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' COLECAO DE RESERVA COLEGAO DE RESERVA Semincrio Biblicleca Escolar Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar a Piblioteca Zscoler temas para uma prdtica pedagégica 1 Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Ciéncia da Informacéo Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar ESTE LIVRO DEVE SER DEVOLVIOO NA OLTIMA DATA CARIMBADA , | ‘A BIBLIOTECA ESCOLAR | temas para uma‘prética pedagégica ce ice ULF.M.G. - BIBLIOTECA UNIVERSITARIA 2H EL 115580105. NAO BAN smo ira = ESTAETOYETA Belo Horizonte 2001 Copyright © 2001 Escola de Cinco da Informacéo da UFMG Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar Deze .gzegu Escola de Circa da Informagdo co UFHG Diretor: Rlcarde Redrgues Barbosa Vice Diretora: Lidia Alvarenga ” BIBLIOTECA UNIVERSITA Producdo gréfica ¢ formatacto: RoE Tanta Ratoes de araujo Potente FQ AL ON 1155001-05 Escola de Cléncia da Informaso da UFMG ‘Av. Antnio Caros, 6627 Campus Pampuina (CEP 31270-801 Caixa Pose 1606 CeP 30161-970 etp:/wwen eck utg.or Dados de catalogagso na publicacso Fen eloboraca pr Wir Milton Vianna 3582 A Biblioteca escolar’ tena pi Pedagégica / Grupo de biblioteca escolar (da) ds Infornacie da UEMG 2001 56 p. une pravica 1. Biblicteca Escolar T. Grupo de Estudos en Biblioteca Escolar da Escola de Cigncia da Iafornacdo da Ure. cop 027.8 cou 027.8 Sea Sumario —— —__ ‘Apresentagao § presen 7 A competéncia informacional na educacdo para o 7 Século XxI 7 i biblioteca faz a aiterence ° ous Eugen bio Andre a 3 Biblioteca e Parametros Curriculares Nacionals Bernadete Campello a Escola, biblioteca e leitura 16 Maria da Conceigo Carvalho 5 Pesquisa escolar 20 Vera Lucia Furst Goncalves Abreu 6 A colegio da biblioteca escolar 2 Vera Lucia Furst Goncalves Abreu 7 Internet e pesquisa escolar 2 Maria da ConcelgSo Carvalho. 3s A Internet na biblioteca escolar 3 Marcia Milton Vienna 9 A organizacio da colecko 38 Marcia Milton Vianna 70 a (© espaco fisico da biblioteca Paulo da Terra Caldeira Tr Biblioteca escolar e acervo de classe “6 Paulo da Terra Caldeira 2 Biblioteca e educacgo infantil “ Marla Eugénia Albino Andrade Apresentacéo Desde sua criagdo em 1998, 0 Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar da Escola de Ciencia da Informacéo da UFMG tem se debrucado preferencialmente sobre teméticas ligadas & funco educativa da biblioteca, procurando uma melhor compreens’o do _potenclal dessa Instituigo como espago de ago pedagéaica. A coleténea que aqui _apresentamos retine idéias e percepgdes do Grupo sobre varios aspectos que interessam queles que lidam diretamente com a biblioteca escolar, sejam bibliotecdrios ‘ou professores. Interessa também a profissionais da educacéo preocupados fem encontrar recursos didéticos que ossam embasar 0 proceso de aprendizagem de forma mais efetiva. Os textos sio de autoria de professores da Escola de Ciéncia da Informacao da UFMG que participam do Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar. Um dos principios que direcionam a ago do grupo & 0 didlogo constante com os profissionals que atuam nas bibliotecasescolares. Assim, 0 langamento desta coletnea pressupse o debate - que esperamos ocorra de fato - das idélas aqui contidas, raz8o pela qual incluimos 0s enderecos eletrénicos dos autores. Todas as manifestacdes séo bem vindas. Bernadete Campello Cocrdenacora do Grupo de Estudos ‘em Bbictece Ecole 1 A competéncia informacional na educacao ara o século XXI Bernadete Campelio campello@ectutmg.br caracterizada por mudancas e contradigdes, as criancas e os Jovens de hoje precisam aprender a pensar de forma ldgica € criativa, @ solucionar problemas, @ usar informacdes e comunicar- se efetivamente. As correntes pedagdgicas construtivistas, segundo as quais o aluno aprende a partir de suas experiéncias e construindo ele préprio seu conhecimento, privilegiam a aprendizagem baseada no questionamento e utiizam estratégias didéticas adequadas & preparaglo da pessoa para viver na chamada sociedade da informacio. Caracterizada por uma abundancia informacional nunca vista antes, essa sociedade vai exigir que os individuos desenvolvam habilidades especificas para lidar com a informacgo. Esse conjunto de habilidades esté sendo chamado de “competéncia Informacional’, expresso traduzida de information literacy, que apareceu nos Estados Unidos na década de 70 e foi usada originalmente para designar habilidades para lidar com a tecnologia da informagéo, isto & com computadores e redes eletrénicas. Atualmente, 0 termo designa, de forma ampla, 0 conjunto de habllidades necessérias para localizar, interpretar, analisar, sintetizar, avaliar e comunicar informacdo, esteja ela em fontes impressas ou eletrénicas. Naquele pais, muitos educadores e escolas 4 esto comprometidos com a implantagéo de programas destinados a desenvolver nos alunos, desde as primeiras séries do ensino fundamental, essa competéncia Informacional e a classe bibliotecdria, em especial, tem procurado mostrar 0 papel da biblioteca escolar nesses programas. Competéncia informacional combina com o ensino no qual o professor ngo ¢ 0 transmissor de conhecimentos, e sim o orientador que capta os interesses dos alunos, estimula seus Questionamentos e os guia na busca de solugées. Combina com Projetos interdisciplinares que permitam aos alunos examinar um assunto sob diferentes angulos. Combina, especialmente, com disponibilizacSo de abundantes recursos informacionais, nos mals diferentes formatos (materiais impressos de vérios tipos, recursos audiovisuais e eletrénicos, tais como CD-ROMs e internet), em espacos onde o aluno tenha oportunidade de usé-los para localizar e selecionar informago. Exige 0 abandono da predominancia de aulas expositivas, em que 0 professor € 0 Unico informante da classe e 0 livro didatico a inica fonte de informagéo. A biblioteca escolar é, sem diivida, o espago por exceléncia para Promover experiéncias criativas de uso de informacéo. Ao reproduzir 0 ambiente informacional da sociedade contemporénea, a biblioteca pode, através de seu programa, aproximar 0 aluno de uma realidade que ele vai vivenciar no seu dia a dia, como profissional e como cidadio. A escola néo pode mais contentar-se em ser apenas transmissora_ de conhecimentos que, Provavelmente, estaréo defasados antes mesmo que o aluno termine sua educacio formal; tem de promover oportunidades de aprendizagem que déem ao estudante condigdes de aprender a aprender, permitindo-Ihe educar-se durante a vida inteira. E a biblioteca est presente nesse proceso, Trabalhando em conjunto, professores e bibliotecérios planejaréo situagées de aprendizagem que desafiem e motivem os alunos, acompanhando seus progressos, orientando-os e guiando-os no desenvolvimento de competéncias informacionais cada vez mais sofisticadas. Educar € uma tarefa complexa. Exige que todos os recursos e conhecimentos sejam mobilizados para se atingirem objetivos € metas definidas. Ao assumir seu papel pedagégico, a biblioteca pode participar de forma criativa do esforgo de preparar o cidadéo do século XXI. A questo que se coloca para os bibliotecérios é a seguinte: 0 conceito de competéncia informacional pode ajudar nesta tarefa? Refertncia [AMERICAN ASSOCIATION OF SCHOOL LIBRARIANS; ASSOCIATION FOR EDUCATIONAL COMMUNICATIONS AND TECHNOLOGY. Information power: building partnerships for learning. Chicago: ALA, 1998, 2 A biblioteca faz a diferenca ‘Maria Eugénia Albino Andrade eugenia@esi.ufma.be = —— ducadores - professores e sibliotecérios - que acreditam nna biblioteca como recurso pedagécico eficiente contam agora com evidéncias concretas para mostrar que a biblioteca escolar pode fazer diferenca na educac&o de criangas e jovens. Pesquisa realizada pela Universidade de Denver, nos Estados Unidos, mostrou que estudantes de escolas que mantém bons Programas de bibliotecas aprendzm mais e obtém melhores resultados em testes padronizados do que alunos de escolas com bibliotecas deficientes. A pesquisa foi feita em varias escolas de diversos estados do Pais e os resultados obtides apontam outros caminhos para educadores que lutam pela melhoria da aprendizagem. Aumento do tempo das criangas na escola, diminuigéo do némero de alunos por classe, implantacdo de Fecursos de Informdtica (computadores, ligacdo com a internet), avaliagdes mais frequentes e outros recursos utilizados para ‘melhoria da aprendizagem mostraram ter influéncia positiva mais generalizada, nos resultados dos estudos dos escolares. Entretanto, a influéncia da biblioteca apresentou-se de forma clara © consistente: um bom programa de biblioteca, contando com Profissional especializado, equipe de apolo treinada, acervo 10 atualizado e constituido por diversos tipos de materiais informacionais, computadores conectados em rede e interligando 0s recursos da biblioteca as salas de aula e aos laboratérios resultou no melhor aproveltamento escolar dos estudantes, independentemente das caracteristicas sociais e econémicas da comunidade onde a escola estivesse localizada, ‘As concluses do estudo feito nos Estados do Alaska, da Pennsylvania e do Colorado demostraram que alunos que obtiveram melhores resultados eram oriundos de escolas cujas bibliotecas contavam com bibliotecério em horério integral (35 a 40 horas por semana), equipe que desenvolvia programa de ensino de uso da biblioteca e de outras fontes de informacéo, planejava atividades em conjunto com o corpo docente e fornecia treinamento para professores, Essas bibliotecas _mantinham horério de funcionamento mais longo, cultivavam relacionamento com a biblioteca publica e ofereciam acesso & internet. Além disso, Preocupavam-se em estabelecer pollticas de desenvolvimento de colegées que direcionassem adequadamente seus acervos. Outros fatores de influéncia detectados pela pesquisa foram: o tamanho da colegéo e a participagio do bibliotecdrio em reunides pedagégicas, 0 que demonstram a valorizacéo da biblioteca e sua efetiva insercdo na vida da escola, No Brasil, a influéncia da biblioteca nos resultados dos estudos escolares € pouco evidente. Nas avaliagées conduzidas pelo Ministério da Educagdo e do Desporto (MEC) no dmbito do Sistema de Avaliaggo da EducagSo Bésica (SAEB), realizadas junto aos estabelecimentos de ensino piblicos e particulares dos 27 estados u brasileiros, a biblioteca ndo é focalizada em profundidade, mas ainda assim aparece como um dos fatores que contribui para o bom desempenho dos alunos, desde que seu acervo apresente bom estado de conservago e que ela conte com equipamentos. Os fatos acima mencionados, especialmente a pesquisa feita nos Estados Unidos, levantam pontos de reflex8o para os educadores brasileiros, principalmente no momento em que vivemos, quando todo esforco feito pelas instituiches escolares para melhorar a qualidade da educagdo é fundamental. Pois, momentos de crise € incertezas demandam projetos educacionais mals abrangentes. Todos os recursos precisam ser mobilizados para garantir que hossas criancas e jovens tenham acesso 20 conhecimento que Ihes vai permitir inserc&o social e realizagéo come ser humano. A biblioteca, instituicéo milenar que durante séculos garantiu a sobrevivéncia dos registros do conhecimento humano, tem agora seu potencial reconhecido como participe fundamental do complexo processo educacional. Pois pode contribuir efetivamente para preparar criangas e jovens para viver no mundo contemporéneo, em cue informagso e conhecimento assumem. destaque central. A biblioteca faz realmente a diferenca. Referéncias BRASIL, Ministérto da EoucacBo e do Desporto. SAEB 2001. Brasilia: INEP. Disponivel em: Acesso em: 16 san. 2001, HAMILTON-PENNEL, C. et al. Dick and Jane go to the head of the class. ‘Sehoo) Library Journal v. 46,1. 4, pr #47, 2000. SMALL, G. Schoo libraries DO make a difference. Schoo! Librarian, v.86, 4, p. 174-175, 185, 1998, 12 ee A questo da valorizacéo e da preservacéo da cultura é um ponto levantado pelos PCN, que propSem a formagio de um cidadio consciente da importancia dos diversos acervos culturals (museus, galerias de arte, bibliotecas e arquivos) e da necessidade de frequenté-los. Aqui, também, a biblioteca escolar tem uma contribuicio @ dar, preparando 0 aluno desde cedo, néo sé para entender o significado da preservacio e da valorizagio de espacos que rednam 0 conhecimento produzido pela humanidade, mas também, especialmente, para saber usar esse conhecimerto. Os PCN descrevem, portanto, os diversos papéis que a biblioteca deverd representar como participante da formacéo de criancas € Jovens, numa perspectiva construtivista e questionadora. Depende da escola proporcionar os recursos que irSo concretizar essa visto de biblioteca que, certamente, tem importante contribuigéo @ oferecer no esforco de formar 0 cidado do século XXI. Reteréacias BRASIL, Ministério da Educa¢80 e do Desporto. Pardmetros Curriculares Iacionais (1. 2 4. séres). Brasilia: Secretaria de Educaglo Fundamental, 1997.40 v CAMPELLO, Bernadete S.; SILVA, Ménica do Amparo, A bibllotecs nos Pardmetros Curleuares Nacional. Presenca Pedagégica, Belo Horlzonte, v 6,8. 33, p. 59-67, maio/jun. 2000 15 4 Escola, biblioteca e leitura Maria da Conceigao Carvalho mecarv@eci.utmg.br & importéncia da leitura no processo educativo & inquestiondvel. Essa certeza une pais e professores na conviccéo de que ler é bom e que, portanto, 2 crianca deve aprender @ gostar de ler, Mas o que nem sempre esté formulado como questo objetiva por estes mesmos pals e educadores de leitores a escola esté formando hoje? que tipo Sabe-se que, de um lado, a busca de métodos mais eficientes para ensinar a ler tem sido uma constante nas pesquisas educacionals, propiciando avangos significativos na prética da alfabetizagéo, enquanto, paralelamente, a escola procura trabalhar as competéncias de leitura, esperando que a crianca encontre significados no que 18. Além disso, a exploso do mercado editorial infanto-juvenil faz chegar ao puiblico :ovem um sem-numero de titulos novos a cada ano, ampliando, & primeira vista, as possibilidades de escotha do que ler. Mas os esforgos, tanto da escola quanto dos programas governamentais, de incentivo & leitura, no tém, de maneira geral, conseguldo transformer a crianga e 0 jovem que léem em leitores criticos. De acordo com Edmir Perrotti, professor da USP e um dos 16 3 Biblioteca e Parametros Curriculares Nacionais Bernadete Campello campellogeciutmg.br & educaco proposta nos Par&metros Curriculares Nacionais (PCN) exige que a escola crie oportunidades para que criangas & jovens usem a linguagem em suas diferentes modalidades. Isso gua deve ser feita com base na significa que a aprendizagem da diversidade textual, proporcionando-se aos alunos uma prética constante e sistemdtica da leitura dos textos que circulam na sociedade. Os PCN reconhecem que a biblioteca é fundamental para o desenvolvimento de um programa de leitura eficiente, que forme leitores competentes e néo leitores que leiam apenas esporadicamente. A biblioteca, ao reunir para uso coletivo, e de forma orgénica, uma diversificada gama de portadores de textos, representa recurso imprescindivel para a formacdo de leitores capazes de, além de decifrar o cédigo lingUistico, saber interpretar ‘© que Iéem, encontrando significados no texto e desenvolvendo praticas de intertextualidade. Os PCN entendem que a biblioteca é um espaco apto a influenciar ‘0 gosto pela leitura. Recomendando que ela seja um local de fécil acesso aos livros e materials disponiveis, 0 documento sugere que a escola estimule 0 desejo de se frequentar esse espace, contribuindo, dessa forma, para desenvolver o apreco pelo ato de ler. 3B A outra face com que a biblioteca & apresentada nos PCN é a de lugar de aprendizagem permanente, um centro de documentaggo onde se encontrem informagées que iréo responder aos questionamentos levantados dentro das diversas reas curriculares. Incentivando atividades mentals de problematizagio e envolvendo a desestabilizac3o de alguns conhecimentos prévios dos alunos, que deveréo conscientizar-se da insuficiéncia de determinados modelos para explicar um fenémeno, a biblioteca fornece, através de um acervo rico e bem formado, oportunidades para que os alunos reconstruam ou ampliem esses modelos. Os PCN véem também a biblioteca como um estoque de conhecimentos, importante para que os alunos aprendam Permanentemente e, nesse sentido, sua organizacéo precisa ser entendida e 0s alunos devem estar clentes dos procedimentos normalmente utilizados no seu 4mbito: empréstimo, organizagio dos materials, selecdo e uso de fontes de informacdo diversas. Os PCN reconhecem a importéncia de se desenvolverem nos alunos atitudes de cidadania, como, por exemplo, aquelas que dizem respeito ao zelo para com o espaco coletivo e & preocupacio ‘com valores ligados aos cuidados com os livros e outros materiais. A biblioteca é um espago excelente para essa prética e pode participar, de maneira efetiva, da formacao de atitudes de respeito a0 livro e demais materiais do acervo. Espera-se que, 2 medida que crescam, as criancas tenham condigdes de generalizar o conceito de espaco publico assimilando outros, mais amplos, como 0 de cidade, e mais abstratos, como os de instituigées. 14 mi questo da formago de leitores na escola abarca, basicamente, duas ordens de problemas, nem sempre trabalhados em profundidade: a primeira, questo de fundo, refere-se a0 tratamento dado @ inféncia que, via de regra, € considerada como mera consumidora do mundo criado pelo adulto; a segunda portantes especialistas em estudos sobre leitura no pais, a relaciona-se com o acesso ao livro e & leitura, e implica na existéncia de uma boa escola, bibliotecas funcionando de verdade, sob a diregdo de um bibliotecério habilitado, bons livros, acesso a boas fontes de informacao. Nesse sentido, enxergar a crianca como sujeito da cultura, capaz de criar e de reelaborar informagées e experiéncias dentro do processo educativo promovido pela escola significa algo mais do que desenvolver habilidades de decifrar 0 cédigo linguistico e garantir (ou obrigar?) © acesso ao livro e & informacéo. © papel da biblioteca escolar nesse processo de formacSo do leltor critico deve ser repensado. Um numero significative de pesquisas tem revelado 0 equivoco das politicas e das atividades de promogo de leitura que partem do principio de que o Importante é ler, no importa 0 qué; € colocar o livro na mo da crianga a qualquer custo; é criar 0 "hébito" de leltura através de de animaco, de jogos, de fichas de leitura... A crianga pode até divertir-se por algum tempo com a leitura e os jogos em torno dela mas, pensa Perrotti, sem um quadro de referéncias culturais compartilhadas, o ato de ler dificilmente significaré alguma coisa essencial em sua vida. A biblioteca escolar pode, sim, ser o local onde se forma o leitor critico, aquele que seguiré vida afora buscando ampliar suas experiéncias existencials através da leitura. 7 Mas, para tanto, deve ser pensada como um espaco de criacéo e de compartilhamento de experiéncias, um espaco de produ cultural em que criancas e jovens sejam criadoras e n&o apenas consumidoras de cultura, Trés elementos estruturam esse novo conceito de biblioteca como lugar de formacio de leitores: uma colegio de livros e outros materiais, bem selecionada e atualizada; um ambiente fisico concebido como espaco de comunicagéo e néo apenas de informagéo, que leve em conta a corporalidade da leitura da crianca e do adolescente, isto é, os seus modos de ler; e por Gi da leitura, a figura do mediador. 10 mas n&o menos importante no proceso de promoggo 0 bibliotecario e 0 professor mediadores da leitura devem ser, eles Préprios, leltores criticos capazes de distinguir, no momento da selecdo e da indicacao de livros, a boa literatura infantil e juvenil daquela "encomendada", com aparéncia moderna, engajada, mas totalmente circunstancial, cuja formula simplificada, abusivamente repetida, desprepara 0 leitor em formacio para a aceitacdo de outros textos, mais complexos, no futuro. Além desse conhecimento propriamente tedrico, o mediador deve estar Preparado para o confronto sempre renovado com a crianca eo Jovem através da literature, sem cobrancas mecénicas de compreensao do texto lido € sem férmulas rigidas de indica&o por idade. A escola que pretenda investir na leltura como ato verdadeiramente cultural no pode ignorar a importéncia de uma biblioteca aberta, interativa, espago livre para a expresso genuina da crianga e do jovem. Lugar, insistimos, para se gestar e praticar 18 a troca esponténea que a leitura critica proporciona, a leltura que inquieta, que faz pensar e reelaborar num auténtico processo de comunicagéo, cujo resultado 6, sem divida, dos mais compensadores para as pessoas nele envolvidas, adultos & criancas, mediadores e leitores em formacdo. Referéncia PERROTTI, Emir. Connamento cultural, Inne e leture. Séo Paulo: Summus, 1983. 19 5 Pesquisa escolar Vera Luicia Furst Gongalves Abreu veralucia@eci.utmg.br 7 \ esquisa escolar é tema contraditério. Existe uma concordéncia generalizada entre os educadores de que @ pesquisa escolar é uma excelente estratégia de aprendizagem, pois permite maior participago do aluno nesse processo, 0 que o leva a construir seu préprio conhecimento. Aproxima o estudante da realidade e the permite trabalhar em grupo, ao mesmo tempo que individualiza 0 ensino. Mas, na realidade, a situagdo € bem diferente: ninguém esté satisfeito com a pesquisa escolar. Painel realizado na Escola de Ciéncia da Informagéo da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1999, com professores € biblictecérios de escolas de Belo Horizonte revelou 0 descontentamento desses profissionais com os rumos que a pesquisa escolar tem tomado nas escolas, hoje em dia, Os professores reclamaram do fato de que os alunos simplesmente copiam trechos de enciclopédias. Os bibliotecdrios quelxaram-se de que, por néo conhecerem antecipadamente os temas das pesquisas solicitadas, n&o tém condighes de preparar-se adequadamente para atender aos alunos que vo em busca de informag3o - geralmente & uma classe inteira procurando um Unico assunto. Constataram, ainda, que os alunos ndo sabem o 20 tee /\ que pesquisar, pois os professores no os orlentam efetivamente e no estabelecem, com clareza, os objetives do trabalho. Os bibliotecdrios observaram que os alunos se mostram confusos quando chegam a biblioteca, ficando evidente que eles no estéo satisfeitos. Os pals também so vitimas desse proceso, pois muitos fazem o trabalho escolar no lugar dos filhos, segundo os professores. ‘Ainternet, embora seja uma excelente fonte de informacao para a pesquisa escolar, n&o modificou a situacSo: os alunos continuam copiando trechos dos textos que encontram na rede. Com os recursos tecnolégicos de que agora dispdem, muitos copiam, recortam e colam a informaco e outros chegam a copiar paginas inteiras e entregé-las ao professor, sem sequer as ler. ‘A pesquisadora americana Carol Kuhithau, da School of Library and Information Studies, da Rutgers University, investigou detalhadamente a pesquisa escolar e destacou a complexidade desse processo. Salientou que as varias fases dese método de ensino s8o bem diferentes umas das outras e, portanto, exigem orientagdes @ interveng6es diversas. De acordo com Carol Kuhithau, a pesquisa escolar como estratégia de aprendizagem baseada no questionamento, deve possibilitar a0 aluno desenvolver habilidades de escolha de temas e de fontes de Informago e de utilizaclo de recursos que ajudem a clarear suas idélas, como por exemplo, esquemas, tabelas e gréficos. Os mediadores devem criar condigées para que, a0 longo do proceso, © aluno fale sobre seu trabalho, utilizando 0 didlogo como forma a de desenvolver idélas. A pesquisa deve constituir, também, uma oportunidade para o estudante aprender a trabalhar em grupo. E preciso reconhecer que a pesquisa escolar é um processo complexo, que exige do aluno habilidades que precisam estar previamente desenvolvidas, para que ocorra em toda sua riqueza. © estudante deve ter familiaridade com a biblioteca, com a localizagdo dos materiais ali reunidos e com os melos existentes para se recuperar informacéo: catélogos, Intdrnet etc. Precisa saber escolher e consultar diferentes fontes de informacdo e, mais do que isso, precisa ser capaz de localizar e interpretar essa Informago, usando mais de uma fonte, dominando técnicas de esquematizar, resumir e parafrasear. Se 0 professor exige um trabalho escrito, o aluno tem que estar familiarizado com modos de organizar apresentar informacdo, tals como, estrutura do trabalho, citagfo, normalizac3o das referéncias bibliograficas etc. Se for exigida uma apresentacso oral, é necessério que ele esteja preparado para elaborar recursos audiovisuais e para falar em piblico, de forma a fazer uma apresentagéo eficiente. Dessa__maneira ele desenvolve conhecimentos, habilidades e atitudes que vo além do tema do trabalho. — fundamental que o aluno, o professor e 0 bibliotecério compreendam que a concretizagéo efetiva da pesquisa escolar ‘corre por etapas e ndo em um bloco tinico, e que a riqueza do proceso se traduz na modificagio da forma de pensar do estudante. Observa-se, portanto, que sé sergo alcancados os 22 resultados positivos dessa estratégia de aprendizagem se a escola investir, sistemética e continuamente, em programas de desenvolvimento de habilidades informacionais, que dever3o iniciar-se cedo na vida da crianga. E 0 primeiro passo é criar atitudes positivas com relacio ao uso da biblioteca e da informago. S6 assim a pesquisa escolar teré sentido € a escola estaré formando um aluno com perfil de pesquisador: criativo e auténomo na busca do conhecimento. Referéncia NEVES, Tara C. Bencourt. Pesquisa escolar nas séries inicals do ensino Tunderental: bases para um desempenno Interatvo entre sale de aula & Diovotess escola, 2000, Tese (Doutorado em Cléncia da InformacBo € Bocurnentagie) Escola de Comunicages e Artes, Universidade de S80 Paulo, ‘So Paulo. 23 6 A colecéo da biblioteca escolar Vera Luicia Furst Goncalves Abreu veralucia@eci.utmg.br k. longo de sua histéria, a socledade tem langado mao de certa variedade de suportes para registrar 0 conhecimento. Paredes de cavernas, tabletes de argila, tabuinhas de madeira, rolos de papiro e pergaminho foram alguns desses suportes que, durante séculos, permitiram conservar a meméria do conhecimento humano. A invengo da imprensa ocasionou a substituiggo desses materiais € proporcionou variedade de formatos em papel para a veiculacéo da informacéo: avango da tecnologia da informagio trouxe diversificaggo ainda maior. Surgiram a fotografia, o filme, o microfilme, o videocassete, © CD-ROM, 0 DVD e a internet, Atualmente, observa-se uma convergéncia que, no espaco virtual, retine recursos informacionais livros, revistas, jornais, mapas, folhetos etc. 0 na forma de texto, imagem, som e movimento e permite nao apenas a tradicional leitura linear mas a leitura hipertextual interativa. A biblioteca, essa instituico social t8o antiga e tradicional, tem, atualmente, a tarefa de coletar e disponibilizar materiais informacionais em diversos formatos, que representem essa variedade e essa riqueza de informacdes produzidas pela 24 a sociedade. Dessa maneira, a colecdo da biblioteca néo & um conjunto de materiais reunidos aleatoriamente e sem nenhum propésito. Para constitulr um recurso didético eficiente, 0 acervo da biblioteca tem que ser formado e desenvolvide com critérlo, levando-se em conta 0 projeto pedagdgico da escola e o contexto lem que esta se insere Se levarmos em conta os Pardmetros Curriculares Naclonais (PCN), a biblioteca seré um espaco de diversidade textual. O ensino da lingua portuguesa, proposto nesse documento, prevé o uso intensivo de textos que circulam socialmente, em seus suportes originals, sso significa que criangas e fovens precisam ‘experimentar contato direto com as fontes de informag&o que fazem parte do mundo letrado e ter oportunidade de compreender ‘0s usos da escrita em diferentes circunstancias, observando suas varias fungdes e caracteristicas. Portanto, uma variedade de textos, de géneros e de suportes deve compor 0 acervo da biblioteca. Os textos literdrios de qualidade so importantes por apresentar caracteristicas estéticas peculiares, devendo, entlo, ocupar um lugar especial na colecdo. A aprendizagem da lingua oral, enfatizada nos PCN, vai exigir 0 oferecimento de materials audiovisuais de diferentes categorias: entrevistas gravedas, debates, textos draméticos, cangies, noticias etc. Os quadros abalxo mostram os géneros que podem ser utilizados nas atividades de linguagem de 5# a 82 séries, segundo os PCN. 25 Gtneros privilegiados para a prética de escuta ftura de textos ~Tinguagem Escrita— Corde, “causes? —@ | Canto, Roamance, Uterérios Simiores Novela cronce, Pera € Jente bramético {Tonto bemaco Ginto Noto, Estoril, A099, De tmprenss comentirarasotinco | Reportagern, cart 80, Enirevisto, Debate e | letr, entrevista, Charge Polestras etre De Divulgacto ( Clentitica Exposig8o, Semindrio | Verbete Encclopédico Debate e Patestra (note/artigo), Reletério Ge experéncias, Didatco extos, ewunciages de ‘questees) Artig Publicidade Propaganda Propagande +o Faroe CoeTare Naconne 1a S ares, Uinguagem escrita caneso Conta, Ciba, Poema Texto Dramético Literdrios | De Imprensa | noticia, Entrevista, Debate | Noticia, Edtoril, Atigo, le Depoimento Reportagem, Carta ao ll 2 re |Errevsta charge ra De Divulgacae | Exposicso, Semindro & | Retatéro de expentincas, Cientifica, Debate a Esquema de Resumo de artigos 04 verbete de enciclopedia Font Pardes Casares Wacoals 5° a BF sees B57 A perspectiva questionadora da pedagogia proposta nos PCN coloca a aprendizagem como uma construgéo do aluno e reforca 0 uso de informago para ampliar ou reconstruir os conhecimentos. Portanto, a colecdo da biblioteca deve ser formada em funcéo das propostas curriculares de cada érea, oferecendo materiais de 26 ag consulta os mals diversos: enciclopédias, atlas, jornais, revistas, dicionérios, seja no formato impresso ou no eletrénico. A incluséo da Arte como érea curricular vai demandar a incorporacio de objetos especiticos, dependendo da modalidade artistica escolhida pela escola: livros sobre histérla da arte, reproducdes artisticas, (CDs de cangées, jingles e trilhas sonoras, videos de dancas folcléricas e populares. Nessa viséo, a biblioteca seré uma “midiateca” e, como tal, possibilitard, também, que se chegue @ fontes externas. Assim, 0 acesso & internet é importante para garantir material aos trabathos escolares e para permitir que os ‘alunos aprendam a utilizar esse recurso informacional de forma critica e responsdvel. Embora as propostas curriculares nacionais devam influenciar © perfil da colegio, esta deve ser composta a partir das peculiaridades de cada escola e, assim, seré representativa - ter a “cara da escola’. A existéncla de uma boa colecéo vai depender muito do trabalho conjunto de professores e bibliotecérios na definiggo de um fio condutor, representado pela politica de desenvolvimento de acervo, que cria e mantém sua coesio interna. Isso proporcionaré 0 oferecimento de um acervo rico, variado e atraente, e afinado com a proposta pedagégica da escola. Referéncias BRASIL. Ministério da Educa¢lo e do Desporto. Pardmetros Curriulares Raconais (1. @ 4. séres). Brasilia: Secretaria de Educac8o Fundamental, 1997. 10. CAMPELLO, 8. 5. et al A colegio da biblioteca escolar na perspective dos Pordmetios Curricslares Nacional. InformacSo8informag8o, Lendrina,v. 6, 2, Jul /de2, 2003, (Acetto para publicaséo). 27 7 Internet ¢ pesquisa escolar Maria da Conceico Carvalho mmecarv@eci.utmg.br instrumento de aprendizagem. Essa foi a concluséo geral de um estudo felto por pesquisadores do Grupo de Estudos sobre Biblioteca Escolar, da Escola de Ciéncia da Informago da UFMG. O estudo abrangeu 372 alunos de 19 a 82 séries, com idades entre 7 € 16 anos, de oito colégios da rede particular de Belo Horizonte - MG. © objetivo era verificar como os alunos usam a internet nas suas pesquisas escolares e 0s resultados mostraram que o uso da Fede passa ao largo da escola: apenas 25% dos alunos a utilizam to ambiente escolar, sendo pequena, em conseqliéncia, a Wicacdo de sites como fonte de pesquisa. Os outros 75% acessam a internet em ambientes domésticos: em casa, na casa de amigos e de parentes, no escritérlo dos pais. Assim, quem influencia mesmo 0 jovem internauta na escolha dos sites mais visitados so os colegas, amigos e irm&os, numa troca informal de informacées. Revistas, Jornais e televisio séo também fontes freqilentes para identificaco de sites interessantes. Professores e bibliotecérios foram citados em wiltimo lugar, deixando claro que esses rofissionais no exercem uma influéncia significativa no que diz respelto ao que os alunos esto vendo na web. influéncia de professores e bibliotecérios na 28 Outro resultado que a pesquisa apresentou foi que os alunos tem bastante independéncia para usar a rede. Apenas 5,4% sempre pedem ajuda para usé-la. E aqui também, coerentemente com as respostas anteriores, a influéncia da escola é pequena: professores e bibliotecarios quase néo so lembrados no momento em que os alunos precisam de auxilio para resolver algum problema. Quem ajuda so os pais e outros familiares (no caso das criancas menores, de 7 a 11 anos) e os amigos (no caso das maiores, de 12 2 16 anos). Ficou evidente que o uso da internet néo modificou a antiga pratica muito criticada por professores e educadores em geral: a c6pia dos textos pesquisados. Uma porcentagem considerével dos internautas (cerca de 45%) declara proceder dessa maneira, € alguns chegam mesmo a entregar para o professor as informacées que imprimem tais como aparecem na tela, Entre as criangas mais ovas esse tipo de comportamento é mais comum; diminui um Pouco entre os alunos mais velhos. Esses ultimos se preocupam mais em ler e resumir as informagées encontradas. Quase a metade deles afirma fazer isso, enquanto que entre os menores esse nimero cai para 23%. A internet nao é a Unica fonte de Informagao para a maloria dos alunos. Eles consultam também livros que tém em casa e na biblioteca da escola, e em CD-ROMs, Sendo poucos (cerca de 7%) os que consultam apenas a rede. Os alunos tém uma viséo muito positiva da internet. Manifestacdes de entusiasmo sobre a rede foram freqlentes e os pontos positives mencionados ultrapassaram os negativos. Eles gostam da rapidez 29 da quantidade de informagées disponiveis e, também, da rapidez com que conseguem acessé-las e da facilidade para encontré-las ¢ manifestam, com comentérios enféticos, grande expectativa por uma disponibilidade maior do uso da internet na biblioteca da escola. Curiosamente, reclamam da lentidéo no aparecimento das Informacées na tela e principalmente de sites que nao tém nada a ver com 0 assunto que pesquisam, além de no estarem satisfeltos com a quantidade de sites em outras linguas. Uma constatacdo importante mostrada pela pesquisa é que os alunos tém viséo critica da internet, n3o sé em relagio a0. préprio conteiido (53% verificam o contetido), & organizacéo, ao custo, aos aspectos técnicos, embora poucos se preocupem em verificar certos dados relativos 4 composi¢0 do site, como autor, data ou nmero de visitantes. Ficou demonstrado também que os jovens ‘tam um nivel de percepgdo bem avancado com relacgo & rede em geral, comparando-a com outros meios de comunicacdo. ‘A pesquisa mostrou, ainda, que hd concentracgo na consulta a determinados sites, isto é, um niimero reduzido de sites € visitado freqlientemente por muitos alunos, provavelmente como resultado da rede de influéncias entre colegas € amigos para indicagSo de sites, j8 comentada. Com relago & categoria dos sites mais Visitados, observou-se grande nimero daqueles dedicados & misica, & televis8o, aos esportes, ao lazer e ao entretenimento, confirmando a hipétese de que os alunos usam a internet em suas dimensées de fonte de informagéo e de entretenimento. Os internautas utilizam macigamente os chamados motores de busca. Desses, os mais usados sao Cadé (indicado por 166 alunos) e UOL 30 (148), seguidos do AltaVista (64), ZAZ (46), Zipmail (41) ¢ Yahoo (33). A sociedade atual, caracterizada pela abundancia e, mesmo, pelo excesso de informacées exige, de quem estuda e pesquisa, habilidades para definir quando a informac&o que encontrou & suficiente e, mais importante, para selecionar a informacéo relevante. E isso num ambiente de informacées diversificadas, Rumerosas e€ muitas vezes inconsistentes e contraditérias. A internet representa de forma clara esse ambiente informacional € tem sido amplamente reconhecida como melo de estudo e entretenimento, principalmente para criangas e jovens. As escolas comegam @ percebé-la como um recurso de aprendizagem Implementam laboratérios que facilitam a seus alunos 0 acesso & rede, As bibliotecas, como tradicionais espacos de informacéo, também comesam a visualizar a web como recurso informacional. A pesquisa demonstrou que so necessérias agées mais diretivas or parte dessas instituices educativas, para tornar a internet um real espaco de formaco. O comportamento dos alunos que copiam Informagées da internet evidencia que passos preliminares Precisam ser trilhados, isto é, a escola ndo pode descuidar do desenvolvimento de habilidades de ler, interpretar, resumir e parafrasear, que so a base para a aprendizagem significativa. © fascinio que a rede desperta nas criancas e adolescentes precisa ser entendido pela escola e seu potencial como fonte de informagao no pode ser desprezado pelos educadores. E preciso Planejar urgentemente agies pedagégicas adequadas para 0 uso da rede, assumindo os bibliotecérios © seu papel de mediadores 31 entre o aluno e a informacéo. Transferindo para o universo virtual as competéncias desenvolvidas na sua prética com 0 mundo do impresso, 0 profissional bibliotecério estaré numa posiclo privilegiada para exercer essa funco de mediador nesse melo de comunicacao, que veio para ficar. Referéncla CAMPELLO, Bernadete S. et al. A Intemet na pesquise escolar: um panorama’ do" uso da web. por alunos do ensino fundamental. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA & DOCUMENTAGAO, 19., 2000, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: ASsociagSo Riograndense de Bibiotecdros, 2000. (CD-ROM) 32 8 A internet na biblioteca escolar ‘Marcia Milton Vianna mércia@ec.utmg.br Srecents milhdes de libras (aproximadamente dois bilhées, oitocentos e trinta e cinco milhées de reais) é a quantia que o governo britdnico val investir, durante trés anos - de 1999 a 2002 = em equipamentos destinados a ligar as escolas publicas & Internet. Outros 230 milhdes de libras (cerca de novecentos & trinta milhdes de reais) sero gastos para treinar professores e bibliotecérios no uso da tecnologia de informac&o. No Brasil, o Proinfo, programa que visa & introducio das novas tecnologias de informacio e comunicacgo na escola piiblica, como ferramenta de aprendizagem, planejou investir R$ 96 811 000, 00 na aquisico de equipamento e software para atendimento as escolas, durante © triénio 1997/1999. No que diz respelto 8 capacitacdo de pessoal, 05 investimentos planejados séo da ordem de R$ 16 408 000,00, durante 0 referido periodo. Pode-se observar que os gastos brasileiros so bem mals modestos do que os britanicos. Entretanto, a idéia no é fazer comparacdes e sim mostrar como um pais desenvolvido esté lidando com a questo da tecnologia na educago de criancas e jovens. No Reino Unido, os bibliotecdrios percebem com clareza o seu Papel com relacdo & internet e véem incorporando ao espaco tradicional da biblioteca a informagdo virtual disponibilizada pela rede. Entretanto, a internet ndo & como uma biblioteca 33 convencional: € um espaco cibernético, onde as informagées néo do selecionadas, como ocorre nas bibliotecas. Consequentemente, a Internet disponibiliza sites de qualdade e sites que no apresentam qualquer contribuiclo para a formago do aluno. Se as, pessoas querem simplesmente acessar informaggo e navegar no ciberespago, a rede é “um barat”. Mas se querem encontrar informagées que possam utilizar, numa forma e num nivel de compreensio adequados, entdo a internet pode ser uma decepgdo. Portanto, para esse segundo grupo de pessoas haverd necessidade de algo mais do que um amontoado cadtico de informagées: serso necessérias informagdes _selecionadas_criteriosamente e profissionais preparados para ajudé-los a lidar com a nova situagéo, Considerando-se @ permanente preocupacéo da biblioteca com a adequacao da informacéo a ser oferecida ao leitor, néo é de se estranhar que uma das questdes que mais vém sendo discutidas pelos bibliotecérios nos paises desenvolvidos é a selecéo do material oferecido aos estudantes, na internet. A preocupagéo no ‘se relaciona ao acesso a sites pornogréficas; as préprias criancas e jovens sabem que néo é desejével que visitem tais sites. Além disso, existem programas bloqueadores que podem ser usados para minimizar 0 problema. O cere da questo esté no caso de paginas que exibem informagées falsas, preconceituosas, néo confidveis. Até hoje, os materials de uso comum pelos estudantes nas escolas - livros didéticos, revistas, enciclopédias, videos e CD- ROMs e outras fontes tradicionais - tém sido avaliados criteriosamente. As informagGes da internet, ao contrério, raramente passam por um processo de editoraclo que possa 34 garantir @ qualidade do seu conteddo. Veja, por exemplo, a diferenca entre uma obra como a Encyclopaedia Britannica, que vem sendo publicada com o aval de numerosos especialistas desde 1771, e a informacSo disponibilizada numa pagina pessoal da Internet, cujo mantenedor nao tem compromisso com a correcSo das informagées que exibe. 0 problema que, de fato, as criancas € jovens no esto preparados para reconhecer quando uma informag&o € incorreta ou tendenciosa, como o estdo para reconhecer pornografia. Algumas alternativas podem ser apontadas para assegurar o acesso a informacées confidvels. Uma possibilidade seria 0 acesso supervisionado que, por razdes dbvias, & pouco prético. Outra alternativa seria ensinar as criancas usar a rede de forma consciente, 0 que pode funcionar a longo prazo. A terceira alternativa rec: no € uma coisa complicada do ponto de vista técnico, pols a maioria dos atuais software j8 conta com opcéo para criagéo de sobre a criagéo de Intranets nas escolas, 0 que Intranets. A intranet é uma rede interna que possibilita que os alunos tenham acesso a sites selecionados. 0 foco do problema se volta, entéo, para a selegéo de tais sites, que pode ser feita da mesma forma como se selecionam materiais para a colegio da biblioteca. Por exemplo, se a escola conta com uma comisséo de selegéo, formada por professores e bibliotecérios, encarregada de escolher 0s materiais para a biblioteca, essa comisséo pode continuar a exercer sua funco também com relago internet. A tarefa mais érdua desse trabalho se relaciona a sua atualizaclo: acréscimo e eliminacdo de sites, estabelecimento de novos links, 35 enfim, manutengo da rede interna constantemente afinada com 05 programas escolares. A selecéo dos sites deve ser feita 2 partir dos critérios estabelecidos para a colegio em eral, levando-se em consideracdo as pecullaridades do melo eletrénico. Um exemplo de estabelecimento de critérios para selegio de sites é 0 projeto Ensinando Geografia na Web" que, a partir de critérios de avaliacéo estabelecidos para livros da érea, adaptou-os ao melo eletrénico, gerando a lista apresentada a seguir. © trabalho, realizado com os sites da érea de Geografia, pode ser estendido a outras éreas, consolidando-se critérios para selegdo de InformagSes relevantes e de qualidade para os alunos, de forma a que 0 uso da internet tenha um impacto positive no proceso de aprendizagem. 36 CCritérios para avaliagao de sites de geogr ia na internet ‘autora do ste é claramente wentiicada? (A) —_ (© responsivel tem experiéncia na drea de geografia? (A) (© site contém informagbes atualizadas? (1) Possu! FAQ ou outro instrumento para tiaras dividas mals frequentes? (AT) O site apresenta virlas formas de navezasio (Folhelc, pesquisa ou fitros)? en A publicidade atrapaiha a leltura do site? (A2) As lustracBes do site tém autora? (42) As cores utilzagas no mapa tém boa defniglo? (A2) Os simooles as patavras utlizadas nos mapas tém seu significado explicado fem uma legenda?(A2) O ste tests 0s conhecmentos adquiridos pelo ususrio? (C) (0 site tem validagso das respostas dos ususrios? (C) © ‘ske faz cistindo entre a geoorafia sca © 2 geografa politica na sua proposta educacional?(C) ‘As informagées que 0 ste dlssemina tem embasamento teérica? (C) © site utiliza algum vocabulério especiic da drea de geogratia? (C) O ste problematiza questées com o Inturo de desenvolver @ senso critica dos usudrios? (C) 0s concettos © conteidos existentes ne site so desenvolvidos @ parti de algum contexte? (C) A cartograta é simples? (C) ‘0 explictadas as convengSes cartogrétcas utlizadas nos mapas? (C) As escolas séc indicadas adequadamente? ——_(C) O site ena situacdies que podem ser aplcadas a0 cotiiano do aluno? (C Fonte: ensinando Geograta na Web (1955) Legends” A autora, AT (aspects tenes) AI (tular30), 2 (apresetaci),C (conte) Referéacias BRASIL, Ministério da Eoucago © do Desporto. Programa Nacional de Informatica na Educacdo, Brasila: Secretaria de Eoucarso a Distancia, Disponivel em: . AceSso em: O4 out. 2001, SMALL, G. The Intemet and the school brary. Schoo! Librarian, v. 47, 0.2, 1999) 37 9 A organizaco da colecéo Marcia Milton Vianna marcia@ect.utmg.be utilizar formas bem simplificadas na organizacéo de seus acervos, ‘como, por exemplo, 0 uso de cores pera agrupar os materials. Se, Por um lado, esse procedimento pode parecer extremamente pratico, por outro pode impedir que 2s alunos conhecam formas consolidadas de organizacgo de biblictecas com as quals certamente vo se deparar mais tarde, em sua vida escolar. As conseqiéncias disso podem ser observadas no comportamento de alunos que chegam & universidade: muitos deles desconhecem o funcionamento de bibliotecas e dos instrumentos que elas costumam elaborar para possibilitar a recuperaco da informagéo. Acontece que a organizacao da maioria das biblictecas 6 baseada em instrumentos padronizados, 0 que fez com que multas delas sejam semelhantes no mundo inteiro. Por n&o se terem familiarizado com tals instrumentos durante o periodo de educagso bdsica, os alunos ficam inseguros quando precisam recorrer & biblioteca de sua faculdade para fazer pesquisas e elaborar trabalhos solicitados pelos professores. E bom lembrar que a biblioteca é uma Instituico milenar. Surgiu quando 0 homem percebeu a importancia de cuidar de seu Patriménio intelectual, registrado, naquela época, em suportes frégeis, com pouca portabilidade e de dificil reproducdo. 38 Com 0 surgimento de novos tipos de suportes, e 8 medida que maior nimero de pessoas se interessavam pelo conhecimento, aumentava o niimero de registros, cuja organizacao tornou-se necesséria. Na Antigdidade, as préprias paredes das bibliotecas eram utllizadas para listar os livros ali existentes, possibilitando sua identificagso e posterior localizacao. Tals listas podem ser consideradas como os primeiros catdlogos e marcaram 0 Inicio do processo de organizacéo bibliogréfica até hoje existente. Em sua evolugéo, esse processo permitiu a padronizagéo de procedimentos que fazem com que grande parte das bibliotecas, no mundo Inteiro, tenham organizaco semelhante, ‘A preocupagio do homem em ordenar 0 conhecimento levou-o a estabelecer varias formas de classificé-lo. Aristételes (364-322 a.C), por exemplo, dividiu as ciéncias em tedricas, préticas Poéticas, Outros filésofos, como Porfirio (234-305), Cassiodoro (468-575), Bacon (1561-1626) e Comte (1798-1857) estabeleceram divisées ou classificagdes para o conhecimento de sua época, utilizando bases diferentes. Tals classificacées serviram como inspiracéo para as classificagdes bibliogréficas que apareceram posteriormente. Nas bibliotecas, a principal fungo das classificagdes é organizar 0 conhecimento registrado em livros e outros documentos, faclitando sua localizagéo. A primeira classificagao bibliogréfica importante, de caréter universal, foi elaborada por Melvin Dewey (1851-1931) e publicada em 1876. Tinha como base a Classificagéo filoséfica de Bacon. Atualmente em sua 218 edigo, 2 39 Classificacéo Decimal de Dewey (CDD) é utilizada em bibliotecas de varios paises, tendo sido traduzida para diversos idiomas. A DD divide o conhecimento humano em dez classes principals (de 000 a 999) que se subdividem em classes secundérias que, por sua vez, véo se subdividindo em outras dez classes, Sucessivamente, formando um sistema decimal que permite que se especifique, com maior ou menor detalhamento, os assuntos dos documentos de uma biblioteca, conforme mostrado no exemplo abaixo. “S00 Ciehcias naturale © matemdtica 570 Biologia e céncias 48 vide 577 Ecologia S771 Processos de ecossistemas especicos 577.34 Quimica ambiental 577.144 Cielo carbsnico Paralelamente 8 classificagdo dos documentos, que possibiitou ‘organiza-los por assunto nas estantes, foi preciso definir padrées para representa-los, isto é, para descrever cada um dos documentos da biblioteca. Para tanto, foram criados conjuntos de Fegras, os cédigos de catalogagio, que permitem a descri¢éo precisa de todos os tipos de documentos, de forma que cada um dos que fazem parte do acervo de uma biblioteca possa ser dentificado individualmente e, —_consequentemente, _seja Fecuperado com preciso, Os sistemas de classificacao, os cédigos de catalogacao e, mais Fecentemente, os formatos de intercdmbio bibliogréfico (padrées ue possibilitam 0 intercémbio de dados catalogréficos por computador) constituem os instrumentos bésicos que bibliotecérios 40 10 O espaco fisico da biblioteca Paulo da Terra Caldeira terrageclutma.or F vers de estantes cheias de livros, revistas em mostrudtios, mesas @ cadelras espalhadas e repletas de pessoas lendo e estudando, criangas debrugadas sobre volumes de enciclopédias, fazendo suas pesquisas. Essa é, e ainda continuard a ser por um bom tempo, a face visivel de uma biblioteca. Mas a ampla disseminago da informacéo eletrénica, tornada possivel através das redes de computadores, iré, provavelmente, mudar a face da biblioteca tradicional: ela teré uma face virtual, em que a informagéo seré acessada pelos leitores a partir de seus computadores, independentemente de sua localizacgo. Entretanto, & certo que muitas pessoas v8o querer continuar a ler da maneira tradicional: debrugando-se sobre um volume impresso em papel. E, assim, as bibliotecas continuaréo a existir na sua forma jé conhecida. Portanto, as organizagées que as mantém terdo de se preocupar com 0 espaco fisico que elas irdo ocupar. Esse espaco reflete de maneira muito clara o papel que & destinado a biblioteca pela institui¢éo que a mantém. Se desempenhar uma func&o educativa preponderante na escola, por exemplo, visando a proporcionar aos alunos oportunidades de leitura intensa e auténoma, além de incentivar a busca de informagdes para responder a questionamentos e solucionar 43 Problemas, ento a biblioteca seré um espaco amplo, com instalagées confortévels, A preocupaggo em oferecer ambiente acolhedor, de forma a Feforcar o prazer de ler, levou a criagSo, nas bibliotecas, de espagos aconchegantes, visando especialmente a atrair criancas ‘menores, que se encontram na idade de descobrir 0 gosto pelas histérias contadas ou lidas pelos adultos. Tapetes, almofadas, méveis coloridos, decorago alegre formam —ambientes. descontraidos que, cercados de muitos livros bem selecionados, de facil acesso e expostos de forma atraente, sem diivida contribuem ara despertar e manter um comportamento positive da crianca com relacdo a leitura. © planejamento do espaco da biblioteca deve ser felto em funcéo do acervo e do uso que se pretende dele fazer. Além de salas para abrigar 0 acervo geral, a colecSo de referéncia e a de periédicos, devem ser previstas salas para estudo individual e de grupos, locais especificos para uso de equipamentos (computadores, gravadores, videocassetes), lugar separado para a colecdo infantil Para atividades com criangas menores, além de sala de projegbes. Tal espaco faciitaré o planejamento e 0 desenvolvimento do Programa da biblioteca. Se esse ideal ndo & possivel, serd necessério planejar criteriosamente as atividades da biblioteca, otimizando-se o uso dos locals disponiveis. Como espaco coletivo, onde os recursos sero compartithados pela Comunidade escolar, a biblioteca oferece excelentes oportunidades para o exercicio da cidadania e para a pratica do zelo pelo 4a do mundo inteiro costumam utilizar para organizar os acervos das bibliotecas, sejam elas compostas de milhdes de volumes, como, por exemplo, a Library of Congress, dos Estados Unidos, sejam elas bibliotecas escolares com uma pequena colecs Durante muito tempo essas técnicas tém sido utilizadas, permitindo uma coeréncia bibliogréfica que faz com que um leitor ue tenha freqUentado uma biblioteca cujo acervo seja classificado € catalogado com base nessas técnicas tenha famillaridade com qualquer outra assim organizada. Portanto, € importante que mesmo as pequenas bibliotecas escolares utlizem em sua organizago esses instrumentos bibliogréficos. Desse modo, estar8o possibilitando ao aluno familiaridade com uma organizacSo padronizada que ele iré encontrar em bibliotecas que frequentara durante sua vida. Isso the permitirs, por exemplo, utilizar com desembaraco bibliotecas universitérias e especializadas. Se a biblioteca de sua escola for organizada de acordo com um sistema que seja utilizado pela maioria das bibliotecas, a crianca teré mais seguranca e estimulo para explorar os acervos de outras bibliotecas. Os sistemas de classificago e os cbdigos de catalogago, portanto, devem ser utilizados na organizacdo de bibliotecas escolares. Algumas adaptagdes poderéo ser necessérias, por exemplo, no aso da colegio infantil que, por suas caracteristicas pecullares, deveré estar separada do restante do acervo. Mas, téo logo a crianca entre na fase de leitura permanente e de busca de informagdo para seus trabalhos escolares, ela terd condigdes de entender a organizago dos materiais na biblioteca, 2 qual, se a freqiientada sistemética e constantemente, levaré o estudante a assimilar de forma natural os procedimentos necessérios para explorar os materiais e as informacées neles contidas. Referéncias FOSKETT, A.C. A abordagem temética de informac3o. S80 Paul: Poligono,'1973, 4a patriménio comum, representado pelos materiais da colecéo e equipamentos. Dessa forma, a biblioteca amplia sua influéncia pedagégica, participando efetivamente da formacio de uma pessoa integral, eliminando seu estigma de espaco de castigo de alunos ou de depésito de materiais. Uma biblioteca que conte com um programa de atividades bem planejado e integrado aos projetos curriculares da escola seré um espaco belo e alegre Referéncias CORGANIZAGAO © servigos de biblioteca. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Educagde Ge Minas Gerais/ Diretoria de Desenvolvimento Curreuiar, 1995. 45 11 Biblioteca escolar e acervo de classe Paulo da Terra Caldera terra@eci.ufmg.br @ proximidade do texto com o leitor exerce, para incrementar 0 gosto pela leitura. Sabe-se, também, que um programa de leitura na escola deve estimular 0 uso freqiiente, constante e sistemstico de materials apropriados. Assim, a prética de se manterem livros na sala de aula, formando o acervo de classe, & utilizada em muitas escolas que acreditam que a proximidade do texto constitul um incentivo ao aluno, para que lela. © acervo de classe é um recurso de aprendizagem muito utilizado Por professores de lingua portuguesa no desenvolvimento de atividades variadas de ensino de lingua escrita e oral. 0 governo tem reconhecido @ importéncia desse recurso @ alguns Estados e Municipios tém criado programas para dotar cada sala de aula de sues escolas com um acervo de classe. E 0 caso do governo de Minas Gerais que, através de sua Secretaria de Estado de Educago, criou 0 programa Cantinho de Leitura, com a finalidade de formar acervos de classe nas escolas mineiras. E inquestiondvel a utilidade e a importéncia do acervo de classe Para desenvolver 0 gosto pela leitura. © que no pode ocorrer, entretanto, é a simples substituiggo da biblioteca por esse tipo 46 acervo. Os dois tém objetivos diversos e atendem a necessidades de aprendizagem diferentes. Uma biblioteca escolar, como outra de qualquer tipo, pressupe a organizagéo e a sistematizaggo de um conjunto de documentos selecionados criteriosamente, com vistas a atender & proposta pedagégica da instituigéo que a mantém. Ela , portanto, o espaco ideal para reunir a diversidade textual que existe fora da escola e que deve estar a servigo da expansio do conhecimento letrado do aluno. A biblioteca tem acompanhado o desenrolar do conhecimento humano desde a Antigiidade, conservando disseminando as idéias contidas nos livros e em outros materials. A forma dos registros muda (de tabletes de argila para redes eletrénicas de informaggo) mas a biblioteca continua a ser um espago coletivo, onde os registros sé reunidos para serem compartilhados por todos os membros de uma comunidade. Assim, ela & 0 lugar que val possibilitar aos alunos famillarizar-se com a riqueza informacional hoje produzida pela sociedade e, consequentemente, com todo 0 mundo letrado. A biblioteca nao se confunde, portanto, com o acervo de classe. Esse tem uma finalidade especifica ¢ deve continuar existindo, isto 6, 05 livros devem estar sempre perto dos alunos a fim de se cumprir 0 objetivo de facilitar a aprendizagem da lingua. 0 acervo de classe deve ser bem selecionado e variado e, nesse sentido, @ biblioteca deve ser chamada a contribuir para manter o dinamismo que é inerente & colecéo de materiais que vao dar suporte a atividades de aprendizagem ricas e diversificadas. 47

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