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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ

aquiRECURSO ELEITORAL Nº 8295


PROCEDÊNCIA: ROLÂNDIA-PR (59ª ZONA ELEITORAL -
ROLÂNDIA)
RECORRENTE : COLIGAÇÃO O FUTURO JÁ
(PDT/PT/DEM)
ADVOGADO : JÔNATAS LUIZ MOREIRA DE PAULA
ADVOGADO : LEONARDO BENETON THIELE
ADVOGADO : EDUARDO IWERSEN KRUKOSKI
RECORRIDO : COLIGAÇÃO TODOS POR ROLÂNDIA
(PTB/PRB/PP/PMDB/PSC/PR/PPS/PHS/PTC/PSB)
RECORRIDO : JOÃO ERNESTO JOHNNY LEHMANN
RECORRIDA : SABINE DENISE GIESEN
ADVOGADO : NILSO PAULO DA SILVA
ADVOGADA : ALINE CRISTINE DA SILVA
ADVOGADA : JÉSSICA FRANCIANE CONTIJO
RECORRIDO(S) : JORNAL TRIBUNA DO VALE DO
PARANAPANEMA
ADVOGADO : JOSÉ CARLOS FARINA
RELATOR : DR. ROBERTO MASSARO

EMENTA: APLICAÇÃO DE MULTA – LITISPENDÊNCIA


EM RELAÇÃO AO JORNAL RECORRIDO – APLICAÇÃO
DE MULTA JÁ COMINADA EM OUTRO PROCESSO –
RETORNO DOS AUTOS EM RELAÇÃO AOS DEMAIS
RECORRIDOS - RECURSO PARCIALMENTE
PROCEDENTE.
1. A sentença agiu corretamente ao deixar de aplicar
mais uma vez multa ao jornal recorrido, visto que
este já foi apenado pelo cometimento de
irregularidade eleitoral nos Autos nº 470/2008 -
que tramita neste Tribunal como Recurso Eleitoral
nº 7876.
2. Nos termos do art. 267, inciso V, do Código de
Processo Civil, há que se reconhecer a
litispendência em relação ao recorrido Jornal
Tribuna Vale do Paranapanema.
3. Em relação aos demais recorridos, necessária a
determinação do retorno dos autos de forma a
permitir a produção de provas.
4. Recurso conhecido e parcialmente provido.
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ
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ACÓRDÃO Nº 38.346
Vistos, relatados e discutidos os autos acima
citados, ACORDAM os Juízes integrantes do Tribunal
Regional Eleitoral do Paraná, por unanimidade de votos,
em conhecer do recurso e, no mérito dar-lhe provimento
parcial, para determinar o retorno dos autos ao Juízo de
primeiro grau, nos termos do voto do Relator, que integra
esta decisão.

Curitiba, 19 de maio de 2010.

PRESIDENTE

RELATOR

PROCURADORA REGIONAL ELEITORAL


TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ
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RECURSO ELEITORAL Nº 8295

I – RELATÓRIO:

Trata-se de recurso interposto pela Coligação


“O Futuro Já”, contra decisão do Juízo da 59ª Zona
Eleitoral de Rolândia, que julgou improcedente o pedido
inicial formulado nos autos de Ação de Investigação
Judicial Eleitoral, sob o fundamento de falta de
demonstração de que a Coligação “Todos por Rolândia” e
os candidatos João Ernesto e Sabine Denise concorreram
com a elaboração e veiculação das matérias
jornalísticas(fls.79/82).

Em seu recurso (fls.89/94), a recorrente


sustentou que: a) o jornal desviou de sua conduta
institucional, agindo deliberadamente em favor dos
candidatos João Ernesto e Sabine Denise; b) a divulgação
da enquete se transformou em decisivo instrumento de
captação indevida de votos, a ponto de contaminar a
legitimidade do processo eleitoral; c) o resultado da
eleição apontou apenas uma diferença de 3,47% entre os
candidatos vencido e vencedor; d) existiu a
potencialidade e lesão ao processo eleitoral
caracterizando o abuso de poder econômico, consistente
no reiterado desvio do veículo de comunicação social

Pede a reforma da sentença para o


reconhecimento de abuso do poder econômico dos
recorridos e seja declarada a inelegibilidade e a cassação
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dos registros de candidaturas ou da diplomação de João
Ernesto e Sabine Denise, pagamento de multa, custas
processuais e honorários.

Os recorridos, João Ernesto e Sabine Denise,


apresentaram contrarrazões às fls. 98/101, consignando
que a Coligação recorrente interpôs no dia anterior,
Representação com os mesmos fatos, motivos e pedidos,
sendo tal ação julgada improcedente pelo Juízo de
primeiro grau por entender que os recorridos não tinham
responsabilidade na elaboração e veiculação do jornal.

O jornal Tribuna do Vale do Paranapanema,


apresentou suas contrarrazões às fls. 102/105,
argumentando que os fatos articulados na presente ação
já foram alvo de questionamento nos Autos nº 470/2008
(Recurso Eleitoral nº 7876), que se encontra em grau
recursal, portanto, não podem tais fatos serem
questionados novamente.

Por sua vez, o Ministério Público Eleitoral


pugnou pela manutenção da sentença (fls.107/109).

Nesta instância, a Procuradoria Regional


Eleitoral manifestou-se às fls.114/117 pelo provimento
parcial do recurso interposto, para o fim de anular a
sentença, por violação ao devido processo legal.

É o relatório.

II – VOTO:
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O recurso deve ser conhecido porquanto
preenche os requisitos de admissibilidade.

Analisando os autos, percebe-se claramente


que nesta Ação de Investigação Judicial Eleitoral a ora
recorrente descreve os mesmos fatos e motivos descritos
na Representação nº 470/2008, protocolizada em
03/10/2008, tramitando neste Tribunal como Recurso
Eleitoral nº 7876.

Ou seja, o jornal recorrido, nos dias 03 e 04


de outubro de 2008, em evidente afronta à norma
eleitoral publicou e distribuiu jornais – edição nº 1322 -
com enquete, supostamente privilegiando os
candidatos/recorridos João Ernesto e Sabine Denise no
pleito eleitoral.

É de se ressaltar também, que sobre a


referida enquete este Tribunal já se manifestou, nos
Autos nº 7007 – Agravo de Instrumento – quando o
eminente Relator Gilberto Ferreira, o qual tenho a honra
de suceder, em liminar, assim se manifestou:

Com efeito, verifico, em tese (pois a análise é


prefunctória), através das cópias de fls. 11/17, que de
fato ocorreu propaganda eleitoral irregular, porque a
matéria veiculada não tem cunho jornalístico e a
enquete de preferência do eleitorado não foi divulgada
nos moldes que determina a Res. 22.623/07, pois não
consta do texto, de modo claro e induvidoso e cabal, as
informações exigidas pelo art. 15, da Res. 22.623. É só
comparar.
Como já decidi no Recurso Eleitoral nº 7876,
dúvidas não há de que o Jornal recorrido violou a norma
eleitoral por veicular enquete não divulgada nos moldes
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estabelecidos na Resolução do Tribunal Superior
Eleitoral.

Portanto, não há mais o que ser discutido


nesta ação sobre o Jornal Tribunal do Vale do
Paranapanema.

O Juízo de primeiro grau entendeu pela


improcedência da ação, com fundamento no art. 269, I,
do CPC:

Aqui, na presente ação, a autora vale-se dos mesmos


fatos, atribuindo-lhes a conotação de abuso de poder
econômico através do uso indevido do meio de
comunicação social.
Contudo, a pretensão da autora não encontra amparo
legal e fático para prosperar.
Novamente, neste caso, a responsabilidade pelas
matérias e a respectiva veiculação na edição, do Jornal
Tribuna do Vale do Paranapanema, somente pode ser
imputada aos seus articuladores ou diretor(es) do
mencionado jornal.
A ilegitimidade passiva da Coligação “Todos por
Rolândia” mais uma vez é clara, o que se estende aos
candidatos João Ernesto Jonnhy Lehmann e Sabine
Denise Giesen, porque nada demonstra que tenham
concorrido para a elaboração e veiculação das matérias
veiculadas, tidas agora como abuso do poder
econômico e prejudiciais a Flávia de Paula, candidata
pela coligação “O Futuro Já”, ora autora, valendo
enfatizar que pela irregularidade cometida pelo jornal,
já houve a respectiva sanção, com a aplicação da
multa prevista na Lei n. 9.504/97 (vide fls. 58).
Em decorrência do exposto, acolho a defesa dos
requeridos, bem como o parecer do Ministério Público,
e julgo improcedente o pedido formulado na inicial e,
na forma do art. 269, I, do Código de Processo Civil,
extingue-se o processo em que figuram como autora a
Coligação “O Futuro Já” e requeridos Coligação “Todos
Por Rolândia”, João Ernesto Jonnhy Lehmann, Sabine
Denise Giesen e Jornal Tribuna do Vale Do
Paranapanema.
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Com efeito, tenho que a sentença agiu
corretamente ao deixar de aplicar mais uma vez multa ao
jornal recorrido, visto que este já foi apenado pelo
cometimento de irregularidade eleitoral nos Autos nº
470/2008 (que tramita neste Tribunal como Recurso
Eleitoral n 7876).

Não há dúvida de que o jornal recorrido ao


divulgar enquete eleitoral, não atendendo os requisitos
exigidos pela legislação eleitoral, mais precisamente pela
Resolução TSE nº 22.623/2007, cometeu irregularidade.

No entanto, como já ressaltei anteriormente,


essa questão já foi apreciada em ação anterior, como bem
lembrou o representante do Ministério Público, os
recorridos e a Procuradoria Regional Eleitoral, não
podendo novamente o Judiciário resolver tal demanda.

Desta forma, entendo que, nos termos do art.


267, inciso V, do Código de Processo Civil, há que se
reconhecer a litispendência em relação ao recorrido
Jornal Tribuna Vale do Paranapanema.

Agora, no tocante ao pedido de declaração de


inelegibilidade de João Ernesto Jonnhy Lehmann e
Sabine Denise Geisen entendo por não acompanhar o
entendimento exarado pelo Juízo a quo, acolhendo os
argumentos e fundamentos constantes no parecer da
Procuradoria Regional Eleitoral, que nestes termos se
manifestou:

7. Ocorre que as demandas são diversas, já que, no


caso já julgado, apenas se litigava pela propaganda
ilícita, reconhecida, inclusive pelo Juízo, sendo que
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aqui o que se discute é o abuso na utilização dos meios
de comunicação.
8. Tudo considerado, não poderia o Juízo de antemão
excluir a participação da coligação e dos candidatos, já
que essa conclusão depende de instrução probatória.
9. Ocorre que o Juízo a quo, por entender que a
demanda nada mais era que aquela mesma já
decidida, não obstante não falar em litispendência,
sequer consentiu com a produção de provas
requeridas.
A Representação (nos Autos nº 470/2008) foi
proposta em face da Coligação “Todos Por Rolândia” e
jornal Tribuna do Vale do Paranapanem, sem que João
Ernesto e Sabine Denise fossem chamados a integrar a
lide. Neste sentido, não se pode falar em litispendência
ou coisa julgada, pois, ainda que as duas ações tenham o
mesmo pedido, as partes não são as mesmas.

Como bem ponderou o Procurador Regional


Eleitoral não poderia se excluir de plano a Coligação
recorrida e os candidatos/recorridos, sem a produção de
provas, por tratar-se de configuração, ou não, da
utilização dos meios de comunicação. Deveria o Juízo a
quo, verificar, por meio de provas a serem produzidas nos
autos, conforme procedimento previsto no art. 22, da Lei
Complementar nº 64/90, se de fato a enquete veiculada
pelo Jornal teve a participação dos recorridos, como
também se pelas condutas praticadas houve
potencialidade capaz de influenciar o pleito.

No presente caso, o Juízo de primeiro


argumenta que os fatos articulados na incial pode ter
conotação de abuso de poder econômico através do uso
indevido do meio de comunicação social, no entanto, não
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se permite a instrução probatória de forma a restar
comprovada, ou não, desigualdade na disputa.

Assim é a jurisprudência do Tribunal Superior


Eleitoral, em que para se afirmar o abuso de poder
econômico, necessária a produção de provas nos autos:

RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÃO 2002. AÇÃO DE


INVESTIGAÇÃO ELEITORAL. ABUSO DO PODER
ECONÔMICO. USO INDEVIDO DOS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO SOCIAL. AUSÊNCIA DE
POTENCIALIDADE. NÃO-DEMONSTRAÇÃO.
DESPROVIMENTO.
I - A prática de abuso do poder econômico há que ser
demonstrada, uma vez que "(...) no Estado de Direito
Democrático, não se há de dar pela inelegibilidade do
cidadão, sob a acusação dessas práticas ilícitas, sem
que fatos objetivos que a configurem estejam
devidamente demonstrados, com prova produzida
validamente, de acordo com as regras processuais,
respeitados o devido processo legal, a ampla defesa
e o contraditório" (Precedentes).
II - Para que se possa aplicar as sanções previstas no
art. 22 da Lei Complementar no 64/90, "(...) necessário
se auferir se a conduta do investigado teve
potencialidade de influir no pleito eleitoral. E nesse
particular, a Recorrente não teve sucesso. Em
momento algum logrou êxito em demonstrar que as
matérias 'jornalísticas' em questão tiveram a
capacidade de influir na vontade do eleitor de modo a
alterar o resultado do pleito".
(TSE - RO 759, Rel. Francisco Peçanha Martins,
publicado no DJ em 15/04/2005, p. 162 – g.n.)

Para a aplicação das sanções previstas no


art. 22 da Lei Complementar nº 64/90, necessário se
averiguar se a conduta dos recorridos teve potencialidade
de influir no pleito eleitoral. Destaca-se também, que as
demandas são diversas, nos Autos nº 470/2008 o objeto
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da ação versa sobre propaganda irregular cometida pelo
Jornal Tribuna do Vale do Paranapanema, ao passo que
a justificativa para a presente ação é de que se as
condutas dos recorridos acarretaram irregularidades,
direta ou indiretamente, de forma a influenciar na
normalidade ou legitimidade das eleições.

Por todo o exposto, voto no sentido de


manter a sentença, quando deixa de condenar o jornal
Tribuna do Vale do Paranapanema, eis que já discutida a
irregularidade deste em outra ação, não sendo mais o
caso de sua penalização, no entanto, a exclusão deste
recorrido é baseada no art. 267, inciso V, do CPC e não
pelos fundamentos expostos na sentença.

Quanto à responsabilização dos demais


recorridos, acolhendo as razões e fundamentos
articulados no parecer da Procuradoria Regional
Eleitoral, voto pelo conhecimento do recurso e, pelo seu
parcial provimento, para determinar o retorno dos autos
ao Juízo de primeiro grau, de forma a permitir a
produção de provas no sentido de se comprovar ou não
se os fatos articulados na inicial são da
responsabilização, ou não, da Coligação e dos candidatos
recorridos João Ernesto e Sabine Denise.
É, pois, como voto.

Curitiba, 19 de maio de 2010.

ROBERTO MASSARO
Juiz Relator

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