas emitidas na desintegragio de niicleos radioativos podem ser determiradas Por ° metodo baseado no que fol diseutido vata, As particulas sao lancadas numa cAmare perpendicularmente a um campo ragnético uniforme B, © sio focalizadas WT) Getetor depois de desereverern umn seiefrculo. Corihecendo-se a relagao di deflexao magnética” B - r, pode-se ‘jeterminar a energia € a velocidade das particulas. Numa experiencia desse 1h, Feita eom particulas a emitidas por “SPO mediu-se B - 7 = 0,426 930 Tm. Quals sho velocidade ea energia cinética da part wala? Qual é 0 erro cometico fazendo- sao a proximacao cassica? (A relagao qin da particula a 6 calcutada sabencdo-se {que ela é o miicleo de um dtomo de He.) Resposta: E, = 8,762 MeV 4.6 REACOES NUCLEARES E ESTABILIDADE NUCLEAR mn sistema esto ligadas por forgas atrativat serd necessario ‘a energia de ligagdo do sistema — Para Se as particulas de un fornecer urna quantidade de enersia Be separé-las. 4.6 — Reacdes nucleares e estabilidade nuclear 75 Vamos, como exemplo, calcular a energia de ligacdo de um nticleo de massa M, formado por Z protons e N néutrons. Pelo principio de conservacao de energia, a energia de ligagao € u diferenca entre a soma das massas das particulas separadas a uma distancia infinita e a massa do sistema ligado, multiplicada por ¢ (Zm, + Nm, - M)c?, onde m, € 7, S40 as massas do préton e do néutron. Em geral so tabeladas as mas- sas atomicas em vez de massas nucleares e adota-se como padrao para medir massas atémicas a massa atémica do istopo '*C, que é bem determinada. Define-se entao a unidade de massa atémica como 1u-— (massa de °O) 931,481 2 MeVic®. 12 660 540 2-10~ Para escrever a expressio de E em termos de massas atémicas, somamos e sub- traimos a massa de Z elétrons e agrupamos essa massa a massa dos prétons e & massa do niicleo: Eq = [Zing Zm,) + Nm, — (M+ Zm,)\c? = Zmy + Nm, Made? sendo m,a massa do elétron, mya massa atomica do hidrogénio e Mya massa atomi- ca do elemento examinado — todos valores tabelados, De forma andloga, podemos calcular o rendimento energético de uma reacao nu- clear. Suponha a reagaio A+BC+D+Q, onde A e B sao os nticleos iniciais, C e D os produtos da reacao e Q a energia liberada nha reacdo, Pelo principio de conservacao de energia temos Q = [My + Mp) - (Me + Mp) Ic’. —_—_—______—— Exemplo 4.4 Qual é a energia liberada na reagao em que um proton reage com um nticleo de $Li para formar duas particulas a? Solucao Como vimos antes, para utilizar as tabelas de massas atomicas, substituimos os micleos por étomos: §Li+}H> 24He+Q, Q=MGLi) + MCE) - 2MGHe) = (7,016 0 + 1,007 82 x 4,002 6) u, Q= 17,3 Mev. ‘Vemos que a massa de repouso nao é conservada — 0 que se conserva é a soma { ‘das massas e energia. Capitulo 4 — Mecanica relativistica Problema 7 Uma reacao tipica de fissdo nuclear que ocorre nos reatores nuclea- res 6 n+ 25 > 85 ++ Ba + Kr + 8x + Q (calor desprendido) Os néutrons que procduzem essa reagao sto térmicos e sua enengia cinética (= 0,025 eV) pode ser ignorada na reacdo. Calcule Q (em MeV) ea massa transformada ern cenergia (em u). As massas atomicas dos elementos estao tabeladas em diversos manuais e podem ser encontradas também na Internet. | Resposta: Q = 173,3 MeV. Como vimos na segao anterior, a massa de repouso do sistema de particulas li- gadas 6 menor do que a soma das massas das particulas separadas a uma distancia infinita, de uma quantidade E Am=— (4.12) e O termo Am (denominado defeito de massa) é a diferenga entre a soma das mas- sas das particulas quando isoladas e a massa do sistema ligado: Am = Sm -M. (4.13) Esse conceito, muito usado em fisica nuclear, serve como medida da estabilida- de nuclear. Para que um miicleo seja estavel com respeito as particulas constituin- tes — protons e neutrons -, 6 necessario que o defeito de massa seja positive, isto ¢, ‘Ym, > M. Nesse caso a massa do nticleo nao é suficiente para formar as massas das particulas constituintes, e 0 nticleo nao pode desintegrar-se nelas. E preciso, no entanto, examinar a possibilidade de desintegracao do niicleo em dois ou mais nticleos de massas menores, 0 que é, em principio, possivel quando os niimeros atdmicos Z; eZ, nuimeros de massa Ay € Az dos miicleos produzidos na de- sintegragdo satisfazem as relagbes Z; + Za = Z eA; + Ap = A. Se 0 defeito de massa do niicleo inicial for menor do que a soma dos defeitos de massa dos niicleos produtos, isto é, Am < (Am, + Ams), o sistema resultante do processo de desintegragio seré mais estavel do que o nticleo inicial. Nesse caso, pode surgir no interior do nticleo uma configuragao de particulas que leva o nticleo a desintegrar-se nesses micleos menores com uma certa meia- vida. ———————— wT —eeVesese 4.7 —0 efeto Cherenkov 77 —————— Exemplo 4.5 Examine a estabilidade dos nticleos {Be e {Be. Solucao O defeito de massa de {Be é Am = Sm,-M = Am, + 4rmy,—MCBe) = (4 X 1,007 286 + 4 x 1,008 66 8,005 31)u = 0,058 47 u > 0 Sendo M < Sm; ,o micleo é estavel em relagao a desintegragdo nas particulas constituintes. Consideremos, no entanto, o decaimento de * Be em dois micleos de $He (par- ticulas a): Am = 2.MCiHe) - M(SBe) = (2 X 4,00 260 - 8,00531)u = - 0,000 11u < 0. Neste caso, M > Em, e o micleo ¢ instavel em relagdo a desintegracao em par- ticulas a, o que de fato se observa experimentalmente. O leitor poderé agora mostrar que 0 nticleo de {Be é absolutamente estavel (0 defeito de massa do nticleo de $Be € positivo em relagao a suas particulas constituintes e também em relacao a todos as micleos possiveis em sua: desin- tegragao). 4.7 O EFEITO CHERENKOV ‘Vimos que a velocidade da luz é uma velocidade-limite que nao pode ser ultrapassa- da pela velocidade de nenhuma particula. No entanto essa afirmativa ¢ valida apenas para 0 vacuo, onde a velocidade da huz é c = 3,998 x 10 ms”. Num meio transparente como a Agua, um pléstico ou um material vitreo, a velocidade da luz é c/n

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