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TERÇA-FEIRA
Deus quer que o tratemos com total confiança, como filhos pequenos e
necessitados. Toda a nossa piedade alimenta-se desta realidade: somos
filhos de Deus. E o Espírito Santo, mediante o dom de piedade, ensina-nos e
facilita-nos esse trato confiante de um filho com seu Pai.
Considerai com que amor o Pai nos amou, querendo que sejamos
chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato3. “É como se depois das
palavras que sejamos chamados filhos de Deus, São João tivesse feito uma
longa pausa, enquanto o seu espírito penetrava profundamente na
imensidade do amor que o Pai nos teve, não se limitando a chamar-nos
simplesmente filhos de Deus, mas tornando-nos seus filhos no sentido mais
autêntico. Isto é o que faz São João exclamar: E nós o somos de fato”4. O
Apóstolo convida-nos a considerar o imenso bem da filiação divina que
recebemos com a graça do Baptismo, e anima-nos a secundar a acção do
Espírito Santo que nos impele a tratar o nosso Pai-Deus com inefável
confiança e ternura.
Este afecto filial do dom de piedade manifesta-se também nas súplicas que
dirigimos ao Senhor, pedindo-lhe as coisas de que precisamos como filhos
necessitados, até que no-las conceda. É uma atitude de confiança no poder
da oração, que nos faz sentir seguros, firmes, audazes, que afasta a angústia
e a inquietação daqueles que somente se apoiam nas suas forças.
O cristão que se deixa conduzir pelo espírito de piedade sabe que seu Pai-
Deus quer o melhor para cada um dos seus filhos e que nos preparou todas
as coisas para o nosso maior bem. Por isso sabe também que a felicidade
consiste em ir conhecendo o que Deus quer de nós em cada momento e em
realizá-lo sem dilações nem atrasos. Desta confiança na paternidade divina
nasce a serenidade, mesmo no meio das coisas que parecem um mal
irremediável, pois contribuem para o bem dos que amam a Deus10. O Senhor
nos mostrará um dia por que foi conveniente aquela humilhação, aquele revés
económico, aquela doença...
Entre os frutos que o dom de piedade produz nas almas dóceis às graças
do Paráclito, contam-se, enfim, a serenidade em todas as circunstâncias; o
abandono cheio de confiança na Providência, porque, se Deus cuida de todas
as coisas criadas, muito maior ternura manifestará para com os seus filhos18;
a alegria, que é uma característica própria dos filhos de Deus: “Que ninguém
leia tristeza nem dor na tua cara, quando difundes pelo ambiente do mundo o
aroma do teu sacrifício: os filhos de Deus têm que ser sempre semeadores de
paz e de alegria”19.
(1) Lc 11, 2; (2) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 84; (3) 1 Jo 3, 1; (4) B.
Perquin, Abba, padre, Rialp, Madrid, 1986, pág. 9; (5) Rom 8, 26; (6) cfr. Sl 43, 25; (7) Sl 52,
2; (8) Sl 72, 25; (9) Sl 34, 5; (10) cfr. Rom 8, 28; (11) Mt 25, 40; (12) cfr. São Tomás, Suma
Teológica, 2-2, q. 121; (13) Ef 3, 15; (14) Catecismo Romano, III, 5, 9; (15) cfr. M. M. Philipon,
Los dones del Espíritu Santo, pág. 300; (16) ib.; (17) Conc. Vat. II, Const. Dei Verbum, 21;
(18) cfr. Mt 6, 28; (19) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 59.