desse conceito, os conteúdos de Língua Portuguesa articulam-se em torno de dois
eixos básicos no terceiro e quarto ciclo do Ensino Fundamental: o uso da língua oral e escrita, e a reflexão sobre a língua e a linguagem. Considerando a articulação dos conteúdos nos dois eixos significa que a finalidade do ensino é a produção/recepção de discursos, cuja análise permite ao professor avaliar o conhecimento discente e priorizar os aspectos a serem abordados. Em função de tais eixos, os conteúdos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais organizam-se, por um lado, em prática de escuta e leitura de textos e prática de textos orais e escritos, ambas articuladas no eixo “uso” que são aspectos que caracterizam o processo de interlocução; e, por outro, em prática de análise lingüística, organizada no eixo “reflexão” a serem desenvolvidos sobre os do eixo“uso”, que se referem à construção de instrumentos para análise do funcionamento da linguagem em situações interlocutivas, privilegiando alguns aspectos lingüísticos os quais ampliem a competência discursiva do sujeito. As atividades propostas devem considerar as especificidades de cada uma das práticas lingüísticas (texto, gramática e redação) em função da articulação que estabelecem entre si. A seleção de textos oferece modelos para o aluno construir representações sobre o funcionamento lingüístico, articulando-se à prática de produção de textos e à de análise. O texto produzido pelo educando identifica os recursos lingüísticos dominados por ele e aqueles que precisa aprender, indicando quais os conteúdos a serem tematizados. Nessa perspectiva, os conteúdos devem ser selecionados em função das necessidades e possibilidades do aluno, a fim de permitir que ele aproprie-se dos instrumentos que ampliem suas habilidades. A seleção e priorização devem considerar dois critérios fundamentais: as necessidades dos alunos e suas possibilidades de aprendizagem. Estes articulados com o projeto educativo da escola devem ser as referências fundamentais para o estabelecimento da seqüenciação dos conteúdos. Ambas são determinadas pelos conhecimentos já construídos pelos alunos. O grau de complexidade do objeto de ensino refere-se à dificuldade posta para o aluno ao se relacionar com os diversos aspectos do conhecimento discursivo e lingüístico nas práticas de recepção e produção de linguagem. Essa complexidade deve ser considerada em relação ao sujeito aprendiz e aos conhecimentos por ele já construídos a respeito. Também é heterogêneo. O grau de exigência da tarefa refere-se aos conhecimentos de natureza conceitual e procedimental que o sujeito precisa ativar para resolver o problema proposto pela atividade. As possibilidades de aprendizagem dos alunos, articuladas com o grau de complexidade do objeto e com o grau de exigências da tarefa proposta, determinam graus de autonomia do sujeito diferentesem relação à utilização dos diversos saberes envolvidos nas práticas de linguagem. Além disso, colocam limites claros para o tratamento que dado conteúdo deve receber. Uma abordagem pode ser retomada em diferentes etapas do processo de aprendizagem a partir de tratamentos diferenciados. A articulação dos fatores acima citados possibilita o estabelecimento de uma seqüenciação em espiral, considerando a representação de tópicos, na qual a progressão também se coloque no nível de aprofundamento com que tais aspectos serão abordados e no tratamento didático que receberão. À escola e ao professor cabe a tarefa de articular tais fatores, tanto no planejamento de situações didáticas de aprendizagem quanto na organização da seqüenciação dos conteúdos que for possível a seus alunos e em função do projeto educativo escolar. A organização e seqüenciação dos conteúdos no Ensino Fundamental deve ser decidida durante o planejamento, considerando o contexto de atuação educativa. Organizados em torno do eixo “uso – reflexão – uso” e reintroduzidos nas práticas de escuta, leitura, de produção de textos e análise lingüística, os conteúdos de Língua Portuguesa apresentam relação com os usos efetivos da linguagem socialmente construída nas práticas discursivas. O trabalho desenvolvido a partir dos temas transversais, demanda participação cidadã, tanto na capacidade de análise crítica e reflexão sobre os valores e concepções veiculados quanto nas possibilidades de participação e de transformação das questões envolvidas. Por tratarem de questões sociais contemporâneas, oferecem inúmeras possibilidades para o uso da palavra, permitindo muitas articulações com a área de Língua Portuguesa e, também, abrem a possibilidade de um trabalho interdisciplinar. Portanto, é atribuição de todas as áreas, o trabalho com a escrita e com a oralidade discente durante o tratamento dos conteúdos para que se desenvolva no aluno a capacidade de compreender diferentes gêneros e de se expressar oralmente, produzindo textos em situações de participação social, isto é, o que se propõe ao ensinar os diferentes usos da linguagem é o desenvolvimento da capacidade construtiva e transformadora. O exercício do diálogo é fundamental na aprendizagem da cooperação e no desenvolvimento de atitudes de confiança, de capacidade para interagir e de respeito ao outro. A aprendizagem desses aspectos precisa inserir-se em situações reais de intervenção, começando no âmbito da própria escola.