Turma determina a instaurao de ao regressiva por uso indevido de
algemas A 5 Turma do TRF da 1 Regio confirmou sentena de primeira instncia que condenou a Unio Federal a pagar ao autor o valor de R$ 150 mil, a ttulo de indenizao por danos morais, por ato arbitrrio de agentes da Polcia Federal, por ocasio da sua priso temporria, realizada em cumprimento a mandado judicial. Na deciso, a Turma determinou Advocacia-Geral da Unio (AGU) que instaure, no prazo de 60 dias, a partir do trnsito em julgado da deciso, ao regressiva contra os agentes declarados culpados pelo ato. Na ao, a autora sustentou que, no dia 22/11/2007, a Polcia Federal deflagrou a "Operao Jaleco Branco", ocasio em que invadiu sua residncia s 6h00 com um mandado de busca e apreenso contra ela. Por volta do meio-dia, embora no tenha esboado qualquer tipo de resistncia priso, foi algemada e conduzida Superintendncia da Polcia Federal de Salvador (BA), permanecendo com as algemas at as 4h00 do dia 23/11/2007. "As algemas s foram retiradas em Braslia e to somente para a realizao do exame de corpo de delito. O martrio perdurou at o dia 25/11/2007, quando houve a revogao da priso temporria, aps o que no lhe foi oferecida qualquer condio de retorno para Salvador", ponderou. Tal exposio, segundo a autora, levou-a a pedir exonerao do cargo de chefia que ocupava. Com essas alegaes, requereu a procedncia da ao para condenar a Unio ao pagamento de indenizao pelos danos morais sofridos, no valor de R$ 1,5 milho. Em primeira instncia, o pedido foi julgado parcialmente procedente e o valor da indenizao foi fiado em R$ 150 mil, acrescidos de juros moratrios, a partir do evento danoso, e de correo monetria desde a data do arbitramento. A Unio tambm foi condenada a pagar R$ 650,00, a ttulo de honorrios advocatcios. O baixo valor estabelecido a ttulo de verba honorria foi contestado pelos patronos da autora, que solicitaram a majorao do valor. A Unio tambm recorreu contra a sentena ao argumento de que a diligncia obedeceu aos ditames do Cdigo de Processo Penal (CPP) e das Instrues Normativas da Polcia Federal, inexistindo arbitrariedade por parte de seus agentes, "que agiram no estrito cumprimento do dever legal". Sustentou que a Smula Vinculante n 11 do Supremo Tribunal Federal (STF), que versa sobre a licitude do uso de algemas, "somente foi editada aps a priso da autora", e que, no caso, "a imagem da autora no foi exposta com o uso de algemas, sendo que a ao estatal ocorreu sem qualquer abusividade". Deciso Ao analisar o caso, o relator, desembargador federal Souza Prudente, rejeitou as alegaes da Unio. Em sua avaliao, "afigura-se manifesto o uso excessivo da fora policial, consistente na colocao de algemas na autora, sem qualquer justificativa plausvel para tanto, na medida em que, em momento algum, restou noticiado nem comprovado, nestes autos, qualquer resistncia, por ocasio da efetivao de sua priso, nem demonstrado qualquer receio de fuga prpria ou de outrem, que pudesse autorizar a adoo de medida to drstica". O magistrado rebateu o argumento da Unio sobre a aplicao da Smula n 11, do STF, ao caso. "Registre-se, por oportuno, que a discusso acerca da observncia, ou no, do enunciado da Smula Vinculante n 11/STF, editada posteriormente ocorrncia dos fatos narrados, e que trata do uso de algemas, afigura-se desinfluente para deslinde da presente demanda, tendo em vista que a vedao quanto ao uso excessivo da fora policial, em casos que tais, j se encontrava prevista, desde o imprio, nas normas processuais de regncia", explicou. O relator destacou em seu voto que, alm do uso excessivo da fora, a autoridade policial ainda exps a autora, de forma vexatria, execrao pblica, procedendo sua priso em trajes ntimos, na presena de suas filhas e empregados do edifcio, "medidas essas manifestamente desnecessrias ao regular cumprimento do mandado de priso em referncia". Com tais fundamentos, a Turma negou provimento apelao da Unio. Condenou-a a indenizar a autora em R$ 150 mil, a ttulo de danos morais e deu provimento ao recurso da autora para majorar a verba honorria para 10% do valor da condenao, devidamente corrigido. A deciso foi unnime. Processo n 43704-43.2010.4.01.3300 Fonte: Tribunal Regional Federal da 1 Regio
Da não violação ao princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF/88) em face da execução provisória da pena após condenação em segunda instância