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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA DE SÃO PAULO


3ª VARA CÍVEL
Av. Engenheiro Caetano Alvares, 594, 2º andar, salas 205 e 206, Casa Verde, Fone: 11-3951-2525, São
Paulo-SP - E-mail: santana3cv@tj.sp.gov.br

Processo nº: 001.08.116236-9 1

SENTENÇA

Processo nº: 001.08.116236-9 - Monitória


Requerente: Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo - Bancoop
Requerido: Maria Fernanda de Camargo Gracio

Juiz de Direito Dr.: Elói Estevão Troly

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tj.sp.gov.br/esaj, informe o processo 001.08.116236-9 e o código 010000001MS0Y.
VISTOS ETC...

MARIA FERNANDA DE CAMARGO GRACIO opôs


os presentes embargos nos autos desta ação monitória, que lhes move
COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE SÃO PAULO
BANCOOP, e argüiu, preliminarmente: (a) a impossibilidade jurídica do pedido (existe
ação coletiva ajuizada por adquirentes cooperados para descaracterização do pretenso
crédito), (b) a carência desta ação (inexistência de prova escrita de crédito líquido, certo
e exigível), (c) litispendência e (d) conexão. No mérito, alegou, em resumo, a falta de
comprovação e de aprovação por assembléia do pretendido “resíduo do preço de custo” Este documento foi assinado digitalmente por ELOI ESTEVAO TROLY.
da obra, inadmissível com base em mera estipulação unilateral da embargada, a qual não
praticou o cooperativismo, mas, ao contrário, realizou atividade típica de incorporadora
e, segundo apurações, beneficiou seus diretores, que também eram sócios de empresas
contratadas; nunca houve demonstração dos alegados “gastos excedentes”, cuja
cobrança ilegal é questionada naquela ação coletiva. Com base nisso, pleiteou a
procedência dos embargos e o reconhecimento da litigância de má-fé da autora
embargada (fls. 108/126).

Os embargos foram recebidos.


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Processo nº: 001.08.116236-9 2

A autora embargada, na contestação, refutou as questões


preliminares e sustentou, em resumo, a legalidade dos atos cooperados praticados,
notadamente a cobrança do “resíduo final”, conforme a Cláusula 16ª do “Termo de
Adesão”, para quitar todas as obrigações que devem ser rateadas entre os cooperados, as
quais foram apuradas e devem ser pagas independentemente de aprovação em
assembléia de adquirentes; salientou, também, celebração de acordo com o Ministério

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Público nos autos da ação civil pública, por meio do qual se reconheceu a existência do
“resíduo final” do custo da obra. Amparada nesses argumentos, propugnou a
improcedência dos embargos e a aplicação à embargante da sanção por litigância de má-
fé (fls. 166/169).

Na réplica, a embargante refutou as exceções da


embargada, requereu novamente a suspensão deste processo (até julgamento da ação
coletiva) e reiterou os embargos (fls. 254/259).

Instadas à especificação de provas, a embargada juntou


outros documentos, mencionou a realização de Assembléia Geral Ordinária realizada em
19.02.2009 com aprovação das contas da Bancoop (fls. 371/374).

É O RELATÓRIO

DECIDO Este documento foi assinado digitalmente por ELOI ESTEVAO TROLY.

II

Impõe-se, in casu, o julgamento antecipado dos presentes


embargos, com fundamento no artigo 330, inciso I, do Código de Processo Civil,
porquanto versam sobre matéria de direito e acerca de fatos cuja comprovação
independe de outras provas.

Inicialmente, afasto as questões preliminares.


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Processo nº: 001.08.116236-9 3

O pedido monitório é juridicamente possível, porque o


crédito decorrente de contrato (em tese considerado) é previsto pela legislação pátria e
não depende de outra demanda para ser cobrado. Aliás, a invocação da ação coletiva é
tecnicamente inadequada para o fim de suscitação da falta de tal condição da ação.

O contrato consubstanciado no “Termo de Adesão e

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Compromisso de Participação” de fls. 40/49 é suficiente como “prova escrita” para o
mero juízo de probabilidade e admissão do pedido monitório, sem prejuízo da
averiguação da existência, validade, certeza e exigibilidade, por meio do exame do
mérito destes embargos, como se verá adiante. Portanto, a embargada autora tem
interesse processual para ajuizamento desta ação monitória.

Não há litispendência, porque esta demanda não é


idêntica à referida “ação coletiva”, inversamente proposta pela ora ré embargante e
outros adquirentes cooperados (artigo 301, § 3º, do Código de Processo Civil).

A conexão não implica obrigatória reunião dos


processos, pois ao juiz é facultado o exame a conveniência da medida, considerando as
respectivas fases de processamento, os benefícios e as desvantagens de tal medida (STJ,
5ª Turma, REsp 305.835/RJ, rel. Min. Jorge Scartezzini, j. em 03.10.2002, DJ

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11.11.2002, p. 245) citado por Luiz Guilherme Marinoni e Outro, in Código de
Processo Civil comentado artigo por artigo, Editora Revista dos Tribunais, 2008, p.
164.

No caso, a ação coletiva, cujo polo ativo é integrada por


vários adquirentes, provavelmente terá curso mais demorado e complexo, o que não
pode impedir o prosseguimento deste feito para que se cumpra o princípio
constitucional da “razoável duração do processo” (artigo 5º, inciso LXXVIII, da
Constituição Federal).

Pela mesma razão, não há motivo para a suspensão do


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Processo nº: 001.08.116236-9 4

presente processo.

A ação civil pública onde se dera homologação do


alegado acordo ainda não transitou em julgado, porque houve interposição de recurso
ainda pendente de julgamento. Não bastasse isso, nas ações coletivas os efeitos (“erga
omnes” ou “ultra partes”) da coisa julgada da sentença “não prejudicarão interesses e

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direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe”, na
dicção do artigo 103, parágrafo 1º, do Código de Defesa do Consumidor.

No mérito, os presentes embargos são procedentes.

A autora embargada não comprovou a existência nem a


validade, a certeza e a liquidez do crédito cobrado.

Por força do contrato denominado de “Termo de Adesão e


Compromisso de Participação” (fls. 40/49), convencionou-se aquisição de unidade
autônoma pelo sistema de cooperativa, ou seja, mediante administração pelo preço de
custo, porém com definição dos valores iniciais determinados (estimados), bem como
do índice de reajuste das parcelas com base na variação do “CUB Custo Unitário
Básico da construção civil São Paulo, apurado pelo SINDUSCON/SP” (Cláusulas
4ª e 5ª).
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Não bastassem essas disposições, suficientes para
fundamentar a obrigação contratual de pagar o custo da obra, o contrato prevê, de forma
abusiva e nula, a possibilidade de exigência de valor objeto de denominada “apuração
final”, após o cumprimento de “todos os compromissos”, sem previsão específica e
prefixação de parâmetros. Em outras palavras, a Cooperativa embargada pretende exigir
“resíduo do preço” com base em apuração unilateral e em cláusula potestativa, nos
termos da seguinte cláusula:

“CLÁUSULA 16ª APURAÇÃO FINAL


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Processo nº: 001.08.116236-9 5

Ao final do empreendimento, com a obra concluída e tendo todos os


cooperados cumprido seus compromissos para com a COOPERATIVA,
cada um deles deverá, exceto no que ser refere a multas ou encargos
previstos no Estatuto, neste instrumento, ou por decisão de diretoria,
ou de assembléia, ter pago custos conforme a unidade
escolhida/atribuída, considerados ainda os reajustes previstos no

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presente Termo” fl. 48.

Infere-se dessa cláusula condição que sujeita o adquirente


cooperado “ao arbítrio de uma das partes” (no caso, a Cooperativa), o que é defeso
pelo caráter potestativo, como prescreve o artigo 115, do Código Civil de 1016, então
vigente na época da contratação.

Note-se que a faculdade de apuração do pretenso “custo


final”, “resíduo”, ou “saldo devedor” a denominação é juridicamente impertinente
ficaria resguardada à Cooperativa para momento cronológico posterior ao cumprimento
de todas as obrigações (“compromissos”) assumidas pelo adquirente cooperado.

Se admitida a validade dessa condição potestativa, sempre


remanesceria a possibilidade de cobrança adicional e sem limites, o que é inadmissível

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por implicar sujeição ao arbítrio da outra parte.

No âmbito do contrato de compra e venda a essência da


referida norma genérica é reiterada no artigo 1.125, do mesmo Código: “Nulo é o
contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a
taxação do preço”.

Além da invalidade da referida cláusula, fundamento


suficiente para afastar a pretensão da Cooperativa, não há comprovação do crédito
cobrado, seja por falta de demonstração, seja pela inexistência de admissão expressa e
específica por assembléia dos adquirentes.
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Processo nº: 001.08.116236-9 6

Mesmo que admitida a validade da previsão contratual,


incumbia à autora embargada demonstrar a existência do pretenso saldo credor com
base em documentos específicos e em aprovação específica dos adquirentes cooperados,
o que implicaria manifestação de vontade concordante e anuente. Sem isto, também se
pode admitir existência de crédito certo, líquido e exigível.

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A propósito da necessária aprovação, a assembléia
posterior, realizada em 19.02.2009 (fls. 269/271), além de não especificar tal obrigação
(comprovação, discriminação e colocação em pautal de obrigatoriedade de pagamento
de “valor residual” de custo), houve deliberação apenas sobre aprovação de contas e
destinação do resultado dos exercícios de 2005 a 2008, baseia-se em auditoria por ela
contratada, o que não pode sujeitar os adquirentes que discutem, como autores ou réus, a
inexistência e inexigibilidade de tal “resíduo de preço”, em ações individuais, coletivas
e na civil pública (esta última objeto de recurso contra a homologação do acordo
celebrado entre o Ministério Público lá demandante e a Cooperativa).

A jurisprudência tem reafirmado esse entendimento, a


exemplo dos seguintes acórdãos do Tribunal de Justiça de São Paulo, os quais,
ressalvadas as peculiaridades fáticas dos respectivos casos concretos, aproveitam ao
presente pelos substanciosos fundamentos essenciais e comuns:

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Apelação Com Revisão 6022574600 Relator(a): Elcio Trujillo


Comarca: Santo André
Órgão julgador: 7ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 17/06/2009
Data de registro: 25/06/2009
Ementa: COMPROMISSO COMPRA E VENDA - Monitoria - Cobrança de
saldo devedor pela cooperativa a título de despesas remanescentes apuradas no
final da obra - Ausência de demonstração de exigibilidade do débito - Ônus da
prova da autora do qual não se desincumbiu - Aplicação do art. 333, inciso I do
Código Civil - Sentença mantida - RECURSO NÃO PROVIDO.
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Apelação Cível 6324294600 Relator(a): Francisco Loureiro


Comarca: Santo André
Órgão julgador: 4ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 16/04/2009
Data de registro: 11/05/2009
Ementa: COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA - Ação monitoria para
cobrança de saldo residual, a título de diferença de custo de construção -
Negócio jurídico sob a forma de adesão a empreendimento imobiliário vinculado

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a associação cooperativa - Indeferimento de requerimento o de suspensão do
recurso de apelação - Discussão já abrangida em ação coletiva proposta pela
associação de adquirentes das unidades, que ainda se encontra pendente de
julgamento definitivo, sem a coisa julgada 'erga omnes' do art. 103, III, do CDC -
Inexistência de óbice ao julgamento prévio da ação monitoria - Mérito -
Pagamento de todas as parcelas contratuais, previstas no quadro-resumo do
termo de adesão ao empreendimento - Previsão contratual da cobrança de saldo
residual, a título de diferença de custo de construção - Peculiaridades do caso
concreto - Cobrança, após um ano e em conta-gotas, do saldo residual, que
constitui comportamento contraditório (venire contra factum proprium) por parte
da cooperativa e conduta atentatória contra a boa-fé objetiva, por deixar os
cooperados em situação de eterna insegurança - Manutenção da sentença de
improcedência da ação - Recurso improvido.

Não bastasse tudo isso, deve ser observada, também neste


caso, a boa fé objetiva na execução do contrato, notadamente em face da convenção do
preço inicial, da cláusula do reajuste de prestação e do cumprimento dos compromissos
pelos adquirentes. Nessas circunstâncias, não é admissível a exigência de pretenso

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“preço residual” sem amparo em demonstração, aprovação e aceitação de tais
cooperados.

Acrescente-se, ainda, até mesmo com fundamento na


tutela da confiança (e no princípio constitucional da solidariedade), a invocação do
princípio do “nemo potest venire contra factum proprium”. Com efeito, em face do
comportamento anterior da embargada, pagamento das obrigações contratuais
expressamente estipuladas, não se pode admitir conduta posterior totalmente contrária,
baseada em cláusula potestativa e abusiva.

Por fim, como não se vislumbra manifesto dolo


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Processo nº: 001.08.116236-9 8

processual, não se deve atribuir à autora embargada sanção por litigância de má-fé, pois,
apesar da improcedência das razões jurídicas por ela sustentadas, a dedução de sua
pretensão em Juízo enquadra-se na razoabilidade do regular exercício da ação.

III

DIANTE DO EXPOSTO e do mais que dos autos consta,

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JULGO PROCEDENTES OS PRESENTES EMBARGOS para reconhecer a
inexistência crédito cobrado por meio do pedido monitório inicial. Outrossim, condeno
a embargada sucumbente no pagamento das despesas processuais e dos honorários
advocatícios, que arbitro em 15% do valor atualizado da causa (artigo 20, parágrafo 4º,
do Código de Processo Civil).

P.R.I.

São Paulo, 28 de maio de 2010.

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