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Antonio Carlos Pedroso de Siqueira => Contador com pós em Gestão Pública.
Registrado na CVM – Comissão de Valores Mobiliários, IBRACON – Instituto dos
Auditores Independentes do Brasil. Sócio da MOORE STEPHENS METRI
AUDITORES, membro da Academia de Ciências Contábeis do Paraná e do IBEF-
PR. Auditor independente com mais de 35 anos de experiência em trabalhos
prestados para empresas nacionais e multinacionais de médio e grande porte
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Outro componente da crise de 29, após a quebra da Bolsa de Nova York, em função
da seca em grandes extensões dos EUA. Esse desequilíbrio provocou a migração de
grande massa de trabalhadores, que se sujeitavam a salários muito baixos e
eram incapazes de consumir o que havia sido produzido.
A crise atual é típica do capitalismo moderno, com foco exclusivamente financeiro. Não
há um lastro compatível com a riqueza gerada (em função, principalmente, da elevada e
contínua inflação dos preços). Ela é uma novidade para o Mundo. A velocidade
das transações nas diversas bolsas em vários continentes – de forma instantânea – traz
um componente novo.
Há muitas coisas a serem analisadas como: crise de energia (inclusive da recente e forte
queda no preço do petróleo); situação em Gaza e posse do novo Presidente nos EUA;
reordenamento dos países desenvolvidos; aumento da importância dos emergentes no
contexto global; cataclismas naturais, isso para ficar apenas em alguns itens.
É nessa esteira que o Brasil pode sofrer conseqüências com a crise. Mesmo em alguns
estados, que como o Paraná, tenha sua produção agrícola baseada em
Cooperativas, fortalecidas e com recursos para financiar uma parte da produção de seus
cooperados.
Uma possível conseqüência futura ao Brasil, caso haja restrição exagerada do crédito
agropastoril, será a inflação, gerada pela redução de bens disponíveis com conseqüente
aumento de preços e sem recursos ao consumo, visto que a massa dos salários também
seria reduzida.
Neste momento venho observando que as demissões em parte das indústrias vem se
processando como uma higienização dos salários; ou seja: cortam-se os maiores salários
que são substituídos por pessoas com salários de iniciantes. Pode ser um programa
válido, caso não haja uma pressão sobre a produção.
De qualquer forma, entendo que especular sobre o futuro é fazer um lance de dados,
com alguma probabilidade de acerto (e muitas de erro).
favorável para que as decisões conjuntas dos agentes econômicos sejam acolhidas com
um pouco mais de confiança.
A situação brasileira é caótica sob o ponto de vista dos investimentos públicos, dentre
tantas que a mazela pública nos tem proporcionado ao longo de muitos anos.
A gangorra na Bolsa de Valores, bem como na taxa cambial, são condições que devem
continuar até que “o Capital” consiga se reequilibrar com as perdas recentes. A euforia
que toma conta das bolsas no mundo todo apenas revela que grandes capitalistas estão
gerando expectativas positivas aos pequenos e médios investidores, para que estes
apostem e possivelmente percam suas economias seguidamente. Neste momento as
bolsas são o ambiente mais sintomático dessa contínua transferência de recursos. Fixar-
se nelas, e tentar entender os mecanismos de altas e baixas sucessivas, gerará
ansiedade e medo.
É interessante observar que – recentemente – vem se dando maior ênfase aos resultados
provocados pelo “acaso”. Cito o livro de Nassim Nicholas Taleb, "Iludido pelo Acaso – A
influência oculta da sorte nos mercados e na vida" da Ed. Record. É um livro instigante,
especialmente a mim; profissional da área contábil, que tem por hábito medir apenas o
que está realizado; como Contador exercito a criatividade de novos cenários nos
momentos de elaboração de um Orçamento ou Planejamento Societário e Tributário,
onde as decisões contábeis serão determinantes sobre a carga a ser suportada na
operação a ser realizada. As Normas Internacionais de Contabilidade, que passam a ser
adotadas no Brasil, tem como característica principal revelar a “Essência sobre a Forma”,
exigindo que os registros sejam feitos de acordo com a intenção de cada ato ou fato
operacional ou da sociedade. Assim, se um contador ao elaborar as Demonstrações
Financeiras de sua empresa adotar um viés muito otimista poderá colocar em risco os
investidores e financiadores da mesma. Se, ao contrário, adotar um rigor nas
informações, revelando um pessimismo em relação ao futuro, poderá gerar,
imediatamente, a descrença dos investidores e a perda de financiadores, causando – de
fato – um desastre.
[Siqueira] As receitas que deram resultado, quer positivo ou negativo, são as que estão
registradas na História. Cada momento é novo e requer ousadia e responsabilidade para
seu enfrentamento. Por isso, um estado de ânimo enfraquecido (pessimista) é pernicioso
às escolhas a serem feitas. Restringe a ousadia necessária para a atividade
empreendedora.
Claro que devem ser adotadas algumas medidas padrão, que poderiam (e deveriam) ser
tomadas anteriormente, como por exemplo:
As pequenas empresas são uma garantia de que haverá trabalho e emprego à maioria
das pessoas. São geradoras naturais de riqueza. Seu primeiro passo, entretanto, deve
estar alinhado com mudanças estruturais (inclusive com a reciclagem do próprio
empreendedor, que deverá ouvir consultores especializados, que contribuirão com o
realinhamento mais rápido e eficiente da organização); especialmente na melhoria de
controles internos e busca na redução de custos mantendo a qualidade ou, até mesmo,
melhorando a qualidade sem grandes mudanças no custo (aqui entra a inovação).
Às médias empresas (os primeiros passos) ficam além da busca das melhores
oportunidades do mercado na colocação de seus produtos, no aprimoramento dos
controles internos e qualidade na informação e comunicação, especialmente interna, que
proporcionará o gás motivador às equipes. Caso ainda não tenham buscado ativos
ocultos existentes na empresa é o momento de dedicar atenção a isso. Há sempre boas
oportunidades a serem descobertas no passado das empresas (aqui, especificamente,
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Creio que ao adotar uma posição de sintonia com o mercado, criando cenários possíveis
de serem perseguidos e atingidos, estamos visualizando as oportunidades onde
podermos atuar com maior facilidade. Especialmente na área de comércio e serviços
buscando capacitar as pessoas responsáveis pelo atendimento ao público. A maioria
perde bons negócios por falhas grosseiras no atendimento. Na produção as ações são
mais complexas. Cada decisão deve ter um cenário de no mínimo 6 meses à frente. Para
isso a empresa deve contar com analistas experientes que possam estabelecer metas de
produção e tipos de produtos a serem colocados nos vários mercados. As indústrias
devem, então, contar com pesquisas permanentes de mercado. É claro que custa um
bom preço. Errar uma produção, entretanto, pode custar uma fábrica!
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Boa parte das ações possíveis de serem adotadas já foi mencionada. Um realinhamento
estratégico é muito importante, assim como uma cuidadosa revisão de custos e análise
do retorno dos investimentos já realizados e/ou em andamento.
8. Qual a sua opinião sobre as medidas que o governo brasileiro vem tomando
em função da crise, como a redução de IPI para veículos e, mais recentemente,
campanhas para os brasileiros consumir mais (o próprio Lula, em cadeia
nacional, exortou o povo brasileiro a comprar mais neste natal), são corretas?
Por que?
[Siqueira] Ainda que o Governo possa apresentar uma dose de otimismo, deve manter
uma posição de permanente alerta para enfrentamento da crise, dependendo do rumo
que esta tomar. Ela não será passageira; já que estamos num ambiente globalizado e
sem a perfeita noção das possíveis ameaças e riscos inerentes. Não adianta acertarmos
os nomes dos culpados se, no final, sofrermos conseqüências danosas em nossa
economia, que é muito frágil e não tem tanta robustez como as apregoadas
nos palanques.
As medidas adotadas, até agora, podem atender a uma pequena parcela de agentes.
Baixar impostos, como forma de continuar a promover a venda de bens, promover o
consumismo como forma de passar pela crise, são campanhas insustentáveis. É
necessário que o governo comece a adotar medidas efetivas de mudança como:
criterioso ajuste fiscal, redução de gastos públicos; criação de incentivos objetivos para a
produção agro pastoril e de produtos de exportação. Adotar uma política tributária que
incentive a geração de renda, sem penalizar a produção. Ter sabedoria na escolha dos
investimentos públicos a serem continuados.
Elevar a disponibilidade de créditos (com uma política de juros mais adequada) para as
atividades produtivas e que dependem de crédito para a geração de riquezas. Somos um
país privilegiado e muito rico. Temos abundância de água e muita energia do Sol. Esses
dois componentes, escassos na maior parte dos continentes são um diferencial
extremamente importante a ser aproveitado. Não se trata de desmatar a Amazônia ou
promover a destruição do Cerrado. Basta mantermos as áreas de produção existentes
ativas. Elaborar um planejamento agrícola e pastoril, com indicação dos preços mínimos
a serem garantidos em cada safra; evitando o desabastecimento futuro e pressões
inflacionárias mais complexas de serem controladas. O que o Governo precisa, portanto,
é de mais ação efetiva e menos discurso.
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Com relação ao otimismo apresentado pelo governo parece que é um novo modelo
adotado para enfrentamento de crises. Se os trabalhadores não estiverem “antenados”
com as oportunidades e necessidades do mercado irão, provavelmente, ficar sem
emprego e muito pessimistas. Talvez até mais do que o que poderia ser considerado
razoável. É tudo uma questão de momento.
No Brasil também temos esse tipo de ação irresponsável por parte do governo, que foi
rapidamente adotada por alguns agentes financeiros. A ampliação do crédito consignado,
por exemplo, gerou a elevação de nosso PIB (e conseqüentemente a indesejada elevação
dos gastos de custeio do governo, que é balizada pela expectativa de receitas), sem
lastro real. Essa bolha gerada há alguns anos na economia brasileira também pode
estourar a qualquer momento. Por isso o governo acena com uma “atitude otimista” para
que todos continuem consumindo; pedalando cada vez mais forte a bicicleta ribanceira
abaixo. Pode até parecer bom, enquanto a bicicleta está em pé e acreditamos que a
mantemos sob nosso controle.
Nas empresas a gestão adotada premiava os executivos que produziam lucros e geravam
gordos dividendos. Mesmo que estes fossem gerados em operação de elevado risco.
Infelizmente os investidores, no mundo todo, somente acordam e passam a reclamar
quando a “brincadeira acaba”. Antes, mantêm um ar “apatetado” de que “tá tudo indo
bem na minha empresa. Nosso Presidente é um exímio financista e sabe fazer dinheiro
como poucos”. Portanto a gestão temerária passou a ser estimulada até o limite, que
ninguém sabia onde seria. A euforia fez com que acreditassem na imutabilidade da
situação. Todos viviam alimentando a grande pirâmide dos sonhos.
Sabemos que – agora – muitos desses executivos foram demitidos e substituídos. Isso é
uma forma que os Conselhos de Administração e Membros das Governanças Corporativas
têm para renovar “o otimismo de seus investidores”. Passam a buscar outras formas
para gerar seus lucros e continuarem a distribuir seus gordos dividendos e altíssimos
salários aos seus primeiros executivos.
No fundo – ainda que alardeiem aos quatro cantos – falta transparência, além da adoção
de outras métricas que não as exclusivamente financeiras.
A crise tem conotação política quando há falta de um Plano de Governo, que possa cuidar
do desenvolvimento sustentado do país. A carga tributária em relação ao PIB mostra que
o modelo pode exaurir-se de um momento para outro, com conseqüências inimagináveis.
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É preciso dar início imediato às reformas no País. A ordem que acredito mais natural é a
seguinte:
a) Reforma Política;
b) Reforma Administrativa;
c) Reforma Fiscal;
d) Reforma Previdenciária; e,
e) Reforma Tributária.
Caso estas sejam julgadas muito distantes de serem realizadas, nessa ou outra ordem,
quem sabe bastaria uma reforma fiscal, onde o governo ajustasse seus gastos ao mínimo
necessário, sem o esbanjamento que presenciamos há tanto tempo.